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Doengas virais transmitidas por artrdpodes e roedores smitidos por artrépodes (arbovirus) e os vi- rus transmitidos por roedores representam um grupo eco ligico de virus com ciclos de transmisséo complexos que envolvem artrépodes ou roedores. Esses virus tém caracte risticasfisico-quimicas variadas e sio classificados em farni- Tias virais diversas Os arbovirus ¢ os virus transmitidos por roedores estio classificados entre as familias Arenaviridae, Bunyaviridae, Flaviviridae, Reoviridae ¢ Togaviridae. Os virus da febre hemorrdgica africana so clasificados na familia Filoviridae (Quadro 38.1, Fig. 38.1). Varias das doencas aqui descritas sio consideradas doencas infecciosas emergentes (ver Cap. 29) Os arbovirus sio transmitidos por artrépodes hematéfagos de um hospedeiro vertebrado para outro. O vetor adquire in {ecco por toda a vida pela ingestio de sangue de um vertebra- do virémico, Os virus multiplicam-se nos tecidos do artrépode, sem qualquer sinal de doenga ou lesio. Alguns arbovirus sio ‘mantidos na natureza por transmissio transovariana nos ar trépodes. ‘As principais doengas causadas por arbovirus no mundo inteiro sio:febre amarela, dengue, encefaltejaponesa B, ence- falite de St. Louis, encefalite equina do oeste e encefalite equi nado lest, encefalite transmitida por carrapato, febre do Nilo Ocidental ea febre transmitida pelo mosquito-pélvora (Nebé: tomo). Nos EUA, as infecgées mais importantes causadas por arbovirus sio encefalite de La Crosse, febre do Nilo Ocidental, encefalite de St. Louis, encefalite equina do leste ¢ encefalite cequina do oeste ‘As doengas virais transmitidas por roedores sio mantidas na natureza por transmissio intraespécie ou interespécies di reta de um roedor para outro, sem a patticipacao de vetores artrépodes. Em geral, a infeccio é persistente, Ocorre trans rissio por contato com liquidos ou excregdes corporais. Entre as principais doengas virais transmitidas por roe dores incluem-se as infeccdes por hantavirus,febre de Lassa ce febres hemorragicas da América do Sul. Nos EUA. as doen (as virais mais importantes transmitidas pelos roedores sio a sindrome pulmonar por hantavirus e a febre do carrapato do Colorado. Agui também sio consideradas as febres he- morrdgicas africanas — Marburg e Ebola. Seus hospedeiros reservatérios sio desconhecidos, mas suspeita-se de roedores, (ou morcegos. caPpitu 38 INFECGOES HUMANAS POR ARBOVIRUS Existem centenas de arbovirus, dos quais cerca de 100 sio patégenos humanos conhecidos, Acredita-se que todos os ar- Dovirus que infectam seres humanos sejam zoondticos, sen do o homem um hospedeiro acidental que ndo desempenha papel importante na manutencao ou no ciclo de transmissio do virus. As excesses sio representadas pela febre amarcla urbana e pela dengue. Alguns dos ciclos naturais so simples e envolvem a infeccio de um hospedeiro vertebrado no hu: ‘mano (mamifero ou ave), sendo a transmissio efetuada por tuma espécie de mosquito ou carrapato (p. ex, febre amare la silvestre, febre transmitida pelo carrapato do Colorado). Entretanto, outros sio mais complexos. Assim, por exemplo, as encefalites por picada de carrapato podem ocorrer apés a ingestio de leite cru de cabras vacas infectadas ao pastarem. ‘em locais infestados por carrapatos, em que exista um ciclo no carrapato e no roedor. Certos virus algumas vezes foram nomeados em seguida a uma doenga (dengue, febre amarela) ou em lembranga & area _geogrifica em que o virus foi primeiramente isolado (encefalite de St. Louis, febre do Nilo Ocidental). Os arbovirus sio en contrados em todas as zonas tropicais temperadas, mas si0 mais prevalentes nos trépicos com sua abundancia de animais, cartropodes. ‘As doengas provocadas por arbovirus podem ser divididas em trés sindromes clinicas: (1) febres do tipo indiferenciado, com ou sem exantema maculopapular, em geral benignas; (2) encefalite (inflamagio do cérebro), frequentemente associada a elevada taxa de mortalidade; e (3) febres hemorragicas, que também sio frequentemente graves e fatais, Essas categories sio um tanto arbitrérias,¢ alguns arbovirus podem estar as- sociados a mais de uma sindrome, como, por exemplo, a febre da dengue. ‘A.sindrome clinica é determinada pelo grau de maltiplica ‘Go do virus e por sua localizacio predominante nos tecidos. Assim, os arbovirus podem causar doenga febril discreta em al- {guns pacientes e encefalte ou didtese hemorragica em outros. [As infecgées por arbovirus ocorrem em distribuigées geo- 3s distintas e por diferentes padrées de vetores (Fig, 38.2) Lo 554° SECAON Virologia QUADRO 38.1 _Classificago e propriedades de alguns virus transmitides por artrépodes e roedores (lassificagio ‘Membros importantes de aboviruse virus taxonémica ‘tansmitidos por roedores Propriedades virai ‘Arenaviidae Ganero Arenovirus Bunyaviridae Genero Onthobunyavias Genera Hantavirus nero Nairvinus nero Phiebovius Filoviridae Genero Marburgvras Genero Etolavius Flaviviridae Genera Fovvius Reoviridae Genero Cotas Genero Orbis ‘Togaviridae Genero Aphovrus ‘Novo Mundo: virus Guanaito, Junin, Machupo, Sabi e ‘whitewater Arroyo, Velho Mundo. vius de Lasa eda coriomeningite infcitea, Transmitidos por roedores Virus de Anopheles Ae 8 virus Bunyamwera, virsda ‘encefalt da Calférnia, virus Guam, vius La Crosse, ‘rus Orepouche e virus Turlock. Transmitidos por artépodes (mosauitos) ‘Virus Hantan febre hemorragica da Corel. virus Seou febre hemorrgica cam sindrome renal) vius Sin Nombre (sincme pulmonar por hantavies). ‘Transmitidos por roedores Virus da febrehemorrdgica do Congo- 10.000 9m), emboraa maiova tena tamannomédio de cerca de 1.000 nm. Genoa: RNA Ge Ta simples e sentido negativo no segmentado, {e 19 kb de tamanho, Sete polpeptideos Envelope. Replcagio: coplasma, Organizactorbrotarento part da membrana celular Estericos, 40260 nm de clametro.Genoma:RNA infeccioso de flamento simples ede sentido ositvo, com 11 Kb de tamanho. Envelope. Tr8s Palipeptideas estrturals, sendo dol glcosiados. Replcacio: ctoplasma.OrganzacSo:no interior o reticuo endaplasmstice, Todos os virus S80 Sorclogcamente relacionados £féticos, 60. 