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2013
N/ REG: RD108599512PT
Auto de Contra-Ordenação
N.º …………….
PSP
1). O impugnante possui habilitação legal para condução de pesados há mais de vinte anos,
não tendo qualquer averbamento no seu registo de condutor, de alguma infracção praticada.
2.) O que resulta em face das boas condutas e práticas adoptadas por este no exercício da sua
actividade.
3.) O impugnante não se furtou a qualquer ordem ou controlo efectuado por autoridade policial
creditada para tal.
4.) Pelo que ressalta evidente o zelo e diligência que sempre pautou o seu comportamento
enquanto motorista de pesados.
7.) Diga-se em abono da verdade material, que o impugnante foi autuado por circular,
alegadamente, com excesso de carga face ao limite de peso do veículo e ao limite imposto por
lei.
10.) O mês de março de 2013 foi um mês anormalmente chuvoso, conforme se prova pelos
docs. 1, 2 e 3 juntos e cujo teor se dá por integralmente reproduzido para todos os efeitos
legais.
11.) Como resulta dos autos, a mercadoria transportada naquela dia e hora, consistia em areia
do rio.
13.) Assim, a carga, que estava dentro dos limites aceites legalmente, ao ser exposta, como
foi, às chuvas daquele dia, absorveu a água e duplicou o seu peso.
15.) Esclareça-se, até, que a caixa de transporte estava meia de carga, tal como prescreve o
artº 56, nº al. i do Código da Estrada “ Tratando-se de transporte de mercadorias a granel,
aquela não exceda a altura definida pelo bordo superior dos taipais ou dispositivos análogos .”
16.) Antes sim, o facto de não controlar a pluviosidade nem as leis da física que resultam da
junção de água e areia.
17). Deve assim concluir-se que o impugnante, a ter cometido a infracção indicada, terá agido
sem culpa e sem prever o resultado ilícito.
Sem conceder,
18.) O veículo ao aproximar-se do local mencionado no auto de notícia, foi o mesmo sujeito a
uma fiscalização por parte da PSP, e após o agente fiscalizador estar na posse dos documentos
respeitantes ao veículo e condutor, deu ordem ao motorista para colocar o veículo em cima das
balanças móveis para que fosse sujeito a pesagem.
19.) O veículo efectuava o transporte de areia e cimento, mas devido ao peso mencionado no
auto entende o impugnante, pelo peso nominal de cada material, que o veículo não
transportava carga em excesso.
20.) Como consta do auto de notícia, o local escolhido pela própria polícia, - Km 25.7 da EN Nº
1 - não obedece aos requisitos recomendados pelo representante da marca das balanças, uma
vez que o local é inclinado e irregular, facto que dá origem a uma grande desconformidade no
quantitativo global da pesagem.
21.) As balanças foram instaladas de uma forma aleatória, o agente deu ordem ao motorista
para colocar o primeiro eixo em cima das mesmas, fazendo esta operação, até concluir segundo
eixo.
22.) É indubitável que uma má utilização do equipamento, implica prejuízos para terceiros,
sendo esse facto do conhecimento do agente de autoridade.
24.) Um bom local para realizar a operação deverá apresentar uma inclinação igual
ou inferior a 2% (+/- 4 centímetros da ponta do nível ao chão) com a bolha de
nível.
25.) O próximo passo é a instalação no terreno dos pratos de pesagem usando uma vez mais o
nível como bitola de afastamento entre eles. Os topos de nível deverão ficar assentes no centro
dos pratos o que também não se observou.
26.) Para a pesagem apresentar valores inequívocos e claros o fabricante determina que sejam
colocados no terreno os tapetes de borracha, antes e depois de cada prato, o que pode
efectivamente ser prejudicial para a pesagem, devendo também ser colocados os tapetes de
borracha adicionais, por cima dos estrados de plástico e apenas, junto aos pratos, nada disto
tendo sido cumprido.
27.) As balanças não se encontravam em local apropriado, num plano horizontal rectilíneo de
pelo menos 30 metros, conforme se preceitua nas normas de utilização.
28.) Só assim se percebe que perante tantas irregularidades, não tivesse o agente fiscalizador
autorizado tirar fotografias, conforme era desejo do requerente.
29.) Tendo finalizado a pesagem do veículo, o agente informou o motorista que ia levantar um
auto de contra ordenação pelo facto de o veículo transportar carga em excesso.
