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Correlações Neuro-Fisiológicas dos Yogāsanas Dr. M. V.

Bhole

Algumas Correlações Neuro-Fisiológicas


dos Yogāsanas1
Dr. M. V. Bhole 2
Traduzido por Roldano Giuntoli

Introdução

Extenso trabalho sobre a Meditação Transcendental nos trouxe um novo termo:


‘Resposta ao Relaxamento’. Também atraiu a atenção da ciência médica para outras
escolas de Yoga. Alguns dos países socialistas já lançaram programas de pesquisas com
vistas a compreender os canais utilizados por essas práticas, que trabalham o complexo
corpo-mente-intelecto, e como esse conhecimento pode ser utilizado terapeuticamente.
Na França, foi aprovado um trabalho experimental em respiração yóguica, para a
concessão de um título de pós-graduação em medicina. Determinadas técnicas do Yoga,
do Zen e da hipnose médica foram conjugadas na Sofrologia, isto é, na ciência da mente
quieta, um assunto que está sendo desenvolvido ativamente nas universidades médicas da
Espanha e da França. Na Índia já há a recomendação de que sejam incluídas algumas
palestras sobre o Yoga, no currículo da educação médica. O sistema Ayurvédico e a
escola de naturopatia, já deram um passo nessa direção.
Neste artigo, fazemos uma tentativa de evidenciar algumas correlações neuro-
fisiológicas das posturas do Yoga, popularmente conhecidas como āsanas, com vistas a
ajudar as pessoas a desenvolver um discernimento do assunto.

Abordagem Básica às Práticas de Yoga :

Os esportes, jogos e exercícios físicos demandam um envolvimento e uma


participação ativa do córtex cerebral para o desenvolvimento de habilidades,
coordenação, eficiência, atenção e desempenho superior, etc. O trabalho de nosso dia-a-
dia em qualquer esfera da vida, demanda que nossa consciência atenta (citta), seja
completa (sarvārtha) e multi-direcionada ou dividida, para que realizemos eficientemente
nossas obrigações. Caso esse multidirecionamento de nossa atenção esteja dentro de
limites, ele nos ajuda a nos desenvolvermos como indivíduos de sucesso, e nos
1
Extraído de artigo publicado na revista especializada Yoga-Mimamsa Vol XIX, No. 1 pgs 53 a 61, de
Abril de 1977, do Instituto de Kaivalyadhama, Índia.
2
Yogacharya Dr. Mukund Bhole é um especialista em Yoga, além de ter sido treinado na medicina
convencional. Ele se especializou no ensino da ciência do Prānāyāma pela utilização da mecânica da
respiração, assunto que ele pesquisou durante muitos anos no Kaivalyadhama Institute da Índia, do qual foi
Diretor do Departamento de Pesquisas Científicas até Maio de 1995, quando se aposentou daquelas funções
e passou a ministrar palestras internacionalmente. Em Novembro de 2003 recebeu o título de Yogacharya
na International Conference on Yoga and Naturopathy de Bangalore, durante as celebrações do Jubileu de
Prata do Institute for Nature Cure and Yogic Sciences.

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proporciona prazer com, na e da vida. Além de determinados limites, essa atenção


multidirecionada produz uma sensação de desintegração (vyutthita citta), fazendo com
que a pessoa sinta uma espécie de tensão em sua personalidade, juntamente com
perturbações de várias funções físicas e mentais. Do ponto de vista do Yoga, isso é o que
pode ser chamado de causa raíz dos desarranjos do estresse.
Com esse pano de fundo dos desarranjos do estresse, a análise e o estudo de várias
práticas do Yoga e dos textos yóguicos, nos ensinam que um dos objetos e objetivos do
Yoga é o de desenvolver o unidirecionamento da atenção (ekāgra citta). Nos casos em
que as técnicas yóguicas sejam praticadas apropriadamente, espera-se que esse objetivo
seja alcançado automaticamente, caso contrário, as escrituras também alertaram para os
perigos da desintegração, e podemos testemunhar esse tipo de incidências de tempos em
tempos. Em resumo, para nosso propósito limitado, esse tipo preliminar de práticas
yóguicas poderia ser chamado de técnicas re-integrativas.

