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Psicología Reflexao e Crítica

Universidade Federal do Rio Grande do Sul


prcrev@ufrgs.br
ISSN (Versión impresa): 0102-7972
BRASIL

2006
Saturnino Pesquero Ramón
A IMPORTÂNCIA DA ACT-PSYCHOLOGY DE FRANZ BRENTANO
Psicología Reflexao e Crítica, año/vol. 19, número 002
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Puerto Alegre, Brasil
pp. 340-345

Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal

Universidad Autónoma del Estado de México

http://redalyc.uaemex.mx
Disponível em www.scielo.br/prc

A Importância da Act-Psychology de Franz Brentano


The Importance of Franz Brentano’s Act-Psychology

Saturnino Pesquero Ramón*


Universidade Católica de Goiás, Goiânia, Brasil

Resumo
O presente artigo pretende colaborar para resgatar, a Franz Brentano, a paternidade da doutrina da
intencionalidade, que fundamenta um dos princípios básicos de sua act-psychology: a indissociabilidade entre
idéia e ação para explicar a especificidade da conduta humana. Por esse motivo, é considerado um dos fundadores
da psicologia moderna, emancipada da filosofia. Esse pressuposto está subjacente à doutrina da psicanálise, à
psicologia da Gestalt e à psicologia cognitiva-fenomenológica
Palavras-chave: Psicologia descritiva; psicologia genética; representação (Vorstellung); objeto e referência
intencionais; ato psíquico.

Abstract
This article attempts to redeem Franz Brentano’s paternity of his Intentionality Theory, which sustains his
act-psychology, which postulates, among other thesis, the indissociabitity between idea and action for explain-
ing the specificity of human behavior. For that, he is considered one of the creators of modern psychology, as
emancipated from philosophy. This assumption is subjacent to Psychoanalysis, Gestalt-Psychology and Cog-
nitive-Phenomelogical Psychology.
Keywords: Descriptive psychology; genetic psychology; presentation (Vorstellung); intentional object and
reference; mental act.

“Meu ponto de vista psicológico é empírico. A experiência é a minha nuscritos de suas preleções sobre o tema, publicados
única mestra. Mais ainda, eu compartilho com muitos pensadores primeiramente pela editora Felix Meiner, de Hamburgo,
de que esta convicção é compatível com certo ponto de vista idealista.
na coleção Philosophische Bibiblioteck. Dessa obra cons-
... A psicologia, de um lado, desponta como o pináculo do arra-
nha-céu da ciência; de outro, está destinada a tornar-se à base da tam: as preleções dos anos 1887-1888, sob o título de
sociedade e de suas mais nobres conquistas, e, por este fato Psicologia descritiva; as preleções dos anos 1888-1889,
inquestionável, tornar-se também a base de qualquer empenho sob o título de Psicologia descritiva ou fenomenologia des-
científico (F. Brentano). critiva; as preleções de 1890-1891, sob o conciso título
“De fato, Brentano foi um dos criadores da moderna psicologia, de Psicognose.
vale dizer, da psicologia como ciência emancipada da filosofia” B. Müller, professor da Universidade de Oxford, na in-
(B. Müller).
trodução da referida edição póstuma, assinala que o ano
Franz Clemens Brentano (1838-1917), frei dominicano 1874 foi muito significativo como marco do surgimento
secularizado, iniciou sua docência na Universidade de da psicologia moderna, como ciência emancipada da filo-
Würzburg e depois foi, durante vinte anos, catedrático, sofia. No processo emancipatório, da psicologia, destaca o
na Universidade de Viena, na Áustria. Este foi o período papel genitor de duas obras emblemáticas, publicadas nesse
áureo de seu prestígio como professor e como conferen- mesmo ano. Cita, em primeiro lugar, a obra de Brentano,
cista popular. A psicologia de um ponto de vista empírico, com sua doutrina
Trata-se, sem dúvida alguma, da figura mais heteró- da act-psychology. Brentano “tornou-se o líder de um gru-
clita, tanto da filosofia quanto e, sobretudo, da psicolo- po que incluía Hering, Mach (que se correspondia com
gia contemporânea. Seu pensamento, irradiante e inova- Brentano) e Stumpf, os quais defendiam seu ponto de vis-
dor durante sua vida, tornou-se quase anônimo após sua ta sobre a descrição fenomenológica e o nativismo da per-
morte. No entanto, atualmente, no campo da psicologia, cepção”. Segue-se a obra de Wundt, Princípios da psicolo-
Brentano vem sendo resgatado por professores das uni- gia fisiológica, com sua doutrina da content-psychology, que,
versidades de Oxford, de Brown e de Würzburg. Para “em oposição à act-psychology, tentou basear a descrição
isso concorreu a reedição de suas obras e, especialmente, dos fenômenos psíquicos sobre o estático conceito de con-
a recente edição póstuma da sua Psicologia descritiva [ou teúdo” (Müller, 1995, p. xiv).
psicologia fenomenológica] composta a partir dos ma- Com relação à psicologia wundtiana da percepção, con-
vém assinalar as ponderações críticas que o próprio autor
*
faz sobre os seus aspectos dinâmicos e os limites da sua
Endereço para correspondência: Rua 113, n. 124, Setor
Sul, Goiânia, GO, 74085-200. Fone: (62) 241 5386. E-mail: doutrina. A esse respeito, Schultz e Schultz (1969/2001,
ramonpesquero@uol.com.br p. 81) assinalam:

