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1. ABSORÇÃO DE HERBICIDAS
Ricardo Camara Werlang
São muitos os herbicidas utilizados no controle de plantas daninhas, estes podem ser
classificados quanto seu mecanismo de ação, seletividade, absorção, toxicidade, capacidade
sortiva no solo, etc. Para entender um pouco mais sobre a absorção de herbicidas pode-se
analisar a Tabela 1. Neste experimento os autores realizaram a aplicação do herbicida
imazaquim, inibidor de ALS, de duas maneiras – apenas nas folhas, protegendo a superfície
do solo para que o herbicida não entre em contato com este, mesmo após a simulação de
chuva e a aplicação sem a proteção da superfície do solo, onde o herbicida entra em contato
com o mesmo tanto na aplicação como na simulação da chuva. Os autores também
avaliaram o efeito da simulação de chuva em diferentes intervalos após a aplicação do
herbicida. A água da chuva tem a capacidade de lavar a superfície foliar o herbicida ainda
não absorvido.

Tabela 1 - Efeito dos intervalos sem chuva após aplicação de imazaquin em


pós-emergência em C. obtusifolia, S. spinosa, e X. strumarium.
Chuva – Controle visual (%)
horas após C. obtusifolia S. spinosa X. strumarium
a aplicação Folha Folha + Folha Folha + Folha Folha +
solo solo solo
0,08 25 85 25 85 35 95
0,5 25 85 25 85 55 95
1,0 25 85 25 85 70 100
3,0 25 85 25 85 95 100
6,0 25 85 25 85 100 100
24,0 35 85 25 85 100 100
Sem Chuva 85 95 85 95 100 100
* C. obtusifolia (375 g/ha); S. spinosa (125 g/ha); X. strumarium (32 g/ha).
Chuva de 6 mm.
Fonte: Malefyt, Quankenbush, (1991)
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Os autores também estudaram o efeito do herbicida em três diferentes plantas


daninhas. Estudando-se a Tabela 1, observa-se que as espécies de plantas daninhas
responderam diferentemente aos tratamentos. O que estaria influenciando estas respostas
diferentes?
Porque o controle das plantas daninhas foi menor nos menores intervalos sem
chuva após a aplicação do herbicida? E o intervalo sem chuva após a aplicação
necessário para ocorrer controle >80% foi igual para todas as espécies? E quanto a
maneira de aplicação do herbicida, os dois tipos – folhas e folhas + solo – exigiram o
mesmo intervalo sem chuva para proporcionar controle elevado das espécies?
O herbicida para demonstrar sua atividade biológica deve ser absorvido e
translocado até o local de ação, geralmente organelas no interior da célula da planta. As
portas de entrada – locais por onde o herbicida pode ser absorvido são as folhas, caules e
sistema radicular, como pode ser observado nas Figuras 1, 2 e 3.

Figura 1- Esquema geral de


LUZ uma planta, demonstrando os
principais componentes: folhas,
caule e sistema radicular.

Folha

Caule

Raíz
3

Cutícula
Epiderme superior

Células do mesófilo
paliçadico

Xilema
Feixes
vasculares Floema

Epiderme inferior

Células do mesófilo
Células lacunoso
guarda
Estômato
Cutícula
Figura 2- Corte transversal de uma folha esquematizando os principais
componentes. As organelas onde os herbicidas atuam estão no interior das células.

Figura 3- Corte transversal de uma


raíz esquematizando os principais
componentes. As organelas onde os
herbicidas atuam estão no interior das
células. Sendo que dependendo do
mecanismo de ação do herbicida seu
local de ação está no interior das
células da folha, portanto, devendo o
mesmo ser translocado para a parte
aérea.

