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Equipe n.

º 113

Instituto Brasileiro de Direito Processual (IBDP)


Processualistas
1ª Competição Brasileira de Processo Civil – Professor José Carlos Barbosa Moreira

R3 MINERAÇÃO E AÇO LTDA.


CATALU METAIS LTDA.
ANJOLI MINING LTDA.
(APELANTES)

v.

MACASU MINERAÇÃO LTDA.


PELLEGRINO FERROVIAS S.A.
(APELADAS)

MEMORIAL DAS APELANTES

São Sebastião, Guanabara, 17 de abril de 2018.

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Sumário

1. SÍNTESE DA DEMANDA.......................................................................................... p. 4

2. SÍNTESE DOS MEMORIAIS.................................................................................... p. 6

3. NECESSIDADE DE NOVO JULGAMENTO DA APELAÇÃO POR FORÇA DO


ART. 933, § 1º................................................................................................................... p. 7

4. DA POSSIBILIDADE DE AMPLIAÇÃO DA COLEGIALIDADE.......................... p. 8

4.1 O art. 942 aplicado a sentenças terminativas...................................................................... p. 8

4.2 A aplicação do art. 942, caput, a divergências na fundamentação do julgamento....... p. 10

4.3 Preliminares de ilegitimidade como capítulos decisórios............................................... p. 11

4.4 Da reproposição da ação em caso de extinção do processo por ilegitimidade ad causam


[art. 486, § 1º]............................................................................................................................... p. 12

5. NULIDADE DA SENTENÇA DE PRIMEIRO GRAU POR VIOLAÇÃO AO


PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E AO ART. 10 DO CPC.................................. p. 13

5.1. O conteúdo jurídico do princípio do contraditório e a proibição de decisões-surpresa


........................................................................................................................................................ p. 14

5.2. A violação do contraditório pela sentença de primeiro grau........................................ p. 14

5.3. A declaração da nulidade da sentença por inobservância do art. 10............................ p. 16

6. DA LEGITIMIDADE DAS PARTES PARA FIGURAR NOS POLOS DA DEMANDA


........................................................................................................................................ p. 16

6.1. Da legitimidade ativa e passiva quanto ao pedido de indenização pelos danos causados
com abuso do poder de controle.............................................................................................. p. 17

6.2. Da legitimidade ativa e passiva para pleitear a ação de anulação de assembleia geral com
base no artigo 115, §4º da LSA................................................................................................. p. 19

7. POSSIBILIDADE DE ANULAÇÃO DA DELIBERAÇÃO ASSEMBLEAR E DE


RESSARCIMENTO DOS PREJUÍZOS RECLAMADOS NA PETIÇÃO INICIAL.. p. 20

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7.1. Necessidade de anulação da Assembleia em razão de ter ocorrido voto com interesse
conflitante com o da companhia [LSA, art. 115, § 4º].......................................................... p. 21

7.1.1. Da configuração dos requisitos para a anulação assemblear........................... p. 21

7.2. Da nulidade da assembleia decorrente de violação a acordo de acionistas................ p. 23

7.3. Possibilidade de ressarcimento dos prejuízos reclamados na petição inicial.............. p. 24

8. POSSIBILIDADE DE A LESTE INGRESSAR COMO ASSISTENTE SIMPLES NO


PROCESSO E SUSTENTAR ORALMENTE............................................................. p. 26

9. CONCLUSÃO............................................................................................................ p. 28

10. REFERÊNCIAS....................................................................................................... p. 29

Autores citados............................................................................................................................ p. 29

Legislação citada.......................................................................................................................... p. 32

Instituições citadas...................................................................................................................... p. 33

Julgados citados........................................................................................................................... p. 33

Outras fontes............................................................................................................................... p. 33

3
EXCELENTÍSSIMOS DESEMBARGADORES DA SEGUNDA CÂMARA
EMPRESARIAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA GUANABARA

R3 MINERAÇÃO E AÇO LTDA. (“R3”), CATALU METAIS LTDA. (“Catalu”) e ANJOLI


MINING LTDA. (“Anjoli”), ora apelantes, vêm, respeitosamente, por seus advogados,
apresentar
MEMORIAIS
à ação que movem em face de MACASU MINERAÇÃO LTDA. (“Macasu”) e PELLEGRINO
FERROVIAS S.A. (“Pellegrino”), ora apeladas, atendendo ao disposto no despacho do Relator
[Caso, p. 64].

1. SÍNTESE DA DEMANDA

1. A Pellegrino é sociedade anônima de capital fechado, constituída pelas sociedades


Macasu, R3, Catalu e Anjoli, com a finalidade específica de participar do leilão da Ferrovia
Oceânica promovido pelo Governo Federal em 1998. Seus acionistas são Macasu, R3, Catalu e
Anjoli. A companhia venceu o certame [Caso, p. 19], tornando-se concessionária da ferrovia por
prazo inicial de 30 (trinta) anos, com possibilidade de renovação por igual período.
2. Conforme o estatuto social [Caso, pp. 20-26], Macasu detinha inicialmente 52%
(cinquenta e dois por cento) das ações ordinárias da companhia – possuindo, portanto, a
qualidade de controladora – e R3, Catalu e Anjoli possuíam, cada qual, 16% (dezesseis por cento)
das ações ordinárias remanescentes.
3. Conforme o Acordo de Acionistas [Caso, pp. 27-34], a controladora detém a prerrogativa
de indicar 5 (cinco) dos membros do Conselho de Administração, cabendo às apelantes indicar,
em conjunto, seus outros 2 (dois) membros [Cláusula 4.2]. Por sua vez, era atribuição do
Conselho de Administração fazer a indicação de todos os membros da diretoria da sociedade
[Cláusula 4.8].
4. Para o exercício de 2016/2018, o Conselho de Administração nomeou novos executivos
para compor a Diretoria da Pellegrino [Caso, pp. 35-36].
5. Os novos diretores foram eleitos com a missão de tentar inverter o déficit verificado nos
exercícios sociais anteriores, causado pela necessidade de recuperação da malha ferroviária da
Oceânica e do necessário investimento previsto no Edital, bem como do pagamento do preço da
concessão.

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6. Entretanto, o déficit continuou acumulando-se nos exercícios seguintes. A nova
Diretoria, então, enviou um comunicado aos acionistas em 18.09.2016 [Caso, p. 37], alegando que
o agravamento da condição financeira sucessivamente verificada foi decorrente dos efeitos da
crise econômica mundial deflagrada em 2008, que atingiu o Brasil gravemente a partir de 2013, a
despeito do fato de que foram eleitos nada menos que 3 (três) anos após essa data.
7. Logo em seguida, a Diretoria convocou Assembleia Geral para aprovar o aumento de
capital da Companhia no valor de R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais), a ser realizado pelos
acionistas em 30 (trinta) dias. As apelantes – exceto a Anjoli, cuja ausência foi devida ao
rompimento de suas barragens, amplamente noticiado como fato público e de extrema
importância – prontamente consignaram que não teriam condições de arcar com a chamada de
capital, até porque o vultuoso aporte jamais se mostrou necessário ou alinhavado com os
interesses da companhia.
8. Transcorrido o prazo para aquisição das ações emitidas, Macasu adquiriu a integralidade
das novas ações, o que lhe garantiu que passasse a deter nada menos que 88% (oitenta e oito por
cento) das ações ordinárias, restando às acionistas minoritárias meros 4% (quatro por cento) cada
uma.
9. Inconformadas com a expressiva diluição de participação societária verificada após a
realização da última Assembleia, as ora apelantes contrataram PATRILU MAFE AUDITORAS
INDEPENDENTES (“Patrilu”), empresa de auditoria de renome e de notoriedade mundial,
listada entre as Big Four. Em estudo, a empresa de auditoria elaborou laudo que atesta a
existência de graves desvios praticados na condução da empresa pelos diretores nomeados pela
apelada Macasu. O laudo comprova, ainda, que esses desvios estavam ocorrendo com ciência e
anuência da apelada Macasu.
10. Não restou alternativa às apelantes, senão a de ajuizarem a ação de origem, com intuito
de: i) anular a deliberação assemblear que reconheceu a necessidade de realização de aporte de
capital e emissão de ações daí decorrentes, com restituição das partes ao status quo anterior; e ii)
condenar Macasu a ressarcir Pellegrino de todos os prejuízos decorrentes da sua atuação e de
seus diretores no comando da Companhia, estimados em R$ 100.000.000,00 (cem milhões de
reais), conforme os documentos já acostados nos autos.
11. O Magistrado que recebeu a ação, contudo, proferiu sentença indeferindo a exordial após
reconhecer a ilegitimidade ativa das ora apelantes. A sentença de indeferimento foi impugnada
por apelação interposta pelas autoras. Embora tenha havido mais de 15 dias úteis entre a
publicação da sentença e a interposição da apelação, esta é tempestiva em razão da suspensão dos
prazos judiciais ocorrida após greve dos servidores do Poder Judiciário [Caso, p. 60].

