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A PRATICA DA LETRA 12. LACAN, J."A instincia da Letra” in Escritos, Rio, Jorge Zahar Editor, 1998, ——*Lituraterra" op cit, 14, ——— 0 Semindrio, livr0 20, Mais Ainda, Rio, Jorge Zahar| 15. tor, 1990. jobre a teoria do simbolismo de Jones" in Escritas, Rio, Jorge Zahar Bator, 1998, pag. 722. 16. FEVRIER, J. Histoire de L’écriture, Paris, Editions Payot & Rivage, 1995, 17. RITVO, J.O conceito de letra em Lacan’, nesta publicagao, 18. FREUD, S. “A interpretagto dos sonhos" in Obras Completas, vol.V, Rio de Janeiro, Imago, 1974, pag. 379, 19, ——"“Inibigdes, Sintomas e Angdstias” in Obras Completas, vol-XX, Rio de Janeiro, Imago, 1974, pag. 110. 20. VAPPEREAU, Jean-Michel. Noeud, Paris, Topologieen Extension, 1997. 21. POUND, E. Poesia, trad. de Augusto, Haroldo de Campos etal. Brasilia Ed., Hucitec, 1983, pag, 14, 22, —— Poesia, op cit, pag. 93. 23. LACAN, J. O Semindrio, livro 2, O ew na teoria de Freud e na técnica psicanalitica, Rio, Jorge Zahar Bd, 1995, 24, CAMPOS, H. (org).cdeograma, idem. 25, IAKOBSON, R. “Linguistica e Poética” in Lingutsica e Comunicagéo, S.P., Ctx, 1995, 26. LACAN, J. “A Instincia da Letra” in Escritos, Rio, Jorge Zahar Editor, 1998, 27. CHENG, Frangois, “A linguagem poética chinesa” in ideograma, op cit. 28, CAMPOS, H.Ideograma, op.it. 29. 0 poema é “Despedindo-se de um amigo” de Rihaku: ‘Montes azus 20 nore das morals [Rio branco serpeateando em tomo dees 2 aqui que devemos separatnos E prosseguir por mulhaese mthaes de goss De capim moro |A mente € ampla auvem fotanie (© crepisculo€ despedida de velias amides ‘Curvadas sobre mos dadas na ditincia [Nossos cavalosrineham, um 20 ou, fenquanto os separtmos, 30. YU-KUANG, Chu. “Interagdo entre linguagem e pensamento em chinés” in Ideograma, op.cit. 31, LACAN, J. "A Instincia da Leu” in Bxertzos, op.cit. 32 Radiofonia. Recife, Centro de Estudos Freudianos do Recife. 33.¢. . cummings. 40 poem(a)s, trad. Augusto de Campos, S.P, Brasiliense, 2"ed., 1986. 34. CAMPOS, A. 40 poem(a)s, op.cit 35. —— Vivavaia. 8. P, Ed, Brasiliense, 1986, “6 Entre gozo e saber - Freud: o trabalho de-cifrar - Maria Cristina Ferraz Coelho Suzana Rocha Nascimento! ‘A descoberta freudiana do inconsciente, ao efetivar uma ruptura no cempo do saber, inaugura uma via para se estabelecer novas artculagBes entre 0 sujeito e ‘a estrutura da linguagem. Pensar o sujeito enquanto efeito de linguagem conduz 0 psicanalista ao dever ético de interrogar-se sobre a fungio da fala e do escritona psicandlise e na sua prtica. Interpretando a fala de suas pacientes, Freud fez. do desejo o elemento cchave para explicara causado funcionamento do inconsciente e 0 ponto primordial ‘para orientar-se em relagdo ao tratamento. Lacan, por sua vez, extraindo do texto de Freud @ nogio do gozo e problematizando a no¢o do saber, situa estes termos como fundamentais para o discurso analitico. A diregao da cura sustenta-se em uma, 6gica que supe uma modificagio da relagdo do sujeito tanto ao saber quanto 20 .g0z0, 0 que vem a ter consequencias na posiao do sujeito frente ao desejo. ‘No decorrer das suas formulagbes te6ricas Freud apresenta modelos © cesquemas parademonstrar a origem eo modo de operar do aparelho psiquico. “U Interpretagdo das Afasias”, "Carta 52", “Projto para uma Psicologia Cientifica", capitulo VII de“A Interpretagio dos Sonhos”, “Uma Nota Sobre o Bloco Mégico”, ¢, por fim, “O Bue o Isso” - uma série que nfo indica nem equivaléncia nem sentido de progresso, mas um esforgo I6gico incessante para formalizar um aparelho tengendrado a partir do encontro traumético do sujeito falante com 0 campo da