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01/83
SUPER-SIMETRIA
Introdução pelo formalismo
dos Super-Campos
Mario Goto*
* Instituição de origem:
Departamento de Física do Centro de Ciências Exatas da Fundação
Universidade Estadual de Londrina/PARANÁ
(em licença de Doutoramento pelo programa PICD/CAPES).
Conteúdo
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1 - Transformações de Poincaré . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1 - Grupo de Poincaré. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.2 - Álgebra de Lie graduada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2 - Super-campos e Transformações de Supersimetria . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.1 - Super-translação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.2 - Supersimetria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.3 - Super-campos Escalares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.4 - Álgebra da Supersimetria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3 - Projeção Chiral dos Super-campos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.1 - Derivada Covariante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.2 - Super-campos Chirais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.4 - Super-campos Espinoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4 - Lagrangeanas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.1 - Modelo de Wess-Zumino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.2 - Modelo de Wess-Zumino extendido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
5 - Formalismo de Gauge . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
5.1 - Grupo Abeliano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
5.2 - Generalização (Grupo Abeliano) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
5.3 - Lagrangeana no Gauge de Wess-Zumino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
5.4 - Grupo Não Abeliano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
6 - Modelo SU(3)XSU(2)XU(1) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Apêndices . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
A1 - Métrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
A2 - Matrizes de Dirac . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
A3 - Identidade de Fierz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
A4 - Derivada Covariante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
A5 - Produto de Super-campos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
A6 - Correntes Conservadas em Teorias de Gauge . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
A7 - Quebra Espontânea de Simetria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
3
4
Introdução
Este trabalho pretende ser uma primeira introdução formal à supersime-
tria, através do formalismo dos supercampos desenvolvido por A. Salam e
J. Strathdee. A supersimetria é uma extensão do Grupo de Poincaré, unifi-
cando partículas de spin inteiro (bósons) e semi-inteiro (férmions), realizado
através de cargas fermiônicas, anticomutantes, que definem a "graduação"
da álgebra de Lie do Grupo de Poincaré.
Na secção II faz-se uma breve revisão do Grupo de Poincaré e a con-
strução das representações do mesmo, com uma pequena referência à ál-
gebra de Lie graduada. Na seccção III introduz-se os supercampos como
funções definidas sobre um superespaço, sobre o qual define-se a transfor-
mação de supersimetria. Em IV procede-se à decomposição chiral dos su-
percampos que dão as representações irredutíveis da supersimetria. Em V,
a construções das lagrangeanas supersimétricas passo a passo, o formalismo
de gauge introduzido na secção VI e, finalmente, na secção VII apresenta-
se um modelo supersimétrico mínimo baseado no grupo de simetria interna
SU (3) × SU(2) × U (1).
Observação:
Material re-editado com pequenas alterações, em 2006.
5
1 Transformações de Poincaré[1,2]
Para o estudo de um sistema físico é necessário fixar um sistema de referência
que, a menos da conveniência do observador, é completamente arbitrário. É
intuitivo que, devido a esta arbitrariedade, as leis físicas não devem depender
de um referencial em particular, isto é, todos os sistemas de referenciais são
absolutamente equivalentes do ponto de vista da natureza.
Em relação ao espaço-tempo, esta arbitrariedade é devido ao fato de
não se poder localizar nenhum ponto ou orientação privilegiados que possam
identificar um referencial absoluto. O espaço é uniforme, isto é, homogêneo
e isotrópico. A homogeneidade implica na invariança das leis da natureza
por translação espacial e a isotropia, a invariança por rotação. A homogenei-
dade temporal implica na invariança por "translação" temporal, sinônimo de
arbitrariedade na escolha da origem do tempo.
Além da equivalência dos referenciais transladados e ou rotacionados en-
tre si, há uma outra classe de transformações de simetria que relacionam os
referenciais inerciais movendo-se uniformemente uns em relação aos outros,
através das transformações de Galileu na física newtoniana e das transfor-
mações de Lorentz na física einsteniana.
Na relatividade einsteniana, fixo um referencial, define-se o espaço-tempo
de Minkowski cujas coordenadas (contra-variantes)
(xµ ) = (x0 , xi ) = (x0 , x1 , x2 , x3 ) (1)
representam eventos localizados no espaço com coordenadas (x1 = x, x2 =
y, x3 = z) e no tempo no instante x0 = ct.
As transformações de Lorentz atuam sobre as coordenadas como
x0µ = Λµν xν , (2)
com a condição de que a métrica
s2 = xµ xµ = (ct)2 − (x1 )2 − (x2 )2 − (x3 )2 (3)
seja invariante, isto é,
6
Em forma matricial, fica
ΛT gΛ = g, (7)
onde ΛT representa a matriz transposta de Λ, de modo que
7
c) espinores, que transformam-se como
e
d) tensores de ordem genérica, cujas componentes transformam-se, índice
a índice, como as componentes dos vetores,
8
aplicar as transformações de simetria sobre o sistema físico. Estes dois pro-
cedimentos são fisicamente equivalentes e, embora na física clássica prevaleça
o primeiro caso, na mecânica quântica é mais proveitoso considerar o segundo
caso. Isto porque na mecânica quântica existem muitas transformações de
simetria baseadas nas coordenadas internas do sistema, independentes das
coordenadas do espaço-tempo (coordenadas externas). Pode-se citar como
exemplo de transformações de simetria interna as simetrias de gauge. Apli-
cando as transformações de simetria sobre o sistema físico, mantendo o refer-
encial fixo, tem a vantagem de unificar o formalismo para tratar destes dois
tipos de transformações.
9
Considere um sistema físico A satisfazendo a determinadas leis físicas e
um outro sistema A0 idêntico a A a menos de uma transformação de simetria,
A0 = L(A) (17)
x0 = L(x), (20)
como pode-se ver nas ilustrações da figura (1) onde, por razões de simplici-
dade e clareza, as transformações estão representados como translações.
No referencial R0 o sistema físico A é representado pelo vetor de estado
ψR0 (x0 ) e, dada a arbitrariedade da escolha da origem do referencial, o sistema
A visto do referencial R0 é idêntico ao sistema A0 visto do referencial R, fato
que pode ser traduzido pela igualdade
para
a0 = L(a), (22)
onde a representa as coordenadas numéricas, do centro de massa, por exem-
plo, do sistema físico. De uma forma geral, o sistema A0 visto do referencial
R fica
ψR0 (x) = ψ0R (x) ≡ ψ0 (x) , (23)
a primeira igualdade devendo ser considerada como a definição para a função
ψ0 (x).
Pela transformação de coordenadas (18), o vetor de estado transforma-se
como
ψR0 (x0 ) = ψ0 (x0 ) = S(L)ψ(x) (24)
10
e, considerando que as coordenadas devem ser do referencial R,
isto é,
1.1.1 Translação
Considere uma translação pura, cuja transformação infinitesimal (26) assume
a forma
x0µ = xµ + δxµ = xµ + µ . (32)
Como as grandezas físicas são invariantes por translação,
δ T ψ(x) = 0
e portanto
δ F ψ(x) = − µ ∂µ ψ, (33)
11
de modo que o campo transforma-se como
ψ0 (x) = (1 − µ
∂µ ) ψ(x) = (1 + i µ Pµ ) ψ(x). (34)
x0µ = xµ + aµ (35)
resulta
µP
ψ0 (x) = eia µ
ψ(x) (36)
onde
∂
Pµ = i∂µ = i (37)
∂xµ
é o operador (hermitiano) de momento linear, gerador do sub-grupo das
translações do Grupo das Transformações Gerais de Lorentz.
ω µν = −ω νµ . (39)
Escalares Uma função escalar, por definição, deve ser invariante pelas
transformações de Lorentz,
δT φ(x) = 0 (40)
e portanto
12
contem os operadores de momento angular orbital e do movimento retilíneo
uniforme das Transformações de Lorentz., de modo que
µ ¶
0 i µν
φ (x) = 1 − ω Lµν φ(x) (44)
2
ou, na forma finita,
i µν L
φ0 (x) = e− 2 ω µν
φ(x) (45)
Diz-se que esta equação define os geradores do Grupo de Lorentz para a
representação escalar.
ou
i µν J
ψ0 (x) = e− 4 ω µν
ψ(x) (47)
para
1
Jµν = Lµν + σ µν , (48)
2
que define os geradores do Grupo de Lorentz para a representação espinorial.
De uma forma mais geral, os geradores do Grupo de Lorentz podem ser
escritos na forma
Jµν = Lµν + Sµν , (49)
onde os operadores Lµν e Sµν comutam entre si e obedecem às mesmas re-
lações de comutação de Jµν ,
[Jµν , Jρσ ] = igνρ Jµσ − igµρ Jνσ − igνσ Jµρ + igµσ Jνρ (50)
Ji = Ni + Ni† , (60)
o spin da representação (n, m) é a soma n + m. A seguir, alguns exemplos
destas representações:
15
O grupo de Poincaré, definido pelas transformações (6), formado pelas
Transformações Gerais de Lorentz (2) mais as translações do espaço-tempo,
contém 10 parâmetros essenciais associados aos 10 geradores, 4 de translação,
equação (37), e 6 do grupo das Tranformações Gerais de Lorentz, equação
(48). A álgebra de Lie do grupo de Poincaré é definida pelas relações de
comutação
⎧
⎪
⎪ [Pµ , Pν ] = 0
⎪
⎪
⎨
[Jµν , Pρ ] = −igµρ Pν + igνρ Pµ . (61)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
[Jµν , Jρσ ] = igνρ Jµσ − igµρ Jνσ − igνσ Jµρ + igµσ Jνρ ,
Pµ P µ = m2 ≥ 0 . (62)
16
P µ e W µ devem ser proporcionais,
W µ = ±sP µ , (68)
αi αj = αj αi , (70)
αi αj = −αj αi , (71)
17
Comparando os termos de mesma potência em αi e β j na equação (72),
resulta a relação que define a álgebra de Lie graduada
para
Cijk = (−1)ni nj fijk − fjik = −(−1)ni nj Cjik . (77)
A álgebra de Lie graduada assim definida generaliza a identidade de Jacobi
na forma
18
do grupo de Lorentz ficam
⎧
⎪
⎪ Pµ ↔ (1/2, 1/2) - quadri-vetor.
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ Jµν ↔ (1, 0) e (0, 1) - tensor antissimétrico auto-dual e anti-auto-dual.
⎨
⎪
⎪
⎪
⎪ Zl ↔ (0, 0) - escalar.
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
Qα ↔ (1/2, 0) e (0, 1/2) - componente L e R do espinor de Dirac.
19
2 Super-campos e Transformações de Super-
simetria[5,6,7,8]
Teorias construídas com a generalização do grupo de Poincaré, introduzindo
geradores espinoriais, são conhecidas como teorias supersimétricas e a álgebra
resultante, que agora contém relações de anti-comutação destes geradores
espinoriais, é denominada álgebra de Lie graduada.
Os geradores espinoriais (spin 1/2) permitem construir super-multipletos
contendo partículas de spin inteiro (bósons) e semi-inteiro (férmions), forma-
lizando a unificação bóson-férmion. Neste contexto, o formalismo de super-
campos, desenvolvido por A. Salam e J. Strathdee [5], fornece uma maneira
simples e eficiente de realizar esta unificação.
Os super-campos são funções definidas sobre o que se denomina um super-
espaço, contendo o espaço-tempo usual acrescido por dimensões abstratas
definidas por coordenadas fermiônicas, resultando num (super-) espaço de
dimensão 8.
As coordenadas deste super-espaço são definidas por
(xµ , θα ) (1)
com consequência imediata sobre qualquer função local f (x, θ). Isto porque,
devido a esta regra de anti-comutação,
θα θα + θα θα = 0,
ou melhor,
θα θα = 0, (sem soma em α) (3)
de modo que os produtos
20
As quatro coordenadas θα podem ser consideradas como as componentes
de um espinor de Majorana,
⎛ 1 ⎞ ⎛ ⎞
θ θ1
⎜ θ2 ⎟ ⎜ θ2 ⎟
θ=⎜ ⎟ ⎜ ⎟
⎝ θ3 ⎠ = ⎝ θ3 ⎠ . (4)
θ4 θ4
{γ µ , γ ν } = 2gµν ,
2.1 Super-translação
Considere uma transformação nas coordenadas do super-espaço, que será
denominada super-translação,
⎧ µ
⎨ x −→ x0µ = xµ + 2i γ µ θ
. (9)
⎩ 0α α α
θ 7−→ θ = θ +
α
Pela própria definição da transformação acima, os parâmetros devem ser
do mesmo tipo das coordenadas θα , anti-comutantes entre si,
α β β α
+ =0 (10)
e com θα ,
α β
θ + θβ α
= 0. (11)
Em geral, quaisquer componentes espinoriais são anti-comutantes entre si.
Pode-se verificar que somente as super-translações não formam uma es-
trutura de grupo. Realmente, considere a transformação, infinitesimal,
⎧ 0µ
⎨ x = xµ + 2i 1 γ µ θ = xµ + δ 1 xµ
, (12)
⎩ 0α α 1α α α
θ =θ + = θ + δ1θ
22
onde, genericamente, ⎧ µ i
⎨ δx = 2
γ µθ
. (13)
⎩
δθα = α
23
apesar de serem reais, isto é,
µ ¶∗
i µ i µ
γ θ = γ θ,
2 2
não o são no sentido usual, pois as potências
µ ¶n
i µ
γ θ
2
são identicamente nulas para n > 4, o que não ocorre com nenhum número
real diferente de zero.
2.2 Supersimetria[5,6]
Como visto acima, as super-translações por si, definidas em (9), não de-
finem uma estrutura de grupo. Deve-se entender a supersimetria como uma
generalização do grupo de Poincaré, que permita unificar as diversas repre-
sentações (do grupo de Poincaré) pela adição de geradores espinoriais que,
como será visto adiante, são justamente os geradores das super-translações.
Assim, define-se as transformações de supersimetria como o conjunto das
transformações de Poincaré mais as super-translações, que em forma infinites-
imal pode-se escrever como
⎧ 0µ
⎨ x = xµ + δxµ
, (19)
⎩ 0
θ = θ + δθ
para ⎧ µ
⎪
⎪ δx = ωµν xν + aµ + 2i γ µ θ
⎪
⎪
⎨
δθ = − 4i ω µν σ µν θ + . (20)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ £ ¤
δθ = − 4i ω µν θσ µν +
Estas transformações definem uma estrutura de grupo.
Considere, agora, as transformações sucessivas
⎧ 0µ
⎨ x = xµ + δ 1 xµ
(21)
⎩ 0
θ = θ + δ1θ
e ⎧ 00µ
⎨ x = x0µ + δ 2 x0µ
. (22)
⎩ 00 0 0
θ = θ + δ2θ
24
Fazendo as substituiões (21) em (22), resultam nas transformações
⎧ 00µ
⎨ x = xµ + δ 1 xµ + δ2 xµ + δ 2 δ1 xµ
(23)
⎩ 00
θ = θ + δ1θ + δ2θ + δ2δ1θ
onde os termos infinitesimais das transformações são definidos pela equação
(20), ⎧
⎨ δ1 xµ = ω1µν xν + a1µ + 2i 1 γ µ θ
(24)
⎩ i 1 µν 1
δ1 θ = − 4 ω µν σ θ +
e ⎧
⎨ δ 2 xµ = ω2µν xν + a2µ + 2i 2 γ µ θ
. (25)
⎩ i 2 µν 2
δ 2 θ = − 4 ω µν σ θ +
Consequentemente, os termos de segunda ordem ficam
i 1
δ 2 δ 1 xµ = ω 1µν δ 2 xν + γ δ2θ
2 µ
µ ¶
1 νλ 1 ν i 1 2
= ω µν ω 2 xλ + ω µν a2 + γ +
2 µ
µ ¶
i 1 2 ν i 1 £ 2 ¤
+ ωµν γ − γ ω σ θ (26)
2 4 µ
e
i
δ 2 δ 1 θ = − ω 1µν σ µν δ 2 θ
4 µ ¶
i£ 1 ¤ i£ 2 ¤ i£ ¤
= − ω σ − ω σ θ − ω1σ 2
, (27)
4 4 4
onde se recorre à notação simplificada
[ωσ] = ωµν σ µν (28)
para a contração total dos índices tensoriais.
Veja também que
i
δ 2 δ 1 θ = − ω1µν δ 2 θσ µν
4 µ ¶
i 1 i£ ¤
= − ωµν − ω 2 θσ + 2
σ µν . (29)
4 4
25
Invertendo a ordem das transformações (21) e (22), os termos de segunda
ordem, equações (26-29), ficam
µ ¶ µ ¶
2 νλ 2 ν i 2 1 i 2 1 ν i 2 £ 1 ¤
δ 1 δ 2 xµ = ω µν ω 1 xλ + ω µν a1 + γ + ω µν γ − γ ω σ θ
2 µ 2 4 µ
(30)
e
µ ¶
i£ 2 ¤ i£ 1 ¤ i£ ¤
δ1 δ2 θ = − ω σ − ω σ θ − ω2 σ 1 . (31)
4 4 4
Para as coordenadas espinoriais na forma conjugada adjunta, a equivalente
à equação (27) é
µ ¶
i 2 i£ 1 ¤ 1
δ 1 δ 2 θ = − ω µν − ω θσ + σ µν . (32)
4 4
Os termos infinitesimais de segunda ordem, equações (26-29), das trans-
formações sucessivas (1) e (2) e os termos correspondentes, equações (30-32),
das transformações sucessivas (2) e (1) mostram a não comutatividade das
transformações de supersimetria,
⎧
⎨ [δ 2 , δ1 ] xµ = δ 3 xµ
(33)
⎩
[δ 2 , δ 1 ] θ = δ 3 θ
para ⎧ i 3
⎨ δ 3 xµ = ω 3µν xν + a3µ + 2
γ µθ
, (34)
⎩
δ 3 θ = − 4i ω3µν σ µν θ + 3
26
faltando determinar a representação dos geradores desta álgebra.
Para as super-translações puras, as relações de comutação (33) ficam
⎧
⎨ [δ 2 , δ1 ] xµ = δ 3 xµ = a3µ = i 1 γ µ 2
. (38)
⎩
[δ 2 , δ1 ] θ = 0
θγ µ θ = θσ µν θ = 0 ,
27
G(x), um campo pseudo-vetorial Aµ (x) e campos espinoriais ψ(x) e χ(x).
Estes campos podem ser complexos.