30.) Ainda nesta matéria, também não está mencionado no auto de notícia qual a influência
dos erros que pode ser provocada por vários factores externos.
31.) Ainda neste contexto, também o próprio representante da marca das balanças
“CAPTLES“ recomenda que as mesmas só podem funcionar em pleno, se forem
equipadas com um estrado contínuo, para que o veículo fique totalmente em cima
destes, para não existir a possibilidade de erro técnico, tendo-se verificado uma
total inobservância do aludido.
32.) Reitera-se, entretanto, que o impugnante não cometeu tal infracção de que vem acusado,
uma vez que existem erros grosseiros, no processamento da pesagem, desconhecendo-se se
cometidos a título de dolo ou negligência do autuante, o que não o exonera de
responsabilidade, pelo que é de inteira justiça que o presente processo seja arquivado sem
qualquer sancionamento.
33.) Todavia, ainda que V. Ex.ª considere a sua prática, com todas estas irregularidades, que
até poderão vir a ser dirimidas noutra instância, resulta do art. 18º do mesmo D.L. 433/82, que
a coima deverá ser aplicada em função da sua gravidade, da culpa e da condição económica do
agente.
34.) Ora nem a infracção foi grave nem a condição económica do agente é boa, pelo que
poderá V. Ex.ª aplicar o instrumento legislativo que a lei lhe confere, o qual se encontra
previsto no art. 51º do supracitado Decreto-lei pois a simples admoestação terá o mesmo cariz
preventivo que a coima visa atingir.
36). Mais ainda que, o art.º 170.º, nº1 do Código da Estrada impõe que, a autoridade ou
agente de autoridade que, no exercício das suas funções de fiscalização, presenciar contra-
ordenação rodoviária e levante ou mande levantar auto de notícia, mencione as circunstâncias
em que foi cometida.
37). Ora, o certo é que o auto identificado em epígrafe é absolutamente omisso quanto às
circunstâncias em que foi praticada a infracção, designadamente, entre outras, quanto à
circunstância, que não é indiferente, de ter sido criado pelo comportamento do impugnante um
perigo (concreto) ou embaraço para o trânsito;
38). Razão pela qual não pode razoavelmente concluir-se – uma vez mais – que o impugnante
não tenha actuado com o cuidado a que estava obrigado.
39). De todo o modo, sempre se dirá que o auto não prova a prática da contra-ordenação, e a
determinação legal (art. 170.º, nºs 3 e 4 do Código da Estrada) de que os elementos de prova
obtidos através de aparelhos ou instrumentos aprovados nos termos legais e regulamentares
faz fé sobre os factos neles documentados até prova do contrário não pode, em caso algum,
entender-se como uma qualquer presunção de culpabilidade.
De resto,
40). Determina o art. 131.º do Código da Estrada (na redacção que lhe foi dada pelo Decreto-
Lei n.º 113/2008 de 1 de Julho), que constitui contra-ordenação rodoviária todo o facto ilícito e
censurável que preencha um tipo legal correspondente à violação de norma do Código da
Estrada ou de legislação complementar e legislação especial cuja aplicação esteja cometida à
Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, e para o qual se comine uma coima.
41). Resulta por sua vez da conjugação dos arts. 135.º (Negligência) do Código da Estrada,
artº 8.º, nº 1 do DL 433/82 de 27 de Outubro e artº 22 do Decreto – Lei nº 257/2007 de 16 de
julho, que só pode ser punido o facto ilícito que constitua contra-ordenação desde que
imputável ao agente pelo menos a título de negligência; nexo de imputação que, como vimos,
não se verifica.
42). Mais acresce, não poder, evidentemente, presumir-se a imputação subjectiva da infracção
ao impugnante, seja a que título for (dolo ou negligência).
Nestes termos,
Requer a V. Exa. que, à luz dos fundamentos aduzidos, se digne declarar a nulidade
ou, pelo menos, a insuficiência probatória do auto acima assinado e,
consequentemente, absolva o impugnante da prática da contra-ordenação de que
vem acusado, bastando-se com a simples admoestação.
Prova Testemunhal:
1. …………………….;
2. ……………….
Junta: três documentos, cópia de devolução e envelope devidamente selado e
endereçado
O Advogado