80 nm de dimetro.Genoma: RNA de 30a 12 segmentos de lamento dupe neat, com ‘amanho total de 16.227 kb. Auséncia de envelope. eza 12 poipepsiceos estruturas. Repicacso e organizagio: ctoplasma (ver Cap. 37) Esfericos,70nm de ddmetro,nuceocapsides com 42 capsémetos.Genoma: RNA de Ta simples e Sento postive, tamanhode 1) 212 kb Envelope. Trés ou quato poipeptideos estruturas principals, Sendo dois glicoslados ReplicacSo: toplasma. Crganizacéo: brotamenta aravés das membranas celulares do hospede'o. Todos os vius so Soroiogicamente relacionados CAPITULO 38 _Doengas vrais transmitias por atrépodes eroedores 555 FIGURA 38.1 Micrografas eletrOnicastipicas de arboviruse virus transmitidos por roedores. (A) Alfavtus, virus da Floresta Semliki (Togaviidae. (B) Membro representativo da familia Bunyavitida, virus Uukuniemi.(C) Arenaviru, virus Tacaibe (Arenavitidae.(D) Virus Ebola Fiovridae). (Cor ‘tesla de FA Murphy and EL Palmer) Cada continente tende a apresentar seu préprio padrao de arbo- virus, geralmente com nomes sugestivos, como, por exemplo, encefalite equina venezuelana, encefalite B japonesa, encefalite do Valedo Murray (Austrélia). Muitas encefalites sio infecgdes por alfavirus cflavivirus disseminados por mosquitos, embora ‘ grupo das encefalites da Califérnia seja causado por buniavi rus, Em um determinado continente podem existir mudangas na distribuigdo, dependendo dos hospedeiros viras e dos veto- res de determinado ano. Diversos arbovirus causam infecgées humanas significati- ‘vas nos EUA (Quadro 38.2). 0 niimero de casos varia bastante de ano para ano. ENCEFALITES POR TOGAVIRUS EFLAVIVIRUS Classificagao e propriedades dos togavirus eflavivirus Na familia Togaviridae, o genero Alphavirus consiste em cer ca de 30 virus com 70 nm de dismetro e genoma de RNA de fita simples e sentido positivo (Quadro 38.1). O envelope que circunda a particula contém duas glicoproteinas (Fig, 38.1). Com frequéncia, os alfavirus estabelecem infecgdes persisten tes em mosquitos e sao transmitidos entre vertebrados por 556 SECAOIV Virologia FIGURA 38.2 Distribuigdes conhecidas dosflavviruscausadores dedoengas humanas. (A) Virus dafebreamarela.(B)Vrusdadengue.(C) Viusda encefaite det Louis (D) Virus da encefa‘te japonesa 8.) Virus daencefalte do Vale do Muray.(F) Virusca encefaltetransmitida por carapatos. {G) Virus do Nilo Ocidenta. (Repreduzida, com autorieagdo, de Monath TP, Tsai TF: Flavivituses. In Richmann DD, Whitley RJ, Hayden FG [ecitors lincal Viciogy, 2nd ed. Washington OC: ASM Press, 2002) ‘mosquitos ou outros artrépodes hematéfagos. Apresentam distribuigdo mundial. Todos os alfavirus sio relacionados antigenicamente, Os virus sio inativados por pH acido, ca- lor, solventes organicos, detergentes, fencl, dlcool a 70% € formaldeido. A maioria exibe capacidade de hemaglutinagao. virus da rubéola, classificado em um género separado na familia Togaviridae, nao tem vetor artrépode e nio é um ar bovirus (ver Cap. 40) Os arbovirus estéo na familia do género Flavivirus, Inicial- mente, 0s flavivirus foram incluidos na familia togavirus como “arbovirus do grupo B”, mas foram transferidos para uma fa- milia distinta devido a diferengas na organizacio do genoma CAPITULO38 _Doencas viraistransmitidas por artrépodes e roedares 557 QUADRO 38.2 Resumo das principais infeccdes humanas causadas por arbovirus e virus transmitidos por roedores que ocorrem nos EUA Relagto Vetores Iinfecgbo:casos Texade Doencast Exposigdo _Distrbuigéo principals Anciddncia etéria) Sequelast __mortalidade Encefaiteequinado Rural ‘Atlncco,ltoral Aedes,Culex 10.1 actentes) + 303 70% Teste (lphavius) sudoeste 501 (indviduos de rmela-idade) 201 (isos) Encefaiteequinado Rusa Pcie, Culertorsals, 502 (aes anos) + 3ar% Oeste Wphavirs) ‘montanhas ‘Aedes "100081 (acima de Sudoeste ) Encefaiteequing Rural Sul(também Aedes, 251 (ae 15 anos) * ‘casos fatas sto ‘venezveana ‘Américasdo ——Psorophora, 1.000: acima de 0 Whavins) Sulecentral) Culex ) Encefalte de Ubana-ural Disseminada Cuter £8003 (até 9 anos) 310% (ate St Louis 4001 (9a59anos) 165 anos) iowvin 85:1 (acimade 30% (acima de ‘60anos) 165 anos) Febre do Nilo Urbanavrural Disseminads Culex Aedes, 1507 Desconhecidas 315% cidenta ‘Anopheles Favivius) Encefalte da ural Cenuo-norte, _Aedestrieratus —_Relagdodesconhecda—Raras Cerca de 1% ‘calfemia ‘Avantco, Sul (malta dos casos {Lacrosse} commenos de (Orthobunyovies) 20an03) Sindrome pulmonar Rural Sudoeste, Oeste Peromyscus Desconhecidas Desconhecisas 30% or hantavirus ‘maniculatus (Mantan'us) Febvedo catapato Rural Pacifico, Dermacentor __—Relagdodesconhecida—_Raras Casosfataissto 9 Colorado ‘montanhas ‘anderson! (acomete todas as 108 (Cobia) faicas tsi) *€ mando ene paréntses, ob nome da doenga, gtnera na quill agentes wall caviar eta) daucados As fais wait inicadaredexritas re Qusaro33.. ‘feservaerio oer neshum veto. viral. A familia Flaviviridae consiste em cerca de 70 virus de 40 a 60 nm de didmetro, genoma de RNA de fita simples, sen tido positive. O envelope viral contém duas glicoproteinas. Alguns favivirus sio transmitidos entre vertebrades por mos quitos e carrapatos, enquanto outros sio transmitides entre roedores ou morcegos sem qualquer inseto vetor conhecido. Muitos apresentam distribuigio mundial. Todos os flavivirus sio relacionados antigenicamente. Os flavivirus sio inativados de modo semelhante a0 dos alfavirus,e muitos também exibem. capacidade hemaglutinante. O virus da hepatite C, clasificado em um género separado na familia Flaviviridae, nao tem vetor artrépode e no € um arbovirus (ver Cap. 35) Replicagao dos togavirus e flavivirus (© genoma de RNA dos aaviruséde sentido positive (Fig. 38.3). (0s RNAm de comprimento gendmicoe