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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

COORDENADORIA DE LICENCIATURA EM LETRAS - PORTUGUÊS

DISCIPLINA: Teoria literária I


PROFESSORA: Karina Bersan Rocha

GÊNEROS LITERÁRIOS
CLASSIFICAÇÃO DOS GÊNEROS

A classificação dos gêneros literários em épico, lírico e dramático tem a sua origem em
Platão e Aristóteles.
O gênero lírico caracteriza-se basicamente por se tratar de uma manifestação do eu do
artista, sendo portanto, uma expressão da sua subjetividade, de seus sentimentos e emoções:
o seu mundo interior. A musicalidade é uma característica importante do texto lírico (o que
mais explora as sonoridades). A palavra lírico, assim como o cognato lirismo, deriva de
lira (instrumento musical de cordas).
O gênero épico caracteriza-se pelo aspecto narrativo e sua vinculação aos fatos históricos
ou às realizações humanas, revelados pelo artista como observador que transfigura em sua
obra o mundo exterior.
O gênero dramático, que tem sua manifestação mais viva no trágico e no cômico, procura
representar o conflito do homens e seu mundo. Ora apresenta heróis, seus feitos e a
fatalidade que os conduz à queda; ora personalidades medíocres, tolas, mesquinhas,
ambiciosas, cômicas ou ridículas: as manifestações da miséria humana.

LÍRICO ÉPICO DRAMÁTICO

FUNÇÃO DA Emotiva Referencial Conativa


LINGUAGEM
PREDOMINANTE

MODO DE Enunciação do emissor Enunciação do emissor Enunciação das


ENUNCIAÇÃO e/ou das personagens personagens

PERSPECTIVA O presente do artista O passado presentificado Ações presentes


TEMPORAL

VERBOS E PESSOAS Presente - 1ª pessoa Passado - 3ª pessoa Presente e futuro - 1ª e 2ª


pessoas

CONTEÚDO Expressão dos Relato das ações heróicas Representação de ações


sentimentos pessoais nas quais se chocam
forças oponentes

EFEITO Emoção; Simpatia; Admiração; Surpresa; Piedade; Revolta; Terror


exaltação Orgulho

FORMAS PRINCIPAIS Soneto; Ode; Balada; Epopéia e diferentes tipos Diferentes tipos de peça
Elegia; Canção; Prosa; de romance de teatro, monólogos
Lírica dramáticos

Como se pode deduzir, o quadro que apresentamos não inclui todas as formas literárias
possíveis. As categorias são insuficientes para abrangê-las, inclusive as mais recentes, como
o artigo de jornal, blog, roteiro cinematográfico etc.
Além disso, pode-se falar em gênero didático (moral, político, filosófico…), em gênero oratório
(panegírico, sermão…), em gênero crítico (ensaio histórico, literário, filosófico…) etc.
Uma síntese dos gêneros literários é ainda mais difícil no século XXI, pois a mistura de gêneros está
cada vez mais acentuada.
Além disso, alguns gêneros que, na literatura clássica, pertenciam ao domínio da poesia, na atualidade
estão caminho ainda mais para o domínio da prosa.
Mas atenção, o estudo dos gêneros não termina aqui.

EXERCÍCIOS

1. Qual a função da linguagem predominante em cada um dos seguintes textos,


considerando também o gênero literário? Justifique com elementos dos textos.