Classificação das Técnicas Yóguicas

Uma revisão das váriadas técnica yóguicas que são utilizadas em variados centros
de Yoga, nos ajuda a rotular algumas delas como sendo mais de natureza física, e outras
como sendo mais psicológicas em sua abordagem. Os āsanas, isto é, as posturas, o
prānāyāma, isto é, as práticas respiratórias que objetivam manipular a atividade prânica
interior, os kriyas, isto é, os vários processos interiores de purificação, e os bandhas, isto
é, as manipulações neuro-músculo-glandulares, são de natureza essencialmente fisio-
psicológica, enquanto que os mudrās, isto é, determinadas técnicas do Hatha-Yoga, os
yamas e os niyamas 3 , os diferentes tipos de dhāranā 4 e, as práticas meditativas, são de
natureza psico-fisiológica. Abordaremos aqui, com certo nível de detalhe, apenas o
assunto dos āsanas.

Os āsanas como Padrões Posturais e não como Exercícios Musculares

Os profissionais da medicina, da fisioterapia e da educação física são sempre


tentadas a classificar os āsanas como exercícios, e procuram entendê-los aplicando os
princípios da fisiologia, da pato-fisiologia, da psicologia e da cinesiologia dos exercícios
musculares. É muito frequente que essas tentativas produzam resultados negativos, que
conduzem a conclusões errôneas, impedindo-os de desenvolver o discernimento correto,
quanto aos mecanismos operacionais que lhes são inerentes e, que poderiam ser
utilizados vantajosamente no campo da terapia, em especial na medicina física ou na
terapia psico-fisiológica de determinados desarranjos psicossomáticos.
Em geral, espera-se que os āsanas sejam executados de maneira relaxada, sem
tensões, em nenhuma parte do corpo. Eles devem durar por um período de tempo, de
maneira relaxada, na qual espera-se que o indivíduo perca a percepção corpórea ativa, e
observe o que acontece no corpo, como se fora uma testemunha. Essa modalidade de
execução de āsanas é completamente diferente da modalidade de execução de exercícios

3
N. T.: termos do sânscrito que podem ser traduzidos como refreamentos e observâncias, respectivamente.
4
N. T.: termo do sânscrito que pode ser traduzido como concentração.

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comuns. Portanto, em termos médicos, os āsanas poderiam ser tratados como posturas,
em vez de serem tratados como exercícios.

Classificação dos āsanas

Do ponto de vista da psico-fisiologia, os āsanas poderiam, a grosso modo, ser


classificados dentro dos seguintes grupos e sub-grupos:
I) Āsanas Meditativos
II) Āsanas Relaxantes e,
III) Āsanas Culturais ou Corretivos, que por sua vez podem ser subdivididos em:
A. Aqueles que trabalham predominantemente sobre os, e por meio dos:
a. órgãos viscerais e (d)as entradas sensoriais desses órgãos,
devido às alterações de pressão produzidas na cavidade intra-
abdominal.
b. músculos da coluna vertebral, nos quais diferentes grupos
musculares são levados a um equilíbrio funcional, por meio de
variados reflexos posturais. Em última análise, isto atua na:
c. coluna vertebral, como um todo, ajudando assim, após o devido
tempo, a eliminar as exageradas curvaturas funcionais.
B. Aqueles que trabalham predominantemente sobre os, e por meio dos,
variados mecanismos proprioceptivos do corpo. Isto acontece,
principalmente, através do alongamento dos músculos (que na maioria
dos casos é de natureza passiva), que opera diretamente até o
periósteo 5 , ligamentos e cartilagens articulares.
C. Aqueles que trabalham predominantemente sobre o, e por meio do,
senso vestibular e senso de equilíbrio do corpo.

Em vários outros tipos de atividade do corpo, quer sejam induzidos ou naturais,


todos os mecanismos acima mencionados podem operar isolada ou coletivamente,
porém, como nas práticas yóguicas o pano de fundo motivacional é diferente, o padrão
de atividade neural é diferente, o que por sua vez, produz no indivíduo, um tipo de
percepção completamente diferente.
Em geral, no estudo de qualquer exercício muscular, procuramos nos concentrar
nos músculos que estejam sob ativa contração, mas, na maioria dos āsanas, os músculos
permanecem em uma condição relativamente relaxada, e o indivíduo precisa treinar para
alcançar a condição em que não haja esforço, enquanto o āsana seja mantido. Nessa
condição do āsana, vários músculos são alongados passivamente, devido à ação da
gravidade, ou da natureza da própria postura. Esse alongamento muscular passivo, atua
através do reflexo do alongamento e, assim, ajuda a influenciar a condição tônica do
indivíduo. Na maioria das vezes, a execução dos āsanas ajuda a diminuir as tensões nos
músculos, o que indica o mais alto nível de alívio das tensões. Nesse particular, os
āsanas diferem dos exercícios isométricos, e de outros exercícios de alongamento ativo

5
N. T.: O periósteo é uma membrana muito vascularizada, fibrosa e resistente, que envolve por completo
todos os ossos, exceto nas articulações.

