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LEI DE TÓXICOS- 11.

343/06
jusbrasil - 01/02/2017

NOTAS DO AUTOR
Com o advento da Le nº 11.343/06 (lei de drogas ou de tóxicos)
surgiram controvérsias acerca de pontos importantes que devem ser
analisados minuciosamente. Eis o presente estudo, escrito com base
nos conhecimentos advindos das aulas de Pós Graduação Lato Sensu
em direito penal e na constante busca pelo aperfeiçoamento técnico-
teorico, a fim de examinar de modo objetivo e sem deixar dúvidas os
dispositivos mais importantes da referida legislação. O intuito é
fornecer um material esquematizado auxiliando estudantes,
concurseiros e operadores do direito

Tópicos como princípio da insignificância, flagrante preparado no


crime de tráfico, vedação a liberdade provisória, substituição de
pena, inimputabilidade, entre outros, estão presentes neste artigo de
forma objetiva trazendo precedentes jurisprudenciais e súmulas

SUMÁRIO

I-Introdução
II-Do crime do art.28- Uso de drogas
Princípio da insignificância Despenalização ou descriminalização

III-Do crime do art. 33 - Tráfico de drogas


Principio da Insignificância

Crime permanente e seus efeitos no tráfico de drogas Flagrante


preparado (súmula 145 do STF)

Tráfico de drogas é crime hediondo? Erro de tipo no crime de Tráfico

IV-Do crime do Art. 33 § 4º - Tráfico privilegiado


Vedação da conversão em penas restritivas de direitos

Tráfico privilegiado é hediondo?

V-Do crime do art.35- Associação para fins de tráfico


Associação para pratica reiterada de delitos diversos

Concurso material do delito do art. 35 com do art. 33


VI-Causas de aumento de pena
VII-Do crime do Art. 40, I – Tráfico transnacional
VIII- Colaboração premiada
IX- Vedação à concessão de diversos benefícios
X-Inimputabilidade e semi-imputabilidade

Como comprovar a incapacidade do agente

O incidente de insanidade mental suspende o processo principal?

XI-Procedimento do crime do art. 28


Não haverá prisão em flagrante

Concurso entre crime do art. 28 com outro dos artigos 33 a 37

Transação penal

XII-Procedimento do crime do art. 33 a 37


Competência no rito dos artigos 33 a 37.

Laudo provisório (de constatação) e definitivo

Interrogatório do réu em primeiro.

Notificação para apresentar defesa previa

XIII-Quantidade de droga apreendia - Posse de drogas ou


tráfico?
XIV- Considerações finais

I-INTRODUÇÃO
A lei nº 11.343/06, comumente chamada de Lei de Drogas ou Lei de
Tóxicos, foi instituída com o escopo de estabelecer novas medidas de
prevenção ao uso indevido de entorpecentes. Alem de instituir o
Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas – SISNAD, traz
em seu corpo os novos crimes relativos às drogas, bem como
despenaliza o consumo de entorpecentes.

Norma penal em branco que é, é complementada pela portaria


SVS/MS 344/98 do Ministério da Saúde, gerando criticas por parte de
quem entende ser apenas o legislativo competente para legislar
sobre direito penal
O artigo 2º ainda prevê uma ressalva a proibição de plantio, cultura
e exploração de plantas onde são extraídas drogas, essa permissão
legal diz respeito ao uso de drogas em rituais religiosos ou para fins
medicinais ou científicos

Ultrapassada essas noções iniciais da lei de Tóxicos, aborda-se os


crimes previstos nesse diploma e suas principais controvérsias.

II- DO CRIME DO ART. 28 - USO DE DROGAS


Observando o artigo 28 da lei de tóxicos podemos equivocadamente
pensar que como não há pena de detenção ou reclusão para esse
delito então não estamos diante de um crime. No entanto, cabe
destacar que o referido dispositivo abriga sim um crime, ocorre que
por política criminal esse delito não é punido com pena privativa de
liberdade.