A - “BRANCA - (Deitada de bruços, atrás da grade. Sua atitude revela abandono e


perplexidade. Há um longo silêncio, antes que ela comece a falar.) Se ao menos eu pudesse ver o sol...
(Pausa.) Será que é essa a melhor maneira de salvar uma criatura que está na mira do Diabo?
Tirar-lhe o sol, o ar, o espaço e cerceá-la de trevas, trevas onde o Diabo é rei? (Dirige-se à platéia.)
Vêem vocês o que eles estão fazendo comigo? Estão me encurralando entre o Cão e a parede. Será
que foi para isso que me prenderam aqui e me tiraram o sol, o ar, o espaço? Para que eu não
pudesse fugir e tivesse de enfrentar o Diabo cara a cara. É justo, senhores, que para me livrar dele
me entreguem a ele, noites e noites a sós com ele, sem saber por quê, nem até quando, sem uma
explicação, uma palavra, uma palavra, ao menos. Não sei... não sei o que eles pretendem. Já não
entendo mesmo o que eles falam. Deve ter havido um equívoco. Não sou eu a pessoa... Há alguém em
perigo e que precisa ser salvo, mas não sou eu! É preciso que eles saibam disso! Houve um
equívoco! (Grita.) Senhores! Guardas! Senhores padres! Venham aqui! “
GOMES, Dias. O santo inquérito. 11. ed. Rio de Janeiro, Bertrand, 1989. p.91.
Função apelativa – gênero dramatico – enunciação da personagem

B - “Ele mantinha, como todos os capitães de descobertas daqueles tempos coloniais, uma banda de
aventureiros que lhe serviam as suas explorações e correrias pelo interior; eram homens ousados,
destemidos, reunindo ao mesmo tempo aos recursos do homem civilizado a astúcia e agilidade do índio
de quem haviam aprendido; eram uma espécie de guerrilheiros, soldados e selvagens ao mesmo tempo.
D. Antônio de Mariz, que os conhecia, havia estabelecido entre eles uma disciplina militar rigorosa,
mas justa; a sua lei era a vontade do chefe; o seu dever a obediência passiva, o seu direito uma parte
igual na metade dos lucros.”
ALENCAR, José de. O guarani. 16. ed. São Paulo, Ática, 1989. p.15.
Função referencial – gênero épico/narrativo – enunciação do narrador

C - “Não, meu coração não é maior que o mundo.


É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias: preciso de todos.”
ANDRADE, Carlos Drummond de. Mundo Grande. in: . Op. Cit. p.13.

Função emotiva – gênero lírico – enunciação do eu-lírico


2. Qual o modo de enunciação dos textos do exercício anterior? Justifique com
elementos do texto. Qual a relação entre o gênero literário e o modo de enunciação?

3. Qual a perspectiva temporal do seguinte texto? Qual a relação entre a


perspectiva temporal e o gênero a que ele pertence?

“Por muitas léguas de áspero caminho,


Por lagos, bosques, vales e montanhas,
Chegamos onde nos impede o passo
Arrebatado e caudaloso rio. Gênero épico – passado presentificado – o narrador
usa verbos no presente para retratar ações ocorridas
Por toda a oposta margem se descobre
no passado, tornando-as, assim, mais próximas.
De bárbaros o número infinito
Que ao longe nos insulta e nos espera.
Preparo curvas balsas e pelotas,
E em uma parte de passar aceno,
Enquanto em outra passo oculto as tropas.
Quase tocava o fim da empresa, quando
Do vosso general um mensageiro
Me afirma que se havia retirado:
A disciplina militar dos índios
Tinha esterilizado aqueles campos.
Que eu também me retire, me aconselha,
Até que o tempo mostre outro caminho.
Irado, não o nego, lhe respondo:
Que para trás não sei mover um passo.”
GAMA, Basílio da. O Uruguai. (Org. M. Camarinha da Silva), 4. ed. Rio de
Janeiro, Agir, 1983. (Col. Nossos clássicos 77, Canto I - 192-210. p.45-6)

4. Com relação ao conteúdo, classifique os seguintes textos, considerando:

I) expressão dos sentimentos pessoais;


II) relato de ações heróicas;
III) representação de ações nas quais se chocam forças oponentes.

Justifique com elementos dos textos e indique também o gênero literário de


cada um deles.

A - “GUMERCINDO (Cai em si de repente). Ainda há uma certa confusão em meu espírito.