A atividade biológica de um herbicida na planta é função da absorção, da


translocação, do metabolismo e da sensibilidade da planta a este herbicida e, ou, a seus
metabólitos. Por isso, o simples fato de um herbicida atingir as folhas da planta e, ou, ser
aplicado no solo onde se desenvolve esta planta não é suficiente para que ele exerça a sua
ação. Há necessidade de que ele penetre (isto é seja absorvido) na planta, transloque e
atinja a organela onde irá atuar. A atrazina, por exemplo, quando aplicada ao solo, penetra
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pelas raízes, transloca até as folhas e, aí, atinge e penetra nos cloroplastos, onde atua,
destruindo-os. Por outro lado, o 2,4 DB precisa ser absorvido, translocado e, ainda,
metabolizado para exercer sua ação herbicida. O imazaquin pode ser absorvido pelas folhas
e caules ou sistema radicular e depois é translocado até o interior das mitocôndrias onde
terá a sua ação.
Os herbicidas podem penetrar nas plantas através das suas estruturas aéreas (folhas,
caules, flores e frutos) e subterrâneas (raízes, rizomas, estolões, tubérculos, etc.), de
estruturas jovens como radículas e caulículo e, também, pelas sementes. A principal via de
penetração dos herbicidas na planta é função de uma série de fatores intrínsecos e
extrínsecos (ambientais).
Quando os herbicidas são aplicados diretamente na parte aérea da planta (pós-
emergência), as folhas e os caules são as suas principais vias de penetração. Por outro lado,
as raízes, as estruturas jovens das plântulas (radícula e caulículo) e as sementes são as vias
de penetração mais importantes para os herbicidas aplicados e, ou, incorporados ao solo. O
caule (casca) de árvores ou arbustos pode também ser uma via de penetração de herbicidas,
principalmente quando se deseja controlar apenas algumas plantas, dentro de uma
população mista, ou quando, em um reflorestamento, se deseja matar as árvores antes da
derrubada.
As grandes diferenças entre a absorção de herbicidas pelas raízes ou pelas folhas
estão muito relacionadas com a disponibilidade dos produtos nos locais de absorção, sua
capacidade de absorção pelas diferentes rotas e com fatores ambientais (temperatura, luz,
umidade relativa do ar e umidade do solo), que influenciam tanto a absorção quanto a
translocação destes. No caso do exemplo da Tabela 1, o imazaquim, possui a característica
de ser absorvido tanto pela parte aérea (folhas e caules) como pelo sistema radicular. Uma
vez que este encontra-se disponível na solução do solo e pode ser absorvido e translocado
para as folhas onde se encontram as organelas em que terá sua ação biológica.
As espécies possuem sensibilidade diferenciada para o herbicida, por isso a
quantidade deste necessária para causar a morte de uma determinada espécie é diferente do
que para outra espécie. No exemplo da Tabela 1, a ordem crescente de susceptibilidade ao
imazaquim é: C. obtusifolia (375 g/ha) < S. spinosa (125 g/ha) < X. strumarium (32 g/ha),
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fato este que pode ser observado nas doses do herbicida utilizado para cada espécie e suas
respostas no controle.
1.1. Interceptação, retenção e absorção de herbicida pela folha
A absorção foliar de um herbicida requer que o produto seja depositado sobre a
folha e permaneça ali por um período de tempo suficiente, até ser absorvido. Assim a
ocorrência de chuvas (lavando o herbicida da superfície foliar), em intervalos onde não
ocorreu a absorção de quantidade suficiente para o controle adequado da espécie, vai
proporcionar redução do controle. Por isso que o controle foi menor nos menores intervalos
sem chuva após a aplicação do imazaquin (Tabela 1) quando a aplicação foi realizada
somente nas folhas.
A interceptação da gota pulverizada é função do método de aplicação e da distância
entre o alvo e o bico do pulverizador, que serão discutidos no item referente à tecnologia de
aplicação. Também a morfologia da planta e as condições ambientais exercem grande
influência.
A morfologia da planta influencia a quantidade de herbicida interceptada e retida.
Dentre os aspectos relacionados com a morfologia da planta destacam-se o estádio de
desenvolvimento (idade da planta), a forma e a área do limbo foliar, o ângulo ou a
orientação das folhas em relação ao jato de pulverização e as estruturas especializadas,
como tricomas (pêlos) (Figura 4). Também o número e a abertura dos estômatos exercem
importante influência sobre a penetração dos herbicidas. Contudo, essas estruturas estão
localizadas, em maior número, na face abaxial das folhas, a qual é pouco atingida pelos
processos usuais de aplicação de herbicidas.