No caso de um super-campo escalar real,
= ψ∗β γ 0βα θα = ψ† γ 0 θ = ψθ ,
28
Usando as variações infinitesimais definidas em (13), resulta
i µ
φ0 (x0 , θ0 ) = φ(x + γ θ, θ + )
2
µ ¶
i µ ¡ ¢ i µ
= A(x) + γ θ∂µ A + θ + ψ + γ θ∂µ ψ +
2 2
µ ¶
1¡ ¢ i µ
+ θ + (θ + ) F + γ θ∂µ F +
4 2
µ ¶
i¡ ¢ i µ
+ θ + γ 5 (θ + ) G + γ θ∂µ G +
4 2
µ ¶
1¡ ¢ µ 5 i ν
+ θ + γ γ (θ + ) Aµ + γ θ∂ν Aµ +
4 2
µ ¶
1¡ ¢ ¡ ¢ i ν
+ θ + (θ + ) . θ + χ + γ θ∂ν χ +
4 2
µ ¶
1 £¡ ¢ ¤2 i ν
+ θ + (θ + ) D + γ θ∂ν D . (46)
32 2
Retendo somente os infinitésimos de primeira ordem, fica
µ ¶
0 0 0 i µ i µ
φ (x , θ ) = A(x) + γ θ∂µ A + θψ + ψ + θ γ θ ∂µ ψ +
2 2
µ ¶
1 1 1 i µ i
+ θθF + θF + θθ γ θ ∂µ F + θγ 5 θG +
4 2 4 2 4
µ ¶
i i i µ 1
+ γ 5 θG + θγ 5 θ γ θ ∂µ G + θγ µ γ 5 θAµ +
2 4 2 4
µ ¶
1 1 i ν
+ γ µ γ 5 θAµ + θγ µ γ 5 θ γ θ ∂ν Aµ +
2 4 2
1 1 1
+ θθ.θχ + θθ. χ + θ.θχ +
4 4 2
µ ¶
1 i 1 ¡ ¢2 1
+ θθ.θ γ ν θ ∂ν χ + θθ D + θθ.θ D . (47)
4 2 32 8
A identidade de Fierz, apêndice A3,
1X X
16 4
¡ ¢
Xβα (ΓA )αβ ΓA ρσ = δ ρβ δ ασ , (48)
4 A=1 α,β=1
29
permite reordenar os produtos de espinores nos produtos padrão (7):
1)
i iX A
θ ( γ µ θ) ∂µ ψ = − θΓ θ. γ µ ΓA ∂µ ψ
2 8 A
i i
= − θθ. ðψ − θγ 5 θ. γ ν γ 5 ∂ν ψ +
8 8
i
− θγ 5 γ µ θ. γ ν γ 5 γ µ ∂ν ψ
8
2)
1X A
θθ. χ = − θΓ θ. ΓA χ
4 A
1 1 1
= − θθ. χ − θγ 5 θ. γ 5 χ − θγ 5 γ µ θ. γ 5 γ µ χ
4 4 4
3)
θγ 5 θ.θγ µ = −θθ.θγ 5 γ µ
4)
θγ ν γ 5 θ.θγ µ ∂ µ Aν = −θθ.θγ ν γ 5 γ µ ∂ µ Aν
5)
µ ¶
i µ i X A i ¡ ¢2
θθ.θ γ θ ∂µ χ = − θθ θΓ θ. γ µ ΓA ∂µ χ = − θθ γ µ ∂µ χ
2 8 A
8
30
∙ ¸
0 0 0 1¡ 5 ν 5 µ
¢
φ (x , θ ) = A(x) + ψ(x) + θ ψ + F + iγ G + γ γ Aν − iγ ∂µ A +
2
∙ ¸
1 1 µ
+ θθ F + (χ − iγ ∂µ ψ) +
4 2
∙ ¸
i i 5 µ
+ θγ 5 θ G + γ (χ − iγ ∂µ ψ) +
4 2
∙ ¸
1 µ 5 1 5¡ ν
¢
+ θγ γ θ Aµ − γ γ µ χ − iγ ∂ν γ µ ψ +
4 2
∙ ¸
1 1¡ ν 5 ν µ 5 ν
¢
+ θθ.θ χ + D − iγ ∂ν F − γ γ ∂ν G + iγ γ γ ∂ν Aµ +
4 2
1 ¡ ¢2
+ θθ [D − i γ µ ∂µ χ] , (49)
32
que define o super-campo
1 i
φ0 (x, θ) = A0 (x) + θψ0 (x) + θθF 0 (x) + θγ 5 θG0 x) +
4 4
1 1¡ ¢ 1 ¡ ¢2 0
+ θγ µ γ 5 θA0µ (x) + θθ .θχ0 (x) + θθ D (x) , (50)
4 4 32
com os novos campos relacionados através das transformações definidas pelas
variações funcionais
⎧
⎪
⎪ δA(x) = ψ(x)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ δψ = 12 (F + iγ 5 G + γ ν γ 5 Aν − iγ µ ∂µ A)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ δF = 12 (χ − iγ µ ∂µ ψ)
⎪
⎪
⎨
δG = 2i γ 5 (χ − iγ µ ∂µ ψ) . (51)
⎪
⎪
⎪
⎪ ¡ ¢
⎪
⎪
⎪
⎪ δAν = 12 γ ν γ 5 χ − iγ µ γ 5 γ ν ∂ µ ψ
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ δχ = 12 (D − iγ ν ∂ν F − γ 5 γ ν ∂ν G + iγ µ γ 5 γ ν ∂ν Aµ )
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
δD = −i γ µ ∂µ χ
É usual referir-se às variações funcionais definidas acima como transfor-
mações de supersimetria dos campos, apesar de que contenha somente uma
31
super-translação. Evidentemente, as transformações pelo grupo de Lorentz,
ou de Poincaré, estão implícitas na natureza dos campos considerados.
onde
δf = f (θ + δθ) − f (θ) ,
que é exatamente o procedimento usado na secção anterior para determi-
nar as transformações de supersimetria dos campos contido num super-camo
escalar.
O que se deseja aqui é definir as variações δf ou δφ, por exemplo, em
termos das suas derivadas, como ocorre com as funções usuais. Como estão
envolvidas variáveis anti-comutantes, esta questão requer uma certa cautela
pois a a ordem dos fatores é importante.
As derivadas em relação às variáveis θα podem ser definidas da maneira
usual [12], porém devem obedecer às regras
∂ ∂f1 ∂f2
α (f1 .f2 ) = α .f2 ± f1 , (52)
∂θ ∂θ ∂θα
conforme a função f1 seja bosônica (+) ou fermiônica (−), e
∂ ∂ ∂ ∂
α β
=− β α , (53)
∂θ ∂θ ∂θ ∂θ
as mesmas regras valendo para derivadas em relação a θα .
Considere uma função linear em θα tal que
Aα θα −→ Aα θα + Aα δθα , (54)
isto é,
∂
δ (Aα θα ) = Aα δθα = ± (Aβ θβ ) δθα , (55)
∂θα
32
conforme o coeficiente Aα seja bosônico (+) ou fermiônico (−), ou
←−
∂
δ (Aα θα ) = (Aβ θβ ) α δθα , (56)
∂θ
←−
onde o símbolo ∂ indica derivação à esquerda.
Funções de segundo grau em ordem θα podem ser expandidas como com-
binação linear de termos θΓA θ,
¡ ¢ ¡ ¢
δ θΓA θ = θ + δθ ΓA (θ + δθ) − θΓA θ = θΓA δθ + δθΓA θ
←
−
¡ A ¢ ∂ α ∂ ¡ A ¢
= θΓ θ α δθ + δθ β θΓ θ , (57)
∂θ ∂θβ
α
desde que se encare θα e θ como variáveis independentes.
Estes exemplos mostram que as regras para expressar as diferenciais de
α
funções em θα e θ é
←−
∂ ∂f
δf = f α δθα + δθβ . (58)
∂θ ∂θβ
33
É fácil verificar que o operador
µ ¶
∂ i
δ = −i S = + γ µ θ∂µ (63)
∂θ 2
gera a super-translação nas coordenadas,
µ ¶
µ µ ∂ i µ i
δx = −i Sx = + γ θ∂µ xµ = γ µ θ
∂θ 2 2
e µ ¶
α α ∂ i µ β
δθ = −i Sθ = β + (γ θ) ∂µ θα = 0
β γ βα = α
.
∂θβ 2
As transformações sucessivas podem ser estudadas variando os parâmet-
ros das transformações do operador (63),
δ 1 = −i 1 S e δ 2 = −i 2 S ,
de modo que
φ01 = φ + δ 1 φ
e
φ0012 = φ01 + δ 2 φ0 = φ + δ 1 φ + δ 2 φ + δ 2 δ 1 φ . (64)
Invertendo a ordem das transformações, resulta
de modo que
φ0012 − φ0021 = [δ2 , δ 1 ] φ . (66)
Por outro lado, considerando as translações sucessivas das coordenadas,
equação (18),
µ ¶
00
¡1 2
¢ ∂ i µ β i
φ12 = φ + + + (γ θ) ∂µ φ + 1 γ µ 2 ∂µ φ (67)
∂θβ 2 2
e µ ¶
¡ ¢ ∂ i µ β i
φ0021 =φ+ 2
+ 1
+ (γ θ) ∂µ φ + 2 γ µ 1 ∂µ φ (68)
∂θβ 2 2
de sorte que
φ0012 − φ0021 = i 1 γ µ 2 ∂µ φ (69)
desde que
2 µ 1
γ = − 1γµ 2
.
34
Assim,
[δ 2 , δ 1 ] φ = i 1 γ µ 2 ∂µ φ
ou, em termos dos geradores (68),
£1 2 ¤
S, S = i 1 γ µ 2 ∂µ = 1 µ 2
γ Pµ . (70)
= − 1α Sα Sβ 2
β − 1 2
α Sβ Sα β =− 1
α {Sα , Sβ } 2
β
e o lado direito,
1 µ 2
¡ 2 ¢T
γ Pµ = − 1 γ µ γ 0 Pµ = − 1
α (γ µ C)αβ Pµ 2
β ,
Sα Sβ φ = Sα (Sβ ) φ − Sβ Sα φ + Sβ (Sα ) φ ,
onde o último termo deve ser acrescido para descontar a ação de Sβ sobre
Sα , e como φ é arbitrário, resulta
Sα Sβ + Sβ Sα = Sα (Sβ ) + Sβ (Sα ) .
∂
+ (δ1 + δ2 + δ 2 δ 1 ) xµ ∂µ φ + (δ 1 + δ 2 + δ 2 δ 1 ) θ φ ,
θ
36
mais o análogo para φ0021 (x, θ), resulta
∂
φ0012 − φ0021 = [δ 2 , δ 1 ] xµ ∂µ + [δ 2 , δ 1 ] θ φ = δ 3 φ (77)
θ
que, comparada com o resultado (??), define a relação de comutação formal
[δ 2 , δ1 ] = δ 3 , (78)
+a1µ 2
α [S α , P µ ] − a2µ 1
α [S α , P µ ] + 12 ω 1µν 2
α [J µν , S α ] +
− 12 ω 2µν 1
α [J µν , S α ] − [ 1 S, 2 S] =
¡ 1 ρ ¢
= −iω 2µν aν1 P µ + iω1µν aν2 P µ − 1 γ µ 2 P µ − i
2
ω µρ ω 2 ν − ω 2µρ ω ρ1 ν J µν
¡ ¢
+ 14 ω1µν 2
− ω2µν 1
σ µν S .
Comparando os termos de mesma potência nos parâmetros de transfor-
mação dos lados direito e esquerdo, resulta no conjunto de equações
⎧ µ ν
⎪
⎪ [P , P ] = 0
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ [S α , P µ ] = 0
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ α
⎨ [S α , J µν ] = 12 (σ µν S)
..
⎪
⎪ 1 2 1 2 µ
⎪
⎪ [ S, S] = γ µ P
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ a1µ ω2ρσ [P µ , J ρσ ] = −2iω 2ρσ aσ1 P ρ
⎪
⎪
⎪
⎪ ¡ ¢
⎩ 1 2
ω µν ω ρσ [J µν , J ρσ ] = 2i ω1µρ ωρ2 ν − ω2µρ ω ρ1 ν J µν
37
A seguir os parâmetros das transformações podem ser eliminados, re-
stando as relações de comutação e de anticomutação dos geradores,
⎧ µ ν
⎪
⎪ [P , P ] = 0
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ −i [P µ , J ρσ ] = g µη P σ − g µσ P ρ
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎨ −i [J µν , J ρσ ] = g νρ J µσ − g νσ J µρ + gµσ J νρ − g µρ J νσ
. (79)
⎪
⎪ α µ
⎪
⎪ [S , P ] = 0
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ α µν 1 µν α
⎪
⎪ [S , J ] = 2 (σ S)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ © α βª ¡ ¢
S , S = − γ µC P µ
38
3 Projeção Chiral dos Super-campos5,6
Um super-campo escalar, equação (2.43) da secção anterior,
1 i
φ(x, θ) = A(x) + θψ(x) + θθF (x) + θγ 5 θG(x) +
4 4
1 1¡ ¢ 1 ¡ ¢2
+ θγ µ γ 5 θAµ (x) + θθ .θχ(x) + θθ D(x) ,
4 4 32
contém 16 elementos independentes, em geral funções complexas. No en-
tanto, a relação de anti-comutação dos geradores de super-translação,
{Sα , Sβ } = − (γ µ C)αβ Pµ ,
da álgebra da supersimetria dada pelas equações (2.79) impõe que as repre-
sentações irredutíveis devem ser quadri-dimensionais. Neste sentido os super-
campos escalares são redutíveis, e esta secção cuida de obter as representações
irredutíveis destes super-campos.
39
Em relação aos geradores da supersimetria, considere-se as operações
⎧
⎪
⎪ {Dα , Sβ } = Dα (Sβ ) + Sβ (Dα )
⎪
⎪
⎨
[Dα , P µ ] = Dα (P µ ) − P µ (Dα ) , (3)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
[Dα , J µν ] = Dα (J µν ) − J µν (Dα )
Pµ = i∂µ
do momento linear,
1 ∂
Jµν = i (xµ ∂ν − xν ∂µ ) + θσ µν
2 ∂θ
do momento angular e
µ ¶
∂ i
S=i + γµθ ∂µ ,
∂θ 2
gerador da super-translação.
Em cálculos explícitos, considerando
∙ ¸
∂ 1 µ i ¡ µ 0¢
Dα (Sβ ) = − (γ θ)β ∂µ = γ γ αβ ∂µ
∂θα 2 2
e ∙ ¸
∂ i µ 1¡ ¢
Sβ (Dα ) = i − (γ θ)α ∂µ = − γ µ γ 0 αβ ∂µ ,
∂θβ 2 2
resulta a anticomutação
Dα (P µ ) = P µ (Dα ) = 0
40
e
µ ¶∙ ¸
1 ∂ i¡ ¢ η
Jµν (Dα ) = θσ µν − γηθ α ∂
2 ∂θ 2
i¡ ¢ ∂ h T
i i¡ ¢ ¡ ¢
= − θσ µν β −γ η γ 0 θ ∂η = θσ µν β γ η γ 0 αβ ∂ η
4 ∂θβ α 4
i³ 0 T T
´ i¡ ¢
= γ η γ σ µν θ ∂η = γ η σ Tµν θ α ∂ η
4 α 4
i¡ ¢ 1¡ ¢ 1
= σ µν γ η θ α ∂ η + γ µ θ α ∂ν − (γ ν θ)α ∂µ ,
4 2 2
e portanto
1
Dα (Jµν ) − Jµν (Dα ) = (σ µν )αβ Dβ .
2
A partir destes cálculos, pode-se obter o conjunto das relações de comu-
tação e de anti-comutação
⎧
⎪
⎪ {Dα , Sβ } = 0
⎪
⎪
⎨
[Dα , Pµ ] = 0 . (4)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
[Dα , Jµν ] = 12 (σ µν )αβ Dβ
41
lembrando que D é um espinor de Majorana. Com os operadores adjuntos,
valem as relações de anti-comutação
© ª ¡ ¢
Dα , Dβ = γ µ αβ P µ (7)
e © ª ¡ ¢
Dα , Dβ = C −1 γ µ αβ P µ , (8)
obtidas por substituições diretas em (2) e portanto são equivalentes entre si.
Veja que a base do espaço de Clifford gerado pelos operadores Dα não
contém os produtos Dγ µ D e Dσ µν D. Isto ocorre porque o primeiro é pro-
porcional a 1 e o segundo é identicamente nulo,
Dγ µ D = 2P µ (9)
e
Dσ µν D = 0 , (10)
como serão demonstrados a seguir.
Para o primeiro,
¡ ¢
Dγ µ D = DT γ 0 γ µ D = γ 0 γ µ αβ Dα Dβ
¡ 0 µ¢
= γ γ αβ [Dα (Dβ ) − Dβ Dα + Dβ (Dα )]
¡ ¢ ¡ ¢
= − γ 0 γ µ αβ Dβ Dα + γ 0 γ µ αβ {Dα , Dβ }
Usando as igualdades
¡ 0 µ ¢T
γ γ = γ 0 γ µ , C = −γ 0 e tr (γ ν γ µ ) P ν = 4g µν Pν = 4P µ ,
resulta
¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
Dγ µ D = −Dβ γ 0 γ µ βα Dα + γ 0 γ µ βα γ ν γ 0 αβ P ν
¡ ¢
= −Dβ γ 0 γ µ βα Dα + tr (γ ν γ µ ) P ν = −Dγ µ D + 4P µ ,
42
Quanto à equação (10),
¡ ¢
Dσ µν D = DT γ 0 σ µν D = Dα γ 0 σ µν αβ Dβ
¡ ¢ ¡ ¢
= − γ 0 σ µν αβ Dβ Dα + γ 0 σ µν αβ {Dα , Dβ }
= −Dσ µν D + tr (γ η σ µν ) Pη = −Dσ µν D = 0 .
Define-se os operadores chirais
1¡ ¢ ∂ i
D+ = 1 + γ5 D = − γ µ θ− ∂µ (11)
2 ∂θ− 2
e
1¡ ¢ ∂ i
D− = 1 − γ5 D = − γ µ θ+ ∂µ (12)
2 ∂θ+ 2
com os respectivos conjugados
1¡ ¢
D+ = T 0
1 − γ 5 D = D− γ (13)
2
e
1¡ ¢
D− = T 0
1 + γ 5 D = D+ γ (14)
2
cujas relações inversas são
T
D± = −γ 0 D∓ (15)
onde
1¡ ¢ 1¡ ¢
θ+ = 1 + γ 5 θ; θ− = 1 − γ 5 θ; etc..
2 2
Em função destas componentes chirais, a relação de anti-comutação (2)
pode ser desdobrada nas seguintes relações de anti-comutação:
n o
α β
D± , D± = 0
n o 1£ ¤αβ µ
α β
D+ , D− = − (1 + γ 5 ) γ µ C P
2
n β
o 1£ ¤αβ µ
α
D± , D± = (1 ± γ 5 ) γ µ P
2
n β
o
α
D± , D∓ = 0
n α βo 1£ ¤αβ µ
D+ , D− = (1 + γ 5 ) C −1 γ µ P . (16)
2
43
Note que as componentes de mesma chiralidade anti-comutam, e como
D+ e D− são espinores a duas componentes independentes, os produtos de
três ou mais componentes de mesma chiralidade são identicamente nulos.
Por exemplo,
α β γ
D± D± D± ≡ 0
assim como
α β γ
D∓ D± D± ≡0,
etc., e em especial, ¡ ¢
D+ D− D+ ≡ 0 (17)
e ¡ ¢
D− D+ D− ≡ 0 . (18)
Estas identidades são fundamentais para a construção dos operadores de
projeção definidos no apêndice A4,
1 ¡ ¢¡ ¢
E+ = − D + D− D − D+ , (A4-15)
4∂ 2
1 ¡ ¢¡ ¢
E− = − 2 D− D+ D+ D− (A4-16)
4∂
e
1 ¡ ¢2
E1 = 1 − E+ − E− = 1 + 2
DD , (A4-17)
4∂
os quais satisfazem às equações diferenciais
⎧
⎨ D∓ E± ≡ 0
. (A4-18)
⎩
D∓ D± E1 ≡ 0
Como
E+ + E− + E1 = 1 ,
pode-se decompor, por exemplo os super-campos escalares, em
φ(x, θ) = (E+ + E− + E1 ) φ(x, θ) , (19)
definindo as projeções
⎧
⎪
⎪ φ+ (x, θ) = E+ φ(x, θ)
⎪
⎪
⎨
φ− (x, θ) = E− φ(x, θ) (20)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
φ1 (x, θ) = E1 φ(x, θ)
44
onde
φ(x, θ) = φ+ (x, θ) + φ− (x, θ) + φ1 (x, θ) , (21)
as projeções satisfazendo às equações
⎧
⎪
⎪ D− φ+ = 0
⎪
⎪
⎨
D+ φ− = 0 , (22)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
D− D+ φ1 = D+ D− φ1 = 0
φ+ (x, θ) = E+ φ(x, θ)
D− φ+ = 0 .
45
Tomando o resultado do apêndice A4, equação (A4-22),
1 1
D− φ = (1 − γ 5 ) ψ + (1 − γ 5 ) θ (F − iG) +
2 4
1
+ (1 − γ 5 ) (γ µ θ) (Aµ − i∂µ A) +
4
1 ¡ ¢
+ θθ + θγ 5 θ (1 − γ 5 ) (χ + iγ µ ∂µ ψ) +
16
1 ν 5 ¡ ¢
+ θγ γ θ (1 − γ 5 ) γ ν χ + iγ µ γ ν ∂ µ ψ +
16
1
+ θθ (1 − γ 5 ) (θD − iγ µ θ∂µ F + iγ µ θ∂µ iG − iγ µ γ ν θ∂µ Aν ) +
16
i ¡ ¢2
+ θθ (1 − γ 5 ) γ µ ∂µ χ . (A4-22)
64
leva às condições sobre os campos
⎧
⎪
⎪ γ ψ = ψ+
⎪ 5 +
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ F = iG = F+
⎪
⎪
⎨
Aµ = i∂µ A+ (23)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ χ = −iγ µ ∂µ ψ+
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
D = iγ µ γ ν ∂µ Aν = −γ µ γ ν ∂µ ∂ν A+ = −∂ 2 A+
além da identidade
(1 − γ 5 ) γ µ ∂µ χ = −iγ µ γ ν ∂µ ∂ν (1 − γ 5 ) ψ+ ≡ 0 , (24)
φ− (x, θ) = E− φ(x, θ) ,
além da identidade
(1 + γ 5 ) γ µ ∂µ χ = −iγ µ γ ν ∂µ ∂ν (1 + γ 5 ) ψ− ≡ 0 , (28)
1
φ− (x, θ) = A− (x) + θψ− (x) + θ (1 − γ 5 ) θF− (x) +
4
i i
− θγ µ γ 5 θ∂µ A− (x) − θθ · θγ µ ∂µ ψ− (x) +
4 4
1 ¡ ¢2 2
− θθ ∂ A− (x) , (29)
32
47
contendo os campos independentes A− (x), ψ− (x) e F− (x) com as super-
translações ⎧
⎪
⎪ δA− = ψ−
⎪
⎪
⎨
δψ− = 12 (1 − γ 5 ) (F− − iγ µ ∂µ A− ) . (30)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
δF+ = −i γ µ ∂µ ψ− .