Despenalização ou descriminalização: Já que o crime em


comento não comporta pena de detenção ou reclusão, qual a
natureza jurídica desse delito? Há três correntes:

a) descriminalização formal e transformação em infração sui


generis (contravenção penal)

b) descriminalização substancial e transformação em infração do


Direito judicial sancionador:

c) despenalização e manutenção do status de crime (APLICADO PELO


STF)

Atenção: o que houve foi a despenalização e não descriminalização,


portanto o uso de drogas continua sendo crime, mas não é punido.

Princípio da insignificância: A posição que prevalecia até então


era no sentido de que não seria possível aplicar o princípio da
insignificância para nenhum dos delitos da Lei de Drogas, nem
mesmo no caso de porte ou posse para consumo próprio. Nesse
sentido, o STJ possuía o seguinte julgado:
A pequena quantidade de substância entorpecente, por ser
característica própria do tipo de posse de drogas para uso próprio
(art. 28 da Lei 11.343/06), não afasta a tipicidade da conduta.
Precedentes.(HC 158.955/RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho,
5ª Turma, julgado em 17/05/2011)

Em decisão polemica, a 1ª turma do STF, no ano de 2012, no


julgamento do HC 110.475/SC, concedeu a aplicação do princípio da
insignificância ao o acusado que foi pego levando consigo 0,6g de
maconha, tendo sido processado e condenado pelo delito do
art. 28 da Lei n.º 11.343/2006, recebendo como pena 3 meses e 15
dias de prestação de serviços à comunidade. A defesa do Réu
interpôs recurso perante o TJ-SC, o qual subiu para instâncias
superiores indo parar nas mãos do Ministro Dias Toffoli que
reconheceu o princípio da insignificância.

III-DO CRIME DO ART. 33 - TRÁFICO DE DROGAS


Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar,
adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito,
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar
a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500
(quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

Princípio da insignificância: Diferente do delito de uso de drogas


para consumo próprio listado acima, não há a aplicação do princípio
da insignificância para o crime de tráfico de drogas. Afinal, cuida-se,
de delito de extrema gravidade e causador de inúmeros males para a
sociedade.

Crime permanente e seus efeitos no tráfico de


drogas: Algumas condutas que são permanentes, como, por
exemplo, a de expor à venda, ter em depósito, transportar, trazer
consigo e guardar ensejam em algumas consequências, quis sejam:

 Prisão em flagrante e violação domiciliar: Como a conduta de


trazer consigo é permanente, o crime se perpetua no tempo,
permanecendo em flagrante delito o agente, e portanto, sujeito a
violação domiciliar com base na na Constituição Federal em seu
art. 5º, XI,

 Encontro fortuito de provas: se houve desvio de finalidade, abuso


de autoridade, a prova deve ser considerada ilícita; se o encontro
da prova foi casual, fortuito, a prova é válida.

Flagrante preparado: Como visto acima, há condutas de efeito


permanente na figura tipica do art. 33, e portanto o agente
permanece em constante infração penal. Logo, caso haja um
flagrante preparado pela policia, este será licito. Seria o mesmo de
um crime de extorsão mediante sequestro onde o agente tentando
negociar com a policia por um descuido acaba sendo detido.

Nucci (2011, p.596) discorre sobre o tema e aponta que o


artigo 33, caput, da Lei 11.343/06, possui uma pluralidade de
condutas puníveis (dezoito, ao todo), previstas no referido tipo legal
e, assim, o traficante, ao ser detido pelo agente disfarçado, não será
autuado pela venda da substância entorpecente, mas sim porque a
trazia consigo ou a guardava em depósito, lembrando que tais
condutas configuram crime permanente.

O tráfico de drogas é crime hediondo?


O crime de tráfico de drogas é equiparado aos hediondos conforme
doutrina do direito constitucional.

Quanto ao tráfico de drogas privilegiado, por maioria, 8 votos a 3, o


plenário do STF decidiu no dia 23/06/2016, que o tráfico privilegiado,
previsto no artigo 33, parágrafo 4º, da lei 11.343/06, não pode ser
considerado crime de natureza hedionda, desta forma a pessoa
condenada por este crime pode ter direito à progressão de pena.