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Wundt não concordava com a tese de que os elementos da a que é defendida por Freud, melhor seria recorrer a
consciência são entidades estáticas, átomos da mente, Brentano, ao invés de recorrer a Stuart Mill» (García-Roza,
passivamente ligados por algum processo de associação. 1991, p. 55).
Wundt partilhava a opinião de John Stuart Mill de a Os postulados da psicologia brentaniana não estão me-
consciência ser mais ativa na organização do seu próprio
nos presentes na psicologia da Gestalt, de forma geral, e,
conteúdo.
de forma muito mais nítida, na chamada Gestalterapia. Essa
influência explica-se pelo fato de Stumpf (1884-1936) ter
De outro lado, na act-psychology brentaniana, a consci- sido aluno e colaborador de Brentano. A partir de 1894,
ência é sinônimo dos actos psíquicos pelos quais o sujeito os ensinamentos de Stumpf tiveram muita influência so-
dá significado aos objetos do seu mundo relacional. E, a bre Wertheimer, Kohler e Eherenfels, fundadores da esco-
partir dessa representação ideacional interna, chamada de la gestáltica.
intencional, o sujeito dirige sua conduta adaptativa. Esse Brentano está presente nos postulados teóricos e meto-
mundo constituído pelas respresentações dos significados dológicos dessa escola. No campo teórico, cabe destacar
da experiência vivida é chamado, na psicologia, de “campo a idéia basilar brentaniana da indissociabilidade entre pen-
perceptual, campo pessoal, campo comportamental, espa- samento e ação contra o caráter estático dos conteúdos
ço da vida individual e campo fenomênico” (Combs & mentais wundtianos. Essa direcionalidade ou intencio-
Snygg, 1959, p. 20). nalidade do pensamento na condução do comportamento
Os frutos da contribuição brentaniana sobre o aspecto humano, junto com a natureza cognitiva de todos os
fenomenológico ou experiencial-existencial da percepção, fenômenos psíquicos defendidas por Brentano, estão
chamada inner perception, com seu papel direcional da con- presentes nos conceitos gestálticos de eistellung (aspecto
duta humana e, como tal, passível de ser estudada seletivo das tarefas ou intencional) e de insight (aspecto
empiricamente, podem ser colhidos e degustados em to- cognitivo), como se pode verificar em Wertheimer (1970/
das as árvores da psicologia moderna que resgatam de al- 1978, p. 99-100).
guma forma a subjetividade e a especificidade cognitiva O método de centrar-se na descrição imediata dos fenô-
da conduta humana. Basta, a título de confirmação, confe- menos das experiências vividas, preconizado pela
rir sua presença na psicologia psicanalítica, na psicologia Fenomenologia e que teve muita influência sobre os teó-
da Gestalt e na psicologia cognitiva fenomenológica. ricos da Gestalt, antes de ser sistematizado por Husserl,
Sobre a influência do pensamento brentaniano na dou- já havia sido propugnado por Brentano, no capítulo
trina psicanalítica, algumas observações de autores conhe- “Método Psicológico com especial referência a sua base
cidos testemunham-na. É o caso de Benedito Müller, que, experciencial”, da sua obra A psicologia de um ponto de vista
categórico, afirma: “São sólidos os argumentos para afir- empírico (Brentano, 1973, p. 29). O próprio Husserl (1991,
mar que não só a caracterização do psíquico brentaniana p. 246) reconhece a paternidade brentaniana do método ao
teve grande influência sobre Freud, mas também que o assinalar:
ponto de vista freudiano sobre as idéias ativas foi de qual-
quer forma facilitado pelos ensinamentos de Brentano” Dessa maneira, para alcançar o puro e autêntico tema da
(Müller, 1995, p. xv). exigida psicologia descritiva [de Brentano] necessita-se de
Não menos convincentes, nesse campo, são as pondera- um método exercido com plena consciência ao qual – neste
ções de Richard Wolheim, quando sugere que a teoria contexto, como método da psicologia – denomino redução
freudiana dos diferentes tipos e dinâmica das psiconeuroses fenomenológico-psicológica. (Em que relação está com a
teria por base um pressuposto teórico brentaniano, que o redução transcendental, isto deixamos, por agora, em aberto).
jovem Freud assimilou nas aulas freqüentadas dos cinco
seminários ministrados pelo seu professor vienense. Acres- E, como argumentar sobre a presença da psicologia
centa, todavia que esse mesmo pressuposto “Freud o rete- brentaniana na psicologia cognitiva, em geral, e na psico-
ve ao longo de toda sua obra.” Ao perguntar-se em que logia cognitiva fenomenológica, em particular? Antes de
consiste esse pressuposto, taxativo, responde: “Que todo e tentar dar uma resposta, convém ressaltar a riqueza de
qualquer estado ou condição mental pode ser analisado conhecimentos interdisciplinares que abrange a chamada
em dois componentes: uma idéia a qual dá ao estado men- “ciência cognitiva”, que se encontra na base da almejada
tal o seu objeto ou aquilo para que é dirigido, e a sua carga redefinição da psicologia e de todas as ciências humanas.
de afeto (affect) ou valência, que lhe dá a sua medida de Referente a essa questão, a dupla Schultz e Schultz (1969/
força ou de eficácia” (Wolheim, 1971/1978, p. 36-37). 2001), na qualidade de historiadores da psicologia, reafir-
No meio acadêmico brasileiro, o professor García-Roza ma o caráter multidisciplinar dessa nova ciência: “uma
assinala que o conceito nuclear freudiano de Vorstellung, amálgama de psicologia cognitiva, lingüística, antropolo-
cuja tradução seria “representação”, “idéia”, “pensamento” gia, filosofia, ciências computacionais, inteligência artifi-
– em Brentano, termo correlato a “fenômeno psíquico” e a cial e das neurociências.” A despeito do problema de unifi-
“inner perception” - procederia de Brentano e não do inglês car sob uma única denominação tal pluralidade epistêmica,
John Stuart Mill. A esse respeito, propugna: “J. Nassif é os citados professores documentam o franco desenvolvi-
de opinião que, a se procurar na filosofia um autor capaz mento dessa abordagem em universidades de todo o pla-
de patrocinar a concepção de representação-objeto tal como neta e auguram: “Tudo isso sugere que, qualquer que seja