Acho que não me expliquei bem.
Compreendam.
Eu sou um homem comum, de ideias comuns, ideais comuns, ambições comuns, tudo
comum.
Como todo, quero uma vida de compreensão, de solidariedade, de companheirismo.
Nada demais.
Entretanto não encontrei nada disso.
Eu vinha do meu trabalho cautelosamente, prudentemente, vagarosamente.
Entrava na casa.
Ao abrir a porta a primeira pessoa que me surge é o Dr. Hermengardo, um indivíduo que faz
com que qualquer um se sinta mumificado.
Mumifica a alegria, a esperança, a alma.
Todas as esperanças tinham ficado lá fora, como no inferno, de Dante.
‘Lasciate ogni speranza, voi ch’entrate’.
(Começa a desesperar-se)
Depois surgia a figura apocalíptica de dona Gervásia.
Com Dr. Hermengardo eu me sentia mumificado.
Com dona Gervásia eu me sentia devastado, arrasado, aniquilado.
E depois vinha a Dulce.
(Imita-a) Representação de ações nas quais se
‘E faça a barba. E não me envergonhe. chocam forças opostas. Embora a
E vista-se direito. E não jogue cinza no chão. personagem também expresse sentimentos
pessoais, predomina o gênero dramático,
E porque não trabalha mais. E porque isso.
já que as ações estão presentes na
E escove os dentes. E penteie-se direito. representação, que procura comover o
E porque aquilo…’ público. Efeito: piedade
Eu calado, aguentando sempre…
SEMPRE!”
BLOCH, Pedro. As mãos de Eurídice. Rio de Janeiro, Ediouro, s.d p.37-8.

B - “Junto a uma clara fonte


A mãe de Amor se sentou;
Encostou na mão o rosto, Gênero lírico. Apesar de narrar um fato, o
No leve sono pegou. poeta utiliza-se do recurso de citar
personagens mitológicos (Vênus e Cupido)
Cupido, que a viu de longe, para expressar seus sentimentos pessoais
Contente ao lugar correu; em relação a Marília, sua amada. Efeito:
simpatia.
Cuidando que era Marília,
Na face um beijo lhe deu.

Acorda Vênus irada:


Amor a conhece; e então,
Da ousadia que teve
Assim lhe pede o perdão:

- Foi fácil, ó Mãe formosa,


Foi fácil o engano meu;
Que o semblante de Marília
É todo o semblante teu.”
GONZAGA, Tomás Antônio. Marília de Dirceu. in: . Obras
Completas. São Paulo, Nacional, 1942. p.65-6.
C - “Tiroteio fechava.
E o pessoal de Marcelino Pampa apareceu também, surgindo, para maior mal dos
hermógenes. Matamos neles. Pegamos pelos lados. Confiro o que foi. O senhor — só se
ouvia era carabina, repetindo. Fogo do Tamanduá-tão: o senhor saiba. E, pá!, ainda no pior
do meio, eu adivinhei sabendo: que meu comando tinha dado certo, e que dali a vau tudo
estava já ganho, desfecho do fim desse final. Somente para colher o maduro, eu podia
sobreviver. Sei que risquei - joguei de galope, em cima. Ao que vim, aonde tudo se
estardalhava. Dei gritos. Arte que abria no rifle; e matava. Donde era que estava
Hermógenes? A uivos, atrás duns, rompemos em linha na vereda. Todo buriti levou bala.”
ROSA, João Guimarães. Grande sertão: veredas.
12.ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1978. p420-1
Gênero épico-narrativo. Relato de ações heróicas, observando a presença do “eu”. Efeito: admiração.

5. Qual o efeito sobre o leitor pretendido por cada um dos textos do exercício
anterior?

6. Classifique cada um dos textos seguintes em um dos três grandes gêneros,


justificando a sua resposta com, no mínimo, quatro argumentos.