Ficaram vencidos os ministros Fux, Dias Toffolli e Marco Aurélio.

Erro de tipo no tráfico de drogas: Aqui se tem uma tese de


defesa utilizada pelos mais hábeis e articulados advogados na busca
da isenção de pena de seus clientes. Há, basicamente, duas
modalidades de erro de tipo, o erro essencial e o acidental, no
primeiro há a isenção da pena pela conduta atípica, já no segundo
responde o autor pelo resultado que queria produzir

O que interessa no momento é a primeira modalidade, o erro de tipo


essencial, pois esse erro recai sobre a elementar do crime, no caso
do crime de tráfico do art. 33 praticado pela conduta de transportar
droga as elementares são “transportar”, “droga” e “sem autorização
legal”.

Supondo que o agente recebeu certa quantia em dinheiro para


efetuar o transporte de substancia a qual o remetente afirmou ser
bicabornato de sódio mas que em verdade era cocaína, nessa
hipótese de o agente não ter consciência de que traz consigo a
droga, caracterizado estará o denominado erro de tipo, porquanto
incidente sobre um dos elementos constitutivos do tipo legal do
crime de trafico: a elementar “droga”.

É comum a reação do individuo que, surpreendido pela policia na


posse de entorpecentes, nega o conhecimento da substancia que
trazia consigo. No entanto, como bem asseverou a relatora Des.
Carla Maria Santos dos Reis, no julgamento da apelação
00022774520168040000 TJ-AM, em 27/06/2016 “O erro sobre
elemento do tipo apenas ocorre em circunstâncias extraordinárias,
quando há prova irrefutável da ausência de consciência da ilicitude
da conduta. Caso em que as alegações o sentenciado, no sentido de
que desconhecia a existência da droga no veículo que transportava,
não tem suporte nas demais provas dos autos”

IV-DO CRIME DO ART. 33 § 4º - TRÁFICO PRIVILEGIADO


Art. 33, § 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo,
as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a
conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja
primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades
criminosas nem integre organização criminosa.

Portanto, os requisitos do tráfico privilegiado são?

 Acusado primário

 Bons antecedentes

 Não dedicação a atividades criminosas:

 Não integração de organização criminosa:

Vedação a conversão em penas restritivas de direitos e a


resolução nº 5 do STF: A antiga redação desse dispositivo vedava
a conversão da pena de liberdade em restritiva de direito mesmo em
caso de condenação com pena abaixo de 4 (quatro) anos. Nos autos
do HC 97. 256, de 2010 o Plenário do STF declarou a
inconstitucionalidade dessa restrição.

O Senado Federal, seguindo o entendimento do STF editou a


Resolução nº 5 de 2012: É perfeitamente admissível a substituição
da pena privativa de liberdade por restritivas de direito, bem como a
concessão de liberdade provisória.

Tráfico privilegiado é Hediondo? Súmula nº 512 do STJ: o caráter


hediondo do tráfico de drogas não deixa de existir mesmo nos casos
em que há circunstâncias para a diminuição da pena.

Na data (23.06.2016) o STF em decisão no julgamento do HC


118533, por 8 votos a 3, mudou o que já era pacífico inclusive com
entendimento já sumulado no STJ

V-DO CRIME DO ART. 35 - ASSOCIAÇÃO PARA FINS DE


TRÁFICO
A lei diz “Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar,
reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, §
1 e 34 desta Lei”
Reiteradamente ou não é o tráfico praticado e não a associação
(reunião), ou seja, se a associação for eventual (uma vez ou outra)
não haverá o crime de associação para fins de tráfico. Portanto, a
caracterização do crime de associação para o tráfico depende do dolo
de se associar com estabilidade e permanência, sendo que a reunião
ocasional de duas ou mais pessoas não se subsume ao tipo do
artigo 35 da Lei 11.343/2006. STJ, 5ª Turma, HC 254.428/SP

VI-AUMENTO DE PENA
As causas de aumento de pena estão previstas nos incisos de I a VII
do art. 40. Nesses dispositivos surge o tráfico transnacional de
drogas, o tráfico de drogas praticado por função pública ou pelo
pátrio poder, o tráfico praticado com corrupção de menores, o tráfico
de drogas interestadual, entre outras modalidades de tráfico.

