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Os deuses sumérios
Uma das leituras que mais me fascina é sobre história antiga. E por ‘antiga ’
entenda-se de quatro mil anos para trás. Impossível ler sobre civilizações que
surgiram, cresceram e desapareceram sem denotar um mínimo de entusiasmo.
Quem foram aquelas pessoas? Como era seu cotidiano? Claro que algumas
dessas perguntas encontram respostas nos livros de história e nos achados
arqueológicos – estelas de argila, inscrições, pergaminhos e papiros, que
permitem traçar um esboço desses povos. Assim, temos noção de formas de
governo, costumes, religião, comércio, leis e todos os elementos que
compunham aquela sociedade.

Foi pesquisando sobre civilizações antigas atrás de referência para um projeto


pessoal que me aprofundei na fascinante civilização da Suméria. Ela foi, sem
dúvida, a mãe das civilizações da antiguidade e grande influenciadora da
evolução do mundo como o conhecemos. A Suméria (Sinar na Bíblia, Sangar
no Egito e KI-EN-GIR na língua nativa), que significa “Lugar dos Senhores
Civilizados”, é considerada a civilização mais antiga da humanidade, localizava-
se na parte sul da Mesopotâmia, posicionada em terrenos conhecidos por sua
fertilidade, entre os rios Tigre e Eufrates. Evidências arqueológicas datam o
início da civilização suméria em meados do quarto milênio a.C. Entre 3500 e
3000 a.C. houve um florescimento cultural e a Suméria exerceu influência
sobre as áreas circunvizinhas, culminando na dinastia de Ágade, fundada em
aproximadamente 2340 a.C. por Sargão I, sendo que este, ao que tudo indica,
seria de etnia e língua semitas. Depois de 2000 a.C. a Suméria entrou em
declínio, sendo absorvida pela Babilônia e pela Assíria.

Duas importantes criações atribuídas aos sumérios são a escrita cuneiforme,


que antecede todas as outras formas de escrita, tendo sido originalmente
usada por volta de 3500 a.C.; e as cidades-estado – a mais conhecida delas
sendo a cidade de Ur, construída por Ur-Nammu, o fundador da terceira
dinastia Ur, por volta de 2000 a.C.

Comecei a pesquisa em incontáveis páginas da web e culminei na bibliografia


de Zecharia Sitchin, de quem já li uns cinco livros até agora. Sitchin, para
meu desgosto, é outro desses adeptos da infame teoria de antigos ‘deuses
astronautas’, indo na mesma linha do suíço Erich Von Däniken. Sitchin
nasceu em Baku, Azerbaijão, foi criado na Palestina e adquiriu conhecimentos
do hebraico antigo e moderno e outras línguas europeias e semíticas, do Velho
Testamento e da história e arqueologia do Oriente. Fazendo a tradução de
idiomas ancestrais, ele chamou minha atenção por tocar num outro assunto de
meu interesse: a etimologia. Daí o porquê de eu manter a leitura.

Traduzindo as milenares escritas cuneiformes sumérias, ele defende a tese de


que há 400 mil anos os deuses da antiguidade foram astronautas que vieram
de outro planeta, chamado Nibiru. Ele chegou a essa conclusão ao traduzir
escritas sumérias que diziam ser as primeiras dinastias na Terra constituídas
pelos ‘deuses’, ou os AN.UNNA.KI, cuja tradução é “Aqueles Que Do Céu à
Terra Vieram”. E a partir daí surge uma profusão de nomes, lugares e
acontecimentos que se mesclam e se confundem. Em muitos momentos as
deduções encontram um paralelo hollywoodiano, como o fato dos alienígenas
virem à Terra para extrair ouro, transformá-lo em pó e pulverizar a atmosfera
de Nibiru, que estava se desfazendo – morra de inveja, James Cameron.

Devaneios à parte, Sitchin reconstrói uma época pré-diluviana onde deuses


realmente andaram entre os homens. Quanto mais eu lia os livros, mais
certeza tinha de que esses deuses foram reais. Fica nítido que os grandes ANU,
ENKI, ENLIN, NINHURSAG, MARDUK, NABU, INANNA e dezenas de outras
‘divindades’ foram pessoas reais. Homens e mulheres de profundo
conhecimento e sabedoria, que ditaram regras para criar uma poderosa
civilização. Os atributos metafísicos ou alienígenas ficam por conta da
imaginação de Sitchin, que é veementemente rebatido neste site por Michael
Heiser, Ph.D. em estudos semíticos e hebreus da Universidade de Wisconsin-
Madison.

É nítida a influência dos ‘deuses ’ sumérios na Babilônia, Egito, Pérsia, Grécia,


etc. Eram seres com amores e desafetos, constituíam família, iravam-se, riam,
guerreavam, presenteavam, tinham relações incestuosas e davam pouca
atenção aos ‘mortais’. Exatamente como os deuses gregos e egípcios. Daí
conclui-se que a similaridade dos deuses antigos entre culturas diferentes é
um reflexo ou cópia do panteão sumério. Por exemplo, a história de Inanna
(Ishtar, na Babilônia) e sua insaciável libido remete à Afrodite/Vênus. Anu, o
deus mais distante e que comandava os outros, é Zeus/Odin. Os irmãos Enki e
Enlil são contrapartes egípcias de Ptah e Tot, respectivamente. Marduk é Rá no
Egito, mas seu nome babilônico nas escrituras bíblicas é Merodaque. E por aí
vai.