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o nome que lhe demos, os estudos dos fenômenos e pro- nônimo de Natureza (phisis); (b) a psique como princípio
cessos mentais pode dominar não apenas a psicologia como de ação (próte enérgeia) e (c) a psique como sinônimo de
outras disciplinas, pela década de 90 e até o século XXI” princípio da individuação ou da realização de todas as
(Shultz & Shultz, 1969/2001, p. 411). potencialidades de todo ser vivo (próte enteléquia).
A resposta à pergunta acima formulada é que a paterni- De acordo com o pensamento aristotélico, a psique per-
dade brentaniana está presente no postulado básico da tence ao reino da Natureza e, como tal, faz parte das ciên-
moderna psicologia cognitiva, sintetizado nesta afirma- cias naturais. Ainda mais, seu estudo é fundamental para
ção de um de seus fundadores, Ulric Neisser: “a cognição alcançar a verdade completa de todos os seres animados
está envolvida em tudo aquilo que um ser humano pode ou vivos: plantas, animais e humanos. Já bem no início de
fazer” (Neisser citado por Schultz, & Schultz, 1969/2001, seu tratado, afirma: “Por estes dois motivos [a beleza e
p. 408). Ela traduz, lapidarmente, o axioma da act-psycology, alcançar a verdade] é razoável considerar a investigação
sobre a já mencionada indissociabilidade entre pensamen- ou estudo da psique como de primeira ordem. Além disso,
to e ação. No modo de estudar e entender a cognição resi- seu estudo de fato aporta uma importante contribuição ao
dem todas as querelas – que, diga-se, não são poucas. Por conjunto da verdade e, de forma particular, ao estudo da
exemplo, como registram os autores da obra acima citada, Natureza” (Aristóteles, 1991, p. 105, 402a).
há aqueles que usam o termo cognição apenas por modis- Na visão aristotélica, a psique define-se como princípio
mo. Sobre esse fato citam, a observação irônica de Skinner de todas as funções ou ações de todas as modalidades de
(1983) – “Ficou elegante inserir a palavra cognitivo sem- seres vivos. Eis como ele explica isso: “Nesse momento basta
pre que possível” – assim como esta constatação de Bruner, lembrar que a psique é o princípio (próte enérgeia) de todas
ratificada pelo próprio Miller, pai do termo cognição: as funções que acabamos de mencionar e que se define por
“O que parece ter acontecido é que muitos psicólogos elas, ou seja, pelas faculdades da nutrição, da sensação, do
experimentais que estavam estudando a aprendizagem, a intelecto e do movimento” (Aristóteles, 1991, p. 144, 413b).
percepção ou o pensamento começaram a se denominar Finalmente, nos termos de Aristóteles, a psique define-
psicólogos cognitivos sem alterar de qualquer maneira vi- se como o princípio de “individuação” ou de realização de
sível aquilo que sempre estiveram pensando e fazendo” todas as possibilidades que cada ser vivo traz no âmago de
(Shultz & Shultz, 1969/2001, p. 412). sua singularidade:
Convém assinalar, no entanto, que o pensamento bren-
taniano introduziu-se na psicologia cognitiva de forma a entelequia [individuação] produz-se naturalmente naquilo
indireta, ou seja, através da psicologia da Gestalt, como que é em possibilidade uma coisa, ou seja, na matéria
assinala J. Beauvois, ao explicar as duas raízes do paradigma [condição] que lhe é própria. Ante o exposto, fica evidente
cognitivo: “A psicologia cognitiva tem sido influenciada, que a psique é uma certa entelequia e forma de todas as
grandemente, pela teoria da forma e pelas tecnologias de possibilidades que lhe dita a singular natureza de cada ser.
informática, às quais devemos o êxito do conceito ‘proces- (Aristóteles, 1991, p. 146-147, 414a)
samento de informação’” (Beauvois, 1997, p. 289). Pode-se
vislumbrar, pois, a pertinência de propugnar Brentano Entende-se que, na definição aristotélica, está implíci-
como autor dos postulados teóricos e metodológicos da ta, ainda que numa perspectiva dinâmica, a substancialidade
moderna psicologia cognitiva-fenomenológica e que fo- ou condição ontológica da psique, como princípio origi-
ram sistematizados e aplicados por muitos, também seus nário (substrato substancial) de todas as faculdades ou
alunos ou alunos de seus alunos. operações da adaptação dos seres vivos, visando a sua so-
brevivência e seu desenvolvimento evolutivo. Com rela-
O Conceito Brentaniano de Psicologia ção a se o princípio ou “substrato substancial” da faculda-
A obra fundamental de Brentano, A psicologia de um ponto de intelectiva humana é o mesmo da psique que anima
de vista empírico, consta de duas partes: a primeira dedicada todos os seres vivos, ou, pelo contrário, trata-se de uma
ao estudo da psicologia como ciência; a segunda, dedicada psique de natureza diferente de caráter metafísico, o
ao estudo dos fenômenos psíquicos em geral. Na primeira estagirita, ainda que defenda a segunda hipótese, dada a
parte, desenvolvem-se estes dois temas: o primeiro, concei- complexidade do problema mostra-se cauteloso, ao deixar
to e propósito da psicologia e o segundo, o método psicoló- aberta a resposta definitiva. Explica, indagando: “A ques-
gico com especial referência a sua base experiencial. tão se coloca nestes termos: cada uma dessas faculdades
Segundo o autor, existem duas definições básicas de psi- [nutritiva, sensitiva e intelectiva] é uma psique ou apenas
cologia: a antiga e a moderna. A antiga tem como expoen- uma parte de uma única psique?” E responde, a seguir:
te-mor Aristóteles (IV a.C.). O estagirita foi o primeiro a “No caso do intelecto e a faculdade de pensar, a resposta
classificar as ciências segundo seu objeto de estudo. Nes- ainda não está clara” (Aristóteles, 1991, p. 144, 413b).
sa divisão, considera a psicologia como ramo da ciência Excede o propósito do presente artigo tratar da dimen-
cujo objeto de estudo é a psique. Seu tratado Da alma (peri são “noética” da psique humana, ou seja, do seu nous (inte-
psiqué) é antológico e sua influência transpõe as barreiras lecto), bem como de seus aspectos metafísicos. No entan-
do tempo. O conceito aristotélico de psique é polissêmico. to, essa dimensão metafísica faz parte do conceito aristo-
Para tentar defini-lo, Aristóteles emprega basicamente télico da psique humana e, segundo Brentano, não pode
estes três termos complementares: (a) a psique como si- ser esquecida pela psicologia.

