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SUS, política pública de Estado:

OPINIÃO OPINION
seu desenvolvimento instituído e instituinte e a busca de saídas

The Brazilian Unified Health System (SUS), State Public Policy:


Its institutionalized and future development
and the search for solutions

Nelson Rodrigues dos Santos 1

Abstract This paper redeems the significance of Resumo O texto resgata significados do movi-
the health reform movement and the municipal mento da reforma sanitária e do movimento mu-
healthcare movement in the context of the 1970s nicipal de saúde no contexto dos anos 70 e 80, sua
and 1980s, and its social, politic and innovative força social, política e inovadora na reconstrução
power in the democratic reconstruction of the democrática na época. A seguir constata que a
day. It then notes that the implementation of the implementação das diretrizes constitucionais, re-
constitutional guidelines, regulated in 1990 by gulamentadas em 1.990 pelas Leis 8080/90 e 8142/
Laws 8080/90 and 8142/90, has been character- 90, vem sendo marcada nos últimos 22 anos por
ized in the last 22 years by four major and mount- quatro pesados e crescentes obstáculos impostos
ing obstacles imposed by State policy on all gov- pela política de Estado a todos os governos: subfi-
ernments: federal underfunding; federal subsidies nanciamento federal, subsídios federais ao mer-
to the private health plan market; resistance to cado de planos privados de saúde, resistência à
reform of the State management structure of ser- reforma da estrutura gerencial estatal da presta-
vice provision; and the handing over of adminis- ção de serviços e, entrega do gerenciamento de
tration of public facilities to private entities. The estabelecimentos públicos a entes privados. O SUS
Brazilian Unified Health System (SUS) included incluiu no sistema público de saúde metade da
half the population that was once excluded in the população antes excluída, mas estes obstáculos
public health system, though these obstacles keep mantêm a cobertura da atenção básica focalizada
the coverage of primary care focused below the abaixo da linha de pobreza e com baixa resoluti-
poverty line and with poor resolution. The con- vidade. Conclui que a real política de Estado para
clusion drawn is that the real policy of the state a saúde nesses 22 anos vem priorizando a criação
for healthcare in the past 22 years has prioritized e a expansão do mercado dos planos privados de
the creation and expansion of the private health saúde para os direitos do consumidor, e secunda-
1
Departamento de Saúde plan market for consumer rights, and relegated rizando a efetivação das diretrizes constitucio-
Coletiva, Faculdade de the effectiveness of constitutional guidelines for nais para os direitos humanos de cidadania.
Ciências Médicas,
Universidade Estadual de
civic human rights to second place. Palavras-chave Rumos do SUS, SUS: política de
Campinas Preventiva e Key words Trajectories of SUS, SUS: State poli- Estado, Política de saúde
Social. Tessália Vieira de cy, Health policy
Camargo 126, Cidade
Universitária. 13083-970
Campinas SP.
nelsonrs@fcm.unicamp.br
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A força inicial mento dos serviços básicos, vale lembrar que nos
anos 80, antes mesmo da criação do SUS, já se
O SUS é obrigação legal há 22 anos, com as Leis consolidava o papel decisivo dos municípios em
80801 e 81422 de 1.990. No seu processo histórico vários Estados, na erradicação da Poliomielite
o SUS começou na prática nos anos 70, há 40 (paralisia infantil) e depois, do Sarampo. Deve
anos, com movimentos sociais e políticos contra ser lembrado que paralelamente aos bons resul-
a ditadura, pelas Liberdades Democráticas e De- tados da descentralização e dos primeiros repas-
mocratização do Estado, que se ampliava e for- ses de recursos federais, o governo federal, nos
talecia por uma sociedade justa e solidária e um anos 80, inicia a retração da sua participação no
novo Estado com políticas públicas para os di- financiamento da saúde, perante o crescimento
reitos humanos básicos, com qualidade e uni- da participação estadual e principalmente muni-
versais. Na saúde, este movimento libertário for- cipal. Foi realizada a 8ª Conferência Nacional de
taleceu-se com a bandeira da Reforma Sanitária, Saúde em 1.986, que aprofundou e legitimou os
antecipando o que viria, anos depois, a ser as princípios e diretrizes do SUS.