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12. Na sessão de julgamento da apelação, tanto o Relator, quanto os demais julgadores,
mantiveram a extinção do processo sem resolução de mérito. Na oportunidade, o Relator
reconheceu a ilegitimidade ativa dos apelantes, afastada pelos dois vogais, que entenderam pela
ilegitimidade passiva dos apelados.
13. Diante dessa divergência, a colegialidade foi ampliada, na forma do artigo 942, caput, do
CPC, com designação de nova sessão de julgamento do recurso de apelação. Após a suspensão da
sessão de julgamento, a LESTE LITIGATION FINANCE (“Leste”) requereu sua intervenção
como assistente simples, bem como informou, desde logo, que pretende realizar sustentação oral
nesta qualidade, no novo julgamento.
14. O Relator determinou que as partes apresentassem memoriais escritos [Caso, p. 64], em
que fossem abordadas, sem prejuízo de outras questões: i) a competência do colegiado estendido
para julgamento do recurso de apelação; ii) a legitimidade das partes para figurarem nos
respectivos pólos da ação aviada; iii) a possibilidade de anulação da deliberação assemblear e de
ressarcimento dos prejuízos reclamados na petição inicial; iv) o requerimento de intervenção
como assistente simples formulado pela Leste.
15. As quatro questões, entre outras, são examinadas abaixo.

2. SÍNTESE DOS MEMORIAIS

16. Quando a ilegitimidade passiva foi suscitada pelos desembargadores vogais, durante a
sessão de julgamento do dia 31 de janeiro de 2018, esta deveria ter sido suspensa, em observância
ao art. 933, § 1º. Isso, entretanto, não ocorreu. Os votos dos julgadores foram proferidos sem
que fosse dado prazo às partes para se manifestarem sobre a ilegitimidade passiva, uma questão
nova no processo, o que torna necessário um novo julgamento da apelação [Item 3].
17. Caso o juízo entenda não ter sido desrespeitado o art. 933, § 1º, deve-se prosseguir à
ampliação do colegiado, em observância ao art. 942, caput. Seus requisitos estão presentes, uma
vez que não houve unanimidade entre relator e vogais no resultado do julgamento da presente
apelação [Item 4].
18. Independentemente da posição do juízo sobre o desrespeito ao art. 933, § 1º, tanto em
eventual novo julgamento, quanto no julgamento por ampliação do colegiado, deve-se declarar a
nulidade da sentença proferida em primeira instância, impugnada na presente apelação, pois
incorreu em error in procedendo ao aplicar de maneira descuidada e insuficiente o art. 10 do CPC
[Item 5]. O processo deve, em seguida, retornar à primeira instância, uma vez que a nulidade por
violação ao contraditório não é uma das hipóteses de aplicação da teoria da causa madura, já que

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não está no rol do art. 1.013, § 3º. Nova decisão que observe rigorosamente os ditames do CPC
deve ser proferida pelo juiz singular.
19. Caso não seja anulada a sentença, deve-se reformá-la, para rejeitar as preliminares de
ilegitimidades ad causam, tanto ativa quanto passiva, e afastar a extinção total do processo [Item
6]. Nesse caso, estarão presentes os requisitos de imediato julgamento da demanda pelo tribunal,
em aplicação do art. 1.013, § 3º, I, oportunidade em que devem ser julgados procedentes todos os
pedidos da demanda para: i) anular a deliberação assemblear; e ii) reconhecer o direito a
ressarcimento dos prejuízos reclamados [Item 7].
20. Deve ser deferida a intervenção da Leste como assistente simples [Item 8].

3. NECESSIDADE DE NOVO JULGAMENTO DA APELAÇÃO POR FORÇA DO


ART. 933, § 1º

21. A preliminar de ilegitimidade passiva não foi enfrentada na sentença, nem tinha ainda sido
objeto de discussão pelas partes. Trata-se de questão apreciável de ofício, mas ainda não
examinada no processo, que foi constatada apenas na sessão de julgamento da apelação,
momento em que a preliminar foi levantada e acolhida pelos vogais.
22. A presente situação está regrada no art. 933, § 1º, que determina a suspensão da sessão de
julgamento para manifestação das partes sobre a questão nova trazida pelos julgadores. Só após
abertura de prazo para tal manifestação os julgadores poderão retomar o julgamento.
23. No julgamento da presente apelação, mesmo estando presente a hipótese de incidência do
art. 933, § 1º, o julgamento prosseguiu e os desembargadores votaram com fundamento em
questão nova. Só depois da votação a suspensão da sessão ocorreu, mas não em aplicação do art.
933, § 1º, e sim por observância do art. 942, caput, já que não houve unanimidade.
24. O julgamento da presente apelação violou o disposto no art. 933, § 1º. A sessão de
julgamento deveria ter sido suspensa após a suscitação de questão nova, mesmo ela sendo
apreciável de ofício. Em respeito ao contraditório, o julgamento poderia ter prosseguido apenas
após dar oportunidade à manifestação das partes sobre a ilegitimidade passiva.
25. De qualquer maneira, houve suspensão do julgamento, em razão da ampliação do
colegiado, com abertura de prazo para as partes se manifestarem sobre a ilegitimidade passiva.
Para fins práticos, a finalidade do art. 933, § 1º, estará sendo cumprida desde que, após a
apresentação dos memoriais, o julgamento seja refeito pelos três desembargadores originais. Em
respeito ao princípio da fungibilidade, não é necessária nova abertura de prazo às partes. A abertura
feita por causa da ampliação do colegiado pode ser aproveitada. Contudo, não tem amparo legal

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prosseguir à ampliação do colegiado antes de ser refeito o julgamento inicial. Aquela deverá
ocorrer apenas se a divergência se mantiver no novo julgamento. A rigorosa observância do
art. 933, § 1º, exige que novos votos sejam proferidos depois de ter sido dada
oportunidade às partes para se manifestarem acerca da ilegitimidade passiva. Só então,
se persistir a divergência nessas novas decisões, aplicar-se-á o art. 942.

4. DA POSSIBILIDADE DE AMPLIAÇÃO DA COLEGIALIDADE

26. Caso o juízo afaste a aplicação do art. 933, § 1º, o que não se espera, e entenda serem
válidos os votos já proferidos pelos três desembargadores originários da 2ª Câmara, deve-se
prosseguir à ampliação da colegialidade, em razão falta de unanimidade naquele julgamento.
27. A presente apelação impugna sentença terminativa que, sem adentrar o mérito, extinguiu
totalmente o processo por vício de ilegitimidade ad causam das autoras. Iniciado o julgamento da
apelação, todos os desembargadores decidiram pela manutenção da extinção total do processo. O
relator o fez após dar razão ao juízo a quo e acolher a ilegitimidade ativa. Já os vogais afastaram a
ilegitimidade ativa, das autoras, e votaram por reconhecer a ilegitimidade passiva, das rés.
28. Em despacho, o desembargador Presidente entendeu haver entre os julgadores
divergência que envolvia os fundamentos da decisão pela extinção do processo. Aplicando o art.
942, caput, do CPC, ele então decidiu estender o colegiado.
29. O Presidente agiu com amparo da lei, ao ampliar a colegialidade, por quatro motivos:
30. Em primeiro lugar, a técnica de julgamento é cabível em julgamento de apelações que
impugnam sentenças terminativas (4.1);
31. Segundamente, a técnica de julgamento é cabível em caso de falta de unanimidade apenas na
fundamentação do julgamento (4.2);
32. Em terceiro lugar, para o caso de serem rejeitados os argumentos em 4.2 e o juízo entender
não aplicável o art. 942 a divergências restritas à fundamentação, mostrar-se-á que o acolhimento
de preliminar de ilegitimidade integra não a fundamentação do julgamento, mas efetivamente
constitui um de seus capítulos decisórios (4.3);
33. Por fim, o art. 486, § 1o, do CPC, é prova de que a decisão do relator e a decisão dos vogais
têm, a longo prazo, repercussões processuais e resultados diferentes (4.4).

4.1 O art. 942 aplicado a sentenças terminativas


34. A ampliação de colegialidade é inovação do atual CPC. Mantendo propósitos
semelhantes, ela substituiu os embargos infringentes no processo civil [Assumpção Neves, 2017,