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Para muitos autores pouco informados, a tese desse exemplo nas categorias de “consciência e inconsciente”,
“substrato substancial” tem um ranço mentalista, anti- ambos os autores, numa perspectiva diferente, ainda que
quado e superado. Isso se deve a que desconhecem a ex- complementar, compartilham de uma mesma preocupa-
plicação de Brentano de que “a questão de a entidade da ção sobre o que se pode chamar a questão da “determi-
consciência ser material ou espiritual não é pré-julgada ao nalidade” da constituição da psique humana ou ainda da
propugnar-se um substrato substancial” (Brentano, 1973, subjetividade humana. Sobre esse particular, o psicólogo
p. 5). Portanto, parece terem esquecido que o problema da russo enfatiza o determinante sociogênico: a atividade
impossibilidade lógica de uma “psicologia sem psique” per- (Tatigkeit) socialmente significativa. Já o alemão enfatiza
manece ainda atual. o determinante ontogenêtico: os atos existencialmente
Para confirmar a atualidade desse tema, basta lembrar significativos, captados pela percepção interior (inner
como Vygotsky retoma essa questão, ao examinar a psico- Wahrnehmung). Na verdade, ambos os fatores são inse-
logia dos anos vinte em seu ensaio O significado histórico da paráveis e somente podem ser entendidos na dinâmica de
crise da psicologia, escrito em 1926, mas só publicado em um processo dialético. É, portanto, nessa dialética da sub-
1982. Nele, Vygotsky explica que a crise fora provocada jetividade social e individual, que parece residir a verdade
pelo surgimento de dois sistemas psicológicos, aparente- do enigma do que é o homem e a chave de sua conduta.
mente antagônicos: um científico, chamado de naturalista e Mas, afinal, qual é a definição de psicologia de Brentano,
outro, descritivo, chamado, indevidamente, de filosófico, que ele considera moderna, sem estar desvinculada da an-
ambos condicionados respectivamente pelos sistemas filo- tiga e de paternidade aristotélica?
sóficos naturalista e idealista. Como bem assinala Alex A esse respeito, há que assinalar que Brentano identifi-
Kozulin (1995, p. 16), “a última seção da Crise está dedicada ca-se com alguns aspectos do pensamento de John Stuart
a rejeitar qualquer intento de encontrar uma ‘terceira via’ Mill, exposto na obra Sistema lógico (1843), sendo esse
fora da psicologia científica ou filosófica”, propondo que o autor o mais citado e comentado criticamente, em Psicolo-
caminho consiste em integrar os dois paradigmas. gia de um ponto de vista empírico (1874). Brentano considera
Nessa perspectiva, lembra que Vygotsky, na sua pales- esse pensador inglês o mais representativo expoente do
tra, “A metodologia dos estudos reflexiológicos e psicoló- moderno conceito de psicologia como ciência, ao propug-
gicos”, proferida no Segundo Congreso Psiconeurológico, nar, numa perspectiva epistemológica cognitiva, que ela
celebrado em Leningrado, no ano 1924, teve como alvo deve, de um lado, pesquisar os fenômenos psíquicos, par-
questionar a postura de importantes cientistas soviéticos ticularmente, o do pensamento, obtendo, “a partir das leis
que consideravam a consciência como “superstição” idea- gerais e elementares as mais específicas e complexas leis
