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Universidade: Unicamp
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
A vida rural foi um marco muito forte na formação da sociedade brasileira. A estrutura de
nossa sociedade colonial era rural, já que quem detinha o poder na época colonial eram os
senhores rurais.
Em 1850 instaura-se a lei Eusébio proibindo o tráfico de escravos. Entre 1851 e 1855 há
notável crescimento urbano por causa das construções das estradas de ferro. O progresso
chegando, o café como nova fonte de capital e os filhos de fazendeiros sendo mandados para
nas cidades estudarem. Dessa classe rica e intelectual veio um progresso social que demoliu
suas próprias bases: a escravidão. A partir daí, os capitais ociosos do tráfico foram para as
cidades, para investimentos e especulações.
Aqui nessa época Sérgio Buarque enfoca a enorme incompatibilidade entre o mundo
tradicional e o moderno, entre rural e urbano. O Brasil não tinha estrutura econômica, política
e social para desenvolver a indústria e o comércio. Os homens do campo que migravam para a
cidade eram os mais importantes, os colonos que diziam que o trabalho físico não dignificava
o homem, mas sim o intelectual. Dessa forma, é possível imaginar as dificuldades que
chegaram com a Revolução Industrial, onde o homem vira máquina.
Assim, a vida na cidade se desenvolveu de forma desorganizada e prematura, o que nos leva
ao capítulo seguinte: o estudo da importância da cidade como instrumento de dominação e
como ela foi fundada nesse sentido.
Aqui Sérgio Buarque prende-se um pouco nas colonizações portuguesa e espanhola,
identificando-os como semeador e ladrilhador. O ladrilhador seria o espanhol que coloniza
parte da América construindo cidades planejadas, com a intenção de estabelecer um
prolongamento estável na Metrópole. Suas cidades eram construídas nas regiões internas do
continente tomando conta, assim, de toda cultura local.
Os portugueses, semeadores, agarraram-se ao litoral semeando cidades irregulares, sem ordem
e sem objetivos fortes de dominar a cultura do local, norteados por uma política de feitoria,
querendo fortuna rápida para tornarem-se nobres.
A urbanização no Brasil, irregular que foi, criou um desequilíbrio social. O peso da família
tradicional dificultou a formação da sociedade urbana moderna.
No Brasil, círculo familiar e família patriarcal, muitas vezes são confundidos com Estado.
Sérgio Buarque afirma e reafirma que são completamente diferentes, explicando que um
comportamento pessoal e familiar não funciona numa burocracia democrática, pois um é
individual e o outro é coletivo, um é privado e o outro é público.
“O Estado não é uma ampliação do círculo familiar e, ainda menos, uma integração de certos
agrupamentos, de certas vontades particularistas, de que a família é o melhor exemplo. (…)
Há nesse fato um triunfo do geral sobre o particular, do intelectual sobre o material, do
abstrato sobre o corpóreo e não uma depuração sucessiva” (p. 101).
Por F