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Bhole
Introdução
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Correlações Neuro-Fisiológicas dos Yogāsanas Dr. M. V. Bhole
Uma revisão das váriadas técnica yóguicas que são utilizadas em variados centros
de Yoga, nos ajuda a rotular algumas delas como sendo mais de natureza física, e outras
como sendo mais psicológicas em sua abordagem. Os āsanas, isto é, as posturas, o
prānāyāma, isto é, as práticas respiratórias que objetivam manipular a atividade prânica
interior, os kriyas, isto é, os vários processos interiores de purificação, e os bandhas, isto
é, as manipulações neuro-músculo-glandulares, são de natureza essencialmente fisio-
psicológica, enquanto que os mudrās, isto é, determinadas técnicas do Hatha-Yoga, os
yamas e os niyamas 3 , os diferentes tipos de dhāranā 4 e, as práticas meditativas, são de
natureza psico-fisiológica. Abordaremos aqui, com certo nível de detalhe, apenas o
assunto dos āsanas.
3
N. T.: termos do sânscrito que podem ser traduzidos como refreamentos e observâncias, respectivamente.
4
N. T.: termo do sânscrito que pode ser traduzido como concentração.
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comuns. Portanto, em termos médicos, os āsanas poderiam ser tratados como posturas,
em vez de serem tratados como exercícios.
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N. T.: O periósteo é uma membrana muito vascularizada, fibrosa e resistente, que envolve por completo
todos os ossos, exceto nas articulações.
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Āsanas Meditativos
As características essenciais de praticamente todos os āsanas meditativos são (1)
uma larga base triangular propocionada pelos dois joelhos e os glúteos e, (2) uma
condição da coluna que seja reta e equilibrada.
Com relação aos āsanas meditativos, normalmente, se diz ‘coluna ereta’, mas,
esse parece ser um entendimento errôneo da frase do Bhagavad Gita ‘samam kāya śiro
grīvam’. Acredito que o termo ‘samam’ deveria ser interpretado como uma condição de
equilíbrio, em vez de ereta. Em uma condição de equilíbrio de corpo, pescoço e cabeça,
o indivíduo desenvolve um tipo específico de percepção interior, devido aos impulsos
proprioceptivos equilibrados que se dirigem ao cérebro, a partir dos grupos musculares
que trabalham a favor da gravidade, e dos que trabalham em oposição à gravidade, ao
redor da coluna vertebral.
Na inspiração e expiração normais, nessas posturas, a expansão e a contração da
região torácica, nas várias direções, produz um fluxo constante de impulsos a partir dos
respectivos músculos do corpo, do pescoço e da cabeça. Isso impede que o indivíduo
adormeça, ou desenvolva letargia, durante a meditação. Nos estágios iniciais, poderá
haver desequilíbrio no fluxo desses impulsos, que deveriam chegar a um estado de
equilíbrio, para uma eficiente utilização desses āsanas com vistas a otras práticas
yóguicas, tais como, prānāyāma, ou japa, etc. Estas últimas, produzem um outro tipo de
percepção interior, proveniente dos pulmões, ou da atividade silenciosa da mente.
Coletivamente, todas essas entradas sensoriais de variados tipos, destinam-se a produzir
um tipo específico de consciência total, que em termos do sânscrito, poderia ser chamada
de ‘turiyā’, ‘samāpatti’, ‘swarūpavasthā’, ‘cīdākāśakhyāti’, etc.
Āsanas Relaxantes
O propósito do relaxamento no Yoga se relaciona diretamente com a consciência,
e objetiva o alívio das tensões que operam nesse nível. Para os profissionais da medicina,
isso poderia indicar um tipo de condição tranquila e serena da mente ativa, em repouso,
ou em atenção repousada, para usar o termo cunhado pela Meditação Transcendental.