lista e cujo estudo ficaria restrito à psicologia descritiva do pensamento”, de outro lado, ela deve “investigar até
[fenomenológica], considerada por eles como de nature- onde um estado mental está influenciado por estados físi-
za não científica. Nessa ocasião, Vygotsky defendeu a tese cos observáveis” (Brentano, 1973, p. 13-14).
de que as categorias de “consciência” e “inconsciente” não De fato, esses dois aspectos: o cognitivo ou fenomeno-
podem ser ignoradas pela psicologia, inclusive pela psico- lógico, de natureza descritiva e experiencial, entendido
logia condutista, supondo que o estudo da base reflexio- numa perspectiva que pode ser chamada de existencial
lógica da conduta humana não pode ignorar as estruturas adaptativa, e o aspecto psicofísico, de caráter experimen-
internas do sujeito que se comporta. Por esse motivo, “os tal, são os dois eixos que sustentam o conceito moderno
estudos da Escola de Wurburg, assim como os dos ges- de psicologia científica empírica brentaniana e os méto-
taltistas, devem ser incorporados à psicologia científica” dos preconizados para desenvolvê-la, conforme o ângulo
(Kozulin, 1995, p. 12-15). de estudo dos fenômenos psíquicos pesquisados.
Essa tese vygotskiana foi amplamente exposta em ensaios Nessa perspectiva, Brentano, em sua obra póstuma, Psi-
posteriores: A consciência como problema da psicologia do com- cologia descritiva, defende duas modalidades de psicologia: a
portamento (1925), A psique, a consciência, o inconsciente (1930) fenomenológica e a genética ou psicofísica. É considerando
e O Problema da consciência (1933). Nessa área, Vygotsky essas duas modalidades que o autor define a psicologia:
reconhece, no âmbito da sua psicologia dialética, o mérito
da “nova psicologia subjetiva” da intencionalidade brenta- A ciência da vida psíquica interior das pessoas (Seelleben), ou
niana por seu caráter investigativo empírico, não dogmático. seja, do significado da existência que é captado pela percep-
De fato, o psicólogo russo destaca o caráter inovador da ção interior (innere Wahrnehmung). Ela tem como objetivo
doutrina brentaniana, ao estudar os atos ou fenômenos determinar exaustivamente (se possível) os elementos da cons-
psíquicos como processos dinâmicos e ao analisá-los, empi- ciência humana e como se relacionam entre si. Ao mesmo
tempo, visa descrever as condições causais a que obedece cada
ricamente, nessas três dimensões: cognitiva ou represen- fenômeno particular. Da primeira tarefa incumbe-se a
tacional, funcional-adaptativa e constitutiva da personali- Psicognose [também denominad, psicologia descritiva e psi-
dade. Assinala: “todos esses aspectos, os quais para a ve- cologia fenomenológica]; da segunda, a psicologia genética
lha psicologia eram apenas questão de dogma, revivem e [chamada também de psicofísica]. (Brentano, 1995, p. 3 )
convertem-se na nova psicologia [brentaniana] em obje-
to de pesquisa” (Vygotsky, 1997, p. 109). Sobre o papel e a importância da primeira, a mais desen-
Além dessa sintonia em relação à necessidade de um volvida e objeto de estudo de sua obra A psicologia de um
“substrato substancial” que parece estar implícito, por ponto de vista empírico, no capítulo que trata de seu método

