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Quando falamos da história da educação física no Brasil, podemos dividi-la nos três grandes
períodos vividos em nosso país: Colônia, Império e República.
A prática do arco e flecha era utilizada de forma prioritária entre os indígenas brasileiros, pois serviam
para a caça e principalmente para os combates a distância com as outras tribos. Os índios tinham muita
habilidade com o manejo do arco e flecha, sendo sua habilidade comparada pelos colonizadores europeus
aos melhores arqueiros daquele continente2. A técnica do uso do arco e flecha era diferente, pois os
indígenas brasileiros normalmente lançavam a flecha deitados de costas, para poder dar maior impulso a
ela, principalmente nas situações de combate contra outras tribos.
Outra atividade física era a natação e a canoagem, pois pela rica orla marinha e também pela abundância
hidrográfica do Brasil. Os índios necessitavam dominar estas habilidades, pois era uma questão de
sobrevivência para a espécie. Como eles dominavam o meio líquido, a canoagem obviamente também era
muito desenvolvida, facilitando o deslocamento entre as enormes distâncias, além de possibilitar a prática
da pesca. A canoagem também era muito utilizada em situações de defesa e combate contra outras tribos.
A corrida a pé era uma prática muito freqüente, pois era necessária para perseguir as caças e muitas vezes
para fugir dos animais da floresta e também dos inimigos. Existia na época uma espécie de jogo de
guerra, onde os índios soltavam o prisioneiro, dando-lhes uma pequena vantagem. Caso ele fosse
alcançado pelos seus perseguidores era morto. Obviamente se ele corresse mais rápido do que eles,
conseguiria sobreviver. Este jogo mostrava a valorização e o respeito que os índios tinham por aqueles
que apresentavam tais capacidades físicas bem desenvolvidas. A equitação era pouco desenvolvida e foi
praticada principalmente pelos índios chamados de Guaicurus, que admiravam os cavalos3.
1
Conceituação de Branchard e Cheska in López Rodríguez, J. (2000). História del Deporte. Inde. 1ª edición.
Barcelona.
2
Em Marinho, Inezil. (sem data). História da Educação Física no Brasil. Companhia Brasil. São Paulo.
3
Ibidem.
4
Ibidem
A Educação Física
A preocupação com as condições de pobreza da população e a proliferação de doenças e falta de estrutura
para combatê-las, leva a Coroa Portuguesa a estudar medidas para melhorar as condições mínimas de
saúde da maioria da população. Em 1787 é publicado em Portugal, um Tratado de Educação Física e
Moral, que deverá ser seguido no Brasil, como colônia de Portugal. Neste tratado a educação física é
compreendida como sendo os cuidados com a alimentação, com a higiene corporal, com a puericultura,
concepção, gravidez e parto. Esta obra abordava de forma aprofundada o desenvolvimento das crianças,
dividindo-as em fases, do nascimento até os 20 anos de idade. O trabalho aconselhava os cuidados de
higiene corporal, e sugeria a prática de atividades como a dança, flexibilidade e atividades de maior
esforço corporal como a esgrima e equitação. Salientava ainda a necessidade da criança brincar ao ar
livre.
O que se conclui é que o parecer de Rui Barbosa quebrou o paradigma existente naquela época, pois os
professores exerciam a docência nas aulas de ginástica dentro da sala de aula, entre as classes e com os
alunos e professores com vestimentas inapropriadas. O parecer de Rui Barbosa está carregado de
conceitos higienistas, que preconizam a preocupação com a saúde da população masculina e feminina,
neste caso para a preparação para a procriação. Além disto, defendia fortemente a educação física como
forma de construir o caráter do indivíduo. “Nós não pretendemos formar acrobatas, nem Hércules, mas
desenvolver a juventude pelo vigor essencial de equilíbrio da vida humana, a felicidade da alma, a
defesa da Pátria e a dignidade da espécie”. Esta frase é creditada a Rui Barbosa. A orientação da
ginástica (educação física) era voltada para a melhora das condições de saúde, sendo que como os
professores não tinham formação, eles eram orientados e supervisionados pelos médicos, que prescreviam
os exercícios físicos.
5
Exercícios divididos em oito grupos, executados com ritmo e normalmente com mãos livres ou pequenos halteres. A
calistenia é à base da ginástica moderna e teve origem na ginástica sueca.
As práticas esportivas no Brasil ganham força ainda no final do século XIX e início do século XX, por
força da influência da educação e colonização européia que ocorriam no país naquele período de troca de
século. Neste período chegaram ao Brasil às doutrinas européias de atividades físicas através de
exercícios ginásticos, com os métodos alemão, sueco e francês.
6
Eugenia: estudo de medidas sócio-sanitárias, sociais e educacionais que influenciam física e mentalmente o
desenvolvimento das qualidades hereditárias dos indivíduos e, portanto das gerações futuras.
7
Somente no ano de 1979, o antigo e hoje extinto, Conselho Nacional de Desportos, derrubou uma liberação que
proibia a mulher de praticar determinados esportes, como lutas e futebol, por exemplo.