diretrizes constitucionais da Universalidade, Igual- A força social e política desse movimento des-
dade e Participação da Comunidade. dobrou na Comissão Nacional da Reforma Sani-
Também nos anos 70, a ausência de estatuto tária, composta pelos governos federal, estadual
da terra e reforma agrária, no modelo de desen- e municipal, pelas instituições públicas e privadas
volvimento, levou ao grande empobrecimento da de saúde e pelas entidades da sociedade e dos tra-
população e provocou intensa migração da zona balhadores sindicalizados, com a atribuição de
rural e pequenas cidades, para as periferias das elaborar proposta de sistema público de saúde a
cidades médias e grandes, o que gerou grande ser debatida na Assembleia Nacional Constituin-
tensão social nessas periferias, de difícil controle te. Foi também criada a Plenária Nacional de Saú-
pela repressão da ditadura, e as Prefeituras Mu- de que congregava todos os movimentos e enti-
nicipais iniciaram várias providências, entre as dades da sociedade civil, com a finalidade de par-
quais, atendimentos precários à saúde com via- ticipar e exercer o controle social nos debates da
turas de saúde itinerantes em bairros e vilas, e proposta de saúde na Constituição.
também postinhos de saúde. Essas providências É importante lembrar que em todos os deba-
precárias foram se beneficiando com propostas tes e posicionamentos políticos, as entidades, tan-
e iniciativas de um número crescente de jovens to das categorias de trabalhadores, incluindo as
sanitaristas, que foram qualificando os serviços centrais sindicais, e as entidades dos profissio-
municipais de saúde e aplicando nas realidades nais de saúde e das classes médias, assumiram
brasileiras, as diretrizes da Atenção Primária à em todos os momentos e situações, a opção pelo
Saúde, inclusive com equipes compostas pelas SUS e não planos privados, que na época possuí-
várias profissões de saúde, integrando as ações am pequeno peso e expressão em comparação
preventivas e curativas e ganhando grande apoio com o sistema público de saúde que incluía o
da população antes excluída. Aconteceram inú- previdenciário. Todas as expectativas eram de
meros encontros estaduais e nacionais de troca adesão e primeira opção pelo SUS, na crença de
de experiências municipais de saúde, configuran- que o Estado seria democratizado e cumpriria as
do o movimento municipal de saúde que se for- diretrizes constitucionais sociais. Foram os prin-
taleceu, pressionou os governos nacional e esta- cípios e diretrizes do Direito de Todos e Dever do
dual por mais recursos, e antecipou o que viria, Estado, da Relevância Pública, da Universalida-
anos depois, a ser as diretrizes constitucionais da de, Igualdade, Integralidade, Descentralização,
Universalidade, da Descentralização, da Integra- Regionalização e Participação da Comunidade.
lidade e da Regionalização. Essa grande força social e política pelo SUS são
Os movimentos: Municipal de Saúde e o da da nossa história recente, e deve ser levada em
Reforma Sanitária conseguiram nos anos 80, con- conta para o entendimento das dificuldades e
vênios para repasses financeiros do governo fe- problemas que foram se avolumando desde en-
deral que muito fortaleceu a prestação de servi- tão, de modo crescente até que se iniciaram as
ços básicos e integrais de saúde à população. primeiras avaliações e análises reveladoras de
Conseguiram também importante apoio do Le- outra política de Estado, real, com rumo desvia-
gislativo com simpósios de políticas de saúde na do dos princípios e diretrizes constitucionais. Ao
Câmara Federal. Como parte das lutas pelas li- contrário de continuar avançando a partir de
berdades democráticas, muito contribuíram para 1.990, exatamente quando eram esperadas e de-
o fim da ditadura em 1.984. No bojo do cresci- sejadas mais facilidades com a promulgação das
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Leis 8080/901 e 8142/902, um outro contexto glo- Organização Mundial da Saúde, usando valor de
bal e nacional não esperado nem desejado, que dólar calculado para comparar os países, reve-
será referido no penúltimo tópico deste texto, lam para 15 países que implementam sistemas
iniciou a efetivação de crescentes dificuldades. públicos de saúde de qualidade e universais, a
Essas dificuldades tornaram-se verdadeiros obs- média é de 2.530 dólares públicos por habitante
táculos, que obrigam uma quase exaustão das ao ano, enquanto no Brasil estamos com 385,
forças que persistem em fazer do SUS o que está perdendo até para a Argentina, Chile, Uruguai e
na Constituição: um sistema público de saúde de Costa Rica. Em 1.981, 70% dos atendimentos de
qualidade e universal, comprometido com as ne- saúde em nosso país tinham financiamento pú-
cessidades e direitos à saúde da população. Aos blico, que foi caindo até 60% em 2.008, apesar da
poucos, o que era avaliado por volta de 15 anos, vigência do SUS a partir de 1.990. Nossas históri-
como dificuldades e problemas a serem supera- cas desigualdades regionais, agravadas durante a
dos, foi clareando como sólida e consistente es- ditadura, foram, na saúde, agravadas com este
truturação dessa outra política de Estado. Iden- severo subfinanciamento3-6.