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p. 1430]. Na redação original do CPC/73, seu artigo 530 determinava serem cabíveis embargos
infringentes para impugnar todo e qualquer julgado não unânime proferido em apelação. Com a Lei
10.352, de 2001, o CPC/73 foi alterado para restringir o uso do recurso. Nessa nova versão, os
embargos infringentes ficaram limitados à impugnação de julgado não unânime que, em apelação,
reformasse sentença de mérito.
35. Parte da doutrina sustenta haver continuidade entre a ampliação da colegialidade e a
segunda versão dos embargos infringentes, de tal forma que esta seria aplicável apenas nas
hipóteses em que aqueles eram cabíveis. Medina e Assumpção Neves, por exemplo, defendem
que o caput do art. 942 deve ser interpretado em conjunto com o seu § 3o, II. Este dispositivo
limita a ampliação do colegiado, no julgamento de agravo de instrumento, à hipótese de haver
reforma de decisão que adentrou o mérito. De acordo com Medina, "não faz sentido que tais restrições
sejam observadas em relação [...] ao agravo de instrumento, e o mesmo não ocorra, em se tratando de apelação"
[Medina, 2017, Capítulo VII, item 2.4.9.]. Com isso em mente, estende-se ao recurso de apelação
a restrição imposta pelo CPC ao agravo de instrumento: a ampliação de colegialidade do art. 942,
caput, seria cabível apenas em apelações julgadas sem unanimidade para reformar sentença de mérito
[Medina, 2017, Capítulo VII, item 2.4.9. ; Assumpção Neves, 2017, p. 1431].
36. Uma visão menos minimalista da técnica de julgamento do art. 942, caput, também
sustenta que ela está restrita a apelações que impugnam sentenças de mérito, mas sem restringi-la
a julgamentos que reformam a sentença recorrida [Nery Jr., 2015, item 3 do verbete do art. 942].
Permaneceria possível aplicar a técnica a julgamentos que mantém a sentença, desde que esta
tenha adentrado o mérito da demanda.
37. As duas interpretações restritivas do art. 942 estão erradas. Medina, Assumpção Neves e
Nery Jr. adotam posições contra legem, as quais ignoram o texto de lei do CPC. Ao tratar da
ampliação da colegialidade, o Código não diferencia a apelação que impugna sentença de mérito da
que impugna sentença terminativa. Não diferencia tampouco o julgamento que mantém do que reforma
a sentença apelada. O Código fala apenas em resultado não unânime do julgamento da
apelação, sem especificar que esse resultado deve ser para reformar a sentença, e sem
especificar que a apelação objeto da técnica de julgamento deve estar impugnando
sentença de mérito. Ante o silêncio do legislador em restringir o cabimento da técnica de
julgamento, não deve o intérprete fazê-lo (ubi lex non distinguit, nec nos distinguere debemus).
38. Como o legislador não circunscreveu os casos de ampliação do colegiado, todo
julgamento não unânime - tanto o que versa sobre direito material, quanto o que versa sobre
direito processual - deve ser objeto da ampliação do colegiado [Marinoni & Mitidiero & Arenhart,
2017, verbete do art. 942].

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39. Além disso, é imprópria a leitura conjugada do caput com o § 3o, II, do art. 942. De fato, o
Código é um sistema que deve ser lido como um todo, a fim de que sejam evitadas contradições.
Contudo, o § 3o, II, restringe a ampliação de colegiado apenas no julgamento de agravo de
instrumento. Como nada é dito sobre o recurso de apelação, conclui-se, a contrario sensu, que ele
está livre dessa limitação. Aplica-se-lhe a regra geral do caput, que permite a incidência da técnica a
julgamentos de apelações que impugnam sentenças terminativas, inclusive quando a maioria quer
manter a decisão apelada. Apenas o agravo de instrumento é exceção a essa regra geral, a apelação
não [Didier Jr., v.3, 2016, p. 79]. Medina, Assumpção Neves e Nery Jr. ampliam o rol das
exceções, incluindo a apelação nele. Ao fazê-lo, eles violam um dos mais basilares brocardos da
ciência jurídica, segundo o qual as exceções devem ser interpretadas de maneira estrita (exceptiones
sunt strictissimae interpretationis).
40. As hipóteses de ampliação da colegialidade reproduzem as hipóteses de
cabimento dos embargos infringentes da versão original do CPC de 1973, anterior à Lei
10.352. Nesta versão, em havendo divergência, os infringentes eram cabíveis em apelação
interposta contra sentença terminativa, bem como em julgamento que decidisse por maioria pela
manutenção da sentença recorrida.
41. Em síntese, na aplicação do art. 942, caput, apelação contra sentença de mérito deve ser
tratada igual a apelação contra sentença terminativa; e o julgamento, em sede de apelação, que
mantém a sentença recorrida deve ser tratado igual ao que a reforma. Em todos esses casos,
quando não houver unanimidade, a técnica de julgamento será aplicada e estender-se-á o
colegiado.

4.2 A aplicação do art. 942, caput, a divergências na fundamentação do julgamento


42. Em despacho, o Presidente da sessão ampliou o colegiado de julgamento da presente
apelação por entender ter havido, entre os julgadores, divergência que envolvia os fundamentos da
decisão pela extinção do processo.
43. O despacho está correto, pois falta de unanimidade quanto aos fundamentos do
julgamento, por si só, dá ensejo à ampliação do colegiado. Isso porque o art. 942, caput, determina
que esta ocorrerá quando o "resultado" do julgamento não for unânime, e a fundamentação
integra o resultado do julgamento.
44. A ampliação da colegialidade traz inúmeras vantagens não apenas à parte vencida, mas à
jurisdição. Sua aplicação reduz as chances de uma turma decidir em desacordo com o
entendimento do tribunal, combatendo a jurisprudência lotérica e a insegurança jurídica [Lucon,
2018]. Há interesse do Estado-juiz na sua realização, o qual transcende os desejos individuais da

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parte vencida. Por isso a técnica de julgamento é implementada automaticamente,
independentemente da vontade contrária das partes [Kozikoski & Pugliese, 2018, p. 9].
45. Comparando com os embargos infringentes na última versão do CPC/73, o novo CPC
aumentou os casos de reexame dos julgamentos por maioria, em seu art. 942 [§ 50]. Decidiu-se
prestigiar a decisão vencida, dando-lhe chance para tornar-se majoritária em mais ocasiões. O
alargamento das hipóteses da ampliação da colegialidade faz avançar o objetivo expresso do CPC
de uniformizar a jurisprudência pátria e mantê-la estável, íntegra e coerente [art. 926, CPC].
46. O art. 942, caput, assevera que a ampliação do colegiado ocorrerá "quando o resultado da
apelação for não unânime". Deve-se interpretar a palavra "resultado" de maneira ampla, uma vez
que o novo CPC colocou em posição de destaque o voto vencido, ao buscar aumentar os casos
de reconsideração de julgamentos por maioria. A ampliação do colegiado é central para promover
o fortalecimento dos precedentes que almejou o legislador com o CPC de 2015. Por isso, ela
deve ocorrer sempre que for possível, inclusive quando a divergência no julgamento for
quanto a sua fundamentação. Mesmo porque a prática forense ensina que fundamentos de
julgamento presente são usados em julgamentos futuros. A fundamentação usada ganha vida
própria e independente do dispositivo do acórdão.
47. Por isso, deve-se rejeitar a interpretação da palavra "resultado", do art. 942, que inclui no
termo apenas o dispositivo e o conteúdo decisório do julgamento. É uma interpretação que vai
de encontro com o objetivo do Código de prestigiar o voto vencido ao máximo, a fim de
enrijecer a jurisprudência.

4.3 Preliminares de ilegitimidade como capítulos decisórios


48. Os argumentos do item anterior [4.2] são afastados pelos doutrinadores que separam
fundamentação de resultado e sustentam ser incabível ampliação do colegiado em caso de falta de
unanimidade apenas na parte da fundamentação [Didier Jr., v.3, 2016, p. 80].
49. Ad argumentandum tantum, caso essa posição seja adotada pelo juízo, ainda assim deve
ocorrer a ampliação da colegialidade no caso em tela. A divergência entre relator e vogais não foi
na fundamentação, mas efetivamente envolveu o conteúdo decisório de cada voto.
50. Desde o célebre ensaio de Liebman Parte o 'capo' di sentenza, a teoria dos capítulos
decisórios separa a decisão judicial em capítulos que tratam de preliminares processuais e
capítulos que adentram o mérito. Nos capítulos processuais da decisão, Liebman sustenta que a
resolução de cada preliminar constitui um capítulo decisório autônomo [Liebman, 1964, p. 54-
56]. Cada qual expressa uma deliberação específica dos julgadores. Não é parte do decisum apenas

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a extinção do processo. Na verdade, há um capítulo decisório para cada preliminar suscitadas em
juízo.
51. No presente caso, duas preliminares processuais foram enfrentadas pelo tribunal.
Aplicando a tese de Liebman, infere-se que o julgamento pelo tribunal inclui dois capítulos
decisórios processuais, nos quais são resolvidas as preliminares de ilegitimidade passiva e ativa.
52. A posição de Liebman nos leva a concluir que relator e vogais deram decisões diferentes.
O capítulo decisório da preliminar de ilegitimidade ativa foi decidido sem unanimidade, pois ela
foi acolhida pelo relator, mas rejeitada pelos vogais. O mesmo ocorreu com o capítulo decisório
da preliminar de ilegitimidade passiva, pois esta foi rejeitada pelo relator, mas acolhida pelos
vogais.
53. A doutrina diverge sobre se a fundamentação integra o resultado do julgamento, mas não
se pode contestar que o que foi decidido, o decisum, faz parte do resultado da apelação. Julgar as
questões preliminares de ilegitimidade é decidir, razão pela qual o pronunciamento do juízo ad
quem sobre ambas está incluído no resultado da presente apelação. Ocorre que, nos dois casos, a
decisão pelo acolhimento da preliminar foi tomada por maioria, sem unanimidade. Está,
portanto, presente a hipótese de incidência da técnica de julgamento do art. 942, caput, aplicável
sempre que o resultado do julgamento da apelação for não unânime.

