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XXIV SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Contribuições Da Engenharia De Produção Para Uma Economia De Baixo Carbono
Bauru, SP, Brasil, 8 a 10 de novembro de 2017
1. Introdução
2. Desenvolvimento Humano
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superior.
Desenvolvimento humano pode ser compreendido como o processo de expansão das
liberdades individuais, o que se refere às capacidades das pessoas em tomar decisões (SEN,
2001). Isto torna necessário garantir padrões mínimos de educação, saúde, saneamento básico
e renda (LOPEZ et al., 2008; HIDALGO e HAUSMANN, 2009; HARTMANN, 2014).
Quando as liberdades se expandem, os agentes desfrutam atividades livremente escolhidas e
valorizadas. Existem liberdades ligadas às oportunidades sociais, como o acesso à educação,
saúde, saneamento básico e ao emprego (SEN, 2001). Essas liberdades se influenciam e se
reforçam mutuamente, gerando um ciclo virtuoso de desenvolvimento. Por isso, os agentes
devem possuir funcionamentos e capacidades.
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competitiva na economia global. Quanto maior a aptidão para produzir bens complexos,
maior a probabilidade de haver rendimento relativamente elevado em relação aos países com
menor aptidão (TACCHELLA et al., 2013). Países capazes de produzir bens tecnológicos,
com exportação diversificada, tornam o mercado interno mais dinâmico, o que requer
capacidades mais sofisticadas e raras (FERRARINI e SCARAMOZZINO, 2016).
Uma forma comum de verificar o grau de complexidade de um país é pelo Índice de
Complexidade Econômica (ECI), calculado a partir dos dados das Nações Unidas (HIDALGO
e HAUSMANN, 2009). O ECI mostra as características de produção por meio das
exportações. Quanto maior o ECI, mais diversificada a pauta de exportações e mais complexa
será a economia. Contudo, este índice recebeu críticas sobre sua formulação teórica e
matemática (TACCHELLA et al., 2013).
A capacidade de exportar produtos de alta tecnologia e os gastos com Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D) são fundamentais para a análise da complexidade econômica. Os
gastos em P&D são importantes para que ocorra diversificação e exportação de produtos de
alta tecnologia por meio de inovações (FERRARINI e SCARAMOZZINO, 2016).
As empresas realizam atividades de pesquisa, o que gera bens de melhor qualidade,
cria novas rotinas e torna a produção mais eficiente. São as atividades de pesquisa que
fornecem o conhecimento necessário para a criação das inovações (SAVIOTTI e PYKA,
2004). Os novos setores e a melhora no produto compensam a diminuição da capacidade dos
setores estabelecidos, gerando novos postos de trabalho de mão-de-obra especializada
(SAVIOTTI e PYKA, 2013).
Segundo Saviotti e Pyka (2004), P&D é o exemplo mais comum, embora não seja o
único, das atividades de pesquisa e inovação que ocorrem nas empresas. P&D é considerado
um insumo não tradicional, que define grande parte da eficiência e da competitividade das
empresas, principalmente nos países em desenvolvimento, onde a indústria de máquinas e
equipamentos agrícolas são geralmente o núcleo do setor de bens de capital, servindo
posteriormente de base para o desenvolvimento de outras áreas (MORALLES e
REBELATTO, 2016).
A mudança estrutural causada pela inovação é a principal forma de criar novos setores,
que são fundamentais para a sustentação do desenvolvimento econômico (SAVIOTTI et al.,
2016). Isto exige mudanças técnicas e sociais, além do desenvolvimento de novas habilidades
úteis para a empresa e para a sociedade (KRUSS et al., 2015). Uma economia voltada para a
exportação de produtos tecnológicos e P&D tende a crescer e se desenvolver socialmente.
Neste sentido, os centros urbanos presentes nas economias complexas tendem oferecer
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melhor infraestrutura e requerer mais capacidades dos agentes envolvidos. Hartmann (2014)
argumenta que a região onde uma pessoa vive influencia suas capacidades. Os empregos
gerados nos centros urbanos, geralmente, são tecnologicamente intensivos, exigindo maior
capacitação técnica e uma rede de conhecimento compartilhada por diversos indivíduos. Isto
demonstra a influência da complexidade econômica sobre o desenvolvimento humano.
Para a produção são necessários fatores como capital, terra e trabalho. Os países
também precisam ter infraestrutura adequada, direitos de propriedades, regulamentações,
competências laborais e mão de obra especializada. Por isso, Hidalgo e Hausmann (2009)
argumentam que o conhecimento também é um fator de produção relevante.
A complexidade de uma economia está relacionada com os tipos de produtos
desenvolvidos, em virtude da multiplicidade de conhecimento disponível. Países que
produzem bens de alta tecnologia necessitam de conhecimento mais avançado do que países
intensivos na produção de commodities. Para que uma economia se mantenha complexa,
indivíduos de diversas áreas (finanças, marketing, tecnologia, recursos humanos, operações,
direito, entre outras) devem interagir e combinar seus conhecimentos, gerando produtos mais
sofisticados (HAUSMANN et al., 2014).
Hartmann et al. (2015) argumentam que a complexidade conduz ao desenvolvimento
humano. Os autores encontraram forte correlação entre complexidade, desigualdade de renda,
educação e crescimento do PIB. Países mais complexos apresentam maior crescimento do PIB
e dos anos de estudo, além de uma distribuição de renda equânime.