tificando 20 situações reais emergidas nos 22 anos
do SUS, busca-se a seguir, qual a lógica e estraté- Consequências do 1º Obstáculo
gia subjacentes. Em tentativa sujeita a reajustes,
resultaram 4 obstáculos, 7 consequências, e 5 con- 1º Desinvestimento em equipamentos di-
clusões que parecem revelar de modo inequívo- agnósticos e terapêuticos e em tecnologia nos
co, a real política hegemônica de Estado para a serviços públicos, da Atenção Básica e Assis-
Saúde. tenciais de Média Complexidade que resulta em
oferta desses serviços para a população, 4 a 7
vezes menor do que a oferta desses equipamen-
Os obstáculos tos e tecnologias para os consumidores de pla-
nos privados. Este desinvestimento por outro
1º Obstáculo: lado, levou a um crescimento desproporcional e
O subfinanciamento federal anômalo dos serviços privados complementares
no SUS (contratados e conveniados), hoje, por
Em 1.980, o governo federal participava com volta de 65% das internações e 92% dos serviços
75% do financiamento público na saúde, e os Es- de diagnóstico e terapia, que são remunerados
tados e Municípios com 25%. Desde então, e es- por produção (fatura) mediante complexa e per-
pecialmente após novo pacto federativo constitu- versa tabela de procedimentos e valores. Por isso,
cional de 1.988, os municípios e Estados vêm as- esses serviços perderam seu caráter complemen-
sumindo suas novas e maiores responsabilida- tar, tornando-se o centro nervoso do sistema.
des, e somados, elevaram sua participação de 25% Tudo isso conflita com as diretrizes legais do SUS
para 54% do total do financiamento público da e confunde (ou desvia) a evolução de parceria
saúde, o mesmo não ocorrendo com a União, histórica de excelente potencial com a rede das
cuja participação porcentual caiu de 75% para Santas Casas e outras entidades de saúde sem
46%. A supressão da contribuição previdenciária fins lucrativos, em função das necessidades da
em 1993, a substituição de fontes com a criação população e da atenção integral à saúde3,7,8.
