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GUILHERME, Maria F.F. Bakhtin e Pêcheux: atravessamentos teóricos.

PAULA, Luciane,
STAFUZZA, Grenissa (org.), Círculo de Bakhtin: pensamento Interacional. Campinas:
Marcado de Letras, 2013.

O discurso dentro do discurso

O livro “Círculo de Bakhtin: Pensamento interacional (volume 3)”, organizado por


Luciane de Paula e Grenissa Stafuzza, nos traz uma série de textos que abordam
conceitos pertencentes ao que ficou conhecido como Círculo de Bakhtin. Tais conceitos
são, neste livro, relacionados a diversos autores e áreas do conhecimento.
“Atravessamentos Teóricos” é um trabalho que traça paralelos entre alguns
conceitos terminológicos da Análise Dialógica do Discurso (ADD) e a Análise do Discurso
de linha francesa (ADF). Logo no início a autora nos explica que existe uma distância
temporal entre Michel Pêcheux e Mikhail Bakhtin, distância essa que foi encurtada devido
a mudanças políticas que ocorreram na França entre 1960-1980 que fizeram com que a
teoria daquele autor incorporasse alguns aspectos da deste. Também nos deixa claro
que seu objetivo não é, de forma alguma, esgotar as possibilidades de relações entre os
autores, quer apenas mostrar que essas relações existem.
Um exemplo dessa incorporação foi o conceito de heterogeneidade do discurso,
marcando assim “o surgimento de um discurso outro no próprio discurso”. Uma das
aproximações entre os teóricos é a discussão sobre um dos objetos da linguística, a
língua. Para ambos os autores, a língua consiste em um “sistema organizado que já prevê
a possibilidade de deslizamentos e a língua como uma instituição social”. Porém, para
Bakhtin, o discurso não é uma fala individual, mas como vozes que dialogam e não se
sobrepõem. Enquanto que, para Pêcheux, a compreensão do discurso se dá somente
através da sua historicidade, sendo assim composto por efeitos de sentidos construídos
entre interlocutores.
Esse dialogismo de Bakhtin é possível de ser notado na ADF através do conceito
de formação discursiva. Tal ideia, para o autor russo, consiste em tomar o signo
ideológico como instância de significação, enquanto que para Pêcheux, o sentido está
nas formações discursivas construídas a partir das condições de produção. Outro
conceito que pode ser notado em ambas as teorias é o de enunciação. Para Bakhtin seria
compreendida como uma relação estabelecida entre os interlocutores no contexto
situacional. Já para o autor francês seria uma realização atravessada pelas condições de
produção, levando em conta aspectos sociais, históricos e ideológicos. No texto de Maria
Guilherme ainda podemos encontrar os termos diálogo e alteridade e história e
historicidade como estando presentes nas teorias discutidas. O objetivo da autora, ao
fazer essas aproximações, é mostrar como podem ser feitas relações teóricas em Análise
do Discurso e evidenciar a preocupação dos autores citados em teorizar sobre a língua.

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