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experiencial, fenomenológico ou descritivo cujo objetivo ser esquizofrênico vivenciado por cada sujeito esquizo-
é explorar, o mais exaustivamente possível, os significa- frênico. Os frutos da chamada abordagem fenomenológica
dos interiores da experiência vivida, escreve: “O que te- da psicopatologia, defendida entre outros por Jaspers,
mos dito parece suficiente para mostrar a partir de que Binswanger e Rogers, confirmam de forma irrefutável a
áreas o psicólogo consegue as experiências sobre as quais tese brentaniana.
fundamenta sua investigação das leis psicológicas. Temos Resumindo, é de todo moderna e atual essa concepção
descoberto que a inner perception constitui a fonte primá- de psicologia, que inclui em seu estudo, e de forma com-
ria” (Brentano, 1973, p. 43). plementar, tanto o aspecto cognitivo ou fenomenológico
Contudo, a obra escrita de Brentano, de outro lado, res- quanto o físico, como determinantes da especificidade da
sente-se da falta de uma sistematização e explanação da conduta humana, assim como a modalidade de métodos
chamada psicologia genética, de caráter predominante- empíricos preconizados para cada uma delas: descritivo-
mente psicofísico, e, por este motivo, ela é desconhecida experiencial para sua psicognose, chamada também de
por muitos. Essa segunda concepção de Psicologia seria psicologia descritiva ou fenomenologia descritiva (Bren-
também objeto de estudo em uma obra de síntese que tano, 1995, p. 137), e descritivo-explicativo dos dados –
Brentano planejou publicar – sonho que não chegou a ser que se supõe sejam obtidos experimentalmente – para sua
concretizado. Essa obra, uma psicologia descritiva, signi- psicologia genética ou psicofísica.
ficaria uma ruptura com o pensamento tradicional da psi- No entanto, convém assinalar também a limitação da
cologia, além de, conforme confidencia ele, documentaria proposta psicológica brentaniana, no sentido de que ela,
“os aperfeiçoamentos essenciais que introduzo nas minhas mesmo estando aberta ao estudo de “todas as condições
próprias opiniões, sustentadas já na minha A psicologia de causais” de cada fenômeno ou ato psíquico, não faz refe-
um ponto de vista empírico” (Brentano, 1989, p. 12). rência aos determinantes histórico-culturais. Na verdade,
Apesar da falta dessa obra, é possível conhecer, através o espírito da sua época (Zeitgeist) não havia despertado
da edição póstuma da Psicologia descritiva, qual é a tese para essa preocupação que viria a ser contemplada ulte-
central da sua psicologia genética ou psicofísica. Assim, riormente, com a psicologia sócio-histórica, represen-tada,
por exemplo, no primeiro capítulo, que trata da psicognose entre outros, por Vygotsky.
e da psicologia genética, sustenta este postulado básico:
“É evidente que a psicologia genética jamais será capaz de A Especificidade da Conduta Humana à Luz da sua Doutrina
cumprir sua tarefa de forma plena e pertinente sem levar da Intencionalidade
em conta os processos físico-químicos e sem se referir às A afirmação inquestionável de Pervin (1988, p. 80) de que
estruturas anatômicas” (Brentano, 1995, p. 4). “a psicologia tem-se tornado cognitiva” remete ao alcance
Esse paradigma brentaniano de uma psicologia que reco- da tese de Brentano na história da psicologia. Sobre esse
nhece a dimensão somática ou física da psique humana está novo paradigma cognitivo da psicologia, os professores A.
esboçado, também, em múltiplas passagens de sua A psico- Combs e D. Snygg, em sua obra Individual behavior: a
logia de um ponto de um vista empírico, entre elas, a seguinte: perceptual approach to behavior (1959), afirmam ser o mais
“Não só estados físicos podem originar-se de estados físi- recente entre os dois únicos paradigmas existentes da psico-
cos, e psíquicos podem partir também de estados psíquicos. logia atual no estudo do comportamento humano. Confor-
Há casos em que os estados físicos provocam efeitos psí- me esses autores existem apenas dois paradigmas abran-
quicos e, por sua vez, há estados psíquicos que provocam gentes, nos quais estariam incluídos todos os outros. O mais
efeitos físicos” (Brentano, 1973, p. 6). Mas seu pensamento antigo, segundo o qual se estuda o comportamento humano
acerca desse ponto crucial fica muito mais contundente na a partir do ponto de vista de um observador externo (from
refutação que faz às teses de Maudsley sobre uma psicolo- outside observer’s point of view), tenta explicar o comporta-
gia fundada apenas em bases fisiológicas, expostas em sua mento como uma resposta aos estímulos do meio. Entre os
obra Physiology and pathology of the mind (1866), Brentano, resultados obtidos, estaria predizer o que seja um indivíduo
axiomático, estabelece a necessidade de uma psicologia cujo normal ou médio-padrão, com relação a um determinado
método de estudo contemple tanto a peculiaridade da psi- comportamento. O mais recente, segundo o qual a conduta
que humana, como sujeito de sua experiência ou conduta, humana é estudada na sua dimensão significativo-existen-
quanto seu substrato biológico, pressupondo que ambas as cial e proativa e não apenas reativa e passiva. Pesquisa o
dimensões são inseparáveis: “Desaprovamos a asserção de comportamento do indivíduo a partir de seu próprio ponto
que não é possível estabelecer leis sobre a base da experiên- de vista (from his own point of view). Essa nova abordagem é
cia psicológica [a dimensão fenomenológica], mas estamos chamada, na psicologia, de “pessoal”, “cognitiva” (perceptual)
de acordo com a afirmativa de que a sucessão dos fenôme- e resgata o papel do self como agente de sua conduta. Seu
nos psíquicos é possível apenas sobre a base dos fatos fisio- postulado básico é que “todo comportamento, sem exceção,
lógicos [a dimensão genética]” (Brentano, 1973, p. 63). está completamente determinado pela esfera fenomênica
Com base nessa compreensão, o que Brentano propõe é (perceptual field) do organismo que se comporta” (Combs &
que, ao estudar, por exemplo, a esquizofrenia, não basta Snygg, 1959, p. 20). Sobeja assinalar como tal postulado
apenas conhecer suas bases genéticas e fisiológicas. O torna cristalina e traduz a tese brentaniana sobre a indisso-
saber científico do transtorno deve incluir também sua ciabilidade entre ação e pensamento, objeto do presente artigo.
dimensão psicológica, ou seja, o saber ou significado de Oportunamente, esclarecem os autores que “o objetivo