da CPMF em 1.996 e o cálculo da parcela federal 2º Drástica limitação do pessoal de saúde e
com base na variação o PIB em 2.000, estrutura- desumana precarização das relações e da ges-
ram o subfinanciamento federal. Em 1.999 o go- tão do trabalho em saúde. Do pessoal terceiriza-
verno federal com taxas de juros estratosféricas, do, hoje estimado em mais de 60% dos trabalha-
obriga os estados e municípios a limitarem gas- dores de saúde do SUS, e também dos estatutá-
tos na área social, reservando pelo menos 13% rios e dos celetistas públicos, todos nivelados por
dos orçamentos dos estados e municípios de baixo na remuneração, nos planos de carreiras
maior porte para a renegociação de dívidas, e a inexistentes ou precários, nas condições de tra-
seguir, com a Lei de Responsabilidade Fiscal, com- balho, na educação permanente e na participa-
pelir os municípios a limitar gastos com pessoal, ção na gestão. A limitação do quadro próprio de
substituindo-os por “terceiros”: cooperativas, pessoal, imposta pela lei da Responsabilidade
ONG, OS, etc. Isto mantém o Brasil entre os pa- Fiscal às Prefeituras, é parte estrutural deste qua-
íses que menos recursos públicos coloca por ha- dro. Esta segunda consequência é a causa estru-
bitante em cada ano, e menor porcentagem de tural do predomínio dos interesses do pessoal de
recursos públicos para saúde, no PIB. Dados da saúde sobre as necessidades e direitos da popu-
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lação usuária, no que se refere aos critérios de Saúde. Somente os gastos tributários vêm cres-
filas de espera, dos agendamentos de exames, cendo nominalmente por ano, em velocidade 10
consultas, encaminhamentos, internações, retor- a 20% maior que o crescimento nominal dos gas-
nos, etc., assim como das requisições de exames, tos do Ministério da Saúde. É o que se pode cha-
das prescrições terapêuticas, e do cumprimento mar de privatização por fora do SUS, isto é, o
dos horários de trabalho, e da assiduidade9. sistema privado externo ao SUS, que fatura nas
3º O sub-financiamento federal atinge os três mensalidades dos consumidores e nas subven-
níveis de atenção de forma desigual: muito mais ções públicas, e que falsamente proclama que ali-
a Atenção Básica (AB), menos a assistência de mé- via o SUS7,8,10-13.
dia complexidade (MC) e quase nada na alta com-
plexidade (AC). Os valores (corrigidos pelo IGPM) 3º Obstáculo
dos repasses federais para a AB (PAB fixo e variá-
vel) e para o SAMU entre 1.998 e 2.010, tiveram Grande Rigidez da Estrutura Administrati-
queda que variou de 30% a 50%. Os valores (cor- va e Burocrática do Estado. Incapaz de gerenciar
rigidos pelo INPC) dos repasses federais para a com eficiência os estabelecimentos públicos pres-
assistência de MAC entre 1.995 e 2.012, tiveram tadores de serviços, com lentidões extremamente
seus per-capitas elevados em 43%, enquanto para centralizadas e burocratizadas de concursos pú-
a AB (PAB fixo), em apenas 1,1%. Em outras pala- blicos, licitações e reposições de material e pessoal
vras, em 1.995 o MS gastou com a MAC, 5,4 vezes entre 1 e 2 anos ou mais, com grande dano ao
mais do que gastou com a AB, e em 2.012 está atendimento da população. Grande resistência à
gastando 7,7 vezes mais. É imperioso o aporte de reforma democrática dessa estrutura, e à descen-
recursos novos e crescentes para a AB e a MC tralização com autonomia gerencial, orçamentá-
simultaneamente, ao contrário de penalizar os ria e financeira e efetiva participação da comuni-
dois, e mais AB que a MAC. Além da desigualdade dade. Este obstáculo impede ou distorce a execu-
nos níveis de atenção, os repasses federais aos Es- ção dos gastos públicos com saúde, sem as desas-
tados e Municípios são ainda fragmentados por trosas esperas e com qualidade e eficiência volta-
programa e projeto federal, e não globais segundo da para as necessidades da população. É imposto
as metas do planejamento municipal, regional e pela política de Estado, de impedir a demonstra-
estadual, o que mantém o modelo convenial e não ção de que o Estado deve e pode organizar sua
das relações constitucionais4,5,10. estrutura administrativa, orçamentária e finan-
Somente este grande subfinanciamento já ceira para atender com qualidade e presteza as
impede prosseguir no cumprimento das diretri- demandas sociais básicas, lembrando que essa
zes constitucionais. O conjunto dessas três con- demonstração se choca com a 2º consequência
sequências leva à chamada privatização por den- do subfinanciamento federal9,14,15.
tro do SUS, isto é, o peso de interesses privados e
pessoais dentro do sistema público, no processo 4º Obstáculo
da oferta de serviços.