Essas causas de aumento de pena não se aplicam por determinação


expressa do caput do art. 40 a:

- 28 (porte ou cultivo de drogas para consumo pessoal),

- 38 (prescrição ou ministração culposa)

- 39 (condução de embarcação ou aeronave sob a influência de


droga).

È possível duas causas de aumento de pena?"a presença de duas


causas de aumento de pena no crime de tráfico ilícito de drogas não
é causa obrigatória de majoração da punição em percentual acima do
mínimo previsto, a menos que o magistrado, considerando as
peculiaridades do caso concreto, constate a existência de
circunstâncias que indiquem a necessidade da exasperação” STJ -
HC 156.060 - SP (2009/0238714-9)

VII-DO CRIME DO ART. 40, I - TRÁFICO TRANSNACIONAL DE


DROGAS
A figura do tráfico transnacional de drogas esta nas causas de
aumento de pena do art. 40 da lei de tóxicos onde se tem a
expressão “transnacional” e não “internacional”, é que
Transnacionalidade é diferente internacionalidade, a primeira é mais
ampla que a ultima, pode-se imaginar da seguinte forma os
conceitos
Na lição do mestre Marcão:

Todo delito internacional será sempre transnacional, mas nem todo


delito transnacional pode ser considerado internacional, para os
termos da Lei de Drogas (MARCÃO, Renato. Tóxicos - Lei 11.343, de
23 de agosto de 2006 - Lei de Drogas Anotada e Interpretada. 9ª
edição. São Paulo: Saraiva, 2014)

Para a configuração da transnacionalidade do delito não é necessária


a efetiva transposição de fronteiras, esse é o entendimento da 6ª
turma do STJ no julgamento do HC 179.519/SP.

VIII-COLABORAÇÃO PREMIADA
Diferente do que ocorre no crime de organização criminosa, na lei de
drogas não há a figura do perdão judicial ao colaborador e sim
apenas redução da pena.

A lei apresenta, conforme artigo acima referido, certos requisitos


(CUMULATIVOS) a serem cumpridos:

a) a existência de um inquérito e/ou um processo contra o delator;

b) a presença da colaboração voluntária, ou seja, livre de qualquer


tipo de coação, não sendo necessária a presença da espontaneidade;

c) concurso de pessoas;

D) a recuperação total ou parcial do produto do crime

IX-VEDAÇÃO À CONCESSÃO DE BENEFÍCIOS


Em sessão do dia 10 de maio de 2012, o STF declarou, no HC
104.339-SP, relatoria do Ministro Gilmar Mendes, a
inconstitucionalidade incidental de parte do Art. 44 da Lei de Drogas

Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e 34 a 37


desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis, graça, indulto,
anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em
restritivas de direitos.

Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput deste artigo, dar-se-á


o livramento condicional após o cumprimento de dois terços da pena,
vedada sua concessão ao reincidente específico.
O que o artigo 44 vedava?

1. Fiança

2. Sursis, graça, indulto e anistia

3. Liberdade provisória – inconstitucional


4. Substituição por pena restritiva de direito – inconstitucional
Por maioria de votos, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF)
concedeu parcialmente habeas corpus para que um homem preso em
flagrante por tráfico de drogas possa ter o seu processo analisado
novamente pelo juiz responsável pelo caso e, nessa nova análise,
tenha a possibilidade de responder ao processo em liberdade.

O relator do caso, Ministro Gilmar Mendes, afirmou em seu voto que


a regra prevista na lei “é incompatível com o princípio constitucional
da presunção de inocência e do devido processo legal, dentre outros
princípios”. O ministro lembrou que a Constituição Federal de 1988
instituiu um novo regime no qual a liberdade é a regra e a prisão
exige comprovação devidamente fundamentada.

