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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ANDRÉ ABREU GUIMARÃES SANTOS


TAYNAN GOMES TEIXEIRA DE ANDRADE

PATOLOGIAS EM FUNDAÇÕES E SUAS POSSÍVEIS CAUSAS

VOLTA REDONDA
2016
FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

PATOLOGIAS EM FUNDAÇÕES E SUAS POSSÍVEIS CAUSAS

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em
Engenharia Civil do UniFOA como
requisito à obtenção do título de bacharel
em Engenharia Civil.

Alunos:
André Abreu Guimarães Santos
Taynan Gomes Teixeira de Andrade

Orientador:
Prof, M. Sc. André da Silva Freitas

VOLTA REDONDA
2016
FOLHA DE APROVAÇÃO

Alunos:
André Abreu Guimarães Santos
Taynan Gomes Teixeira de Andrade

Título do Trabalho de Conclusão de Curso:


Patologias em Fundações e Suas Possíveis Causas

Orientador:
Prof, M. Sc. André da Silva Freitas

Banca Examinadora:

___________________________________________________
Prof, M. Sc. André da Silva Freitas

___________________________________________________
Prof. Érika Fraga

___________________________________________________
Prof. Rogério Nogueira
Dedicamos este trabalho aos nossos
amigos e familiares.
AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos nossos amigos e


familiares que muitos nos ajudaram
durante todo o período em que estivemos
empenhados neste trabalho.

Agradecemos em especial ao Prof.


M. Sc. André da Silva Freitas, por aceitar
nos orientar e por nos ajudar a
desenvolver este estudo.
RESUMO

Diversos problemas na construção civil têm como origem uma deficiência em


fundações. Sendo assim, surge a necessidade de um estudo detalhado sobre
as possíveis causas para as inúmeras patologias que são encontradas no
cotidiano. Dito isso, o objetivo deste trabalho é detalhar os tipos de fundações
e associá-los às diversas patologias que podem vir a ocorrer e expor as
possíveis causas para o aparecimento dessas patologias. O conhecimento
das causas que provocam as patologias ajuda na hora de fazer a manutenção
corretiva das estruturas, porém, também se deve analisar o custo dessa
manutenção corretiva, tendo em vista que o processo de reparos tende a ter
alto custo. Por outro lado este trabalho pode ser utilizado para ajudar a
analisar as falhas mais comuns de patologias que ocorrem em fundações,
sejam elas diretas ou profundas e assim auxiliar o desenvolvimento de
projetos e executar obras visando o não acontecimento dessas falhas.

Palavras-Chave: Patologias; fundações; causas das patologias.


ABSTRACT

Several problems in the construction has the origin in a deficiency in foundations.


Therefore, the possible causes for many pathologies need to be studied in detail.
The objective of the study is detail the types of foundations and link them to the
various pathologies that may occur and expose the possible causes for the
appearance of these pathologies.
The knowledge of the causes that induce the pathologies on the construction helps
on the corrective maintenance of structures, but also must consider the cost of
corrective maintenance in order that the repair process tends to be expensive. On
the other hand this work can be used to analyze the most common fault conditions
that occur in foundations, whether direct or deep and so help to develop projects and
carry out works aiming to repair these failures.

Keywords: Pathologies; foundations; causes of pathologies.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................17
1.1. Objetivos...........................................................................................18
1.2. Objetivo Geral...................................................................................18
1.3. Objetivos Específicos.......................................................................18
2. MECÂNICA DOS SOLOS.......................................................................19
2.1. Origem e formação dos solos...........................................................19
2.2. Classificação dos Solos....................................................................20
2.3. Análise Granulométrica....................................................................21
2.4. Limites de Atterberg..........................................................................22
2.5. Tipos de Solos..................................................................................23
2.6. Solos Granulares..............................................................................23
2.7. Solos Finos (Argilas e Siltes)............................................................25
2.8. Compressibilidade do Solo...............................................................25
2.9. Ensaio de Adensamento dos Solos..................................................27
2.10. Tensões no Solo...............................................................................28
2.10.1 Tensões Devido ao Peso Próprio do Solo......................................29
2.11. Investigação Geotécnica..................................................................31
2.12. Ensaio SPT.......................................................................................32
3. FUNDAÇÕES..........................................................................................34
3.1. Tipos de Fundação...........................................................................35
3.1.1 Fundação Direta..............................................................................36
3.1.1.1 Blocos..........................................................................................36
3.1.1.2 Sapatas........................................................................................37
3.1.1.3 Radier...........................................................................................44
3.1.2. Fundação Profunda.........................................................................45
3.1.2.1 Estacas........................................................................................46
3.1.2.2 Tubulões........................................................................................48
4. PATOLOGIAS EM FUNDAÇÕES............................................................51
4.1. Recalques em Fundações................................................................52
4.2. Recalque Admissível........................................................................55
4.3. Recalque por Adensamento.............................................................56
4.4. Recalque por Escoramento Lateral..................................................56
5. POSSÍVEIS CAUSAS DAS PATOLOGIAS.............................................57
5.1. Problemas em Relação ao Comportamento do Solo.......................58
5.1.1. Identificação incorreta ou não identificação dos movimentos do solo
..............................................................................................................................59
5.1.2. Ausência, insuficiência ou falha de investigação geotécnica..........60
5.1.3. Casos especiais...............................................................................63
5.2. Desconhecimento do Comportamento das Fundações...................63
5.2.1. Fundações diferentes na mesma estrutura...................................63
5.2.2 Carregamentos assimétricos numa estrutura:.................................64
5.3. Estrutura da Fundação.....................................................................65
5.3.1 Equívoco na determinação das solicitações:...................................65
5.4. Patologias Decorrentes de Falhas no Projeto Executivo.................66
5.4.1. Dimensionamento incorreto:.........................................................66
5.4.2. Efeitos Térmicos:...........................................................................67
5.5. Falha na execução de fundações.....................................................68
5.5.1. Falha de execução em fundações superficiais.............................68
5.5.2. Falha na execução de fundações profundas................................72
5.6. Fundações Sobre Aterros.................................................................78
5.6.1. Aterros recentes............................................................................78
5.6.2. Aterros de espessura variável.......................................................80
5.6.3. Aterros sobre terrenos compressíveis ou instáveis (inclinados)...81
5.6.3.1. Aterros sobre terrenos compressíveis.......................................81
5.6.3.2. Aterros sobre terrenos instáveis (inclinados).............................82
5.7. Efeitos Pós-Conclusão da Fundação...............................................82
5.7.1. Modificações no carregamento da superestrutura........................83
5.7.1.1. Modificação da função das estruturas.......................................83
5.7.1.2. Modificação ou ampliação não prevista.....................................84
5.7.2. Movimentação do maciço de terra devido à ações externas........85
5.7.2.1. Alteração no uso de terrenos vizinhos.......................................85
5.7.2.2. Instabilidade de taludes..............................................................86
5.7.2.3. Rebaixamento do lençol freático................................................86
5.8. Casos Especiais...............................................................................87
5.8.1. Influência da vegetação nas fundações........................................87
5.8.2. Solos Expansivos..........................................................................89
5.8.3. Colapsibilidade dos solos..............................................................92
6. METODOLOGIA......................................................................................94
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................95
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................97
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Quantidade mínima de sondagens..............................................33


Quadro 2 Problemas típicos decorrentes da ausência de sondagens.......60
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Exemplo de Curva de Distribuição Granulométrica do solo....................21


Figura 2 Ensaio de Adensamento.........................................................................28
Figura 3 Tensões em um plano horizontal acima do nível da água......................29
Figura 4 Tensões totais verticais no subsolo........................................................30
Figura 5 Ensaio SPT.............................................................................................33
Figura 6 Profundidade de uma sapata..................................................................35
Figura 7 Tipos mais comuns de fundação.............................................................36
Figura 8 Ângulo β no bloco....................................................................................37
Figura 9 Vista superior de uma sapata isolada retangular....................................38
Figura 10 Classificação de sapatas segundo seu comportamento estrutural........39
Figura 11 Sapata Isolada........................................................................................41
Figura 12 Vista em planta e em corte de uma sapata corrida................................42
Figura 13 Vista lateral, em planta e em corte de uma sapata associada...............43
Figura 14 Viga Alavanca........................................................................................44
Figura 15 Pilares sobre o radier.............................................................................45
Figura 16 Tubulões a céu aberto............................................................................49
Figura 17 Tubulão a ar comprimido........................................................................50
Figura 18 Fissura ocasionada por recalque na fundação......................................52
Figura 19 Efeitos do recalque diferencial em uma estrutura..................................53
Figura 20 Fluxograma das etapas do projeto e possíveis causas de patologias..58
Figura 21 Movimento dos solos..............................................................................59
Figura 22 A) Área não investigada com subsolo distinto.......................................61
Figura 22 B) Áreas extensas e de subsolos variados............................................61
Figura 23 Profundidade de investigação insuficiente.............................................62
Figura 24 Sistemas de fundações diferente atuando em condições diferentes não
separadas por juntas de dilatação.............................................................................64
Figura 25 Assentamentos provocados por carregamentos diferentes numa mesma
fundação.....................................................................................................................64
Figura 26 Sobreposição de tensões em fundações superficiais............................67
Figura 27 Fissura ocasionada devido a movimentação térmica.............................67
Figura 28 A) Escavação para posterior aterro para execução de fundação..........69
Figura 28 B) Fundações apoiadas em solos de comportamentos distintos...........69
Figura 29 Redução do nível freático com auxilio de bombas.................................70
Figura 30 Patologia gerada na concretagem devido a má vibração do concreto..71
Figura 31 Patologias ocasionadas por acumulo de distintos ou má execução das
armaduras..................................................................................................................71
Figura 32 Dano à estaca cravada devido a presença de matação........................74
Figura 33 Cravação de estacas metálicas.............................................................77
Figura 34 A) Deformação da estaca devido a inclinação da camada resistente..78
Figura 34 B) Devido a presença de um bloco de rocha.........................................78
Figura 35 Fundação executada parcialmente sobre aterro recente.......................79
Figura 36 Fissura decorrente de fundação executada sobre aterro recente.........80
Figura 37 Exemplo de recalque diferencial em aterro de espessura variável.......81
Figura 38 Alteração no uso da estrutura, onde o projeto que era previsto para uma
escola, tornou-se uma biblioteca................................................................................84
Figura 39 Construção de novas estruturas sem junta de separação.....................85
Figura 40 Problemas de estabilidade de talude após construção de uma
Estrutura.....................................................................................................................86
Figura 41 Assentamento em estrutura vizinha devido ao rebaixamento do nível
freático........................................................................................................................87
Figura 42 I) Ação das raízes infligindo cargas sobre a fundação...........................89
Figura 42 II) Ação das raízes alterando o teor de umidade, provocando movimento
dos solos....................................................................................................................89
Figura 43 Ruptura de pórticos causada pela expansão dos solos.........................90

Figura 44 Inclinação de pilares devido à expansão do solo sob a fundação........91

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Índices de Atterberg para alguns solos brasileiros..................................23


Tabela 2 Valores típicos do índice de vazios..........................................................24
Tabela 3 Classificação das argilas segundo a consistência...................................25
Tabela 4 Tabela de pressões admissíveis para projeto e execução de
Fundações..................................................................................................................55
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 Determinação do tempo através da relação entre grau de adensamento


(Uz) versus z/H..........................................................................................................27
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas


CNU – Coeficiente de Não Uniformidade
CPT – Cone Penetration Test (Ensaio de Penetração de Cone)
LL – Limite de Liquidez
LP – Limite de Plasticidade
LC – Limite de Contração
NBR – Norma Brasileira Regulamentadora
SPT – Standard Penetration Test (Teste Modelo de Penetração)
17

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, o Brasil teve um grande desenvolvimento econômico nas


últimas décadas, e isso repercutiu diretamente na construção civil. Esse crescimento
acelerado fez com que a demanda de mão-de-obra qualificada aumentasse
exponencialmente e, infelizmente essa demanda não foi correspondida pelos
profissionais da área. Por esse motivo, é muito comum que se encontre diversas
patologias em obras, desde pequenos desníveis até estruturas que chegam a
desabar.

Na área da Saúde, patologia é vista como a área do conhecimento onde se


estudam as doenças. Na Engenharia Civil, este termo é associado às deficiências,
fragilidades e problemas relacionados às construções. Como na área da saúde, o
estudo das patologias nas fundações, se resume em analisar os defeitos e o porquê
de estarem ocorrendo, elaborar um diagnóstico e agir de forma a corrigir essas
imperfeições. A etapa mais complexa desse processo é a identificação das causas
que estão resultando no defeito apresentado na estrutura. (OLIVEIRA, 2012)

Diversos problemas na construção civil têm como origem uma deficiência em


fundações. Diante disso, surge a necessidade de um estudo detalhado sobre as
possíveis causas para as inúmeras patologias que podemos encontrar em nosso
cotidiano, e sendo assim, através de laudos, apontar uma solução que seja
compatível de forma que possa atender tanto tecnicamente quanto economicamente
aos proprietários.

