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1.1 Contextualização do problema de pesquisa

As investigações sobre a conduta humana em ambientes organizacionais e os estudos relativos


às características e às ações das próprias organizações estão inseridos, de acordo com Staw
(1984), em um campo de estudos multidisciplinar denominado comportamento
organizacional.

Rousseau (1997) destaca que as organizações contemporâneas estão mudando e o campo do


comportamento organizacional muda com elas, fazendo emergir novas dinâmicas e
características como importantes temas de pesquisa. Entre os temas que têm despertado o
interesse dos pesquisadores, podemos destacar os comportamentos políticos nas organizações.

Para Mayes e Allen (1977), as organizações podem ser vistas como entidades políticas, nas
quais as tomadas de decisão e o estabelecimento de objetivos são forjados em processos de
barganha. Por conseguinte, os autores enfatizam a utilidade de se adotar uma perspectiva
política para os estudos organizacionais.

Morgan (1996) também propõe que a análise organizacional seja realizada em termos
políticos. Entre outras metáforas, o autor entende que as organizações podem ser interpretadas
tanto como sistemas de governo quanto como sistemas de atividade política. Na primeira
perspectiva, as organizações são caracterizadas de acordo com os princípios políticos
empregados e com o estilo particular de liderança, sendo classificadas como autocracias,
burocracias, tecnocracias ou democracias, o que estabelece um paralelo com os sistemas
políticos de governo.

A segunda perspectiva se refere às organizações como sistemas de atividades políticas. Em


oposição à idéia de uma organização essencialmente racional, onde todos os membros atuam
no sentido dos objetivos comuns, a política se origina a partir da diversidade de interesses
que, por sua vez, promove conflitos, arranjos, negociações e coalizões.

Pode-se afirmar que foi essa última visão, a organização como lócus de atividades políticas, e
as idéias decorrentes dela que orientaram a realização do presente estudo. Mais do que estudar
a política sob a ótica da organização, seus princípios, normas e estruturas, a pesquisa está
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centrada no aspecto relacional desse mesmo fenômeno, situando o nível de análise no


indivíduo.

Para entender a natureza dessas atividades políticas, Mayes e Allen (1977) ressaltam que é
preciso considerar que muitas variáveis envolvidas podem ser comuns a outros construtos do
campo do comportamento organizacional, mas é uma combinação dessas variáveis que
compõe um processo singular denominado comportamento político.

Os comportamentos políticos são majoritariamente caracterizados na literatura pelo exercício


de influência e de poder em benefício próprio, como resultado da existência de conflitos de
interesses. Assim, se na dinâmica organizacional, que é marcada pela política, a perpetuação
ou a solução dos conflitos depende da relação de poder entre os atores envolvidos, torna-se
necessário estabelecer a distinção entre esses construtos, o que pode ser feito essencialmente
em torno da sua natureza: o poder como capacidade e a política como ação. Em outras
palavras, considera-se a política como o poder em ação.

Analisar a organização como um sistema de atividades políticas implica em aceitar que há


diversas fontes de poder e que os interesses concorrentes, conflitos e jogos de poder são
propriedades naturais da dinâmica das organizações. Enfim, como afirma Morgan (1996),
essa perspectiva de análise exige o reconhecimento de que a política é um aspecto inevitável
da vida organizacional.

No entanto, faz-se necessário ressaltar que, embora possa ocorrer em todos os níveis
organizacionais, nem todas as organizações ou grupos têm a mesma realidade política.
Robbins (2005) lembra que em algumas organizações fazer política é uma atividade explícita
e exuberante, enquanto em outras a política tem um papel menor.

Além do exercício do poder, um amplo conjunto de definições também associa os


comportamentos políticos ao auto-interesse, ou seja, o interesse próprio é considerado como
fim último da ação política individual e que justifica os meios empregados. Dada a
dificuldade de se determinar a intencionalidade da ação das outras pessoas, a política nas
organizações tem sido estudada a partir das percepções individuais desses comportamentos.
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Ainda que a percepção dos indivíduos, no sentido de caracterizar um comportamento como


político, não seja pautada pelos mesmos critérios, a literatura tem enfatizado ser
imprescindível reconhecer a experiência da política organizacional como um fenômeno
subjetivo, independente da sua existência real.