De acordo com o ministro Dias Toffoli, a impossibilidade de pagar


fiança em determinado caso não impede a concessão de liberdade
provisória, pois são coisas diferentes. Segundo ele,
a Constituição não vedou a liberdade provisória e sim a fiança.

Cabe destacar mais uma vez a resolução nº 5 do Senado federal: É


perfeitamente admissível a substituição da pena privativa de
liberdade por restritivas de direito, bem como a concessão de
liberdade provisória

X-INIMPUTABILIDADE E SEMI-IMPUTABILIDADE
 Inimputável: inteiramente incapaz = isenção de pena

 Semi-imputavel: não possuía a plena capacidade = redução de


pena

Como comprovar que o agente era ao tempo do fato incapaz


de entender o caráter ilícito da sua conduta?
Situação de difícil comprovação, mas sim há muitos métodos clínicos
e científicos, bem como outros meios de prova admitidos em direito
para atestar a inimputabilidade ou semi-imputabilidade. O professor
Renato Brasileiro discorre sobre o assunto:
Como se trata de um estado passageiro, e não duradouro como a
dependência química, dificilmente poderão os peritos atestar, em
uma análise posterior, que, à época do crime, o acusado agira sob o
efeito de droga, muito menos que esta condição biológica decorrera
de caso fortuito ou força maior. Por isso, para fins de comprovação
de que o acusado encontrava-se sob o efeito de droga, proveniente
de caso fortuito e força maior, é perfeitamente possível a utilização
de outros meios de prova, tais como o depoimento de testemunhas
ou um exame clínico. (De lima, Renato Brasileiro. Legislação Criminal
Especial Comentada. 2ª edição, Ed. Juspodivm. 2014. P.798)
O incidente de insanidade mental suspende o processo
principal?
Prevê o CPP (art. 149, § 2º) que o processo penal ficará suspenso,
se já iniciada a ação penal, pelo menos até a apresentação do laudo
pericial. Ocorre que, é comum que a defesa do Réu requeira o
incidente de insanidade mental de forma a criar embaraço a
instrução penal e consequentemente ensejar em constrangimento
ilegal por excesso de prazo, para isso surge a Sumula nº 64 do STJ.

Sumula nº 64 do STJ: Não constitui constrangimento ilegal o excesso


de prazo na instrução, provocado pela defesa

XI-PROCEDIMENTO DO ART. 28
È importante analisarmos cuidadosamente o procedimento do art. 28
(uso de drogas para consumo próprio) Isto porque, no preceito
primário temos a descrição de um tipo penal, porém sem a atribuição
de pena privativa de liberdade no preceito secundário em função do
caráter despenalizador. Claro, consequência da política criminal
brasileira a cerca do uso de drogas, assunto qual não há intenção de
debater ao longo do presente trabalho.

Primeiramente cabe destacar que o art. 48 no seu parágrafo primeiro


dispõe que nos casos de crime do art. 28 o procedimento a ser
seguido é o da lei 9.099/95 (juizado especial criminal). No JEcrim
vigora o procedimento ORAL: a defesa previa será oral, bem como
alegação final

Não haverá prisão em flagrante: Por ser de competência do


Jecrim, há a lavratura de termo circunstanciado e não APF, e
Destarte, o agente que for detido praticando uma infração de menor
potencial ofensivo, não será autuado em flagrante, desde que assine
o termo de compromisso previsto no artigo 69, parágrafo único, da
Lei 9.099/95.

Concurso entre crime do art. 28 com outro dos artigos 33 a


37: Será competente a vara comum. Caso haja conexão com outros
crimes deverá observar a regra de conexão e continência
do CPP sem prejuízo do instituto despenalizador. Atenção: esse
dispositivo merece um reparo, é que o art. 33 § 3 (oferecer droga
eventualmente a pessoa de seu relacionamento) constitui infração de
menor potencial ofensivo já que sua pena é de 6 meses a 1 ano, de
forma que o concurso dessa modalidade típica com o art. 28 não
afasta a competência do jecrim.

Transação penal:Em caso de transação penal só haverá as penas


previstas na lei de drogas no art. 28. Quais sejam:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;

III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso


educativo.