4.4 Da reproposição da ação em caso de extinção do processo por ilegitimidade ad


causam [art. 486, § 1º]
54. O art. 486, do CPC, estabeleceu que pronunciamento judicial que não resolve o mérito
não obsta nova proposição da ação. Porém, caso o processo tenha sido extinto por ilegitimidade
ad causam, deve-se corrigir esse vício por ocasião da reproposição da ação [art. 486, § 1º].
55. Caso o processo seja extinto com base na decisão dos vogais, o vício de ilegitimidade
passiva deverá ser corrigido em nova propositura da ação. Por outro lado, caso o processo seja
extinto com base na decisão do relator, será o vício de ilegitimidade ativa que deverá ser sanado
em eventual reproposição da ação.
56. De fato, tanto a decisão dos vogais, quanto a do relator, extinguem o processo. Nesse
ponto, elas têm resultados idênticos. Mas há um outro resultado processual de ambas as decisões:
a necessidade de correção do vício de ilegitimidade que gerou a extinção. Aqui, cada decisão
tem um resultado diferente, pois houve divergência entre os desembargadores sobre qual
vício processual macula a presente ação das autoras.
57. Em termos processuais, como ensina a teoria dos recursos, decisão é o pronunciamento
judicial capaz de gerar prejuízo às partes. Por esse motivo, reconhecer uma preliminar de

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ilegitimidade é decidir, pois cria para a parte autora um ônus que antes não existia, caso queira
reingressar com sua demanda. Aliás, o ônus não é provocado pela extinção do processo, mas pelo
reconhecimento da ilegitimidade. Mera extinção não cria para a parte autora o dever de sanar
qualquer vício. É o reconhecimento da ilegitimidade que o faz. Por essa razão, acolher ou rejeitar
a preliminar de ilegitimidade é, por si só, uma decisão. Não se trata de mero fundamento para a
extinção do processo.
58. O art. 486, § 1º, confirma a teoria dos capítulos de sentença de Liebman, segundo a qual
cada julgamento de preliminar é um capítulo decisório. Fica superada a posição de que "o
preceito decisório imperativo a respeito de toda a matéria processual é um único, a saber, (...) a
extinção processual por falta de um ou mais dos pressupostos para prosseguir" [Dinamarco,
2006, p. 41]. Nessa visão, apenas a extinção do processo é decisão. O reconhecimento de
preliminar de ilegitimidade, por não ter consequência processual nem imperativo decisório, não
integraria o decisum do julgamento.
59. Todavia, diferentemente do que Dinamarco defende, o Código traz um imperativo
decisório para a resolução de preliminares extintivas: o imperativo de que seja sanado o vício
apontado, em nova ação. Sendo que cada acolhimento de preliminar gera um imperativo
diferente. Extinguir o processo por ilegitimidade ativa é diferente de extingui-lo por ilegitimidade
passiva, que é diferente de extinguir o processo por ilegitimidade ativa e passiva. Nesses três
casos, os prejuízos às partes são diferentes. As decisões são diferentes, pois deduzem-se
imperativos decisórios distintos de cada uma: elas exigem que vícios diferentes sejam corrigidos.
60. Como a decisão de questão preliminar gera um imperativo decisório, conclui-se que
relator e vogais tomaram decisões diferentes no caso em tela. O conteúdo decisório e as
repercussões processuais de seus votos não coincidem. Houve divergência entre eles acerca de
como resolver a apelação. O julgamento desta não teve resultado unânime, razão pela qual deve-
se estender o colegiado, em aplicação do art. 942, caput.

5. NULIDADE DA SENTENÇA DE PRIMEIRO GRAU POR VIOLAÇÃO AO


PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO E AO ART. 10 DO CPC

61. Independentemente de a apelação ser rejulgada, conforme o item 3, ou a colegialidade ser


ampliada, seguindo o item 4, é imperioso anular a sentença de primeira instância.
62. O princípio do contraditório proíbe as decisões-surpresa (4.1). Na medida em que a
sentença de primeiro grau não observou o art. 10 do CPC, ela é uma decisão-surpresa (4.2). Por

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ser uma decisão-surpresa, a sentença grau é nula. Ela incorreu em error in procedendo e deve ser
anulada (4.3).

5.1. O conteúdo jurídico do princípio do contraditório e a proibição de decisões-surpresa


63. Ao elencar os direitos fundamentais, no rol de seu art. 5º, a CF assegura o contraditório aos
litigantes em processo judicial [art. 5º, LV]. A garantia é corolário do devido processo legal e
confere legitimidade à decisão do Poder Judiciário sobre um litígio [Dinamarco, 2013, p. 157-
159].
64. O contraditório constitui-se de dois elementos: informação e reação [Cintra & Dinamarco
& Grinover, 2014, p. 76]. Em síntese, respeitar o contraditório é permitir que cada parte esteja a
par do processo (informação) e possa manifestar-se nele (reação). No entanto, não basta permitir
que a parte participe do processo. É necessário que ela tenha poder de influenciar seu resultado
[Passo Cabral, 2005]. Trata-se da dimensão substancial da garantia [Marinoni, 1999, p. 258-259].
65. O CPC de 2015 trouxe novas regras que concretizam o direito ao contraditório. Por
exemplo, ele prevê que, caso ocorra fato superveniente que possa influir na decisão do juízo, este
deve intimar as partes para que se manifestem sobre ele, para apenas depois decidir. A sistemática
está presente tanto no processo em primeira instância [art. 493, parágrafo único], quanto no
processo em tribunais [art. 933, caput].
66. Além disso, ao traçar as normas fundamentais do processo civil, o CPC atribuiu ao juiz o
dever de zelar pelo efetivo contraditório [art. 7º], impondo-lhe a obrigação de ouvir a parte antes
de tomar decisão contra ela [art. 9º, caput]. Nesse mesmo sentido, o Código proíbe que qualquer
juízo decida, inclusive de ofício, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado
às partes oportunidade de se manifestarem [art. 10]. Trata-se de expressa proibição de decisões-
surpresa (Überraschungsentscheidung), ou seja, de decisões fundamentadas em argumentos estranhos
ao debate travado no processo pelas partes [Mallet, 2014, p. 398 ; Scarpinella Bueno, 2017, p. 73].

5.2. A violação do contraditório pela sentença de primeiro grau


67. No presente caso, o art. 10 do CPC não foi observado pelo juiz de primeira instância. Sua
sentença é uma decisão-surpresa, pois baseia-se em fundamentos não discutidos durante o
processo. Ao determinar, em despacho [Caso, Anexo 11], que as autoras se manifestassem sobre
as condições da ação, o juiz almejou observar o mandamento do art. 10, mas não logrou êxito. A
doutrina diverge sobre quais sejam as condições da ação no CPC de 2015, o qual nem mesmo faz
uso da expressão. Não há posição pacífica sobre o tema. Inclusive, alguns sustentam que elas
foram extintas pelo novo Código [Didier Jr., v.1, 2015, p. 306]. Portanto, ao empregar expressão

14
tão ambígua em seu despacho, o juiz em nada ajudou as autoras a anteciparem os fundamentos
que ele utilizaria em sua decisão.
68. Os que acreditam em uma continuidade do novo Código com o antigo entendem que as
condições da ação são: o interesse processual e a legitimidade ad causam [Nery Jr., 2015, itens 2 e 7 do
verbete do art. 3º]. O CPC de 2015 teria excluído desse rol a possibilidade jurídica do pedido, presente
no CPC/73. Mesmo nessa visão, a expressão "condições da ação" continua demasiado genérica.
Ao empregá-la, o despacho do juiz não esclarece sobre qual das duas condições a parte deve
manifestar-se, nem expõe os porquês de ele acreditar estar ausente alguma das condições da ação.
69. Em sua sentença, o juiz de primeira instância extinguiu o processo, após decidir
reconhecer a ilegitimidade ativa das autoras, com fundamento no art. 159 da LSA [Caso, p. 49].
Entretanto, a parte autora não se manifestou sobre a aplicabilidade do art. 159 ao caso. Trata-se
de fundamento que sequer foi mencionado durante todo o processo.
70. O juízo tinha o dever de especificar que pretendia extinguir totalmente o processo
por ter verificado, na ação, especificamente o vício de ilegitimidade ad causam ativa, das
autoras. Tinha também o dever de expor seus argumentos e fundamentos, jurídicos e
fáticos, para reconhecer a ilegitimidade ativa. Essa especificação não seria gentileza, mas
dever do juízo imposto pelo art. 10, que garante à parte o direito de expressar-se sobre os
fundamentos da decisão antes de ela ser tomada. Só assim a parte exerce efetivamente seu
contraditório e influencia a resolução do caso pelo juízo.
71. Nada disso, contudo, foi observado. Não há dúvidas de que o juiz violou seu dever de
cooperar com a parte, previsto no art. 6º do CPC.
72. A falta de clareza do despacho, que não expõe os fundamentos com que o juiz pretendia
decidir, torna-o insuficiente e coloca-o em desacordo com o art. 10. Consequentemente, a
sentença que sucedeu o despacho é uma decisão-surpresa. Ela violou as duas dimensões do
direito ao contraditório das autoras. Estas não tiveram conhecimento prévio dos fundamentos
que o juiz utilizou (dimensão informativa), e, portanto, também não tiveram a oportunidade de se
manifestarem sobre esses fundamentos antes da sentença (dimensão reativa). Foi-lhes privada a
dimensão substancial do contraditório, que assegura à parte o direito de influenciar o resultado
do julgamento.
73. Conclui-se que a sentença do presente caso é inconstitucional, por violar o contraditório, e
ilegal, por desrespeitar o art. 10. Enquanto decisão-surpresa, ela é nula de pleno direito [Didier Jr.,
v.1, 2015, p. 82 ; Nery Jr., 2015, item 19 do verbete do art. 10].

