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CIDADANIA
AÇÃO DA ESCOLA
A crise paradigmática também atinge a escola e ela se pergunta sobre si mesma, sobre seu
papel como instituição numa sociedade pós-moderna e pós-industrial, caracterizada pela
globalização da economia e das comunicações, pelo pluralismo político, pela emergência do
poder local.
Há pelo menos duas razões que justificam a implantação de um processo de gestão
democrática na escola pública: 1ª porque a escola deve formar para a cidadania e, para isso,
ela deve dar o exemplo. A gestão democrática da escola é um passo importante no
aprendizado da democracia. A escola não tem um fim em si mesma. Ela está a serviço da
comunidade. Nisso, a gestão democrática da escola está prestando um serviço também à
comunidade que a mantém.
A AUTONOMIA E A PARTICIPAÇÃO - pressupostos do projeto político-pedagógico da
escola - não se limitam à mera declaração de princípios consignados em algum documento.
Sua presença precisa ser sentida no conselho de escola ou colegiado, mas também na
escolha do livro didático, no planejamento do ensino, na organização de eventos culturais, de
atividades cívicas, esportivas, recreativas. Não basta apenas assistir reuniões.
A gestão democrática deve estar impregnada por uma certa atmosfera que se respira na
escola, na circulação das informações, na divisão do trabalho, no estabelecimento do
calendário escolar, na distribuição das aulas, no processo de elaboração ou de criação de
novos cursos ou de novas disciplinas, na formação de grupos de trabalho, na capacitação
dos recursos humanos, etc.
A gestão democrática é, portanto, atitude e método. A atitude democrática é necessária, mas
não é suficiente. precisamos de métodos democráticos de efetivo exercício da democracia.
Ela também é um aprendizado, demanda tempo, atenção e trabalho.
A cidadania e autonomia são hoje duas categorias estratégicas de construção de uma
sociedade melhor em torno das quais há frequentemente consenso. Essas categorias se
constituem na base da nossa identidade nacional tão desejada e ainda tão longínqua em
função do arraigado individualismo, tanto das nossas elites quanto das fortes corporações
emergentes, ambas dependentes do Estado paternalista. O movimento atual da chamada
"escola cidadã" está inserido nesse novo contexto histórico de busca de identidade nacional.
A "escola cidadã" surge como resposta à burocratização do sistema de ensino e à sua
ineficiência.
Surge como resposta à falência do ensino oficial que, embora seja democrático, não
consegue garantir a qualidade e em resposta também ao ensino privado às vezes eficiente,
mas sempre elitista. É nesse contexto histórico que vem se desenhando o projeto e a
realização prática da escola cidadã em diversas partes do país, como uma alternativa nova e
emergente. Ela vem surgindo em numerosos Municípios e já se mostra nas preocupações
dos dirigentes educacionais em diversos Estados brasileiros.
PROTAGONISMO JUVENIL
No Protagonismo Juvenil o jovem é sempre o ator principal em ações que dizem respeito a
problemas concernentes ao bem comum, na escola, nos grupos sociais, nas comunidades de
bairro, ou na sociedade de maneira geral. Nesse tipo de ação há a influência do jovem na
conjuntura social para resolver problemas reais. É um formato de educação para a cidadania
onde o jovem toma uma atitude de centralidade. Nesse aspecto a fonte de iniciativa do jovem é a
ação e a fonte de compromisso é a responsabilidade.
PROTAGONISTA quer dizer, então, lutador principal, personagem principal, ator principal. O
jovem deve começar então, em face do protagonismo a ser aceito como solução, e não como
problema.
A ação do jovem adolescente, de maneira individual ou em grupo, para buscar soluções de
problemas reais, em atuação de iniciativa, liberdade e compromisso, com participação
autêntica no contexto escolar ou mesmo na sociedade e na comunidade, se traduz de
maneira inequívoca no protagonismo juvenil.