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da musculatura. Muito frequentemente, esses tipos de exercícios musculares acrescem as


tensões iniciais e aumentam sua intensidade.
Diferentes grupos de āsanas demandam diferentes tipos de abordagem neuro-
fisiológica, para que se compreenda o mecanismo de sua possível atuação sobre o
indivíduo. Explicaremos brevemente alguns desses aspectos, a seguir.

Āsanas Meditativos
As características essenciais de praticamente todos os āsanas meditativos são (1)
uma larga base triangular propocionada pelos dois joelhos e os glúteos e, (2) uma
condição da coluna que seja reta e equilibrada.
Com relação aos āsanas meditativos, normalmente, se diz ‘coluna ereta’, mas,
esse parece ser um entendimento errôneo da frase do Bhagavad Gita ‘samam kāya śiro
grīvam’. Acredito que o termo ‘samam’ deveria ser interpretado como uma condição de
equilíbrio, em vez de ereta. Em uma condição de equilíbrio de corpo, pescoço e cabeça,
o indivíduo desenvolve um tipo específico de percepção interior, devido aos impulsos
proprioceptivos equilibrados que se dirigem ao cérebro, a partir dos grupos musculares
que trabalham a favor da gravidade, e dos que trabalham em oposição à gravidade, ao
redor da coluna vertebral.
Na inspiração e expiração normais, nessas posturas, a expansão e a contração da
região torácica, nas várias direções, produz um fluxo constante de impulsos a partir dos
respectivos músculos do corpo, do pescoço e da cabeça. Isso impede que o indivíduo
adormeça, ou desenvolva letargia, durante a meditação. Nos estágios iniciais, poderá
haver desequilíbrio no fluxo desses impulsos, que deveriam chegar a um estado de
equilíbrio, para uma eficiente utilização desses āsanas com vistas a otras práticas
yóguicas, tais como, prānāyāma, ou japa, etc. Estas últimas, produzem um outro tipo de
percepção interior, proveniente dos pulmões, ou da atividade silenciosa da mente.
Coletivamente, todas essas entradas sensoriais de variados tipos, destinam-se a produzir
um tipo específico de consciência total, que em termos do sânscrito, poderia ser chamada
de ‘turiyā’, ‘samāpatti’, ‘swarūpavasthā’, ‘cīdākāśakhyāti’, etc.

Āsanas Relaxantes
O propósito do relaxamento no Yoga se relaciona diretamente com a consciência,
e objetiva o alívio das tensões que operam nesse nível. Para os profissionais da medicina,
isso poderia indicar um tipo de condição tranquila e serena da mente ativa, em repouso,
ou em atenção repousada, para usar o termo cunhado pela Meditação Transcendental.
Ainda que os sedativos e tranquilizantes proporcionem uma sensação de relaxamento
aparente, essas drogas inibem ou bloqueiam os mecanismos neurais, em um ou outro
nível. As tensões mentais e, portanto, a mente perturbada, permanece como está,
começando a trabalhar à maneira antiga, assim que termina o efeito das drogas. O
mesmo acontece, em larga escala, no relaxamento hipnoticamente induzido. Na técnica
de auto-relaxamento, a mente permanece ativa durante todo o processo de relaxamento,
numa tentativa de dar ordens a diferentes partes do corpo para que relaxem, numa
determinada sequência, ou tudo de uma vez. A psicanálise e a psicoterapia podem trazer
à tona as tensões reprimidas, ajudando assim o paciente a relaxar verdadeiramente.

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Porém, essas técnicas demandam um longo tempo, além de estar fora do alcance do
homem comum.
No relaxamento yóguico, toda a abordagem parece permitir que as tensões, em
grande medida, cheguem à superfície numa condição desativada, de modo a poderem
encontrar a saída, sem perturbar o indivíduo. A tranquilidade e a paz de espírito obtida
pelas pessoas após esse tipo de relaxamento, são de natureza duradoura.

