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2017
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA (UEFS)
BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
SEMINÁRIOS DE BIOPROSPECÇÃO - BIO713
2017
INTRODUÇÃO
Os morcegos estão entre os animais mais temidos pelos seres
humanos. Para os humanos, todos as espécies de morcegos são vampiras, ou
seja, sugam o sangue da presa até matar, algo que, hoje em dia, já se sabe
que não é assim. Existem mais de 1100 espécies conhecidas de morcegos e,
destas, somente três são hematófagas: Desmodus rotundus, Dhiphylla
ecaudata e Diaemus youngii.
Os hematófagos são indivíduos que se alimentam de sangue. Os
morcegos hematófagos, conhecidos popularmente como morcegos vampiros,
são da subfamília Desmodontinae. “Esta subfamília apresenta como
características peculiares a presença de um apêndice nasal (uma estrutura no
focinho) em forma de ferradura. Além disso, possuem polegares bem
desenvolvidos, e, é claro, o hábito hematófago”. (NASCIMENTO, M.)
A espécie Desmodus rotundus é a mais conhecida e os indivíduos são
chamados de “morcego-vampiro comum”. O morcego-vampiro comum é
encontrado do México à Argentina e Chile (TURNER, 1975). Estes possuem
hábito noturno e o seu processo de alimentação envolve uma grande estratégia
tanto do local de ataque quanto para chegar até as presas. Esses morcegos
usam seus polegares longos das asas e suas patas fortes (BRASS, 1994) para
caminhar pelo solo até chegar às presas e então atacam, geralmente nas
orelhas e extremidades de difícil acesso da presa.
Diferentemente do que se é pensado, os morcegos hematófagos não
sugam o sangue de suas presas através dos dentes, na verdade, ao abrir a
ferida - geralmente pequena - passam a língua sobre a mesma, lambendo o
sangue. Sabe-se que há na saliva uma substância anticoagulante chamada
draculina, uma glicoproteína que tem ação inibidora do fator Xa da cascata de
coagulação sanguínea (FERNANDEZ et al, 1999), e ainda, acredita-se que
exista também algum tipo de substância anestésica que ajuda o morcego no
ataque, fazendo com que a presa não sinta dor no momento da mordida.
A draculina é atualmente estudada, assim como outros compostos
salivares, com o objetivo de obtenção de novas moléculas para a fabricação de
remédios com menos efeitos colaterais. Contudo, “o estudo dessas substâncias
enfrenta empecilhos como a quantidade muito pequena na qual estão
presentes na saliva (ou glândula salivar) e a dificuldade na obtenção da
amostra ou dos animais. Tais obstáculos estão sendo superados com a
evolução das técnicas de análise em química de proteínas e o desenvolvimento
de novas técnicas em biologia molecular.” (CIPRANDI, A. 2005)
Tendo em vista os recentes estudos, o presente projeto tem como
objetivo a análise dos efeitos da draculina como medicamento anticoagulante
impedindo ou prevenindo doenças causadas pela coagulação desregulada do
sangue, bem como a comparação desses efeitos com os efeitos apresentados
por uma das três substâncias mais usadas na fabricação de medicamentos
anticoagulantes: a heparina, um anticoagulante natural produzido pelos
mastócitos (LABTEST, 2010).
“A droga de escolha utilizada atualmente na terapia
anticoagulante é a heparina, que inibe trombina via
ativação da antitrombina. Embora eficaz e amplamente
usada, seu uso apresenta alguns problemas, como a
necessidade de antitrombina para ação anticoagulante,
incapacidade de inativar a trombina ligada ao coágulo e
ligação inespecífica a outras proteínas plasmáticas que
não a trombina. Isto contribui para a variabilidade da
resposta à dose e a necessidade de monitoramento
freqüente para o adequado nível de anticoagulação.8 Por
essa razão, tem sido feito esforço grande para desenvolver
novas drogas anticoagulantes.” (CIPRANDI, et al. 2003)
METODOLOGIA
LOCAL DE COLETA. Os morcegos vampiros são mais encontrados no
México, Argentina e Chile. Diante disso, o local escolhido para captura dos
indivíduos se localiza no sul da Argentina, numa fazenda de gado com campo
aberto.
CAPTURA DOS INDIVÍDUOS. A captura dos morcegos será feita do
entardecer (30 minutos depois do pôr do sol) até 21h e serão utilizadas redes
de espera estendidas em volta de uma pequena quantidade de gado,
ligeiramente espalhada pelo campo da fazenda (BREDT, et al. 1999).
Pretende-se capturar 1 ou 2 morcegos por noite de coleta, utilizando a rede de
espera, onde serão sedados. Esses indivíduos terão suas glândulas
estimuladas através da utilização de 20 microlitros de 1% de pilocarpina. A
saliva será coletada em tubos de eppendorf de 2ml e guardados à 20ºC até seu
uso. Após o efeito da sedação, os espécimes serão libertados. Cada amostra
foi ensaiada quanto à concentração de proteína e à atividade inibidora de FXa,
e os lotes similares foram mantidos separados e eventualmente reunidos para
purificação de draculina (Fernandez, et al. 1998)
BREDT, A. et al. Morcegos cavernícolas da região do Distrito Federal,
centro-oeste do Brasil (Mammalia, Chiroptera). Revista Brasileira de Zoologia.
1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbzool/v16n3/v16n3a12>.
Acesso em: 31 de maio de 2017
CIPRANDI, A. Purificação e caracterização da microfilina, o segundo inibidor de
trombina da saliva do carrapato Boophilus microplus. UFRGS. Porto Alegre.
2005.
CIPRANDI, A. et al. Saliva de animais hematófagos: fontes de novos
anticoagulantes. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. v.25. n.4. São José do Rio
Preto. 2003. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-8484200300040
0012>. Acesso em: 09 de maio de 2017
FERNANDEZ, A. Z. et al. Expression of biological activity of draculin, the
anticoagulant factor from vampire bat saliva, is strictly dependent on the
appropriate glycosylation of the native molecule. Rev. Biochimica et Biophysica
Acta. 1425 (1998) 291-299. 1998. Disponível em:
<http://digitalarchive.maastrichtuniversity.nl/fedora/get/guid:333fb23a-d342-4d0
1-9094-ecb439222c0e/ASSET1> Acesso em: 21/06/2017
NASCIMENTO, M. Bicho da vez. Museu de Zoologia João Moojen. Disponível
em: <http://www.museudezoologia.ufv.br/bichodavez/edicao03.htm>. Acesso
em: 09 e 14 de maio de 2017