Privatização da Gestão Pública: Omitindo
2º Obstáculo os obstáculos anteriores, essa política de Estado
assume como princípio conceitual, a entrega do
Subvenção Crescente com Recursos Fede- gerenciamento de estabelecimentos públicos de
rais ao Mercado dos Planos Privados de Saúde. saúde para grupos privados, insistindo na falsa
Esta subvenção vem sendo realizada por meio tese de que o setor público é por definição in-
de: a) renúncia fiscal ou gastos tributários (isen- competente no gerenciamento de serviços públi-
ções e deduções no recolhimento de tributos de cos para as necessidades sociais da população, e
empresas, indústria farmacêutica e consumido- que o setor privado é naturalmente competente.
res na saúde), b) cofinanciamento público de pla- Assim nasceram no período da ditadura as Fun-
nos privados de saúde aos servidores federais do dações Privadas de Apoio a hospitais universitá-
Executivo, Legislativo e Judiciário, incluindo as rios públicos, e sociedades privadas para o de-
Estatais, e c) não ressarcimento obrigado pela senvolvimento da Medicina, em 1.998, as OS e
Lei 9656/1.998. O valor dessa subvenção ao mer- OSCIP e após, as PPP (parcerias público-priva-
cado da saúde corresponde hoje por volta de 30% das). Já está configurada nova corporação de
do faturamento anual do conjunto das empre- consultores de gerencia hospitalar e empresas de
sas de planos privados de saúde, o que está perto consultoria vendedoras de serviços e projetos de
da metade dos gastos anuais do Ministério da OS, OSCIP e PPP para gestores públicos. Isto, a
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valores de centenas de milhares de reais, e execu- mentos e outros materiais assistenciais, assim
ção com altas taxas de administração, além de como da medicina especializada e do pesado
cláusula contratual de sigilo dos proventos dos mercado de planos privados de saúde17.
dirigentes. Esta seria a privatização por fora e 3. A precarização da implementação do SUS,
por dentro do SUS, que vai reduzindo o Estado, pressionada pelos 4 obstáculos apontados, pro-
segundo Sônia Fleury, a financiador de investi- duziu ao longo dos 22 anos da Lei 8080/901, uma
mentos privados na capacidade instalada de saú- oferta de serviços que, por um lado incluiu quase
de, por meio do BNDES e outras agências, e com- metade da população antes excluída, que foi o
prador de serviços privados. Este obstáculo, ao seu maior feito. Por outro lado, a qualidade, tan-
omitir os anteriores, esconde que, sem eles o se- to de grande parte de cada atendimento, como
tor público ganha força, competência e condi- do próprio modelo de atenção, atende mais os
ções para identificar com transparência, situa- interesses do lado da oferta, e atendendo menos
ções especiais e excepcionais. Isto, possibilitaria a ainda, as necessidades e direitos da população.
realização de parceria público-privada com enti- Isto foi gerando uma demanda contrária a que
dades sem fins lucrativos, de comprovada finali- era esperada e desejada: foram aderindo aos pla-
dade e controle públicos, sem qualquer promis- nos privados, todas as classes médias e os traba-
cuidade negocial de mercado, como ocorre em lhadores sindicalizados e suas centrais sindicais,
sociedades mais civilizadas3,6,9,15. tanto do emprego privado como do público. Na
Estes obstáculos foram se avolumando e verdade, esses segmentos da sociedade, na busca
acarretando inúmeras consequências. de atendimento às suas necessidades de saúde,
foram compelidos para o lado dos planos priva-
As consequências dos obstáculos dos, inclusive os mais baratos que submetem seus
consumidores a grandes esperas nas consultas e
1. Impossibilidade das unidades básicas de exames e atendimentos de baixa qualidade. Hoje,
saúde e equipes de saúde de família de desenvol- em torno de 75% da população brasileira depen-
ver a Atenção Básica de qualidade, de cobertura dem só do SUS e 25% são consumidores de pla-
universal, e por isso ordenadora das linhas de nos privados, continuando a depender do SUS,
cuidado em todos os níveis do sistema. A cober- principalmente nos procedimentos de alto custo,
tura efetiva oscila entre 30 a 40% da população e do fornecimento de medicamentos especiais, da
sua qualidade e resolutividade permanecem mui- vigilância sanitária, imunizações, etc4,11-14.
