Sie sind auf Seite 1von 5

Image not readable or empty

/home/ibdfamor/public_html/assets/images/topo-pesquisa.png

#1 - Genitor que pede alimentos ao filho. Solidariedade familiar. Possibilidade

Data de publicação: 30/08/2017

Tribunal: TJRS
Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves

Chamada

(…) “No caso em exame, observo que a necessidade do alimentado está comprovada, pois ele enfrenta
situação de carência de recursos, mantendo-se com a minguada pensão previdenciária que recebe. E, de
igual sorte, está claro que o alimentante é pessoa que trabalha e logrou obter condição de vida estável,
conseguindo manter-se com dignidade e assegurar o sustento de sua numerosa prole. (...) No entanto, ele
constituiu família e tem quatro filhos para prover o sustento. E estes filhos ele certamente pretende ser o
pai que ele não teve. Ou seja, ele deve proporcionar aos filhos os meios necessários para que se
desenvolvam de maneira saudável e equilibrada. Por essa razão, tenho que a fixação dos alimentos em
um salário mínimo se mostra exagerada, sendo suficiente e necessária a fixação do encargo alimentar em
30% do salário mínimo." (...)

Ementa na Íntegra

Ação de alimentos. vínculo parental. necessidades do genitor. possibilidade. 1. Em razão do


compromisso de solidariedade familiar, é recíproca a obrigação entre pais e filhos de prestarem
alimentos, uns para os outros, em caso de necessidade, para que possam viver de modo compatível com
sua própria condição social, consoante dispõem os art. 1.694 e 1.696 do CCB. 2. as pessoas plantam
enquanto tem vigor físico para colherem o que plantaram quando chega a velhice, quando surgem novas
necessidades, pois declina a saúde e desaparece a capacidade laboral. 3. Embora exista o dever de
solidariedade do filho em relação ao pai, sendo irrelevante o fato de ter sido abandonado por ele quando
contava tenra idade, é certo que não poderá sofrer desfalques que o impeçam de manter o seu próprio
sustento e o de seus filhos. 3. Não pode o alimentante ficar sem condições de proporcionar aos seus
próprios filhos os meios necessários para que se desenvolvam de maneira saudável e equilibrada,
evitando repetir algum erro praticado pelo seu genitor no passado, motivo pelo qual a fixação dos
alimentos deverá ser num patamar suficiente apenas para que ele cumpra o seu dever de solidariedade
familiar. Recurso provido em parte. (TJRS, AC Nº 70028252658, Relator: Sérgio Fernando de
Vasconcellos Chaves, Sétima Câmara Cível, J.22/07/2009 ).

Jurisprudência na Íntegra

Número do processo: 70028252658


Comarca: Comarca de Pelotas
Data de Julgamento: 22/07/2009
Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves

TRIBUNAL DE JUSTIÇA - RS -
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

SFVC
Nº 70028252658
2009/Cível

ação de alimentos. vínculo parental. necessidades do genitor. possibilidade. 1. Em razão do compromisso


de solidariedade familiar, é recíproca a obrigação entre pais e filhos de prestarem alimentos, uns para os
outros, em caso de necessidade, para que possam viver de modo compatível com sua própria condição
social, consoante dispõem os art. 1.694 e 1.696 do CCB. 2. as pessoas plantam enquanto tem vigor físico
para colherem o que plantaram quando chega a velhice, quando surgem novas necessidades, pois declina
a saúde e desaparece a capacidade laboral. 3. Embora exista o dever de solidariedade do filho em relação
ao pai, sendo irrelevante o fato de ter sido abandonado por ele quando contava tenra idade, é certo que
não poderá sofrer desfalques que o impeçam de manter o seu próprio sustento e o de seus filhos. 3. Não
pode o alimentante ficar sem condições de proporcionar aos seus próprios filhos os meios necessários
para que se desenvolvam de maneira saudável e equilibrada, evitando repetir algum erro praticado pelo
seu genitor no passado, motivo pelo qual a fixação dos alimentos deverá ser num patamar suficiente
apenas para que ele cumpra o seu dever de solidariedade familiar. Recurso provido em parte.

Apelação Cível
Sétima Câmara Cível
Nº 70 028 252 658
Comarca de Pelotas
J.N.A...APELANTE
J.A...APELADO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.


Acordam os Magistrados integrantes da Sétima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à
unanimidade, dar parcial provimento ao recurso.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário (Presidente), os eminentes Senhores Des. Ricardo Raupp
Ruschel e Dr. José Conrado de Souza Júnior.
Porto Alegre, 22 de julho de 2009.

DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES,


Relator.

RELATÓRIO

Des. Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves (RELATOR)