Para Cropanzano, Howes e Grandey (1997), a percepção individual da política é até mesmo
mais importante do que de fato a sua ocorrência nas organizações, pois os indivíduos
respondem àquilo que percebem, não necessariamente ao que é objetivamente real. Não se
trata de afirmar que a realidade organizacional objetiva é irrelevante, mas que há uma forte
relação entre a percepção dos comportamentos políticos e os seus efeitos no contexto laboral.

A noção de que a percepção individual da política nas organizações é extremamente


importante tornou-se, como sustenta Conner (2006), um tema comum na literatura. Dessa
forma, a maioria das pesquisas passou a buscar a determinação dos antecedentes e dos
conseqüentes dos comportamentos políticos a partir dessas percepções. Igualmente, o presente
estudo apóia-se nas percepções dos comportamentos políticos como preditoras de resultados
para a organização.

De acordo com Andrews e Kacmar (2001), as pesquisas contemporâneas apontam os


comportamentos políticos com conseqüências negativas para quem percebe o fenômeno.
Muitas vezes a ocorrência de comportamentos políticos, sejam reais ou percebidos, aparece
associada ao aumento do estresse e da intenção de rotatividade e, por outro lado, à redução da
satisfação, do comprometimento e da produtividade no trabalho.

Apesar de não qualificarem os comportamentos políticos explicitamente como negativos,


muitos autores dedicaram sua atenção a enquadrá-los do ponto de vista da ética e da
legitimidade. Assim, as atividades políticas nas organizações são principalmente
caracterizadas como inaceitáveis e fora dos sistemas legítimos de influência, o que as
tornariam disfuncionais por afetar a eficácia organizacional.

Para além dos termos da literatura, parece ser essa a reputação dos comportamentos políticos
também nas organizações: um fenômeno ao mesmo tempo inevitável e indesejável. Uma
pesquisa realizada por Gandz e Murray (1980) observou que a maior parte dos indivíduos
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considera a política uma atividade comum e até mesmo necessária para se alcançar o sucesso
nas organizações. Apesar de reconhecerem sua existência, também defendem que a política
deveria ser excluída, por ser prejudicial à efetivação de relações de acordo com as normas
formalmente definidas e aceitas.

Contudo, vale ressaltar que os limites entre os comportamentos legítimos e aqueles


considerados ilegítimos não são categóricos, modificam-se com o tempo, com as
circunstâncias e com os indivíduos envolvidos. De acordo com Cunha et al. (2006), as regras
do jogo, que determinam quais comportamentos são aceitáveis e quais são ilegítimos, são
definidas por quem detém poder.

Ademais, essa presunção ambivalente da política, ora vista como um jogo natural, ora
associada a praticas manipulativas, interesseiras e ilegítimas, pode ser conceitual e
operacionalmente limitadora à caracterização do construto do comportamento político nas
organizações. A delimitação da natureza desse fenômeno fica mais enriquecida e também,
deve-se reconhecer, bem mais difícil, se considerarmos que há outras matizes. Logo, é
importante supor que, assim como o poder, o jogo político não deve ser avaliado como bom
ou mau apenas por si mesmo.

Por todo o exposto, a essa pesquisa interessa estudar os comportamentos políticos nas
organizações não a partir da descrição factual das táticas ou jogos empregados, mas
considerando as percepções dos profissionais que vivenciam a política no seu cotidiano, uma
vez se tratar de um fenômeno inevitável da dinâmica organizacional.

Além disso, admitindo como pressuposto que a política não é necessariamente auto-
interessada, que seus jogos não se efetivam apenas através de meios não sancionados pela
organização e que seus fins nem sempre são ilegítimos, importa examinar os efeitos dos
comportamentos políticos na percepção dos indivíduos sobre o ambiente organizacional,
particularmente as relações entre política e os construtos de justiça e confiança nas
organizações.

Delineia-se, portanto, a questão norteadora do presente estudo: Quais os efeitos dos


comportamentos políticos na percepção do indivíduo sobre o ambiente organizacional?

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