Pode-se expressar os super-campos chirais de uma maneira mais compacta
recorrendo às variáveis auxiliares
i i i
y µ = xµ + θγ µ γ 5 θ = xµ + θ+ γ µ θ+ − θ− γ µ θ− (31)
4 4 4
e
i i i
y µ = xµ − θγ µ γ 5 θ = xµ − θ+ γ µ θ+ + θ− γ µ θ− . (32)
4 4 4
Nestas novas variáveis as componentes chirais da derivada covariante,
equações (11) e (12) ficam
µ ¶ µ ¶
∂ i µ ∂
D+ = − γ θ− ∂µ = (33)
∂θ− y 2 ∂θ− y
e µ ¶ µ ¶
∂ ∂ i
D− = = − γ µ θ+ ∂µ (34)
∂θ+ y ∂θ+ y
2
que, aplicadas sobre as variáveis auxiliares (31) e (32), resultam
⎧
⎪
⎪ D+ y µ = −iγ µ θ−
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ D+ y µ = 0
⎨
. (35)
⎪
⎪ µ
⎪
⎪ D − y = 0
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
D− y µ = −iγ µ θ+
Isto significa que, para funções arbitrárias de y µ e y µ , necessariamente
⎧
⎨ D− f (y) ≡ 0
. (36)
⎩
D+ f (y) ≡ 0
De maneira similar, ⎧
⎨ D− f (θ+ ) ≡ 0
. (37)
⎩
D+ f (θ− ) ≡ 0
48
Estas identidades implicam que os super-campos chirais podem ser escritas
como
1
φ+ (x, θ) = φ(y, θ+ ) = A+ (y) + θ− ψ+ (y) + θ− θ+ F+ (y) (38)
2
e
1
φ− (x, θ) = φ(y, θ− ) = A− (y) + θ+ ψ− (y) + θ+ θ− F− (y) , (39)
2
satisfazendo automaticamente às condições
⎧
⎨ D− φ(y, θ+ ) ≡ 0
. (40)
⎩
D+ φ(y, θ− ) ≡ 0
As transformações de supersimetria podem ser obtidas através das vari-
ações dos super-campos φ(y, θ+ ) e φ(y, θ− ) pelas super-translações, onde as
variáveis y µ e y µ transformam-se como
(1 + γ 5 )
δy µ = i γ µ θ = i + γ µ θ+ (41)
2
e
(1 − γ 5 )
δy µ i γ µ θ = i − γ µ θ− . (42)
2
Formas equivalentes de expressar os super-campos chirais são
∙ ¸
− 4i θγ µ γ 5 θ∂µ 1
φ+ (x, θ) = e A+ (x) + θ− ψ+ (x) + θ− θ+ F+ (x) (43)
2
e ∙ ¸
− 4i θγ µ γ 5 θ∂µ 1
φ− (x, θ) = e A− (x) + θ+ ψ− (x) + θ+ θ− F− (x) . (44)
2
Em princípio, os super-campos φ+ (x, θ) e φ− (x, θ) são independentes. No
entanto, em certos casos podem aparecer ligados por condições tal como
£ ¤∗
φ− (x, θ) = φ+ (x, θ) . (45)
Neste caso, como
∙ ¸
£ ¤∗ − 4i θγ µ γ 5 θ∂µ ∗ C 1 ∗
φ+ (x, θ) = e A+ (x) + θ− ψ+ (x) + θ+ θ− F+ (x) ,
2
resulta nas condições sobre os campos
⎧
⎪
⎪ A− = (A+ )∗
⎪
⎪
⎨
ψ− = ψC
+ . (46)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
F− = (F+ )∗
49
Veja que as condições ψ− = ψC C
+ ou ψ + = ψ − equivalem à condição de
Majorana
ψC = ψC C
+ + ψ− = ψ .
Quanto às componentes
φ1 (x, θ) = E1 φ(x, θ) ,
D− D+ φ1 = 0 e D+ D− φ1 = 0 ,
equivalentes a
(1 ± γ 5 )
D Dφ1 = 0 .
2
Usando a equação (A4-24) do apêndice A4, resultam nas condições inde-
pendentes sobre os campos
⎧
⎪
⎪ F ± iG = 0
⎪
⎪
⎨
χ = iγ µ ∂µ ψ (47)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
−D ∓ 2i∂ µ Aµ + ∂ 2 A = 0
que implicam em ⎧
⎪
⎪ F = iG = 0
⎪
⎪
⎨
χ = iγ µ ∂µ ψ . (48)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
D = ∂ 2 A e ∂ µ Aµ = 0
As demais igualdades,
⎧
⎪
⎪ ±D + 2i∂ µ Aµ ∓ ∂ 2 A = 0
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎨ ±∂ µ F + 2i∂ µ G = 0
, (49)
⎪
⎪
⎪
⎪ γ µ ∂µ χ − i∂ 2 ψ = 0
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ 2
∂ F ± i∂ 2 G = 0
50
Assim,
1
φ1 (x, θ) = A1 (x) + θψ1 (x) + − θγ µ γ 5 θA1µ (x) +
4
1 1 ¡ ¢2 2
+ θθ · θiγ µ ∂µ ψ1 (x) + θθ ∂ A1 (x) , (50)
4 32
contendo os campos independentes A1 (x), ψ1 (x) e A1µ (x), o campo vetorial
satisfazendo à condição ∂ µ A1µ = 0.
Por super-translação, estes campos transformam-se como
⎧
⎪
⎪ δA1 = ψ1
⎪
⎪
⎨
δψ1 (x) = 12 (γ µ γ 5 θA1µ − iγ µ ∂µ A1 ) . (51)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
δA1ν = γ 5 σ µν ∂ µ ψ
D− ψ+ (x, θ) = 0 (54)
e
D+ ψ− (x, θ) = 0 (55)
para as projeções chirais positiva e negativa, respectivamente.
51
Usando as coordenadas auxiliares, equações (31) e (32), os super-campos
espinorias podem ser escritos numa forma simples,
52
Usando a relação (A3-18) do apêndice A3,
1X A
16
β
ψαχ = ψΓ χ (ΓA )βα , (A3-18)
4 A=1
i ( + γ µ θ+ ) ∂µ λ+ = i ( + γ µ )α (θ+ )α (∂µ λ+ )
1 X¡
16
¢
= − i + γ µ ΓA ∂µ λ+ (ΓA θ+ )
4 A=1
∙ ¸
1 µ 1 µ ηχ
= − (i + γ ∂µ λ+ ) + (i + γ σ ∂µ λ+ ) σ ηχ θ+
2 4
e, de maneira similar,
∙ ¸
1 1 ηχ
( − θ+ ) χ+ = − − χ+ + −σ χ+ σ ηχ θ+
2 4
assim como
∙ ¸ ∙ ¸
µ 1 µν i¡ ¢ 1 µν
i ( + γ θ+ ) ∂µ η + σ Fµν θ+ = θ− θ+ ∂κ η + σ Fµν γ κ − .
2 2 2
53
campos
∙ ¸
1 µν
δλ+ = η + σ Fµν +
2
1 ¡ ¢
δη = − + χ+ + iγ µ ∂µ λ+
2
1 £ ¤
δFµν = − − σ µν χ+ + i (γ∂) σ µν λ+
2
∙ ¸
1 µν
δχ+ = i∂κ η + σ Fµν γ κ − (60)
2
O super-campo
1
= U− (y) + Vµ (y)γ µ θ+ + θ− θ+ W− (y)
2
∙ ¸
− 4i θγ µ γ 5 θ∂µ µ 1
= e U− (x) + Vµ (x)γ θ+ + θ− θ+ W− (x) , (61)
2
com chiralidade negativa em relação à sua estrutura espinorial,
1
+ θ− θ+ W− (y) + − θ + W− (y) ,
2
54
onde
1 X¡
16
¢
i ( + γ µ θ+ ) ∂µ U− = − i + γ µ ΓA ∂µ U− (ΓA θ+ )
4 A=1
1
= − (i + γ µ ∂µ γ ν U− ) (γ ν θ+ ) ,
2
1
( − θ+ ) W− = − (i + γ ν W− ) (γ ν θ+ )
2
e
i¡ ¢
i ( + γ µ θ+ ) ∂µ Vν (y)γ ν θ+ = θ− θ+ γ µ (γ∂) Vµ − ,
2
resultando na variação do supe-campo
1 ¡ ¢
δψL (y, θ+ ) = Vµ (y)γ µ + − γ µ W− − iγ µ ∂µ γ ν U− γ ν θ+ +
2
i¡ ¢
+ θ− θ+ γ µ (γ∂) Vµ − (64)
2
e na dos campos
δU− = Vµ γ µ +
1 ¡ ¢
δVµ = − γ µ W− + i (γ∂) γ µ U−
2
Analogamente,
55
e
D+ ψ−− (x, θ) = 0 ; (68)
e
1
= U+ (y) + Vµ (y)γ µ θ− + θ+ θ− W+ (y)
2
∙ ¸
− 4i θγ µ γ 5 θ∂µ µ 1
= e U+ (x) + Vµ (x)γ θ− + θ+ θ− W+ (x) , (69)
2
∙ ¸
1
δλ− = ξ + σ µν Gµν −
2
1 ¡ ¢
δξ = − + χ− + iγ µ ∂µ λ−
2
1 £ ¤
δGµν = − σ µν χ− + i (γ∂) σ µν λ−
2
∙ ¸
1 µν
δχ− = i∂κ ξ + σ Gµν γ κ + (72)
2
e
δU+ = Vµ γ µ +
1¡ ¢
δVµ = − + γ µ W+ + i − (γ∂) γ µ U+
2
56
4 Lagrangeanas5,6
¡ ¢2
As invariantes DD e DD tem papel relevante na construção das la-
grangeanas supersimétricas. Veja que estas lagrangeanas podem ser con-
sideradas como super-campos escalares,
L = L(x, θ) , (1)
transformando-se por super-translações (do sistema físico) como
µ ¶
∂ i µ
δL = −i SL = + γ µθ ∂ L , (2)
∂θ 2
que são as suas variações funcionais.
Para que as equações de movimento sejam invariantes na forma, ou seja,
covariante, a ação Z
d4 x L
deve ser invariante,
Z Z µ ¶
4 4 ∂ i µ
δ dxL = dx + γ µθ ∂ L
∂θ 2
Z Z
∂ 4 i
= d x + γ µθ d4 x ∂ µ L = 0 , (3)
∂θ 2
e como a integral de superfície não contribui, implica que
Z
∂
d4 x L = 0 . (4)
∂θα
Significa que as lagrangeanas devem ser independentes das coordenadas θα a
menos de termos em derivada nas coordenadas do espaço-tempo, que resul-
tam em integrais de superfície.
Com a derivada covariante
∂ i¡ ¢
Dα = α − γ θ ∂µ (3.1)
∂θ 2 µ α
é possível construir os escalares
1
DDφ = −2F + θ (−χ + i (γ∂) ψ) + θθ (−D + ∂µ ∂ µ A) +
4
1 1
+ θγ 5 θ · 2i∂µ Aµ + θγ ν γ 5 θ · 2i∂ν iG +
4 4
1 ¡ ¢ 1 ¡ ¢2
+ θθ · θ iγ µ ∂µ χ + ∂ 2 ψ + θθ · 2∂ 2 F . (A4-25)
4 32
57
e
¡ ¢2 ¡ ¢ ¡ ¢
DD φ = 2 D − ∂ 2 A + θ −2iγ µ ∂µ χ − 2∂ 2 ψ +
1 ¡ ¢ 1 ¡ ¢
+ θθ −4∂ 2 F + θγ 5 θ −4∂ 2 G +
4 4
1 1
+ θγ ν γ 5 θ (−4∂ν ∂µ Aµ ) + θθ · θ2∂ 2 (−χ + iγ µ ∂µ ψ)
4 4
1 ¡ ¢2 2 ¡ ¢
+ θθ 2∂ −D + ∂ 2 A (A4-26)
32
a partir de um super-campo escalar arbitrário φ(x, θ). Para super-campos
chirais φ± (x, θ), resultam
1 1 ¡ ¢
DDφ± = −F± + θi (γ∂) ψ± + θ 1 ∓ γ 5 θ∂ 2 A± +
2 4
1 1 1 ¡ ¢2 2
± θγ ν γ 5 θ · i∂ν F± + θθ · θ∂ 2 ψ+ + θθ ∂ F± (5)
4 4 32
e
1¡ ¢2 1 ¡ ¢
DD φ± = −∂ 2 A± − θ∂ 2 ψ± ∓ θ 1 ± γ 5 θ∂ 2 F± +
4 4
i 1
∓ θγ ν γ 5 θ∂ν ∂ 2 A± + θθ · θiðψ± +
4 4
1 ¡ ¢2 2
+ θθ ∂ A+ . (6)
32
Termos do tipo
¡ ¢2
DD φ e DDφ±
satisfazem aos requisitos de uma lagrangeana supersimétrica. O único termo
¡ ¢2
significativo de DD φ é a componente D(x) do super-campo escalar φ(x, θ)
pois os outros termos aparecem como derivadas, especialmente os que depen-
dem de θ, que podem ser eliminados tomando θ = 0, isto é,
1¡ ¢2 ¯¯
DD φ¯ = D − ∂2A . (7)
2 θ=0
58
No caso dos termos DDφ± , os termos significativos são as componentes F±
dos super-campos chirais φ± (x, θ), que podem ser isolados tomando θ = 0,
1 ¯
DDφ± ¯θ=0 = −F± (x) . (9)
2
As transformações destas componentes são
59
são igualmente invariantes, e a função polinomial f (φ± ) poderia ser de qual-
quer grau. A análise da dimensionalidade dos candidatos à lagrangeana é
suficiente para eliminar termos que não sejam renormalizáveis. Tomando por
unidade de massa M, dimensão igual a 1, então (na convenção } = c = 1) a
dimensão da lagrangeana deve ser 4, lembrando que as coordenadas xµ tem
dimensão −1,
[L] = M 4 ; [xµ ] = M −1 ,
estabelecendo a dimensionalidade dos campos. A componente D(x) do pro-
duto φ+ φ− contém (veja o apêndice A5) termos do tipo
C
∂µ A+ ∂ µ A− , F+ F− e ∂µ ψ+ γ µ ψ− ,
60
4.1 Modelo de Wess-Zumino
Apresenta-se aqui um procedimento para a construção da lagrangeana de
um modelo supersimétrico simples contendo um único super-campo chiral
positivo, equação (3.25), cujo conteúdo de campos é
© ª
φ+ (x, θ) ∼ A, ψ + , F . (18)
Por questões de simplicidade, os índices ± dos campos escalares A e F serão
omitidos. A este super-campo pode-se associar o super-campo chiral negativo
como o seu conjugado complexo,
£ ¤∗ © ª
φ− (x, θ) = φ+ (x, θ) ∼ A− , ψ − , F− , (19)
para ⎧
⎪
⎪ A− = A∗
⎪
⎪
⎨
ψ− = ψ∗+ = ψC
+ , (20)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
F− = F ∗
o espinor
ψ = ψ+ + ψ−
sendo um espinor de Majorana.
Denominando por A0 (x), ψ0 (x), F 0 (x), · · · , etc. os campos contidos no
produto
φ0 (x, θ) = φ+ (x, θ).φ− (x, θ) , (21)
na lagrangeana (17) a parte cinética fica
1 0
Lc = (D − ∂µ ∂ µ A0 ) (22)
4
onde, conforme apresentado no apêndice A5,
⎧ 0
⎪
⎪ A = AA∗
⎪
⎪
⎪
⎨ 0
D = −A∂ 2 A∗ − A∗ ∂ 2 A + 4F F ∗ + 2∂µ A∂ µ A∗ + . (23)
⎪
⎪
⎪
⎪ h ³ ´ i
⎪
⎩ +2i ψC γ µ ∂µ ψ− − ∂µ ψC γ µ ψ−
+ +
∙ ¸
(1 + γ 5 ) µ ¡ ¢ (1 + γ 5 ) µ
= ψ γ ∂µ ψ − ∂µ ψ γ ψ = ψγ µ ∂µ ψ .
2 2
61
Nos termos contendo o campo A,
A∂ 2 A∗ = ∂µ (A∂ µ A∗ ) − ∂µ A∂ µ A∗
e
A∗ ∂ 2 A = ∂µ (A∗ ∂ µ A) − ∂µ A∗ ∂ µ A .
Assim,
D0 = −∂µ ∂ µ (AA∗ ) + 4∂µ A∂ µ A∗ + 4F F ∗ + 2iψγ µ ∂µ ψ ,
de modo que a parte cinética da lagrangeana fica
i 1
Lc = F F ∗ + ∂µ A∂ µ A∗ + ψγ µ ∂µ ψ − ∂µ ∂ µ (AA∗ ) .
2 2
O último termo, em derivada, não contribui na ação, podendo ser desprezado.
Eliminar este termo em derivada equivale a reescrever a equação (22) como
1 0 i
Lc = (D + ∂µ ∂ µ A0 ) = F F ∗ + ∂µ A∂ µ A∗ + ψγ µ ∂µ ψ . (24)
4 2
As funções f (φ± ) são super-campos chirais, definidas em (13) e (14), o
super-campo chiral positivo
X ¡ ¢n
f+ = f (φ+ ) = cn φ+
n
com coeficientes
⎧ P
⎪
⎪ Af+ = n cn An
⎪
⎪
⎪
⎨ P
ψf+ = n cn nAn−1 ψ+ , (25)
⎪
⎪
⎪
⎪ h i
⎩ Ff = P cn nAn−1 F −
⎪ n(n−1) n−2 C
A ψ+ψ+
+ n 2
com coeficientes
⎧ P
⎪
⎪ Af− = n cn (A∗ )n
⎪
⎪
⎪
⎨ P
ψf− = n cn n (A∗ )n−1 ψ− . (26)
⎪
⎪
⎪
⎪ h i
⎩ Ff = P cn n (A∗ )n−1 F ∗ −
⎪ n(n−1) ∗ n−2
(A ) ψC
− n 2 − ψ−
62
Assim,
1 ¯ X ∙ n(n − 1) n−2 C
¸
¯
− DDφ+ θ=0 = Ff+ = n−1
cn nA F − A ψ+ ψ+
2 n
2
e
1 ¯ X ∙ n(n − 1)
¸
− DDφ− ¯θ=0 = Ff− = ∗
cn n (A )n−1 ∗
F − ∗
(A )n−2 C
ψ−ψ−
2 n
2
∂f
f 0 (A± ) = , etc..
∂A±
A lagrangeana completa fica, feitas as substituições, e desprezando termos
em derivada,
i
Lc = F F ∗ + ∂µ A∂ µ A∗ + ψγ µ ∂µ ψ +
2
0 0 ∗ ∗ 1 h 00 00 ∗
i
+ [f (A)F + f (A )F ] − f (A)ψ− ψ+ + f (A )ψ+ ψ_ .(27)
2
A função f (A) é um polinômio de 3o. grau em A,
f (A) = c0 + c1 A + c2 A2 + c3 A3 , (28)
φ+ −→ φ+ + C
A+ −→ A+ + C ,
63
e equivale às mudanças nos coeficientes da função (28),
c1 −→ c1 + 2c2 C + 3c3 C
c2 −→ c2 + 3c3 C
c3 −→ c3
a menos de uma constante que pode ser somada à função f (A). Constantes
aditivas em f (A) não influem na lagrangeana (27) uma vez que só aparece
como derivadas. Uma escolha adequada da constante C permite fazer
c1 = 0
resultando na função
f (A) = c2 A2 + c3 A3 . (29)
Como a lagrangeana não contém derivadas dos campos F± , estas não são
variáveis dinâmicas independentes (não se pode definir os seus momentos
canônicos). São campos auxiliares que podem ser eliminados com o auxílio
da equaçaõ de Euler-Lagrange,
µ ¶
∂L ∂L ∂L
− ∂µ = =0,
∂F± ∂ (∂µ F± ) ∂F±
Como
f 0 (A) = 2c2 A + 3c3 A2 . (33)
e
0
f 0 (A) = 2c2 + 6c3 A , (34)
64
resulta
e
∙ ¸
00 (1 + γ 5 ) 00 ∗ (1 − γ 5 )
⇒ f (A)ψ ψ + f (A )ψ ψ =
2 2
£ ¤
= (2c2 ψψ + 6c3 (A + A∗ ) + 6c3 (A − A∗ ) ψγ 5 ψ .