A - “Gouveia, pessoas do povo, depois Pinheiro


(Gouveia traz as botas rotas, a barba por fazer, um aspecto geral de miséria e desânimo)
GOUVEIA - Ninguém que me visse ainda há tão pouco tempo tão cheio de jóias, não
acreditará que não tenho dinheiro, nem crédito para comprar um par de sapatos! Há oito dias
não vou à casa de minha noiva, porque tenho vergonha de lhe aparecer neste estado!
PINHEIRO (Aparecendo) - Oh! Gouveia! Como vai isso?
PINHEIRO - Mas que quer isto dizer?
Não me pareces o mesmo! Tens a barba crescida, a roupa no fio… Desapareceu do teu dedo
aquele esplêndido e escandaloso farol, e tens umas botas que riem da tua esbodegação!
GOUVEIA - Fala à vontade. Eu mereço os teus remoques.
PINHEIRO - E dizer que já me quiseste pagar, com juros de cem por cento, dez mil-réis que
eu havia te emprestado.
GOUVEIA - Por sinal, que disseste, creio, que esses dez mil-réis ficavam ao meu dispor.
PINHEIRO - E ficaram. (Tirando o dinheiro do bolso.) Cá estão eles, Mas como um par de
botinas não se compra com dez mil-réis, aqui tens vinte… sem juros. Pagarás quando
quiseres.
GOUVEIA - Obrigado, Pinheiro; bem se vê que tens uma alma grande e nunca jogaste a
roleta.
PINHEIRO - Nada! - Sempre achei que o jogo, seja ele qual for, não leva ninguém para
diante. - Adeus, Gouveia… aparece! Agora, que estás pobre, isso não te será difícil…(Sai.)”
AZEVEDO, Artur. A capital federal. Rio de Janeiro, Tecnoprint, s.d. p.23-24.
Gênero dramatico. Enunciação das personagens, busca comover o leitor, ações no presente, representação de
ações nas quais se chocam forces oponentes.

B - “Quem pudera, guerreiro, nos seus cantos Gênero épico. Função referencial,
A voz dos piagas teus um só momento narrativa de feitos heroicos. Busca a
Repetir; essa voz que nas montanhas admiração do leitor. Passado
Valente retumbava, e dentro d'alma presentificado. Narrado em terceira
Vos ia derramando arrojo e brios, pessoa, enunciação do emissor.
Melhor que taças de cauim fortíssimo?!
Outra vez a chapada e o bosque ouviram
Dos filhos de Tupã a voz e os feitos
E as pocemas1 de morte, levantadas
Dentro do circo, onde o fatal delito
Espia o malfadado prisioneiro,
Qu'enxerga a maça e sente a muçurana
Cingir-lhe os rins e enodoar-lhe o corpo;
E sós de os escutar mais forte acento
Haveriam de achar nos eus refolhos2
O monte e a selva e novamente os ecos.”
DIAS, Gonçalves. Os timbiras. In:_.Poesia completa e
prosa. Rio de Janeiro, Aguilar, 1959. p.475.

1
pocemas: Grito de guerra; Canto selvagem
2
refolhos: âmago, íntimo

C - “Quando a chuva cessava e um vento fino Gênero lírico: relata os sentimentos


franzia a tarde tímida e lavada, do eu-lírico. Tempo presente,
eu saía a brincar, pela calçada, função emotiva, busca a simpatia
nos meus tempos felizes de menino. do leitor.

Fazia, de papel, toda uma armada;


e, estendendo meu braço pequenino.
eu soltava os barquinhos, sem destino,
ao longo das sarjetas na enxurrada…

Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles,


que não são barcos de ouro os meus ideais:
são feitos de papel, são como aqueles,
perfeitamente, exatamente iguais…
- Que os meus barquinhos, lá se foram eles!
Foram-se embora e não voltaram mais”
ALMEIDA, Guilherme de. Soneto XXXII. In: . Meus versos
mais queridos. Rio de Janeiro, Tecnoprint, s.d. p.41.

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