O conhecimento de todas as possibilidades de patologias deve permitir uma


ação mais qualificada dos diferentes atuantes na vida das fundações, desde os
profissionais participantes das etapas de investigação, projeto, contratação,
fornecimento de materiais, execução e fiscalização do trabalho, até os envolvidos
com atividades pós-construção, utilizando a boa prática, normalização vigente,
empresas qualificadas, evitando assim o surgimento de problemas.
18

A análise de um problema de fundações ocorre a partir da determinação das


solicitações ou cargas de projeto e da adoção de um modelo de subsolo, obtido
através de investigação geotécnica. Essas informações são interpretadas pelo
conhecimento estabelecido sobre o comportamento do solo sob carga, ou
transmissão de esforços à massa solo. Erros na determinação das cargas (como a
desconsideração de momentos fletores e/ou cargas horizontais) podem acarretar a
ruptura de fundações (HACHICH et al., 1998).

Dito isto, este TCC visa facilitar o trabalho de profissionais que atuem na área
da construção civil mostrando de forma simples, as principais patologias que
ocorrem em fundações e suas conseqüências nas estruturas.

1.1. Objetivos

Os objetivos estão classificados em Objetivo Geral e Objetivos Específicos, e


serão detalhados a seguir.

1.2. Objetivo Geral

O objetivo deste trabalho é apresentar os tipos mais comuns de patologias


que ocorrem em fundações e suas conseqüências nas estruturas.

1.3. Objetivos Específicos

 Destacas as propriedades mecânicas dos diferentes tipos de solo;


 Caracteristicas dos tipos de fundações;
 Principais Patologias em fundações;
 Causas decorrentes destas patologias
19

2. MECÂNICA DOS SOLOS

Todo projeto de fundações deve conter as cargas aplicadas pela obra, e para
isso, necessita que o solo resista a estas solicitações por um longo período de
tempo, atendendo as variações que possam ocorrer.

“Devido a insucessos em obras de Engenharia Civil como o Canal do Panamá


e o rompimento de taludes em estradas e canais da Europa e Estados Unidos, se
mostrou necessário a revisão dos procedimentos de cálculos para o solo”.
(HACHICH et al., 1998, pg.30)

Hachich et al. (1998) ressalta que com os trabalhos do experiente Engenheiro


Civil e pesquisador Karl Terzaghi, foi possível um conhecimento mais aprofundado
do comportamento do solo, com soluções matemáticas para os problemas que eram
enfrentados, dando inicio a uma nova ciência de engenharia, que recebeu o nome
de Mecânica dos Solos.

2.1. Origem e formação dos solos

Segundo Caputo (1988), os solos são misturas de materiais inorgânicos e


resíduos orgânicos parcialmente decompostos. São resultados do intemperismo e
deterioração das rochas, podendo ocorrer sua desintegração de forma física ou
química.
Por desintegração física, há as variações de temperatura (ocasionam em
trincas e rachaduras), além da ação excessiva da água nos solos, vegetação e o
vento.
Entende-se por decomposição química a alteração química na rocha matriz,
provocadas por fatores como a dissolução da água em geleiras e sua cristalização,
dando origem a ataques provocados pela oxidação, hidrólise, carbonatação,
lixiviação, etc.
Todas estas ações combinadas ou separadamente, formam componentes
que constituem o solo. Pedregulhos e areais (solos de partículas grossas), siltes
20

(partículas intermediárias) e argilas (partículas finas) são resultados da


decomposição do solo, que por sua vez se diferenciam pelo tamanho e por sua
composição química. (PINTO, 2006 ; CAPUTO, 1988)

2.2. Classificação dos Solos

Devido à variedade de solos encontrados, sua diversidade de tamanhos e


comportamentos, se fez necessário o agrupamento destas partículas em grupos
distintos, para que fossem atribuídas algumas propriedades a fim de entender de
forma mais clara, o provável comportamento dos solos.
Não se sabe ao certo a validade deste sistema de classificação dos solos,
pois como foi visto anteriormente, os solos apresentam características variáveis, que
podem ser alteradas com o decorrer do tempo. Sendo assim, os parâmetros físicos
apresentados para esta classificação, não podem nunca prevalecer sobre os
próprios parâmetros que o levaram a ser classificado.
É preciso enfatizar que, este sistema serve apenas como um primeiro passo
na previsão do comportamento dos solos, colaborando na orientação dos estudos e
na investigação geotécnica para obtenção de parâmetros mais relevantes nos
projetos. (HACHICH et al., 1998)

“São diversas as formas para classificação dos solos, como pela sua origem,
pela sua evolução, pela presença ou não de matéria orgânica, pela estrutura, pelo
preenchimento dos vazios”. (HACHICH et al., 1998, pg.37)

Para a classificação dos solos, são adotados a análise granulométrica e os


índices de consistência (também conhecido como “Limites de Atterberg) como
parâmetros, sendo baseados nos tamanhos dos grãos e nas características dos
argilo-minerais, respectivamente.
21

2.3. Análise Granulométrica

É o processo para a determinação das dimensões das partículas do solo, e


consiste em duas fases: Peneiramento e sedimentação, nos quais são
representados através da “curva granulométrica” representada na Figura 1.

“Esta curva é traçada por pontos em um diagrama semi-


logarítmo, no qual, sobre o eixo das abscissas, são marcados os logaritmos
das dimensões das partículas e sobre o eixo das ordenadas a porcentagem,
em peso, de material que tem dimensão média menor que a dimensão
considerada”. (CAPUTO, 1988, pg.40)

Figura 1: Exemplo de Curva de distribuição granulométrica do solo.


Fonte: PINTO, 2006.

O peso do material que passa em cada peneira, referido ao peso seco da


amostrada é conhecido como a “porcentagem que passa”. Entretanto, conforme a
variação do diâmetro das peneiras, haverá uma parcela de agregados que ficarão
retidos na peneira. Esta parcela é conhecida como a “porcentagem retida” e pode
ser facilmente calculada através da razão entre o peso do material retido pelo peso
seco total da amostra. (PINTO, 2006)
22

Caputo (1988), diz que os agregados podem ser classificados em graúdos e


miúdos, sendo os agregados graúdos aqueles que ficam retidos na peneira 4,8 mm,
e os agregados miúdos os que passam pela peneira 4,8 mm.
De acordo com a curva granulométrica, podemos identificar as diferentes
características dos solos, podendo assim, classifica-los como “solos bem
graduados”, “solo de graduação uniforme” e “solo de graduação aberta”.

2.4. Limites de Atterberg

Alguns fatores são primordiais para a determinação do comportamento dos


solos, dentre eles, a umidade. Quanto menor for a partícula de um solo, maior será
sua superfície, sendo assim, maior será sua plasticidade.
Segundo Hachich et al. (1998), entendendo a complexidade da constituição
mineralógicas das argilas, em 1911, Atterberg propôs um estudo que, posteriormente
seria adaptado à mecânica dos solos por Casagrande, onde era possível determinar
a quantidade de água presente em um solo em todos os seus estados.
Os teores de umidades referentes às mudanças de estados foram
denominados como Limite de Liquidez (LL), Limite de Plasticidade (LP) e Limite de
Contração (LC).
O estado liquido é caracterizado pela ausência de resistência ao
cisalhamento, e segundo a ABNT (NBR 6459/2016) é definido pela porcentagem de
umidade do solo quando uma ranhura nele requer 25 golpes para se fechar uma
concha.

Segundo a ABNT-NBR 7181:2016, quando o solo começa a perder umidade,


ele começa a apresentar um comportamento plástico. Este ensaio determinado pela
norma, consiste em calcular o teor de umidade do solo quando o mesmo começa a
se fraturar quando moldado em uma amostra cilíndrica de 3 mm de diâmetro. No
estado sólido, não ocorrem variações quanto ao volume, devido a secagem do solo.
23

Tabela 1: Índices de Atterberg para alguns solos brasileiros.

Fonte: PINTO, 2006.

2.5. Tipos de Solos

Proposto por Casagrande em 1948, o sistema de classificação dos solos tem


como objetivo descrever os diversos tipos de solos, tendo como primeira
consideração a porcentagem do material que passa na peneira nº200 (0,075 mm).
Quando a porcentagem for inferior a 50%, o solo será considerado como solo
granulado, caso contrário, o mesmo será tido como solo fino. (HACHICH et al.,
1998)

2.6. Solos Granulares

Também conhecidos como pedregulhos ou areias, estes solos apresentam


granulação grosseira e são classificados em solos bem graduados e solos mal
graduados. Certo tipo de solo é mal graduado quando ele apresenta partículas cujas
dimensões não variam de tamanho, havendo pouco entrosamento entre eles. Em
contrapartida, quando há uma distribuição contínua entre as partículas, sendo as
mesmas de diâmetros distintos e atuantes em uma ampla faixa de tamanho,
podemos considerar que este solo é bem graduado, pois as partículas menores
preenchem os vazios deixados pelas maiores, resultando em melhores condições de
resistência e compactação do solo. (HACHICH et al., 1998)
24

Os Coeficientes de Não Uniformidade (CNU), definido como a relação entre o


diâmetro no qual se encontra 60% do solo (D60) em peso e o diâmetro que
corresponde a 10% do solo (D10), determina o quão graduado é o solo.

“Quanto maior a CNU, mais deitada a curva granulométrica, maior a


faixa de grãos presentes, mais bem graduado é o solo. Geralmente solos
são classificados como mal graduados quando CNU < 6. Quando CNU < 2,
o solo mal graduado é denominado solo uniforme”. (HACHICH et al.,
1998,pg.42)

Entender o funcionamento das areias é importante para a classificação do


solo, haja vista que se distinguem em relação ao tamanho dos grãos, sendo de
suma importância para o seu comportamento mecânico. Cada tipo de areia
apresenta índices de vazios máximos e mínimos e podem ser obtidos através de
ensaios previstos na ABNT (NBR 7181/2016). Entretanto, somente estes índices não
são suficientes para se obter o comportamento das areias, haja vista que também é
preciso observar o índice de vazios natural.

“Compreendendo isto, Terzaghi propôs um índice de Compacidade Relativa,


que possibilita classificar as areias em muito fofas, fofas, de compacidade média e
muito compactas, na medida em que o índice aumenta”. (HACHICH et al., 1998)

Tabela 2: Valores típicos do índice de vazios de areias.

Fonte: HACHICH et al., 1998.

2.7. Solos Finos (Argilas e Siltes)

Podendo ser classificado como Argila ou Silte, este solo é caracterizado


quando a porcentagem do material que passa na peneira nº200 é superior a 50%.
25

Por se tratar de materiais que podem ser facilmente confundidos, é


necessário a analise do comportamento deste solos na presença da água, para
assim poderem ser distinguidos. Sabendo-se disso, utiliza-se os Limites de Atterberg
para este fim.

Para distinguir argilas e siltes na prática, é feita uma análise táctil-visual, onde
o solo que apresentar um comportamento plástico na presença da água, formando
torrões ao secar, é considerado um solo argiloso e seu estado é representado pelo
índice de consistência, estabelecido por Terzaghi e Peck (1948). Quando o solo é
mais suave e apresenta pouca plasticidade quando molhado, e quando secos, se
esfarelam com mais facilidade, denomina-se como solo siltoso e é indicado pela sua
compacidade. (HACHICH et al. 1998)

Tabela 3: Classificação das argilas segundo a consistência

Fonte: HACHICH et al., 1998

2.8. Compressibilidade do Solo

Compressibilidade é a propriedade que os solos têm de serem suscetíveis à


compressão e é caracterizado quando há variação do seu volume sob a ação das
cargas aplicadas. Tal processo pode ocorrer através de duas vertentes: por
compactação, quando o volume é reduzido devido ao ar contido nos vazios do solo;
e pelo adensamento, definido quando há redução do volume de água contida nos
vazios do solo.
26

É de conhecimento de todo engenheiro, que todos os materiais sofrem com


deformação devido a carga aplicada, havendo uma correlação entre as cargas e
suas deformações. Entretanto, na Engenharia de Fundações, esta teoria atua de
forma mais complexa, haja vista que as deformações nos solos ocorrem em função
do tempo, podendo comprometer a estrutura.
Surgem assim, os recalques diferenciais, nos quais são esforços adicionais
que ocorrem nas estruturas e que podem comprometer a estabilidade. Sendo assim,
é necessário que o engenheiro preveja estes recalques ao projetar uma construção,
facilitando na escolha da fundação ideal. (CAPUTO, 1988)

Diante da complexidade deste estudo, Terzaghi desenvolveu a teoria do


adensamento baseada nas seguintes hipóteses:

 O solo é homogêneo e saturado;


 A água e os grãos são incompressíveis;
 O escoamento obedece a Lei de Darcy e se processa na direção
vertical;
 O índice de vazios varia linearmente com o aumento da tensão efetiva
durante o processo de adensamento;
 A compressão é unidirecional;
 As propriedades do solo não se alteram durante o processo de
adensamento.