Tinguagem. maineer presentando © aprelho pstguico como um sistema de inscrigbes Freud introduz na psicanslise a ordem da escritura, Prosseguindo o caminho inaugurado por ele, Lacandefine o inconsciente enquanto estruturado como uma linguagem, & afirma,em 1974, que «parti do momento em ques agura.0 que hi - come dizer - de mais vivo ou de mais moto na linguagem, a saber a letra, € Unicamente a pair da que temas ncesso ao real” ‘Como pensar a fungio da escrita na pri ‘corre fundamentalmente através da fala? psicanalitica, experiéncia que A PRATICA DA LETRA A nose propose €extabelcer conelatos ent 0 tabalhoengendato pelo spe piio tl om fo apreentad por et ercomado por Lacan Motatallo qu se faivacm uma anton Para const hipster do apaeiopsiguc, Fen fandamenta se na so de age, evade da prepete, como causa imei ender da extra ede un dvs em stones ditencindos. O nonsientsiere e ‘ema onde ne wagon te omer de oma petmatena Sede a tm coms Sapo dens daca © trabalho do pacho est ubmetido a uma temporalidadepeépi. earns revaseiges o os tnnosusaos va Carta 52 pare Sip © feta do desocament constant gue esabelece roves ges ene os agen de uni eno iene stem dion do quan de ‘erga deerminada pela cera ou ocupagto (serum) que cit ou imp estas relagdes. = asio Gesrim) ae feciou impede ‘Um oto vig no qual res pia par pensio mode de funciona spariho preset desde 0 Entwur em 1895, 6 usa incessant de rencons Com o bjt da saisfg princi, cto perio, fora qualquer sinbolzagdo, Impose portant desereenconrado © icp do azn na sun Rng do regular, pea anda buen aessatenenciaquc ne por sve dea deat, feeando a busca da siefago. Em "Além do pine do prse”, 1920, vr esserecer qua compulsio tepstgo una tentatv de aparcopra nserver, oi drm dw, Gen no et amas Na cor caian, em our ive defrmalizago,s ue tanshord © por. q cessa de nao se escrever. wes see tance ® went Enfiando valor do tabalho, Freud dsc tanbm os efiosde perdas « ganhor que se rodurem nesta operagan. Taste um taba que fom consequacias na eng do sjeto ao sabe, sj na imposible deseo Impress lembranges ie sera aio do ealaue“Uina fama waa “iso 6 que conhececlinicamente como reclcanenta ej na tansformasto em outs modos de exresso".0 conte do sono come us tania dos pensaments ona em ouro modo de expesio cos cars es Since € osatea descobei™ ara fonmalinr se querogmo inconsient, Fee naling esta sonbos, of laps eos chess forages que Gemonsram a sea eats por ferem decfrives. Ao colocklas numa cea cquvafacn enqento flor de Tnguagem, 0 sono Sao um valor pviepad:viargia perso nconaiete ‘Agi nor repaer a0 soaho de ma aus nose expla nose valor, inaygral de enigma desta, ro morentoonginal em nace ss dotina O gue Fred se dont, a imagem seradora da agai, pes pea vido nerme Ga came: 0 honor da castago, a mote, ests algo dt Go sul ay palaves, estancam e todas as categorias fracassam."s. E nesse ponto que Freud evoca 0 que ‘mega no desconhecdoe odenominaunkgo do sah A producto onties Culmina na exeritara da feild imetaminn, pont designe pele AZ, = far ENTRE GOZO E SABER - FREUD: 0 TRABALHO DE-CIFRAR ~ entrar em jogo letras que, independentemente de seu sentido - resistindo a0 imagingrio- em si nfo querem dizer nada. ‘Namedida em que desvenda uma estrutura de saber propria ao inconsciente - um saber que se ordena em torno do sexual - ele apreende também um ponto de fracasso, de furo, onde 0 saber encalha; o inconsciente néo pode dar conta da diferenga entre 08 sexos. © complexo de castragio passa a ser considerado um operador decisivo para se pensar a consttuigdo do sujito, Para Lacan trata-se de lum ponto de falha ne escritura, que se apresenta como uma impossibilidade de cesorever arelaco