£ ¤
+ 6c3 (A + A∗ ) + 6c3 (A − A∗ ) ψγ 5 ψ (37)
A = A1 + iA2 , (38)
¡ ¢ ¡ ¢2
LI = 12c2 c3 A21 + A22 2A1 + 9c23 A21 + A22 +
£ ¤
+ 12c3 A1 + 12c3 A2 iψγ 5 ψ . (39)
Mostra que o campo real A1 (x) é um escalar enquanto que o campo real
A2 (x) é um pseudo-escalar.
Esta é a lagrangeana de Wess-Zumino, de um super-multipleto escalar.
Contém um escalar, um pseudo-escalar e um espinor (spin 1/2) de Majorana,
representações (0, 0) e (0, 1/2) ou (1/2, 0) do grupo de Lorentz, formando um
multipleto caracterizado pela massa comum m.
Existe uma corrente conservada associada à invariança supersimétrica,
que pode ser determinada pelo método usual. Mais especificamente, existe
65
uma corrente conservada espinorial associada à super-translação, calculada
no apêndice A6. Veja que as lagrangeanas supersimétricas são somas de
componentes D(x) de super-campos escalares φ(x, θ) e de componentes F± (x)
de super-campos chirais φ± (x, θ), mais precisamente,
1 0
Lc = [D (x) + ∂µ ∂ µ A0 ] + Ff+ (x) + Ff− (x) , (40)
4
o termo em derivada servindo para cancelar um termo idêntico contido em
D0 (x). Por super-translação,
⎧
⎪
⎪ δA0 = ψ0
⎪
⎪
⎨
δD0 = −i γ µ ∂µ χ0 (41)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
δFf0± = −i γ µ ∂µ ψ0f±
e a carga espinorial Z
¡ ¢α
Qα = d3 x j 0 , (43)
Multiplicando esta equação à esquerda por (Cγ ν )βα e somando nos índices α
e β, resulta
X X¡ ¢
{Qα , Qβ } (Cγ ν )βα = γ µ C α β (Cγ ν )βα P µ ,
α,β α,β
66
2
de onde resulta, usando C = −γ 0 e C 2 = (−γ 0 ) = 1,
1X ¡ ¢
Pµ = {Qα , Qβ } γ 0 γ µ βα (45)
4 α,β
e, em especial, para µ = 0,
1X 2
P0 = H = Q ≥0. (46)
2 α α
e, para todo α,
h0| Q2α |0i ≥ 0 .
Então, para hHi0 = 0 resulta obrigatoriamente
h0| Q2α |0i = 0
e, portanto,
Qα |0i = 0 ,
isto é, todos os geradores de super-translação aniqulam o vácuo, indicando a
inexistência de degenerescência do vácuo, o que impede a quebra espontânea
de simetria.
A quebra espontânea de supersimetria pode realizar-se desde que o mín-
imo de energia seja positivo, pois
1X
hHi0 = h0| Q2α |0i ≥ 0 .
2 α
67
A construção da lagrangeana deste modelo segue os passos do anterior e,
tendo como referência a equação (17), fica
1¡ ¢2 1
L= DD (φ∗a φa ) − DD [f (φa ) + f (φ∗a )] , (49)
8 2
que deve ser calculada para θ = 0. Os super-campos φ∗a conjugados complexos
dos φa são de chiralidade positiva
∙ ¸
∗ i
θγ µ γ 5 θ∂ ∗ a 1 ∗
φa = e 4 µ
ϕa (x) + θ− ψ+ (x) + θ+ θ− Fa (x) . (50)
2
Em princípio a parte cinética poderia conter termos como
1¡ ¢2
DD (φ∗a φb ) ,
8
porém os super-campos φa (x, θ) sempre podem ser redefinidos, eliminando
estes produtos cruzados na parte cinética da lagrangeana. A função f (φa ),
neste caso, é X
f (φa ) = cn φa1 φa2 φa3 · · · φan . (51)
n
68
ou, definindo
µ ¶∗ µ ¶
∂2f (1 + γ 5 ) ∂2f (1 − γ 5 )
Mab = − ψa − ψa (56)
∂ϕa ∂ϕb 2 ∂ϕa ∂ϕb 2
e
X µ ∂f ¶∗ µ ∂f ¶
V (ϕ) = , (57)
a
∂ϕ a ∂ϕ a
ϕ0 = h0| ϕ |0i ,
onde
ltimo termo, em derivada, não contribui na ação, podendo ser desprezado.
Eliminar este termo em derivada equivale a reescrever a equação (22) como
1 0 i
Lc = (D + ∂µ ∂ µ A0 ) = F F ∗ + ∂µ A∂ µ A∗ + ψγ µ ∂µ ψ . (61)
4 2
69
As funções f (φ± ) são super-campos chirais, definidas em (13) e (14), o
super-campo chiral positivo
e
F = −f 0 (A∗ ) (62)
e
F ∗ = −f 0 (A) . (63)
Com estas substituições, a lagrangeana fica
i
Lc = ∂µ A∂ µ A∗ + ψγ µ ∂µ ψ − f 0 (A)f 0 (A∗ ) +
2
∙ ¸
1 00 (1 + γ 5 ) 00 ∗ (1 − γ 5 )
− f (A)ψ ψ + f (A )ψ ψ . (64)
2 2 2
Neste caso, a supersimetria não pode ser espontaneamente quebrada pois
hHi0 = hV i0 = 0 .
Se não existir nenhum ϕ0 tal que satisfaça a equação (60), então para qual-
quer outro mínimo,
hV (ϕ0 )i0 > 0 .
Se ϕ0 for escolhido como o vácuo do sistema, pode-se definir o novo campo
escalar
ϕ0 = ϕ − ϕ0 , (65)
o termo quadrático do potencial nesta nova variável ficando
X µ ∂2V ¶ 1
µ 2
∂ V
¶
1
µ 2
∂ V
¶
0 0∗ 0 0
∗
ϕa ϕb + ϕa ϕb + ∗ ∂ϕ∗
ϕ∗0 ∗0
a ϕb
a,b
∂ϕa ∂ϕb 0 2 ∂ϕ a ∂ϕb 0 2 ∂ϕ a b 0
Definindo µ ¶
∂2f
Aab = − , (67)
∂ϕa ∂ϕb 0
então µ ¶
∂2V X µ ∂ 2 f ¶ µ ∂ 2 f ¶∗ ¡ ¢
= = AA† ab (68)
∂ϕa ∂ϕ∗b 0 c
∂ϕa ∂ϕc 0 ∂ϕb ∂ϕc 0
70
e portanto a soma do quadrado das massa dos campos escalares ϕa é
X ¡ ¢
m2a = 2tr AA† . (69)
a
MM † = AA† ,
71
5 Formalismo de Gauge5,6,7
Na secção anterior foram apresentados modelos supersimétricos onde pode-se
notar que a parte cinética da lagrangeana do modelo em questão é invari-
ante por transformações globais de fase dos campos constituintes. Uma vez
detectada uma transformação de simetria global, pode-se implementar o for-
malismo de gauge, adotando o procedimento usual de impor a simetria por
transformações locais cujo custo é a necessidade de introduzir os campos de
gauge.
No caso supersimétrico, para manter a invariança torna-se necessária a
introdução de companheiros fermiônicos para os campos de gauge vetoriais,
formando super-multipletos pertencentes à mesma representação adjunta do
grupo de simetria considerado.
Serão consideradas apenas as simetrias internas.
A supersimetria é uma simetria externa, isto é, envolve transformações
de coordenadas que, quando tornada local, introduz como campos de gauge
os campos gravitacionais, agora com companheiros supersimétricos. É a
maneira de introduzir a gravitação no formalismo supersimétrico, conhecido
como super-gravitação.
72
Veja que em (2),
e
φa (x, θ) = eiqa ω(y) φ∗a (x, θ) (7)
para a sua conjugada complexa, supondo que.
73
Assim, nas transformações locais, a fase em si é um super-campo,
i
ω(y µ ) = ω(xµ + θγ µ γ 5 θ)
4
i 1 ¡ ¢2 2
= ω(x) + θγ µ γ 5 θ∂µ ω − θθ ∂ ω (9)
4 32
e
i
ω(y µ ) = ω(xµ − θγ µ γ 5 θ)
4
i 1 ¡ ¢2 2
= ω(x) − θγ µ γ 5 θ∂µ ω − θθ ∂ ω . (10)
4 32
Mais precisamente, ω(y µ ) é um super-campo chiral positivo e ω(y µ ) um super-
campo chiral negativo, cuja única componente independente é a função es-
calar ω(x).
Como ω(y µ ) 6= ω(y), o produto φa (x, θ)φ∗a (x, θ) não é mais invariante,
φ0∗ 0
a φa = e
iqa [ω(y)−ω(y)] ∗
φa φa , (11)
e como
i
ω(y) − ω(y) = θγ µ γ 5 θ∂µ ω , (12)
2
então
1 µ γ 5 θ∂ ω
φ0∗ 0
a φa = e
− 2 qa θγ µ
φ∗a φa . (13)
Para restabelecer a invariança intruduz-se um super-campo de gauge
Φ(x, θ) com a transformação
1
Φ(x, θ) Φ0 (x, θ) = Φ(x, θ) + θγ µ γ 5 θ∂µ ω (14)
4
de modo que o produto
φ∗a e2qa Φ φa (15)
seja invariante.
A lagrangeana supersimétrica invariante de gauge fica
1¡ ¢2 ¡ ∗ 2qa Φ ¢¯¯ 1 ¯
Lc = DD φa e φa ¯ − DD [f (φa ) + f (φ∗a )]¯θ=0 , (16)
8 θ=0 2
com a função f (φa ) restrita a termos que satisfaçam a invariança de gauge.
74
Com o super-campo Φ(x, θ) acaba-se por introduzir novos campos gauge
além do campo vetorial usual Aµ (x), todos invariantes pela transformação de
gauge (14) exceto o campo vetorial, que deve transformar-se da forma usual,
Fµν = ∂µ Aν − ∂ν Aµ
com a transformação
1 ¡ ¢
δFµν = ∂µ δAν − ∂ν δAµ = γ 5 γ µ ∂ν − γ ν ∂µ (χ + iðψ) .
2
Definindo
χ + iðψ
λ=
2
então
1¡ ¢
δλ = D + ∂ 2 A + iγ µ γ ν γ 5 Fµν
4
e, para
1¡ ¢
η= D + ∂2A
4
resulta
i i
δη = − ð (χ + iðψ) = − ðλ .
4 2
Em suma, os campos
Fµν = ∂µ Aν − ∂ν Aµ
χ + iðψ
λ = (18)
2
1¡ ¢
η = D + ∂2A
4
75
formam um super-multipleto, transformando-se entre si como
¡ ¢ i £ ¤
δFµν = γ 5 γ µ ∂ν − γ ν ∂µ λ = − γ 5 σ µν , γ η ∂ η λ
2
µ ¶
i µ ν 5
δλ = η + γ γ γ Fµν
4
(19)
i
δη = − ðλ
2
µ ¶
i 5 ν µ
δλ = η + γ γ γ Fµν .
4
Para construir a lagrangeana contendo os membros do super-multipleto,
pode-se partir de formas já conhecidas. Para o espinor, por exemplo, espera-
se que a lagrangeana livre tenha a forma usual
i
Lλ = λγ µ ∂µ λ .
2
Por super-translação,
i¡ ¢ µ i
δLλ = δλ γ ∂µ λ + λγ µ ∂µ (δλ)
2 2
i¡ ¢ µ i ¡ ¢ i¡ ¢
= δλ γ ∂µ λ + ∂µ λγ µ δλ − ∂µ λ γ µ δλ
2 2 2
i i ¡ ¢ i
= δλγ µ ∂µ λ + ∂µ λγ µ δλ + δλγ µ ∂µ λ
2 2 2
que, negligenciando o termo em derivada, leva a
µ ¶
µ i 5 ν µ
δLλ = iδλγ ∂µ λ = i η + γ γ γ Fµν ðλ
4
1 5 ν µ
= −2ηδη − γ γ γ Fµν ðλ .
4
Agora,
γ 5 γ ν γ µ Fµν ðλ = γ 5 γ ν γ µ Fµν γ η ∂ η λ = γ 5 γ ν δ µη Fµν ∂ η λ
1 5
= γ 5 γ ν Fµν ∂ µ λ = − γ Fµν (γ µ ∂ ν − γ ν ∂ µ ) λ
2
1
= − Fµν δF µν
2
76
e portanto
1
δLλ = −2ηδη + Fµν δF µν ,
8
de modo que µ ¶
i µ 1
δ λγ ∂µ λ + η 2 − Fµν F µν =0. (20)
2 16
A lagrangeana do super-multipleto, invariante supersimétrico e de gauge
será, portanto,
i 1
Lg = λγ µ ∂µ λ + η 2 − Fµν F µν .
2 16
Pode-se normalizar a lagrangeana de modo a deixar a parte do campo
tensorial com o coeficiente usual,
1
Lg −→ L0g = 2iλγ µ ∂µ λ + 4η 2 − Fµν F µν
4
ou
i 0 1
L0g = λ γ µ ∂µ λ0 + η 02 − Fµν F µν , (21)
2 4
com a redefinição dos campos
Fµν = ∂µ Aν − ∂ν Aµ
λ0 = 2λ = χ + iðψ (22)
1¡ ¢
η 0 = 2η = D + ∂ 2A
2
¡ ¢ 1 ¡ ¢
δFµν = γ 5 γ µ ∂ν − γ ν ∂µ λ = γ 5 γ µ ∂ν − γ ν ∂µ λ0
2
µ ¶
i
δλ0 = η 0 + γ µ γ ν γ 5 Fµν
2
(23)
i
δη 0 = − ðλ0
2
µ ¶
0 0 i 5 ν µ
δλ = η + γ γ γ Fµν .
2
77
Como a transformação do campo escalar η(x) por super-translação é um
termo de derivada, pode-se acrescentar à lagrangeana o termo conhecido
como de Fayet-Iliopoulos,
LF I = −2ξη(x) , (24)
78
Na parte cinética da lagrangeana, o produto dos super-campos φ∗a φa , que
não é mais invariante, transformando-se como
∗ (x,θ)]
φ∗a φa −→ e−iqa [Ω(x,θ)−Ω φ∗a φa ,
deve ser substituído pela expressão
φ∗a e2qa Φ φa
que será invariante se o super-campo de gauge transformar-se como
i
Φ −→ Φ0 (x, θ) = Φ(x, θ) + [Ω(x, θ) − Ω∗ (x, θ)] . (29)
2
O super-campo de gauge Φ(x, θ) pode ser decomposto nas suas partes
chirais irredutíveis,
Φ(x, θ) = Φ+ (x, θ) + Φ− (x, θ) + Φ1 (x, θ) (30)
e, escolhendo como real tal que Φ− (x, θ) = Φ∗+ (x, θ), de modo que a trans-
formação de gauge fique
i i
Φ0 (x, θ) = Φ+ (x, θ) − Ω∗ (x, θ) + Φ− (x, θ) + Ω(x, θ + Φ1 (x, θ)) , (31)
2 2
pode-se ver que a parte chiral Φ+ (x, θ) é completamente arbitrária, podendo
ser suprimida por uma escolha adequada de gauge, restando a parte irre-
dutível Φ1 (x, θ) que contem um campo escalar, A1 (x), um campo espinorial,
ψ1 (x) e o campo vetorial A1µ (x) que deve satiafazer à condição de gauge
∂ µ A1µ (x) = 0 .
Embora o super-campo irredutível Φ1 (x, θ) aparente ser o candidato nat-
ural para representar o super-multipleto dos campos de gauge, há uma séria
restrição, pois o produto invariante
φ∗a e2qa Φ1 φa
pode conter potências arbitrárias de Φ1 , tornando-o não renormalizável. Por
esta razão recorre-se a uma representação diferente.
Considere o super-campo escalar na sua forma geral, equação (2.43) da
secção anterior,
1 i
φ(x, θ) = A(x) + θψ(x) + θθF (x) + θγ 5 θG(x) +
4 4
1 1¡ ¢ 1 ¡ ¢2
+ θγ µ γ 5 θAµ (x) + θθ .θχ(x) + θθ D(x) . (32)
4 4 32
79
Como
¡ ¢ 1
Ω(x, θ) − Ω∗ (x, θ) = (ω − ω ∗ ) + θ S− − S−∗ + θθ (W − W ∗ ) +
2
1 1
+ θγ 5 θ (W + W ∗ ) + θγ µ γ 5 θ∂µ (−i) (ω + ω∗ ) +
2 4
i ¡ ¢ 1 ¡ ¢ 2
− θθ.θγ µ ∂µ S− − S−∗ − θθ ∂ (ω − ω ∗ ) ,(33)
4 32
a transformação (29) corresponde às transformações dos campos
⎧
⎪
⎪ A(x) −→ A(x) − ω I (x)
⎪
⎪
⎪
⎪ ψ(x) −→ ψ(x) − S−,I (x)
⎪
⎪
⎨ F (x) −→ F (x) + ω I (x)
G(x) −→ G(x) − ωR (x) , (34)
⎪
⎪
⎪
⎪ A µ (x) −→ A µ (x) + ∂ ω
µ R (x)
⎪
⎪
⎪
⎪ χ(x) −→ χ(x) + iðS −,I (x)
⎩ 2
D(x) −→ D(x) + ∂ ωI (x)
onde os índices R e I indicam as partes real e imaginária, respectivamente.
O importante é que os campos
F (x), λ(x), η(x)
que formam o super-multipleto são invariantes por estas transformações,
de modo que a lagrangeana livre de gauge e o termo de Fayet-Iliopoulos,
equações (21) e (24), respectivamente, são automaticamente invariantes pela
transformação de gauge generalizada (29), o que permite escolher as funções
ω(x), S(x) e W (x) tal que anulem os campos indesejáveis,
A(x) = F (x) = G(x) = ψ(x) = 0 ,
o super-campo de gauge assumindo a forma
1 1 1¡ ¢
Φ(x, θ) = θγ µ γ 5 θAµ (x) + θθ.θλ(x) + θθ η(x) . (35)
4 2 8
Conhecida como gauge de Wess-Zumino, nesta escolha a transformação de
gauge (29) fica
i
Φ −→ Φ0 (x, θ) = Φ(x, θ) + [Ω(x, θ) − Ω∗ (x, θ)]
2
1
= Φ(x, θ) + θγ µ γ 5 θ∂µ ω , (36)
4
80
que justamente coincide com a transformação não generalizada (14) onde
Ω(x, θ) = ω(y)
81
A seguir, serão definidos os produtos (sem soma em a)
e (com soma em a)
φ00 = e2qa Φ φ0a . (43)
Os campos resultantes, coeficientes de φ0a e φ00 , podem ser obtidos usando as
expressões da regra de produto de super-campos do apêndice A5.
