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Na Suécia houve um encontro especialíssimo, no Palácio Real de Estocolmo, com a Rainha Silvia, filha
de brasileira e pai alemão, viveu em São Paulo dos 4 aos 13 anos, fala o português sem sotaque, é
adorada pelos suecos, tem 3 filhos, e sua filha primogênita, a Princesa Vitória, é a primeira na linha de
sucessão ao trono sueco.
A Escandinávia possui hoje o mais elevado padrão de vida, mesmo entre as nações desenvolvidas. Nos
últimos 30 anos, a Finlândia vem se destacando positivamente no cenário europeu e a educação tem
papel fundamental na obtenção desse status quo . Hoje, esses países, e especialmente a Finlândia, que
obteve a primeira colocação no exame do PISA, constituem modelos de excelência na educação e
despertam grande interesse de governos, educadores, economistas e empresários do mundo todo.
A comitiva, formada por mais de 70 educadores de várias regiões do Brasil, participou de seminários
sobre o sistema educacional sueco e finlandês e realizou visitas a dezenas de escolas, com objetivo de
conhecer e comparar o papel do Estado e da escola privada, a capacitação e o papel fundamental do
professor, o grau de autonomia dado às crianças e aos jovens, a inclusão natural de todos os estudantes,
inclusive dos imigrantes, o sistema de avaliação das escolas.
Para ampliar ao máximo a visão sobre o sistema sueco e finlandês, foram incluídas visitas a instituições
de ensino de diferentes níveis, do pré-escolar à universidade, pública e privada, de periferia e de bairros
tradicionais.
Sobre o PISA
O PISA, sigla de Programme for International Student Assessment , é uma avaliação internacional da
qualidade da educação, patrocinada pelos países participantes da OCDE – Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico, com coordenação nacional a cargo do INEP – Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, órgão vinculado ao Ministério da
Educação.
A avaliação feita no PISA ocorre a cada ciclo de 3 anos, com um plano estratégico que se estenderá até
2015. As áreas principais, a que se dedicam 2/3 do tempo das provas são: Leitura, em 2.000, Matemática,
em 2003 e Ciências, em 2006.
No ano de 2006, 56 países membros da OCDE e países convidados, que é o caso do Brasil, participaram
da avaliação do PISA. Em cada país são avaliados entre 4.500 a 10.000 alunos, de 15 e 16 anos, das 7ª.
e 8ª. séries do ensino fundamental e do 1º. e 2º. anos do ensino médio, de escolas públicas e privadas.
O PISA tem uma particularidade, se comparado ao nosso SAEB, (*) Sistema de Avaliação da Educação
Básica: a prova abrange, não somente os domínios curriculares, que é o caso do SAEB, mas,
especialmente, os conhecimentos relevantes e as habilidades necessárias à vida adulta, com ênfase no
domínio dos procedimentos, compreensão dos conceitos e capacidade para responder a diferentes
situações do dia-a-dia.
(*) Em 2005, a Portaria Ministerial n.º 931 alterou o nome do histórico exame amostral do Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), realizado desde 1990, para Avaliação Nacional da
Educação Básica (Aneb). Por sua tradição, entretanto, o nome do Saeb foi mantido nas publicações e
demais materiais de divulgação e aplicação deste exame.
Sobre a Finlândia
De um lado, ao extremo norte, a Finlândia faz fronteira com a Suécia, e de outro, em quase toda a sua
extensão, com a Rússia. Helsinque, sua capital, é banhada pelas águas pouco salgadas do mar Báltico, e
por esta razão se congela no inverno com uma camada de mais de 2 palmos de gelo. Neste período, os
finlandeses praticam esqui sob o mar congelado, e alguns, os mais corajosos, fazem furos no gelo para
pescar salmão.
Devido à inclinação do eixo da terra, uma vez ao ano, entre os dias 17 e 24 de junho, a Finlândia fica
exposta ao sol 24 horas por dia – é o sol da meia-noite. Este período é tão importante que há festival de
danças típicas ao ar livre para celebrá-lo.
Ao longo dos tempos, Suécia e Rússia dominaram a Finlândia – são 800 anos de história com a Suécia e
100, com a Rússia. Após a revolução russa, em 1917, a Finlândia ficou independente, portanto, apenas
há 90 anos!
A população da Finlândia é de 5.200 milhões de habitantes e de Helsinque, 560 mil. Para efeito de
comparação entre as cidades de referência, Estocolmo tem 900 mil, Oslo 529, Berlim 3.300 milhões e St.