to baixas, mantendo na média nacional um ca- 4. Além da espetacular inclusão dos excluí-
ráter focalizado na Atenção Básica, de baixo cus- dos no SUS, outro grande feito vem acontecen-
to para as camadas mais pobres9,16. do, que é a persistência no território nacional, de
2. A gestão descentralizada do SUS, especial- centenas de experiências locais que buscam com
mente as secretarias municipais de saúde, per- grande esforço aplicar as diretrizes constitucio-
manecem tensionadas e angustiadas quando, por nais do direito humano à saúde. São experiên-
um lado, por princípio humano e para evitar cias mantidas por usuários, trabalhadores de saú-
omissão de socorro, concentram os baixos re- de, gestores locais e núcleos acadêmicos, que são
cursos nas situações de urgência e as mais graves, divulgadas em mostras dessas experiências. Ain-
com serviços supercongestionados, frequente- da que submetida a cobertura e resolutividade
mente acrescentando recursos municipais aos muito baixas, a nossa Atenção Básica à Saúde
valores da tabela federal. Por outro lado, sobram revela seu grande potencial quando consegue in-
menos recursos para a proteção dos riscos à saúde tensificar a queda de importantes indicadores de
da população e no atendimento às situações não saúde como a mortalidade infantil, a mortalida-
graves, sabendo que a consequência é gerar no- de precoce pelas principais doenças crônicas e a
vas situações graves e de urgência. São cada vez incidência da tuberculose. Esta 4º consequência
mais frequentes, esperas de consultas, exames e tem alto significado social e político ao apontar
internações acima de 6 meses e, frequentemente, para a existência de verdadeira rede de resistência
de 1 a 2 anos. Esta tensão e angustia atingem ao desmanche, na prática, das diretrizes dos SUS,
também as equipes do MS, inclusive da gestão assim como avanços possíveis, o que é funda-
atual, quase toda originária da gestão descentra- mental para a retomada da política de Estado
lizada, mas que por si só não consegue contor- voltada para os direitos sociais de cidadania.
nar a política de Estado, mais sensível às pres- Assim sendo, foram tornando-se inequívo-
sões dos vendedores de medicamentos, equipa- cas várias conclusões.
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As conclusões dos obstáculos cerra sua contribuição para um sistema público


e consequências plenamente instituído. Contudo, sob o ângulo
da real política publica de Estado, o SUS encon-
A. Os 4 obstáculos ao SUS e suas consequên- tra-se contra-hegemônico, ainda engatinhando,
cias, foram acontecendo concretamente, de ma- com exaustão em quase todas as frentes de luta
neira contínua nos 22 anos do SUS, o que revela pela implementação das suas diretrizes constitu-
a força da política de Estado, descomprometida cionais. Seu maior feito, a inclusão social, pro-
com as diretrizes constitucionais dos direitos so- cessa-se sob a hegemonia do “modelo da oferta”,
ciais. Aponta para outra política de Estado, aci- medicalizado, privatizado e “modernizado” pelo
ma das políticas de governo, de todos os gover- “gerencialismo”. Os avanços reais do SUS pode-
nos nesses 22 anos. Cabem aqui as perguntas: riam estar sendo realizados pela continuação do
que Estado é esse? O que vem realmente aconte- desenvolvimento dos convênios pré-SUS, das
cendo nos rumos dados pela Constituição e Leis Ações Integradas de Saúde e dos Sistemas Unifi-
8080/901 e 8142/902? cados e Descentralizados de Saúde. Constituem-
B. Na formação da consciência social do di- se, contudo, em consistente patamar de criativa
reito à saúde, as consequências e influências dos acumulação de experiências práticas na atenção
4 obstáculos anti-SUS, acabaram levando ao pre- à saúde, na gestão descentralizada e no controle
domínio de que saúde seja mais direito de consu- social, historicamente decisivo para a retomada
midor do que direito humano de cidadania. E do rumo da implementação das diretrizes cons-
por isso, da falsa noção de que o SUS é gratuito, titucionais. Por isso a Reforma Sanitária Brasi-
quando na realidade é muito bem pago pelos leira, ao contrário de encerrada, enquanto movi-
impostos e contribuições sociais arrecadados, e mento social, está desafiada a persistir na sua
mais ainda: por sistema tributário que incide ação inovadora e criativa, na luta pelos direitos
muito mais nos estratos sociais mais pobres. sociais3,9.