O super-campo φ0a , produto de super-campos de chiralidades positiva e
negativa, não tem chiralidade defintida, e os campos componentes são
A0a = ϕ∗a ϕa
ψ0a = ϕ∗a ψa− + ψa− ϕa
Fa0 = ϕ∗a Fa + Fa∗ ϕa
G0a = i (ϕ∗a Fa − Fa∗ ϕa )
a
A0aµ = −iϕ∗a ∂µ ϕa + iϕa ∂µ ϕ∗a − ψ− γ µ ψa−
χ0a = −iϕ∗a γ µ ∂µ ψa− − iϕa γ µ ∂µ ψ∗a a a a a
− + 2ψ + F + 2F ψ − +
+iγ µ ψ∗a µ a
+ ∂µ ϕa + iγ ψ − ∂µ ϕa
∗
82
A lagrangeana (38) fica
1 ¡ 00 ¢ 1¡ 0 ¢
L0 = D + ∂ 2 A00 = D + ∂ 2 A0 aa + LI (44)
4 4
onde
1¡ 0 ¢ i a
Lc = D + ∂ 2 A0 aa = ∂µ ϕ∗a ∂ µ ϕa + ψ γ µ ∂µ ψa + Fa∗ Fa (45)
4 2
é a parte cinética dos campos originais e
¡ ¢
LI = 2qa η + qa2 Aµ Aµ ϕ∗a ϕa +
³ a
´ ¡ ¢
+qa Aµ iϕa ∂ µ ϕ∗a − iϕ∗a ∂ µ ϕa − ψ− γ µ ψa− − 2qa λ ϕ∗a ψa− + ψ∗a
− ϕ(46)
a
e
a a (1 + γ 5 ) µ (1 − γ 5 ) a 1 a
ψ− γ µ ψa− = ψ γ ψ = − ψ γ µγ 5 ψa
2 2 2
pois
a
ψ γ µψa = 0
e, portanto,
i a µ a i a ¡ ¢
ψ γ ∂µ ψa − qa Aµ ψ− γ µ ψa− = ψ γ µ ∂µ − iqa γ 5 Aµ ψa ,
2 2
de modo que a lagrangeana (38) pode ser escrita em termos das derivadas
covariantes de gauge
Dµ ϕa = (∂ µ + iqa Aµ ) ϕa (47)
e ¡ ¢
Dµ ψa = ∂ µ − iqa γ 5 Aµ ψa , (48)
resultando
i a
L0 = Lc + LI = Fa∗ Fa + Dµ ϕ∗a Dµ ϕa + ψ γ µ Dµ ψa +
2
∙ ¸
(1 − γ 5 ) ∗ (1 + γ 5 )
∗
+2qa ηϕa ϕa − 2qa λ ϕa + ϕa ψa . (49)
2 2
83
A lagrangeana completa, é (somados em a e b)
i a
L = Fa∗ Fa + Dµ ϕ∗a Dµ ϕa + ψ γ µ Dµ ψa +
2
∙ ¸
(1 − γ 5 ) ∗ (1 + γ 5 )
∗
+2qa ηϕa ϕa − 2qa λ ϕa + ϕa ψa +
2 2
µ ¶∗ µ ¶
∂f ∂f 1 a
+ ∗
Fa + Fa + ψ Mab ψb +
∂ϕa ∂ϕa 2
i 1
+ λγ µ ∂µ λ + η 2 − Fµν F µν − 2ξη , (50)
2 4
com a definição
µ ¶∗ µ ¶
∂2f (1 + γ 5 ) ∂2f (1 − γ 5 )
Mab = − − . (51)
∂ϕa ∂ϕb 2 ∂ϕa ∂ϕb 2
Esta lagrangeana contém os campos auxiliares Fa e η que podem ser elimi-
nados com o auxílio da equação de Euler-Lagrange,
µ ¶∗
∂f
Fa = −
∂ϕa
e X
η=ξ− qa ϕ∗a ϕa ,
a
de modo que
µ ¶∗ µ ¶ X µ ∂f ¶∗ µ ∂f ¶
∂f ∂f
LF = Fa∗ Fa + Fa∗ + Fa = − (52)
∂ϕa ∂ϕa a
∂ϕa ∂ϕa
e à !2
X
Lη = η 2 + 2qa ηϕ∗a ϕa − 2ξη = −η 2 = − ξ − qa ϕ∗a ϕa . (53)
a
Estes termos definem o potencial
à !2
X µ ∂f ¶∗ µ ∂f ¶ X
V (ϕ) = + ξ− qa ϕ∗a ϕa , (54)
a
∂ϕ a ∂ϕa a
84
5.4 Grupo Não-Abeliano7
No modelo de Wess-Zumino extendido, representado por super-campos chi-
rais negativos, cujos campos componentes são
© ª
ϕa (x), ψ a− (x), Fa (x) ,
£ ¤
= eitA ωA (y) ba
φ∗b (x, θ) . (59)
não sendo invariante, portanto. Para construir um novo produto que seja
invariante local, introduz-se os super-campos de gauge ΦA (x, θ) com a trans-
formação
e2tA ΦA −→ eitA ωA (y) e2tA ΦA e−itA ωA (y) (61)
85
de modo que o produto invariante seja
£ ¤
φ† (x, θ)e2tA ΦA φ(x, θ) = φ∗a (x, θ) e2tA ΦA ab φb (x, θ) . (62)
D+ ΩA = D− Ω∗A = 0 . (67)
transforma-se como
£ ∗ ∗ ¤
ψ−− −→ D− D+ e−itB ΩB e2tA ΦA eitC ΩC D− e−itD ΩD e−2tE ΦE eitF ΩF
(69)
£ −it Ω 2t Φ −2tE ΦE itF ΩF
¤ £ −it Ω itF ΩF
¤
= D− D+ e B B
e A A
D− e e = e B B
ψ−− e ,
86
Do mesmo modo o super-campo espinorial
£ ¤
ψ++ ∼ D+ D− e−2tA ΦA D+ e2tB ΦB (70)
transforma-se como
£ ∗ ∗ ¤
ψ++ −→ e−itB ΩB ψ++ eitF ΩF , (71)
ψ−− ψ++ ,
87
A transformação de gauge (61) em forma infinitesimal fica
tranaforma-se como
0
FAµν = FAµν − fABC ωC FBµν (83)
89
é a derivada covariante sobre o campo λA .
O termo de Fayet-Ilioupoulos é
LF I = −2ξ A η A , (87)
A
para ξ constantes arbitrárias.
A parte cinética mais as interações de gauge é dada por
1¡ ¢2 ¡ ¢ 1¡ ¢2 £ ¤
L0 = DD φ† e2tA ΦA φ = DD e2tA ΦA ab φ∗a φb , (88)
8 8
O produto
φ0a = φ∗a φb
tem os coeficientes
A0ab = ϕ∗a ϕb
ψ0ab = ϕ∗a ψb− + ψa− ϕb
0
Fab = ϕ∗a Fb + Fa∗ ϕb
G0ab = i (ϕ∗a Fb − Fa∗ ϕb )
a
A0abµ = −iϕ∗a ∂µ ϕb + iϕb ∂µ ϕ∗a − ψ− γ µ ψb−
χ0ab = −iϕ∗a γ µ ∂µ ψb− − iϕb γ µ ∂µ ψ∗a a ∗ b
− + 2ψ + Fb + 2Fa ψ − +
+iγ µ ψ∗a µ b
+ ∂µ ϕb + iγ ψ − ∂µ ϕa
∗
0
Dab = −ϕ∗a ∂ 2 ϕb − ϕb ∂ 2 ϕ∗a + 4Fa∗ Fb + 2∂ µ ϕ∗a ∂µ ϕb +
³ a
´ a
−2i ∂ µ ψ− γ µ ψb− + 2iψ− γ µ ∂ µ ψb− (89)
e o produto £ ¤
φ00 = e2tA ΦA ab φ∗a φb
(somados em a e b) os coeficientes
A00 = A0aa = ϕ∗a ϕa
¡ ¢
ψ00 = ψ0aa = ϕ∗a ψa− + ψa− ϕa
F 00 = 0
Faa = ϕ∗a Fa + Fa∗ ϕa
G00 = G0aa = i (ϕ∗a Fa − Fa∗ ϕa )
³ a
´
A00µ = −iϕ∗a ∂µ ϕa + iϕa ∂µ ϕ∗a − ψ− γ µ ψa− + 2ϕ† tA ϕAAµ
³ ¡ ¢ ´
0
χ00 = χ0aa + 4ϕ† tA ϕλ − γ µ γ 5 2tA AA µ ab ψ ab
¡ µ¢
D00 0
= Daa + ϕ† 8tA η A + 4tA tB AA µ AB ϕ +
³ a
´
µ ∗ ∗ b
+4 (tA AA )ab iϕa ∂µ ϕb − iϕa ∂µ ϕb + −ψ− γ µ ψ− +
¡ ¢ ¡ ¢
−8 tA λA ab ϕ∗a ψb− + ψ∗a − ϕb (90)
90
A lagrangeana (88), calculada para θ = 0, é
1 ¡ 00 ¢ 1¡ 0 ¢
L0 = D + ∂ 2 A00 = D + ∂ 2 A0 aa + LI
4 4
= Lc + LI ,
¡ ¢ ³ a µ b
´
+ tA AA
µ ab iϕb ∂ µ ∗
ϕa − iϕ∗ µ
a ∂ ϕb − ψ − γ ψ − +
A ¡ ∗ b ¢
−2 (tA )ba λ ϕa ψ− + ψ∗a
− ϕb (92)
ou
h¡ ¢ i£ ¤
L0 = ∂µ − it∗A AA ϕ∗
µ ab b (∂ µ + itB AµB )ac ϕc +
∙µ ¶ ¸
i a B (1 − γ 5 )
+ ψ γµ ∂µ + itB Aµ ψb + Fa∗ Fa +
2 2 ab
A £ ¤
+2ϕ∗a (tA )ab ϕb η A − 2 (tA )ba λ ϕ∗a ψb− + ψ∗a
− ϕb . (93)
A lagrangeana total é
L = L0 + Lgauge + LF I + Lf
91
ou, explicitamente,
h¡ ¢ i£ ¤
L = ∂µ − it∗A AA ϕ∗
µ ab b (∂ µ + itB AµB )ac ϕc +
∙µ ¶ ¸
i a B (1 − γ 5 )
+ ψ γµ ∂µ + itB Aµ ψb + Fa∗ Fa +
2 2 ab
A £ ¤
+2ϕ∗a (tA )ab ϕb η A − 2 (tA )ba λ ϕ∗a ψb− + ψ∗a
− ϕb +
i ¡ ¢ B 1 A µν
+ λA γ µ ∂µ + fC AC A
µ AB λ + η A η − Fµν FA +
2 4
µ ¶∗ µ ¶
∂f ∂f
−2ξ A η A + Fa∗ + Fa +
∂ϕa ∂ϕa
µ 2 ¶∗ µ 2 ¶
1 ∂ f a (1 + γ 5 ) 1 ∂ f a (1 − γ 5 ) b
− ψ − ψ ψ . (95)
2 ∂ϕa ∂ϕb 2 2 ∂ϕa ∂ϕb 2
e
X X £ ¡ ¢ ¤
Lη = − ηAηA = − [ξ A − (tA )bc ϕ∗b ϕc ] ξ A − tA de ϕ∗d ϕe , (101)
A A
92
que constituem os termos do potencial, definido como
X µ ∂f ¶∗ µ ∂f ¶ X £ ¡ ¢ ¤
V (ϕ) = + [ξ A − (tA )bc ϕ∗b ϕc ] ξ A − tA de ϕ∗d ϕe .
a
∂ϕa ∂ϕa A
(102)
Definindo o termo de massa dos férmions,
µ 2 ¶∗ µ 2 ¶
∂ f (1 + γ 5 ) ∂ f (1 − γ 5 )
Mab = − − (103)
∂ϕa ∂ϕb 2 ∂ϕa ∂ϕb 2
i ¡ ¢ B 1 A µν
+ λA γ µ ∂µ + fC AC
µ AB λ − Fµν FA +
2 4
A £ ∗ b ¤ 1 a
−2 (tA )ba λ ϕa ψ− + ψ∗a b
− ϕb + ψ Mab ψ − V (ϕ) . (104)
2
93
6 Modelo SU(3) × SU(2) × U(1)9,10
Considerar-se-á nesta secção a extensão supersimétrica do modelo SU(3) ×
SU (2) × U(1) que, embora não seja fenomenologicamente adequado, serve
para ilustrar os problemas e as dificuldades inerentes aos modelos super-
simétricos.
Como a supersimetria não é uma lei natural da natureza no universo
atual, uma das primeiras providências que se tem em mente é justamente
quebrá-la, de preferência pelos mecanismos de quebra espontânea. Neste
modelo descrito por S. Weinberg, sugere-se que a supersimetria sobreviva
até uma escala de energia ordinária, da ordem de 300GeV , o que poderia
ajudar a superar o problema da hierarquia presente nas teorias de gauge
atuais. Também trará importantes consequências fenomenológicas, por ser
acessível à experimentação.
O modelo mínimo contém os quarks e os léptons usuais como componentes
fermiônicos de um conjunto de super-campos chirais, que estão relacionados
na tabela a seguir, juntamente com a representação dentro dos grupos SU(3),
SU (2) e U(1). Somente os quarks são coloridos, tripletos de SU (3); as com-
ponentes de mão esquerda são dupletos de SU(2), e as componentes de mão
direita singletos de SU (2).
Abaixo segue uma tabela contendo os super-campos e as partículas con-
tidos no modelo:
94
para os léptons, cujos membros ou gerações devem ser convenientemente
somados.
A lagrangeana supersimétrica completa é dada em (5.104) da secção an-
terior,
h¡ ¢ i£ ¤
L = ∂µ − it∗A AA ϕ∗
µ ab b (∂ µ + itB AµB )ac ϕc +
∙µ ¶ ¸
i a B (1 − γ 5 )
+ ψ γµ ∂µ + itB Aµ ψb +
2 2 ab
i ¡ ¢ B 1 A µν
+ λA γ µ ∂µ + fC AC
µ AB λ − Fµν FA +
2 4
A £ ∗ b ¤ 1 a
−2 (tA )ba λ ϕa ψ− + ψ∗a
− ϕb + ψ Mab ψb − V (ϕ) , (5.104)
2
onde
µ ¶∗ µ ¶
∂2f (1 + γ 5 ) ∂2f (1 − γ 5 )
Mab = − − (5.103)
∂ϕa ∂ϕb 2 ∂ϕa ∂ϕb 2
é o termo de massa dos férmions é
X µ ∂f ¶∗ µ ∂f ¶ X £ ¡ ¢ ¤
V (ϕ) = + [ξ A − (tA )bc ϕ∗b ϕc ] ξ A − tA de ϕ∗d ϕe
a
∂ϕa ∂ϕa A
(5.102)
o potencial definido pelos campos escalares.
Na realidade, Mab e V (ϕ) são funções de ϕa e ϕ∗a , e f = f (ϕa ) é a parte
escalar do super-potencial f (φa ) construído como função somente dos super-
campos chirais negativos (secção 4). A expressão do potencial, explicitados
os geradores FA = λA /2 de SU(3), σ i /2 de SU(2) e Y se U(1) fica
µ ¶∗ µ ¶
∂f ∂f
V (ϕ) = +
∂ϕa,α ∂ϕa,α
∙ ¸" ¡ A¢ #
(λA )bc ∗ λ
+ ξA − ϕb,α ϕc,α ξ A − de ∗
ϕd,β ϕe,β +
2 2
∙ ¸∙ ¸
0
(σ i )αβ ∗ 0i
(σ i )γδ ∗
+ ξi − ϕb,α ϕb,β ξ − ϕd,γ ϕd,δ +
2 2
£ ¤£ ¡ ¢ ¤
+ ξ 00 − Yϕ ϕ∗b,α ϕb,α ξ A − tA de ϕ∗d,β ϕd,β , (1)
onde a, b, c, · · · (variando de 1 a 3) e A (variando de 1 a 8) são índices de
SU (3), e α, β, γ, · · · (variando de 1 a 2) e i (variando de 1 a 3) são índices
de SU (2).
95
Os seguintes produtos conservam a hipercarga de U (1):
⎧ α β ∗
⎪
⎪ LL LL ER
⎪
⎪
⎨
Qa,α ∗b β
L DR LL
.
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ ∗a ∗b ∗c
UR DR DR
Para tornar invariantes por SU (3) e SU(2), deve-se contrair os índices ade-
quadamente a fim de resultar em singletos nos dois grupos,
⎧ α 0β ∗
⎪
⎪ αβ LL LL ER
⎪
⎪
⎨
a,α ∗b β
αβ QL DR LL ,
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ abc ∗a ∗b 0∗c
UR DR DR
as linhas indicando gerações diferentes. O super-potencial é a combinação
linear dos três termos invariantes acima,
α 0β ∗ a,α ∗b β abc
f (φ) = a1 αβ LL LL ER + a2 αβ QL DR LL + a3 UR∗a DR
∗b 0∗c
DR , (2)
hNL i0 6= 0. (4)
Assim, calculadas no vácuo, todas as derivadas primeiras do super-potencial
são identicamente nulas, µ ¶
∂f
≡0. (5)
∂ϕa
Derivadas de segunda ordem não nulas são
µ ¶ D E
∂2f
= a1 αβ L0β
L = a1 α1 hNL0 i0 (6)
∂LαL ∂ER∗ 0 0
e µ ¶ D E
∂2f
a,α ∗a
= a2 αβ LβL = a2 α1 hNL i0 , (7)
∂QL ∂DR 0 0
96
as quais definem as massas dos férmions.
Derivadas de terceira ordem não nulas são
à !
∂ 3f
= a1 αβ , (8)
∂LαL ∂L0β ∗
L ∂ER 0
à !
∂3f
= a2 αβ (9)
∂Qa,α ∗a
L ∂DR ∂LL
β
0
e µ ¶
∂3f abc
= a3 , (10)
∂UR∗a ∂DR∗a 0∗c
∂DR 0
que definem os acoplamentos de Yukawa.
Fazendo a expansão de Mab ao redor do ponto de mínimo
e redefinindo os campos
ϕa − hϕa i0 −→ ϕa (12)
resulta exatamente
µ ¶ µ ¶
∂Mab ∂Mab
Mab = (Mab )0 + ϕc + ϕ∗c , (13)
∂ϕc 0 ∂ϕ∗c 0
Assim,
1 a
LMψ = ψ Mab ψb (14)
2
define as massas dos férmions e
∙µ ¶ µ ¶ ¸
1 a ∂Mab ∂Mab
LY uk = ψ ϕ + ϕ ψb
∗
(15)
2 ∂ϕc 0 c ∂ϕ∗c 0 c
os acoplamentos de Yukawa.
Em (6-14),
µ ¶
∂2f (1 − γ 5 )
(Mab )0 = − + c.c.
∂ϕa ∂ϕb 0 2
97
(c.c. indica complexo conjugado), cujos termos não nulos são
µ ¶
∂2f (1 − γ 5 )
(M α e∗ )0 = − α ∗
+ c.c.
∂LL ∂ER 0 2
D E
= −a1 αβ L0β L = −a1 α1 hNL0 i0 (16)
0
e
µ ¶
∂ 2f (1 − γ 5 )
(Mqa,α d∗,a )0 = − a,α ∗a
+ c.c.
∂QL ∂DR 0 2
e
(Mda d∗,a )0 = a2 hNLe + NLe + NLµ + NLτ i0 (19)
que aparecem na lagrangeana como
1 1
LMψ = Mee∗ ψe ψe∗ + Me∗ e ψe∗ ψe + (e −→ µ, τ ) +
2 2
1 1
+ Mdd∗ ψd ψd∗ + Md∗ d ψd∗ ψd + (d −→ s, b) .
2 2
Veja que ψa são espinores de Majorana, por construção. Por exemplo,
ψe = eL + e∗L
e
ψe∗ = e∗R + eR ,
que não representam as funções de onda dos elétrons ou pósitrons. No en-
tanto,
onde ⎧
⎨ e = eR + eL
(20)
⎩ ∗
e = e∗R + e∗L
98
representam os elétrons e os pósitrons e, portanto,
1 1
LMψ = Mee∗ ee + Me∗ e e∗ e∗ + (e −→ µ, τ ) +
2 2
1 1 ∗
+ Mdd∗ dd + Md∗ d d d∗ + (d −→ s, b) , (21)
2 2
a massa dos elétrons sendo Mee∗ = Me∗ e e a massa dos quarks d, Mdd∗ = Md∗ d .
Os neutrinos e os quarks u continuam sem massa.
Quanto aos acoplamentos de Yukawa,
∙µ ¶ µ ¶ ¸
1 a ∂Mab ∂Mab
LY uk = ψ ϕc + ∗
ϕc ψb
∗
2 ∂ϕc 0 ∂ϕc 0
∙µ ¶ µ ¶∗ ¸
1 a ∂3f (1 − γ 5 ) ∂3f (1 + γ 5 ) ∗ b
= − ψ ϕc + ϕc ψ
2 ∂ϕa ∂ϕb ∂ϕc 0 2 ∂ϕa ∂ϕb ∂ϕc 0 2
X a ∙µ ∂ 3f
¶
(1 − γ 5 )
¸
= − ψ ϕc + c.c. ψb
a≥b
∂ϕ a ∂ϕ b ∂ϕc 0 2
99
ou, de forma mais concisa,
h ∗α ∗ α ∗
i
LY uk = −a1 αβ L ER∗ 0β
+ 0
L LL eR +
h a
i
β
−a2 αβ q ∗a,α DR
∗a
L + dR Qa,α
L L
β
+ qL ∗a,α
LβL d∗a
R +
h a
i
abc
−a3 ubR DR
∗c 0∗a
dR + dcR UR∗b d0∗a
R + d0 D ∗c u∗b + c.c. .
R R R
100
A componente seguinte da lagrangeana contém interações lépton-quark,
h a
i
β
Lq, = −a2 αβ q
∗a,α ∗a
DR L + dR Qa,α
L
β
L + qL ∗a,α LβL d∗a
R + c.c. , (23)
101
Figure 2: Diagrama de Feynman representando decaimentos de prótons.
∗
representado por L1 = dR , L2 = uR e L5 = uR decaindo para o méson
∗
π + (L3 = dL e L6 = uR ) mais o neutrino L4 = ν L , intermediado pelo
0
bóson escalar L = DR . Estas reações de primeira ordem, intermediadas pelos
escalares companheiros super-simétricos dos quarks, com escala de massa da
ordem de . 300GeV , são catastróficas.
Tem pelo menos três pontos incorretos neste modelo:
102
Os quarks u podem ser tornados massivos introduzindo um super-campo
de Higgs HL , de chiralidade negativa, singleto SU(3), dupleto SU(2) e hiper-
carga Y = 1/2.
A conservação de B − L é obtida introduzindo uma simetria discreta,
invariança pela troca de sinal de todos os super-campos dos quarks e léptons.