8
Tubino, M. (1996). O Esporte no Brasil- do período colonial até os nossos dias. Ibrasa. São Paulo.
9
A biblioteca da Universidade de Caxias do Sul, possui um exemplar deste livro, editado no ano de 1920. Está
localizado na Coleção Especial Laudelino Teixeira de Medeiros.
Quadro síntese das idéias dos principais pensadores da Educação Física no início do século XX.
Rui Barbosa Manoel Bomfim Fernando de Azevedo
Concepção de Ciência é toda Discussão interpretativa, Tudo que pode ser provado
ciência observação, toda exatidão, uma doutrina de deduções racionalmente por meio de
toda observação racionais, rigorosas, mas experimentação.
experimental variáveis.
Concepção de Educação dos sentidos Uma sistematização em Educação para formação
pedagogia e com intervenção sobre o discussão continua. Apuro da personalidade, caráter e
educação física corpo do organismo. disciplina. Ciência
biológica exata.
Sentido da Ed. Extinguir o antagonismo Função educativa na Promover a educação pela
Física na escola entre o corpo e o cérebro. internalização das normas atividade neuro-muscular,
de higiene, apuro das segundo planos racionais,
energias e cultivo das formação de hábitos de
forças. vida, morais e sociais.
Método Exercícios militares para Ginástica sueca para Ginástica sueca para
proposto os meninos e calistenia ambos os sexos, mas com ambos os sexos, com
para as meninas, mais intensidades diferentes. intensidades diferentes,
canto e dança. mais canto e dança para as
meninas.
Dimensão da Estratégias de controle Moralização dos hábitos. Melhora e aperfeiçoamento
realidade higiênico e colocação do Melhora das condições da raça e desenvolvimento
Brasil entre as nações raciais das gerações nacional.
desenvolvidas futuras.
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Modelo ginástico que teve enorme aceitação nos círculos franceses visto que não visava apenas formar o homem
forte e sadio capaz de demonstrar as mais diferentes qualidades físicas e psíquicas de um bom militar, mas porque
o método calistênico ganha muito espaço na ginástica (educação física) escolar. Neste período a educação
física sofreu maior intervenção estatal e onde o Método Francês adquiriu grande notoriedade. Na
Constituição de 1937, com a criação do Estado Novo, a educação física fica ligada à disciplina da moral e
ao “adestramento físico”, a fim de preparar a juventude para seus deveres futuros com o trabalho e
consequentemente com o desenvolvimento da economia, bem como para uma possível defesa da nação.
Nesse sentido, não é muito difícil entender porque o Método Francês teve plena e oficial aceitação no
governo Vargas. Fazia-se premente assegurar a política emergente que contava com o apoio do Exército e
o Método Francês continha elementos adequados para tal, na medida em que privilegiava também um
caráter nacionalista. Ou seja, dentro dos limites de sua provável ação poderia exercê-la com eficiência ao
valorizar a ordem, a disciplina, o controle da população por meio de seu caráter higiênico, eugênico e
disciplinador. Em relação às práticas esportivas, embora o futebol já fosse o esporte mais praticado no
país, foi nesta época que ele se popularizou como esporte de massa. Porém nesta etapa também se iniciam
a construção de ginásios esportivos, decorrência do fortalecimento do basquete e o voleibol como
resultado do trabalho esportivo das ACMs. O grande destaque para a educação física brasileira é a criação
ou transformação em 1933, pelo decreto nº 23.252 do governo de Getúlio Vargas, do Centro Militar de
Educação Física em Escola de Educação Física do Exército. “Por este ato, estava criada a ‘célula mater’
da formação de profissionais para a área no País”11. Em 1941 é criado o Conselho Nacional de
Desporto, órgão que daria um tratamento legal as práticas esportivas no Brasil, regulando-as e
deliberando suas práticas e separando de forma legal a educaçao física dos esportes.
Bibliografia de Apoio.
Castellani, Lino (1998). Educação Física no Brasil: A História que não se conta. 1ª edição. Papirus.
Campinas.
Ferreira Neto, Amarildo (1998). Escola de Educação Física do Exército (1929-1945):Origem e Projeto
Político Pedagógico. Revista Histórica na Educação Física . Nº 3. pp: 69-95.Facha. Aracruz.
Ghiraldelli Jr (1988). Educação Física Progressista. São Paulo: Loyola.
Marinho, Inezil (sem data). História da Educação Física no Brasil. Companhia Brasil. São Paulo.
Marinho, I. (sem data). História Geral da Educação Física. Cia Brasil Editora. 1ª edição. São Paulo.
Melo, Vitor (1999). História da Educação Física e do Esporte no Brasil: Panorama e Perspectivas. 1ª
edição. Ibrasa. São Paulo.
Soares, Carmen (1994). Educação Física: Raízes Européias e Brasil. 1ª edição. Autores Associados.
Campinas.
Tubino, Manoel (1996). O Esporte no Brasil-Período Colonial até os nossos dias. Ibrasa. São Paulo.
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Teorias freirianas.