subgendmico (265) sio produzidos durante a transcrigdo. A transcrigdodecomprimento ‘genémico produz uma poliproteina precursora, que codifica as proteinas nao estruturais (p. ex. replicas, transcriptase) neces- sirias para a replicagao viral. O RNAm subgenémico codifica as proteinas estruturais. As proteinas sio elaboradas por clivager apis tradugio, Os afavirus replicam-se no citoplasma e matu. ram por brotamento dos nucleocapsideos através da membrana plasmética. Dados relativos & sequéncia indicam que o virus da encefalite equina do oeste é0 recombinante genético do virus da encefalite equina do lest e do virus Sindbis. ‘© genoma de RNA dos flavivirus também tem sentido posi tivo, Durante a replicacio viral, ocorre producio de uma gran- de proteina precursora a partir dos RNAm de comprimento ‘gendmico. Essa proteina clivada por proteases do virus e do hospedeiro, produzindo todas as proteinas viras, estruturais e nio estruturais. Os flavivirus replicam-se no citoplasma e a ‘organizagio das particulas ocorre em vesiculas intracelulares (Fig. 38.4). A proliferagio de membranas intracelulares é uma caracteristica das células infectadas por flavivirus. 558 SECAOIV. Virologia cap Pt neP2 ‘ePS neP4 con Genoma RNA INA 265, +A, Ces &2 8k Et FIGURA 38.3 Orgarizaci0 genémica dos alfavtus. As proteinas no estruturas ns?) sBo traduaidas a partr do RNA gendmico em forma de poliproteina, que é processada em ¢ proteinas ndo estrutuais por uma protease vial presente em nsP2. As proteinas estrutuaiss80 traduzidas 9 partir de um RNAm 265 subgendmico, em forrna de uma poliproteina que é processada por uma combinacdo de proteases viral e celular em uma proteina do capsideo (Crs glicaproteinas do envelope (E3, £2 eE1)€ uma proteinaassociada & membrana, denominada 6K.C,£2e 1 consttuem (0s principais componentes dos virions, que esto representados nas dreas sombreadas da figura. (Reproduzida, com autorizao, de Strauss JH, ‘Strauss EG, Kuhn Rl: Sudding of alphaviruses. Trends Microbiol 1995:3:346) Propriedades antigénicas dos toga e flavivirus Todos os afavirus sio antigenicamente relacionados. Devido 40s determinantes antigénicos comuns, os virus exibem rea ‘goes cruzadas em técnicas de imunodiagnéstico. Os testes de inibicio da hemaglutinagio, ensaio imunoenzimatico (Elisa) ¢ imunofluorescéncia (IF) definem oito complexos antigénicos 0u sorotipos de alfavirus, quatro dos quais sio representados pelos virus da encefaite equina do oeste edo leste, da encefalite ‘equina venezuelana e pelo virus da Floresta de Semliki. A iden: tificacio de um virus especifico pode ser efetuada por meio de testes de neutralizacio. De modo semelhante, todos os lav rus compartilham locais antigénicos. Até hoje, pelo menos oito ‘membrana plastica: Hoecagao do vin O transporte do von, Inaragao de hopotina FIGURA 38.4 Ociclo de vida dos flavivirus. (Cortesia de CM Rice) complexos antigénicos foram identificados com base nos testes. de neutralizacio para os alfavirus ¢ dez para os flavivirus. A. proteina do envelope (E) é a hemaglutinina viral, que contém. 0s determinantes especificos do grupo, do soracomplexo ¢ do tipo. As comparagées das sequéncias do gene da glicoproteina E mostram que os virus dentro de um sorocomplexo partilham 70% das sequéncias de aminodcidos, enquanto a homologia entre sorocomplexos é < de 50%. Patogénese e patologia Em hospedeiros vertebrados suscetiveis, a multiplicagio viral priméria ocorre tanto em células micloides quanto em células linfoides ou no endotélio vascular. A multiplicagéo no sistema Tradugao ¢ processamento . Oa poiproteina associado & membrana, caPlTu038 nervoso central depende da capacidade do virus de ultrapassar a barreira hematencefélica ¢ infectar as células nervosas. Na infecgio natural em aves e mamiferos, uma infecgio invisivel €comum. A viremia ocorre por diversos dias, e uin vetor ar- trépode adquire o virus sugando o sangue nesse periodo — 0 primeiro passo para a disseminacio para outros hospedeitos. ‘A doenga em animais de laboratério possibilita maior com- preensio da doenga humana, Camundongos tém sido utilizados para estudo da patogénese das encefalites.Apés inoculacio sub catanea, a replicagio viral ocorre nos tecidoslocaise nos linfono- dosregionais.O virus alcangaa corrente sanguinea edissemina se, Dependendo do agente especifico, diferentes tecidos padem ser usados para a replicagao viral, inclusive mondcitos-macréfagos, células endoteiais, pulmées, figado ¢ misculos. © virus eru- 22 a barreira hematencefilca por mecanismos desconhecidos, talvez envolvendo os neurénios cifatérios ou cela vasculares cerebraise dissemina-se. A degenerasio ncuronial disseminada ‘corre em todas as encefalites induzidas por arbovirus. Em grande parte das infeccées, 0 virus é controlado antes de ocorrer a neuroinvasio. A invasio depende de muitos fato- res, inclusive o nivel de viremia, aformacao genética do hospe deiro, a resposta imunolégica inata ¢ adaptativa ca viraléncia da linhagem viral. © homem mostra uma suscetibilidade de- pendente da idade para infecc6es do sistema nervoso central, as criangas ¢ 0s idosos sio mais suscetiveis. “Asencefalites equinss siobiffsicas nos cavalos. Na primeira fase (doenga minor), o virus multiplica-se no tecido nao neural pode ser detectado no sangue alguns dias antes do apareci mento dos primeiros sinais de comprometimento do sistema nervoso central. Na segunda fase (doenga major), o virus mul tiplica-se no eérebro, as células sio lesionadas e destruidas, e a encefalte torna-se clinicamente nitida, Sao necessérias altas, concentragées do virus no tecido cerebral para que a doenga clinica se torne manifesta. Ocorre degeneracio neuronal disse rminada em todas as encefalites induzidas por arbovirus, Manifestagées clinicas Os periodos de incubacio das encefalites variam de 4 a21 dias. Infecgées invisiveis s4o comuns. Algumas pessoas infectadas desenvolvem sintomas brandos de resfriado, enquanto ou tras