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5.3. A declaração da nulidade da sentença por inobservância do art. 10
A inobservância do art. 10, e consequente violação ao contraditório, constitui ausência de
pressuposto de desenvolvimento válido e regular do processo. Trata-se de vício reconhecível de
ofício [art. 485, IV e § 3o], razão pela qual a nulidade da sentença maculada pode ser alegada a
qualquer tempo, sem que tenha havido preclusão [art. 287, parágrafo único].
74. O princípio da fungibilidade, que também pode ser chamado de princípio da instrumentalidade das
formas [Bedaque, 2011, p. 36], determina que não se considerará inválido o ato que atinge a
finalidade da lei, mesmo que tenha desrespeitado a forma prescrita por ela [art. 277]. Ora, o
objetivo do art. 10 é dar às partes, antes da sentença, os fundamentos com que o juiz decidirá,
possibilitando sua manifestação nos autos para influenciar a convicção do magistrado. Como
visto acima, o despacho do juízo que almejava observar o art. 10 foi descuidado e ambíguo,
limitando-se a pedir que as autoras se manifestassem sobre as "condições da ação". Ele, portanto,
não atingiu o objetivo do art. 10 do CPC.
75. O princípio do prejuízo exige que o desrespeito aos ditames legais tenha causado gravame à
parte [art. 282, § 3o]. Trata-se de concretização do célebre brocardo pas de nullité sans grief (não há
nulidade sem gravame). No presente caso, de fato, a violação ao art. 10 gerou prejuízo patente às
autoras. Estas não tiveram chance de influenciar a sentença, a fim de afastar o reconhecimento da
ilegitimidade ativa e impedir a extinção total do processo.
76. Ademais, o princípio do aproveitamento dos atos processuais defeituosos exige que o ato maculado
seja preservado caso seu vício não o torne juridicamente imprestável [art. 283]. Entretanto, no
caso em tela, a sentença proferida em desprestígio ao contraditório é inconstitucional e ilegal,
sendo imperativo anulá-la e inaceitável aproveitá-la.
77. Ante o exposto, nenhum dos três princípios analisados acima impede a decretação da
nulidade no caso em tela, já que o ato viciado não atingiu a finalidade da lei, gerou prejuízo e não
pode ser aproveitado.
78. Conclui-se que a sentença proferida deve ser anulada por incorrer em error in
procedendo. Em seguida, o processo deve retornar à primeira instância e nova sentença
deve ser proferida, desta vez em consonância com o art. 10, ou seja, após manifestação
das autoras sobre os fundamentos específicos que o juiz utilizará para decidir.

6. DA LEGITIMIDADE DAS PARTES PARA FIGURAR NOS POLOS DA DEMANDA

79. Caso o juízo afaste a anulação da sentença, defendida no item anterior, deve-se reformá-
la, rejeitando as preliminares de ilegitimidade ad causam, tanto ativa quanto passiva.

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80. Trata-se aqui da argumentação acerca da legitimidade ad causam dos minoritários para
agirem em defesa dos interesses da companhia nas ações de responsabilização do controlador e
da anulação assemblear (6.1.).
81. Da mesma forma, defende-se aqui a legitimidade ad causam passiva da Pellegrino S/A e da
sociedade Macasu para figurarem como demandadas também nessas ações (respectivamente nas
demandas de anulação assemblear, no caso da Companhia, e nas demandas de responsabilização
de acionista controlador, no caso da Macasu) (6.2.).

6.1. Da legitimidade ativa e passiva quanto ao pedido de indenização pelos danos


causados com abuso do poder de controle
82. Em se tratando da ilegitimidade ativa, vê-se que o ilustre magistrado de piso fundou o
indeferimento da exordial em artigo que não deve incidir no caso dos autos. Explica-se.
83. A verificação da legitimidade para o ajuizamento de ações de responsabilização dos
controladores nas sociedades anônimas deve passar pela análise das relações de direito material
que autorizam a sua propositura. Com efeito, essa lógica se justifica pelo fato de que, no direito
processual brasileiro, a legitimidade possui intrínseca relação com as regras de direito material da
respectiva lide a ser discutida [Araken de Assis, 2003, p. 10], sendo, nas palavras do professor
José Carlos Barbosa Moreira, a “coincidência entre a situação jurídica de uma pessoa, tal como resulta da
postulação formulada perante o órgão judicial, e a situação legitimante prevista na lei para a posição processual que
essa pessoa se atribui[...]”[Barbosa Moreira, 1969, p. 9-10].
84. Essa relação jurídica de direito material deve ser averiguada com base na Teoria da
Asserção, adotada pelo direito brasileiro [ARE 713211 AgR/MG, Rel. Min. Luiz Fux]. Tal teoria
determina que a legitimidade das partes deverá ser verificada com base na relação jurídica de
direito material afirmada pela parte autora na petição inicial. Assim, cumpre constatar no presente
caso qual é a relação jurídica de direito material que as acionistas minoritárias afirmam existir
para, posteriormente, verificar a legitimidade das partes para o pedido e para o cumprimento da
obrigação pretendida.
85. Existem situações, no direito societário, em que os interesses do acionista controlador
conflitam com os interesses da própria companhia. Nessas hipóteses, o controlador deve agir em
defesa do interesse da companhia e não de interesse próprio [LSA, art. 116, parágrafo único].
Não o fazendo, surge o dever de indenizar a companhia pelos danos causados com abuso do
poder de controle, na forma dos art. 117 da LSA (acionistas controladores).
86. Contudo, nessa hipótese, a companhia é incapaz de proteger-se de atos ilícitos de quem a
controla. Assim, cuidou o legislador de criar a possibilidade jurídica de o acionista minoritário

17
resguardar, em juízo, os interesses da companhia, em face de ato ilícito do acionista controlador
praticado com infringência aos arts. 116 e 117 da LSA, conforme autoriza o art. 246 da mesma
Lei.
87. Contudo, o magistrado sentenciante, em síntese, entendeu que, nos termos do art. 159 da
LSA, caberia apenas à companhia (Pellegrino) intentar a ação de responsabilização em desfavor
da requerida Macasu.
88. Ocorre que o art. 159 possui hipótese de incidência distinta: trata da situação de
responsabilização dos administradores da companhia, e não do acionista controlador.
89. E não poderia ser diferente: desde a sua gênese [Lamy Filho & Pedreira, 2009, p. 843], a
LSA procurou estabelecer freios e contrapesos também em relação à atuação do controlador. Daí
o motivo pelo qual, para além da hipótese do artigo 159, o art. 246 desse mesmo diploma previu
regime próprio de responsabilização da sociedade controladora, sem que seja necessária a
realização de assembleia geral prévia deliberando sobre o assunto [Eizirik, 2011, p. 370]. Veja-se
que tal restrição decorre de imperativo lógico: o acionista controlador, por deter o poder de
controle da companhia, votará contra sua própria responsabilização em eventual assembleia geral
e, justamente por ser controlador, impossibilitará a propositura da demanda [Buschinelli &
Bresciani, 2015, p. 262].
90. Como cediço, a Macasu detinha 52% das ações ordinárias da Pellegrino e, posteriormente,
caso não se entenda pela anulação do aumento de capital, 88% das ações ordinárias.
91. Assim, é indubitável a caracterização da Macasu como acionista controladora da empresa
Pellegrino, na forma do art. 243, § 2º, da LSA, o qual afirma que “Considera-se controlada a sociedade
na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe
assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos
administradores”.
92. As autoras/apelantes afirmam, na exordial, que houve abuso do poder de controle por
parte da Macasu, ré, que agiu em prejuízo da companhia em conluio com os administradores.
93. Assim, configura-se a asserção da prática de ato ilícito por parte da controladora em
prejuízo da companhia controlada, da qual nasce o dever de indenizar a Pellegrino, cf. arts. 117 e
246 da LSA.
94. Nesse raciocínio, portanto, os acionistas minoritários têm legitimidade extraordinária para
atuar em defesa dos interesses da companhia em razão da substituição processual autorizada pelo
art. 246 da LSA [Dinamarco, 2014, p. 606 - 607].
95. Em complementação, não se diga que os autores não possuem o requisito mínimo de 5%
(cinco por cento) do capital social para o ajuizamento da ação.