Isto elimina as três interações anteriores, equação (2), e portanto torna-se
necessário um outro super-campos de Higgs HL0 , singleto SU(3), dupleto de
SU (2) e hipercarga Y = −1/2, para gerar as massas dos quarka d. Os
super-campos HL e HL0 são considerados pares pela simetria discreta acima
definida, isto é, quando todos os super-campos dos quarks e léptons mudam
de sinal, os super-campos de Higgs mantêm o mesmo sinal.
Os produtos invariantes são
α 0β
αβ HL HL
α β ∗
αβ HL LL ER
α αβ ∗a
αβ HL QL DR
0α αβ ∗a
αβ HL QL UR
resultando o super-potencial
α 0β α β ∗ α αβ ∗a
f (ϕ) = a1 αβ HL HL + a2 αβ HL LL ER + a3 αβ HL QL DR +
0α αβ ∗a
+a4 αβ HL QL UR . (25)
resultam
1β
(M β c∗ )0 ∼ hNL i0
¡ ¢ 1β
0®
Mqαβ d∗a 0 ∼ YL 0
¡ ¢ 2β
Mqαβ u∗a 0 ∼ hUL0 i0 (27)
103
correspondentes às massas dos férmions (e, µ, τ ), os quarks d (d, s, b) e os
quarks u (u, c, t), cujos valores numéricos devem ser ajustados fenomeno-
logicamente. Os neutrinos permanecem sem massa.
Os números B e L são automaticamente conservados, associando-se B =
L = 0 para os super-campos de Higgs, de modo que, pelo menos em primeira
ordem o modelo está protegido do decaimento dos prótons.
Resta o problema dos escalares leves, que somente pode ser resolvido à
mão impondo uma quebra explícita de supesimetria.
Decaimentos de pròtons podem ocorrer em processos de ordem mais alta,
associados a interações efetivas que não conservem B e L. Interações efetivas
de mais baica ordem, e portanto menos suprimidas, são as de dimensão 5,
correspondentes aos termos não renormalizáveis do super-potencial, a saber
QL QL UR∗ DR
∗
B = L=0
QL QL QL LL B = 3, L = 1
UR∗ UR∗ DR
∗ ∗
ER B = −3, L = −1
104
Bibliografia
105
106
SUPERSIMETRIA
Introdução pelo formalismo dos super-campos
APÊNDICES
107
1 Métrica
As coordenadas do espaço-tempo são dadas por
¡ ¢ ¡ ¢
(xµ ) = x0 , xi = x0 , x1 , x2 , x3 ,
~=1ec=1,
x0µ = Λµ ν xν + aν
s2 = xµ xµ = x0µ x0µ ,
onde
xµ = gµν xν ,
o tensor métrico definido pela matriz
⎛ ⎞
1 0 0 0
⎜ 0 −1 0 0 ⎟
gµν = g µυ = ⎜
⎝ 0
⎟ , (A1-1)
0 −1 0 ⎠
0 0 0 −1
isto é, ⎧ 00
⎨ g =1
g ii = −1 (i = 1, 2, 3) . (A1-2)
⎩ µυ
g = 0 para µ 6= ν
O tensor métrico é utilizado para transformar um vetor contra-variante Aµ
num vetor covariante Aµ e vice-versa,
Aµ = gµν Aν (A1-3)
e
Aµ = gµν Aν . (A1-4)
Veja que ½
ν µ 1 se µ = ν
gµ =g ν = δ µν = . (A1-5)
0 se µ 6= ν
108
Como no caso da métrica, define-se os produtos escalares de dois quadri-
vetores
AB = Aµ B µ = Aµ Bµ = gµν Aµ B ν = A0 B 0 − Ai B i . (A1-6)
¤2 = ∂ µ ∂µ = ∂02 − O2 , (A1-8)
¤2 = ∂ µ ∂µ = ∂ 2 . (A1-10)
{γ µ , γ ν } = 2g µν ,
então
1 µ ν
(γA) (γA) = γ µ Aµ γ ν Aν = {γ , γ } Aµ Aν = g µν Aµ Aν = Aµ Aµ (A1-13)
2
e, em especial,
109
2 Matrizes de Dirac[2,3,11]
As matrizes γ µ de Dirac, presentes na equação de Dirac,
(iγ µ ∂µ − m) ψ = 0 (A2-1)
{γ µ , γ ν } = γ µ γ ν + γ ν γ µ = 2g µν , (A2-2)
eµ = U γ µ U † ,
γ (A2-4)
x0µ = Λµ ν xν ,
transforma-se como
para µ ¶
i µν
S(Λ) = exp − ω µν σ , (A2-7)
4
onde ωµν = −ω νµ são os parâmetros da transformação de Lorentz e
i µ ν
σ µν = [γ , γ ] . (A2-8)
2
Veja que
¡ 0i ¢†
σ = −σ 0i = −iγ 0 γ i
e
¡ ij ¢†
. σ = σ ij = iγ i γ j . (A2-9)
110
Uma outra combinação útil é
γ 5 = γ 5 = iγ 0 γ 1 γ 2 γ 3 , (A2-10)
com as propriedades
¡ 5 ¢† ¡ ¢2
γ = γ5 e γ5 = 1 (A2-11)
além das relações de anti-comutação
© 5 µª
γ ,γ = 0 (A2-12)
e © 5 µν ª
γ ,σ =0. (A2-13)
Envolvendo σ µν ainda tem as relações de comutação
e
[σµν , σ ηχ ] = −2i (g νχ σ ηµ + g µχ σ νη + gνη σ µχ + g µη σ χν ) (A2-15)
obtidas a partir da relação básica (A2-2), com o auxílio eventual das identi-
dades
{AB, C} = A {B, C} − [A, C] B
e
[AB, C] = A {B, C} − {A, C} B .
Tem ainda as igualdades
⎧
⎪
⎪ γ 0 γ µ γ 0 = (γ µ )†
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ †
⎨ γ 0 γ 5 γ 0 = − (γ 5 ) = −γ 5
. (A2-16)
⎪
⎪ †
⎪
⎪ γ 0 γ µ γ 5 γ 0 = − (γ 5 γ µ )
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ 0 µν 0
γ σ γ = (σ µν )†
ψ = ψ† γ 0 (A2-17)
e a conjugação de carga
T
ψC = Cψ , (A2-18)
111
onde C é a matriz de conjugação de carga que deve satisfazer às relações
⎧
⎪
⎪ Cγ µ C −1 = −γ Tµ
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ −1 T
⎨ Cγ 5 C = −γ 5
. (A2-19)
⎪
⎪ −1
Cσ µν C = −σ µν T
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ ¡ ¢T
⎩
Cγ 5 γ µ C −1 = γ 5 γ µ
µ ¶
0 I 0
γ = β=
0 I
µ ¶
0 σi
γi = i
βα =
−σ i 0
µ ¶
0 I
γ5 =
I 0
µ ¶
2 0 0 σ2
C = iγ γ = −i
σ2 0
C T = C † = −C; CC † = C † C = 1; C 2 = 1 (A2-21)
112
µ ¶
0 0 I
γ = β=
I 0
µ ¶
0 −σ i
γi = i
βα =
σi 0
µ ¶
I 0
γ5 =
0 −I
µ ¶
−σ 2 0
C =
0 σ2
C T = C † = −C; CC † = C † C = 1; C 2 = 1 (A2-22)
A ligação com a representação de Dirac faz-se usando a matriz
µ ¶
1 I −I
U=√ (A2-23)
2 I I
através da operação matricial
γ µchiral = Uγ µDirac U † . (A2-24)
As representações do grupo de Lorentz são indicados pelos pares (n, m),
o spin dado pela soma n + m. Em especial, para spin 1/2, tem-se as repre-
sentações µ ¶ µ ¶
1 1
,0 e 0, ,
2 2
que identificam os espinores de mão esquerda e direita, respectivamente ψL (x)
e ψR (x). Estas representações não tem paridade definida, por reflexão espa-
cial transformando-se uma na outra. São denominados espinores de Weyl,
e contém cada um duas componentes complexas. É comum, na literatura,
indicar as componentes do espinor de mão direita por um índice simples,
(ψR )α = ψα (A2-25)
e por um índice pontuado as componentes do espinor de mão esquerda,
(ψL )α = ψα. , (A2-26)
.
α e α variando de 1 a 2. Pela transformação de Lorentz, os espinores de Weyl
transformam-se pelo grupo SU (2),
ψ0L (x0 ) = SL ψL (x)
e
0 0
ψR (x ) = SR ψR (x) (A2-27)
113
para
SL = e− 2 σ (ω +iv )
i j j j
(A2-28)
e
SR = e− 2 σ (ω −iv )
i j j j
(A2-29)
onde σ j são as matrizes de Pauli,
1
J i = − σ i (i = 1, 2, 3) (A2-30)
2
os geradores de rotação espacial e
i
K i = σi (A2-31)
2
os geradores das transformações especiais de Lorentz nas três direções do
espaço.
Os espinores de Dirac transformam-se como na equação (A2-6), a matriz
de transformação (A2-7) podendo ser explicitada, usando as propriedades de
antissimetria, ω µν = −ω νµ e σ µν = −σ νµ , como
µ ¶ µ ¶
i µν i ij i 0i
S(Λ) = exp − ωµν σ = exp − ω ij σ − ω 0i σ (A2-32)
4 2 2
114
que, redefinindo os parâmetros
ωk = kij ω ij (A2-33)
e a conjugação de carga,
µ ¶
C T −σ 2 ψ∗L
ψ = Cψ = . (A2-42)
σ 2 ψ∗R
115
A condição de Majorana ψC = ψ implica
−σ 2 ψ∗L = ψR e σ 2 ψ∗R = ψL ,
de modo que um espinor de Majorana deve ter as componentes
µ ¶
ψR
ψ(x) = (A2-43)
σ 2 ψ∗R
ou µ ¶
−σ 2 ψ∗L
ψ(x) = , (A2-44)
ψL
mostrando que os espinores de Majorana são equivalentes aos espinores de
Weyl.
116
2.3.1 Espinores de Majorana
Os espinores de Majorana são definidos para satisfazerem à condição
T
ψC = Cψ = ψ (A2-50)
¡ 0 µ ¢T
γ γ = γ0γµ
¡ 0 5 ¢T
γ γ = −γ 0 γ 5
¡ 0 µ 5 ¢T
γ γ γ = −γ 0 γ µ γ 5
¡ 0 µν ¢T
γ σ = γ 0 σ µν , (A2-52)
ψχ = χψ
ψγ µ χ = −χγ µ ψ
ψγ 5 χ = χγ 5 ψ
ψγ µ γ 5 χ = χγ µ γ 5 ψ
ψσ µν χ = −χσ µν ψ (A2-53)
Em particular,
ψγ µ ψ = ψσ µν ψ = 0 . (A2-54)
117
Realmente, indicando por ΓA qualquer uma das combinações de matrizes
µ
γ envolvidas em (A2-53),
¡ ¢ ¡ ¢
ψΓA χ = ψα γ 0 ΓA αβ χβ = −χβ γ 0 ΓA αβ ψα ,
usando
¡ 0 A ¢ o fato de que ψα e χβ são anticomutantes, ψα χβ = −χβ ψα . Para
γ Γ simétrico (Γ = γ µ ou σ µν ), resulta
A
ψΓA χ = −χΓA ψ
¡ ¢
e para γ 0 ΓA antissimétrico (ΓA = 1, γ µ γ 5 ou γ 5 ),
ψΓA χ = χΓA ψ ,
118
ψ− de um espinor de Majorana ψ:
¡ ¢∗ 1¡ ¢
ψ+ = ψ∗+ = 1 − γ 5 ψ = ψ−
2
¡ ¢∗ 1¡ ¢
ψ− = ψ∗− = 1 + γ 5 ψ = ψ+
2
¡ ¢T 1 ¡ ¢
ψ+ = ψT+ = ψT 1 − γ 5
2
¡ ¢T 1 ¡ ¢
ψ− = ψT− = ψT 1 + γ 5
2
¡ ¢† 1 T¡ ¢
ψ+ = ψ 1 + γ 5 = ψT−
2
¡ ¢† 1 T¡ ¢
ψ− = ψ 1 − γ 5 = ψT+
2
¡ ¢ ¡ ¢† 1 ¡ ¢
ψ+ = ψ+ γ 0 = ψT− γ 0 = ψ 1 − γ 5
2
¡ ¢ ¡ ¢† 1 ¡ ¢
ψ− = ψ− γ 0 = ψT+ γ 0 = ψ 1 + γ 5 (A2-57)
2
Como a matriz γ 0 é imaginária, então
¡ ¢∗ ¡ † 0 ¢∗
ψ = ψγ = −ψ , (A2-58)
119
Envolvendo conjugação de carga,
¡ C¢
ψ = ψ∗T γ 0 = (ψ∗ ) = ψ
¡ ¢C ¡ ¢∗
ψ+ = ψ+ = ψ−
¡ ¢C ¡ ¢∗
ψ− = ψ− = ψ+
¡ ¢C ¡ ¢
ψ+ = ψ∗T 0 T 0
+ γ = ψ−γ = ψ−
¡ ¢C ¡ ¢
ψ− = ψT+ γ 0 = ψ+ . (A2-60)
¡ ¢ ¡ ¢
ψ− χ+ = χ− ψ+
¡ ¢ µ ¡ ¢
ψ+ γ χ+ = − χ− γ µ ψ−
¡ ¢ µ ¡ ¢
ψ− γ χ− = − χ+ γ µ ψ+
¡ ¢ µν ¡ ¢
ψ+ σ χ− = − χ+ σ µν ψ−
¡ ¢ µν ¡ ¢
ψ− σ χ+ = − χ− σ µν ψ+
¡ ¢ µ 5 ¡ ¢
ψ+ γ γ χ+ = χ+ γ µ γ 5 ψ+
¡ ¢ µ 5 ¡ ¢
ψ− γ γ χ− = χ− γ µ γ 5 ψ−
¡ ¢ 5 ¡ ¢
ψ+ γ χ− = χ+ γ 5 ψ−
¡ ¢ 5 ¡ ¢
ψ− γ χ+ = χ− γ 5 ψ+ (A2-61)
120
3 Identidade de Fierz[11]
Com as quatro matrizes γ µ de Dirac, que satisfazem a relação de anti-
comutação
{γ µ , γ ν } = 2g µν ,
pode-se construir uma base contendo contendo 4 × 4 = 16 matrizes linear-
mente independentes que serão denominados ΓA , para o índice A variando
de 1 a 16.
Uma base usual é
⎧ 1
⎪
⎪ Γ =1
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ Γ2 a Γ5 = γ 0 , γ 1 , γ 2 , γ 3
⎪
⎪
⎨
Γ6 a Γ11 = σ µν = 2i [γ µ , γ ν ] . (A3-1)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ Γ12 a Γ15 = γ µ γ 5
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ 16
Γ = γ 5 = iγ 0 γ 1 γ 2 γ 3
Uma outra base é formada pelas matrizes ΓA tal que (sem soma em A)
ΓA ΓA = ΓA ΓA = 1 , (A3-2)
ou seja, ¡ ¢−1
ΓA = ΓA , (A3-3)
com propriedade ¡ ¢
tr ΓA ΓB = 4δ A B = 4δAB . (A3-4)
Os elementos desta base são
⎧
⎪
⎪ Γ1 = 1
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ Γ2 a Γ5 = γ 0 , γ 1 , γ 2 , γ 3
⎪
⎪
⎨ £ ¤
Γ6 a Γ11 = σ µν = 2i γ µ , γ ν . (A3-5)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ Γ12 a Γ15 = γ 5 γ µ
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
Γ16 = γ 5 = γ 5
Note que
γ 0 = γ 0 e γ i = −γ i . (A3-6)
121
Qualquer matriz 4 × 4 pode ser expandida como
X
16
X= CA ΓA , (A3-7)
A=1
1X X
16 4
¡ ¢
Xρσ = Xβα (ΓA )αβ ΓA ρσ ,
4 A=1 α,β=1
1X
16
¡ ¢
(ΓA )αβ ΓA ρσ = δ ρβ δ ασ . (A3-10)
4 A=1
θγ µ θ = θσ µν θ = 0 (A3-11)
1o. )
θγ 5 θ.θ = −θθ.θγ 5 (A3-12)
Demonstração: escrita em componentes, fica
β ¡ ¢α β β ¡ ¢α ρ ¡ ¢α
θγ 5 θ.θ = θγ 5 θα θ = −θ θα θγ 5 = −θ δ ρβ δ ασ θσ θγ 5 .
1X ρ 1 X A ¡ 5 ¢β
16 16
5 β ¡ A ¢ σ ¡ 5 ¢α
θγ θ.θ = − θ (ΓA )αβ Γ ρσ θ θγ =− θΓ θ. θγ ΓA .
4 A=1 4 A=1
122
Explicitando a expansão nos elementos da base listados em (A3-1), excluindo
as componentes identicamente nulas (A3-11), fica
β 1 ¡ ¢β 1 β 1 ¡ ¢β
θγ 5 θ.θ = − θθ. θγ 5 − θγ 5 θ.θ − θγ ν γ 5 θ. θγ ν
4 4 4
ou, rearranjando os termos,
β ¡ ¢β ¡ ¢β
5θγ 5 θ.θ = −θθ. θγ 5 − θγ ν γ 5 θ. θγ ν .
1X A ¡ ν 5
16
ν 5
¡ ¢β ¢β 1 ¡ ¢β
θγ γ θ. θγ ν = − θΓ θ. θγ γ ΓA γ ν = − θθ. θγ ν γ 5 γ ν +
4 A=1 4
1 ¡ ¢β 1 ¡ ¢β
− θγ 5 θ. θγ ν γ 5 γ 5 γ ν − θγ λ γ 5 θ. θγ ν γ 5 γ 5 γ λ γ ν .
4 4
Considerando as somatórias e as propriedades das matrizes de Dirac,
¡ ¢β ¡ ¢β ¡ ¢β 1 £ ¤β
θγ ν γ 5 θ. θγ ν = θθ. θγ 5 − θγ 5 θ. θ − θγ λ γ 5 θ. θγ ν (−γ ν γ λ + 2gλν ) ,
4
isto é,
¡ ¢β ¡ ¢β ¡ ¢β 1 ¡ ¢β
θγ ν γ 5 θ. θγ ν = θθ. θγ 5 − θγ 5 θ. θ + θγ λ γ 5 θ. θγ λ
2
que pode ser rearranjada para
1 ν 5 ¡ ¢β ¡ ¢β ¡ ¢β
θγ γ θ. θγ ν = θθ. θγ 5 − θγ 5 θ. θ
2
e substituída na equação iniciai,
β 1 ¡ ¢β 1 β 1 ¡ ¢β 1 ¡ ¢β
θγ 5 θ.θ = − θθ. θγ 5 − θγ 5 θ.θ − θθ. θγ 5 + θγ 5 θ. θ
4 4 2 2
β 1 β 1 ¡ ¢β 1 ¡ ¢β
⇒ θγ 5 θ.θ − θγ 5 θ.θ = − θθ. θγ 5 − θθ. θγ 5
4 4 2
que, após as simplificações finais leva ao resultado (A3-12),
β ¡ ¢β
θγ 5 θ.θ = −θθ. θγ 5
2o. )
θγ ν γ 5 θ.θ = −θθ.θγ ν γ 5 (A3-13)
123
Demonstração: como no caso anterior, aplicando a identidade de Fierz,
resulta
1 X A ¡ ν 5 ¢β
16
ν 5 β
θγ γ θ.θ = − θΓ θ. θγ γ ΓA
4 A=1
1 ¡ ¢β 1 ¡ ¢β 1 ¡ ¢β
= − θθ. θγ ν γ 5 − θγ 5 θ. θγ ν γ 5 γ 5 − θγ λ γ 5 θ. θγ ν γ 5 γ 5 γ λ
4 4 4
1 ¡ ¢β 1 ¡ ¢β 1 ¡ ¢β
= − θθ. θγ ν γ 5 + θθ. θγ 5 γ ν + θθ. θγ λ γ 5 γ ν γ λ
4 4 4
1 ¡ ¢β 1 ¡ ¢β
= − θθ. θγ ν γ 5 + θθ. θγ λ γ ν γ λ γ 5
2 4
1 ¡ ¢β 1 £¡ ¡ ¢ ¢¤β
= − θθ. θγ ν γ 5 + θθ. θ −γ ν γ λ + 2g λν γ λ γ 5
2 4
1 ¡ ¢β ¡ ¢β 1 ¡ ¢β
= − θθ. θγ ν γ 5 − θθ. θγ ν γ 5 + θθ. θγ ν γ 5
2 2
¡ ¢β
= −θθ. θγ ν γ 5 .