O gráfico a seguir demonstra a determinação do tempo através da relação


entre Grau de Adensamento (Uz) versus z/H.
27

Gráfico 1: Determinação do tempo através da relação entre Grau de


Adensamento (Uz) versus z/H.
Fonte: CAPUTO, 1988.

2.9. Ensaio de Adensamento dos Solos

Caputo (1988) diz que este ensaio tem como finalidade determinar as
propriedades de adensamento do solo, podendo assim prever os recalques devido
ao adensamento conforme mostra a Figura 2.
28

Figura 2: Ensaio de Adensamento.


Fonte: CAPUTO, 1988.

“Para o ensaio utiliza-se edômetros, cujo principio é o introduzido por


Terzaghi, no qual uma amostra indeformada e de pequena altura é comprimida e
confinada lateralmente por um anel rígido entre dois discos porosos.” (CAPUTO,
1988,pg.35)

Ainda segundo Caputo (1998), o procedimento é realizado com a amostra


completamente saturada, onde posteriormente são aplicadas cargas verticais
gradualmente, de forma que permaneça até que a amostra se deforme totalmente,
sendo assim registradas as leituras dos deslocamentos verticais. Feitas todas as
leituras, é possível desenvolver um gráfico da variação do tempo ou recalque versus
tensões aplicadas.

2.10. Tensões no Solo

Como já visto anteriormente, os solos estão sujeitos a esforços. Estes podem


ser provenientes do peso próprio do solo e também de forças externas. O
conhecimento das tensões atuantes em um maciço de terra auxilia na compreensão
de comportamento do solo em obras geotécnicas, além de evitar futuros problemas
29

relacionados a recalque, empuxos de terra, etc. O conceito de tensão em um


determinado ponto é definido pela razão entre a força aplicada no solo por sua
determinada área. (HACHICH et al. 1998)

2.10.1 Tensões Devido ao Peso Próprio do Solo

As tensões geostáticas, como também são conhecidas, ocorrem em um plano


horizontal do terreno, quando não há carregando externo e a natureza do solo não
varia no sentido horizontal. A Figura 3 ilustra essa situação.

“Quando a superfície do terreno é horizontal, aceita-se,


intuitivamente, que a tensão atuante num plano horizontal a uma certa
profundidade seja normal ao plano. Não há tensão de cisalhamento nesse
plano. Estatisticamente, as componentes em cada contato tendem a se

contrapor, anulando a resultante.” (PINTO, 2006)

Figura 3: Tensões em um plano horizontal acima do nível d’água.


Fonte: PINTO, 2006.

Entretanto, o solo pode ser composto por camadas horizontais, ou seja, pode
ser estratificado, sendo assim, pode-se considerar que a tensão vertical é resultante
do somatório do efeito das camadas. (Figura 4)
30

Figura 4: Tensões totais verticais no subsolo


Fonte: PINTO, 2006.

O exemplo citado considera um plano acima do nível d’água. Quando há


tensão abaixo deste nível, é considerado um valor positivo para a pressão na água,
assim também conhecido como poro-pressão ou pressão neutra (uₒ), que é
estabelecida através do produto entre o peso específico da água (γw = 10kN/m³) e a
profundidade em relação o nível da água (zw). A tensão efetiva nos solos (δ) é
obtida através da diferença entre a tensão normal total (σ) e a pressão neutra (uₒ).
A deformação no solo ocorre de maneira bastante distinta em relação a
deformação em outros materiais, como o concreto e aço, por exemplo. Isto ocorre
por que no solo, há variações na forma ou no volume de um conjunto de partículas
devido ao seu deslocamento.
É de grande importância o entendimento do Princípio das Tensões Efetivas no
estudo da mecânica dos solos, principalmente no que se diz respeito à deformação
do solo.
O primeiro conceito sobre as tensões efetivas considera um conjunto de
partículas com vazios cheios de água, e que, se ocorrer aumento da tensão total na
mesma proporção que o aumento de pressão da água, haverá compressão das
partículas. Sendo assim, é correto afirmar que tensão efetiva não se altera, isso por
que as áreas de contato entre os grãos são pequenas, não alterando portanto, as
forças transmitidas às partículas. Conseqüentemente, o solo não se deforma devido
ao aumento de tensão neste estado, pois não há deslocamento.
31

Em contrapartida, se somente a tensão total aumentar, sem que haja aumento


da pressão da água, haverá deformação no solo, pois as forças transmitidas pelas
partículas irão aumentar. (PINTO, 2006)

2.11. Investigação Geotécnica

Para qualquer obra de Engenharia Civil, é imprescindível uma investigação


geotécnica bem detalhada, na qual é realizado um estudo do solo antes de iniciar
qualquer projeto. Tal procedimento consiste em conhecer as condições do subsolo,
sua natureza e números de camadas, além das suas características. Tais
informações permitem ao engenheiro, juntamente com o auxilio de um geólogo,
escolherem o método mais adequado e da técnica que será empregada a obra,
levando em consideração fatores importantes como as dimensões e finalidades da
obra, o comportamento de construções próximas ao local em que será executado o
projeto, assim como os dados de investigações anterior, e claro, das características
do terreno. (CAPUTO, 1988)

Os principais métodos utilizados para a investigação geotécnica segundo


Caputo (1988) são:

 Abertura de poços de exploração;


 Execução de sondagens (SPT, CPT);
 Ensaio de palheta (Vane test);
 Pressiômetro;
 Ensaio de bombeamento;
 Prova de carga;
 Ensaios geofísicos;
 O dilatrômetro de Marchetti.

Dentre todos anteriormente, o mais executado em todos os países do mundo,


é o SPT (Standard Penetration Test). Porém, já vem sendo substituído pelo SPT-T a
alguns anos, um ensaio que acrescenta medidas torque, e praticamente possui o
mesmo custo. Quando se faz necessário uma análise mais detalhada de um terreno,
32

é comum e aconselhável a utilização dos ensaios CPT e CPT-T, que consistem em


um ensaio de penetração de cone e com medidas das pressões neutras,
respectivamente.
Caputo (1988) ainda afirma que a execução de sondagens nada mais é que,
a abertura de um furo no solo realizada por ferramentas ou máquinas que vão
perfurando o solo até que o mesmo se deforme, sendo possível a extração de
amostras das diferentes camadas que o compõe.

2.12. Ensaio SPT

O ensaio Standard Penetration Test (SPT) consiste em um procedimento


geotécnico de campo, capaz de amostrar as características presentes no subsolo,
possibilitando o conhecimento do mesmo. A sondagem a percussão permite ao
engenheiro conhecer o tipo de solo atravessado a cada metro; a resistência do solo
(N) em relação à cravação do amostrador; a posição do nível da água em alguns
casos. (HACHICH, 1998)

A execução deste ensaio é normatizada pela ABNT (NBR 6484/2001) e


consiste primeiramente em marcar a posição em que será executada cada
perfuração, lembrando que, nunca se deve realizar apenas um furo de sondagem,
haja vista que em um mesmo terreno as características do solo podem variar. Sendo
feito a demarcação, posiciona-se o “tripé” que irá auxiliar no levantamento do
martelo. Com o auxilio de um trado-cavadeira, é feita uma perfuração de um metro
de profundidade e a amostra do solo é recolhida. Posteriormente, o martelo é
erguido até uma altura de 75 cm do topo da haste e deixa-se com que caia até o
solo, em queda livre. Este procedimento é repetido até que haja a penetração de 45
cm do amostrador no solo. O ensaio prossegue até a segunda cota, e assim por
diante, dependendo da necessidade do projeto. (CAPUTO, 1988)

Quadro 1: Quantidade mínima de sondagens.


33

Fonte: ABNT NBR 8036/83.

Figura 5: Ensaio SPT.


Fonte: HACHICH et al., 1998.
34

3. FUNDAÇÕES

Segundo Capello, et al. (2010), fundação é a parte da estrutura que tem como
objetivo transferir os esforços gerados por uma determinada estrutura ao terreno
onde esta se apóia, visando garantir o devido suporte as tensões transmitidas pelos
esforços da estrutura.

A fundação é por vezes chamada de infra-estrutura, isto quer dizer, a parte da


estrutura que está abaixo do nível utilizável. Ela tem a função de transferir as cargas
aplicadas pela obra ao solo e lidar com a resposta do solo à estas solicitações.
Os projetos de fundação interagem diretamente com a superestrutura e com
o solo. Cada tipo de solo responde de maneira muito variável as solicitações, por
isso, todo projeto de fundação está sempre relacionado ao estudo e plena
compreensão do tipo de solo de onde este projeto será executado. (HACHICH et al.,
1998)

As fundações devem ser projetadas e executadas, de modo a garantir as


mínimas condições de segurança exigidas pelas normas técnicas, sendo
observados os diversos tipos de fundação e a função a que se destinam as
estruturas e deverá garantir vida útil pelo menos igual ao da estrutura existente.
(ALONSO, 1991)

À partir dos resultados obtidos nas sondagens do terreno, do cálculo das


cargas que serão exercidas na estrutura e conhecendo as características das
construções vizinhas como condições de estabilidade, fundações, etc... pode-se
escolher o tipo de fundação mais adequada ao projeto, tanto técnica quanto
economicamente.
É aconselhável que inicie-se o estudo verificando se as fundações rasas
atendem às necessidades do projeto. Mesmo se as fundações rasas puderem ser
empregada, é interessante comparar seu custo ao de uma fundação profunda. Caso
as fundações rasas não atendam os requisitos do projeto, deverá ser feito o estudo
do tipo de fundação profunda mais adequado a ser utilizado. (MILITO, 2009)
35

3.1. Tipos de Fundação

De acordo com Hachich et al. (1998), as fundações são divididas em 2


grupos, sendo o 1° do grupo definido como fundações diretas ou rasas que tendem
a distribuir as cargas no solo pela superfície do terreno ou a pequenas
profundidades, o 2° grupo é definido como fundações indiretas ou profundas, onde
as cargas não são distribuídas na superfície do terreno, mas com uma profundidade
mínima de 3 metros. Há ainda um 3º grupo que pode ser definido como fundação
mista, onde são usadas fundações rasas e profundas para uma mesma estrutura.

Resumindo, os principais tipos de fundação são:


 Fundações diretas ou rasas;
 Fundações indiretas ou profundas.

Segundo Milito (2009), pode ser feita uma analogia com a Figura 6 para
definir o tipo de fundação a ser utilizada.

Se:
Df ≤ B, a fundação é considerada rasa;
Df > B, a fundação é considerada profunda.

Figura 6: Profundidade de uma sapata.


Fonte: MILITO, 2009
36

3.1.1 Fundação Direta

Fundações rasas ou diretas são aquelas em que a carga é transmitida ao solo


pelas tensões distribuídas sob a base do elemento estrutural de fundação. Segundo
a ABNT (NBR 6122/2010), a profundidade de assentamento de uma fundação rasa
deverá ser inferior a duas vezes a menor dimensão em planta, em relação ao
terreno adjacente. Para Hachich et al. (1998), as sapatas e blocos são os elementos
de fundação rasas mais simples e mais econômicas. Outro tipo bastante utilizado
em fundações deste tipo é o radier, recomendado quando a área da fundação é
superior a metade da construção.

A Figura 7 mostra os tipos mais comuns de fundações diretas.

Figura 7: Tipos mais comuns de fundação direta.


Fonte: Adaptado de MILITO, 2009

3.1.1.1 Blocos

A ABNT (NBR 6122/2010), define bloco como um “elemento de fundação


superficial de concreto, dimensionado de modo que as tensões de tração nele
resultantes sejam resistidas pelo concreto, sem necessidade de armadura.”
Ainda segundo a ABNT (NBR 6122/2010), os blocos podem ter suas faces
verticais, escalonadas ou inclinadas. E em planta, podem apresentar seções
quadradas ou retangulares.
37

A ABNT (NBR 6122/2010) define que os blocos devem ser dimensionados de


modo que o ângulo β (Figura 8) sempre expresso em radianos, satisfaça a equação
1:

(1)

onde: σadm = tensão admissível do terreno, em MPa;


fct = 0,4fctk ≤ 0,8 MPa, onde fct é a tensão de tração no concreto;
fctk = resistência característica à tração do concreto.

Figura 8: Ângulo β no bloco


Fonte: ABNT NBR 6122/2010

3.1.1.2 Sapatas

De acordo com Bastos (2016), as sapatas possuem altura menor do que os


blocos e, por esse motivo, necessitam de uma armadura de flexão posicionada
próximo à superfície de apoio da sapata.
Bastos (2016) ainda frisa que as sapatas possuem duas classificações. A
primeira de acordo com o seu comportamento estrutural e a segunda de acordo com
seus tipos e configurações.
De acordo com Milito (2009), o emprego das fundações diretas é realizado
onde as cargas atuantes são suportadas pelas camadas de subsolo logo abaixo da
estrutura.
38

Após a obtenção do SPT na profundidade adotada, é calculada a tensão


admissível do solo (s).
A área necessária da sapata (Snec) é encontrada dividindo a carga (P) pela
tensão admissível do solo (s), conforme mostra a equação 2.

