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Capitulo 1 Tania Teisera Asinellt Fernando Azevedo CCIEC, Universidade do Minho ‘Sunpreendentes sto as reagdes dos pequenos, diante de uma histéria lida por alguém que © faz com propriedade: Muencia, ‘entonaglo, cadéncia, ritmo adequados e, especialmente, ‘envolvimento, O encantamento perante a literatura é refletido no ‘olhar, no jeito de ouvir, no corpo intezo, como seo encantamento levasse a outras dimens6es, absorvendo pensamentos © descos. ‘As sensages ovorrem na toaldade dos sentidos: ouve-s, mas 05 sabores, as vibes, as texturas podem ser sentidas as suas plenitude, associadas ds experitncias vividas. & de cada um © direto de deixar Muir as emogides, 0 delete, o imaginirio. Longe de uma compreensio padronizada, a relagio com textos literrios est além do entendimento raso e normatizado, como toda a obra de arte. O estético supera a tecniidade dos meios dos instrumentos, portanto, & Nedonista e, a0 mesmo * Asnali,T. ¢Azevedo, F201, Escola Literatu In F. Azevedo, M, 6. Sanh, P. Oso A. Pas (Coord), Elements de Dita da Lingua € 4s Laeraura em Contato. Pedeaigco (gp. 510). Brag, Cento de Investigate studs da Clana Isto de Educa, ISBN: 978-972 S202 5 tempo, perene: “algo imortal feito por mos mortais” (Arendt, 1989:18. Com esperar sentimentos “iguas” de seres diferentes na ‘essbncia, na trajetéria, no repertério, mas relagbes que 0 social thes impoe?Inaceitvel, porém, mais comum do que se imagina. Menos admissivel, ainda, quando a exigéneia vem de educadores que estipulam interpretapSes, deixando margem aquelas que lo cofrespondem ao tragado exatamente na obra ou parecerem tants diferentes das ideias preconcebidas do professor. Sem, absolutamente, desconsideraro valor dos “contadores de histérias” - especializados na arte da natrativa, nas caracterzagdes dos personagens e ambientes, no uso de cestatégias convineentes ¢atrativas, qualquer pessoa - dotada das habilidades bisicas necessrias para uma boa letra, © qué foi ‘mencionado anteriormente: ritmo, fugncia, entonago, cadéncia - ‘est credenciada a ler histéras, com sucesso. Hé, todavia, um requisite indispensivel, para o leitor: gostar de ler; passar nas suas narativas as sensagdes e @ “verdade” de cada episidio lido cou contado, de forma 2 estabelecer confianga, cumplicidad, aconchego e facinio. ‘A cultura da “contago de histérias”, ganha terreno, no Brasil, constiuindo uma profisso mais ¢ mais valorizade Importante, que sea assim, pois, esses profisionaistrazem nas suas bagagens (em duplo sentido), além da performance apropriada, uma profisio de objetos e vestimentas, capazes de ‘anspor bureieas ¢ causar impacto ivesstvel, nas criangas. Convém assinalar, no entanto, que muitas eseolas e professores ‘no dispBem de tal regalia e, nem por isso, devern deixar uma atividade fundamental, como esta, em segundo plano ou sua realizaglo relegada a raras ocasibes, Fruto de observagies © de contatos com professores verifica-se que muitos docentes veem, ainda, a literatura como uma atividade de menor importancia Alegam @ auséncia de seu cariter utiliteio e, portanto, deve serve para preenchimento de horéros vagos ou atibuem-Ihe ura papel de coadjuante, B imperativo que se recupre, nas esols brasileias& nas escohs portguesss, 0 protagonisme da literatura, atrelado 20 cntendimento que seu uso € capaz de (eeonstrui @ dimensto Jumana, a bussa do implicit, da estes, do nonsense, como forma de abertura de horzontes, de viens para dentro © fora dos pequenos grandes mundos dos aprendizes, em espagos tempos inimaginives, em que as lacuna sio completa pelo Ieitciouvinte, nfo mais eonformado com certezas absolutes. Entctat, ht experiénias merocedoras de destague, n0 trabalho com géneros literirio, em escola publics brasieirs, ‘em que profesorese alunos mergutham no univers da fegle, & partir de cleremes poradores de textos ¢ de um clenco conserivel de autores, Nesses casos, observe-se um ganho fnorme para alunos e docenes. Pereebo-se, claramente, 0 desenvolvimento do potecial rtcoe erativo ds eranes, da sensibildade, além da aguisigio de conkeciments,habilidades, peeepeBes © abstrapGes, fundamentals paca a estrtura do pensimento eda linguagem, Entre muitos encaminhamentos bem sucedidos voids & Ieraura na escol, 0 exemplo que scgue <, especialmente, opomtune: Em abil de 