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A Venezuela era o país mais rico da América do Sul até o final do século XX e a Bolívia sempre
foi o país mais pobre do continente. Mas, surpreendentemente, a renda per capita venezuelana
pode ficar abaixo da renda per capita boliviana em 2023.
O gráfico acima, com dados do FMI, atualizados em abril de 2018, mostra que a renda per capita
da Venezuela (em poder de paridade de compra – ppp, US$ constante) está sendo reduzida em
mais da metade entre 2014 e 2023, num verdadeiro terremoto econômico.
Em 1980, a Venezuela tinha uma renda per capita de US$ 18,2 mil, o Brasil de US$ 11,1 mil, o
Chile US$ 8 mil e a Bolívia de US$ 4,9 mil. Portanto, o venezuelano médio ganhava quase 5 vezes
mais do que o boliviano médio, 80% mais que o brasileiro e mais de duas vezes o chileno.
Mas na atual década a renda da Bolívia tem crescido, enquanto a renda da Venezuela entrou
em colapso. Para 2023, as estimativas do FMI, apontam uma renda de US$ 25,3 mil no Chile (o
país mais rico do continente atualmente), de US$ 15,6 mil no Brasil, de US$ 7,8 na Bolívia e de
US$ 7,7 mil na Venezuela.
Nota-se, desta forma, que o Chile ultrapassou o Brasil na década de 1990 e aumentou a
diferença ao longo dos anos, deixando para trás, inclusive, o Uruguai e a Argentina que são
respectivamente, o segundo e o terceiro país com renda mais elevada do continente. A renda
per capita do Chile, que era a metade, já é cerca de 3 vezes a renda per capita da Venezuela.
Com o fim da ditadura de Augusto Pinochet, o Chile consolidou o regime democrático e
encontrou a rota para o crescimento e o bem-estar.
Já o desastre venezuelano não tem paralelo na história latino-americana. Nunca a renda de um
país caiu tanto em tão pouco tempo. Em parte, o início da queda começou com a abruta redução
do preço do barril de petróleo que estava em torno de US$ 100 em 2013 e caiu para US$ 40 em
2016. Junto com a queda do preço internacional do petróleo houve uma redução no volume de
óleo produzido pela PDVSA (Petróleos de Venezuela) e uma desestruturação de todo o setor
produtivo do país.
Também Eliane Rocha, no site do Projeto Colabora (19/02/2018) descreve o dia a dia de cerca
de 40 mil pessoas que, fugindo da fome na Venezuela, estavam em Boa Vista, com falta de
abrigos e tendo que morar nas ruas.
A crise econômica e a crise política fez a Venezuela perder espaço até na Cúpula das Américas
que se reuniu em 13 de abril de 2018 no Peru. A impopularidade do governo Maduro e o
isolamento político do país dificultam a saída da crise. A metade dos países pertencentes à
UNASUL - Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Peru e Paraguai - decidiu suspender sua
participação do bloco criado em 2008 pelo presidente venezuelano Hugo Chávez para contrapor
o domínio dos Estados Unidos na América Latina.
As eleições presidenciais marcadas para o mês que vem (maio de 2018) são uma incógnita e não
devem trazer alívio para a situação econômica e o sofrimento do povo venezuelano. Podem até
agravar as divisões internas e aprofundar o isolamento internacional. O sonho de Simon Bolívar
de independência, prosperidade e de união de toda a América Latina está cada vez mais
distante.
Referências:
ALVES, JED. O colapso da Venezuela e a maldição do petróleo, Ecodebate,18/07/2016
https://www.ecodebate.com.br/2016/07/18/o-colapso-da-venezuela-e-a-maldicao-do-
petroleo-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ALVES, JED. ‘Qualquer lugar é melhor que a Venezuela’, Ecodebate,17/07/2017
https://www.ecodebate.com.br/2017/07/17/qualquer-lugar-e-melhor-que-venezuela-artigo-
de-jose-eustaquio-diniz-alves/
ROCHA, Eliane. Venezuelanos chegam ao Brasil fugindo da fome, Projeto Colabora, 19/02/2018
https://projetocolabora.com.br/inclusao-social/venezuelanos-chegam-ao-brasil-fugindo-da-
fome/