sexsal Deciffamento eciftamento, operages que implicam 0 sujeito. o saber, no podem ser pensadas isoladamente. O inconsciente nfo se reduz a um conteddo que i esté Ie”, Aespera de ser descoberto. O inconsciente opera ociframento, trabalho de construgio, para circunserever 0 buraco do nfo sabido, ofuro préprio &estrutura [Nao podemos deixar de nos referir que ¢ tentando encontrar métodos de deciframento para da: conta dos os efeitos da condensagio, do deslocamento ¢ da figurabilidade que Freud avanga. Indica que 0 conteddo ontrico é dado em uma cseritura figurativa- um enigma - cujos signos devem ser transpostos um aum, para ‘a linguagem do pensamento, Na medida em que escuta o sonho como um saber textual, as imagens vo sendo tomadas pelo seu valor significante ¢ nfo pelo seu ‘valor pictérico, Interpretando o sonho como um rébus, introduz a dimensio dz Ieitura e progressivanente vai além da nogio do trabalho de tradugio, recorrendo = ‘outros sistemas, como o hierdglifo e o ideograma chinés. # fazendo da escuta um. ato de leitura que tora possivel o surgimento de equivocos e a emergéncia de novos sentidos através da homofonia, ‘Em 1971, noseminério "De um discurso que ndo seria do semblante”, Lacan ‘comenta™... ja que for que Freud demonstre do inconsciente nao é jamais sento ‘matéria de linguagem.”* Neste momento de construgdo te6rica, o seu interesse no se restringe &estrutura da linguagem como l6gica reguladora do funcionamento do inconsciente. E quando acentua a importncia de estabelecer relagdes entre & Tinguagem e 0 eserito, campo onde jé havia transitado anteriormente © a0 qual retorna para promover a diferenciago entre o significante ea letra, o que implica também em especificar a fungSodalletra, Nallgdo de 12 de maio de 1971 (Lituraterral, afirma: “Entre 0 goz9 ¢0 saber aletra fara litoral"” prope pensar a letra enquanto (0 que faz a borda do buraco no saber. Em seguida, langa a questo: como 9 inconsciente, enquanto efeito de linguagem, comanda essa funcHo da letra? ‘Em Radiofonia, quando ja havia destacado saber e gozo como termes fundamentais para a elaborago dos quatro discursos, podemos fazer um percurso para extrair dali uma outra questi: como fazer passar algo de goz0 a0 inconsciente? Neste texto, atravessado pela nogao do gozo, Lacan retuu us modos distintos ée articulagdo significante (combinagdo esubstituigo) para prosseguir na sua reflex2o sobre o enodamente entre real e simbélico, possibilitando uma leitura posterior Ge “A Instancia da letra no inconsciente”. Ali aletra tomada na sua vertente simb6lica, aparece como suporte do significante; estreitamente ligados, se confundem. ‘Apresenta a fungio da metéfora na perspectiva dos efeitos de sentido/ndo sentido. A PRATICA DA LETRA situa a metonimia como a operagdo de deslocamento que transfere um valor que “faz passat 0 goz0 ao inconsciente, &contabilidade”* Estas questdes nos remetem a interrogar sobre as suas consequéncias na clinica, acrescentado: como se opera, a partir do significante e da letra, uma ‘modificagao na economia do gozo? trabalho de ciframento do inconsciente pode ser pensado enquanto operado pela lea, Implicaefeito de sentido e efeito de borda, A borda por um lado cexclui, circunscrevendo um vazio onde ndo hi saber - que indica o lugar de onde ‘emerge 0 sujeito - e ao mesmo tempo autoriza, possibilitando a construgiio de um saber. Levando em conta temporalidade prépria da reitura de um texto, faremos. um recortena clinica de Freud para tomar como fragmento dois sonhos do Homem dos Lobos. Lacan situa este momento como decisivo na experigncia clinica de Freud. Af ele se defronta com o que é da ordem do