2002, 0 jomal Fla de Sao Paulo veieulou 0 niga intulado: “Por que eles no coaseguer le", do professor de Lingua Portuguesa, em escolaspiblcas da cade de Sto Paul, Luiz Margues. Confrmando 0 desasoso resultado de uma pesquisa conduzda pelo Programa Internacional de ‘Avaliago de Alunos da OCDE (Orzanizagdo para Cooperagto © Desenvolvimento Ezondmico:estudanesbrsilitos de 15 anos tio exam capsizes de compresnder 0 seatido de pequcnos texts, réprios para sun fia tii, o profesor Marques, afrma: “Porch que vencia do pont de vist curricular, mas cassava do pont de vista educaional”. Acidentalmente, Luiz Marques se deparou com 0 conto “A. teroeira margem do rio", de Guimardes Rosa (1988) ¢ decid ler para 08 anos, o que 0 fez com a exceléncia de um leitor contumae. Howe certa apatia dos alunos, no inicio, frato do ‘nustado, Ao serem questionados sobre 0 destino do pai, na histria, sentiram-se desconfortveis, mas, 0s poucos demonstravam identifcarse com 0 texto, pois, ere 0s estudanies hava alguns que desconheciam o proprio geniter ou 0 perderam muito cedo, Constemagio e sentimentos variados ivadiram os alunos. Marques passou a adotar, habitualmente, « leitura de outeos textos de Guimaries Ross ¢ de diferentes autores. Em seguida, veio a alentadora constatago: “Pouco a ‘pouco, meus alunos comegaram a agi eritcamente,elogiando ou rio as kituras, preferindo ou preterindo este ou aquele texto ou cescrtor, Minha fuga do rigido curieulo havia valido « pens todos se envolveram”. ‘A alusdo de Marques & “fuga do rigido curriculo” implica, também, uma certa Hbertagdo do livro didético que, em casos ffequentes, & um entrave para 0 envolvimento e o interesse dos apreadizes, Embora, haja obras diddticas bem estruturadas, que primam pela qualidade na escotha de textos liters e de suas anilises, muitos sto questiondveis, servindo-se da literature de forma fagmentada e como pretexto para © ensino dos aspectos ‘gramaticais de Kingua. Sem contar, com a selego de texios de cariter ideoldgico, voltados dovtrinamentos, que impdem preceitos, no intuto de “ajustar” © normitizar comportamentos. E, s¢ 0 livto diditico estiver caleado em “ensinamentos” de tal natureza, nfo seria fungio do professor estabelever 0 debate suscitar@reflento, instalar desafios? ara muitos profestores, o liveo ddético € o Gnico material ‘wsado em suas aulas e, quando questionados a esse respeito, alegam falta de tempo para pesquisa epreparar outros recursos. © proprio MEC (Ministério de Educagdo e Cultura) organismo oficial que faz a selegio ¢ a distribuigéo dos livros Aliditicos, para as escola pblicas brasileira, recoahec: Em maior ou menor meds, tds as colegtes colaboram para o desenvlvimento da proficizcia fem letra; ms ain &reduzido 0 mimeo das que também se-ocupam em mobiizar © desenvolver ‘spacidades envolvdis na formagdo do. letor liter. (EC, 2008.2. [Nossa criangase nossos jovens so earentes dos miltiplos prazores que a leitura literiria oferece. Carente, também, da liberdade de manuscar, er muita vezes a mesma obra, ou deixar 4e lado aquelas que fo Ihes apetecem no momento, para bus las em outra ocasio, ou, simplesmente, esquect-las. A relago om a feituca € afetiva, Morals (1995) defende ides de que em teora idade a cranca faz as primeira descobertas, nos textos que ‘oave: “O primeiro passo & a audigio de livros. A audigho da leitura feta por outros tem uma tripla fungi: cognitiva, linguisticn ¢ ative.” (Moras, 1995:171). Bm geral, atribu-se pouca importincia & audigio de histrias,indicada niio apenas, aos pequenos, mas a todas as faixas etérias, partindo-se do principio que a todos convém a pariha de uma leture bem feta. Quem sabe, assim, estariamos ‘miniizando tantasdifculdades¢ resisténcias com relapo a0 to decantado “gosto pela letura"? TH. que se atrbuir& escola, a formagio de letores de obras Iiterdvias, haja vista 2 auséncia cada vez mais expressiva da Aisponibilidade das familias, neste questo. Assim, reportamo- 0s, ainda, a Morais (199S:172) A Ista em vor alta de tvoe de histéria no Severin entelant, ser uma prerogative des pais. la dvera fier parte da ecols ator, A letra para o grupo suscia inteagbese fers de partis fntletul ere colegas que a reagio parianga 5 ‘fo pode oferecer. Bl tem a grande vantagon emocritca de conwribur para mio éetur

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