Aula 8

Números reais – parte II

Elaine Pimentel

EV2015 – UFRN

20 de janeiro de 2014

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Cortes e números reais
Teorema 5. (Dedekind) Sejam A e B subconjuntos de R tais que:
i. R = A ∪ B;
ii. A ∩ B = ∅;
iii. A 6= ∅ e B 6= ∅;
iv. se α ∈ A e β ∈ B então α < β.
Então existe um e apenas um número real γ tal que α ≤ γ ≤ β para todo
α ∈ A e para todo β ∈ B.
Prova. (unicidade) Suponha que γ1 < γ2 satisfazem o enunciado. Seja
γ1 < γ3 < γ2 (que existe pelo Teorema 4). Como γ3 < γ2 ≤ β, para todo
β ∈ B, γ3 ∈ A. Mas, pelo mesmo argumento, γ3 ∈ B. ABSURDO.
(existência) Seja γ = {r ∈ Q | r ∈ α, para algum α ∈ A}. É fácil ver que
γ é um corte e que α ⊂ γ, ∀α ∈ A. Suponhamos que exista β ∈ B com
β < γ. Logo existe r ∈ Q tal que r ∈ γ − β. Mas então r ∈ α para algum
α ∈ A. ABSURDO pois isso implica β < α. Logo γ ≤ β, ∀β ∈ B.

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Cortes e números reais

Exercı́cio 1. Considere os seguintes subconjuntos de Q:

A = {x ∈ Q+ | x 2 < 2} ∪ Q∗− e B = {x ∈ Q+ | x 2 > 2}

Mostre que A e B satisfazem as hipóteses do teorema anterior, com Q no

lugar de R, mas que não existe r ∈ Q satisfazendo s ≤ r , ∀s ∈ A e
r ≤ t, ∀t ∈ B.
Observe que o teorema e o exercı́cio indicam que “R não tem lacunas”,
enquanto que Q sim. Por essa razão, dizemos que R é completo.
Corolário 1. Nas condições do teorema anterior, ou existe em A um
número máximo, ou em B um número mı́nimo.

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Supremo e ı́nfimo
sup e inf
i. A ⊂ R é limitado superiormente se existe k ∈ R tal que
k ≥ x, ∀x ∈ A. De modo análogo definimos um conjunto limitado
inferiormente.
ii. A é limitado se é limitado inferiormente e superiormente.
iii. Se A é limitado superiormente e existe uma cota superior mı́nima s,
então s é chamado o supremo de A, denotado por sup A.
Similarmente para o ı́nfimo, inf A.

Teorema 6. Se X ⊂ R é um conjunto não vazio e limitado superiormente,

então existe sup X .
Prova. Defina A = {α ∈ R | α < x para algum x ∈ X } e B = R − A. É
muito fácil ver que A e B satisfazem as hipóteses do Teorema 5. Pelo
Corolário 1, A possui um máximo ou B possui um mı́nimo. Mas se α ∈ A,
existe x ∈ X tal que α < x. Seja α < α0 < x. Como α0 < x, α0 ∈ A e
α0 > α. Ou seja, nenhum elemento de A é maximal. Logo B possui um
elemento mı́nimo.
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Potências
Potências
Seja a ∈ R e n ∈ N. Definimos a potência An recursivamente:
a0 = 1;
an = a.an−1 .
se a 6= 0, a−n = (a−1 )n .

Propriedades. Se a, b ∈ R e m, n ∈ N∗ então

(ab)n = an .b n ; an am = an+m ; (an )m = anm

Teorema 7. Seja a ∈ R∗+ e n ∈ N∗ . Existe um único número real positivo

que é solução da equação x n = a.
Raı́zes
Dado a ∈ R∗+ e n ∈ N, o único número real positivo que é solução da
√ 1
equação x n = a é chamado raiz n-ésima de a e denotado por n a ou a n .
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8a lista de exercı́cios

1 Mostre que todo conjunto não vazio de reais, limitado inferiormente,

possui ı́nfimo.
2 Mostre que se X e Y são subconjuntos limitados em R e se X ⊂ Y ,
então inf Y ≤ inf X e sup X ≤ sup Y .
3 Mostre que o conjunto A = {x ∈ Q+ | x 2 < 2} não possui supremo
em Q.
4 Prove que N é ilimitado em R.
5 Estenda as propriedades de exponenciação para os inteiros, lembrando
que, para expoentes negativos, a base deve ser não nula.

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