(2)

Como referência,foram usados os seguintes valores de s:


 Boa = 4,0 kg/cm²
 Regular = 2,0 kg/cm²
 Fraca = 0,5 kg/cm²

Após encontrado o Snec, adota-se as dimensões e é feita a verificação


para definir se as fundações são econômicas. (Figura 9)

Condições econômicas:
 A–a=B–b
 A–B=a–b

Figura 9. Vista superior de uma sapata isolada retangular.


Fonte: Adaptado de MILITO, 2009.

 Classificação quanto ao comportamento estrutural


39

Segundo Caputo (1988), a escolha do tipo de sapata – rígida ou flexível – e o


tipo de solo, tem impacto direto na distribuição das pressões no terreno. Quando
uma sapata possuir altura relativamente pequena e apresentar deformação de flexão
quando aplicado o carregamento, ela será considerada flexível.

A ABNT (NBR 6118/2014) classifica as sapatas a partir das equações


apresentadas na Figura 10:

Onde:
ap é a altura do pilar;
a é a dimensão da sapata na direção analisada;
h é a altura da sapata.

Figura 10: Classificação de sapatas segundo seu comportamento


estrutural.
Fonte: Adaptado de ALVA, 2007

Sapata rígida:
40

Para a sapata ser considerada rígida, ela deve atender à equação


apresentada na figura 3 tanto para sua maior, quanto para sua menor dimensão.
(BASTOS, 2016)

Costuma-se adotar este tipo de sapata em terrenos que possuam boa


resistência em camadas próximas à superfície. (ALVA, 2007)

Sapata flexível:

Seguindo o que foi proposto por Bastos (2016) para as sapatas flexíveis,
entende-se que quando a sapata não atende à equação de rigidez para uma de
suas dimensões, ela é considerada uma sapata flexível. Sapata essa que apresenta
altura relativamente menor a da sapata rígida.
Este tipo de sapata não é tão utilizada quanto as sapatas rígidas. Ela é mais
utilizada em fundações que irão suportar pequenas cargas.

 Classificação quanto aos tipos e configurações

Sapata isolada:

É o tipo de sapata mais utilizado em construções. A sapata isolada (Figura 11)


recebe as cargas de um único pilar e transmite as ações diretamente ao solo. Pode
apresentar vários formatos em planta, porém a mais comum é a retangular.
(BASTOS, 2009)
41

Figura 11. Sapata Isolada.


Fonte: Adaptado de BASTOS, 2009.

Sapata corrida:

Segundo a ABNT (NBR 6122/2010), As sapatas corridas (Figura 12)


destinam-se a receber as cargas verticais de elementos alongados que transmitem
carregamento uniformemente distribuído em uma direção como muros, paredes e
pilares seguindo um mesmo alinhamento.
Seu dimensionamento é semelhante ao de uma laje armada em uma direção.
Por ser uma sapata que suporta cargas distribuídas não há a necessidade de se
fazer a verificação da punção. (ALVA, 2007)
Esse tipo de sapata é uma opção economicamente viável quando o solo
apresenta sua capacidade necessária de suporte em baixa profundidade e comum
encontrar sapatas corridas em construções de pequeno porte como em casas,
edifícios de baixa altura, galpões, muros de arrimo e muros de divisa. (BASTOS,
2009)

Figura 12: Vista em planta e em corte de uma sapata corrida.


42

Fonte: ALVA, 2007.

Sapatas associadas ou combinadas:

Este tipo de sapata é utilizado quando dois ou mais pilares estão muito
próximos entre si, impossibilitando a execução de sapatas isoladas. Normalmente o
centro de gravidade desse tipo de sapata coincide com o centro de aplicação das
cargas dos pilares. Quando os pilares atuantes na sapata apresentarem
características similares como forma e carregamento, o resultado é uma sapata
corrida simples, de base retangular. As sapatas associadas (Figura 13) costumam
ser projetadas com uma viga de rigidez com seu eixo passando pelo centro de cada
pilar. (ALVA, 2007)

Figura 13. Vista Lateral, em planta e no corte de uma sapata


associada.
Fonte: ALVA, 2007

Sapata com viga de equilíbrio:

Este tipo de viga geralmente é utilizado no caso de pilares posicionados na


divisa do terreno. O momento fletor resultante da excentricidade do pilar atuante na
sapata de divisa é resistido e equilibrado pela viga de equilíbrio (Figura 14), que na
43

outra extremidade costuma ser vinculada a outro pilar da edificação, geralmente um


pilar interno. No caso de ausência de um pilar interno, a viga é fixada a algum outro
elemento em sua extremidade. (BASTOS, 2009)

Segundo Alva (2007), a ação do momento produzido por pilares posicionados


junto à divisa de terrenos não está alinhado com sua reação, sendo necessária e
execução de uma viga para absorver esse momento. Desse modo, a viga de
equilíbrio ou viga alavanca como também é conhecida, exerce o papel de
transmissor de cargas, transmitindo a carga vertical do pilar para o centro de
gravidade da sapata de divisa e, também, resiste aos momentos fletores resultantes
da carga do pilar atuando fora do centro de gravidade dessa sapata.

Figura 14. Viga Alavanca.


Fonte: BASTOS, 2009.

3.1.1.3 Radier

Muito utilizadas na construção de moradias populares, as fundações do tipo


radier geralmente se utilizam de alvenaria estrutural apoiada sobre sua estrutura,
que é aproveitada como contra piso. O uso deste tipo de fundação evita o recalque
diferencial, de modo que um apoio não recalque mais que outro. (SANTOS, 2014)
44

A ABNT (NBR 6122/2010) define radier como um “elemento de fundação


superficial que abrange todos os pilares da obra ou carregamentos distribuídos (por
exemplo: tanques, depósitos, silos, etc.).”

Segundo Hachich et al. (1998), se a área total da fundação for maior que 50%
da área a ser construída, é indicado o uso de radier.

Figura 15. Pilares sobre o radier.


Fonte: Manual de Estruturas – ABCP, 2016

3.1.2. Fundação Profunda

Segundo Santos (2014), fundações profundas são utilizadas quando não é


possível obter a tensão admissível do projeto em pequenas profundidades, assim
sendo adotadas fundações in loco ou pré-moldadas.

A ABNT (NBR 6122/2010) classifica fundações profundas em dois tipos:


estacas e tubulões. E também define as grandezas fundamentais para os projetos
de fundações profundas em cada um desses tipos. No caso de estacas, a grandeza
fundamental é a carga admissível ou, a carga resistente de projeto. Já para
tubulões, a grandeza fundamental é a tensão admissível ou, a tensão resistente de
projeto.

“... o espaçamento minimo entre estacas ou tubulões deve levar em consideração a


forma de transferência de carga ao solo e o efeito do processo executivo nas estacas
adjacentes.” (ABNT NBR 6122, 2010)
45

Os tipos mais comuns de fundações profundas, segundo Milito (2009), são:

3.1.2.1 Estacas

Segundo a ABNT (NBR 6122/2010) é um elemento inteiramente executado


por equipamentos ou ferramentas. Difere-se do tubulão por não haver a necessidade
da descida de um operário. Os materiais empregados podem ser: madeira, aço e
concreto.

Estacas pré-moldadas de concreto:


46

Estacas pré-moldadas de concreto são estacas cravadas ao terreno. Por isso,


são armadas em toda sua extensão. Seu diâmetro e comprimento variam de acordo
com cada fabricante. A tensão admissível estrutural da estaca sempre deve ser
informada, a fim de garantir a carga que a estaca suporta e que não apresenta
defeitos. (SANTOS, 2014)

A ABNT (NBR 6122/2010) prevê que as estacas pré-moldadas de concreto


devem ter seu dimensionamento estrutural feito utilizando as NBR 6118/2014 e NBR
9062/2006, tendo seu fck limitado a 40,0 MPa. Nas duas extremidades da estaca
deve ser feito um reforço na armadura transversal para compensar as tensões de
cravação.

Estacas de madeira:

Segundo Caputo (1988), as estacas de madeira são utilizadas há vários anos.


Tem sem comprimento máximo limitado a 12 metros e seu diâmetro variando de 22
cm a 30 cm. Ainda de acordo com Caputo (1988), as estacas de madeira quando
totalmente submersas tem sua vida útil praticamente ilimitada, porém quando há
variação no nível d’água as madeiras se deterioram com facilidade, sendo
necessário que as estacas sejam revestidas para diminuir o desgaste.

A ABNT (NBR 6122/2010) define que as estacas de madeira têm sua carga
admissível estrutural calculada em função da seção transversal mínima. Sua tensão
admissível é adotada a partir do tipo e da qualidade da madeira, de acordo com o
que é previsto na NBR 7190/1997.

Estacas metálicas ou de aço:

Segundo a ABNT (NBR 6122/2010), estacas metálicas são elementos


estruturais produzidos industrialmente. São estacas cravadas que podem ser de
perfis laminados ou soldados, simples ou múltiplos, trilhos, tubos com ou sem
costura, tubos de chapa dobrada ou calandrada.
47

Caputo (1988) diz que estacas metálicas devem resistir à corrosão pela sua
própria constituição ou por algum tratamento adequado. Quando não há tratamento
nas estacas metálicas, Caputo (1988) sugere considerar uma redução de 1,5 mm
em cada face da espessura da estaca para fins de cálculo da capacidade de carga.

3.1.2.2 Tubulões

Segundo a ABNT (NBR 6122/2010) é um elemento de forma cilíndrica onde


na etapa final de execução, há a descida do operário. Pode este ser de aço ou de
concreto. O tubulão se difere das estacas pela necessidade de descida do operário
para finalizar a execução da fundação manualmente. É bastante indicado para
construções de grandes portes, como pontes e viadutos.

Rebello (2008), frisa que há o caso de situações especiais, onde os tubulões


podem ser utilizados para suportar cargas menores. Esse caso é mais comum em
fundações de terrenos de topografia difícil, onde outros equipamentos não têm
acesso.

Tubulões a céu aberto:

Alonso (1983), define tubulões a céu aberto como elementos estruturais de


fundação que são constituídos à partir da concretagem de um poço aberto no
terreno, geralmente de base alargada. São executados acima do nível da água ou
rebaixados, existem ainda casos especiais, quando os terrenos estão saturados,
onde é possível bombear a água sem que haja riscos de desmoronamento.

Este tipo de tubulão, quando está sob a ação apenas de cargas verticais,
dispensa armadura. Sendo necessário que seja feita apenas uma armação de topo
para ligação com o bloco de coroamento* (ALONSO, 1983). Caso existam cargas
48

horizontais ou momentos fletores atuando neste tipo de tubulão, a armação é feita


ao longo de toda a extensão (REBELLO, 2008).

Figura 16. Tubulões a Céu Aberto


Fonte: ALONSO, 1983

Tubulões a ar comprimido:

O tubulão a ar comprimido pode ser utilizado em locais onde exista água e o


rebaixamento do lençol freático para a escavação do tubulão seja perigosa devido
ao risco do solo desmoronar. (REBELLO, 2008)

Para a execução do tubulão a ar comprimido, são cravados no solo anéis de


concreto ou metálicos. A escavação é feita como no tubulão a céu aberto até que
seja atingido o lençol freático. Assim que é atingido o lençol freático, instala-se uma
redoma de ar comprimido, que gerará pressão para expulsar a água, sendo possível
dar continuidade ao serviço (REBELLO, 2008). A pressão gerada para expulsar a
água limita a profundidade do tubulão em 30 metros abaixo do nível da água (3 atm
ou 0,3 MPa). (ALONSO, 1983)
49

Figura 17: Tubulão a ar comprimido


Fonte: ALONSO, 1983
50

4. PATOLOGIAS EM FUNDAÇÕES

Com o passar dos anos, diversas falhas naturais e até humanas foram
surgindo na construção civil. Com isso, veio a necessidade de designar um novo
estudo no ramo da engenharia, conhecido como Patologias em Estruturas. Este
novo campo tem como objetivo identificar a origem destas anomalias, assim como
suas causas e conseqüências para a estrutura.
Os problemas patológicos podem ser classificados como simples ou
complexos, sendo que podem ser identificados com um diagnóstico mais simples e
outros somente através de uma análise mais especializada, respectivamente.
Os problemas decorrentes de patologias mais simples são geralmente
padronizados, sem que haja um profissional altamente especializado para tal
resolução. Já as patologias mais complexas necessitam de uma análise mais
detalhada e individualizada do problema, sendo feita por um profissional com alto
conhecimento em patologias, de fundações, já que a mesma apresenta um nível de
complexidade elevado. (SOUZA, RIPPER, 2009)

Schnaid et al. (2015) afirmam que qualquer fundação tem como principal
função receber as cargas oriundas da estrutura e transmiti-las ao solo sem que haja
maiores deformações na estrutura em geral. Entretanto, é bastante comum vermos
que diversas estruturas apresentam comportamento distinto do que seria o ideal,
sendo vários fatores contribuintes para que ocorram patologias em fundações, como
estudos preliminares insuficientes e até mesmo fatos ocorrentes na fase pós-
construção.

