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DECISÃO: Trata-se de agravo contra decisão do Tribunal de Justiça

do Estado de Minas Gerais que negou seguimento ao recurso


extraordinário em face de acórdão assim ementado:

“TRIBUTÁRIO – EXECUÇÃO FISCAL – EMBARGOS DO


DEVEDOR – IPVA – SUJEITO PASSIVO – PROPRIETÁRIO DE
VEÍCULO AUTOMOTOR – ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA –
PROPRIEDADE SOB CLÁUSULA RESOLUTIVA–
LEGITIMIDADE PASSIVA DO CREDOR FIDUCIÁRIO – ART.
4 C/C ART. 5º DA LEI ESTADUAL Nº 14.937/2003 –
INCONSTITUCIONALIDADE – AUSÊNCIA. RECURSO
DESPROVIDO”. (eDOC 1, p. 156)

No recurso extraordinário, interposto com fundamento no artigo


102, III, a, da Constituição Federal, sustenta-se, em preliminar, a
repercussão geral da matéria. No mérito, aponta-se violação aos artigos
145, § 1º; e 146, III, do texto constitucional.
Nas razões recursais, alega-se que, ao atribuir a responsabilidade
pelo pagamento do IPVA ao alienante fiduciário, a lei mineira contrariou
as disposições da lei complementar federal.
Decido.
As razões recursais não merecem prosperar.
O Tribunal de origem, ao examinar a legislação local aplicável à
espécie (Lei Estadual 14.937/2003), consignou que, em se tratando de
alienação fiduciária, o credor e o devedor são solidariamente
responsáveis pelo pagamento do IPVA. Nesse sentido, extrai-se o
seguinte trecho do acórdão impugnado:

“Em se tratando de alienação fiduciária, a Lei Estadual n°


14.937/2003, que dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade de
Veículos Automotores – IPVA, em seu artigo 5°, I, preceitua que
o credor e o devedor fiduciários são solidariamente
responsáveis pelo pagamento do IPVA, donde se extrai a
legitimidade passiva do apelante para figurar no polo passivo
da execução, não havendo que se falar em carência de ação. É
certo que para a instituição do IPVA, as normas gerais atinentes
ao fato gerador, base de cálculo e contribuintes hão de ser
definidas por Lei Complementar, à luz do disposto no art. 146,
III, ‘a’, da CF/88. Todavia, é a própria Constituição que
preceitua, no art. 24, §3°, que inexistindo legislação federal
sobre normas gerais, tal qual ocorre com o IPVA, podem os
Estados e Distrito Federal exercer competência legislativa plena,
para atender as suas particularidades, pelo que não há que se
falar em inconstitucionalidade da Lei Estadual n° 14.937/03”
(eDOC 1, p. 156)

Assim, verifica-se que a matéria debatida pelo tribunal de origem


restringe-se ao âmbito da legislação local, de modo que a ofensa à
Constituição, se existente, seria reflexa ou indireta, o que inviabiliza o
processamento do presente recurso. Nesses termos, incide no caso a
Súmula 280 do Supremo Tribunal Federal.
Nesse sentido, cito os seguintes precedentes:

“Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo.


Tributário. IPVA. Alienação fiduciária. Contribuinte.
Necessidade de reexame da legislação ordinária e do contrato.
Ofensa constitucional indireta ou reflexa. 1. Para ultrapassar o
entendimento do Tribunal a quo, concernente ao
enquadramento do credor fiduciário como proprietário do
veículo automotor para fins de cobrança de IPVA, seria
necessário o reexame da causa à luz da legislação ordinária
(Código Civil, Decreto-lei nº 911/69, Lei Estadual nº 14.937/03)
e do contrato de alienação fiduciária. 2. A afronta ao texto
constitucional, se houvesse, seria reflexa ou indireta, o que não
enseja a abertura da via extraordinária. Incidência das Súmulas
279 e 454 da Corte. 3. Agravo regimental não provido” (ARE
830373 AgR, rel. Min. Dias Toffoli, Primeira Turma, DJe
6.5.2015). (grifo nosso)

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. FUNDAMENTAÇÃO.
DECISÕES JUDICIAIS. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS.
RESPONSABILIDADE SUPLETIVA. PREVISÃO DE LEI
LOCAL COM BASE EM PERMISSIVO CONSTANTE DO
CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. O Plenário deste Tribunal
assentou o entendimento de que as decisões judiciais não
precisam ser necessariamente analíticas, bastando que
contenham fundamentos suficientes para justificar suas
conclusões. O Código Tributário Nacional estabelece a
possibilidade do ente competente, mediante lei, atribuir a
responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa que
guarde relação com o fato gerador. A dicção legal também
remonta a possibilidade da responsabilidade do contribuinte
ser mantida em caráter supletivo. A hipótese trata de lei local
cuja imputação de responsabilidade tributária está em
harmonia com as balizas previstas pela norma geral, qual seja, o
Código Tributário Nacional. O acolhimento da pretensão
importaria em reconhecer um potencial conflito entre leis, não
havendo repercussão imediata na Constituição Federal. Agravo
regimental a que se nega provimento” (ARE-AgR 765.302, Rel.
Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, DJe 19.5.2014).

“DIREITO TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO


FISCAL. CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA (CDA). IPVA.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ALIENAÇÃO
FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. LEI Nº 14.937/2003 DO
ESTADO DE MINAS GERAIS. DEBATE DE ÂMBITO
INFRACONSTITUCIONAL. EVENTUAL OFENSA REFLEXA
NÃO VIABILIZA O MANEJO DO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO. ART. 102 DA LEI MAIOR. RECURSO
MANEJADO EM 16.02.2016. 1. A controvérsia, a teor do já
asseverado na decisão guerreada, não alcança estatura
constitucional. Não há falar em afronta aos preceitos
constitucionais indicados nas razões recursais. Compreender de
modo diverso exigiria a análise da legislação infraconstitucional
encampada na decisão da Corte de origem, a tornar oblíqua e
reflexa eventual ofensa, insuscetível, como tal, de viabilizar o
conhecimento do recurso extraordinário. Desatendida a
exigência do art. 102, III, ‘a’, da Lei Maior, nos termos da
remansosa jurisprudência desta Suprema Corte. 2. As razões do
agravo regimental não se mostram aptas a infirmar os
fundamentos que lastrearam a decisão agravada. 3. Agravo
regimental conhecido e não provido”. (ARE 936.170 AgR, rel.
Min. Rosa Weber, Primeira Turma, DJe 1.8.2016) (grifo nosso)

Ante o exposto, nego seguimento ao recurso (art. 932, VIII, do


NCPC, c/c art. 21, §1°, do RISTF).
Publique-se.
Brasília, 20 de outubro de 2016.

Ministro GILMAR MENDES


Relator
Documento assinado digitalmente

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