real eno recua; até acossa o Homem dos Lobos na sua pesquisa. Ao interrogar-se sobre a funglo do trauma — que se apresenta como um niicleo inassimilével - Freud se detém para investigar 0 que resta deste encontro primeiro partir do qual se ordena a resposta fantasmitica, Destacamos, particularmente, aqui, as artculag6es estabelecidas por Freud. entre 0 sonho dos lobos, ocorrido aos quatro anos de idede e os efeitos do trabalho realizado na transferéncia. Neste conhecido sonho, tratase da aperiglo sibita, para além de uma, Janela que se abre, de lobos, empoleirados em uma grande arvore,olhando fixamente. No percurso do trabalho analitico Freud situa tés tempos, Com um anoe meio, oprimeiro tempo, quando omenino se depara com uma, impress ~ visdo fascinante— & qual fica capturado em posigio de apassivamento primordial. Afse situariaa“cunhagem (pragung) do evento traumético criginativo."™ No segundo tempo, a angtstia se presentifica, efeito do evento marcante: ue fez a crianca despertar apavorada, sonho cuja recordagao se produz sob. ‘ransferencia, No intervalo entre a cena primériae tal angistia, podemos pontuar alguns elementos que se prestam a fazer enlace entre estes dois tempos: o dom{nio da palavra eo acesso a um mundo simb6lico cada vez mais organizado, a emergéncia. da fase félica e 0 confronto do sujeito com a castraglo. A experiéncia da andlise. permite inferir que a cena primitiva age a posterior, siquirindo retroativamente. valor traumético. A cunhagem, jé no mais restrita ao imagindrio, ressurge, articulando-se & dialética simbélica. O sonho € indicador de uma tentativa de transcriglo, em diferentes registros, de algo aterrador¢ indizivel. O trabalho onirico, fazendo uso de significantes inscrtos no ntervalo entre os dois tempos, vai operando ENTRE GOZO E SABER ~ FREUD: 0 TRABALHO DE.CIFRAR - com enigmas que as pesquisas da crianga vinham se ocupando: a origem dos bebés, 2 diferenga entre os exos, 0 rgio sexual feminino TE, leeviu tenpe,décadas depois, no trabalho analitco,héaprodugto do am texto: osujeitocoloca em palavras o que até entioestava fra de rexresentagto, o que fora vvido traumaticamentee transpesto, em forma figurativa no so. "Tomando osonho como um texocifrado, Freud, no lugar de suposigdo de saber, promove o trabalho de deciftamento, 20 tempo em que se defronta com 0 Timite da rememoragio. AS vivéncias mais precoces da infincia jé nfo sko abordéveis como tale sim a partir de construgdes em andlise. A questdo ndo se feduz cronologia nem a veracidade dos fatos.O essencal € como analisante pode verficar essa cena, por seus sintomas, formulando-a em termos de Eignificantes. Algo da construgto do fantasma vai se consttuindo pela via do Giffamento de um saber. O sonho trata do desejo, do confronto do sujeito com 0 {que € da ordem do sexual, O trabalho em andlise busca consttur uma bord: esié €m jogo a fungio de fazcr uma passagem do que & da ordem do gozo para que algo possa se esereverno campo do Outro. ‘No percurso da construgGo decantam-se significant privilegiados aos «quais Freud recore para conduzira ands de Serge Pankeff.apatr da escrita de Sua experiéncia clinica que nos dé a conhecer a forma singular ccmo escuta e apreende os efeitos do discurso, onde as letras também vio se destzando. (OV, algarismo romano que marca ahora do rel6gio. Na infncia © até a época do tratamento, nestas horas sobrevinha a depressio; hore da suposta ‘observaglo do coito dos pis; no desenho do sonho, cinco lobos CO signo V, do abrir e fechar das asas da borboleta de listras amarelas que desencadeia uma fobia. Trago associado ds pernas abertas da mulher. st — A PRATICA DA LETRA