As patologias em fundações são complexas e quase sempre interferem na


obra em geral, suas causas são diversas, o que dificulta ainda mais a identificação e
a solução do problema. As principais patologias em fundações são os diversos
recalques, a ruptura de uma porção do solo abaixo da fundação, erosões no terreno,
excesso de carga nas estruturas, etc. (VITÓRIO, 2003)
A Figura 18 mostra uma fissura ocasionada por Recalque na fundação.
51

Figura 18: Fissura ocasionada por Recalque na fundação.


Fonte: OLIVARI, 2003

A seguir, serão apresentados detalhadamente as patologias mais comuns em


obras de fundação, e consequentemente suas possíveis causas.

4.1. Recalques em Fundações

A fundação de um prédio é composta por um conjunto de sapatas e/ou


estacas, cujos os bulbos de tensões podem se sobrepor, sendo assim necessário o
cálculo da resultante de tensões nas camadas, para então poder calcular os
recalques de uma edificação, afirmam ALMEIDA (2007) e NASCIMENTO (2007).

“Quando um elemento de fundação se desloca verticalmente, é


configurado um recalque absoluto. A diferença entre os recalques absolutos
de dois elementos da fundação é denominada recalque diferencial”.

(SANTOS, 2014)

Ao dimensionar uma fundação, é de extrema necessidade a verificação dos


critérios de segurança à ruptura, além dos estados limites últimos de deformação
que satisfaçam adequadamente à fundação. A seguir algumas definições para estes
recalques.

 Recalque diferencial (δ) - É a diferença entre os recalques de dois


pontos quaisquer da fundação.

 Recalque diferencial específico (δ / l) – Corresponde à relação entre o


recalque diferencial δ e a distância horizontal l , entre dois pontos
quaisquer da fundação.
52

 Recalque total (∆H) – É o recalque final a que estará sujeito um


determinado ponto ou elemento da fundação.

 Recalque admissível de uma edificação – Corresponde ao recalque


limite que uma edificação pode tolerar, sem que haja prejuízo a sua
utilização.

Figura 19: Efeitos do Recalque Diferencial em uma estrutura.


Fonte: Via Técnica, 2016

Para Hachich et al. (1998), os recalques em estruturas de fundação podem


ser divididos em 3 grupos:

 Danos Arquitetônicos - São os danos causados à estética da


construção, podendo dar origem a fissuras, trincas em paredes e
acabamentos, etc.
 Danos Estruturais – Afetam diretamente a estrutura da obra (Vigas,
Pilares, Lajes).
 Danos Funcionais – Compromete a utilização da estrutura com refluxo
ou ruptura de esgotos e galerias, havendo emperramento de portas e
janelas, desgaste excessivo dos elevadores.
53

Santos (2014), afirma que assim como ocorre na estrutura de uma obra, nas
fundações também podem haver uma margem aceitável para o recalque, ou seja, há
uma tolerância em relação aos recalques nas estruturas, sem que este possa
interferir de forma acintosa na construção como um todo. Entretanto, se deve
analisar uma série de fatores que estão relacionados a estes recalques, tais como:

 Velocidade do Recalque: As estruturas estão sujeitas a se


acomodarem melhor quando o recalque ocorre de forma mais lenta,
podendo suportar recalques maiores do que se acontecesse de forma
mais rápida, por exemplo;

 Finalidade da Obra: Depende do tipo de construção. Um galpão


industrial não pode suportar o mesmo recalque do que um edifício
residencial, por exemplo;

 Materiais presentes na estrutura – A flexibilidade dos materiais


possibilita que sejam tolerados recalques maiores;

 Localização – Os recalques admissíveis dependem de onde será a


construção. Em locais próximos ao mar não podemos considerar a
mesma tolerância a recalque do que em lugares mais afastados do
mar, por exemplo.

Como dito anteriormente, é bastante complexo prever o comportamento do


solo, sendo que o mesmo pode variar ao longo do tempo. Porém, visando facilitar os
cálculos dos recalques, foram realizados diversos estudos feitos com os tipos de
solos existentes e foi possível estabelecer o quanto um solo pode suportar na pior
hipótese possível.

Tabela 4: Tabela de Pressões Admissíveis para projeto e execução de Fundações.


54

Fonte: ABNT NBR-6122/2010 (NB-51).

4.2. Recalque Admissível

O conhecimento do recalque admissível ocorre primeiramente através da


análise e projeto de fundações, onde é feito um calculo e uma estimativa do
recalque das fundações e consequentemente uma analogia entre os resultados
obtidos com o comportamento adequado da estrutura. (ALMEIDA; NASIMENTO,
2007).
Em casos mais complexos, torna-se necessário a utilização de estudos mais
sofisticados, que possibilitem estabelecer uma relação entre solo e estrutura,
permitindo encontrar valores mais exatos para os recalques do que aqueles
encontrados na primeira estimativa. (SCHNAID et al., 2005)
55

4.3. Recalque por Adensamento

A deformação por adensamento ocorre devido a diminuição no volume


aparente do maciço de solo, causada pelo fechamento dos vazios deixados pela
água expulsa em função da pressão da fundação aplicada ao solo. Segundo Caputo
(2012), são recalques demasiadamente lentos, quando se tratando de argilas, face
ao baixo coeficiente de permeabilidade das mesmas. O recalque por adensamento
pode ser estabilizado quando toda a água presente entre os grãos de solo é
expulsa, não mais havendo diminuição do volume do solo. Se o recalque não afetou
a estrutura, o problema passa a ser apenas vedar eventuais trincas na alvenaria
(SANTOS, 2014).

4.4. Recalque por Escoramento Lateral

A deformação por escoamento lateral acontece com maior predominância em


solos não coesivos. Trata-se da migração de solo de regiões mais solicitadas para
as menos solicitadas, ou seja, o deslocamento se dá do centro para a lateral
(REBELLO, 2008). Verificam-se de maneira mais acentuada nos solos não coesivos
sob fundações superficiais (CAPUTO, 2012).

5. POSSÍVEIS CAUSAS DAS PATOLOGIAS

Para o melhor entendimento das causas das patologias, deve-se conhecer


todas as possibilidades de patologias, de modo que seja possível permitir uma ação
mais qualificada dos diferentes agentes atuantes nas fundações, desde os
56

profissionais participantes das etapas de investigação geotécnica, projeto,


contratação de mão-de-obra, materiais utilizados, execução e fiscalização dos
serviços até a pós-construção, como, a boa prática da utilização das estruturas,
utilização das normas vigentes, empresas qualificadas para executar os serviços, a
fim de evitar o aparecimento de problemas.
A análise dos problemas de fundações inicia-se a partir da determinação das
cargas atuantes definidas em projeto e a adoção de um modelo de subsolo através
da investigação geotécnica. Falhas na determinação das cargas atuantes podem
gerar a ruptura das fundações. (HACHICH et al. 1998)
A complexidade do assunto permite com que tenhamos inúmeras hipóteses
relacionadas as possíveis causas de patologias ocorrentes em uma fundação, seja
ela rasa ou profunda. Sendo assim, podemos encontrar causas relativas ao solo e
suas propriedades; aos mecanismo da estrutura; do desconhecimento do
comportamento das fundações; das falhas na análise e execução do projeto; da
estrutura da fundação, etc. A Figura 20 pondera as etapas de um projeto de
fundação, assim como suas patologias e suas possíveis causas.

Figura 20: Fluxograma das etapas do projeto e possíveis causas de


patologias.
57

Fonte: SCHNAID et al., 2015

6.1. Problemas em Relação ao Comportamento do Solo

A fundação é considerada um elemento de transição entre a estrutura e o


solo. Seu comportamento está diretamente ligado com o comportamento do solo,
quando este é submetido ao carregamento através dos elementos estruturais
atuantes sobre a fundação. (SCHNAID et al., 2015)

Capello et al. (2010), relaciona as causas das patologias em relação ao


comportamento do solo, como:

5.1.1. Identificação incorreta ou não identificação dos movimentos do solo

Segundo Schnaid et al. (2015), as situações onde existe deslocamento ou


movimentação do solo, são as seguintes:

- Adensamento de solo mole provocando atrito negativo nas estacas;


- Adensamento de solo mole quando da ocorrência de estacas inclinadas,
provocando flexão nas estacas;
- Aterros assimétricos ou sobrecargas assimétricas sobre solos moles com
estacas inseridas no solo;
- Estacas próximas a escavações;
- Estacas em solos expansivos;
- Estacas em solos susceptíveis a colapsos.
58

Figura 21. Movimento de solos


Fonte: Poulos, 2006 apud Schnaid et al., 2015

Segundo Capello et al. (2010), a identificação incorreta ou não identificação


dos movimentos dos solos pode gerar recalques totais, recalques diferenciais,
rotações relativas, distorções angulares, etc...

5.1.2. Ausência, insuficiência ou falha de investigação geotécnica

De acordo com Schnaid et al. (2015), a ausência ou insuficiência de


investigação geotécnica é a falha mais comum de problemas em fundações. Sendo
o solo o meio que irá suportar as cargas aplicadas à fundação, a identificação e
caracterização de seu comportamento são de suma-importância à solução de
qualquer problema referente às fundações.
A investigação do subsolo é iniciada no escritório de engenharia, antes de ir
ao campo, e tem seu custo relacionado ao tamanho e complexidade do projeto.
Obras de pequeno e médio porte geralmente negligenciam essa etapa do projeto
para minimizar os custos da obra, apesar dessa ser uma prática inaceitável. As NBR
6122/2010 e 8036/1983 determinam o tipo de sondagem, o número mínimo de furos
e a profundidade de exploração.
59

O quadro 2 apresenta os problemas decorrentes da ausência de sondagem


nos diferentes tipos de fundação.

Quadro 2: Problemas típicos decorrentes da ausência de sondagens

Fonte: Schnaid et al., 2015

Há também o caso onde as sondagens são feitas, mas de forma insuficiente


como mostram a figura 22 que exemplifica o caso de números de sondagens
insuficientes e a figura 23 que ilustra uma sondagem onde a profundidade é
insuficiente.
60

Figura 22: Número de sondagens insuficientes: (A) Área não


investigada com subsolo distinto; (B) Áreas extensas e de subsolos variados.
Fonte: Schnaid et al., 2015
61

Figura 23: Profundidade de investigação insuficiente


Fonte: Schnaid et al;, 2015

Há ainda o caso onde podem haver falhas na sondagem, tanto na fase de


execução, quanto na interpretação dos dados obtidos (a fase de interpretação dos
dados obtidos será abordada mais à frente no tópico de Análise e Projetos).

Segundo Schnaid et al. (2015), na fase de execução das sondagens, alguns


problemas são comuns de serem encontradas, como: falha na localização dos furos
para a sondagem, execução incompleta, execução indevida ou ensaio não
padronizado, utilização de equipamentos com defeito ou fora da especificação, má
descrição do tipo de solo, etc... Ainda pode-se citar como problema na execução, os
procedimentos fraudulentos de multiplicação dos furos, onde a empresa diz que
realizou a sondagem mas apresenta um relatório falso, contendo serviços que não
foram realizados.
Essas falhas podem causar problemas durante a execução das fundações,
pois os dados obtidos pelas sondagens não serão precisos e o trabalho em campo
estará em desacordo com o que foi planejado previamente. Existem alguns
indicadores que alertam sobre essas possíveis falhas: investigações profundas com
tempo de serviço relativamente baixo, elevado número de perfurações executado
pela mesma equipe em um curto espaço de tempo, resultados de sondagem
semelhante entre furos (mesmo número de golpes do SPT, mesma espessura das
camadas, etc...).
62

5.1.3. Casos especiais

De acordo com Carvalho (2010), algumas vezes a identificação da origem dos


problemas nas fundações são complicadas por se tratarem de casos especiais
como: a influência da vegetação nas fundações, solos expansivos, colapsibilidade
dos solos, regiões de mineração entre outras causas que podem resultar em
patologias de difícil reparo e alto custo. Ainda existem outras causas como a
presença de matacões gerando a falsa impressão de estabilidade da camada de
solo e a adoção de fundações inadequadas. (CAPELLO et al., 2010)

Este assunto será abordado no sub-tópico 5.8 por se tratar de várias


situações específicas que precisam ser mais bem detalhadas.

6.2. Desconhecimento do Comportamento das Fundações

Segundo Schnaid et al. (2005) as causas mais comuns de patologias em


fundações relacionadas ao desconhecimento do comportamento das fundações são:
distintas fundações em uma mesma estrutura, fundações profundas em solos com
aterros compactados, deslocamento de estacas, carregamentos assimétricos numa
estrutura.

