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TRIBUNAL MARÍTIMO

AR/MCP PROCESSO Nº 30.171/16


ACÓRDÃO

Plataforma “PETROBRAS 35”. Queda de baleeira no mar, durante teste de


frenagem, realizado a bordo de plataforma posicionada no Campo de Marlim, Bacia
de Campos, Campos dos Goytacazes, RJ, com danos materiais, sem, no entanto
provocar acidentes pessoais, tampouco poluição ao meio ambiente marinho; Defeito
no sistema de frenagem do turco, por motivo fortuito. Arquivamento.

Vistos os presentes autos.


Tratam os presentes autos de IAFN, instaurado pela Delegacia da Capitania dos
Portos em Macaé, para apurar o fato da navegação atinente a queda na água da baleeira nº 03, da
Plataforma “PETROBRAS 35”, ocorrido em 19 de setembro de 2014, no Campo de Marlim,
Bacia de Campos, Campos dos Goytacazes, RJ, com pedido de Arquivamento pela D.
Procuradoria Especial da Marinha - PEM (fls. 257 a 260), pelos fatos e fundamentos a seguir
expostos.
Consta dos autos, que na data mencionada era realizado a bordo da Plataforma
“PETROBRAS 35”, bandeira do Panamá, sem propulsão, classificada para atividade de
produção e armazenamento em área de navegação mar aberto, com 138420 AB, armada e
operada por Petróleo Brasileiro S/A – PETROBRAS, um teste de frenagem da baleeira nº 3. O
teste consistia em descer a embarcação de emergência, gradativamente, parando-a e novamente
colocando-a em movimento. A faina transcorria sem anormalidades, até que por volta das 14h,
ocorreu a queda na água da mencionada baleeira.
Após uma verificação adequada, por meio de perícia no local do evento, constatou-
se que o disco de freio do sistema de frenagem do turco da baleeira encontrava-se desgastado,
conforme fotos do dispositivo anexas aos autos (fls. 132 a 134), o que ocasionou a falta de
aderência das pastilhas de freio do sistema, levando a queda não prevista da baleeira à água
durante o teste de frenagem do equipamento de descida da mesma, sem, no entanto provocar
acidentes pessoais, tampouco poluição hídrica, contudo houve a perda da baleeira em função de
consecutivos choques, devido às ondas, no costado da plataforma.
Os Peritos em Laudo de Exame Pericial Direto (fls. 10 a 15), após análise das
inspeções e os registros, assim como pelas informações obtidas a bordo concluíram que a causa
determinante para o fato em apreço decorreu de um trabalho inadequado por parte dos
encarregados e supervisores envolvidos, que procederam diversos testes, vistorias, e mesmo
assim, não detectaram o desgaste dos discos de freio, já que não observaram o sistema de
frenagem como um todo, pois se atentaram somente ao preconizado na norma. Assim, foi
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possível perceber um certo “engessamento”, no que diz respeito aos procedimentos preventivos
adotados pelas equipes envolvidas, uma vez que, de acordo com a apuração dos fatos, ocorreu
um checklist literal do Relatório de Inspeção Anual programada para o turco da baleeira nº 3, nº
140000386791, (fls. 71 a 75), que previa diversos exames e testes, todavia, estes levavam em
consideração somente a troca das pastilhas de freio.
Neste sentido, conforme o Relatório nº 140000386791, anexo aos autos, (fls. 71 a
75), observou-se que os procedimentos previstos no Relatório de Inspeção Anual programada do
turco da Baleeira nº 3 é extremamente burocrático, eis que não abrange uma verificação
universal do sistema, posto que conforme (fls. 51 a 61), somente é recomendada a troca das
pastilhas do sistema de frenagem, sem mencionar alguma verificação ou substituição dos discos
de freio. Sendo assim, no entendimento dos Peritos, para que ocorra um procedimento eficaz,
faz-se necessário visualizar todo sistema, que é composto pelas pastilhas, pelo disco de freio, e
pelas pinças de travamento das pastilhas.
O Encarregado do IAFN, em relatório (fls. 210 a 217), concluiu que os fatores
material e operacional contribuíram para o fato em análise, devido ao desgaste, constatado no
laudo de exame pericial, do disco de freio, que ocasionou a falta de aderência das pastilhas, com
consequente falha no posicionamento de elevação da baleeira nº 3, aliada a doutrina de
manutenções preventivas de equipamentos destinados a efetuarem a frenagem das baleeiras,
previsto na N-2225, pois não contemplam a verificação dos discos de freio. Logo, os
funcionários envolvidos executaram o teste de frenagem conforme previsto na citada N-2225,
efetuando a troca somente das pastilhas de freio, a despeito das condições dos demais
componentes do sistema, em especial, do disco de freio.
Apesar das observações dispendidas pelo Encarregado do IAFN, o mesmo concluiu
que não foi possível apontar responsáveis no acidente em lide, em virtude do fato de que todas as
pessoas envolvidas no teste, cumpriram integralmente a N-2225, norma da PETROBRAS, anexa
aos autos, (fls. 85 a 103), que norteia as manutenções para a plena inspeção do sistema. Nestes
termos, os fatores configurantes designam um acidente originário exclusivamente da rigorosa
observância do preconizado, não havendo intencionalidade no ato, equiparando-se a um caso
fortuito.
Com o intuito de esclarecer as circunstâncias que desencadearam o fato em análise,
a Procuradoria Especial da Marinha - PEM requereu (fls. 223 a 226), Diligências
Complementares, solicitando a Delegacia da Capitania dos Portos em Macaé para que
providenciasse a informação de quantos tripulantes participavam diretamente do teste de
frenagem; a oitiva do representante legal da pessoa jurídica Petróleo Brasileiro S/A –
PETROBRAS, para que informasse como era feita a manutenção dos discos de freio, e qual a
periodicidade em que eram trocados, e quem seria o responsável por efetuar essa manutenção,

