Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
A resenha
O caráter histórico do livro é enriquecido com republicações, ao final de cada capítulo,
dos melhores artigos do autor, que por muitos anos trabalhou nas redações do jornal
“Gazeta Mercantil” e da revista “Balanço Financeiro”.
Não se pode julgar um livro pela capa” – poucas vezes um dito popular se aplica tão
bem quanto ao livro escrito pelo jornalista e investidor Décio Bazin (1931-2003).
Acrescentaríamos: “Não se pode julgar um livro pela capa, pelo título e pelo subtítulo”
– pois dificilmente alguém compraria “Faça fortuna com ações antes que seja tarde –
Profissional do Mercado mostra o caminho através do fascinante mundo da Bolsa”
fuçando aleatoriamente as estantes de uma livraria. Não que o título e o subtítulo sejam
mentirosos, pelo contrário, mas eles soam alarmistas e sensacionalistas demais,
lembrando as manchetes da antiga revista “Seleções do Reader’s Digest” com seu
marketing apelativo, bem ao estilo norte-americano.
A essência do livro ficou exposta no parágrafo anterior. Será que vale a pena ler as mais
de 340 páginas do volume amarelado? Sim, com certeza. O conteúdo vai além de
orientar o pequeno Investidor, constituindo um relato histórico desde a década de 1960,
quando as Bolsas do Rio (que não existe mais) e São Paulo, ainda incipientes, foram
incentivadas a crescer mediante o estímulo dos militares no poder, num período que
ficou conhecido como o “Milagre Econômico” que se iniciou em 1968 e esmaeceu com
o “crash” das Bolsas brasileiras em 1971 e a crise internacional do petróleo, que eclodiu
em 1973.
O caráter histórico do livro é enriquecido com republicações, ao final de cada capítulo,
dos melhores artigos do autor, que por muitos anos trabalhou nas redações do jornal
“Gazeta Mercantil” e da revista “Balanço Financeiro”.
Décio Bazin retrata também os cinco tipos de personagens que identificou nos anos em
que acompanhou os pregões presenciais na Bolsa de São Paulo: o Manipulador, o
Especulador, o especulador novato, o Investidor Institucional e o Investidor Pessoa
Física – que o autor deseja expressamente que seja, também, o seu leitor. Como ele
consegue estabelecer um vínculo de empatia com o mesmo, no intuito de convencê-lo a
não especular na Bolsa, a leitura do apêndice, ao final da história, passa a ser irrelevante
– senão enfadonha – mas igualmente necessária para compor todo o cenário de
investimentos, onde se trata justamente de operações com opções e “Day Trade”.
Falta ao livro – não por culpa do autor, mas por causa da passagem do tempo – um
posfácio, escrito por alguém que tenha assimilado e adotado os conceitos do livro, mas
tecendo comparações de seu conteúdo com os dias atuais, onde o pregão eletrônico
tomou o lugar do pregão presencial, e os balanços das empresas não são mais
publicados apenas em jornais impressos, mas em sites da Internet que, por sua vez,
ganhou ferramentas de análises que antes estavam disponíveis apenas para os “insiders”.