GGrusha, em rsso, pra com listrasamarelas, Eo nome daama presente em ‘uma ena ques insereveu como central na histria do sujeto: joelhada, de quatro (associada& postura dame na cena priméria), numa imagem que fez 0 menino de dois anos e meio, excitado, molhar-se de urna. Grusharesponde a isso com uma ameaga de castragao. Este signo V esté também presente na posiglo do corpo das camponesas como condigio de uma atrago,sintoma compulsivo. ‘letra M de Matrona (para Freud, nome que carrega uma auréola maternal) E também as orelhas dos lobos. me, N11 A ‘Aletra W como duplo V: letra nical do nome do professor de latim, Wol (lobo); letra inicial de Wespe (vespa). pe Woy espe — wespe —wes Pe So sigiicantes qu eaticulam numa nova produgo once, agora no curso dn ane inconcenewabala fazendo Wo dosavor faire com alngua produzindo uma escrita, . "rate de um sonbo relatad em uma nia e cura fase, um homem trrancandoasesa do ua eipe, Asoc gto com late amaels qu dua picadae grat, apa lias amazes, “Wee inervem 0 anlisa,Paa Fred umawespe ud csradaem seu W inca, “Epe eno sou cues SP Gini de seu nome pep), ‘Ness cifamento esx mesma fora rfc, simples (V) ouredaba (ipo, W).Quunda Freud scree W a aigianecipe nerengio lo sede nocempo dasigificagio- val lém do significado devespacu de per, Deum cea forma ia colocada cn questo a dmensi o send, edusindo so toclemenras adel leon V-V/-AVI-M1-M-WeSPe—eSPe—SP 2 ENTRE GOZO E SABER - FREUD: 0 TRABALHO DE-CIFRAR ~ ‘Podemos pensar que o V, enquantoalgarismo romano, é da ordem do sentido. © V, enquanto signo.e enquanto letra, étomado mais além de suporte do significante, possibilitando @ operagio metonfmica na sua fungao de inscrever goz0. £ no Aeslocamento de vespa listrada & péra listrada, no deslizamento sucessivo do V as asas listradas da borboleta, as pernas abertas de mulheres, ao W ausente, que & ‘metonimia opera no metabolismo do goz0. Faz passar algo de gozo aoinconsciente, passagem que se dem ato, estabelecendo como valor o que se transfere. O trabalho Se faz circunscrevendo uma borda. Essa borda é da ordem do non-sens. A hora do sentido, 0 fora de sentido. E na perspectiva de constituir uma espécie de dobradiga entre teoria psicanalitica (0 modo como o inconsciente opera) ¢ a prétca (percurso de uma anélise) que se buscou apresentar um fragmento clfnico, visando como efeito uma articulagdo entre intensdo e extensio, "Aqui se estabelece uma dupla vertente: assim como a direglo de um tratamento aponta no sentido de uma modificagdo na economia de gozo do sujeito, ‘trabalho relativo atm caso clfnico pode implicar em uma perda de gozo pela via do escrito caso do Homem do Lobos que, como constata Lacan, “tem para nés um ccardter inesgotével, porque trata essencialmente, de ponta a ponta, da relagdo do fantasma com o real, 6 um Iegado de Freud que nos possibilitou, através de fragmentos, abordar questbes que se impoem como fundamentais. Questdes que remetem a uma clinica que se sustenta no ato analftico, operando com o corte, com limite onde o real toca osimbdlico. (Oprimeiro sonho pode-se considerar como relative a um paradigma quanto 0 trabalho de articulaglo de significantes na sua fungio de produzir equivocos. ‘Como resultado, a ordenagio ¢ construgto de um saber, colocando palavras no que para o sujeito se apresentava como algo da ordem do indizfvel - invenglo de um saber, originalmente submetido ao dominio falico, mas que no se detém na significagdo, indicando também o efeito de sentido. Efeito que a andlise busca, relativo ao real, que vai na direglo do non-sens. (0 segundo sonho, por sua vez, nos remete ao efeito radical da decantagio do sentido operado em uma anélise. A emergéncia da letra, fora da consisténcia Jmaginaria, enquanto resto que cai, além de qualquer sentido - desvelando que no hhé nem saber nem goz0 no campo do Outro. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS: 1. Psicanalisias, Salvador, BA. 2. LACAN, J."‘La tercera”, in Intervenciones y textos 2, Buenos Aires, Manatinal, 1993, pag. 106 3, FREUD, S. "Carta 52” in Obras Completas, Rio, Imago Ea, 1968, vol. 1, pég.319. 4, —— “A interpretagaio dos sonhos", in Obras Completas, Rio, Imago Ed., 1969, vol. V, pag. 295. 33 APRATICA DA LETRA 5. LACAN, J. 0 Semindrio Livro Dois, O eu na teoria de Freud e na técnica da psicandlise, Rio, J. Zahar Editor, 1998, pag. 208 6. D ‘un discours qui ne serait pas du semblant. Inédito, Ligc 10/02/71. 7, ———Ieem, Ligdo 120571. 8. ‘Radiophonie” in Scilicet 2/3, Editions du Seuil, Paris, 1970, pag. 72. 9. —— 0 Seminério Livro Um, Os escritos técnicos de Freud, Rio, Zahar Euito, 1983, pig 220. 10. FREUD, S. “Uma neurose infantil” in Obras Completas, Rio, Imago Ed., 1969, vol. XVII, pg. 119. 11.LACAN, J.A angiistia. Inédito, Ligo 19/12/62, Be Enodamento entre letra e lugar? ‘Antonia Soulez? ‘Tradugdo: Paloma Vidal Falta ao titulo do meu trabalho a palavra estilo, Surgiu em Freud algo como ‘um “estilo projetivo de modelizagao do sujeito” do qual Lacan, seduzido ‘primeiramente pelos recursos dal6gica, teve de se afastar ainda que para retomé-lo por outras vias, em especial, no fim da vida, a da auto-mostragio no quadro da estrutura enquanto “real”, No entanto, nflo podemos compreender oestilo projetivo ‘sem lembrar os momentos da histéria epistemol6gica do pensamento do modelo {que os cieniistas acreditaram aplicar&realidade. Poi é sobre o padrao de modelizago nasciéncias fisicas em particular que se erigiu mais tarde o projeto de reorientar para arealidade psiquica um método similar. Chegou o momento, ento, de nos determos fem algumas particularidades de seu uso em Freud e Lacan, particularidades cujo aspecto problemético € revelado de saida pela metéfora freudiana da “escritura psfquica’, Tentarei compreender a partir daf qual foi a necessidade interna de uma ‘modelizasio, levada além da simbolizagio l6gica&bifurcagto da légica-matemstica eda figuragdo topolégica, a que obedeceu o encaminhamento lacaniano, Poder-se- {a resumir tudo isso na questiio: enodamento entre letra e lugar? _Experimentando, de fato, a necessidade de recorrer a operagbes de transformagSes que no se do sem regras e pressupbem certos suportes, Lacan faz pelo a Klein, pois este foi o primeiro a fornecer, com sua teoria dos grupos, uma ““metéforado reviramento da conscincia”. Daf aidéia de que um modelo topolégico seria certemente “mais elouente” do que um sfmbolo ou um célculo®. Por “mais, clogiente’ ¢ preciso certamente compreender como 0 “que age mais pela fala, de preferéncia 20 discurso”. Fora da intuigio: modelizar nao ¢ esquematizar no sentido kantiano Othando para tés, aprendemos que a nogdo de transformagées projetivas ‘emonta aDesargues. Gilles Granger, que o apresentara na sua Philosophie di style , volta a falar do método arguesiano em Pour la connaissance philosophique. Ali ele ‘mostra em particular que: 1. fica claro, atendo-se a Desargues, que “modelizar” nlio “esquemétizar” no sentido kentiano; 2. aoperagio geométrica esté centrada numa correlagio, da qual trata- ‘se de mostrar a estrutura de co-varigncia tal como é posta em ago por uma forma ‘do kantiana de imaginaglo espacial. De fato, em certo sentido assiste-se aqui a ‘uma "co-extensividade da sintese ao engendramento do sintetizado”, diz G. Granger,

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