Botes “HARLEY DO MAR” e “EU E VOCÊ”. Abalroação com danos materiais.
Imprudência. Condenação.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
No dia 01 de maio de 2014, cerca das 16h30min, na praia do Araújo, Paraty, RJ, ocorreu a abalroação envolvendo os botes de esporte e recreio “HARLEY DO MAR” e “EU E VOCÊ” com danos materiais. No inquérito, realizado pela Capitania dos Portos do Rio de Janeiro, foram ouvidas duas testemunhas, realizado laudo pericial e juntada a documentação de praxe. Marcio Cesar Alvarenga dos Santos (fl. 34), declarou ser o Mestre da embarcação “EU E VOCÊ” há um ano e meio; que estava conduzindo a embarcação quando houve uma falha mecânica na corrente do timão e, por esse motivo, o mesmo se abaixou para sanar a avaria e, quando conseguiu sanar, já estava em cima da outra embarcação. Tentou desviar, porém sem sucesso, provocando assim o abalroamento; que ocorreram avarias na embarcação “HARLEY DO MAR”: escoriações no costado de BE e casaria; que estes prejuízos foram quitados após feito acordo verbal com o proprietário da embarcação “HARLEY DO MAR” Marcelo Domingos da Silva declarou ser o Mestre da embarcação “HARLEY DO MAR” há oito anos; que presenciou o Mestre da embarcação “EU E VOCÊ” tentando desengatar o leme da mesma; que houve avarias no costado de boreste e na casaria; que não houve vítimas e nem poluição hídrica decorrente do abalroamento. O Laudo Pericial concluiu que a causa que determinante do acidente da navegação foi a imprudência na condução da embarcação “EU E VOCÊ” em uma área de navegação restrita, deixando de cumprir as medidas de segurança que se faziam necessárias. No Relatório o Encarregado concluiu que de tudo quanto contêm os presentes autos, conclui-se: I) Fatores que contribuíram para o acidente: a) Fator Humano - Não contribuiu sob o ponto de vista bio-psicológico; b) Fator Material - Contribuiu a avaria na corrente do leme; e c) Fator Operacional - Contribuiu a imprudência do condutor da embarcação “EU E VOCÊ”, pois relatou que ao se abaixar para sanar a avaria, perdeu o contato visual com as outras embarcações que estavam nas proximidades. II) Que, em consequência, ocorreu o abalroamento e a embarcação “HARLEY DO MAR” sofreu arranhões na bochecha de boreste e avarias internas. A embarcação “EU E VOCÊ” sofreu arranhões no bico de proa. Não houve acidente pessoal. Não houve poluição Hídrica. III) É possível responsável pelo acidente o Senhor Marcio César Alvarenga dos Santos, Mestre da embarcação “EU E VOCÊ” por imprudência, pois ao se abaixar para destravar a corrente da coroa do timão, não manteve a vigilância adequada e deixou de cumprir regra do Regulamento Internacional para evitar Abalroamento no Mar - RIPEAM. 1/2 (Continuação do Acórdão referente ao Processo nº 29.650/2015....................................................) ===================================================================== A Procuradoria Especial da Marinha, em uniformidade com o relatório ofereceu representação em face do indiciado com fulcro no art. 14, alíneas “a” e “b” e 15, alínea “e”, da Lei nº 2.180/54. Citado, o representado foi declarado revel. Em alegações finais, manifestou-se a PEM. É o relatório. De tudo o que consta nos presentes autos, verifica-se que a causa determinante da abalroação foi a falta de vigilância do representado. O presente processo é de fácil solução, um vez que o depoimento do representado é uma verdadeira confissão de culpa, visto que ao tentar sanar uma avaria, perdeu o contato visual com a sua proa e com as demais embarcações à sua volta, provocando a abalroação em julgamento. O conjunto probatório foi uníssono imputando a conduta imprudente do representado como a causa direta para o acidente. A revelia do representado corrobora as acusações da exordial. Diante do exposto, deve ser julgada integralmente procedente a representação responsabilizando-se o representado devido às suas condutas imprudentes. Assim, ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à natureza e extensão do acidente da navegação: abalroação entre botes, com danos materiais; b) quanto à causa determinante: deficiência de vigilância; e c) decisão: julgar o acidente da navegação, como decorrente da imprudência do representado, condenando-o à pena de multa de R$ 400,00 (quatrocentos reais), e ao pagamento das custas, na forma dos artigos 14, alínea “a” e 121, inciso I, da Lei Orgância do Tribunal Marítimo. Publique-se. Comunique-se. Registre-se. Rio de Janeiro, RJ, em 05 de dezembro de 2017.
MARCELO DAVID GONÇALVES
Juiz Relator
Cumpra-se o Acórdão, após o trânsito em julgado.
Rio de Janeiro, RJ, em 04 de abril de 2018.
MARCOS NUNES DE MIRANDA
Vice-Almirante (RM1) Juiz-Presidente PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR Primeiro-Tenente (T) Diretor da Divisão Judiciária AUTENTICADO DIGITALMENTE Digitalmente 2/2 COMANDO DA MARINHA c=BR, st=RJ, l=RIO DE JANEIRO, o=ICP-Brasil, ou=Pessoa Juridica A3, ou=ARSERPRO, ou=Autoridade Certificadora SERPROACF, cn=COMANDO DA MARINHA 2018.05.10 10:11:21 -03'00'