C. O Estado brasileiro acabou revelando na
saúde, mais o seu lado de aparelho criador de Buscas de saídas:
mercado para os direitos do consumidor, do que encaminhamentos para a área da saúde
implementador das diretrizes constitucionais para
os direitos sociais de cidadania. Desconsidera que 1. Torna-se fundamental a retomada da co-
o SUS para ser efetivo e incluir a todos vai tam- municação direta com as entidades da sociedade
bém ampliar o mercado de empregos, medica- e movimentos sociais, democratizando todas as
mentos, equipamentos, tecnologias, etc., e opta informações do que está acontecendo com o SUS:
pelo mercado privado de planos de saúde para seus benefícios à população, mas também seus
assistir os trabalhadores do mercado de traba- obstáculos e consequências. Esta comunicação
lho formal, inclusive socializando os custos com social deve se dirigir igualmente a todos os usuá-
o erário público. (Nicho de mercado por exce- rios do SUS: os que só têm o SUS e os que, além
lência). Criou a Agência Nacional de Saúde com do SUS, são consumidores de planos privados, a
5 diretorias para regular esse mercado, hoje com começar dos trabalhadores sindicalizados. Seria
os 5 diretores extraídos do setor privado, e cuja a retomada da predominância da consciência e
regulação segue o imperativo mercadológico mobilização dos direitos humanos de cidadania.
da concentração e acumulação intensiva do capi- A força social capaz de mudar a política de Esta-
tal, inclusive com a entrada de seguradoras es- do só acontece com a consciência social, politiza-
trangeiras 4,9,11-14,17. ção e ampla mobilização, incluindo os trabalha-
D. Na formulação e realização dos 4 obstá- dores e as classes médias.
culos ao SUS, os agentes dominantes no Estado 2. Os recentes avanços legais do SUS como o
valeram-se de instâncias de poder acima dos ges- decreto 7508/11, Lei 12.466/11 e Lei 141/12 (ape-
tores do SUS (municipais, estaduais e federais). sar desta última manter o subfinanciamento fe-
Inclusive quanto à desigualdade dos valores reais deral)18-20, por si não garantem, mas estimulam
dos repasses federais à MAC e à AB. Tampouco avanços reais como:
os conselhos de saúde tiveram acesso à formula- - Universalização e qualificação da Atenção
ção e realização desses obstáculos. Básica à Saúde para resolver 85 a 90% das neces-
E. Sob o ângulo jurídico-legal, desde a Cons- sidades de saúde da população,
tituição Federal até a recente Lei n.º 141/2012, a - Sob a orientação da universalidade da AB,
implementação do SUS pode ser considerada também a universalização dos demais níveis de
concluída, e a Reforma Sanitária Brasileira en- atenção preventiva e curativa, efetivando o fun-
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cionamento das redes e linhas de cuidados, dan- Os conselhos de saúde vêm desenvolvendo
do concretude ao processo da regionalização. muito bem sua inabdicável atribuição legal de
- Para que estas coisas aconteçam: ampla e atuar no controle da execução da política pelos
criativa comunicação social e avanço na consci- gestores , mas tanto os gestores como os conse-
ência do direito à atenção integral à saúde, inclu- lhos não vêm conseguindo atuar na formulação
indo os trabalhadores de saúde, as classes médi- das estratégias que desviam o SUS do seu rumo
as, os gestores municipais e regionais, os conse- constitucional, que são os 4 obstáculos aqui des-
lhos de saúde e os Legislativos. critos. Assim sendo, sem prejuízo de continuar
- Estimar o custo de uma Atenção Integral na controlando a execução da política, deveriam ser
Região, capaz de atrair a adesão da maioria da desenvolvidos esforços comuns e combinados
população, comparar com os recursos atuais entre gestores e conselhos, para atuarem na for-
colocados na região (municipais, estaduais e fe- mulação de estratégias, opondo-se aos 4 obstá-
derais), traçar um rumo por etapas, e com esta culos e mobilizando forças sociais e políticas9. É
bandeira, mobilizar e pressionar. como atuar cotidianamente em “varejo” comple-
Lembre-se, que estes avanços permanecem xo, tenso e extremamente desgastante, que é des-
muito mais condicionados à relação de forças viado e distorcido por um “atacado” inteligente e
sociais, econômicas e políticas, no que toca ao perverso que caminha em sentido contrário. É
grau de consciência dos direitos sociais e mobili- como correr atrás do prejuízo.
