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STREET, BRIAN V. Implicações dos novos estudos do letramento para a pedagogia. In: ______ .

Letramentos sociais: abordagens críticas do letramento no desenvolvimento, na etnografia e na


educação. São Paulo: Parábola, 2014. p.145-155.

Este capítulo procura desenvolver algumas das implicações das posições teóricas esboçadas nos
textos compilados no livro “Letramentos sociais: abordagens críticas do letramento no
desenvolvimento, na etnografia e na educação” para a prática e a política educacionais. O capítulo
também sintetiza e atualiza aspectos do modelo ideológico de letramento significativos ao contexto
escolar. O autor examina a noção de eventos letrados e o modo como a expressão “prática letrada”
pode ser empregada como um termo mais abrangente que nos permite reconhecer os modelos e
conceitos de letramento que os próprios atores trazem para os eventos. Outro aspecto explorado
por Street (2014) são os problemas do modelo culturalista como oposto ao modelo ideológico de
letramento, além das dificuldades que têm surgido com o conceito de multiletramentos – um
conceito crucial para contestar o modelo autônomo, mas que começa a sofrer descrédito à medida
que cada observador oferece seus próprios critérios para letramentos diferentes e que metáforas e
extensões do termo se afastam cada vez mais das práticas sociais de leitura e escrita. Por fim,
analisa as implicações do modelo ideológico de letramento para diversas áreas do debate
educacional nos últimos anos, a partir de diferentes setores do espectro político.

Resumo: As práticas de letramento, ou seja, os usos sociais da leitura e escrita estão situados
sócio-historicamente e perpassados pelas relações de poder e ideologias. A escola, ao privilegiar o
ensino das normas gramaticais, distancia os sujeitos da língua e não o prepara para agir
socialmente por meio da linguagem, ou seja, não desenvolve uma prática de ensino de acordo com
a perspectiva do letramento que, necessariamente, deve estar ligado ás questões multiculturais.
Ainda que alguns teóricos[4, como Paulo Freire, por exemplo, tenham desenvolvido ações em prol
do desenvolvimento da percepção crítica dos alunos, ainda há muito a ser feito. Um caminho
possível é o ensino mediado pelos gêneros que circulam socialmente e que podem empoderar os
alunos para ação social.

“Por práticas de letramento vou me referir não Os eventos de letramento são situações de uso
só ao evento em si, mas a concepções do
da leitura e escrita e podem ser catalogados e
processo de leitura e escrita que as pessoas
sustêm quando estão engajadas no evento.” p. descritos, as práticas de letramento, por sua vez,
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não podem ser descritas ou catalogadas, pois
trata-se de algo de maior amplitude. É a
recorrência e padrão constituinte dos eventos de
letramento em determinada esfera de
comunicação que configuram as práticas de
letramento.
“Quanto mais esses usos se distanciam das O termo letramento está, indissociavelmente,
práticas sociais da leitura e da escrita, mais ligado às interações sociais em que leitura e
evidente fica que o termo “letramento” está escrita são constitutivos de significação e
sendo usado num sentido estreito, moral e atrelados às relações de poder, ou seja,
funcional para significar competências ou ideologicamente marcados. Quando a leitura e
habilidades culturais.” p.148 escrita aparece desvinculada da prática social
deparamo-nos com o letramento autônomo,
desvinculado das habilidades culturais.
“Para evitar as armadilhas dessas extensões da Para os Novos Estudos do Letramento de base
noção de multiletramentos, tentei desenvolver a antropológica o termo “multiletramentos” está
noção de letramentos dominantes, em oposição a vinculado a uma ideia de multiculturalismo e,
letramentos 'marginalizados', em analogia com consequentemente, à perspectiva das cultura
alguns trabalhos de sociolinguística em torno da dominante versus marginalizadas.
noção de língua dominante” p.148
“No que diz respeito ao letramento escolarizado, No âmbito escolar as práticas de uso da escrita
é evidente que, em geral, o modelo autônomo de estão desvinculadas dos usos sociais da
letramento vem dominando o currículo e a linguagem.
pedagogia.” p.150
“[...] textos aparentemente inocentes para Numa tentativa de controle dos alunos, os
crianças, perguntas feitas pelos professores e a professores lançam mão de estratégias de ensino
ênfase na grafia 'correta' e no detalhe linguístico de cunho metalinguístico.
são modos de manutenção da disciplina.” p.150
“Esses discursos secundários, como Gee Ao desvincular os usos da escrita das práticas
denomina os letramentos fornecidos por sociais situadas dentro das relações de poder e
instituições oficiais, permitem a um Estado constituídas de carga ideológica, as instituições
centralizador afirmar a homogeneidade contra a privilegiadas, como a escola, por exemplo,
heterogeneidade evidente na variedade de contribuem para a manutenção da estratificação
discursos primários dentro da qual as social em que a homogeneidade está em lugar
comunidades socializam seus membros (GEE, privilegiado em detrimento à heterogeneidade
1990). Ensinar a conscientização desses cultural.
conflitos e os modos como as práticas letradas
são lugares de disputa ideológica já é em si um
desafio ao modelo autônomo dominante que
mascara esses processos.” p.150
“A tarefa do professor, então, é permitir o O professor precisa desenvolver um trabalho
conhecimento das formas tradicionais de leitura consciente com a linguagem e práticas de leitura
e escrita – as formas letradas dominantes, os e escrita. Atrelar as atividades escolares aos
gêneros da prosa expositiva e do texto contextos sócio-culturais nos quais os alunos
argumentativo-dissertativo, as convenções da estão inseridos.
escrita de cartas a organizações comerciais – a
fim de empoderar seus alunos.” p. 154

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