Trata-se da irresignação de J. N. A. com a r. decisão que julgou parcialmente procedente a ação de
alimentos que lhe move seu pai J. A. e fixou a obrigação alimentar em um salário mínimo mensal.
Sustenta o recorrente estar enfrentando dificuldades financeiras e encontrar-se endividado. Alega que o
recorrido não apresentou prova da sua condição de necessidade. Conta que o recorrido abandonou o
recorrente e sua mãe, quando ainda era criança. Diz nunca ter recebido qualquer ajuda financeira do
recorrido, nem ao menos teve a presença dele. Assevera que os medicamentos utilizados pelo recorrido
são fornecidos gratuitamente pelo Governo, não sendo necessária a compra destes. Afirma encontrar-se
com dificuldades financeiras, situação diversa dos outros filhos do recorrido, que também tem a
obrigação de sustentar o pai. Pretende a improcedência da ação, ou, caso entendimento contrário, seja
fixado à título de alimentos os 15% do salário mínimo oferecido em audiência de conciliação, ou então
seja mantido o valor fixado à título de alimentos provisórios. Pede provimento do recurso.
Intimado, o recorrido apresentou contra-razões alegando que percebe mensalmente um salário mínimo da
Previdência Social. Afirma estar com a saúde totalmente comprometida. Sustenta possuir gastos com a
alimentação, medicamentos para uso próprio e contínuo, aluguel da moradia e vestuário, gastos estes que
ultrapassam o valor de sua renda. Assevera que o recorrido possui excelentes condições financeiras, pois
é proprietário de muitos hectares de terra, os quais utiliza para fins de plantio que gera a sua renda.
Pretende a manutenção da r. decisão, haja vista a possibilidade do alimentante, ora recorrente, e a
necessidade do alimentado, ora recorrido. Pede desprovimento do recurso.
Com vista dos autos, lançou parecer a douta Procuradoria de Justiça pugnando pelo conhecimento e
desprovimento do recurso.
Esta Câmara adotou o procedimento informatizado e foi observado o disposto no art. 551, § 2º, do CPC.
É o relatório.

VOTOS

Des. Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves (RELATOR)


Estou acolhendo em parte o pleito recursal.
Cuida-se de pleito alimentar proposto pelo pai contra seu filho maior, capaz e que exerce atividade
laboral remunerada, sob o argumento de que é pessoa carente e está enfrentando problemas de saúde, que
lhe exigem gastos que não consegue suportar apenas com os seus proventos de aposentadoria.
Em razão do compromisso de solidariedade familiar, é recíproca da obrigação entre pais e filhos de
prestarem alimentos, uns para os outros, em caso de necessidade, para que possam viver de modo
compatível com sua própria condição social, consoante dispõe o art. 1.694 do CCB. E, aliás, a própria
Constituição Federal dispõe no art. 229 que "os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos
menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou
enfermidade".
É imperioso reconhecer, portanto, que é inequívoca a responsabilidade jurídica, além de ética, do filho
prestar alimentos para o pai, como ocorre no caso em exame. Ou seja, consoante reza o art. 1.696, que é
recíproco entre pais e filhos o direito à prestação alimentícia, sendo estendido tal direito a todos os
ascendentes.
Assim, a obrigação alimentar reclamada no presente feito está prevista também no art. 1.697 do Código
Civil que dispõe, de forma clara, que “na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes,
guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais”.
Igualmente o art. 1.694 do Código Civil, que é aplicável à espécie, estabelece que os parentes possuem
obrigação alimentar, uns com os outros, como se vê:
“Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem
para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua
educação”.
No caso em exame, observo que a necessidade do alimentado está comprovada, pois ele enfrenta situação
de carência de recursos, mantendo-se com a minguada pensão previdenciária que recebe. E, de igual
sorte, está claro que o alimentante é pessoa que trabalha e logrou obter condição de vida estável,
conseguindo manter-se com dignidade e assegurar o sustento de sua numerosa prole.
Mesmo que tenha boa condição econômica e financeira, não poderá sofrer desfalques que o impeçam de
manter o seu próprio sustento e o de seus filhos. Ou seja, não poderá o alimentante se reduzir a condições
precárias de subsistência, ou sacrificar sua condição social, a fim de prestar os alimentos reclamados.
Embora a situação econômica do pai do recorrente seja precária, é certo que ele tem ganhos que lhe
permitem prover o próprio sustento no padrão de vida que sempre desfrutou ao longo de sua vida. Afinal,
as pessoas plantam enquanto tem vigor físico para colherem o que plantaram quando chega a velhice,
sendo certo, também, que esta quadra da vida traz novas necessidades, pois, declina a saúde e desaparece
a capacidade laboral.
A assistência médica e os medicamentos de que necessitam o alimentando são fornecidos pelo Estado e
os ganhos previdenciários devem atender suas demais necessidades.
Por essa razão, penso que o pensionamento alimentar deve ser fixado em 30% do salário mínimo, que me
parece suficiente para o alimentante auxiliar o alimentando a ter uma vida um pouco mais digna, sendo
irrelevante cuidar agora do fato deste ter abandonado o filho-recorrente em tenra idade e deixado de
auxiliá-lo anteriormente...
De outra banda, observo que o alimentante não é pessoa abastada, embora, mercê do seu trabalho e
esforço, a despeito da ausência paterna ao longo da vida, logrou obter uma condição de vida estável. No
entanto, ele constituiu família e tem quatro filhos para prover o sustento. E estes filhos ele certamente
pretende ser o pai que ele não teve. Ou seja, ele deve proporcionar aos filhos os meios necessários para
que se desenvolvam de maneira saudável e equilibrada.
Por essa razão, tenho que a fixação dos alimentos em um salário mínimo se mostra exagerada, sendo
suficiente e necessária a fixação do encargo alimentar em 30% do salário mínimo. E desta forma, o
alimentante estará cumprindo com seu dever de solidariedade familiar.
ISTO POSTO, dou parcial provimento ao recurso para reduzir a pensão alimentícia de um salário mínimo
para 30% desta base de cálculo.
Des. Ricardo Raupp Ruschel (REVISOR) - De acordo.
Dr. José Conrado de Souza Júnior - De acordo.
DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES - Presidente - Apelação Cível nº
70028252658, Comarca de Pelotas: "DERAM PARCIAL PROVIMENTO. UNÂNIME."

Julgador(a) de 1º Grau: FABIANA FIORI HALLAL

Das könnte Ihnen auch gefallen