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96. É princípio básico de hermenêutica que a lei não contém disposições inúteis: conforme se
observa da própria LSA, a redação da alínea “a” do § 1º do art. 246, ao utilizar-se da palavra
acionista no plural (“acionistas”), autoriza o litisconsórcio ativo para o atingimento do requisito
de 5% (cinco por cento) elencado nesse dispositivo para a propositura da ação sem que seja
necessária a prestação de caução, que seria a hipótese alternativa elencada pela alínea “b” seguinte
[LSA, art. 246, §1º, b].
97. Ademais, é evidente que o art. 246 funda-se no princípio de proteção dos minoritários, de
modo que interpretação diversa, em prejuízo de tais acionistas, vai de encontro à própria razão de
ser de tal disposição legal.
98. Por fim, o art. 246, § 1º, “a”, claramente condiciona a ação de reparação ao capital social
representado. Assim, para fins deste dispositivo, o aspecto relevante é a quantidade de capital que
busca responsabilizar o acionista controlador, e não o número de acionistas que assim intentam.
Se 5% (cinco por cento) do capital social da empresa pode, isoladamente, defendê-la em juízo,
tanto mais o pode 12% (doze por cento) do capital social, em conjunto.
99. Noutro giro, satisfatório se torna apenas relembrar o ensinamento de Cândido Rangel
Dinamarco, quando escreveu que a legitimidade “depende sempre de uma necessária relação entre o sujeito
e a causa e traduz-se na relevância que o resultado desta virá a ter sobre sua esfera de direitos seja para favorecê-la
ou para restringi-la” [Dinamarco, 2017, p. 357]. Nesse sentido, reforça o autor: “sempre que ela
[procedência do pedido] for apta a atuar sobre a vida, ou o patrimônio do réu, também este será parte
legítima (...)” [Dinamarco, 2017, p. 357, com observação nossa].
100. Portanto, ao se analisar os trechos expostos acima, fica evidente que a Macasu possui
legitimidade para figurar no polo passivo da demanda de responsabilização que foi ajuizada, haja
vista que será sobre ela que os efeitos da procedência do pedido incidirão diretamente,
principalmente em relação ao seu patrimônio.
101. Assim, configuram-se tanto a legitimidade ativa dos minoritários, autorizados por
substituição processual para defender em juízo a relação de direito material controvertida nos
autos, como a legitimidade passiva da controladora, civilmente responsável pelo ressarcimento
dos danos por si causados, nos termos dos arts. 116 e 117 da LSA.

6.2. Da legitimidade ativa e passiva para pleitear a ação de anulação de assembleia geral
com base no artigo 115, §4º da LSA
102. No que diz respeito à legitimidade ativa para ajuizar a demanda de anulação de assembleia
geral viciada, a doutrina diverge essencialmente em relação às seguintes duas hipóteses: (i)
considerar todos os acionistas legítimos [Pereira, 2002, p. 142] ou (ii) apenas considerar legítimos

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os acionistas que divergiram expressamente ou então os que se abstiveram de votar no momento
da assembleia [França, 1993, p. 226].
103. Com efeito, independentemente da hipótese que possa ser correta dentro desse dualismo,
qualquer das duas situações descritas anteriormente se aplica ao presente caso, isso porque dois
dos três litisconsortes ativos da presente ação [R3 e Catalu] votaram contra a tomada de aumento
de capital que ocorreu, enquanto que o terceiro [Anjoli] se absteve em razão de não poder ter
estado presente no momento em que essa diretriz foi votada.
104. Portanto, a melhor interpretação leva a concluir que os acionistas figurando no polo ativo
da pressente demanda possuem legitimidade para pleitearem tal pedido. Aliás, o próprio acordo
de acionistas garante a qualquer parte o direito de requerer judicialmente a anulação de
deliberação assemblear no presente caso [Cláusula 8.3., Acordo de Acionistas da Pellegrino].
105. Levando-se em conta a argumentação exposta anteriormente, acaba sendo inconteste
também que quem deve figurar no polo passivo das demandas de anulação assemblear é a própria
Companhia [França, 1999, p. 125], pois será sobre ela que irão incidir direta e ordinariamente os
efeitos da procedência dessa demanda especificamente, e, em razão disso, será essencialmente
dela o interesse direto de apresentar defesa contra tal pretensão [Moitinho de Almeida, 1990, p.
66].
106. Não obstante isso, ressalta-se aqui a possibilidade de ajuizamento desse tipo de ação
colocando também no polo passivo o acionista controlador que ensejou o vício da assembleia
que se pretende seja anulada; ou até mesmo colocando os diretores e/ou os fiscais da respectiva
companhia, tal como outros demais que tiverem se beneficiado do resultado da referida
deliberação [Ferreira, 1961, p. 642].
107. Afastada a preliminar processual de ilegitimidade ad causam, passa-se à análise do mérito.

7. POSSIBILIDADE DE ANULAÇÃO DA DELIBERAÇÃO ASSEMBLEAR E DE


RESSARCIMENTO DOS PREJUÍZOS RECLAMADOS NA PETIÇÃO INICIAL

108. Nesta parte será abordada a necessidade de anulação da assembleia geral que determinou
o aumento de capital em razão da mácula no voto da controladora em face de conflito substancial
de interesses da controladora em relação à companhia (7.1) e, também, em decorrência do
desrespeito à determinação contida no acordo de acionistas (7.2).
109. Outrossim, será defendida a necessidade de reparação, por parte da Macasu, dos prejuízos
causados por seus atos como controladora requeridos na exordial (7.3).

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110. Ao final, será defendida a necessidade de aplicação da teoria da causa madura a ambos os
pedidos.

7.1. Necessidade de anulação da Assembleia em razão de ter ocorrido voto com interesse
conflitante com o da companhia [LSA, art. 115, § 4º]
111. Conforme se observa da redação do §4º do art. 115 da LSA, “a deliberação tomada em
decorrência do voto de acionista que tem interesse conflitante com o da companhia é anulável(...)”. O interesse
conflitante ao qual se refere esse dispositivo é aquele definido pela doutrina como “conflito
substancial de interesses” [Eizirik, 2015, p. 221], que seria caracterizado pelo ato de proferir voto
movido para um fim distinto do da própria companhia, no intuito especificamente de promover
interesses incompatíveis com o interesse dessa última, essa incompatibilidade que deverá ser
apreciada mediante o exame do conteúdo da deliberação que foi tomada [França, 1993, p. 97]
112. Com efeito, embora a ocorrência de voto maculado por um conflito de interesses da
espécie descrita acima (substancial) caracterize o ato ilícito descrito no artigo supracitado, não
somente essa particularidade poderá ensejar a anulação à qual esse dispositivo se refere. De
acordo com o professor Nelson Eizirik, fazendo referência aos estudos de Alfredo Sérgio
Lazzareschi Neto [Lazzareschi Neto, 2012, p. 244] e de Trajano de Miranda Valverde [Valverde,
1953, p. 67], para a que seja anulada a deliberação assemblear na hipótese prevista no art. 115 da
LSA, é necessária a comprovação dos seguintes requisitos [Eizirik, 2015, 221]:

(a) “conflito de interesses”;


(b) “prova do dano, atual ou potencial, sofrido pela companhia”;
(c) constatação de que o “voto do acionista com interesse conflitante tenha sido determinante para a formação
da maioria”.

113. Nesse raciocínio, conforme será demonstrado a seguir, no caso destes autos há a presença
de todos os três requisitos elencados acima, o que torna necessária a anulação da assembleia, tal
como pretende a parte apelante.

7.1.1. Da configuração dos requisitos para a anulação assemblear


114. Existem hipóteses em que o interesse da sociedade controladora conflita com os
interesses da companhia controlada. No caso concreto, houve tal espécie de conflito vez que o
aumento de capital se deu de modo abusivo, com o intuito de prejudicar tanto a companhia
quanto os acionistas minoritários, em violação ao art. 115, caput e § 4º da LSA.

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115. Nos termos do pedido de responsabilização por danos causados à companhia, a
controladora Macasu agiu com abuso de poder de controle e, em conluio com os administradores
da companhia, causou prejuízos gravíssimos à companhia, devidamente constatados no laudo da
empresa de auditoria Patrilu, acostado aos autos.
116. Em face de tal malversação de recursos, o interesse da controladora Macasu era,
evidentemente, dificultar a constatação dos desvios e responsabilização dos responsáveis. O
interesse da Pellegrino, por sua vez, era justamente o oposto: ser ressarcida pelos prejuízos
sofridos em face de ato da controladora em coautoria com os administradores [Lima, 2012, p.
711]. Configurou-se, assim, o conflito de interesses entre a Macasu e a Pellegrino.
117. Desta forma, e no intuito de dificultar a própria responsabilização e dos administradores
da companhia, em face do parentesco da Sra. Rachel Zeini e do Sr. Roberto Zeini com o Sr.
Romeo Zeini, fundador da Macasu [Ato da Comissão Organizadora nº 01/2018, p. 7], a Macasu
deliberadamente utilizou-se de seu poder de controle no intuito de diluir o capital social das
acionistas minoritárias para valor inferior a 5% (cinco por cento) e dificultar sobremaneira o uso
das ações sociais por parte das minoritárias [Eizirik, 2015, p. 261].
118. Veja-se que tanto o art. 159, § 4º (responsabilização dos administradores) quanto o art.
246, § 1º, “a” (responsabilização dos controladores) exigem o mínimo de 5% (cinco por cento) de
capital social para a legitimação extraordinária dos acionistas minoritários. O art. 159, de modo
mais gravoso, não prevê alternativa, enquanto o art. 246, em seu § 1º, “b”, permite a ação social
desde que mediante a prestação de caução – o dispositivo permite a ação social, porém a torna
muito mais custosa para os minoritários.
119. Assim, há dano, ainda que potencial [França, 2002, p. 225], sofrido pela Pellegrino e pelos
minoritários, que viram reduzidas as possibilidades de cobrança judicial dos interesses diretos da
Pellegrino e indiretos dos minoritários, legitimados extraordinários na forma dos arts. 159 e 246.
120. Portanto, é indubitável a ocorrência de voto abusivo da Macasu, proferido com o fim de
causar dano à companhia e aos minoritários (infringência ao art. 115, caput, da LSA).
121. Por fim, é notório nos autos que a Macasu detinha 52% (cinquenta e dois por cento) das
ações ordinárias da empresa quando da deliberação, tomada contra a discordância expressa de
duas acionistas minoritárias e em face da ausência da terceira acionista minoritária. Logo, conclui-
se que a deliberação foi tomada em decorrência de voto de acionista que possui conflito de
interesses com a companhia (infringência ao art. 115, § 4º, da LSA), sendo, por conseguinte,
anulável.
122. Desta feita, é imperiosa a anulação da assembleia geral que deliberou pelo aumento do
capital social da Pellegrino por infringência ao art. 115, caput e § 4º da LSA.