A B

Figura 4 – Microscopia da superfície foliar da face abaxial (A) Leonotis nepetaefolia e (B)
Crotalaria incana. Observe a presença de tricomas em A e ausência em B.
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Após a interceptação, para cada herbicida, deve haver um período crítico de sem
ocorrência de chuvas até que ocorra absorção de quantidade suficiente deste. Isto para
herbicidas que possuem sua absorção apenas pela parte aérea da planta, uma vez da
possibilidade de absorção pelo sistema radicular, o efeito da ocorrência de chuvas após a
aplicação é reduzido, como observado na Tabela 1 no exemplo com imazaquin. A perda do
herbicida ou de sua atividade depende da ocorrência de chuva (intensidade e duração) neste
intervalo, do método e da tecnologia de aplicação e das espécies de plantas envolvidas. A
influência da chuva sobre a eficiência dos herbicidas está também relacionada à
formulação. Por exemplo, 2,4-D amina requer um período muito mais longo sem chuva do
que o 2,4-D ester para causar a mesma toxicidade em várias espécies sensíveis (Behrens e
Elakkad, 1981). A chuva pode causar perdas consideráveis de herbicidas das folhas das
plantas. Sais aniônicos (cargas negativas), por exemplo sais de sódio, não penetram
rapidamente, não são absorvidos pela superfície da cultícula e são solúveis em água e
podem ser lavados caso ocorra chuva até mais de 24 horas após. Sais catiônicos (carregados
positivamente), como o paraquat, são solúveis em água, mas são rapidamente absorvidos e,
por isso, menos sujeitos a lavagem pela chuva. Herbicidas lipofílicos (usualmente
formulados como CE ou flowable) são pouco solúveis em água, porém são rapidamente
absorvidos nos lipídios da cutícula e são pouco lavados pela chuva. Na Figura 5, estão
demonstrados os resultados de um experimento com quatro herbicidas (glyphosate, 2,4,5-T,
triclopyr amina e triclopyr éster) sendo sua eficácia influenciada por diferentes intervalos
sem chuva após a aplicação. O glyphosate é um herbicida polar e sua absorção é
relativamente lenta, o que pode ser observado pela grande influencia da ocorrência de
chuva na eficácia deste produto. O 2, 4, 5 – T é um herbicida lipofílico (apolar) e sofreu
menor influencia da ocorrência de chuva após a aplicação. Quanto as duas formulações de
triclopyr, observa-se que a formulação amina sofre maior influencia da ocorrência de
chuvas do que a formulação éster, mesmo em um herbicida apolar, isto porque além da
absorção mais rápida da formulação éster esta possui maior capacidade de ser absorvida
pelo sistema radicular. Assim, mesmo o produto lavado da formulação éster pode ser
melhor absorvido no solo pelo sistema radicular.
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Controle
%

Intervalo sem chuva


após a aplicação min.

Figura 5 – Efeito de intervalos sem chuva em minutos, no controle de Acácia fornesiana,


por diferentes herbicidas e formulações. Fonte: Bovey et al., (1990).

As folhas, como todas as estruturas aéreas das plantas, são recobertas por uma
camada morta (não-celular), lipofílica, denominada cutícula. Embora em menor proporção,
esta existe também nas raízes, razão pela qual muitos fatores influenciam, igualmente, tanto
a penetração dos herbicidas pelas folhas quanto pelas raízes (Figuras 1, 2 e 3).
A cutícula recobre todas as células da epiderme da planta, incluindo as células-
guarda dos estômatos e as células que envolvem a câmara subestomática. A cutina é o
principal componente estrutural da cutícula. Externamente, a cutícula é recoberta por uma
camada de cera. Este conjunto, freqüentemente, é referido como camada cuticular (Figura
6).
Entre a camada cuticular e a membrana citoplasmática tem-se a parede celular, que
é formada de fibrilos de celulose impregnados de pectina.
O padrão de superfície da camada cuticular é bastante variável. Ela pode ter a forma
de grânulos, de prato (ou disco), de camadas superpostas e, ainda, pode ser semifluída ou
fluída. A composição química do revestimento epicuticular é muito variável entre as
espécies de plantas (Tabela 2), entretanto, alguns componentes são comuns. Em geral, esta
camada é uma complexa mistura de alcanos de longas cadeias (21-37 carbonos), álcoois,
cetonas, aldeídos, ésteres, ácidos graxos, etc. A constituição diferenciada da camada
cuticular pode estar influenciando as respostas quanto a chuva no experimento da Tabela 1.
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O grau de polaridade varia muito. A camada cerosa que envolve a cutícula é mais
rica em compostos menos polares do que a cutina. A cutina possui grupos de polaridade
variáveis (Figura 6), funcionando como uma resina de troca de cátions. Em presença de
água, acredita-se que a cutina aumente de volume (por embebição), separando as partículas
de cera, aumentando, assim a sua permeabilidade.

