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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

GISELE FREITAS DA SILVA

UM ESBOÇO SOBRE O PENSAMENTO DE GRAMSCI

PARANAÍBA
2011
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

GISELE FREITAS DA SILVA

UM ESBOÇO SOBRE O PENSAMENTO DE GRAMSCI

Trabalho apresentado à disciplina de Política


III, do 3º ano do curso de Ciências Sociais, da
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
– Unidade Universitária de Paranaíba – como
exigência parcial de avaliação, sob orientação
do Prof°. Me. Alexandre de Castro.

PARANAÍBA
2011
Para se compreender o pensamento de Antonio Gramsci, é preciso entender alguns
pontos deste, como a questão meridional relatada em “Alguns temas da questão meridional”, a
questão da hegemonia tratada no “Conceito de hegemonia em Gramsci”, e o papel do
intelectual em “Caderno 12 (1932): Apontamentos e notas dispersas para um grupo de ensaios
sobre a história dos intelectuais”. Pois, o autor escreve para uma Itália totalmente
fragmentada, que passa por sérios problemas de natureza política, econômica e social.
Vale lembrar que a Itália estava dividida em duas grandes regiões: o Norte e o Sul.
Assim, havia uma rivalidade histórica entre os operários do Norte e os camponeses do Sul,
cidade e campo. Percebe-se, aqui, a tão falada “contradições de classes”; cada uma tinha seu
modo de pensar, de viver. O Norte era uma região mais desenvolvida, com predomínio da
indústria, enquanto que o Sul era totalmente agrário, com traços ainda “medievais”. Isso fez
com que o Norte disseminasse uma ideologia de que o Sul, como “seres biologicamente
inferiores”, impedia o seu desenvolvimento. Como diz Gramsci (1987),
[...] É bastante conhecida a ideologia difundida de forma capilar pelos
propagandistas da burguesia entre as massas do Norte: o Sul é a bola de chumbo que
impedia progressos mais rápidos no desenvolvimento civil da Itália; os meridionais
são seres biologicamente inferiores, semibárbaros ou bárbaros completos, por
destino natural [...]. (GRAMSCI, 1987, p.139).

Neste contexto, Gramsci ressalta que a questão meridional só será resolvida se houver
a modificação da “representação política” e da “estrutura ideológica”. Faz-se importante que o
operário e o camponês acabem com está rivalidade, para que se unem e instaurem a “ditadura
do proletariado”. Segundo o autor,
[...] O proletariado pode se tornar classe dirigente e dominante na medida em que
consegue criar um sistema de alianças de classes que lhe permita mobilizar contra o
capitalismo e o Estado burguês e maioria da população trabalhadora – o que
significa, na Itália, dadas as reais relações de classes existentes, que o proletariado
pode se tornar classe dirigente e dominante na medida em que consegue obter o
consenso das amplas massas camponesas [...]. (GRAMSCI, 1987, p. 139).

De fato, nesta aliança o proletário se tornará uma “classe dirigente e dominante”, e


com o consenso do camponês lutará contra o capitalismo e o Estado Burguês.
Assim, na ditadura acontecerá a inversão da estrutura, os operários e os camponeses
tomarão o comando do Estado e os meios de produção, todavia, conforme Gramsci, a
produção estará direcionada ao camponês, o proletário o ajudará a se libertar da miséria e dos
proprietários rurais. De fato, se não desenvolver o campo não há como levar adiante a
Revolução. É preciso prover as necessidades materiais do camponês.
[...] Os operários quebrarão todas as cadeias que prendem os camponeses à sua
miséria, ao seu desespero; instaurando a ditadura operária, tendo em mão as
indústrias e os bancos, o proletariado dirigirá a enorme potência da organização
estatal para apoiar os camponeses em sua luta contra os proprietários [...].
(GRAMSCI, 1987, p.137).