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Ramón, S.P. (2006). A Importância da Act-Psychology de Franz Brentano.

de seu livro é propugnar um contundente e sólido para- 2. Um ato de relacionar-se (reference) – no sentido de
digma cognitivo (perceptual) como referência para enten- direcionar-se, compromissar-se ou adaptar-se – com a
der o comportamento humano” (Combs & Snygg, 1959, realidade experienciada a partir do saber ou significa-
p. 10). A julgar pelas referências bibliográficas do livro, do formado sobre ela e não a partir de seu poder
os autores apóiam esse novo paradigma sobre os postu- estimulador externo. São os chamados atos de referên-
lados da doutrina da intencionalidade, divulgados pelos cia intencional, sejam eles condutas de simples conhe-
escritos de E. Husserl. A bem da verdade, no entanto, a cer, julgar ou desejar ou rejeitar. Neste postulado resi-
verdadeira paternidade da doutrina da intencionalidade, de o aspecto pragmático-existencial de sua psicologia,
aplicada à psicologia, deve ser creditada a F. Brentano. conforme ele próprio afirma: “Este ato de representar
Husserl reconhece esse fato, quando escreve, após deplo- constitui o fundamento não só do julgar mas também
rar que alguns autores não entendam a originalidade de do apetecer ou de qualquer outro ato psíquico”
seu pensamento: “Com todo o grande respeito e gratidão (Brentano, 1973, p. 80).
com que lembro o meu genial mestre, e ciente da impor-
tância que teve, como descoberta, ter convertido o concei- Finalizando, a indissociabilidade entre pensamento e
to escolástico da intencionalidade no conceito descritivo ação como um dos princípios da act-psychology, propug-
fundamental da psicologia, a tal ponto, que mediante o qual nada por Brentano, por si só, parece constituir uma nova
e somente mediante o qual, tem sido possível a fenome- “revolução copernicana” no campo da psicologia. A psi-
nologia” (Husserl, 1913/1993, p. 388). canálise, a psicologia da Gestalt e a psicologia cogniti-
A psicologia descritiva ou fenomenológica brentaniana va-fenomenológica estão aí para atestá-lo. Falta apenas
fundada na doutrina da intencionalidade de inspiração resgatar seu mérito e paternidade.
aristotélica – sem ter a mediação escolástica, como inde-
vidamente afirma Husserl – propugna também a especi- Referências
ficidade da conduta humana como fonte da subjetivação.
A constituição dinâmica do self é outro tema central da Aristóteles. (1991). Tratados ético-morales. Madrid, España:
act-psychology brentaniana. Sua explanação, no entanto, Aguilar.
foge ao propósito do presente estudo e será objeto de um Beauvois, J. L. (Ed.). (1997). L’èr de la cognition. Paris: Presses
Universitaires de Grenoble.
escrito ulterior. De fato, Brentano, como inicialmente as-
Brentano, F. (1973). Psychology from an emperical standpoint.
sinalou-se, fiel à mais pura doutrina aristotélica do ato London: Routledge & Regan Paul.
(energeia) e potência (dynamis), no seu estudo empírico Brentano, F. (1989). El origen del conocimiento moral. Madrid,