3o. ) ¡ ¢
θγ 5 θ.θ = −θθ. γ 5 θ (A3-14)
Demonstração: pode-se recorrer à primeira relação, equação (A3-12), lem-
brando que
T
θ = θT γ 0 =⇒ θ = −γ 0 θ .
Assim,
³ T ´β ¡ ¢
5 β
θγ θ.θ = −θγ θ. γ 0 θ
5
= −θγ 5 θ. γ 0 βη θη
¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
= θθ. θγ 5 η γ 0 βη = θθ.θχ γ 5 χη γ 0 βη
³ T
´ ³ T
´ ¡ ¢
= −θθ. γ 0 γ 5 θ = θθ. γ 5 γ 0 θ = −θθ. γ 5 θ β .
β β
4o. ) ¡ ¢
θγ ν γ 5 θ.θ = −θθ. γ ν γ 5 θ (A3-15)
124
Demonstração: é decorrência da segunda relação,
³ T ´β ¡ ¢
θγ ν γ 5 θ.θβ = −θγ ν γ 5 θ. γ 0 θ = −θγ ν γ 5 θ. γ 0 βη θη
¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢ ¡ ¢
= θθ. θγ ν γ 5 η γ 0 βη = θθ.θχ γ ν γ 5 χη γ 0 βη
¡ ν 5 0¢ ³ ´
ν 5 0 T
= −θθ.θχ γ γ γ χβ = θθ. γ γ γ θ
β
¡ ¢
= −θθ. γ ν γ 5 θ β ,
onde se usou o fato de que o produto γ ν γ 5 γ 0 é anti-simétrico,
¡ ν 5 0 ¢T
γ γ γ = − γ ν γ 5γ 0 .
Reunindo os resultados:
⎧ 5
⎪
⎪ θγ θ.θ = −θθ.θγ 5
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎨ θγ ν γ 5 θ.θ = −θθ.θγ ν γ 5
.
⎪
⎪
⎪
⎪ θγ 5 θ.θ = −θθ. (γ 5 θ)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ ν 5
θγ γ θ.θ = −θθ. (γ ν γ 5 θ)
Como consequências imediatas, surgem as seguintes identidades, que per-
mitem simplificar em muito os produtos envolvendo as coordenadas de Ma-
jorana θα :
⎧
⎪
⎪ θθ.θγ 5 θ = θγ 5 θ.θθ = −θθ.θγ 5 θ = 0
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ θθ.θγ ν γ 5 θ = θγ ν γ 5 θ.θθ = −θθ.θγ ν γ 5 θ = 0
⎪
⎪
⎪
⎨
θγ 5 θ.θγ ν γ 5 θ = θγ ν γ 5 θ.θγ 5 θ = θθ.θγ ν θ = 0 . (A3-16)
⎪
⎪
⎪
⎪ ¡ ¢2
⎪
⎪ 5 5
⎪
⎪ θγ θ.θγ θ = − θθ
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ µ 5 ¡ ¢2
θγ γ θ.θγ ν γ 5 θ = θθ gµν
A última igualdade pode ser demonstrada como segue:
θγ µ γ 5 θ.θγ ν γ 5 θ = −θθ.θγ µ γ 5 γ ν γ 5 θ = θθ.θγ µ γ ν θ
¡ ¢2
= θθ.θ (gµν − iσ µν ) θ = θθ g µν .
125
Uma outra igualdade interessante é
X
4
¡ µ 5 ¢ ¡ ¢ ¡ ¢2
θγ γ θ . θγ 5 γ µ θ = −4 θθ . (A3-17)
µ=0
1X
16
β σ
¡ ¢
ψαχ = ψρ δ ρα δ βσ χ = ψρ (ΓA )βα ΓA ρσ χσ
4 A=1
1 X ¡ A¢ 1X A
16 16
= ψρ Γ ρσ χσ (ΓA )αβ = ψΓ χ (ΓA )βα . (A3-18)
4 A=1 4 A=1
1X A ¡
16
¢
ψα χβ = ψρ δρα δ βσ χσ = ψΓ χ ΓA γ 0 βα . (A3-19)
4 A=1
1X A
16
= − θΓ θ (ΓA )αβ ψα γ 0βη χη
4 A=1
1X A T 0
16
= − θΓ θ.χ γ ΓA ψ . (A3-20)
4 A=1
1X A 1X A
16 16
θψ.θχ = − θΓ θ.χΓA ψ = − θΓ θ.ψΓA χ . (A3-21)
4 A=1 4 A=1
126
4 Derivada Covariante5,6
Na secção 3, foram definidas as derivadas covariantes
∂ i
Dα = − (γ µ θ)α ∂µ (3.1)
∂θα 2
com as relações de anti-comutação
¡ ¢
{Dα , Dβ } = − γ µ C αβ P µ , (3.2)
isto é, n o
α β
D+ , D+ =0. (A4-1)
De maneira análoga, pode-se verificar que as componentes de mesma chi-
ralidade anti-comutam, n o
α β
D− , D− = 0 , (A4-2)
127
n β
o
α
D+ , D− = 0 (A4-3)
e n o
α β
D− , D+ = 0 . (A4-4)
A consequência imediata é que produtos de três ou mais elementos de mesma
chiralidade são identicamente nulos.
As relações de anti-comutação das componentes de chiralidades diferentes
ficam
n o ½ ¾
α β
(1 + γ 5 )αη (1 − γ 5 )βχ
D+ , D− = Dη , Dχ
2 2
(1 + γ 5 )αη (1 − γ 5 )βχ
= {Dη , Dχ }
2 2
∙ ¸αβ
(1 + γ 5 )αη ¡ ¢ µ (1 − γ 5 ) µ
= − γ µ C ηχ P = − γ µ C P (A4-5)
,
2 2
n β
o (1 + γ 5 )αη (1 − γ 5 )βχ © ª
α
D+ , D+ = Dη , Dχ
2 2
∙ ¸αβ
(1 + γ 5 )
= γµ Pµ , (A4-6)
2
n β
o ∙ (1 − γ ) ¸αβ
α 5
D− , D− = γµ Pµ (A4-7)
2
e
n α β o ∙ (1 − γ ) ¸αβ
5
D+ , D− = Cγ µ Pµ . (A4-8)
2
Multiplicando as equações (A4-6) e (A4-7), somando em todos os índices,
resulta
n on o ∙ ¸αβ ∙ ¸βα
α β β α (1 + γ 5 ) (1 − γ 5 )
D+ , D+ D− , D− = γµ γν P µP ν
2 2
µ ¶
(1 + γ 5 ) (1 − γ 5 )
= tr γµ γ ν P µP ν
2 2
µ ¶ ³γ γ ´
(1 − γ 5 ) µ ν
= tr γ µ γ ν P µ P ν = tr P µP ν
2 2
128
Considerando que os produtos de operadores de mesma chiralidade são
identicamente nulos,
α α α α
D+ D− = D+ D− ≡ 0 , (A4-10)
e usando a propriedade
α α η ¡ ¢ η ¡ ¢ α α
D± D∓ α
= D± γ 0 ηα D∓ α
= −D± γ 0 αη D∓ = −D∓ D± , (A4-11)
pode-se obter
n β
on α
o ³ ´³ ´
α β α β β α β α α β
D+ , D+ D− , D− = D+ D+ + D+ D+ D− D− + D− D−
α β β α β
α β α
= D+ D+ D− D− + D+ D+ D− D−
α α β β β
β α α
= −D− D+ D+ D− − D+ D− D− D+
α
n β o α α β
α β β
= −D− D+ , D+ D− + D− D+ D+ D− +
β
n α o β
β α β α α
−D+ D− , D− D+ + D+ D− D− D+
n α on β o
β α
= − D− , D− D+ , D+ +
+D− D+ · D+ D− + D+ D− · D− D+
ou seja,
¡ ¢¡ ¢ ¡ ¢¡ ¢
D− D+ D+ D− + D+ D− D− D+ = 4Pµ P µ = −4∂ 2 . (A4-12)
Considere as identidades
¡ ¢
D+ D− D+ ≡ 0 (3.17)
e ¡ ¢
D− D+ D− ≡ 0 . (3.18)
¡ ¢¡ ¢
A multiplicação à direita da equação (A4-12) por D− D+ D+ D− re-
sulta £¡ ¢¡ ¢¤2 ¡ ¢¡ ¢
D− D+ D+ D− = −4∂ 2 D− D+ D+ D− (A4-13)
e a multiplicação à esquerda resulta
£¡ ¢¡ ¢¤2 ¡ ¢¡ ¢
D+ D− D− D+ = −4∂ 2 D+ D− D− D+ . (A4-14)
129
Com estas igualdades pode-se mostrar que os operadores
1 ¡ ¢¡ ¢
E+ = − D + D− D − D+ (A4-15)
4∂ 2
e
1 ¡ ¢¡ ¢
E− = − 2
D− D+ D+ D− (A4-16)
4∂
são operadores de projeção, ortogonais entre si. Isto é,
E+2 = E+ , E−2 = E− e E+ E− = E− E+ = 0 .
Também
E1 = 1 − E+ − E−
é um operador de projeção, ortogonal a E+ e E− .
O resultado
¡ ¢
= 1 − 2 (E+ + E− ) + E+2 + E−2 + E− E+ + E+ E−
= 1 − (E+ + E− ) = E1
E1 E+ = E1 E− = 0
e, lembrando que
¡ ¢2 ¡ ¢2
Dγ 5 D = − DD ,
de onde resulta
1 ¡ ¢2
E+ + E− = − DD ,
4∂ 2
a expressão formal do operador E1 pode ser escrita na forma
1 ¡ ¢2
E1 = 1 − E+ − E− = 1 + 2
DD . (A4-17)
4∂
130
Estes três operadores de projeção satisfazem, identicamente, às equações
diferenciais ⎧
⎨ D∓ E± ≡ 0
. (A4-18)
⎩
D∓ D± E1 ≡ 0
A seguir serão listadas algumas expressões envolvendo derivadas do super-
campo escalar, equação (2.43),
1 i
φ(x, θ) = A(x) + θψ(x) + θθF (x) + θγ 5 θG(x) +
4 4
1 1¡ ¢ 1 ¡ ¢2
+ θγ µ γ 5 θAµ (x) + θθ .θχ(x) + θθ D(x) ,
4 4 32
visando operações com as derivadas covariantes equação (3.1).
∂φ 1 i ¡ 5 ¢α 1 ¡ µ 5 ¢α
= ψ α + θα F + γ θ G+ γ γ θ Aµ +
∂θα 2 2 2
1 £¡ ¢ α ¡ ¢α ¤
+ θθ χ − θγ 5 θ (γ 5 χ)α − θγ µ γ 5 θ γ 5 γ µ χ +
8
1¡ ¢ α
+ θθ · θ D(x) . (A4-19)
8
1 1
(γ µ θ)α ∂µ φ = (γ µ θ)α ∂µ A − θθ · (γ µ ∂µ ψ)α − θγ 5 θ · (γ µ γ 5 ∂µ ψ)α +
4 4
1 ¡ ¢ 1
− θγ ν γ 5 θ · γ µ γ 5 γ ν ∂ µ ψ α + θθ (γ µ θ)α ∂µ F +
4 4
i ¡ ¢ 1 ¡ ¢
− θθ γ µ γ 5 θ α ∂µ G − θθ γ µ γ ν γ 5 θ α ∂µ Aν +
4 4
1 ¡ ¢2
− θθ . (γ µ ∂µ χ)α . (A4-20)
16
131
4.3 Derivada covariante
∂φ i
Dα φ = − (γ µ θ)α ∂µ φ
∂θα 2
1 i ¡ 5 ¢α 1 ¡ 5 µ ¢α
= ψ α + θα F + γ θ G− γ γ θ Aµ +
2 2 2
i 1 £ ¤
− (γ µ θ)α ∂µ A + θθ χα + i (γ µ ∂µ ψ)α +
2 8
1 £ ¤
− θγ 5 θ (γ 5 χ)α + i (γ µ γ 5 ∂µ ψ)α +
8
1 £ ¡ ¢ ¤
− θγ ν γ 5 θ (γ 5 γ ν χ)α + i γ µ γ 5 γ ν ∂ µ ψ α +
8
1 £ ¡ ¢ ¡ ¢ ¤
+ θθ θα D − i (γ µ θ)α ∂µ F − γ µ γ 5 θ α ∂µ G + i γ µ γ ν γ 5 θ α ∂µ Aν +
8
i ¡ ¢2
+ θθ . (γ µ ∂µ χ)α . (A4-20)
32
(1 − γ 5 ) Dφ = 2D− φ
1
= (1 − γ 5 ) ψα + (1 − γ 5 ) θ (F − iG) +
2
1
+ (1 − γ 5 ) (γ µ θ) (Aµ − i∂µ A) +
2
1 1
+ θθ (1 − γ 5 ) (χ + iγ µ ∂µ ψ) + θγ 5 θ (1 − γ 5 ) (χ + iγ µ ∂µ ψ) +
8 8
1 ¡ ¢
+ θγ ν γ 5 θ (1 − γ 5 ) γ ν χ + iγ µ γ ν ∂ µ ψ +
8
1
+ θθ (1 − γ 5 ) (θD − iγ µ θ∂µ F + iγ µ θ∂µ iG − iγ µ γ ν θ∂µ Aν ) +
8
i ¡ ¢2
+ θθ (1 − γ 5 ) γ µ ∂µ χ . (A4-22)
32
132
4.5 Componente chiral (positivo)
(1 + γ 5 ) Dφ = 2D+ φ
1
= (1 + γ 5 ) ψα + (1 + γ 5 ) θ (F + iG) +
2
1
− (1 + γ 5 ) γ µ θ (Aµ + i∂µ A) +
2
1 1
+ θθ (1 + γ 5 ) (χ + iγ µ ∂µ ψ) − θγ 5 θ (χ + iγ µ ∂µ ψ) +
8 8
1 ¡ ¢
− θγ ν γ 5 θ (1 + γ 5 ) γ ν χ + iγ µ γ ν ∂ µ ψ +
8
1
+ θθ (1 + γ 5 ) (θD − iγ µ θ∂µ F − iγ µ θ∂µ iG + iγ µ γ ν θ∂µ Aν ) +
8
i ¡ ¢2
+ θθ (1 + γ 5 ) γ µ ∂µ χ . (A4-23)
32
133
4.7 Produto escalar
1
DDφ = −2F + θ (−χ + i (γ∂) ψ) + θθ (−D + ∂µ ∂ µ A) +
4
1 1
+ θγ 5 θ · 2i∂µ Aµ + θγ ν γ 5 θ · 2i∂ν iG +
4 4
1 ¡ ¢ 1 ¡ ¢2
+ θθ · θ iγ µ ∂µ χ + ∂ 2 ψ + θθ · 2∂ 2 F . (A4-25)
4 32
1 ¡ ¢ 1 ¡ ¢
+ θθ −4∂ 2 F + θγ 5 θ · −4∂ 2 G +
4 4
1 1
+ θγ ν γ 5 θ · (−4∂ν ∂µ Aµ ) + θθ · θ2∂ 2 (−χ + iγ µ ∂µ ψ)
4 4
1 ¡ ¢2 ¡ ¢
+ θθ · 2∂ 2 −D + ∂ 2 A . (A4-26)
32
134
5 Produtos de Super-campos5
Os super-campos escalares tem a forma geral
1 i
φ(x, θ) = A(x) + θψ(x) + θθF (x) + θγ 5 θG(x) +
4 4
1 1¡ ¢ 1 ¡ ¢2
+ θγ µ γ 5 θAµ (x) + θθ .θχ(x) + θθ D(x) , (2.43)
4 4 32
conforme visto na secção 2, equação (2.43).
O produto de dois super-campos escalares, φ1 (x, θ) e φ2 (x, θ) resulta num
terceiro super-campo escalar,
e
¡ ¢† ³ T ´† ¡ ¢∗ ∗
ψC = ψC γ 0 = Cψ γ 0 = ψ C † γ 0 = −ψ .
Da mesma forma, produtos de dois super-campos chirais de mesma chi-
ralidade resultam num outro super-campo de igual chiralidade. Para evitar
uma miscelânea de índices de naturezas diferentes, será usada uma notação
compacta,
φ+ (1).φ+ (2) = φ+ (2) , (A5-2)
e
φ− (1).φ− (2) = φ− (2) , (A5-3)
para os produtos de super-campos chirais, cuja interpretação é intuitiva.
A seguir, após rearranjados adequadamente, apresenta-se os coeficientes
resultantes destes produtos de super-campos. Para o produto de dois super-
campos escalares, os coeficientes do super-campo escalar resultante são
135
⎧
⎪
⎪ A3 = A1 A2
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ ψ3 = A1 ψ2 + ψ1 A2
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ F3 = A1 F2 + F1 A2 − ψC
⎪ 1 ψ2
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ G3 = A1 G2 + G1 A2 + iψC
1 γ 5 ψ2
⎪
⎪
⎪
⎨
A3ν = A1 A2ν + A1ν A2 + ψC
1 γ 5γ ν ψ2
. (A5-4)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ χ3 = A1 χ2 + χ1 A2 + ψ1 F2 + 2F1 ψ2 − iγ 5 ψ1 G2 +
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ −iγ 5 G1 ψ2 − γ ν γ 5 ψ1 A2ν − γ ν γ 5 A1ν ψ2
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ D3 = A1 D2 + D1 A2 + 2F1 F2 + 2G1 G2 + 2A1µ Aµ2 +
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ −2χC C
1 ψ 2 − 2ψ 1 χ2
136
brando das relações ⎧
⎪
⎪ G = −iF+
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎨ Aµ = i∂µ A+
(A5-7)
⎪
⎪
⎪
⎪ χ = −iγ µ ∂µ ψ+
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
D = −∂ 2 A+
para os super-campos de chiralidade positiva e
⎧
⎪
⎪ G = −iF−
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎨ Aµ = −i∂µ A−
(A5-8)
⎪
⎪
⎪
⎪ χ = −iγ µ ∂µ ψ−
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
D = −∂ 2 A−
para os de chiralidade negativa, como discutidas na secção 3. Assim, os
coeficientes do produto
137
onde, no coeficiente D(3) foi usado
¡ ∗ ¢† 0 ¡ ¢T
χC
+ = χ+ γ = χT+ γ 0 = −i γ µ ∂µ ψ+ γ 0
⎧
⎪
⎪ A+ (3) = A3+
⎪
⎪
¡ ¢3 ⎨
φ+ : ψ+ (3) = 3A2+ ψ+ (A5-12)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
F+ (3) = 3A2+ F+ − 3A+ ψC
+ψ+
e
⎧
⎪
⎪ A+ (4) = A4+
⎪
⎪
¡ ¢4 ⎨
φ+ : ψ+ (4) = 4A3+ ψ+ . (A5-13)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
F+ (4) = 4A3+ F+ − 6A2+ ψC
+ψ+
Genericamente,
⎧
⎪
⎪ A+ (n) = An+
⎪
⎪
¡ ¢n ⎨
φ+ : ψ+ (n) = nAn−1
+ ψ+ (A5-14)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ n(n−1) n−2 C
F+ (n) = nAn−1
+ F+ − 2
A+ ψ+ ψ+
e ⎧
⎪
⎪ A− (n) = An−
⎪
⎪
¡ ¢n ⎨
φ− : ψ− (n) = nAn−1
− ψ− . (A5-15)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩ n(n−1) n−2 C
F− (n) = nAn−1
− F− − 2
A− ψ− ψ−
138
6 Correntes Conservadas em Teorias de Gauge
Segue uma rápida revisão dos procedimentos para a obtenção das correntes
conservadas para transformações de simetria contínuas13 . A uma dada sime-
tria do sistema físico, traduzida pela invariança das equações de movimento,
existe uma quantidade que é conservada.