Na verdade, esta “solidariedade entre os substratos das classes” relaciona-se a outro


ponto do seu pensamento, a hegemonia. A ditadura só ocorrerá por conta desta, que unificará
e conservarão unidas as classes. Gruppi (1978) ressalta que, “[...] A hegemonia é a capacidade
de direção, de conquistar alianças, capacidade de fornecer uma base social ao Estado
proletário [...]” (GRUPPI, 1978, p.5). Assim, o operário tomará para si a “organização
estatal”, superará as contradições de classes, e criará uma nova sociedade comunista.
Para Gramsci, a hegemonia envolve todos os aspectos políticos, econômicos e
ideológicos. Desses três, o principal aspecto a ser atingido é a ideologia, já que a mesma é
mais forte, trabalha no campo das idéias. No entanto, sem envolver o ambiente da política e
da economia, a hegemonia não acontece. É fundamental a interação entre esses três aspectos.
Como nos conta Gruppi (1978),
[...] Isso nos diz que o conceito de hegemonia é apresentado por Gramsci em toda a
sua amplitude, isto é, como algo que opera não apenas sobre a estrutura econômica e
sobre a organização política da sociedade, mas também sobre o modo de pensar,
sobre as orientações ideológicas e inclusive sobre o modo de conhecer [...].
(GRUPPI, 1978, p.3).

Diante disso, compreende-se que a revolução operária é feita por meio das idéias ,ao
contrário , de Marx que propõe a mudança por meio da força física. Segundo Gramsci, a
hegemonia do proletariado transforma o modo de pensar de cada um, promovendo uma
mudança na estrutura da sociedade. Ou seja, usando as palavras do autor, a revolução é a
“reforma intelectual e moral” (GRUPPI, 1978, p.2). É uma reforma que envolve os costumes
e que abrange uma “nova relação entre cultura e sociedade” (GRUPPI, 1978, p.6).
Nesse sentido, só o intelectual é capaz de elaborá-la. Entretanto, devemos ter em
mente que Gramsci diferencia dois tipos de intelectual, o orgânico e o tradicional. O primeiro
reproduz a tradição, atua em uma organização que não está adaptada a mudanças. E a maioria
deste está inserida no meio rural, embora haja alguns que vivem no meio urbano, como os
padres e eclesiásticos. Já o segundo, preocupa-se com o desenvolvimento do capital, é o
técnico e o engenheiro da indústria. Logo, por estar envolvido no contexto do capitalismo é
que o intelectual orgânico pode organizar a hegemonia. Somente ele conhece como se
desenvolve a indústria, por isso, é o responsável pela unificação das classes. Só então a
fragmentação, por qual passava a Itália, será resolvida.
É interessante observar que, nesse terceiro ponto, o intelectual não é um ser
autônomo, liga-se diretamente ao grupo a qual pertence. Dependendo do tipo do contexto
social, surge um tipo diferente de intelectual. Ora, quebra-se com a ideologia de que o mesmo
faz parte de um grupo autônomo. Além disso, todos nós somos intelectuais, mas nem todos
desempenham a função de intelectual, porque não se conseguem organizar, para que exerça
certo tipo de poder na vida social. Isto é, na sociedade há pessoas que desempenham a função
de intelectual, e pessoas que desempenham outro tipo de função. Função esta que não envolve
determinado tipo de poder.
Por isso, seria possível dizer que todos os homens são intelectuais, mas nem todos os
homens têm na sociedade a função de intelectuais (assim, o fato de que alguém
possa, em determinado momento, fritar dois ovos ou costurar um rasgão no paletó
não significa que todos sejam cozinheiros ou alfaiates) [...]. (GRAMSCI, 2006, p.
11).

Portanto, diante do exposto compreendemos que o pensamento de Gramsci perpassa


pela questão meridional, pela hegemonia e pelo papel do intelectual. Esses três pontos são
interdependentes, sem relacioná-los não há como entender o que escreve o mesmo. Por isso,
esse pequeno esboço sobre o seu pensamento.
Referências Bibliográficas
GRAMSCI, Antonio. A questão Meridional. In: Alguns temas da Questão Meridional.
Trad. Carlos Nelson Coutinho e Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

GRAMSCI, Antonio. Cadernos do cárcere. In: Caderno 12 (1932): Apontamentos e notas


dispersas para um grupo de ensaios sobre a história dos intelectuais. Trad. Carlos Nelson
Coutinho. 4ª Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

GRUPPI, Luciano. Conceito de hegemonia em Gramsci. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio
de Janeiro, Editora Graal, 1978, p.1-14.

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