Para Ferrarini e Scaramozzino (2016), a complexidade influencia o desenvolvimento
de novas competências e a formação do capital humano. Os sistemas econômicos complexos
exigem um conjunto de capacidades adaptáveis às mudanças tecnológicas. Para que a
economia cresça e se modernize, o Estado deve prover condições para a intensificação da
inovação, da competitividade e da diversificação econômica.
Um exemplo é o aumento da produtividade sul coreana, que está ligado à forte
melhora na acumulação de capital humano. O número de anos médios de escolaridade
aumentou de 4.1 anos em 1960 para 12.0 anos em 2010 (LEE, 2016). Por outro lado, na China
ainda existem lacunas significativas no capital humano, indicando que o governo poderia
estimular o crescimento via investimento educacional (LEE, 2016).
Hartmann et al. (2016) comparou a desigualdade de renda e a complexidade
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econômica entre América Latina e países asiáticos. A América Latina, que desfrutou o
aumento dos preços das commodities na última década, obteve melhora nos indicadores
sociais, o que não foi suficiente para promover uma mudança estrutural. Isto refletiu na falta
de oportunidades em postos de trabalho de melhor qualidade. Os países asiáticos, que
investiram em capital humano e inovação tecnológica, tornaram a economia mais complexa e
melhoraram a qualidade de vida da população.
A mudança estrutural é importante, pois novos setores tecnológicos elevam a média
salarial e a demanda por mão-de-obra qualificada (ANTONELLI, 2016). A educação
especializa a mão-de-obra, aumenta a renda per capita e o poder de compra dos consumidores,
além de melhorar a qualidade dos bens produzidos pelos trabalhadores especializados
(SAVIOTTI et al., 2016). Este ciclo virtuoso tem papel fundamental na transformação de
sociedades com abundância de trabalhadores com baixa qualificação.
Ferrarini e Scaramozzino (2016) mostraram que o aumento da complexidade
aumentou a acumulação do capital humano por meio do avanço das habilidades e promoção
da aprendizagem. A educação apresentou coeficiente positivo em relação à produção per
capita. O coeficiente da participação da força de trabalho foi negativo devido à baixa
substituição entre fator de produção e mão-de-obra empregada nas economias mais pobres. Os
países asiáticos demonstram crescimento sustentado, enquanto EUA, Alemanha, França,
Reino Unido, Itália e Espanha apresentaram crescimento mais lento.
Sociedades mais complexas e interligadas requerem mão-de-obra especializada, o que
influencia a capacidade dos agentes e, consequentemente, o desenvolvimento humano.
Contudo, de acordo com Hartmann (2014), as políticas públicas de muitos países
negligenciem a importância da complexidade econômica sobre a qualidade de vida.
5. Método
Este artigo analisa 49 países que possuem dados disponíveis entre 2010 e 2013. A
seleção das variáveis foi embasada em estudos prévios, a fim de atender os pressupostos
teóricos apresentados anteriormente.
Este artigo propõe utilizar a Exportação de Produtos de Alta Tecnologia ponderado
pelo PIB (EPAT/PIB) e o Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) como proxies
da complexidade econômica. Como poxies do desenvolvimento humano foram escolhidas as
seguintes variáveis: expectativa de vida ao nascer, anos médios de estudo, taxa de saneamento
básico e taxa de emprego. A Tabela 1 resume as variáveis selecionadas.
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intercepto; 1 log FBKF é o logaritmo da formação bruta de capital fixo; 2 log PEA é o
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6. Resultados e Discussão
Por meio da matriz de correlação, verifica-se que todas as variáveis sociais, exceto os
anos médios de estudo e a taxa de emprego, possuem correlação estatisticamente significativa.
Ademais, todas as variáveis apresentaram sinal esperado. Os investimentos em P&D
apresentaram maior correlação com a expectativa de vida (16,71%), seguido da taxa de
saneamento (12,12%).
Em relação à variável EPAT/PIB, verifica-se que todas as variáveis sociais
apresentaram correlação positiva e foram estatisticamente significativas. A expectativa de
vida (23,94%) foi a variável social que apresentou maior correlação, seguida pela taxa de
emprego (22,11%), taxa de saneamento (15,87%) e anos médios de estudo (12,41%).
Os resultados da matriz de correlação demonstram que tanto as exportações de alta
tecnologia quanto os investimentos em P&D são proxies favoráveis para explicação do
desenvolvimento humano nos 49 países da amostra analisada.
A Tabela 2 resume os resultados encontrados na matriz de correlação entre as
variáveis analisadas.
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A Tabela 4 mostra que o primeiro modelo foi o que apresentou maior grau de
explicação para a expectativa de vida. Com R²-Ajustado (48,65) e BIC (-1994,7540)
superiores aqueles encontrados nos demais modelos, a variável P&D (0,0113) foi
estatisticamente significativa ao nível de 1%.
Investimentos em P&D (0,0113) explicaram mais a variação sobre a expetativa de vida
do que a população economicamente ativa (0,0041). A variável EPAT/PIB demonstrou sinal
esperado apenas no Modelo 6.
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A Tabela 6 mostra que o Modelo 1 demonstrou melhor ajuste para a taxa de emprego.
As variáveis P&D e EPAT/PIB obtiveram sinal esperado. Além disso, o EPAT/PIB foi
estatisticamente significativo ao nível de 10% no Modelo 3.
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7. Considerações finais
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