da conduta humana, considera os atos ou fenômenos psí- España: Real Sociedad Económica Matritense de Amigos del
quicos como sinônimos de consciência ou subjetividade. País.
Ou seja, a psique humana só se constitui através de seus Brentano, F. (1995). Descriptive psychology. London: Routledge.
atos. Proposição que pode ser traduzida neste aforismo: Combs, A., & Snygg, D. (1959). Individual behavior: A perceptual
“O sujeito tem a medida de seu agir existencial”. approach to behavior. New York: Harper & Row.
Retomando o tema central, pergunta-se: como Brentano, García-Roza, L. A. (1991). Introdução à metapsicologia freudiana.
Rio de Janeiro, RJ: Zahar.
à luz da doutrina da intencionalidade, explica esse paradig-
Husserl, E. (1991). La crisis de las ciências europeas y la fenome-
ma cognitivo para entender a especificidade do compor- nología transcendental. Barcelona, España: Crítica.
tamento humano? Para o psicólogo alemão, uma conduta Husserl, E. (1993). Ideas relativas a una fenomenología pura y una
só é verdadeiramente humana quando têm a dimensão de filosofía fenomenológica. Madrid, España: Fondo de Cultura
ser cognitiva, no sentido de originar-se a partir de uma Económica. (Original publicado em 1913).
apreensão interna e pessoal do significado existencial de Kozulin, A. (1995). Vygotsky en contexto. In L. Vygotsky,
tal conduta, e de ser ela executada conforme o ditame ou Pensamiento y lenguaje (pp. 9-49). Barcelona, España: Paidós.
intencionalidade dessa cognição. Isso implica duas moda- Müller, B. (1995). Introduction. In F. Brentano, Descriptive
lidades de atos ou fenômenos psíquicos inseparáveis: psychology (pp. xi-xxvi). London: Routledge.
Pervin, L. A. (1988). Personalidad: Controversias, problemas e ten-
dencias actuales. Psiquiatria y Psicologia Humanista, 19-20, 73-99.
1. Um ato de desvelar o significado pessoal, tornar fenô- Schultz, D. P., & Schultz, S. E. (2001). História da Psicologia ( A
meno, o mundo da experiência através de uma U. Sobral & M. E. Gonçalves, Trad). São Paulo, SP: Cultrix.
Vorstellung, traduzida como representação, idéia, pensa- (Original publicado em 1969).
mento, equivalente ao termo perception, ou ato mental Vygotsky, L. (1997). La psique, la consciencia y el inconsciente.
de formar uma idéia, sentido ou significado. A esse ob- In L. Vygotsky, Obras escogidas. Madrid, España: Visor.
jeto ou realidade internamente concebida, chama objeto Wertheimer, M. (1978). Pequena história da psicologia (L. de Oli-
intencional. Nesse postulado reside o aspecto cognitivo veira, Trad.). São Paulo, SP: Companhia Editora Nacional.
da sua psicologia, conforme explica: “Apenas necessita- (Original publicado em 1970).
Wolheim, R. (1978). As idéias de Freud (A. Cabral, Trad). São
mos, mais uma vez, repetir que aquilo que entendemos
Paulo, SP: Cultrix. (Original publicado em 1971).
por representação – Vorstellung – não é o representa-
do [a imagem da coisa como tal], mas o ato de
Recebido: 21/09/2004
representá-lo [o ato de dar significado ou formar idéia]” 1ª revisão: 30/03/2005
(Brentano, 1973, p. 80). Aceite final: 16/09/2005

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