Os nomes de notórios monarcas da antiguidade também estão intimamente


ligados aos nomes dos ‘deuses’ aos quais eles eram devotos. No princípio,
dizem os textos sumérios, os reis eram sacerdotes e serviam de interlocutores
com a população. Com o tempo, os ‘deuses ’ foram ampliando os poderes
desses sacerdotes para que pudessem ter autonomia de governo, dando
origem às monarquias. Esses reis mantinham em seus nomes o nome da
divindade favorita, como no caso dos reis babilônicos Nabupolasar e seu filho
Nabucodonosor – ambos com o nome do ‘deus ’ NABU nas iniciais, afirmando
uma linhagem divina. Essa mesma formação de epítetos ocorre no Egito, no
nome do faraó Ramsés (RA-MOSES ou Ra-Ms-S), que significa “Filho do Deus
Rá”.

Pela visão dos sumérios, entende-se a criação do horóscopo e notamos que as


adivinhações publicadas nos jornais não são nem a sombra da ciência de
observação astronômica da antiguidade. Para os sumérios (ou os Anunnaki),
havia diferença entre Destino e Sorte. O Destino era tudo o que se podia
prever – como a movimentação dos corpos celestes, o dia depois da noite, as
estações do ano e tudo o que mantinha um movimento constante. A Sorte
eram os acontecimentos que estavam além da capacidade de previsão dos
próprios ‘deuses’ – os imprevistos. Assim, os sumérios sabiam que em
determinada época do ano uma constelação seria vista no céu; mas não
podiam dizer se alguém morreria nesse período. Parece idiota aos olhos do
século XXI, mas pense nisso há seis ou sete mil anos atrás.

Surpreendeu-me, também, descobrir que ainda hoje temos influência suméria


em nosso vocabulário. Por exemplo, a palavra suméria E.DIN é traduzida como
a “Morada dos Justos” (de onde pode ter derivado a palavra bíblica Éden). A
região de E.DIN ficava entre os rios Tigre e Eufrates, local que viria a ser
conhecido depois como Mesopotâmia. É lá que se encontram os picos gêmeos
do monte Arrata (Ararat). Foi em E.DIN que a primeira cidade, E.RI.DU ( “Lar
na Lonjura”), estabeleceu-se. O nome ‘Eridu’ foi traduzido para muitos idiomas
do mundo, incluindo alemão (Erde), inglês médio (Erthe), curdo (Ertz) e
hebreu (Eretz). A palavra acabou por se tornar o que em inglês atual
conhecemos como Earth (Terra).

Como E.RI.DU era o nome de uma cidade-estado, os sumérios tinham outra


palavra para designar o planeta Terra, que era Ki (o mesmo significado do ‘ki ’
de An.unna.ki). Em acadiano, Ki tornou-se Gi (ou Ge) – de onde saiu a palavra
Geo (de geografia, geologia, etc.). Mais tarde, os indo-europeus acrescentaram
a palavra ‘Aia’, que significa “avó ”, e daí surgiu a palavra Gaia, a “Avó-Terra ”,
mas que alguns antropologistas preferiram traduzir como “Mãe-Terra ”.

Outra palavra suméria que usamos até hoje e que sofreu pouca alteração ao
longo dos milênios é “mãe” ou “mamãe”, que deriva das palavras Mamma,
Mammi ou Mami, as quais, por sua vez, são outros nomes utilizados para se
referir à ‘deusa-mãe’ Ninhursag (“Senhora da Montanha”), associada à
fertilidade.

Em seu livro Encontros Divinos, Sitchin faz uma descrição de inúmeros relatos
registrando o encontro entre homens e ‘deuses ’. Ele começa traçando um perfil
de como eram esses encontros e como eles interferiam no cotidiano das
pessoas, sempre pendendo para a teoria extraterrestre. Porém, Sitchin começa
a enveredar por outros caminhos no último capítulo e decide traçar um
paralelo entre todos os deuses sumérios e o Deus dos hebreus, no Velho
Testamento. O propósito é identificar qual dos deuses sumérios seria o Deus
descrito na Bíblia, então ele compara um a um buscando similaridades na
personalidade, nos diálogos, nos feitos e nos milagres.

E só então um novo elemento nos é apresentado. Os poderosos ‘deuses ’ da


Suméria, quando viam seus planos frustrados ou quando enfrentavam algum
imprevisto, reconheciam suas limitações e atribuíam esses acontecimentos a
quem chamavam de “O Criador de Todas as Coisas ” (cujo poder controlava
tanto a Sorte quanto o Destino). Ou seja, os ‘deuses ’ possuíam um Deus. Não
encontrando paralelo no panteão sumério, Sitchin admite que o Deus bíblico é,
de fato, o Criador de Todas as Coisas.

Essa informação é esclarecedora para os primeiros capítulos do Velho


Testamento, ao visualizarmos a dificuldade e resistência que Abraão, Moisés e
os outros patriarcas enfrentaram ao tentar difundir a Palavra de um Deus
invisível para povos acostumados a ‘deuses ’ que viviam entre eles, tinham
esposas e filhos – algumas daquelas pessoas podiam até mesmo ser
descendentes desses ‘deuses’.

Eu poderia ficar neste assunto eternamente, mas o texto já está grande


demais. Acho que me empolguei e, mesmo assim, apenas pincelei alguns
tópicos que descobri sobre os sumérios. Se você, como eu, fica fascinado com
história antiga, então este post deve ter plantado a vontade de saber mais. Se
esse é o seu caso, basta uma pesquisa rápida na web para encontrar milhares
de páginas sobre o tema. Separe o joio do trigo e boa leitura.

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