CAMADA
CUTICULAR

Figura 6 - Representação esquemática dos principais componentes da camada cuticular e o


seu grau lipofílico.
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Tabela 2 - Percentagem de compostos apolares e polares e pH do revestimento


epicuticular de diversas espécies de plantas daninhas
Compostos Compostos
Espécies daninhas pH
Não-Polares Polares
Cyperus rotundus 82 17 7,2
Avena fatua 10 90 7,0
Brachiaria plantaginea 17 82 7,0
Cynodon dactylon 12 88 6,4
Digitaria sanguinalis 37 62 7,0
Echinochloa crus-galli 27 72 6,8
Panicum dichotomiflorum 17 82 7,0
Poa annua 29 71 7,0
Sorghum halepense 6 93 7,0
Amaranthus retroflexus 44 55 8,0
Capsella bursa-pastoris 32 68 7,2
Chenopodium album 32 66 7,0
Datura stramonium 92 7 6,6
Ipomoea purpurea 32 68 8,2
Poligonum lapathifolium 12 86 7,5
Portulaca oleracea 37 63 6,6
Senna obtusifolia 7 93 6,8
Sida spinosa 85 14 8,2
Sinapsis arvensis 47 52 8,3
Solanum nigrum 88 11 8,4
Stellaria media 9 91 6,8
Xhathium orientale 58 41 6,5
Fonte: Sandoz Agro Ltda. (1991), citado por Kissmann (1997).

É conhecido o fato de que há uma interação bastante complexa entre a natureza


química do produto aplicado e a superfície foliar. Existem dois tipos principais de
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superfícies: uma facilmente molhável (rica em álcoois) e outra de molhagem mais difícil
(rica em alcanos). As características da solução aplicada, a polaridade do composto, a
tensão superficial da calda, etc. são importantes nessa interação.
No momento em que os herbicidas entram em contato com a superfície foliar este
pode ter vários destinos (Figura 7).

1
2
3
4

Figura 7 - Diagrama hipotético, representando os aspectos: volatilizar e perder para


atmosfera ou ser lavado pela chuva (1); permanecer sobre a superfície
como um líquido viscoso ou na forma de cristal ou mesmo, penetrar, mas
permanecer absorvido nos componentes lipofílicos da cutícula (2);
penetrar na cutícula, na parede celular e então translocar antes de atingir o
simplasto. Esta é chamada translocação apoplástica, que inclui o
movimento no xilema (3) e penetrar na cutícula, na parede celular e
atingir o interior da célula (pela plasmalema). É a translocação
simplástica, que inclui o movimento no floema (4).
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As folhas das plantas apresentam muitas barreiras à penetração dos herbicidas, tanto
aos polares quanto aos não-polares. Apesar das barreiras existentes (como a camada
cuticular), tanto os herbicidas polares quanto os não-polares penetram nas folhas das
plantas. Uma hipótese descrita por Crafts e outros, citados por Klingman e Ashton (1975),
sobre a penetração dos herbicidas pelas folhas, é que estas barreiras não são totalmente
rígidas e distintas. A maior barreira à penetração de um herbicida no citoplasma das células
é a membrana citoplasmática. Entretanto, o herbicida, após atravessar a camada cuticular e
a parede celular, pode penetrar no citoplasma, via simplasto, através dos plasmodesmatas.
A camada cuticular funciona como uma barreira à perda de água e também como
uma barreira à entrada de pesticidas e microrganismos na planta. O processo de absorção de
um herbicida é complicado em razão da espessura, composição química e permeabilidade
da cutícula, que variam em função da espécie, da idade da folha e do ambiente sob o qual a
folha se desenvolve. Todos esses fatores podem influenciar a absorção de herbicidas.
Uma grande diversidade de herbicidas, que diferem em estrutura e polaridade,
atravessa a camada cuticular. O exato mecanismo de penetração não é conhecido para todos
os herbicidas, mas admite-se que os compostos não-polares sigam uma rota lipofílica e os
compostos polares, a rota hidrofílica. O herbicida possui certa marcha de difusão dentro da
camada cuticular, cuja velocidade vai depender de vários fatores como já mencionados no
texto. Observa-se na Figura 8 a esquematização do processo difusivo do herbicida na
camada cuticular no tempo.
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Figura 8 – Esquema da difusão de um herbicida na camada cuticular.