O jovem protagonista surge como fonte de atuação, pois é dele que parte a iniciativa, como
foco de liberdade, porque a sua ação é pautada em uma decisão consciente e de
compromisso , na medida em que o jovem responde por seus atos. No protagonismo juvenil a
participação do jovem deve ser uma iniciativa legítima e não simbólica, onde são criadas
oportunidades para que o estudante possa procurar, ele próprio, a construção de sua
identidade.
Para desenvolver com seus alunos a iniciativa de ação protagônica, o professor deve atuar
como líder, organizador, animador, facilitador criativo e coautor participativo dos
acontecimentos. O aluno enquanto protagonista da ação educativa deve buscar a
procedência dos acontecimentos, agindo de maneira efetiva na sua produção, deve decidir,
produzir, questionar e buscar soluções, assim estimulando o seu crescimento pessoal e
ativando a cidadania no compromisso do processo interativo de responder pelos seus atos,
assumindo a responsabilidade de suas ações.
Só assim o jovem adolescente poderá desenvolver a autonomia, a solidariedade e a
capacidade, ampliando através do protagonismo A COMPETÊNCIA PESSOAL (APRENDER
A SER), A COMPETÊNCIA SOCIAL (APRENDER A CONVIVER), A COMPETÊNCIA
PRODUTIVA (APRENDER A FAZER), A COMPETÊNCIA COGNITIVA (APRENDER A
APRENDER).
Nesse momento, enquanto o jovem se conscientiza de sua identidade, se reconhece como
ser atuante, autônomo, solidário, participativo e construtor do seu destino pode se estabelecer
como voluntário, transformando-se no cidadão que, oferece seu tempo, trabalho e potencial,
para causas de interesse social e do bem comum.
Os jovens são peças fundamentais na transformação social, enquanto buscam a atuação
construtiva da sociedade, e é nesse momento que os mestres podem atuar como
orientadores, abrindo espaços e oportunidades, considerando os alunos como parceiros e co-
laboradores. O jovem, considerado sujeito da ação se envolve verdadeiramente no processo do
protagonismo, quando é incitado a construir e a assumir responsabilidades.
Dentro da ideia de protagonismo juvenil proposta por Gomes da Costa, o jovem é tomado
como elemento central da prática educativa, que participa de todas as fases desta prática,
desde a elaboração, execução até a avaliação das ações propostas. A idéia é que o
protagonismo juvenil possa estimular a participação social dos jovens, contribuindo não
apenas com o desenvolvimento pessoal dos jovens atingidos, mas com o desenvolvimento
das comunidades em que os jovens estão inseridos. Dessa forma, segundo o educador, o
protagonismo juvenil contribui para a formação de pessoas mais autônomas e comprometidas
socialmente, com valores de solidariedade e respeito mais incorporados, o que contribui para
uma proposta de transformação social.
“Protagonismo juvenil é a participação do adolescente em atividade que extrapolam os
âmbitos de seus interesses individuais e familiares e que podem ter como espaço a escola, os
diversos âmbitos da vida comunitária; igrejas, clubes, associações e até mesmo a sociedade
em sentido mais amplo, através de campanhas, movimentos e outras formas de mobilização
que transcendem os limites de seu entorno sócio- comunitário”. (COSTA, 1996:90)
Assim, a concepção de Educação contida na proposta de protagonismo juvenil deve ser
entendida de forma abrangente, não podendo limitar-se à Educação escolar, mas incluindo
outros aspectos que possam auxiliar os jovens no exercício da vida pública, como o
desenvolvimento pessoal, profissional, as relações sociais e o trato com as questões do bem-
comum. Ao mesmo tempo os espaços educacionais devem ser compreendidos como
múltiplos, ultrapassando os muros das escolas e atingindo outros espaços de referência,
como organizações sociais, movimentos sociais, etc…
O protagonismo juvenil deve priorizar a intervenção comunitária, procurando, com a ação
concreta dos jovens, contribuir para uma sociedade mais justa, a partir da incorporação de
valores democráticos e participativos por parte dos jovens e da vivência do diálogo, da
negociação e da convivência com as diferenças sociais. Assim, o protagonismo juvenil
pressupõe sempre um compromisso com a democracia.