Ainda que os sedativos e tranquilizantes proporcionem uma sensação de relaxamento
aparente, essas drogas inibem ou bloqueiam os mecanismos neurais, em um ou outro
nível. As tensões mentais e, portanto, a mente perturbada, permanece como está,
começando a trabalhar à maneira antiga, assim que termina o efeito das drogas. O
mesmo acontece, em larga escala, no relaxamento hipnoticamente induzido. Na técnica
de auto-relaxamento, a mente permanece ativa durante todo o processo de relaxamento,
numa tentativa de dar ordens a diferentes partes do corpo para que relaxem, numa
determinada sequência, ou tudo de uma vez. A psicanálise e a psicoterapia podem trazer
à tona as tensões reprimidas, ajudando assim o paciente a relaxar verdadeiramente.
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Porém, essas técnicas demandam um longo tempo, além de estar fora do alcance do
homem comum.
No relaxamento yóguico, toda a abordagem parece permitir que as tensões, em
grande medida, cheguem à superfície numa condição desativada, de modo a poderem
encontrar a saída, sem perturbar o indivíduo. A tranquilidade e a paz de espírito obtida
pelas pessoas após esse tipo de relaxamento, são de natureza duradoura.
Āsanas Corretivos
Há muitos āsanas que se enquadram neste grupo. Porém, eles podem ser
classificados nos sub-grupos já mencionados acima.
No nosso dia-a-dia encontramos pessoas que possuem uma inclinação para a
frente, enquanto outras apresentam uma inclinação para trás. Observamos que algumas
possuem uma curvatura lateral da coluna vertebral, enquanto outras apresentam uma
atividade constante dos músculos das costas. Na análise dessas pessoas, não sencontra
qualquer dano estrutural nos ossos da coluna espinhal. Por isso, essas condições
posturais estáticas ou dinâmicas, indicam uma manifestação exterior de perturbações na
personalidade básica. Por exemplo, inibição mental ou depressão, que se manifesta por
meio de uma atitude flexionada (isto é, escoliose funcional), estados excitados ou
agitados, por meio de atitude estendida (isto é, cifose funcional), e nervos desequilibrados
que invariavelmente se refletem em postura instável no repouso.
A utilização judiciosa e inteligente de āsanas corretivos e relaxantes, poderá
produzir uma alteração nesses traços de personalidade. Em geral, a musculatura do corpo
executa as ordens recebidas da mente e do intelecto (ou seja, ações reflexas ou
voluntárias). Assim como nos tratamentos que se baseiam no bio-feedback, no Yoga
também, o intelecto e a mente podem ser educados através do corpo, de maneira indireta,
seguindo o adágio “O Corpo ensina a Mente”. Os āsanas corretivos podem ser
considerados como se fossem moldes, ou padrões, ou fôrmas que podem moldar a
personalidade básica, assim como o uso de moldes na indústria plástica pode servir para
preencher fissuras. Normalmente, as diferentes posturas que um indivíduo adota em seu
dia-a-dia, invariavelmente, representam suas emoções interiores correlatas, que procuram
encontrar uma via de saída. Porém, nos āsanas, apesar de desenvolvermos e mantermos
uma postura, a emoção correspondente não domina o indivíduo, por exemplo, no
Bhujangāsana 6 , ainda que a pessoa esteja em uma posição do corpo estendida, tal como
uma serpente empinada pronta para dar o bote, não aflora nenhuma emoção relacionada a
se tornar agressivo, ou de querer ferir alguém. No Paschimotanāsana 7 , ainda que o corpo
esteja dobrado para a frente, não desenvolvemos nenhum tipo de depressão interior.
Existem posturas, tais como Mayurāsana 8 ou o Garudāsana 9 , em que são
colocados em ação vários mecanismos propiciadores de equilíbrio. Posturas invertidas,
tal como o Shirshāsana 10 , estimulam mecanismos neurais anti-gravidade e respostas
6
N. T.: A postura da cobra.
7
N. T.: A postura da pinça.
8
N. T.: A postura do pavão.
9
N. T.: A postura da águia.
10
N. T.: O pouso sobre a cabeça.
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Referências
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