desenvolvem encefalites. O inicio ¢ sibite, com cefaleia intensa, calafrios,febre, nduseas, vémitos, dor generalizada e rmal-estar. Em 24 a 48 horas, verifica-se 0 aparecimento de so noléncia acentuada eo paciente pode tornar-se torporoso. Nos .ves, ocorrem confusio mental, tremores, convulsbes coma. A febre tem duracio de 4 a 10 dias. A taxa de mortali dade nas encefalites varia (Quadro 38,2). Na encefalit japone sa B, a taxa de mortalidade nos grupos etdrios mais avancedos, pode atingir 80%. As sequelas podem ser brandas a graves © incluem deterioragio mental, alteragdes de personalidade, pa ralisia,afasiae sinais cerebelares Diagnéstico laboratorial A. |solamento e detecgio do virus © isolamento viral requer precaugées apropriadas de biossegu xanga para e prevenirem infecgGes laboratoriais.O viru éencon trado no sangue apenas no estigio iicial da infecsio, em geral 559 Doencas vrais transmitidas por artropodes e roedores antes do aparecimento dos sintomas. Também pode ser encontra do no liquido cerebrospinal e em amostras de tecido, dependendo ddo agente. Os alfavirus e os flaviviras geralmente sio capazes de crescer em linhagens celulares comuns, como células Vero, BEIK, Hela e MRC-5. As linhagens de células de mosquitos sio iteis ‘A inoculagao intracerebral em camundongos ou hamsters recém. nascidos também pode ser usada para isolamento do virus. Existem testes de reagao em cadeia da polimerase (PCR) disponiveis para detecgo direta do RNA viral ou proteinas em amostras clinicas de algumas espécies de arbovirus. O emprego de anticorpos monoclonais especificos de virus em ensaios de imunofhuorescéncia tem facilitado a identficacao répida do vi rus em amostras clinica. 8. Sorologia Podem ser detectados anticorpos neutralizantes e anticorpos inibidores da hemaglutinagao poucos dias apés o inicio da do- enga. Os anticorpos neutralzantes e os anticorpos inibidores dda hemaglutinagao persistem por anos. O teste de inibigio da hhemaglutinacio constitu o teste diagnéstico mais simples, po rém identifica mais o grapo do que o virus causal especifico. Os ensaios sorolégicos mais sensiveis detectam IgM especificas do ‘virus no soro € no liquido cerebrospinal por Elisa. Para se estabelecer 0 diagnéstico, € necessério demonstrar uma elevagio de quatro vezes ou mais dos titules de anticorpos especificos durante a infecgao para se confirmar o diagnéstico. A primeira amostra de soro deve, se possivel, ser coletada logo ‘apis inicio da doenga, devendo-se obter a segunda amostra em. 23 semanas. Ao se estabelecer o diagnéstico, deve se conside rarareatividade cruzada que ocorre entre alfavirus ou flavivirus, ‘Apés uma inica infecgao por um membro do grupo, pode-se verificar também a produgdo de anticorpos dirigidos contra ou- tros membros. O diagnéstico sorolégico torna-se difici quando ‘corre epidemia causada por um membro do grupo sorolégico em uma regido em que outro membro do grupo seja endémico. Imunidade Acredita se que a imunidade seja permanente apés uma tink ca infecgao. As respostas imunolégicas tanto humoral quanto celular sio consideradas importantes na protecdo e na recu- peragio da infeccdo. Nas areas endémicas, a populagio pode adquirir imunidade em consequéncia de infecgdes inaparentes. ‘A proporgio de individuos com anticorpos dirigidos contra 0 virus local transmitido por artrépodes aumenta com a idade. Devido a presenga de antigenos comuns, a resposta a imu- nizagao ou 4 infeegéo por um dos virus de determinado grupo pode ser modificada por exposigio prévia a outro membro do ‘mesmo grupo. Esse mecanismo pode ser impoxtante para con- ferir protecio em uma comunidade contra epidemia causada por outro agente relacionado (p. ex, nao ocorre encefalite ja pponesa B em areas endémicas para a febre do Nilo Ocidental), Epidemiologia ‘Nas areas altamente endémicas, quase toda a populagéo huma- na pode tornar se infectada por um arbovirus, ea maioria das infecgdes assintomatica Existe uma alta relacio infecgio-caso entre grupos etérios especificos para muitas infeccdes causadas 560 SECAOIV. Vielogia por arbovirus (Quadro 38.2). A maior parte dos casos ocorre ros meses de verdo no Hemistério Norte, periodo em que os artrépodesestio mais ativos A.Encefalite equina do lestee do oeste A encefalite equina do leste é a mais grave das encefalites ar bovirais, com a mais alta taxa de mortalidade. As infecgOes sio raras e esporddicas nos EUA, com uma média de cinco casos confirmados por ano. Infecgées inaparentes sio comuns. No caso da encefalite equina do oeste, a transmnissio ocorre em bbaixos niveis no Oeste rural, onde as aves e os mosquitos Culex tarsalis estéo envolvides na manutencio do ciclo de vida do virus, A média de infecges humanas é de 15 casos confirma- dos por ano, Entretanto, existem instAncias no passado (mais recentemente em 1987) em que seres humanos ¢ equinos se infectararn em nfveis epidémicos e epizodticos, Os surtos tain bbémm afetaram grandes areas do oeste dos EUA e do Canada. B. Encefalite de St. Louis Na América do Norte, 0 virus da encefalite de St. Louis cons- titui a causa mais importante de encefalite epidémica em seres hhumanos (Fig. 38.2), tendo causado cerca de 10,000 casos e 11000 mortes desde que foi reconhecido pela primeira vez, em 1933, As taxas de soroprevaléncia em geral sio baixas ea inci- déncia da encefalite de St. Louis variam a cada ano nos EUA. Existe atualmente uma média de 130 casos confirmados por ‘ano, Menos de 1% das infecdes virais €clinicamente aparente. E necessdriaa presenca de mosquitos infectados para que possa ‘ocorrer infeccio humana, embora os fatores socioeconémicos « culturais (ar condicionado, uso de telas protetoras, controle dos mosquitos) afetem o grau de exposigio da populagio aes ses vetores transportadores de virus C. Febre do Nilo Ocidental ‘A febre do Nilo Ocidental & causada por um membro do com- plexo antigenico de lavivirus causadores da encefalitejaponesa B, Ocorre