Entretanto, para que se desenvolva o protagonismo juvenil é necessário desenvolver um novo
tipo de relacionamento entre jovens e adultos, em que o adulto deixa de ser um transmissor
de conhecimentos para ser um colaborador e um parceiro do jovem na descoberta de novos
conhecimentos e na ação comunitária.
Para que isso aconteça, é necessário, no entanto, que haja uma mudança na visão do
educando, em que este possa ser visto como fonte de iniciativa, fonte de liberdade e de
compromisso. Isso quer dizer que os jovens devem ser estimulados a tomarem iniciativa dos
projetos a serem desenvolvidos, ao mesmo tempo em que devem vivenciar possibilidades de
escolha e de responsabilidades.
“O protagonismo juvenil parte do pressuposto de que o que os adolescentes pensam, dizem e
fazem pode transcender os limites do seu entorno pessoal e familiar e influir no curso dos
acontecimentos da vida comunitária e social mais ampla. Em outras palavras, o protagonismo
juvenil é uma forma de reconhecer que a participação dos adolescentes pode gerar
mudanças decisivas na realidade social, ambiental, cultural e política onde estão inseridos.
Nesse sentido, participar para o adolescente é envolver-se em processos de discussão,
decisão, desenho e execução de ações, visando, através do seu envolvimento na solução de
problemas reais, desenvolver o seu potencial criativo e a sua força transformadora. Assim, o
protagonismo juvenil, tanto como um direito, é um dever dos adolescentes” (COSTA,
1996:65).
Nesse sentido, seria função do processo educativo criar oportunidades que pudessem
garantir aos jovens uma vivência e um aprendizado das questões do mundo adulto,
proporcionando o fortalecimento de um autoconceito positivo, a formação de vínculos
saudáveis e o desenvolvimento de potencialidades e talentos, o que ao mesmo tempo em que
favoreceria os próprios jovens, contribuiria com a construção de uma sociedade menos
violenta e desigual. Além disso, ANTÔNIO CARLOS GOMES DA COSTA acredita que o
envolvimento dos jovens em projetos sociais e comunitários possa auxiliá-los na criação de
projetos de vida, elemento fundamental para o desenvolvimento pessoal e social dos jovens.
Assim, promover a participação dos jovens a partir do protagonismo juvenil é também facilitar
o acesso do jovem aos novos espaços de participação social e política, resgatando o
elemento transformador inerente à condição juvenil e canalizando-o para uma atuação
saudável.
O desenvolvimento do protagonismo juvenil, de acordo com ANTÔNIO CARLOS GOMES DA
COSTA, diferencia-se do protagonismo juvenil de outras épocas principalmente em função de
que na proposta do educador, as ideias e iniciativas devam ser sempre oriundas dos próprios
jovens, o que em outras épocas foi determinado pelos adultos em ideários já pré-definidos
dentro dos partidos políticos.
condição de cidadão, como base no que é entendido como liberdade em nossa sociedade. Os
Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a
salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
constrangedor.
Visto que todos têm o dever de proteger a criança e o adolescente, cabe também a escola agir
em defesa do direito dos jovens.
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina,
educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada,
pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por
qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se:
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força físi-
ca sobre a criança ou o adolescente que resulte em:
a) sofrimento físico; ou
b) lesão;
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à
criança ou ao adolescente que:
a) humilhe; ou
b) ameace gravemente; ou
c) ridicularize.
Observe que o tratamento cruel ou degradante ao adolescente também é vedado, sendo que o
tratamento cruel extrapola os castigos físicos citados no inciso I. Ridicularizar, humilhar um
jovem, suas formas de expressão, suas opiniões, também é vedado pelo ECA.
“Para melhor desenvolver a sua personalidade e estar à altura de agir em cada vez melhor