1.1.1. Fundações diferentes na mesma estrutura

Situação bastante comum em fundações, principalmente em edifícios de


médio e grande porte, provocando assentamento diferencial e danos a estrutura. Isto
acontece por que ao adotar uma fundação para a estrutura, não é utilizado juntas de
dilação para separar cada fundação, desconsiderando o fato de que cada fundação
tem seu próprio comportamento, e que suas cargas, profundidade das camadas
mais resistentes, podem variar em uma mesma construção. (CARVALHO, 2010)
63

Figura 24: Sistemas de fundações diferentes atuando em condições


diferentes, não separados por juntas de dilatação.
Fonte: Schnaid et al., 2005 apud Carvalho 2010

5.2.2 Carregamentos assimétricos numa estrutura:

Os assentamentos diferenciais e fendas que ocorrem nas estruturas são


bastantes comuns em torres. Isto acontece quando em uma região temos cargas
muito elevadas próximas a carregamentos bem inferiores, mesmo sendo construídas
com o mesmo tipo de fundação, sem juntas de dilatação e/ou pilares apoiados
nessas fundações. (CARVALHO, 2010)

Figura 25: Assentamentos provocados por carregamentos diferentes numa


mesma fundação.
Fonte: Schnaid et al., 2005 apud Carvalho 2010
64

6.3. Estrutura da Fundação

Segundo Carvalho (2010) são patologias oriundas de problemas relacionados


a fase de análise e projeto de fundações, onde o Engenheiro responsável determina
de forma errônea as solicitações atuantes na estrutura ou projetam as fundações
levando em conta somente a carga atuante, também pode ser ocasionada pela falha
no dimensionamento estrutural, da desconsideração de cargas, ausência de
armaduras secundarias, etc.

5.3.1 Equívoco na determinação das solicitações:

Ocorrem geralmente em obras de pequeno porte, onda a fiscalização e


controle de obras são menores, também podemos observar este caso em obras de
alta complexidade como torres e industrias ou em casos em que o Engenheiro
Responsável pela obra possui pouca experiência, gerando falha no momento de
determinar as cargas que irão atuar na fundação.
Outro equivoco bastante comum citado é na projeção da fundação levando
em conta somente as cargas atuantes durante o período útil da estrutura. Isto
acontece, pois na maioria das vezes Engenheiros menos experientes
desconsideram o fato de que qualquer estrutura está sujeita a sobrecargas variáveis
que podem atuar por um certo tempo, ou até mesmo sobrecargas acidentais que de
certa forma podem afetar a estrutura.
Além disso, a consideração de cargas máximas atuantes na fase de calculo
de um projeto estrutural, sem levar em conta as cargas mínimas que podem estar
presentes, acarreta em danos futuros para a estrutura, como ocorre em
reservatórios, por exemplo. Ao projetar um reservatório considerando somente
cargas máximas, entende-se que o mesmo sempre estará cheio, o que não
acontece na prática, pois há momentos em que o reservatório estará vazio e sob
efeito da ação do evento, o que poderá danificar a estrutura, haja vista que o mesmo
não foi projetado para receber este tipo de solicitação. (CARVALHO, 2010)
65

6.4. Patologias Decorrentes de Falhas no Projeto Executivo

Segundo Olivari (2003), os principais problemas encontrados em projetos


executivos resumem-se em:

 Cálculo e dimensionamento incorreto;

 Não consideração de efeitos térmicos;

 Divergência entre projetos;

 Falha na especificação dos materiais utilizados;

 Projetos com poucos detalhes.

1.1.2. Dimensionamento incorreto:

O dimensionamento incorreto de elementos de uma fundação tais como


estacas para pilares adjacentes muito próximos ou apoiadas sobre camadas pouco
espessas, além de dimensões inadequadas para sapatas podem acarretar em
graves patologias, podendo até mesmo comprometer toda obra, além de causar um
enorme prejuízo financeiro ao proprietário. (CARVALHO, 2010)

“O cálculo de tração do grupo de estacas a partir da soma das cargas de


ruptura de cada estaca considerada individualmente, resultando em valores
superiores ao real ocasiona em problemas na fundação.” (CAPELLO et.al, 2010)

Ainda segundo Capello et.al, patologias ocasionadas por esforços


sobrepostos originados na obra acontecem pois os bulbos de tensões de edificações
vizinhas não possuem distancia suficiente de modo a evitarem tal ação. Sendo
assim, ao dimensionar uma fundação ou fazer o estudo prévio para tal projeto, deve-
se obrigatoriamente verificar este detalhe.
66

Figura 26: Sobreposição de tensões em fundações superficiais.


Fonte: Milititsky, 2008.

1.1.3. Efeitos Térmicos:

Embora pareça superficial, a consideração da variação térmica em uma


estrutura ao longo dos anos, não deve ser em hipótese alguma deixada de lado por
engenheiros.
“As variações de temperatura diárias nos componentes de um edifício
provocam alterações nas suas dimensões, redundando em movimentos de dilatação
e contração ” (OLIVARI, 2003)

Figura 27: Fissura ocasionada devido a movimentação térmica.


Fonte: Thomaz, 1989 apud Olivari 2003
67

Demais causas relacionadas ao projeto executivo:

Graves patologias podem ser causadas por pequenos detalhes que muitas
das vezes passam despercebidos aos olhos dos responsáveis pela obra. Isto
geralmente ocorre quando em uma obra, o proprietário opta por modificar várias
vezes o responsável. Com isso, modificam-se detalhes importantes para um projeto,
tais como: lista de materiais que serão utilizados (na maioria das vezes, acaba-se
optando pelo improviso na execução da fundação), informações e detalhes sobre
algum ponto específico da obra (modifica-se, por exemplo, os pontos onde serão
feitos as sondagens), etc. (CAPELLO, 2010)

6.5. Falha na execução de fundações

Segundo Capello (2010) e Carvalho (2010) a segunda maior causa que levam
a patologias nas fundações são as falhas decorrentes a execução das fundações.
Pré-requisitos como os materiais e procedimentos que serão empregados na obra
deverão ser especificados de forma coerente e detalhada, assim como
equipamentos e mão de obra a ser utilizada, a fim de que a fundação seja executada
de forma adequada e segura.

Schnaid et al. (2005) afirma que quanto aos tipos de patologias que poderão
ser encontradas devido a falha na sua execução, podemos dividi-las em duas
partes:
1) Quanto a problemas encontrados devido a execução de fundações
diretas;
2) Quanto a problemas encontrados devido a execução de fundações
profundas.

1.1.4. Falha de execução em fundações superficiais

Segundo Schnaid et al. (2005), os problema de execução em fundações


diretas são classificados de acordo com sua origem, podendo ser relacionados com
o solo onde foram executados os serviços ou com problemas nos elementos
estruturais da fundação.
68

Segundo Carvalho (2010) as fundações superficiais são as mais suscetíveis a


patologias por serem as mais utilizadas e as mais simples de serem executadas no
mercado. Isto ocorre, pois por se tratar de um processo teoricamente mais simples
de ser executado, muitos proprietários não dão o devido valor a ensaios preliminares
ou outro tipo de estudo e, acabam na maioria das vezes executando o projeto com
auxilio de profissionais sem devida qualificação, que utilizam dados de projetos de
obras semelhantes e/ou vizinhas, a fim de diminuir o custo da obra (lembrando que
um simples ensaio de reconhecimento do solo geralmente não ultrapassa os 5% do
custo final da obra). As principais patologias que ocorrem nas fundações diretas são
causadas pelo solo ou por elementos estruturais da fundação.

1.1.4.1. Falhas na execução envolvendo o solo

Carvalho (2010) diz que existem vários problemas envolvendo o solo que
poderão causar patologias na execução de fundações superficiais. Problemas
relacionados a escavação preliminar e aterros mal executados, a substituição do
solo por outro material inadequado para exercer tal função, sapatas que são
executadas em cotas diferentes.

Figura 28: A) Escavação para posterior aterro para execução de fundação.


B) Fundações apoiadas em solos de comportamentos distintos.
Fonte: Schnaid et.al, 2005.
69

1.1.4.2. Problemas envolvendo elementos estruturais da fundação

Capello et.al (2010) ponderam que os principais problemas decorrentes da


ineficácia envolvendo elementos estruturais são:
 A qualidade inadequada do concreto, como por exemplo, resistência
abaixo da especificada em projeto;
 Ausência da regularização do concreto da cava da fundação, que
resulta na exposição da fundação à camadas mais agressivas do solo;
 Presença de água na cava no momento da execução, comprometendo
a qualidade do Betão, haja vista que o mesmo não permite nenhum
vazamento de água para o interior;

Figura 29: Redução do nível freático com auxilio de bombas.


Fonte: Fritz, 2009

 Execução de dimensões diferentes daquelas especificadas em projeto,


o que ocasiona em tensões atuantes distintas das calculadas;
 Junta de dilatação mal executada;
 Falta de recobrimento da armadura;
 Adensamento insuficiente e vibração excessiva do concreto, gerando
elementos com geometrias diferentes das previstas;
A Figura abaixo exemplifica uma patologia decorrente da má vibração do
concreto.
70

Figura 30: Patologia gerada na concretagem devido a má


vibração do concreto.
Fonte: Schnaid et al., 2005 apud Carvalho 2010

 Armaduras mal posicionadas ou muito densas, podendo ter seus


estribos dispostos de maneira incorreta ou insuficiente, fazendo com
que a armadura enfraqueça.

Figura 31: Patologias ocasionadas por acumulo de detritos ou


má execução das armaduras.

Fonte: Schnaid et al., 2005 apud Carvalho 2010


71

1.1.5. Falha na execução de fundações profundas

Carvalho (2010) ressalta que um prévio diagnóstico nos cálculos e métodos


específicos, além do entendimento do comportamento do solo, são fatores
primordiais para a obtenção de um triunfo na execução de uma fundação profunda.
É valido atentar-se ao fato de que todos os processos e métodos adotados neste
modelo de fundação na fase de projeto, devem considerar as condições do terreno
próximas da realidade.

Schnaid et al. (2005) afirmam que as fundações profundas irão sempre


depender de variáveis, tais como as condições de campo, alteração das
características do subsolo com o decorrer dos anos e limitações quanto a
capacidade que um equipamento pode suportar. Todas estas variáveis a ser
consideradas irão obrigatoriamente fazer com que tenhamos modificações
substancias no projeto original. Ou seja, ao executar a fundação, o Projetista e o
Executante deverão estar em sintonia, para que as condições pré-estabelecidas
sejam checadas, avaliadas e cumpridas corretamente durante a execução.

As principais falhas genéricas que ocorrem em fundações profundas são


oriundas de tais equívocos:

 Locação das estacas de forma incorreta. Estacas fora da posição


prevista em projeto estão sujeitas a cargas não previstas
anteriormente;

 Falha devido aos desvios no estaqueamento, caso hajam obstruções


como blocos de rochas maciços;

 Estacas com dimensões inferiores às definidas em projeto podem


causar a diminuição da resistência da estrutura;

 Alterações efetuadas sem qualquer tipo de cálculo e indicação no


projeto, como por exemplo, a substituição de uma estaca pré-moldada
por uma de diâmetro inferior, alterando o centro de gravidade das
peças e conseqüentemente alterando as cargas atuantes;
72

 Problemas na conexão das estacas com o solo podem originar


deformações ao decorrer da execução da estrutura;

 Falhas na montagem das armaduras;

 Concreto com resistência inferior à especificada no projeto.

1.1.5.1. Patologias em estacas cravadas

Conforme afirma Carvalho (2010), as estacas cravadas são usualmente


utilizadas em solos cuja camada é considerada de fraca resistência e está se
sobrepondo a uma camada de maior resistência. Podem atingir uma profundidade
de até 50 metros e trazem uma maior estabilidade para a construção e necessitam
de uma máquina de rastos com torre vertical para serem implantadas.

Schnaid et al. (2005) pondera que os principais problemas relacionados à


estacas cravadas são ocasionados pela falta de energia na cravação ( se dão pelo
fato do peso do martelo ser insuficiente para a realização da cravação, pela energia
insuficiente necessária para transcender camadas mais resistentes do solo
,ocasionando em elementos cravados à profundidades menores do que as previstas
em projeto) e pelo excesso de energia ( quando se utiliza martelos mais pesados do
que os indicados ou pela excedente altura de queda, ambos desencadeando danos
à estrutura). A figura abaixo ilustra a presença de matacão durante a cravação da
estaca.

Figura 32: Dano à estaca cravada devido a presença de matacão.


Fonte: Schnaid et al., 2005.
73

Há outras ocorrências relacionadas a cravação de estacas, estas não menos


importantes e não desconsideráveis, que são citadas por Carvalho (2010):

 Dificuldade de cravação devido ao pouco espaçamento entre as


estacas;

 Levantamento de estacas vizinhas causadas pelo deslocamento


do solo no ato de cravação de uma outra estaca;

 “falsa nega” ao tentar cravar a estaca em um solo e a mesma


não conseguir penetrá-lo, porém posteriormente em outra
tentativa, a estaca consegue se adentrar ao solo;

 Excessivo uso de jatos de água, que podem afetar a resistência


lateral da estaca;

 Deslocamento lateral das estacas durante o processo de


cravação.