na Europa, no Oriente Médio, nos paises integrantes dda antiga Unido Sovietica, no Sudeste Asidtico e, mais recente ‘mente, nos EUA. O surgimento inesperado na regiao da cidade de Nova York, em 1999, resultou em sete mortes ¢ extensa mor- talidade entre animais domésticos eaves exéticas. A analise das sequéncias dos isolados virais mostrou que eles eram origindrios do Oriente Médio e provavelmente cruzaram o Atlantico em ‘uma ave infectada, em um mosquito ou em seres humanos Trés anos apés ter completado sua mudanga transcont rental por meio dos EUA, a presenga do virus do Nilo Ociden- tal se estabeleceu de forma permanente na regiio temperada da América do Norte. O virus do Nilo Ocidental ja foi detec- tado em 48 Estados americanos, sendo, atualmente a principal ‘causa de encefalites por arbovieus, nos EUA. Outros arbovirus {que causam doengas neuroinvasivas esporddicas nos EVA in- cluem o virus La Crosse e os virus da encefalite de St. Louis e Ocidental. Estima-se que cerca de 80% das infecgdes pelo vi rus do Nilo Ocidental sio assintomaticas, com 20% causando 2 febre do Nilo Ocidental © menos de 1% causando doengas neuroinvasivas (meningite, encefalite ou paralisia aguda flac. da). A encefalite fatal é mais comum em pessoas idosas. Uma deficiéncia genética resultando em uma variante nao funcional do receptor de quimiocina CCRS foi identificada como fator de isco para infecgdes sintomaticas pelo virus do Nilo Ocidental Em 2002, ocorreu, nos EUA, a maior epidemia por me ringoencefalites caussdas por arbovirus documentada no Hemisfério Ocidental. Houve 3.389 casos relatados de doenca humana pelo virus do Nilo Ocidental, 69% com meningoence falitee 21% com febre do Nilo Ocidental, Mais de 9.000 casos cocorreram em cavalos, De 1999 a 2008, foram documentados 28,961 casos de febre do Nilo Ocidental, nos EUA, e41% apre sentavam complicacées neuroinvasivas.A epidemia pelo virus do Nilo Ocidental de 2002 incluiu o primeito caso documen: tado de transmissio entre pessoas através de transplante de 6r gio, transfusio de sangue, pelo utero e talver pelo aleitamento materno, O rastreamento entre doadores de sangue para o vi rus do Nilo Ocidental foi implementado nos EUA em 2003 © virus do Nilo Ocidental produs viremia e uma doenga febril branda com linfadenopatia ¢ erupgio. O envelvimento transitério das meninges pode ocorrer durante o estagio agu do. Existe somente um tipo antigénico do virus e a imunidade € presumivelmente permanente. ‘Uma vacina contra 0 virus do Nilo Ocidental para cavalos encontra-se disponivel desde 2003. Nao existe vacina humana. A prevengio da doenca pelo virus do Nilo Ocidental depende do controle e de protegio contra picadas do mosquito. D.Encefi japonesa 8 A excefalite japonesa B consttui a principal causa de encefalite Viral na Asia (Fig. 382). Anualmente, sio registrados cerca de 50,000 casos na China, no Japao, na Coreia eno subcontinente in iano, com 10.000 mortes, principalmente entre criangas idosos. ‘A motialidade pode ultrapassar os 30%, Ocorrem sequelas neu- roldgicas e psiquidtricas em elevado percentual de sobreviventes, (acima de 509%). Foram relatadas infeccGes durante o primeiro €0 segundo trimestres de gravidez que levaram & morte do feto. (Os estudos de soroprevaléncia indicam haver uma expos: do quase universal dos adultos ao virus da encefalite japonesa B. A relacdo estimada entre infecgdes assintomiticas e sinto miticas é de 30041, Até o momento, néo hé tratamento efetivo contra este agente viral, porém hé vacinas dispontveis na Asia ‘Uma nova vacina inativada produzida em células Vero foi I cenciada, nos EVA em 2009 E. Doenga de Chikungunya Esse alfavirus pertence ao complexo antigénico da Floresta de Semliki reemergindo no Quénia em 2004, apés periodo de eclipse de varias décadas, causando grandes surtos na India e no sudeste da Asia. O virus também causou um surto na Ité- lia em 2007. Clinicamente, a infecgio se assemelha a dengue* W-de RTO Virus éranamitido para os seres humanos por mosquitos do inero Aedes, © Aedes aegypti é 0 principal vetorna Affieae Asia, onde © Wirus€endémico, Enraanta,o Aedes albopictus fl identficado em reenter cpidemias na introdugfo do virus na Europa, devido& adaptacdo de cepas vinisaesia espace Tantoo A aegypti quanto o A albopictus eso presenter ‘nis Américas ¢ podem transmit ovieus CHIKV. Até momento io exe dados que comprover a crculagi desse virus ou caso aut6ctones em tert ‘Gro brasleto, apenas relatos de casos esporddicos mportados. Contd, 0 "ico de ntrodugio €alto devdo a intensofuxo de viagens intemacionals& compettaciaedstribuigo vetorial ea susetibidade da populagio caPITLO38 A doenga é caracterizada por febre alta e poliartrite grave. In feces assintomaticas sio raras e nio ha vacinas disponiveis comercialmente. F.Encefalite vinculada & picada de carrapatos Esté associada a um flavivirus causando encefalites na Europa, Russia e nordeste da China. Cerca de 10,000 a 12,000 casos de doenca sao reportados a cada ano, A maioria dos casos ocorre nos paises Balticos na Eslovénia e Riissia, Essa doenga ocorre principalmente no inicio do verdo, particularmente em in- dividuos expostos aos carrapatos Ixodes persulcatus ¢ Ixodes ricinus, em areas de florestas durante desmatamento. Trés subtipos virais causam doencas humanas (europeu, do extre mo oriente eo siberiano),o subtipo siberiano parece ser o mais virulento, Varias espécies de animais podem ser infectadas, ¢ a transmissio entre seres humanos ainda ndo é comprovada. No hé tratamento especifico para essa encefalite. Medidas de protesio pessoais,tais como o uso de roupas apropriadas podem ajudar a reduzir o risco de exposigao ao vetor. Vaci nas produzidas na Australia, Alemanha e Russia estdo dispo- niveis e sio baseadas exclusivamente nos subtipos europeu esiberiano. ‘Tratamento e controle ‘Nio ha tratamento especifice, © controle biolégico do hospe: deiro vertebrado ¢ impraticavel, especialmente