Āsanas Corretivos
Há muitos āsanas que se enquadram neste grupo. Porém, eles podem ser
classificados nos sub-grupos já mencionados acima.
No nosso dia-a-dia encontramos pessoas que possuem uma inclinação para a
frente, enquanto outras apresentam uma inclinação para trás. Observamos que algumas
possuem uma curvatura lateral da coluna vertebral, enquanto outras apresentam uma
atividade constante dos músculos das costas. Na análise dessas pessoas, não sencontra
qualquer dano estrutural nos ossos da coluna espinhal. Por isso, essas condições
posturais estáticas ou dinâmicas, indicam uma manifestação exterior de perturbações na
personalidade básica. Por exemplo, inibição mental ou depressão, que se manifesta por
meio de uma atitude flexionada (isto é, escoliose funcional), estados excitados ou
agitados, por meio de atitude estendida (isto é, cifose funcional), e nervos desequilibrados
que invariavelmente se refletem em postura instável no repouso.
A utilização judiciosa e inteligente de āsanas corretivos e relaxantes, poderá
produzir uma alteração nesses traços de personalidade. Em geral, a musculatura do corpo
executa as ordens recebidas da mente e do intelecto (ou seja, ações reflexas ou
voluntárias). Assim como nos tratamentos que se baseiam no bio-feedback, no Yoga
também, o intelecto e a mente podem ser educados através do corpo, de maneira indireta,
seguindo o adágio “O Corpo ensina a Mente”. Os āsanas corretivos podem ser
considerados como se fossem moldes, ou padrões, ou fôrmas que podem moldar a
personalidade básica, assim como o uso de moldes na indústria plástica pode servir para
preencher fissuras. Normalmente, as diferentes posturas que um indivíduo adota em seu
dia-a-dia, invariavelmente, representam suas emoções interiores correlatas, que procuram
encontrar uma via de saída. Porém, nos āsanas, apesar de desenvolvermos e mantermos
uma postura, a emoção correspondente não domina o indivíduo, por exemplo, no
Bhujangāsana 6 , ainda que a pessoa esteja em uma posição do corpo estendida, tal como
uma serpente empinada pronta para dar o bote, não aflora nenhuma emoção relacionada a
se tornar agressivo, ou de querer ferir alguém. No Paschimotanāsana 7 , ainda que o corpo
esteja dobrado para a frente, não desenvolvemos nenhum tipo de depressão interior.
Existem posturas, tais como Mayurāsana 8 ou o Garudāsana 9 , em que são
colocados em ação vários mecanismos propiciadores de equilíbrio. Posturas invertidas,
tal como o Shirshāsana 10 , estimulam mecanismos neurais anti-gravidade e respostas

6
N. T.: A postura da cobra.
7
N. T.: A postura da pinça.
8
N. T.: A postura do pavão.
9
N. T.: A postura da águia.
10
N. T.: O pouso sobre a cabeça.

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cardiovasculares, produzindo, dessa maneira, uma alteração em toda a atividade do


sistema nervoso, especialmente aquela do sistema vegetativo.
Também já se verificou que a manutenção dos āsanas conduz a mudanças de
pressão nos órgãos viscerais, mantendo-os em condições normais, p. ex., baço, cólon,
estômago, pulmões, etc. Espera-se que essas alterações de pressão estimulem os
aferentes viscerais, ajudando assim, a produzir uma alteração no padrão neural da
atividade visceral e emocional, no nível mais elevado. Verificou-se que diferentes tipos
de respiração no mesmo āsana, produziram mudança de pressão seja positiva, seja
negativa, ou ainda para o tipo flutuante. Quando não há o envolvimento do córtex
cerebral, em qualquer atividade que tenha uma meta, esses estímulos terão liberdade de
influência, até mesmo sobre a atividade cerebral.
Asssim, concluiremos que vários āsanas combinados adequadamente, possuem o
potencial de ajudar a pessoa a trazer suas tensões à superfície, sem deixar que elas o
dominem, ou perturbem seu equilíbrio interior. Por outro lado, essas práticas ajudam a
desenvolver um novo tipo de equilíbrio no indivíduo.

Considerações Neuro-Fisio-Psicológicas e Resumo Final

Nos āsanas há mais atividade tônico-sensora, do que atividade motriz, no sistema


nervoso. Há uma educação e um treinamento indireto dos órgãos viscerais e do sistema
neuro-vegetativo, mais do que um mero treinamento e exercício dos membros. O aspecto
emocional dos indivíduos, também é influenciado por meio da educação visceral. A
consciência corpórea que se desenvolve através da propriocepção proveniente de
músculos relativamente relaxados e dos órgãos viscerais, é de uma natureza diferente do
que aquela que se desenvolve em jogos, esportes ou outras atividades que executamos em
nosso dia-a-dia. À luz desse conhecimento, podemos escolher o tipo certo de práticas,
de modo a podermos melhorar nossa paz de espírito, tranquilidade e equilíbrio mental.

Referências

1. Swami Kuvalayananda : Prānāyāma, publicado pela Phorte Editora


2. Swami Kuvalayananda : Yoga Terapia tradução brasileira a ser publicada
3. Swami Kuvalayananda : Āsanas, publicado pela Phorte Editora
4. D. Byramjee : Yoga et Pranayama, Tese apresentada à Universidade
Médica de Grenoble, França em 1975.

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