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Araraquara – SP
15 de abril de 2013.
O tema da revolução burguesa brasileira é problematizado com frequência entre vários
que pensam a sociedade e a história do país. Dominá-lo mostrou-se fundamental para
compreender a formação do Estado brasileiro e suas relações com a sociedade, essencialmente
àquele que se põe a estudar a formação e configuração da própria sociedade brasileira na
contemporaneidade.
No entanto, além da consequente atenção voltada aos centros urbanos ao invés dos
rurais, também se assinala o período desta ruptura com outros fatores tão importantes quanto,
como a proclamação da República. É importante observar que enquanto se instaura a
configuração do trabalho livre, também se abre a organização do Estado às exigências do
capitalismo – perspectiva para a qual, por sua vez, o pensador Caio Prado Júnior põe maior
evidência, ao notar, neste momento histórico, grande transformação da economia brasileira,
cuja produção se estende consideravelmente devido a uma maior demanda. Ainda, é
interessante a observação que o autor faz, em relação ao desenvolvimento, também, das
condições sociais e culturais para esta nova formatação da produção econômica, igualmente
fundamental no processo histórico a que aqui se refere.
Já no período após 1964, ano em que houve golpe estatal que instaurou um regime
militar, tornou-se incontestável o caráter fascista do aparelho estatal brasileiro e da revolução
burguesa. Com a submissão das classes e grupos assalariados a um bloco de poder articulado
apenas pela burguesia financeira e monopolista e pelas forças militares, ambos sob forte
influência do imperialismo estadunidense, também se tornou explícitae escancarada a
dissociação completa entre Estado e sociedade civil. Concebe-se este violento período da
história brasileira, a ditadura militar, como o momento de realização plena da revolução
burguesa.
Parte dos estudiosos desta problemática a dão como atualmente inconclusa, antes,
porém, do desfecho da ditadura militar; momento que, no entanto, caracteriza o fim do “ciclo
da revolução burguesa” para Octavio Ianni, pois o autor associa alguns aspectos da sua
contemporaneidade como fatores que comprovam este fim, como a dinamização do mercado e
a diversificação de veículos de opinião pública.
Feitas as reflexões acerca desta temática, torna-se evidente para todos os casos,
entretanto, a presença do autoritarismo estatal em toda a história do país, e a primazia de
interesses de minorias sobre o mal-estar da maioria. Tal sentimento é celebremente elucidado
e sintetizado nesta passagem:
COUTINHO, Carlos Nelson. A democracia como valor universal. São Paulo: Livraria
Editora Ciências Humanas, 1980.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1956.
PRADO JR., Caio. História econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1953.