quando muitos 561 Doengasvirais transmitidas por artrépodes e roedores dlesses hospedeiros sio aves selvagens. O método mais eficiente, por exemplo,éo controle doartrdpode por meio do uso de inse- ticidas contra os mosquitos. Medidas pessoaisincluem o-uso de repelentes ¢ de roupas protetoras,além de telas como barreiras nas janclas. Diferentes vacinas inativadas foram desenvolvidas, oa estio em desenvolvimento para protegio de cavalos contra a encefalite equina do leste, do oeste e venezuelana. Uma vacina atenuada para a encefalite equina venczuelana esta disponivel para restringir epidemias entre cavalos. Essas vacinas io si0 usadas para imunizagio humana. Vacinas inativadas contra ambas as encefalitesestio disponiveis em carater experimental, apenas para individuos que trabalham especficamente com es ses Virus em laboratdrios de referéncia, Vacinas atenuadase na tivadas contra o virus da encefaite japonesa B estio disponiveis para imunizagio humana em diferentes paises asidticos. Vacinas também estio disponiveis nos EUA para individuos em viage ‘paises endémicos. Ciclos de transmissao de arbovirus entre vetor e hospedeiro ‘Ocorre infecsao de seres humans por virus causadores de en: cefalites transmitidas por mosquitos quando um mosquito, ou ‘outro artrépode, pica em primeiro lugar um animal infectado «mais tarde, um ser humano, As encefalites equinas do leste, do oeste e venezuclana io transmitidas por mosquitos do género Culex a cavalos ou Aves efou mamileros ng te Hospedeiros: J ‘Sas t 1 es rons ra crt | | cima (a (overwintering) ambientes _Vetor em ut i 1 FIGURA 38.5 Ciclode transmissio generalizada dos flavivirus ransmitidos por mosquitos causadores de encefalte.Afigura mostraa amplfica- «8o no verso eos possveis mecanismos de persisténcia do virus em seu vetor por periodos prolongados. Os seres humanos so hospedeiros termi raise, portanto, no contribuem para a perpetuagdo da transmissSo do virus. As aves sivestresconstituem os hospedeirs viremicos mals comuns, porém os sino desempenham importante papel ne caso do virus da encefa‘te japonesa. O padréo anresentade aplica se a muitos flavivirus, mas ‘io para todos. (Reproduzida, com autorizacio, de Monath T, Heinz FX Flaviviruses. Ir: Fields BN, Knipe OM, Howley PM [edtors-in-chef] Fields Virology, rd. Lippincott-Raven, 1996.) 562 SEGAOV. Wirologia seres humanos a partir de um ciclo mosquito-ave-mosquito (Fig. 385). Os cavalos, assim como os seres humanos, no sio hospedeiros essenciais para a manutengio do virus. Tanto a cencefalite equina do leste quanto a encefalite veneauelana sto ‘graves em cavalos e até 90% dos animais acometidos morrem. ‘Acencefalite equina do cesteepizostica é menos fatal paras ca valos. Além disso, a encefalite equina do leste causa epizootias ‘graves em certas aves de caga domésticas. Verifica-se também uum ciclo mosquito ave-mosquito na encefalite de St. Louis, na febre do Nilo Ocidental e na encefalitejaponesa B. Os suinos constituem importantes hospedeiros do virus da encefalite ja- ponesa B. Os mosquitos permanecem infectados durante toda 4 vida (varias semanas a meses). Apenas a fémea ¢ hematdfaga € pode alimentar-see transmitir 0 virus mais de uma vez. As ‘élulas do intestino médio do mosquito constituem o local de rmultiplicagio priméria do virus. Em seguida, ocorrem viremia « invasio dos érgios — principalmente das glindulas salivares € do tecido nervoso, onde ocorre multiplicagao viral secandé- ria. O artrépode permanece sadio, Pequenos manvferos r Coalimentagao do carrapato se} coun oun Viremicos Larvas no alimentadas Lavas almentadas Coslimentago do carrapato dito almentado a Pequenos mamieros ¥ Acionbo Nina aimenaco almonada fi | Picada do carrapato Late ifctado i bfecgho oral FIGURA 38.6 Ciclode transmissio generalizada dos flavivirs trans: mitidos por carrapatos, mostrando os hospedeitos para os carrapatos nas formas lrvar, de ninfa e aduta.O virus passa por sucessves est dios do carrapate durante a metamorfose (transmissdo transestacial, bem como por via transovarana para a progénie de carapatos adultos. Tanto 0s machos quanto as fémeas dos carrapatos esto envolvides na ‘ransmiss30.O virus da encefaite transmitide por carrapato pode ser ttansmitido por carrapates nde infectados, que se aimentam em um hospede'ro vertebrado, sem a necessidade de infeccdo viremica ativa {do haspedeira. (Reproduzida, com autorizacto, de Monath TP, Heinz FX: Flaviviruses. In Fits BN, Knipe DM, Howley PM leditors:in hil. Fie. ds Vrdogy, 3rd ed. Lippincott-Raver, 1996) A infecgio de morcegos insetivoros por arbovirus resulta em viremia de 6 a 12 dias de duragio, sem qualquer doenca cou alteragio patoldgica no morcego. Enquanto a concentracio de virus esté clevada, o morcego infectado pode infectar mos- guitos, que sio entio capazes de transmitir a infecgio a aves silvestres e aves domeésticas, bem como a outros morcegos. Existem também encefalites transmitidas por carrapatos, que podem tornar-se infectados em qualquer estégio de sua metamorfose, ¢ 0 virus pode ser transmitido por via transova riana (Fig. 38.6). O virus € secretado no leite de cabras infec tadas por longos periodos, de modo que a infecgao pode ser transmitida aindividuos que consomem leite nio pasteurizado. © virus da encefalite de Powassan foi o primeiro membro do complexo da encefalite russa de primavera-verio isolado, na América do Norte. O primeiro caso fatal fi registrado no Ce- nad, em 1959. A infecgio humana é rara Persisténcia dos arbovirus A epidemiologia das encefalites transmitidas por artrépodes deve explicar a manutengio e a disseminagao dos virus na na- tureza e na auséncia de seres humanos. Foram isolados virus de mosquitos e carrapatos, que atuam como reservatérios da infecgio, Nos carrapatos, os virus podem passar de uma gera ‘do para outra por via transovariana, e, nesses casos, o carrapato atua como verdadeiro reservatério do virus e também como seu ‘vetor (Fig. 38.6). Nos