E se o réu descumprir o acordo realizado na transação penal? Ai o MP


poderá oferecer denuncia onde na condenação haverá a imposição
das penas previstas no inciso I e IIdo § 6º

I- Admoestação verbal

II- Mullta

È melhor celebrar transação com o MP ou receber as penas do


art. 28?
É mais conveniente homologar o acordo de transaçãopenal, pois
assim sendo o agente mantém seu status de réu primário já que
conforme a lei 9.099/65 o acolhimento da proposta não importaráem
reincidência, sendo registrada apenas para impedir novamente o
mesmo benefício no prazode 5 (cinco) anos

XII-PROCEDIMENTO DO ART. 33 A 37
Competência no rito dos artigos 33 a 37:A competência em
regra é da Justiça Estadual, inclusive, em se tratando de tráfico
interestadual. Com efeito, diz a Súmula 522 do STF:"Salvo
ocorrência de tráfico com o exterior, quando, então, a competência
será da Justiça Federal, compete à justiça dos Estados o processo e o
julgamento dos crimes relativos a entorpecentes".

Laudo provisório (de constatação) e definitivo:Laudo de


constatação é aquele realizado - por perito ou na falta deste por
pessoa inidônea - provisoriamente no momento da apreensão da
droga, serve para comprovar a materialidade delitiva para fins da
prisão em flagrante, oferecimento e recebimento da denúncia.

Já o laudo definitivo é aquele imprescindível para embasar uma


sentença condenatória, já que o laudo provisório é frágil e muitas
vezes não é capaz de lidar com situações complexas onde por
exemplo a substancias é inédita, ou esta mesclada com outras, etc.
Deve ser feito por dois peritos oficiais, lembrando que aquele perito
que assinou o laudo provisório não fica impedido de fazer e
subscrever o definitivo
O que causa discussão na doutrina e jurisprudência é se o laudo
provisório pode servir de elemento suficiente para uma condenação?
A resposta é SIM, conforme Recurso Especial n.ºº 1.544.057 – RJ, a
Terceira Seção do STJ reconheceu a possibilidade de ser comprovada
a materialidade do crime de tráfico de drogas mesmo sem a
apresentação de laudo toxicológico definitivo.

Parafraseando o relator dos embargos de divergência, ministro


Reynaldo Soares da Fonseca, o laudo provisório, em situação
excepcional e desde que se permita um grau de certeza idêntico ao
laudo definitivo, pode ser usado para provar a materialidade do
crime. No entanto, em alguns casos como novidade da droga
apreendida e quando houver necessidade de um grau de
complexidade maior será imprescindível laudo definitivo.

Notificação para apresentar defesa prévia:Ocorre que na lei de


drogas contempla-se a defesa previa, cuja função é impedir o próprio
recebimento da denuncia ou queixa. Caso tenha sido oferecida a
denuncia, o juiz antes de recebê-la, determinará a notificação do
acusado para oferecer sua resposta, por escrito, no prazo de 10 dias.
Essa resposta difere da defesa inicial prevista no art. 396 do CPP,
que é ofertada posteriormente ao recebimento da denuncia ou
queixa e visa a absolvição sumaria

Audiência de instrução e julgamento e o polêmico


interrogatório do réu: A lei 11.343/06 prevê o interrogatório do
réu como primeiro ato na audiência de instrução e julgamento, o que
vai de encontro com o princípio do contraditório já que o réu ira se
pronunciar antes da manifestação da acusação, dando margem para
a produção de provas contra si mesmo. Para resolver isso deve-se
ter em mente que há em questão uma lei especial e uma lei
posterior:
Princípio da especialidade: lei especial (11.343/06) prevê o
interrogatório no inicio da instrução

Princípio da temporalidade: lei posterior (CPP) prevê o interrogatório


por último

No último julgado do STF tratando de forma específica sobre o tema,


decidiu-se que o interrogatório seria no início.