22
7.2. Da nulidade da assembleia decorrente de violação a acordo de acionistas
123. Preconiza o art. 166, VII, do CC, que “é nulo o negócio jurídico quando (...) a lei taxativamente
proibir-lhe a prática, sem cominar sanção”.
124. No caso concreto, a deliberação da assembleia geral é nula de pleno direito, vez que
tomada com violação ao art. 118, § 8º da LSA, em razão da inobservância às cláusulas 4 e 3.4 do
acordo de acionistas.
125. Nesse raciocínio, partindo para análise do referido instrumento contratual, em primeiro
lugar, aponta-se a inobservância do que determina a sua "cláusula quarta", que diz que "as partes se
comprometem a exercer seus respectivos direitos de voto nas Assembleias Gerais, e a fazer com que os membros do
Conselho de Administração, por elas indicados, atuem sempre no melhor interesse da companhia" [Caso, p. 31].
Em vista dos argumentos expostos até aqui, fica evidente que o conflito de interesses substancial
da Macasu acarretou voto dissonante em relação ao que seria o melhor interesse da Pellegrino
S.A, o que, por consequência, se configura também como infringência ao que estaria contido na
cláusula supracitada.
126. Noutro giro, é importante destacar o contéudo da cláusula 3.4, que determina que “na
hipótese de não ser obtido o consenso para a aprovação de uma determinada matéria, as Partes se obrigam a votar,
e a instruir o voto dos membros do Conselho por elas indicados, de forma a manter o status quo” [Caso, p. 30].
127. Ora, acordo de acionistas arquivado na sede (caso dos autos), deve ser observado pela
companhia, nos termos do art. 118, caput, da LSA. O acordo efetivamente integra o Estatuto da
companhia [Martins-Costa Ferreira, 2015, p. 509-511].
128. Assim, muito embora, no presente caso, não tenha ocorrido a reunião prévia em razão de
impossibilidade de agenda, a cláusula 3.4 do acordo de acionistas determina a obrigatoriedade de
consenso em todas as deliberações sociais. Veja-se que o Estatuto Social da Pellegrino não possui
norma específica sobre a votação em assembleia geral, sendo tal matéria regida integralmente pelo
acordo de acionistas arquivado na sede. Assim, a regra estatutária para qualquer votação em
assembleia geral é de consenso.
129. Por conseguinte, o voto da Macasu, proferido contra o acordo de acionistas, deveria ter
sido desconsiderado pelo presidente da assembleia geral, conforme preconiza o art. 116, § 8º, da
LSA. No entanto, isso não ocorreu. A assembleia geral foi presidida pelo Sr. Luiz Pequeno [Caso,
p. 38], um dos diretores da Pellegrino, em mais uma violação do Estatuto Social, que define o
Presidente do Conselho de Administração, não um mero diretor, como competente para presidir
assembleia geral [Art. 9º, parágrafo único, Estatuto da Pellegrino].

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130. O presidente da assembleia geral, que não tinha competência para presidir o ato, agiu
contra a lei e em benefício da própria Macasu, para dificultar responsabilização sua e da sociedade
controladora pelos atos ilícitos praticados, o que reforça o conflito de interesses abordado no
tópico anterior.
131. Considerar voto proferido em conflito de interesses e permitir que diretor presida a
assembleia geral geram nulidade da assembleia geral. Ainda que não arguidas, são cognoscíveis de
ofício em qualquer grau de jurisdição, na forma do art. 168, parágrafo único, do CC.
132. Caso assim não se entenda, ad argumentandum cumpre pontuar que tal matéria está coberta
pela devolutividade: “a profundidade do conhecimento do tribunal é a maior possível: pode levar em
consideração tudo o que for relevante para a nova decisão, por isso que o brocardo latino tantum devolutum
quantum appellatum (relativo à extensão do conhecimento), complete-se pelo acréscimo vel appellare debebat
(relativo à profundidade)” [Grinover; Fernandes; Gomes Filho; 2001, p.52]. Nesse raciocínio,
portanto, “nos limites da matéria impugnada, ou cognoscível de ofício, e desde que não modifique o pedido e a
causa de pedir (que delimitam a pretensão), o tribunal poderá livremente apreciar, no recurso, aspectos que não
foram suscitados pelas partes” [Grinover; Fernandes; Gomes Filho; 2001, p.52].
133. Cumpre destacar que o art. 1.013, § 1º, afirma que “serão, porém, objeto de apreciação e
julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido
solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado”.
134. No caso, a questão acerca da nulidade da assembleia geral por violação ao acordo de
acionistas é relativa ao capítulo de resolução do mérito, que é devolvido ao Tribunal. Sendo
suscitada tal questão, deverá ser objeto de análise por esta egrégia Corte de Justiça.
135. Por derradeiro, o pedido de anulação da assembleia geral é questão eminentemente de
direito. Sendo a sentença fundada no art. 485 do CPC, merece aplicação da teoria da causa
madura, prevista no art. 1.013, § 3º, I do CPC.

7.3. Possibilidade de ressarcimento dos prejuízos reclamados na petição inicial


136. O exercício do controle é um ato lícito e necessário ao andamento saudável das operações
societárias [Comparato & Salomoão Filho; 2014, p. 315]. Não obstante isso, tal como todo
direito, o seu uso indevido pode acarretar graves prejuízos à respectiva companhia e aos outros
acionistas que dela participam [Eizirik, 2015, p. 245]. Por essa razão, o legislador implementou
determinados limites na lei societária para que não sejam perpetrados abusos pelos controladores,
os quais estão contidos tanto no art. 115 (que se aplica não só ao controlador, mas a todos os
acionistas) quanto no art. 117 (que é aplicado especificamente ao acionista detentor do poder de

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controle), ambos da LSA. Da mesma forma, tal regulação acaba sendo tão importante que a
própria CVM regulamenta essa questão em sua instrução nº 323/2000.
137. Com efeito, sintetizando o entendimento da instrução supracitada e da própria LSA,
“constitui abuso de poder de controle qualquer decisão que não tenha por finalidade o interesse social, mas que vise
a beneficiar exclusivamente o acionista controlador, em detrimento da sociedade, dos acionistas minoritários e de
terceiros” [Eizirik, 2015, p. 245]. É em vista desse raciocínio que não restam dúvidas acerca da
aplicação dos arts. 115, § 3º e 117, § 1º, alíneas “c”, “d”, e “g” ao presente caso.
138. Quanto ao tipo de responsabilidade decorrente de violação aos dispositivos normativos
mencionados no parágrafo anterior, é assente na jurisprudência a responsabilidade objetiva [vide
tese vencedora no REsp 798.264/SP ; PAS nº 11/96 e PAS nº 2001/4474], tal como apontado na
inicial [Caso, p. 13].
139. Outrossim, importante explicitar a necessidade de se comprovar os danos oriundos das
condutas decorrentes do acionista controlador. A jurisprudência da CVM admite que a
responsabilização ocorra mesmo que o dano seja somente potencial [PAS nº 2005/0097 e PAS nº
2001/4474]. No presente caso, contudo, houve dano concreto e não somente possível ou
hipotético. Com efeito, o documento acostado aos autos, parecer preliminar elaborado pela
empresa de auditoria Patrilu [Caso, pp. 41-42] , comprova que houve a prática de desvios e
malversação de verbas por parte dos administradores da companhia em conivência com a
sociedade controladora Macasu. A incerteza de tal documento restringe-se à extensão do dano,
verificável em procedimento de liquidação da sentença.
140. Embora a regra geral do CPC seja pela determinação do pedido, é possível formular
pedido indeterminado “quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato”
(art. 324, § 1º, CPC). No caso, a Patrilu expressamente consignou a resistência da administração
da Pellegrino em fornecer os documentos necessários à averiguação da extensão do dano,
configurando a hipótese autorizadora de pedido indeterminado. Despiciendo pontuar que tal
possibilidade é notoriamente reconhecida pela jurisprudência do STJ [REsp 798.264/SP].
141. Assim, existe prova documental nos autos apta a comprovar os danos, estando a causa
em condição de imediato julgamento e merecendo a aplicação da teoria da causa madura, prevista
no art. 1.013, § 3º, I, do CPC.
142. Caso assim não se entenda, a única prova eventualmente necessária seria a realização de
laudo oficial para provar sem qualquer dúvida o que já está comprovado pelo laudo da Patrilu.
Assim, é possível que os autos sejam baixados em diligência para a realização de prova pericial, na
forma do art. 938, § 3º, do CPC. Veja-se que se afigura inadequado a devolução do processo para

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que o magistrado a quo conduza instrução processual, vez que já manifestou seu entendimento
pela ilegitimidade ativa das autoras/apelantes.
143. Assim, deve ser aplicada a teoria da causa madura e condenada a Macasu a indenizar a
Pellegrino pelos prejuízos causados pelo abuso no poder de controle [Eizirik, 2015, p. 246], a
serem averiguados em fase de liquidação de sentença, bem como a arcar com os custos previstos
no art. 246, § 2º, da LSA.