A absorção de herbicida não é necessariamente relacionada à espessura ou ao peso


da cutícula (Norris, 1974), porém mais pela constituição lipídica e pelo grau de
impedimento da passagem de solutos. Há evidências de que a penetração de herbicidas
decresce com o aumento da idade da folha (Crover e Cessna, 1991). Apesar de a
constituição física e química e a espessura poderem ser praticamente a mesma, a cutícula de
folha nova é mais permeável à água do que a de folhas velhas; Schmidth et al. (1981)
atribuíram isto à maior polaridade da cutina encontrada nas folhas novas.
A passagem de uma molécula de herbicida através da camada cuticular é um
processo físico que pode ser influenciado por uma série de fatores, como: potencial
hidrogeniônico (pH), fatores ambientais (luz, temperatura, umidade relativa), tamanho da
partícula e concentração do herbicida, espessura da cutícula, cerosidade e pilosidade da
folha, uso de agentes ativadores de superfícies (surfactantes) e outros.
Para os herbicidas orgânicos, derivados de ácidos fracos, o pH mais baixo aumenta
a absorção do herbicida, porque reduz sua polaridade. Para os herbicidas não dissociáveis
(amidas, ésteres, etc.), o pH da solução tem pouco ou nenhum efeito sobre a penetração. O
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pH pode influenciar em nível de membrana, modificando a atividade metabólica das


células.
Os fatores ambientais, em conjunto, como temperatura do ar, umidade relativa, luz e
teores de umidade no solo e na planta influenciam a atividade dos herbicidas nos aspectos
de absorção, translocação e grau de detoxificação. É difícil ou mesmo impossível afirmar
qual dos processos é mais influenciado pelas mudanças nas condições do ambiente. A
umidade relativa do ar é muito importante na absorção de herbicidas, principalmente para
moléculas polares, uma vez que a hidratação da cutícula promove a maior abertura das
rachaduras na cutícula e assim melhora as condições de absorção pela rota polar (Figura 9).

Figura 9 – Esquema de
camada cuticular com
rachaduras, em duas
condições de umidade do ar.
Com baixa umidade do ar a
cutícula fica pouco
hidratada e as rachaduras
são poucas, dificultando a
absorção de herbicidas
polares, já a presença de alta
umidade relativa do ar,
promove a hidratação
cuticular e expansão das
ceras e assim
pronunciamenteo das
rachaduras na camada
cuiticular o que melhora a
condição de absorção de
herbicidas polares.
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Condições de alta temperatura e luminosidade, ou baixa umidade relativa do ar e


umidade do solo, geralmente promovem a formação de cutículas mais impermeáveis
(Figura 10). O grau de impermeabilidade pode ser atribuído ao incremento da espessura da
cutícula, à alteração na composição das ceras ou ao aumento na formação de ceras
epicuticulares (Hull et al., 1975).

Figura 10 – Esquema de espessamento da camada cuticular de folhas crescidas em


condições de alta luminosidade, temperaturas elevadas e baixa umidade do
ar. O que vai dificultar a absorção de herbicidas, principalmente os polares
que devem ser absorvidos por rotas hidrofílicas.

A natureza da resposta para as diferentes condições ambientais varia com a espécie


vegetal. Uma a duas semanas antes da aplicação, em condições de alta luminosidade e
estresse hídrico no solo, o haloxyfop teve sua atividade reduzida de 92% para 12%,
comparando pulverizações feitas em plantas de capim-massambará (Sorgum halepense)
sem estresse e estressadas. Nas plantas estressadas, tanto a absorção quanto a translocação
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são menores (Hess, 1995). Segundo Pires (1998), o glyphosate e o sulfosate apresentam
máxima atividade em plantas não estressadas e com pelo menos um período de quatro horas
sem chuva após a aplicação (Figura 11). Nas plantas estressadas (déficit hídrico no solo),
houve rebrota acentuada da maioria delas, mesmo quando o período sem chuva foi de seis
horas.