climas tropicais, onde existem populagées de mosquitos durante 0 ano todo, 0 ciclo dos arbovirus ocorre continuamente entre mosquitos ¢ animais reservatdrios, ‘Nos climas temperados, 0 virus pode ser reintroduzido a cada ano a partir de outros locas (p. ex. pela migracao de aves provenientes de regides tropicais), ou pode sobreviver ao in- verno na mesma regido, Os mecanismos de persisténcia dos arbovirus em seus vetores por periodos prolongados (hiber nagio), possiveis, mas nao comprovados, incluem (Figs. 38.5 ¢ 38.6): (1) os mosquitos hibernantes, por ocasiéo de sua rea parigio, podem reinfectar aves; (2) 0 virus pode permanecer Jatente durante o inverno em aves, mamiferos ou artrépodes; € (3) vertebrados de sangue frio (cobras, tartarugas, agartos, jacarés, ris) podem funcionar como reservatérios no invern. (Os mosquitos podem ser infectados ao picar cobras e, em se- guida, podem transmitir o virus. O virus jé foi encontrado no sangue de cobras em regides afastadas da civilizagao. (Os mosquitos esto estreitamente associados a morcegos, tanto no verso quanto no inverno (em locais de hibernagio).O ciclo mosquito-morcego-mosquito pode constituir um possi ‘vel mecanismo de hibernacio para alguns arbo FEBRE AMARELA © virus da febre amarela € 0 membro protétipo da familia Flaviviridae. Causa a febre amarela, uma doenga febril aguda transmitida por mosquitos, que ocorre somente em regiées tro: picais e subtropicais da América do Sul e na Africa (Fig. 382) Os casos graves caracterizam-se por disfungao hepatica, renal hemorragia, com alta mortalidade. ‘Com base na andlise de sequéncias genémicas, ao menos sete kgenétipos do virus da febre amarela foram identificados, cinco na Africa e dois na América do Sul. Existe um nico sorotipo. CAPITULO 38 © virus da febre amarela multiplica-se em muitos tipos diferentes de animais e mosquitos, e cresce em oves embrio nados, culturas de células de embrido de galinha ¢ linhagens celulares, inclusive as de macaco, humanas, de hamster e de mosquito, Patogénese e patologia © virus é introduzido por um mosquito na pele, onde se mult plica. Propaga-se para os linfonodos locas, 0 figado, bago, rins, ‘medula 6sseae miocardio, onde pode persist por varios dias. En- contra-se presente no sangue na fase inical e durante ainfecco, ‘As lesoes da febre amarela sio decorrentes da localizagio e da propagacio do virus em determinado érgio. Essas infecyoes podem resultar em lesies necréticas no figado e nos rins, Tam bém ocorrem mudangas degenerativas no bago, nos linfonodes eno coragio. A doenga grave caracteriza-se por hemorragia e colapso circulatério, A lesio viral ao miocardio pode contri buir para o chogue. Manifestacées clinicas O periodo de incubacio é de 3 a 6 dias. No inicio abrupto, o paciente apresenta febre, calatios, fraqueza, mialgia, cefaleia e dor nas costas, seguidos de néuseas e vémitos e bradicardia. Durante esse periodo inicial, que dura varios dias, o paciente rmostra-se virémico € € uma fonte de infecgio para mosquitos ‘A maioria dos pacientes pode recuperar-se nesse ponto, mas em cerca de 15% dos casos a doenca progride para uma forma ais grave, com febre,ictercia, faléncia renal e manifestacdes. hemorragicas. Os vémitos podem estar escuros (negro), com sangue alterado, Quando a doenga progride para o estagio gra ve (faléncia hepatorrenal), a mortalidade € alta (20% ou mais), especialmente entre criangas ¢ idosos. A morte ocorre entre 0 sétimo 0 décimo dias da doenca, A encefalite érara No entanto, a infecso pode ser disereta ao ponto de néo ser percebida.Independentemente da gravidade, nio ha seque- las eos pacientes ou morrem ou se recuperam por completo. Diagnéstico laboratori A. Detecgao e isolamento do: Os antigenos virais ou 0 écido nucleico podem ser identifica dos em amostras de tecidos por meio de testes de imuno-histo- quimica, Elisa de captura de antigeno ou reagio em cadeia da polimerase (PCR), O virus pode ser isolado do sangue nos pri eiros 4 dias apés 0 inicio ou no tecido post mortem por meio de inoculagao intracerebral em camundongos ou pelo emprego de cultura de células. B.Sorologia Os anticorpos IgM aparecem durante a primeira semana de doenga. A detecgio de anticorpos IgM por Elisa (captura de antigeno) em uma tinica amostra fornece um diagndstico pre suntivo, com confirmacao por um titulo de 4 vezes ou mais de anticorpos neutralizantes entre as fases aguda ¢ convalescente nas amostras de soro. Os métodos sorolégicos mais antigos, como a inibigio da hemaglutinacéo, foram substituidos em grande parte pelo Elisa. Os anticorpos especificos inibidores da 563 Doencas vrais transmitidas por artropodes e roedores hemaglutinagdo sio os primeiros a aparecer, seguidos rapida. ‘mente de anticorpos contra outros flavivirus. Imunidade Os anticorpos neutralizantes desenvolvem-se em cerca de ‘uma semana e sio responséveis pela eliminagao (depuragio) viral. Os anticorpos neutralizantes perduram pela vida toda e fornecem completa protecio contra a doenga. A demonstra. ‘gio de anticorpos neutralizantes é itil somente para se testar @ imunidade contra a febre amarcla. Epidemiologi: Sio reconhecidos dois ciclos epidemiolégicos principais de transmissio da febre amarela (1) afebre amarela urbana e (2) a febre amarela silvestre (Fig. 38.7). A febre amarcla urbana envolve a transmissdo de uma pessoa para outra pelo mosquito doméstico Aedes, No Hemisfério Ocidental © na Africa Oci- dental, essa espécie é principalmente o Aedes aegypti, que se prolifera em agua acumulada que acompanha os agrupamen- tos humanos. Nas areas em que 0 A. aegypti foi eliminado ou suprimido, a febre amarela urbana desapareceu. ‘A febre amarela silvestre principalmente uma doenga de macacos, Na América do Sul e na Africa, étransmitida de um macaco para outro por mosquitos das arvores (i. e., Hacma- gogus, Aedes) que habitam a cobertura de florestas émidas, ‘A infeccio em animais pode ser grave ou inaparente. O