8. POSSIBILIDADE DE A LESTE INGRESSAR COMO ASSISTENTE SIMPLES NO


PROCESSO E SUSTENTAR ORALMENTE

144. Deve-se deferir o requerimento realizado pela Leste para ingressar o processo como
assistente simples, a fim de que sejam auxiliadas as autoras – Anjoli, R3 e Catalu – na presente
ação, vez que a Leste veicula interesse jurídico – e não econômico, como abaixo se demonstra.
145. No caso em tela, a decisão do colegiado ainda não é definitiva, já que foi aplicado o art.
942, do CPC. A empresa Leste tem, portanto, concreta oportunidade de auxiliar as partes
recorrentes, podendo trazer argumentos que influenciarão a decisão dos novos julgadores.
146. De acordo com o artigo 119, caput, do CPC, a assistência se configura quando há terceiro
juridicamente interessado para intervir no processo. Já o parágrafo único deste mesmo artigo
autoriza o ingresso de terceiro em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição.
147. No presente caso, há interesse jurídico da empresa Leste para intervir no processo em
sede de apelação, uma vez que fora celebrado contrato de cessão e aquisição de direitos
creditórios sob condição suspensiva entre as partes autoras e a empresa supramencionada, com a
finalidade de se obter financiamento para litigar contra as empresas rés, Macasu e Pellegrino, no
valor de R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), no dia 11 de dezembro de 2016,
antes do ajuizamento da presente ação.
148. As minoritárias não poderiam transigir sobre o valor da indenização, devido à Pellegrino,
mas realizaram a cessão de crédito sobre os 5% (cinco por cento) de prêmio a que farão jus, na
forma do art. 246, § 2º, da LSA.
149. O contrato, enquanto negócio jurídico privado, já é suficiente para vincular juridicamente
Leste ao litígio, pois a empresa sofrerá os efeitos reflexos do julgamento desta lide, haja vista a
relação jurídica contratual que mantém com as autoras. [Didier, v. 3, 2016, p. 489].
150. A intervenção na forma da assistência pode se dar na modalidade simples [art. 121] ou
litisconsorcial [art. 124]. A assistência litisconsorcial pressupõe relação jurídica entre o assistente e

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o adversário do assistido. No caso, a relação jurídica da Leste não é com a Macasu, mas com as
acionistas minoritárias. Leste deve intervir como assistente simples, portanto, não litisconsorcial.
151. A crise econômica de 2008 assolou o país a partir de 2013 e foi um dos fatores
responsáveis pelo déficit crescente da Pellegrino. A crise transformou o financiamento de litígios
em algo necessário ao acesso à justiça, pois possibilita ingresso, no Judiciário, de pessoas físicas
ou jurídicas fragilizadas economicamente, o financiamento de litígios beneficia tanto a parte que
financia, pois constitui atividade econômica que limita riscos e gastos com o contencioso, quanto
à parte que é financiada, pois esta recebe capital o suficiente para movimentar a máquina estatal
envolvendo litígios de grande monta [Zabaglia, 2016].
152. A Leste já é responsável por financiar nove disputas judicias no Brasil, em busca de seu
objetivo de “capturar oportunidades de investimentos no universo das disputas jurídicas” [Leste, 2015].
153. O interesse da Leste na presente ação não é meramente econômico. Caso as autoras não
logrem êxito na ação judicial, elas não serão obrigadas a restituir a quantia investida pela Leste ou
a pagar qualquer valor à cessionária, nos termos da cláusula terceira, segunda parte, do contrato.
154. A Leste não é credora, para reaver o capital gasto com as empresas autoras em caso de
derrota judicial. Assim, não prospera o argumento de tratar-se de mero interesse econômico, pois
não há “interesse de um credor na solidez econômica de seu devedor” [Carneiro, 2009, p. 185].
155. Ademais, a distinção entre interesse jurídico e não-jurídico (ou econômico) é mera
questão interpretativa, pois o prejuízo a que está sujeito o terceiro interessado na lide justifica sua
intervenção [Beneduzi et al., 2017, p. 223]. Afinal, no caso em tela, o dano patrimonial decorrente
de um possível não provimento à apelação diminuirá consideravelmente o ativo da Leste.
156. O artigo 121, do CPC, determina que o “assistente simples atuará como auxiliar da parte
principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido”. Portanto, o
assistente está autorizado a desempenhar atos-fatos processuais, ou seja, atos-fatos que não são
contra a vontade negocial da parte assistida [Didier, v. 3, 2016, p. 494]. Logo, caso seja deferida
sua intervenção como assistente simples, Leste poderá sustentar oralmente perante o colegiado.
157. Os poderes do assistente simples devem ser interpretados extensivamente, já que o CPC
não os restringe [Beneduzi et al., 2017, p. 223]. É possível, por isso, compatibilizar o artigo 121 e
937, do CPC. Este dispõe que “na sessão de julgamento, depois da exposição da causa pelo relator, o
presidente dará a palavra, sucessivamente, ao recorrente, ao recorrido e, nos casos de sua intervenção, ao membro do
Ministério Público (...) para cada um a fim de sustentarem, suas razões, nas seguintes hipóteses: I- no recurso de
apelação”. Conclui-se ter a Leste o direito de sustentar oralmente perante o colegiado ampliado na
forma do art. 942, com oportunidade de influenciar o resultado do julgamento a seu favor.

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158. Conclui-se ser imperiosa a intervenção da Leste como assistente simples, para contribuir
com o julgamento, diante: i) do vínculo jurídico da empresa com a demanda e ii) das graves
repercussões que a empresa sofrerá qualquer que seja o resultado da apelação.

9. REQUERIMENTOS

159. REQUERIMENTO Nº 1 - Requerem as apelantes que sejam desconsiderados os


votos já proferidos pelos desembargadores e seja rejulgada a apelação em tela pela 2ª Câmara, por
aplicação do art. 933, § 1º, do CPC, antes de qualquer ampliação da colegialidade [Item 3].
160. REQUERIMENTO Nº 2 - Subsidiariamente ao rejulgamento da apelação pela 2ª
Câmara, requerem as apelantes que seja mantida a ampliação do colegiado promovida pelo
Presidente, nos termos do art. 942, caput, do CPC [Item 4].
161. REQUERIMENTO Nº 3 - Em rejulgamento ou em ampliação da colegialidade,
requerem as apelantes que seja anulada a sentença de primeira instância, por violação ao art. 10,
do CPC, e que o processo retorne à primeira instância para ser sentenciado outra vez [Item 5].
162. REQUERIMENTO Nº 4 - Subsidiariamente à anulação da sentença, requerem as
apelantes que seja reformada a sentença para afastar a preliminar de ilegitimidade ativa, bem
como a preliminar de ilegitimidade passiva, suscitada durante o julgamento pela Câmara [Item
6].
163. REQUERIMENTO Nº 5 - Afastadas as preliminares de ilegitimidade ad causam,
requerem as apelantes que seja enfrentado o mérito pelo tribunal, por aplicação da teoria da
causa madura, para julgar procedentes os pedidos da exordial de: i) anular a deliberação, tomada
em assembleia geral, que promoveu o aumento do capital social da Pellegrino e a emissão de
novas ações da companhia; e ii) condenar Macasu ao pagamento de indenização pelos danos
causados à Pellegrino, no valor de R$ 100.000.000,00 (cem milhões de reais) [Item 7].
164. REQUERIMENTO Nº 6 - Requerem as apelantes o deferimento da intervenção da
Leste como assistente simples no presente processo, por ter genuíno interesse jurídico na
demanda [Item 8].

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10. REFERÊNCIAS
Autores citados
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Legislação citada
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Lei 10.406 de 2002 (Código Civil)
Citado como: CC
Lei 13.105 de 2015 (Código de Processo Civil)
Citado como: CPC
Instituições citadas

Comissão de Valores Mobiliários


Citado como: CVM
Superior Tribunal de Justiça
Citado como: STJ
Julgados citados
STF
ARE 713.211 AgR-ED/MG, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Turma, julgado em 01/04/2014, DJ
15/04/2014.
STJ
REsp 798.264/SP, Rel. Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, Rel. p/ Acórdão Ministra
Nancy Andrighi, 3ª Turma, julgado em 06/02/2007, DJ 16/04/2007.
CVM
PAS nº 2005/0097
PAS nº 2001/4474
PAS nº 11/96
Outras fontes
Instrução normativa nº 323/2000 da CVM
Estatuto da Pellegrino
Acordo de Acionistas da Pellegrino
Leste Litigation Finance. Leste. 2015. Disponível em: http://www.leste.com/pt/leste-litigation-
finance/
Citado como: Leste

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