Figura 11 – Demonstração do efeito de condições de estresse na planta quanto a absorção


de herbicida. A planta sob estresse além de possuir camada cuticular em
condições inadequadas a absorção do herbicida, principalmente polar como o
glyphosate, também possui baixa atividade metabólica afetando
negativamente no processo absortivo e de translocação do herbicida.

A umidade relativa do ar tem efeito mais consistente sobre absorção de herbicidas,


havendo maior absorção dos produtos polares com aumento da umidade (Hess, 1995). A
elevação da umidade relativa aumenta o tempo de evaporação da gotícula pulverizada,
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aumenta a hidratação da cutícula, favorece a abertura dos estômatos e pode aumentar o


transporte de solutos na planta.
A temperatura pode melhorar a absorção, por provocar maior fluidez dos lipídios da
camada cuticular e da membrana celular e, consequentemente mais rápida absorção do
herbicida (Figura 12), isto quando a planta se encontra em condições adequadas de
nutrição, luminosidade e umidade no solo. Porque a ocorrência de alguns desses fatores em
excesso ou déficit o que caracteriza estresse, a presença de temperaturas elevadas vai
agravar mais as condições de estresse o que resultará em menor eficácia na absorção do
herbicida. Pode, porém, apresentar efeitos negativos devido à maior rapidez do secamento
da gota pulverizada, provocando a cristalização do herbicida na superfície foliar (Figura
13).

Figura 12 – Efeito da temperatura na absorção do nicosulfuron em plantas sob estresse


hídrico (-0,2 MPa) e sob condições adequadas de umidade no solo (-
0,03MPa). A ocorrência de temperatura elevada quando a planta já está sob
estresse agrava ainda mais as condições de absorção do herbicida.
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Figura 13 – Efeito da temperatura elevada em formulações de herbicida sobre a folha,


promovendo a volatilização e secamento e cristalização do produto sobre a
folha o que refletirá em menor quantidade deste para ser absorvido na
planta. A ocorrência destas condições críticas (temperatura elevada e baixa
umidade do ar) diminui o tempo de permanência da gota do herbicida em
condições adequadas a sua absorção pela planta.

As plantas crescidas sob altas intensidades luminosas podem apresentar cutícula


mais espessa do que plantas crescidas na sombra ou em condições de baixa luminosidade.
Estas, geralmente, apresentam menor resistência à penetração de herbicidas, pela cutícula.
Herbicidas que necessitam de energia para serem absorvidos (2,4-D, por exemplo) podem
ter sua absorção aumentada pela luminosidade. A luz também influencia a abertura dos
estômatos e, assim, favorece a penetração do produto, desde que outras condições sejam
favoráveis.
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Como os herbicidas atravessam a cutícula? A resposta para essa pergunta ainda


não é bem esclarecida. Supõe-se que os herbicidas lipofílicos se solubilizam nos
componentes lipofílicos da camada cuticular e se difundem através da cutícula (Figuras 8 e
9). Com relação aos herbicidas hidrofílicos, admite-se que a cutícula tenha estrutura porosa,
que se mantém hidratada, dependendo das condições ambientais, sendo essa água de
hidratação da cutícula a rota de penetração destes herbicidas. Plasmodesmatas são também
prováveis rotas que estão envolvidas na penetração dos herbicidas nas células, através das
folhas.
Os estômatos podem potencialmente estar envolvidos, de duas formas, com a
penetração de herbicidas nas folhas. Primeiro, a cutícula sobre as células-guarda parece
mais fina e mais permeável a substâncias do que a cutícula sobre outras células
epidérmicas. Em segundo lugar, a solução pulverizada poderia, em tese, mover-se através
do poro de um estômato aberto para dentro da câmara subestomática, e daí para o
citoplasma das células do parênquima foliar. Entretanto, a infiltração pelos estômatos não é
possível, a menos que a tensão superficial da solução pulverizada seja significativamente
reduzida pelo uso de surfactantes na formulação ou no tanque do pulverizador. A maioria
dos surfactantes atualmente em uso atua aumentando a penetração cuticular e não consegue
reduzir a tensão superficial adequadamente para permitir a penetração estomática.
Recentemente, entretanto, o desenvolvimento de surfactantes à base de organosilicones
proporcionou um avanço neste ponto (Figura 14). Eles são capazes de reduzir a tensão
superficial ao ponto de a infiltração pelo estômato ocorrer. Eles podem também induzir um
fluxo de massa da solução pulverizada através do poro estomatal e também aumentar a
penetração cuticular. Alguns trabalhos têm demonstrado que este tipo de surfactante pode
aumentar inclusive a translocação relativa do produto aplicado (Knoche, 1994).
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Figura 14 – Efeito da presença de surfactante organosiliconado na absorção de glyphosate


