Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
I – PRELIMINARMENTE:
O Requerente faz jus à concessão da gratuidade de Justiça, haja vista que a mesma
não possui rendimentos suficientes para custear as despesas processuais sem
detrimento de seu sustento e de sua família.
Com conhecimento jurídico sólido sobre o assunto, o jurista Marcos Maselli Gouvêa
afirma que:
"a defesa do consumidor é uma garantia fundamental prevista no
art. 5º, XXXII, e um princípio da ordem econômica, previsto no art.
170, V. José Geraldo Brito Filomeno esclarece à respeito do art. 1 do
CDC, que sua promulgação se deve a "mandamento constitucional
expresso. Assim a começar pelo inc. XXXII do art. 5º da mesma
Constituição, impõe-se ao Estado promover, na forma da lei, a
defesa do consumidor.", ainda, O 40º Congresso do Consumidor,
realizado em Gramado concluiu que o direito de proteção ao
consumidor é cláusula pétrea da Constituição Federal (art. 5, XXXII
CF/88), e fechando tal raciocínio esclarece Arruda Alvim, Garantia
constitucional desta magnitude, possui, no mínimo, como efeito
imediato e emergente, irradiado da sua condição de princípio geral
da atividade econômica do país, conforme erigido em nossa Carta
Magna, o condão de inquinar de inconstitucionalidade qualquer
norma que possa consistir em óbice à defesa desta figura
fundamental das relações de consumo, que é o consumidor.
Desta forma, podemos concluir que, dar ênfase a antinomia entre as referidas
normas alegando “Legis posteior derogat priori”, é simplesmente cometer retrocesso,
ferindo assim o Princípio da Proibição Do Retrocesso Em Face Das Garantias
Fundamentais, no caso em tela leciona Marcos Gouveia
Nesta linha, vale ressaltar que o Juízo da 8ª Vara de Falências da Capital do Rio de
Janeiro concedeu liminar em uma ação coletiva, proposta pelo núcleo de Defesa do
Consumidor da Defensoria Pública, determinando a proibição de cortar a luz dos
consumidores por falta de pagamento ou mesmo constatação de outras
irregularidades.
A ação coletiva foi interposta contra a Light e Cerj, sendo acolhido o argumento da
Defensoria Pública, no sentido que o desligamento de energia, pautada na Portaria
466/97 do DNAEE (agora pela Agência Nacional de Energia Elétrica), ferem a
Constituição, permitindo a imposição unilateral de dívidas sem observância do
devido processo legal além de submeter o consumidor a constrangimento e ameaça
na cobrança de dividas, o que é vedado pelo Código de Defesa do Consumidor,
exigindo mecanismos legais para a cobrança de créditos.
Sendo que este aluguel ser perfazeria pelo período de 02 (dois) anos, estávamos
todos tranqüilos, pois, não poderíamos prever que haveria evasão dos inquilinos
para com a situação, devido o tempo decorrido ainda só completava 01 (um) ano.
Contudo, os referidos inquilinos, sem qualquer aviso prévio ou comunicação,
evadiram-se do imóvel às escondidas, deixando o mesmo abandonado e com
diversas contas vencidas, inclusive estas que esta sendo objeto da presente.
O autor, assumindo a posse do imóvel, começou a tentar acertar as coisas, para que
o mesmo não sofresse nenhum constrangimento e/ou transtorno, já que esta
atualmente residindo no imóvel, onde se mudou no dia 01/05/2018. Nesta linha, o
autor compareceu ao escritório da requerida, visando um parcelamento de todo o
débito constante do imóvel, onde, foi explanado que o sistema da mesma só faria o
parcelamento, mediante uma entrada de 50% (cinqüenta por cento) do débito
total, que perfaz o montante de R$2400,00,sendo então, que só a entrada do
parcelamento sairia no valor de R$1.200,00, (conforme documentos acostados
às fls 04,05,06) valor este muito aquém de que o autor possa pagar.
Mas sem ter o que fazer, e até mesmo por se fazer necessário os documentos para
propositura de tal ação, o autor se viu obrigado a fazer o referido parcelamento,
porém sem condições de honrá-lo nestes termos, onde então o autor acionou este
estimado Juízo, pleiteando a medida liminar e um parcelamento que condiz com sua
realidade, já que o mesmo não esta se negando a quitar tais débitos.
Nestes termos, o autor espera poder resolver tal demanda, perfazendo o pagamento
do débito que hoje se tornou dívida, devido a confissão assinada na hora do
parcelamento, não proporcionando prejuízo para a requerida nem causando nem um
transtorno a si mesmo.
IV – DOS DIREITO.
É de bom alvitre destacar que a Organização das Nações Unidas (ONU) editou em
1985 a Resolução 39/248, reconhecendo no art. 1.º que o consumidor é a parte mais
fraca na relação de consumo. O nosso Código do Consumidor (Lei 8.078/1990)
estabeleceu no art. 4.º, I, o princípio da vulnerabilidade, reconhecendo esta
fragilidade na sociedade de consumo, possuindo a favor do consumidor a boa-fé
objetiva (art. 4.º, III, do CDC).
Enuncia o art. 22 e seu parágrafo único do CDC, que “os órgãos públicos, por si ou
suas empresas concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de
empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros
e, quanto aos essenciais, contínuos.
Com efeito, não há justificativas para a prática abusiva do corte de energia elétrica
por falta de pagamento por parte do fornecedor de energia elétrica na cobrança de
dívidas, é patente o abuso de autoridade, ferindo o direito liquido e certo do
impetrante, não sendo possível referendar a autotutela.
Infere-se que aos Juízes é permitido o controle das cláusulas e práticas abusivas.
Destarte, faz-se necessário a providência jurisdicional, em prol dos consumidores,
para que o direito consagrado no Código do Consumidor não seja violado com o
corte da energia elétrica que é considerado serviço essencial; coibindo o abuso na
cobrança, que deve ser efetuada pelos meios legais em direito admitidos.
Já o receio de dano ou o risco ao resultado útil do processo, resta claro, vez que o
requerente não se opõe a pagar o débito junto à ré, mas sim, que a mesma aceite o
parcelamento dentro das condições do ator, conforme tabela em anexo (fls
292929292), pois ainda, mesmo se encontra desempregado, e somente dentro
destes aspectos conseguirá quitar tais débitos com a requerida, visto que ainda no
decorrer deste parcelamento o autor terá que arcar com as futuras contas de
energia.
Desta forma, requer a Vossa Excelência que seja determinado a Requerida que
parcele os débitos atuais nos moldes expostos pelo autor, tornando viável a quitação
dos mesmos com a referida empresa fornecedora de energia elétrica.
O fumus boni iuris afigura-se nos suficientemente demonstrado pela autora, onde se
comprova a existência do direito do consumidor no sentido de ver respeitado o seu
direito ao serviço de fornecimento de energia elétrica previsto na legislação
consumerista.
VI - DOS PEDIDOS.
Diante do exposto e de tudo o que nos autos consta, requer seja julgada totalmente
procedente a presente demanda.
Dá-se à causa, apenas para fins de alçada, o valor de R$ 1.400,00 (hum mil e
quatrocentos reais), sem limitação a este.
Termos em que,
pede deferimento.
______________________________________________________
Fred Maico dos Santos