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eis que o Relatório de Inspeção Anual programada do turco da Baleeira nº 3, não abrange uma
verificação universal do sistema, posto que somente é recomendada a troca das pastilhas do
sistema de frenagem, sem mencionar alguma verificação ou substituição dos discos de freio. E
por fim, para que fosse apresentado um Relatório Complementar visando nova análise dos fatos,
a partir das diligências solicitadas.
As diligências foram cumpridas.
Em oitiva (fls. 235/236), o Sr. Luiz Roberto Cordeiro, representante legal da pessoa
jurídica Petróleo Brasileiro S/A – PETROBRAS, relatou que na época do evento não havia
procedimento que determinasse a necessidade de manutenção no disco de freio. Que não havia
periodicidade na troca do disco de freio, mas somente a troca das sapatas de freio, e que também
o fabricante do conjunto do turco da baleeira não previa a inspeção dimensional dos discos de
freio. Na época do fato não havia previsão de intervenção para o disco de freio, e que por isso,
não havia responsável por tal procedimento. Entretanto, atualmente, essa atividade está a cargo
do SUMEC (Supervisor de Manutenção Mecânica). E que até setembro de 2014, o disco de freio
era original, datado da construção da plataforma, em 1973, instalado pelo fabricante do turco.
Em Relatório Complementar, (fls. 233/233v), o Encarregado do IAFN asseverou
que a pessoa jurídica Petróleo Brasileiro S/A – PETROBRAS, após o fato, determinou a troca de
todo o sistema do turco, sendo instalado um equipamento novo, cujo manual agora contempla,
no item 12, (fl. 248v), a verificação dos discos de freio.
Por fim, o Encarregado do Inquérito concluiu que o fato em apreço, deveu-se a um
caso fortuito, já que os técnicos envolvidos cumpriram tão somente o que estava preconizado na
norma N-2225. Portanto, constata-se que à época do incidente, não havia procedimentos que
determinassem a substituição do item que apresentou problemas, e que o posicionamento dos
funcionários seguiu estritamente o contido na norma acima mencionada.
Após analisar os elementos de prova coligidos, a D. Procuradoria Especial da
Marinha - PEM (fls. 257 a 260) requereu o arquivamento dos presentes autos, com o
entendimento “que o fato em apreço foi de natureza fortuita, visto que não resultou de
comportamento culposo, mas de um acontecimento possível, de efeito imprevisível e inevitável.
Por consequência não havendo responsáveis pelo evento danoso”.
Publicada Nota para Arquivamento. Prazos preclusos, sem manifestações de
possíveis interessados.
Decide-se.
Por todo o exposto, deve-se concordar com a promoção da D. Procuradoria Especial
da Marinha - PEM (fls. 257 a 260) e mandar arquivar os presentes autos, considerando este como
mais um daqueles eventos de origem fortuita.
Assim,

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ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à natureza
e extensão do fato da navegação: queda de baleeira no mar, durante teste de frenagem, a bordo de
Plataforma posicionada no Campo de Marlim, Bacia de Campos, Campos dos Goytacazes, RJ,
com perda total da embarcação, sem, no entanto provocar acidentes pessoais, tampouco poluição
ao meio ambiente marinho; b) quanto à causa determinante: defeito no sistema de frenagem do
turco, por motivo fortuito; e c) decisão: julgar o fato da navegação, previsto no artigo 15, alínea
“e”, da Lei nº 2.180/54 como mais um daqueles eventos de natureza fortuita, determinando o
arquivamento dos presentes autos como requerido pela D. Procuradoria Especial da Marinha -
PEM em sua promoção (fls. 257 a 260).
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 12 de dezembro de 2017.

MARIA CRISTINA DE OLIVEIRA PADILHA


Juíza Relatora

Cumpra-se o Acórdão, após o trânsito em julgado.


Rio de Janeiro, RJ, em 12 de abril de 2018.

MARCOS NUNES DE MIRANDA


Vice-Almirante (RM1)
Juiz-Presidente
PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR
Primeiro-Tenente (T)
Diretor da Divisão Judiciária
AUTENTICADO DIGITALMENTE

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COMANDO DA MARINHA
c=BR, st=RJ, l=RIO DE JANEIRO, o=ICP-Brasil, ou=Pessoa Juridica A3, ou=ARSERPRO, ou=Autoridade Certificadora SERPROACF, cn=COMANDO DA MARINHA
2018.05.10 10:13:56 -03'00'

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