zação social. Caso contrário, os avanços legais 4. Hoje, entre os vários desafios políticos para
citados, na maior parte serão cooptados pela a “militância” do SUS, destaca-se o de superar os
normatividade federal compensatória que racio- desgastantes e ineficazes embates entre as causa-
nalizará mais ainda o SUS para os pobres e com- lidades governamentais e partidárias de um lado,
plementar para o mercado de planos privados. e de outro, a conscientização e mobilização supra
3. Cabe por final, aos conselhos de saúde, su- e apartidária por reforma do Estado, democrá-
perar dilemas que cresceram nos 22 anos do SUS: tica e politica, voltada para as diretrizes constitu-
Como colegiado de representantes dos seg- cionais de politicas publicas para os direitos so-
mentos e movimentos sociais, integram oficial- ciais. As mudanças “estadistas” do governo “de
mente o campo da gestão, contribuindo na par- plantão” somente se darão com essa conscienti-
ticipação da comunidade e da sociedade. Não zação e mobilização.
substituem os segmentos e movimentos sociais e 5. No bojo dos esforços e avanços de concre-
políticos por que somente a sociedade mobilizada tizar as proposições anteriores, reunir as forças
pode acumular forças para mudar as políticas de sociais e políticas mais conscientes e mobilizadas
Estado. São por isso, colegiados fundamentais para as conquistas de:
para transmitir permanentemente às entidades e 5.1 Equacionar o subfinanciamento (Movi-
movimentos sociais o que se passa no interior mento de pelo menos 10% da Receita Corrente
do Estado, isto é, as informações e análises apre- Bruta da União para o SUS)
sentadas e debatidas nas reuniões dos conselhos, 5.2 Ampliar os investimentos na oferta de servi-
o que contribui para a democratização das in- ços e equipamentos do SUS, sobretudo nas regiões
formações e análises, para a sociedade, do que se mais pobres do Brasil (desigualdade Regional)
passa no Estado, e por isso, para a mobilização 5.3 Deter o processo de privatização impul-
da sociedade9. sionado nos três entes da federação (incluindo o
Nas reuniões mensais dos conselhos circu- Governo Federal)
lam informações e análises interessantes e várias 5.4 Rever o processo de isenções fiscais e sub-
vezes importantíssimas sobre a política de saúde sídios aos planos privados de saúde
e o SUS, quando os conselheiros em regra são 5.5 Rever (flexibilizar) a Lei da Responsabili-
coerentes na sua defesa e também dos direitos e dade Fiscal para setores como saúde, educação e
interesses do segmento que representam. Porém, assistência social onde os gastos estão concen-
na sua relação cotidiana com as entidades que trados em pessoal (e que assumiram crescentes
representam e seus dirigentes, colegiados, assem- responsabilidades na implementação do sistema
bleias e comunicados, em regra não vêm conse- nas últimas duas décadas).
guindo ou agindo adequadamente para mobili- 5.6 Efetivar reforma administrativa e demo-
zar a favor do SUS e repolitizar os pleitos pelos crática da estrutura estatal gerenciadora da pres-
planos privados subsidiados com recursos pú- tação de serviços para as demandas dos direitos
blicos, a favor daqueles pela expansão e qualifi- sociais básicos, incluindo a saúde, com descen-
cação do SUS. tralização e autonomia gerencial, orçamentária e
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Santos NR

financeira às unidades públicas, e consequente nal de Saúde na Câmara dos Deputados Federais
elevação da eficiência, do controle público e con- com a sua Carta de Brasília em Jun/2005, com
trole social. mais de 800 participantes, e o Pacto pela Vida,
Estes encaminhamentos baseiam-se e atuali- em Defesa do SUS e de Gestão debatido e apro-
zam as marcantes e recentes mobilizações em vado pelos gestores do SUS e conselhos de saúde
defesa do SUS: o Simpósio sobre Política Nacio- em fev/2006.

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