pelos estômatos e camada cuticular. Este surfactante diminui a tensão
superficial da solução ao ponto de promover a absorção pelos estômatos,
aumentando a velocidade de absorção e reduzindo o efeito da ocorrência de
chuvas após a aplicação, ou seja a chuva mesmo em intervalos menores vai
lavar menor quantidade do glyphosate porque ele já foi absorvido na planta
em maior quantidade.

Os herbicidas são raramente aplicados na forma pura, mas preparados em soluções,


emulsões, etc., às quais alguns ingredientes são adicionados. Destes, os mais importantes
são os agentes ativadores de superfície, ou surfactantes, que têm vários propósitos. Os
surfactantes geralmente são compostos de moléculas grandes, contendo parte hidrofílica e
lipofílica, e podem ser catiônicos, aniônicos ou não-iônicos. Vários autores afirmam que os
surfactantes melhoram a penetração e, ou, atividade do herbicida. Entretanto, a eficiência
do surfactante depende de sua natureza, do herbicida em questão, da presença de outros
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aditivos e das espécies das plantas. Por exemplo, a atividade do glyphosate é melhorada
mais pelos surfactantes com alto balanço lipofílico-hidrofílico que pelos surfactantes
hidrofílicos que são não-iônicos ou catiônicos (Turner e Loader, 1980). No entanto, quando
sulfato de amônio é adicionado à solução, o surfactante lipofílico é eficiente. A função
primária do surfactante é reduzir a tensão superficial da gota, melhorando a retenção e o
espalhamento desta sobre a folhagem (Figura 15). Em alguns casos o surfactante pode
provocar parcial solubilização da cera epicuticular, favorecendo mais ainda a penetração do
herbicida.

Duas gotas: (a) com maior tensão


superficial e (b) com surfactante e menor a
tensão superficial
b
Superfície
da folha

Maior área de molhamento Menor área de molhamento

Figura 15 – Efeito da adição de surfactante na diminuição da tensão superficial de


soluções. A menor tensão superficial proporciona o melhor molhamento da
superfície foliar e assim melhor cobertura da área pulverizada o que melhora as
condições de absorção do herbicida.

Grande variedade de produtos químicos, além de surfactantes e óleos, têm sido


usados como aditivos nas pulverizações, para melhorar a penetração ou atividade dos
herbicidas aplicados às folhagens. Sulfato de amônio, na concentação de 1 a 10%(p/v), tem
sido usado para melhorar a atividade de númerosos herbicidas, incluindo picloram,
glyphosate e sethoxydim. No caso do sethoxydim, a melhoria só ocorre se o surfactante
também estiver presente. A adição somente do sal provoca decréscimo da atividade em
aveia. Sulfato de amônio não melhora atividade do paraquat, e 20% (p/v) provoca efeito
antagônico com glyphosate (Turner e Loader, 1980). Os resultados dos experimentos de
campo, em geral, não têm sido suficientemente positivos ou consistentes para adição de tais
aditivos na calda de pulverização e para se tornar uma prática recomendada.
21

Finalmente, a absorção de um herbicida pode ser influenciada pela presença de


outro herbicida misturado na calda. A estimulação da absorção pode ser causada pelo
surfactante adicional ou por outros aditivos presentes nas duas formulações misturadas.
Também podem ocorrer interações negativas entre os dois herbicidas.

2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEHRENS, R., ELAKKAD, M. A. Influence of rainfall on the phytotoxicity of foliarly


applied 2,4-D. Weed Sci. 29, 349, 1981.
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