1.1.5.2. Patologias em estacas de madeiras

Carvalho (2010 apud Guerra et al. 2006) pondera que a estacas de madeiras
não possuem grande resistência quando há variação de umidade no solo, se
tornando um objeto com maior fragilidade. Sendo assim, é recomendável o emprego
deste tipo de estaca quando o terreno apresenta-se permanentemente seco ou com
baixo teor de umidade. É importante ressaltar que a cravação da estaca é realizada
através de um equipamento estático e/ou equipamento dinâmico.
74

Schnaid et al. (2005) ressaltam a importância dos cuidados ao optar pela


escolha da utilização da estaca de madeira, tais como: verificar as propriedades
físicas da madeira, a umidade do solo onde será cravada, etc., pois é um material
com enorme sensibilidade a patologias.
Capello et al. (2010) destaca as principais patologias relacionadas ao uso
deste tipo de fundação profunda na execução de uma fundação:

 Uso do material inadequado, tendo baixa resistência ou geometria fora


do padrão;
 Falta de proteção na cabeça da estaca, fazendo que com a mesma
seja danificada e amortecida durante a cravação. É importante que
haja na parte superior um anel metálico para proteger a estaca das
pancadas recebidas durante a cravação, da mesma forma que na parte
inferior é necessário uma ponteira de aço para facilitar a penetração ao
solo;
 Danos na ponta da estaca, causados por tentativas excessivas de
penetração em obstáculos de alta resistência. Por exemplo: tentativa
de penetração em um matacão;
 Emendas inadequadas, diminuindo a resistência da cravação da
estaca;

Carvalho (2010 apud ASEFA 2009) pondera que além das patologias
relacionadas aos problemas citados acima, há outras causas que também podem
ser destacadas:
 Variações de umidade;
 Patologias de origem orgânica, como:
 Ataque de fungos na parte exposta da madeira, podendo deteriorar
parcialmente a estaca e conseqüentemente causar danos a estrutura;
 Ataque bacteriano, que acontece da mesma forma que a invasão de
fungos, porém a diferença é que as bactérias são capazes de
desenvolver-se debaixo da água, podendo assim, deteriorar a estaca
por completo.
75

 Ataques de organismos marinhos que se alimentam de madeira, como


as larvas e vermes.

1.1.5.3. Patologias em estacas metálicas

Guerra et al. (2006 apud Carvalho 2010) destaca a função das estacas
metálicas em diversos modelos de obras, podendo ser utilizada de forma definitiva
ou temporária, como por exemplo em contenção de taludes e proteção de paredes,
respectivamente.

Dentre as vantagens citadas na utilização da estaca metálica, em destaque


pode-se ressaltar o fato do material poder ser utilizado várias vezes sem
comprometer a sua funcionalidade, além de ser maleável (podendo ser cortado ou
emendado) e resistente a elevados esforços. Em contrapartida, em obras marítimas
por exemplo, a empregabilidade deste tipo de estaca pode comprometer a estrutura,
haja vista que o mesmo está sujeito a corrosão.

Utiliza-se um vibrador ou um martelo hidráulico para fazer a cravação de


estacas metálicas.

Figura 33: Cravação de estacas metálicas.


Fonte: Guerra et al. 2006 apud Carvalho 2010
76

Capello et al. (2010) e Carvalho (2010) convergem sobre os principais


problemas encontrados relacionados a estaca metálica, que são:

 Problemas na soldagem dos elementos, podendo ocorrer devido a


empregabilidade inadequada da técnica de soldagem, o que pode
acarretar na quebra da estaca;
 Excesso de energia na cravação;
 Estacas esbeltas em solos moles podem causar flambagem e
instabilidade na estrutura;
 Problemas de emendas em estacas metálicas ocasionam em danos à
estrutura, pois a mesma perderá resistência;
 Elementos muito esbeltos tendem a entortar quando se deparam com
certos obstáculos, não atingindo a profundidade desejada;

A) B)
Figura 34: A) Deformação da estaca devido a inclinação da camada
resistente e B) devido a presença de um bloco de rocha.
Fonte: Adaptado de Carvalho, 2010.

6.6. Fundações Sobre Aterros

Segundo Logeais (1971), cerca de uma em cada quatro falhas em fundações


é causada por aterros mal compactados. Seja ele um aterro recente ou um aterro
mal compactado, independente do recalque do aterro ter sido acelerado por uma
ocorrência sazonal ou, acidental de água.
É de conhecimento de todo profissional de engenharia que os aterros sofre
recalque. Mesmo assim, muitas construções são executadas sobre aterros sem que
77

as devidas precauções sejam tomadas. Alguns aterros são especialmente perigosos,


entre eles:

1.1.6. Aterros recentes

Mesmo quando compactados em camadas regulares, os aterros recentes em


sua última camada ainda não possuem seu assentamento completo. Por esse
motivo, quando há alguma carga aplicada sobre este terreno, ele recalca e pode
causar danos às estruturas sobre ele.
A figura 35 mostra uma construção composta de duas partes, a primeira um
edifício de 12 pavimentos e a segunda uma estrutura composta por 2 pavimentos.
Durante sua construção, a parte composta por 2 pavimentos sofreu um recalque
diferencial. A vistoria constatou que esta parte da construção teve sua fundação
executada em parte sobre um aterro.

Figura 35: Fundação executada parcialmente sobre aterro recente.


Fonte: LOGEAIS, 1971
78

As figuras 36 apresenta uma fissura decorrente de uma fundação executada


sobre um aterro recente.

Figura 36: Fissura decorrente de fundação executada sobre aterro


recente
Fonte: LOGEAIS, 1971

1.1.7. Aterros de espessura variável

Como todos os aterros sofrem com recalques, é considerado que quanto


maior é a camada do aterro, maior será a importância da compactação ser bem
feita. Caso uma fundação seja executada sobre um aterro de espessura variável,
deve-se considerar os recalques diferenciais para efeito de cálculo. Para o que
ocorreu com a Torre de Pisa (figura 37) não ocorra, deve-se estudar não somente a
rigidez da obra a construir, mas ainda a estabilidade do sistema solo-estrutura.
(LOGEAIS, 1971)
79

Figura 37: Exemplo de recalque diferencial em aterro de espessura


variável.
Fonte: LOGEAIS, 1971

1.1.8. Aterros sobre terrenos compressíveis ou instáveis (inclinados).

Logeais (1971) define os aterrenos compressíveis ou instáveis (inclinados),


como:

1.1.8.1. Aterros sobre terrenos compressíveis

Caso o terreno natural seja constituído de materiais muito compressíveis,


como é o caso de argilas com alto teor de umidade, não é aconselhável que seja
feita a execução de aterros, pois podem aumentar o nível de recalque do solo. Para
se ter uma idéia da carga aplicada por um aterro, 1m³ de aterro pode exercer uma
pressão superior a 15 MPa no solo.
Caso a obra a ser realizada em um terreno muito compressível não justificar a
adoção de fundações profundas, deve-se encontrar uma solução para que a
fundação sobrecarregue o terreno o mínimo possível.
80

1.1.8.2. Aterros sobre terrenos instáveis (inclinados)

Os dois principais inconvenientes de construir sobre aterros em terrenos


instáveis são:

 Como a função do aterro é fornecer um terreno estável e plano,


em terrenos inclinados esse aterro terá sua altura variável e
podem gerar recalques diferenciais caso sejam utilizados como
base para fundações.

 As águas superficiais podem infiltrar-se no terreno natural,


provocando o seu recalque ou desmoronamento em conjunto
com o aterreno. Para previnir que isso aconteça, deve-se
decapar o terreno natural e prever drenos a montante do aterro.

Diante dos fatos apresentados, entende-se que executar uma edificação, de


qualquer tipo que seja, sobre um aterro recente, pode sempre gerar alguma
patologia, mesmo quando são tomados todos os cuidados na execução e no projeto.
Isto porque, o aterro só atinge sua estabilidade definitiva alguns anos após sua
execução.
Pode-se dizer que em alguns casos como em aterros homogêneos de
espessura constante, que é executado sobre um terreno sólido, a construção pode
ser encarada sem grandes riscos. Caso contrário, deve-se sempre analisar bem o
tipo de solo e de aterro antes de executar as fundações, para que não hajam
problemas com a estabilidade do conjunto da construção. (LOGEAIS, 1971)

6.7. Efeitos Pós-Conclusão da Fundação

Esta abordagem irá tratar sobre os fatores que levam uma fundação
executada de forma adequada e segura a apresentar patologias após a conclusão ,
comprometendo seu funcionamento e pondo em risco a estabilidade da estrutura.
Alguns itens que serão analisados a seguir podem ser prognosticado na fase
de concepção do projeto e assim serem tomadas as medidas cabíveis para que os
mesmos não venham a comprometer futuramente. Entretanto, por se tratar de uma
81

área bastante complexa na engenharia e com inúmeras variáveis, alguns sinistros


não podem ser previstos na fase de projeto, sendo assim tratados como acidentes.
Portando, Schnaid et al. (2005) enumera e analisa as patologias mais comuns
neste tipo de caso e que podem ser divididas em três grupos:

1) Modificação no carregamento da superestrutura;


2) Movimentação do maciço devido a ações externas;
3) Vibrações e choques.

1.1.9. Modificações no carregamento da superestrutura

Certas modificações em uma estrutura não previstas durante a fase de projeto


podem levar ao surgimento de patologias nas fundações provocando instabilidade
na estrutura e até mesmo o colapso. Este tipo de problema é comum quando há
modificação na função das estruturas ou em uma ampliação para qual a estrutura
não foi projetada.

1.1.9.1. Modificação da função das estruturas

As fundações são projetadas para que recebam as solicitações que foram


previstas e calculadas durante o projeto. Dito isso, quando acontecem modificações
em suas funções estruturais, logicamente suas solicitações também irão variar,
ocasionando num acréscimo significativo de cargas que não foram previstos para a
fundação. (SCHNAID ET AL., 2005)

Carvalho (2010) complementa que este tipo de ocorrência é bastante comum


de ser encontrado em edificações comerciais e industriais onde constantemente há
alterações das funções que foram estabelecidas no projeto e até mesmo a
implantação de novas instalações para a realização de atividades, o que gera o
acréscimo de cargas que a fundação terá de suportar, pondo em risco a boa
funcionalidade da fundação e sua estabilidade. Sendo assim, é recomendável em
qualquer hipótese, verificar as condições para a qual a fundação foi projetada.
82

Abaixo, a Figura 38 mostra a alteração do uso da estrutura.

Figura 38: Alteração no uso da estrutura, onde o projeto que era previsto para
uma escola, tornou-se uma biblioteca.
Fonte: Schnaid et al., 2005 apud Carvalho 2010

1.1.9.2. Modificação ou ampliação não prevista

São situações que ocorrem com certa freqüência em prédios que são
reformados e prédios comerciais que ampliam seu espaço comercial, sem que haja
qualquer reforço estrutural. Sendo assim, estes eventos não previstos no projeto
provocam um aumento de cargas sob a fundação (diferente da solicitação para a
qual foi projetada), impossibilitando a mesma de resistir aos esforços que irão surgir
no decorrer do tempo, ocasionando em fissuras, assentamentos, etc. (CARVALHO,
2010)
83

1.1.10. Movimentação do maciço de terra devido à ações externas

Schnaid et al., (2005) a movimentação de solo envolvendo as ações externas


comprometem o comportamento do solo e consequentemente a estabilidade da
fundação. Estes deslocamentos podem ser oriundos de uma série de fatores como
escavação, rebaixamento do nível de lençol freático, demolições, implantação de
fundações profundas, cravação de estacas, dentre outros. Entretanto, a seguir serão
destacados os principais.

1.1.10.1. Alteração no uso de terrenos vizinhos

Em relação ao uso de terreno vizinhos, Schnaid et al., (2005) destaca duas


situações bastante comuns:

1) A construção de uma edificação sem que seja criada uma junta de


separação entre elas e a ampliação de obras sem que haja em sua nova
etapa, uma junta de separação. É bastante comum observarmos este
anomalia quando é construído uma edificação “pesada” ao lado de uma
edificação “leve”.