Considere a lagrangeana, função do campo e da sua derivada primeira,
L = L(ϕ, ∂µ ϕ) , (A6-1)
onde ϕ(x) pose eventualmente representar um conjunto de campos. Por uma
transformação genérica, que pode incluir transformações de coordenadas, a
lagrangeana também pode ser afetada, com a transformação
£ ¤
L [ϕ(x), ∂µ ϕ(x)] −→ L0 ϕ0 (x0 ), ∂µ0 ϕ0 (x0 ) , (A6-2)
No caso de transformações infinitesimais, a variação total da função la-
grangeana fica
£ ¤
δ T L = L0 ϕ0 (x0 ), ∂µ0 ϕ0 (x0 ) − L [ϕ(x), ∂µ ϕ(x)]
£ ¤ £ ¤
= L0 ϕ0 (x0 ), ∂µ0 ϕ0 (x0 ) − L ϕ0 (x0 ), ∂µ0 ϕ0 (x0 ) +
£ ¤
+L ϕ0 (x0 ), ∂µ0 ϕ0 (x0 ) − L [ϕ(x), ∂µ ϕ(x)]
= δF L + δ0 L , (A6-3)
onde £ ¤ £ ¤
δF L = L0 ϕ0 (x0 ), ∂µ0 ϕ0 (x0 ) − L ϕ0 (x0 ), ∂µ0 ϕ0 (x0 ) (A6-4)
é a variação funcional da lagrangeana e
£ ¤
δ 0 L = L ϕ0 (x0 ), ∂µ0 ϕ0 (x0 ) − L [ϕ(x), ∂µ ϕ(x)]
£ ¤ £ ¤
= L ϕ + δ T ϕ, ϕ,µ + δ T ϕ,µ − L ϕ, ϕ,µ
∂L ∂L
= δT ϕ + δ T ϕ,µ (A6-5)
∂ϕ ∂ϕ,µ
é a variação da lagrangeana devido à variação dos seus argumentos, cuja
variação total do campo ϕ(x) é
δ T ϕ = δ F ϕ + δxµ ∂µ ϕ (A6-6)
139
e a variação total da derivada do campo,
∂µ δT ϕ 6= δ T ∂µ ϕ (A6-8)
embora
∂µ δ F ϕ = ∂µ [ϕ0 (x) − ϕ(x)] = δ F ∂µ ϕ . (A6-9)
Considere a variação total da lagrangeana,
∂L ∂L
δT L = δF L + δ0 L = δF L + δT ϕ + δ T ϕ,µ
∂ϕ ∂ϕ,µ
onde
∂L ∂L
δ0L = δT ϕ + δ T ϕ,µ
∂ϕ ∂ϕ,µ
∂L ∂L ¡ ¢
= (δ F ϕ + δxµ ∂µ ϕ) + δ F ϕ,µ + δxν ∂ν ϕ,µ
∂ϕ ∂ϕ,µ
∂L ∂L
= δF ϕ + δ F ϕ,µ + δxµ .∂µ L .
∂ϕ ∂ϕ,µ
resulta
µ ¶
∂L ∂L
δ T L = δF L + ∂µ δF ϕ + δ F ϕ,µ + δxµ .∂µ L
∂ϕ,µ ∂ϕ,µ
µ ¶
∂L
= δF L + ∂µ δ F ϕ + δxµ .∂µ L . (A6-10)
∂ϕ,µ
140
Como as equações de movimento são obtidas através da equação de Euler-
Lagrange, uma transformação de simetria requer uma lagrangeana invariante
na forma funcional,
£ ¤ £ ¤
L0 ϕ0 (x0 ), ∂µ0 ϕ0 (x0 ) = L ϕ0 (x0 ), ∂µ0 ϕ0 (x0 )
δ F L = ∂µ Ωµ , (A6-12)
ou seja, µ ¶
∂L
δ T L = ∂µ δ F ϕ + δxµ .∂µ L + ∂ µ ⊗µ . (A6-13)
∂ϕ,µ
Em geral, devido ao fato de ser uma função escalar por construção,
δT L = 0 , (A6-14)
resultando µ ¶
∂L
∂µ δ F ϕ + δxµ .∂µ L + ∂µ Ωµ = 0 . (A6-15)
∂ϕ,µ
Este resultado já é suficiente para definir a corrente conservada. O termo
δxµ .∂µ L
tal que
∂µ j µ = 0 .
141
Se desejar um rigor maior, pode-se lembrar que a ação extendida a um
certo domínio R, Z R
A= d4 xL [ϕ(x), ∂µ ϕ(x)]
onde
J = (1 + ∂µ δxµ ) (A6-18)
é a jacobiana da transformação. Assim, resulta
Z R
δA = d4 x [L ∂µ δxµ + δ T L] = 0
e, usando (A6-13),
Z R ∙ ¸
4 ∂L
δA = d x∂µ δ F ϕ + δxµ L + ∂ µ ⊗µ =0.
∂ϕ,µ
Considerando que a região de integração é arbitrária,
∙ ¸
∂L µ µ
∂µ δ F ϕ + δx L + ∂ µ ⊗ =0, (A6-19)
∂ϕ,µ
que define a corrente conservada (A6-16).
No caso de uma simetria interna, δxµ = 0 e
∙ ¸
∂L µ
∂µ δF ϕ + ∂ µ⊗ =0, (A6-20)
∂ϕ,µ
A variação funcional (A6-12) pode ser calculada considerando que, devido
à invariança da ação,
δT L = 0 ,
de modo que
∂L ∂L
δ F L = −δ 0 L = −δT ϕ − δ T ϕ,µ
∂ϕ ∂ϕ,µ
∙ ¸
∂L ∂L µ ∂L ∂L
= − δF ϕ − δF ϕ,µ − δx ∂µ ϕ + ∂µ ϕ,ν (A6-21)
,
∂ϕ ∂ϕ,µ ∂ϕ ∂ϕ,ν
142
onde não se deve levar em conta a equação de Euler-Lagrange. No caso de
simetrias internas (δxµ = 0), fica
∂L ∂L
δF L = − δF ϕ − δ F ϕ,µ . (A6-22)
∂ϕ ∂ϕ,µ
Esta variação deve ser identificada com ∂µ Ωµ , equação (A6-12), para que
a lagrangeana satisfaça às condições de simetria, ou seja, que as equações
de movimento resultem as mesmas. A seguir serão calculadas as correntes
conservadas ligadas às principais transformações contínuas de simetria.
6.1 Translações
As translações infinitesimais no espaço-tempo são definidas por
δxµ = µ
= −i ν Pν xµ
e a variação funcional
δ F ϕ = i ν Pν ϕ = − ν ∂ν ϕ .
ou seja,
∂µ T µν = 0 (A6-23)
para
∂L ν
T µν = ∂ ϕ − g µν L (A6-24)
∂ϕ,µ
que define o tensor densidade de corrente de energia e momento.
A carga conservada é a energia e momento
Z Z ∙ ¸
µ 3 0µ 3 ∂L µ
P = d xT = d x ∂ ϕ−L . (A6-25)
∂ϕ,0
143
6.2 Transformações de Lorentz
As transformações de Lorentz na forma infinitesimal ficam
i
δxµ = ω µν xν = ω νη Lνη xµ ,
2
a variação funcional ficando
i
δ F ϕ = − ω µν Jµν ϕ
2
para
Jµν = i (xµ ∂ν − xν ∂µ ) + Sµν = Lµν + Sµν .
A equação de conservação (A6-19) fica (Ωµ = 0)
∙ ¸
∂L µ
∂µ (Lνη + Sνη ) ϕ − Lνη x L = 0
∂ϕ,µ
µ
¡ ¢ ∂L
jνη = xν Tηµ − xη Tνµ − i Sνη ϕ (A6-26)
∂ϕ,µ
144
6.3 Simetrias internas
No caso de simetrias internas,
δxµ = 0
e
δF ϕ = −igω a ta ϕ ,
de modo que a equação de conservação (A6-20) define a corrente conservada
∂L
jaµ = ig ta ϕ + ⊗µa (A6-29)
∂ϕ,µ
com a equação de continuidade
∂µ jaµ = 0 . (A6-30)
Aqui, ta são os geradores da transformação considerada, matrizes n × n at-
uando sobre a representação n dimensional
ϕ = (ϕ1 ϕ2 ϕ3 ϕ4 · · · ϕn )T .
6.4 Super-translação
A corrente conservada associada à super-translação pode ser determinada
da forma usual lembrando que, para θ = 0 equivale a uma transformação
interna, ¯
µ i µ ¯¯
δx = γ θ¯ =0. (A6-31)
2 θ=0
A lagrangeana também pode ser colocada na forma usual,
L = L(ϕ, ∂µ ϕ) ,
a menos de termos em derivada, que são irrelevantes do ponto de vista das
equações de movimento, porém contribuem na corrente. Por exemplo, no caso
do modelo de Wess-Zumino apresentado na secção 4, a corrente conservada
definida pela equação (A6-20) resulta
∂L ∂L ∂L
jµ ∼ δA + ∗
δA∗ + δψ + Ωµ , (A6-32)
∂A,µ ∂A,µ ∂ψ,µ
o fator Ωµ identificado pela variação funcional da lagrangeana, equação (A6-
12). Por comodidade, está-se omitindo o índice F nas variações funcionais).
Substituindo as derivadas da lagrangeana, resulta
i
j µ ∼ (∂ µ A∗ ) δA + (∂ µ A) δA∗ + ψγ µ δψ + Ωµ , (A6-33)
2
145
as variações dos campos (vistos na secção 3) dadas por
⎧
⎪
⎪ δA = ψ+
⎪
⎪
⎨
δA∗ = ψ−
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
δψ = δψ+ + δψ− = 12 (1 + γ 5 ) (F − iðA) + 12 (1 − γ 5 ) (F ∗ − iðA∗ )
(A6-34)
que, substituídas em (A6-33) e após algumas manipulações algébricas, leva a
i µ¡ ¢
jµ ∼ ψ+ ∂ µ A∗ + ψ− ∂ µ A − γ ψ−F + ψ+F ∗ +
2
1 ν µ¡ ¢
+ γ γ ψ− ∂ν A + ψ+ ∂ν A∗ + Ωµ . (A6-35)
2
Para identificar Ωµ , considere a expressão original da lagrangeana super-
simétrica (secção 4),
1 0
L= [D (x) + ∂µ ∂ µ A0 ] + Ff+ (x) + Ff− (x) ,
4
onde D0 (x) e A0 (x) são as componentes D e A, respectivamente, do super-
campo escalar
φ0 (x) = φ+ (x).φ− (x)
produto dos supercampos chirais φ+ (x) e φ− (x) e Ff+ (x) e Ff− (x) são as
componentes F dos supercampos chirais
f± = f (φ± ) .
Pela equação (A6-22), resulta
1£ 0 ¤
δF L = − δD (x) + ∂µ2 δA0 − δFf+ − δFf− , (A6-36)
4
os campos transformando-se por super-translação como
⎧
⎪
⎪ δA0 = ψ0
⎪
⎪
⎨
δD0 = −i γ µ ∂µ χ0 , (A6-37)
⎪
⎪
⎪
⎪
⎩
δFf0± = −i γ µ ∂µ ψf±
onde ψ0 e χ0 são as componentes dos super-campo φ0 = φ+ .φ− e ψ0f± as
componentes dos super-campos f± = f (φ± ). Após as substituições,
1£ µ ¤
δF L = i γ ∂µ χ0 − ∂µ2 δψ0 + i γ µ ∂µ ψf + + i γ µ ∂µ ψf− , (A6-38)
4
146
onde, pelas regras do produto (apêndice A5),
ψ0 = Aψ − + A∗ ψ+
+iγ µ ψ+ ∂µ A∗ + iγ µ ψ− ∂µ A ,
ψf+ = f 0 (A)ψ+ = −F ∗ ψ+
(A6-40)
0 ∗
ψf− = f (A )ψ− = −F ψ − ,
ou
¡ ¢ £ ¤
j µ = γ ν γ µ ψ+ ∂ν A∗ + ψ− ∂ν A + iγ µ ψ− f 0 (A∗ ) + ψ+ f 0 (A) , (A6-44)
L0 = L0 (ϕ, ∂µ ϕ) , (A6-46)
147
e uma transformação de simetria global
δϕ = δF ϕ = −igω a ta ϕ . (A6-47)
Considerando apenas simetrias internas, a nova lagrangeana fica
L00 (ϕ0 , ∂µ ϕ0 ) = L0 (ϕ, ∂µ ϕ) = L0 (ϕ0 − δϕ; ϕ0,µ − δϕ,µ )
µ ¶
0 0 ∂L0
= L0 (ϕ , ∂µ ϕ ) − ∂µ δϕ
∂ϕ,µ
ou, usando a equação de conservação (A6-11),
L00 (ϕ0 , ∂µ ϕ0 ) = L0 (ϕ0 , ∂µ ϕ0 ) + ∂µ Ωµ .
No caso de uma transformação local, a equação (A6-47) fica
δϕ = −igω a (x)ta ϕ (A6-49)
e, considerando que
δϕ,µ = ϕ0,µ (x) − ϕ,µ (x) = ∂µ δϕ , (A6-50)
a lagrangeana nas novas variáveis fica
L00 (ϕ0 , ∂µ ϕ0 ) = L0 (ϕ, ∂µ ϕ) = L0 ([ϕ0 − δϕ; ∂µ (ϕ0 − δϕ)])
µ ¶
0 0 ∂L0
= L0 (ϕ , ∂µ ϕ ) − ∂µ δϕ . (A6-51)
∂ϕ,µ
Aqui o termo de divergência não é nulo, pois a equação de conservação
(A6-20) é válida somente para parâmetros ω a constantes. Deve-se utilizar a
lei de conservação (A6-30), de modo que
µ ¶
∂L0 ∂L0
∂µ δϕ = ig (∂µ ω a ) ta ϕ + ∂µ Ωµ . (A6-52)
∂ϕ,µ ∂ϕ,µ
Assim,
∂L0
L00 (ϕ0 , ∂µ ϕ0 ) = L0 (ϕ0 , ∂µ ϕ0 ) + ∂µ Ωµ + ig ta ϕ ∂µ ω a , (A6-53)
∂ϕ,µ
a variação funcional da lagrangeana dada por
∂L0
δ F L = ig ta ϕ ∂µ ωa + ∂µ Ωµ = jaµ ∂µ ω a , (A6-54)
∂ϕ,µ
148
a corrente jaµ definida em (A6-29). O termo ∂µ Ωµ é arbitrário e pode ser
convenientemente absorvido.
A variação funcional (A6-54) destrói a invariança das equações de movi-
mento. Para corrigir isto torna-se necessário introduzir campos vetoriais de
gauge Aaµ (x) com a transformação
Aaµ (x) −→ Aaµ (x) + ∂µ ω a + gf abc ω b Acµ , (A6-55)
onde f abc é a constante de estrutura, completamente antissimétrica, da álge-
bra de Lie do grupo das transformações em questão,
£ a b¤
t , t = if abc tc . (A6-56)
Com os campos de gauge define-se a derivada covariante
¡ ¢
Dµ ϕ = ∂µ + igta Aaµ ϕ , (A6-57)
covariante no sentido de transformar-se da mesma maneira que o campo sobre
o qual atua,
Dµ ϕ −→ (1 − igωa ta ) Dµ ϕ , (A6-58)
o que leva à invariança funcional da lagrangeana
L = L0 (ϕ, Dµ ϕ) = L0 (ϕ, ∂µ ϕ) + jaµ Aaµ (A6-59)
desde que L0 (ϕ, ∂µ ϕ) seja invariante por uma transformação global.
A lagrangeana total, incluindo os campos de gauge, tem a forma
L = L0 (ϕ, ∂µ ϕ) + jaµ Aaµ + Lgauge (A6-60)
onde
1 a µν
Lgauge = − Fµν Fa (A6-61)
4
é a parte livre dos campos de ggauge e
a
Fµν = ∂µ Aaν − ∂ν Aaµ − gf abc Abµ Acν . (A6-62)
a
O tensor anti-simétrico Fµν transforma-se como
a a
Fµν −→ Fµν + gf abc ω b Fµν
c
(A6-63)
ou, em termos dos geradores da representaçãoadjunta
¡ a ¢bc
tadj = −if abc , (A6-64)
a transformação fica
a a
¡ ¢bc
Fµν −→ Fµν − i taadj ω b Fµν
c
, (A6-65)
significando que os campos de gauge pertencem à representação adjunta do
grupo de simetria.
149
7 Quebra Espontânea de Simetria
A quebra espontânea de simetria ocorre quando o sistema tem uma certa
simetria na lagrangeana mas tem o estado de vácuo degenerado. Na medida
em que o sistema tem de escolher apenas um como o seu estado de vácuo,
justamente este processo de escolha do vácuo leva à quebra da simetria origi-
nal da lagrangeana. Nas teorias de campo, a quebra espontânea de simetria é
realizada através de campos escalares auto-interagentes, mais propriamente
táquions, pois devem ter o sinal do termo de massa quadrática invertido.
Um exemplo típico de um sistema com quebra espontânea de simetria é
representado pela lagrangeana de um campo escalar real com simetria ϕ −→
−ϕ,
1 m2 2 λ 4
L = ∂µ ϕ∂ µ ϕ − ϕ − ϕ , (A7-1)
2 2 4!
onde pode-se identificar o termo de potencial
m2 2 λ 4
V (ϕ) = ϕ + ϕ . (A7-2)
2 4!
O mínico de energia do sistema coincide com o mínimo do potencial, que
ocorre quando
∂V λ
= m2 ϕ + ϕ3 = 0 , (A7-3)
∂ϕ 3!
que é satisfeita para
ϕ = 0 ou ϕ2 = −3!m2 /λ . (A7-4)
Para m2 > 0, o mínimo ocorre para um único valor do campo, ϕ = 0.
No entanto, para m2 < 0 (táquion) e para λ > 0, o ponto ϕ = 0 quando
V (0) = 0 é um ponto de máximo local. Os pontos de mínimo são duplamente
degenerados, identificados como
r
3!m2
ϕ0 = ± − . (A7-5)
λ
Escolher um destes estados de mínimo como o vácuo físico significa fazer
a redefinição do campo original
ϕ −→ ϕ + ϕ0 . (A7-6)
150
Assim, a lagrangeana original agora fica
1 1 λ
L = ∂µ ϕ∂ µ ϕ − m2 (ϕ + ϕ0 )2 − (ϕ + ϕ0 )4
2 2 4!
1 1 ¡ ¢
= ∂µ ϕ∂ µ ϕ − m2 2ϕϕ0 + ϕ2 + ϕ20 +
2 2
λ¡ 4 ¢
− ϕ + ϕ40 + 4ϕϕ30 + 4ϕ3 ϕ0 + 6ϕ2 ϕ20 , (A7-8)
4!
que, a menos de termos constantes, pode ser reorganizado na forma
µ ¶ µ ¶
1 µ 1 2 λ 2 2 2 λ 3
L = ∂µ ϕ∂ ϕ − m + ϕ ϕ − m ϕ0 + ϕ0 ϕ +
2 2 4 0 3!
λ λ
− ϕ4 − ϕ3 ϕ0 , (A7-9)
4! 3!
onde verifica-se que a simetria anterior ϕ −→ −ϕ não existe mais.Se fizer a
substituição do campo ϕ0 no coeficiente do termo quadrático ϕ2 , resulta
µ ¶
1 1 2 2 λ 3 λ λ
µ
L = ∂µ ϕ∂ ϕ − |m| ϕ − m ϕ0 + ϕ0 ϕ − ϕ4 − ϕ3 ϕ0 , (A7-10)
2
2 2 3! 4! 3!
de modo que a lagrangeana ganha o termo de massa com o sinal correto.
152
7.2 Mecanismo de Higgs
O modelo de Goldstone extendido para a simetria local permite a eliminação
dos bósons de Goldstone, ao mesmo tempo em que os campos de gauge
adquirem massa pela quebra espontânea de simetria. Este procedimento é
conhecido como o mecanismo de Higgs, No entanto, na presença dos campos
vetoriais de gauge, o processo de quebra espontânea de simetria cria termos
de massa para os campos de gauge e os bósons de Goldstone são absorvidos
por estes campos vetoriais agora massivos. A lagrangeana, com os campos
de gauge, fica
1 λ
L = − F µν Fµν + Dµ ϕ∗ Dµ ϕ − m2 ϕ∗ ϕ − (ϕ∗ ϕ)2 , (A7-22)
4 4
com simetria de fase local. Considerando m2 < 0, pode-se ver que o potencial
λ ∗ 2
V (ϕ) = m2 ϕ∗ ϕ − (ϕ ϕ) (A7-23)
4
assume valor mínimo para os campos definidos por
ϕ = v.eiη , (A7-24)
onde r
2
v= |m| (A7-25)
λ
e η uma fase arbitrária.
Neste caso, é conveniente redefinir os campos usando a representação
polar
1
ϕ = √ (χ + v) eiθ/v (A7-26)
2
onde χ e θ são campos reais, que entram na lagrangeana como
µ ¶
1 µν µ 1 2 2 3λv 2 λ ¡ 4 ¢
L = − F Fµν + ∂µ χ∂ χ − χ m + − χ + 4vχ3 +
4 2 4 16
µ ¶2 µ ¶2
χ+v ∂µ θ
+ − eAµ . (A7-27)
2 v
153
√
e corresponde, portanto, a |m| / 2. O campo de gauge Aµ também tem um
termo de massa, enquanto que o campo escalar θ pode ser eliminado pela
redefinição do campo de gauge,
∂µ θ
Aµ −→ Aµ + , (A7-29)
ev
que absorve o campo escalar sem diminuir o grau de liberdade do sistema,
pois o campo vetorial massivo tem três graus de liberdade, enquanto que o
campo vetorial de massa nula tem apenas dois graus de liberdade.
Este procedimento pode ser imediatamente extendido para grupos de
simetria não abeliana, como ocorre no modelo de Weinberg-Salam da in-
teração eletrofraca.
154