No julgado do STF em março de 2016 tratando sobre o CPPM o


plenário decidiu que se aplica ao processo penal militar a exigência
de realização do interrogatório do réu ao final da instrução criminal,
conforme previsto no art. 400 do Código de Processo Penal (Habeas
Corpus nº. 127900). Logo, por entendimento da doutrina, essa
determinação vale também para os processos da lei de tóxicos, já
que não há lógica em aplicar o art. 400 do CP ao CPPM e não aplicar
a lei 11.343/06.
XIII-QUANTIDADE DE DROGA APREENDIDA - CONSUMO
PRÓPRIO OU TRÁFICO?
Não raro vemos ou ouvimos nas reportagens policiais e no sensu
comum de que a traficância ou o uso de drogas se dá pela
quantidade de droga encontrada/apreendida na posse do agente.
Cabe ressaltar que a própria lei 11.343/06 no art. 52, I dispõe os
critérios de avaliação da natureza da droga apreendida quando da
remessa dos autos de inquérito ao Magistrado, se era para consumo
ou para comércio. Os critérios são os seguintes:
1. A quantidade e natureza da substância ou do produto
apreendido,

2. O local e as condições em que se desenvolveu a ação


criminosa,

3. As circunstâncias da prisão, a conduta, a qualificação e os


antecedentes do agente.
Entendimento do STF: Não pode haver um critério puramente
aritmético, como se o direito fosse uma ciência exata e as pessoas,
fantoches. A quantidade da droga não é o único indicativo para se
concluir se houve ou não o tráfico (art. 28, § 2º da Lei).

Complementado acerca da quantidade encontrada em posse do


agente temos o informativo nº 711 do STF que por si só traz a
objetividade que se espera.

Informativo 711 (2013): o réu não tem o dever de demonstrar que a


droga encontrada consigo seria utilizada apenas para consumo
próprio. Cabe à acusação comprovar os elementos do tipo penal, ou
seja, que a droga apreendida era destinada ao tráfico. Ao estado-
acusador incumbe demonstrar a configuração do tráfico, que não
ocorre pelo simples fato dos réus terem comprado e estarem na
posse de entorpecente. Em suma, se a pessoa é encontrada com
drogas, cabe ao mp comprovar que o entorpecente era destinado ao
tráfico. Não fazendo esta prova, prevalece a versão do réu de que a
droga era para consumo próprio.

Portanto, o sistema utilizado é da quantificação judicial contida no


art. 52, I, da lei de tóxicos que por sinal são extremamente
genéricos e é bastante subjetivo de modo que não impedem os
desvios de finalidade.

XIV- CONSIDERAÇÕES FINAIS


O presente trabalho foi elaborado com o propósito de analisar os
tópicos mais controvertidos e importantes da lei nº 11.343/06 (lei de
tóxicos ou lei de drogas), trazendo a inteligência da doutrina, a
disposição da legislação e o entendimento dos tribunais superiores.
È evidente que a legislação de drogas no Brasil se encontra em
constante transformação – como o é o direito. Por isso, merece
sempre uma abordagem profunda por parte ssuntos mais cobrados
em provas e concursos e mais visitados pelos operadores de direito
de todas as classes, de forma a não quedar qualquer duvida sobre
determinado assunto.

Portanto, embora este trabalho tenha buscado se pautar pela


máxima objetividade sem dar margem para parágrafos entediantes,
a ciência do direito é uma área complexa e absolutamente técnica, e
por esse motivo árdua é a tarefa de ser conciso. Em linhas gerais,
não se pode limitar a um estudo simplório, com leitura contida e
confortável, aqui se exige mais: a reflexão, a compreensão e o
detalhe.

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo penal e execução
penal. 8 ed. Rev., atual. E ampl. São Paulo: Editora Revista dos
Tribunais, 2011.

MARCÃO, Renato. Tóxicos - Lei 11.343, de 23 de agosto de 2006 -


Lei de Drogas Anotada e Interpretada. 9ª edição. São Paulo: Saraiva,
2014
De lima, Renato Brasileiro. Legislação Criminal Especial Comentada.
2ª edição, Ed. Juspodivm. 2014.

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