virus ‘multiplica-se em mosquitos, que permanecem infecciosos a vida inteira. Pessoas envolvidas em atividades com a floresta entram em contato com esses mosquitos esio infectadas. A febre amarela néo invadiu a Asia, apesar de 0 vetor, A. ‘aegypti, estar amplamente dstribuido nesse contine ‘A febre amarela continua a infectar e matar centenas de pessoas no mundo inteiro, por falta de vacinacao. Estima-se ‘que anuslmente a febre amarcla atinja 200,000 pessoas, das aquais cerca de 30.000 morrem. A maior parte dos surtos (cer ca de 90%) ocorre na Africa. As epidemias em geral ocorrem ‘em uma tipica zona de emergéncia para febre amarela: savana \imida esemitimida, proxima de lorestas tropicais onde o ciclo silvestre é mantido em uma grande populacio de macacos. Du- rante as epidemias africanas, a taxa de infecgio varia de 20:1 @ 2:1. Todos os grupos etérios sio suscetiveis ‘Nas Américas, a febre amarela apresenta caracteristcas epi demiolégicas tipicas do seu ciclo florestal: a maioria dos casos ‘corre em homens de 15 45 anos que traball ra ou ematividades forestais. ‘Tratamento, prevengao e controle [Nio existe terapia (farmacos) antiviral Os programas de exterminio intenso dos mosquitos prati- camente eliminaram a febre amarela urbana, principalmente zna América do Sul, mas o controle do vetor é impraticével em rmuitas partes da Africa. O iltimo surto de febre amarela rela tado nos EUA ocorreu em 1905, Entretanto, com a velocidade dos modernos transportes aéreos, existe a ameaga de surto de febre amarela sempre que houver a presenga de A. aegypti. A rmaioria dos paises insiste no controle adequado dos mosquitos ‘em aeronaves e na vacinagao de todas as pessoas pelo menos 10 dias antes de sua entrada ou saida de uma zona endémica 564° —SECAOIV. Virtogia aanEEe ‘A. s0gyeti i , a ot. = i at, fe RY Vareenel aoe Estagao. | ae we ~ IG Se FIGURA 38.7 Ciclos de tansmissbo do virus da febxe amarela e do vitus da dengue. Eses virus apresentam ciclo de manutencio enzosticos, que ‘envolvem vetores Aedes eprimatas no humanos. Os vius da dengue so transmitidosprincipalmente entre seres huranos e Aedes aegypti que ser produzem emrecipientes de agua doméstcos. No caso dafebre amarel, a transmissio sveste (floresta) é observada em toda adistribui¢30 geografca humano significativo nos BUA (Quadro 38.2). 0 virus La Cros- se é uma importante causa de encefalite e meningite asséptica fem criangas, particularmente no alto Meio-Oeste dos EVA. A maioria dos casos ocozre entre julho e setembro em criangas de até 16 anos de idade. Cerca de 70 casos de encefalite La Crosse sio relatados por ano, Esses virus sio transmitides por varios mosquitos de f restas, principalmente Aedes triseriatus. Os principais hospe- deiros vertebrados séo pequenos mamiferos, como esquilos, ‘marmotas ¢ coelhos. A infeccio no homem é tangencial. Po: de ocorrer hibernagio dos ovos do mosquito vetor. O virus é transmitido por via transovariana e os mosquitos adultos que se desenvolvem dos ovos infectados podem transmitir 0 virus pela picada (© inicio da encefalite viral da Califérnia € abrupto, tipica- mente com uma cefaleia grave, febre e, em alguns casos, vomitos € convulsées. Cerca de 50% dos pacientes desenvolvem acessos. ea taxa de casos fataisé de cerca de 1%. Com menor frequéncia, ‘corre apenas meningite asséptica. A doenga dura 10 a 14 dias, tembora a convalescenga possa prolongar se. Sio raras as seque Jas neurolégicas. Existem muitas infecyées para cada caso de encefalite. A confirmagio sorolégica por teste de inibigao da he- rmaglutinagdo, Elsa ou testes de neutralizagao € feita em amos- tras de pacientes em fase aguda e convalescentes. FEBRE DO MOSQUITO-POLVORA A febre do mosquito-pélvora é uma doenca leve transmitida por insetos, comum em paises da bacia do mar Mediterrinco, bem como na Russia, no Iri, no Paquistao, na India, no Pa namé, no Brasil e em Trinidad. A febre do mosquito-pélvora (também denominada febre por Phlebotomus) € causada por ‘um buniavirus do género Phiebovirus (Quadro 38.1). ‘A doenga é transmitida pela fémea do mosquito-pélvora, Phlebotomus papatasii, que mede apenas alguns milimetros. Nos trépicos, 0 mosquito-pélvora prevalece durante 0 ano to- do; nos climas mais frios, 6 ocorre durante as estagées quen- tes. Ocorre transmissio transovariana. [Nas reas endémicas, ainfeegio écomum nainféncie. Quan: do adultos ndo imunizados (p. ex, tropas militares) chegam a essas regides, podem ocorrer grandes surtos entre os recém- chegados, ¢ em certas ocasides a doenga é confundida com a maldria, ‘Nos eres humanos,apicada do flebétomo resulta em peque nas papulas pruriginosas na pele, que persistem por até 5 dias. A doenga comesa de modo abrupto depois de um periodo de incu- bagdo de 3 a 6 dias. O virus ¢ encontrado no sangue proximo & época de aparecimento dos sintomas. As manifestagdes clinicas, consistem em cefaleia, mal-star, nauscas febre, fotofobia, rgi dez de nuca ¢ das costas, dor abdominal e leucopenia. Todos os pacientes se recuperar. Nao existe tratamento especifico. (Os flebétomos so mais comuns logo acima do solo. Em virtude de seu pequeno tamanko, podem passar pelas teas co- munse por mosquiteiros. 0 inseto alimenta-se prineipelmente A noite. A prevengio da doenca em dreas endémicas depende do uso de repelentes durante a noite e de inseticidas residuais em volta das habitagies FEBRE DO VALE DO RIFT © agente dessa doenga, um buniavirus do género Phlebovirus, € um virus zoondtico transmitido por mosquito, primariamen te patogénico para animais domésticos. Os seres humanos sio infectados secundariamente durante 0 curso de surtos epi2o6- ticos em animais domésticos. A infecgio entre funcionérios de laboratério ¢ comum, ‘As epizoonoses ocorrem periodicamente apés chuvas in: tensas que tornam possivel o contato entre o vetor primério € 0 reservatério (mosquitos da espécie Aedes). A viremia em

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