Figura 39: Construção de novas estruturas sem junta de


separação.
Fonte: Schnaid et al., 2005 apud Carvalho, 2010

2) A construção de grandes estruturas ou com grandes cargas no entorno de


fundações superficiais;
84

1.1.10.2. Instabilidade de taludes

Imprevisíveis na fase de concepção do projeto, os fenômenos naturais, como


a erosão, ocasionam em desiquilíbrio do talude e acarretam em deslizamentos que
podem deteriorar as fundações e, em casos mais extremos provocam o
deslizamento completo da estrutura. (SCHNAID et al., 2005)

“Muito dos problemas devido aos deslizamentos pontuais de encostas são


provocados pela ausência de verificação da estabilidade do talude sob o efeito da
sobrecarga provocada pela estrutura sobre o talude.” (Carvalho, 2010)

Figura 40: Problemas de estabilidade de talude após construção de uma


estrutura.
Fonte: Schnaid et al., 2005 apud Carvalho, 2010

1.1.10.3. Rebaixamento do lençol freático

“Para efetuar construções abaixo do nível freático é recorrente utilizar


métodos para baixar o nível freático e, sempre que é rebaixado, o peso do solo
varia, provocando aumento de tensão efetiva atuante na massa do solo.” (Carvalho,
2010)
Ainda segundo Carvalho (2010) ,ao rebaixar o nível freático, automaticamente
também estará afetando as fundações vizinhas em que as fundações são do tipo
superficiais e o solo granular, o que gera assentamentos. Em solos parcialmente ou
totalmente compactados, este só irá causar efeito em casos de perda ou
85

movimentação do maciço. Entretanto, ao analisar este comportamento em um solo


argiloso, os efeitos são mais significativos.

Figura 41: Assentamento em estrutura vizinha devido ao rebaixamento do


nível freático.

Fonte: Schnaid et.al, 2005 apud Carvalho, 2010

6.8. Casos Especiais

1.1.11. Influência da vegetação nas fundações

De acordo com Schnaid (2015), a vegetação pode influenciar as fundações de


duas maneiras. A vegetação pode interferir nas fundações fisicamente por meio de
suas raízes ou, modificando o teor de umidade do solo.

Reinert, et al. (2008), diz que as raízes do solo absorvem água do solo e
desse modo alteram consideravelmente o teor de umidade do solo em comparação
a umidade que esse mesmo solo teria caso não houvessem raízes. Essa alteração
no teor de umidade do solo acarreta alterações no volume de solo e é relacionado
com sua permeabilidade.

Algumas espécies de árvores estendem redes de raízes que vão da primária


até a quaternária e são essas raízes as responsáveis por absorver a água dos solos.
86

A profundidade das raízes também está diretamente ligada à espécie da árvore e


seu tamanho. Também é levado em consideração o nível do lençol freático. Em
casos onde há água abundante e o lençol freático se encontra há no máximo 6m da
camada superficial do solo, as raízes são superficiais. No caso onde não há
abundância de água ou o lençol freático se encontra em uma profundidade maior, as
raízes também atingem uma maior profundidade, podendo crescer até 20mm por
dia.
A extensão das raízes geralmente ocorre lateralmente, reproduzindo a
sombra projetada pela árvore. Apesar de isso não ser um padrão, a extensão das
raízes também está ligada à espécie e ao tamanho da árvore.
A quantidade de água que cada árvore extrai do solo leva um consideração
outros fatores além do tamanho e da espécie da árvore. Também são considerados
o clima local, ta temperatura, o vento, etc... A quantidade água que uma árvore
consome por dia, ultrapassa facilmente os 100 litros. (CARVALHO, 2010)

Carvalho (2010) lista alguns problemas que podem ser ocasionados pela
influência da vegetação nas fundações:

Assentamento: À partir da absorção de água pelas raízes, o teor de umidade


é reduzido, o que leva à diminuição do volume principalmente em solos argilosos e
conseqüentemente pode causar assentamentos estruturais.

Levantamento: No caso de um sistema bem equilibrado solo-vegetação, caso


a vegetação seja subitamente retirada, o teor de umidade aumentará, o que causará
o aumento do volume do solo, o que pode acabar movendo a estrutura.

Vegetação agressiva: Algumas espécies de árvores possuem raízes


agressivas que em alguns casos podem invadir estruturas e danificar tubulações de
água e esgoto.
87

Figura 42: I) Ação das raízes infligindo cargas sobre a fundação. II)
Ação das raízes alterando o teor de umidade, provocando o movimento dos
solos.
Fonte: Elaborado pelos autores.

Ainda de acordo com Carvalho (2010), algumas medidas podem ser tomadas
para evitar danos causados pela vegetação, como:

 Controle e substituição de espécies agressivas;


 Poda das árvores;
 Corte moderado das raízes das árvores;
 Controle de água no solo, principalmente em épocas de seca,
para não criar desequilíbrio no sistema solo-vegetação.

1.1.12. Solos Expansivos

Solos expansivos são solos não saturados que sofrem considerável variação
em seu volume quando estão sujeitos a variações do teor de umidade, dito isto
admite-se seu comportamento como sendo variável. Durante períodos de seca,
esses solos encontram-se com alto grau de retração, o que aumenta
consideravelmente sua resistência, tornando mais difícil sua escavação. Durante os
períodos de chuva, ou quando há alguma infiltração de água decorrente de
vazamentos ou outras fontes, o teor de umidade aumente e o solo tende a se
expandir e aumentar seu volume de forma considerável. (CAVALCANTE ET AL.,
2006)

Quando um solo se expande pode provocar graves danos estruturais às


edificações que estão apoiadas sobre ele, principalmente as de menor peso (Figuras
88

1 e 2). É de suma importância compreender os fatores que levam o solo a se


expandir para se tomar medidas que minimizem as ações de recuperação pois estas
possuem elevado valor.

Figura 43: Ruptura de pórticos causada pela expansão dos solos


Fonte: Cavalcante et al., 2006
89

Figura 44: Inclinação de pilares devido à expansão do solo sob a


fundação.
Fonte: Cavalcante et al., 2006

Schnaid et al. (2005) cita três de técnicas para controlar a expansibilidade dos
solos:

“1) Isolar a estrutura dos solos expansivos através de materiais


indeformáveis que são sujeitos às forças de expansão que os comprimem,
mas estas forças não são transmitidas a estrutura, esta solução minimiza os
efeitos da expansão, mas não os elimina por completo, por isso esta medida
deverá ser acompanhada por outras soluções da engenharia;
2)Equilibrar as forças de expansão, através de aterros de material inerte
sobre o solo, o peso da camada de aterro equilibra as forças de expansão;
3) Eliminar os efeitos da expansibilidade através de agentes alcalinos como
a cal, que neutralizam os efeitos da expansão.”

1.1.13. Colapsibilidade dos solos

O colapso dos solos está diretamente ligado à perda de resistência do solo


não saturado e dá-se devido a perda dos vínculos entre as partículas sólidas ou pela
destruição dos efeitos capilares. Para que o colapso do solo aconteça, o solo deve
atender algumas condições próprias do processo de colapso e ter as características
de solos colapsíveis.
Para que seja feito o projeto de fundação em solos colapsíveis, este deve
atender a alguns requisitos, entre eles: capacidade de carga do solo, escolha
adequada do tipo de fundação, tratamento do solo de fundação e tomar as devidas
precauções construtivas. As soluções mais indicadas para fundações em solos
colapsíveis são as estacas de concreto, moldadas in loco ou cravadas. A utilização
de fundações diretas não é indicada devido ao solo colapsível servir de apoio à
fundação.
90

Quando os solos susceptíveis ao colapso estão com um alto teor de umidade,


podem ocorrer recalques por colapso. Caso ocorra o recalque, é necessário que
seja feita sua determinação e localização para que as devidas providências sejam
tomadas. Uma vez que os reparos ou tratamentos sejam devidamente executados e
a fonte do recalque seja eliminada, deve-se planejar a correção e intervenção das
estruturas da edificação e da fundação.
Os grandes recalques diferenciais apresentados em solos colapsíveis podem
gerar trincas e rebaixamento do nível do piso de cômodos próximos ao local do
recalque, devido ao solapamento que geralmente acomete o solo sob estes pisos.
Caso hajam vazamentos em redes de esgoto ou de água, estes geralmente são
vistos em banheiros, cozinhas e áreas de serviço. Por este motivo deve-se instalar
estas redes dentro de dutos de proteção.
Como solução para este problema, pode ser feito o reforço de fundação
utilizando estacas mega no caso de edificações de pequeno e médio porte, ou até
mesmo a utilização de estacas de concreto moldadas in loco.
Após feito o reforço da fundação, a estrutura pode ser levemente erguida com
o auxílio de macacos e assim, é possível que seja novamente nivelada e calçada.
Feito isso, muitas das trincas diminuem suas aberturas facilitando suas correções.
Porém é válido lembrar que os reforços de fundações ainda são soluções com alto
custo de execução, por isso, devem ser bem estudadas e elaboradas, de modo a
evitar problemas futuros. (LOLLO, 2008)
91

7. METODOLOGIA

A princípio, foi estabelecido um tema para estudo bem como seus objetivos.
Com o intuito de alcançar os resultados esperados deste projeto, foi realizada uma
pesquisa bibliográfica sobre os conceitos envolvidos na elaboração do projeto. A
revisão bibliográfica baseou-se, em sua totalidade, em monografias, livros, artigos e
textos de fontes nacionais e internacionais, tanto em mídia digital, quanto impressa.

O levantamento de referenciais teóricos previamente analisados, e divulgados


por meios eletrônicos e escritos, como livros, monografias, artigos, etc., é conhecido
como pesquisa bibliográfica. Todo trabalho científico começa com uma pesquisa
bibliográfica, que fornece ao pesquisador as diretrizes para entender o que já se foi
estudado sobre certo assunto. Existem também pesquisas científicas que se
baseiam somente na pesquisa bibliográfica, com o objetivo de recolher informações
sobre o problema a ser dissertado. (FONSECA, 2002)
92

Com o objetivo de apresentar as causas mais comuns para as patologias em


fundações, foram utilizadas diversas referencias para incrementar conteúdo ao
projeto, seja na parte escrita ou com imagens.

Sendo assim, foi possível apresentar um conteúdo com mínimos detalhes


envolvendo a problemática da pesquisa, esclarecendo conceitos e definições, além
de utilizar imagens, tabelas e quadros para melhor compreensão do leitor.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do presente trabalho, foi a realização de uma pesquisa altamente


detalhada sobre as principais patologias em fundações e suas possíveis causas.
Sendo assim, não poderíamos deixar de enfatizar tópicos que auxiliam qualquer
Engenheiro num melhor entendimento sobre o assunto.

A abordagem é bastante ampla e envolve outras áreas da engenharia, como a


mecânica dos solos e o cálculo de estruturas. Sendo assim, entender os princípios
básicos de mecânica dos solos, tais como: a origem e formação dos solos;
classificação dos solos; compressibilidade dos solos, tensões nos solos e
investigação geotécnica são fundamentais para que o estudo sobre fundações seja
realizado de forma concisa.

Para compreender as patologias e suas causas em uma fundação, foi preciso


conhecer detalhadamente cada conceito, saber a definição de fundação direta e
fundação profunda, assim como sua tipologia, seus processos e métodos, além de
suas variadas formas de empregabilidade.

Sendo assim, através do conhecimento da forma como cada elemento


estrutural de fundação pode atuar em uma determinada construção, foi possível
93

conhecer o que chamamos no ramo da engenharia de “patologias em fundações”.


Observamos que estas originam em diversos recalques na estrutura, podendo ser
diferencial, admissível, por adensamento ou por escoamento lateral, além de outras
patologias mais comuns como trincas, fissuras e rachaduras.

Entretanto, estudar e analisar as causas que provocam estas patologias foi a


parte mais complexa de nossa pesquisa bibliográfica, haja vista que uma patologia
pode apresentar inúmeras causas, o que dificulta o diagnóstico de qualquer
engenheiro quando deparado com este tipo de situação.

Devido ao avanço de pesquisas mais aprofundadas na área da Engenharia de


Fundações, foi possível observarmos quais são as principais causas para os
sinistros que ocorrem na vida útil de uma fundação, sendo estes ocorrendo na fase
análise e projeto, na execução ou até mesmo no período pós-conclusão da
fundação.

Portanto, a partir das situações apresentadas neste trabalho, verificou-se que


as principais causas de patologias em fundações são:

 Ausência de profissionais qualificados e sem profundo conhecimento para o


implantação e execução do projeto;
 Ausência de investigação geotécnica, principalmente em obras onde serão
executadas fundações superficiais, pelo fato do proprietário optar por
“economia” na obra (sendo que a fundação costuma custar no máximo cerca
de 5% a 10% do valor total da obra);
 Investigação geotécnica insuficiente, principalmente em obras em que o solo
aparentemente não varia, optando assim por não realizar o estudo em todas
as devidas áreas;
 Falhas na execução da fundação decorrentes da falta de especificação de
materiais e procedimentos realizados de maneira incorreta;
 Problemas envolvendo pós-conclusão da fundação, podendo ser previsíveis
na fase em que a fundação é projeta, mas também imprevisíveis, quando se
trata de problemas envolvendo agentes naturais, como a erosão.

Sendo assim, é recomendável que durante cada etapa do projeto sejam


tomadas medidas preventivas de tal forma que possa atingir os resultados
esperados, sempre levando em consideração não só a obra, mas também os efeitos
que a mesma possa causar em suas proximidades.
94

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