Petersburgo, 4.660 milhões, que juntas não alcançam a população de São Paulo!
A Educação na Finlândia
A nossa comitiva foi privilegiada ao ter tido não apenas um, mas dois encontros com Mrs. Eeva Pentilla,
uma das mais respeitadas vozes em Educação da União Européia e responsável pelas escolas de
Helsinque. Mrs. Pentilla, nos fez dois longos e apaixonantes relatos sobre a educação de seu país e nos
confidenciou que pouco antes de sair o resultado do exame do PISA havia marcado uma reunião para
discutir alguns pontos que considerava que não estavam nada bons nas escolas de Helsinque!! - Foi uma
surpresa o 1º. lugar, não somos muito bons em matemática, gastamos mais tempo ensinando línguas,
disse.
O sistema educacional da Finlândia é pequeno se comparado a muitos estados brasileiros. São 161
escolas básicas, as comprehensive schools – de 7 a 16 anos e 38 escolas secundárias, que totalizam
pouco mais de 70 mil estudantes. Soma-se a este sistema os 26 mil alunos matriculados nas 37 escolas
vocacionais ou técnicas, 130 mil nas 31 politécnicas e 176 mil nas 20 universidades.
No período em que a Finlândia fez parte da Suécia, a educação era feita pela igreja, que exigia que toda
pessoa que quisesse se casar na igreja deveria saber ler. Saber ler é fazer parte da sociedade, é muito
importante um indivíduo ser aceito pela sociedade, ser aceito pelo vizinho, afirmam os finlandeses. Assim,
esta idéia persiste até hoje, a única mudança é que a sociedade não quer só; saber ler, quer também
a conclusão de todo o ciclo escolar básico.
Em 1970 houve uma grande revolução na educação finlandesa. Isso foi necessário pois no antigo sistema
20% no máximo completava o ciclo básico. Em 20 anos a Finlândia reverteu significativamente essa
porcentagem. Já em 2004, as estatísticas mostraram que 9 alunos estavam fora da escola, e atualmente,
12 alunos. Notem, não estou me referindo à porcentagem! E esses 12 alunos têm ocupado o tempo de
vários educadores buscando diferentes formas do sistema educacional reabsorvê-los.
No antigo sistema só a educação primária de 6 anos era gratuita, o restante da educação era paga. Em
1970, a educação básica passou a ser obrigatória e gratuita e com 9 anos de escolaridade e
funcionamento das 8 às 15 horas. Também são gratuitos, durante os primeiros 9 anos, o transporte, a
refeição e todo o material escolar. Após este período, os alunos têm que pagar os livros.
Na Finlândia, não se ensina a ler no ensino pré-escolar - a criança tem o direito de ser criança por mais
tempo, ensinam, e está pronta para aprender a ler a partir dos 7 anos, afirmam.
Respondendo sobre a principal diferença entre o sistema educacional sueco e finlandês, Mrs. Pentilla deu
o seguinte exemplo: se pais suecos saem para esquiar com o filho e o filho cai, eles correm para acudir;
pais finlandeses, na mesma situação, simplesmente olham e dizem: - se levanta você é capaz, você
consegue. Assim, a palavra de ordem no sistema educacional finlandês é: AUTONOMIA.
Existem escolas privadas na Finlândia, as independentes, como são chamadas. Todas são gratuitas,
totalmente financiadas pelo Estado e abertas ao controle do Estado. A expansão do ensino privado é
bastante incentivada pelo governo - só o setor privado reúne condições para atender às necessidades de
uma sociedade que demanda por serviços educacionais cada vez mais diversificados.
Os reitores das escolas independentes, assim como os das públicas, são executivos recrutados no
mercado, que têm que provar, ano a ano, que aplicaram bem os recursos recebidos para continuar no
cargo.
Na Finlândia as escolas são consideradas um ótimo local para se trabalhar. Muitos querem atuar nas
escolas, especialmente na docência. O prestígio dos professores é alto. Esses profissionais são
valorizadíssimos e é comum auferirem salários superiores aos dos reitores, e ganham ainda mais aqueles
que ensinam nos dois primeiros anos iniciais, considerados os mais importantes na motivação da
aprendizagem. Se não forem adequados, podem interferir negativamente em todos os anos seguintes,
afirmam. Os professores que atuam no nível fundamental contam com um suporte de psicólogos para
atendê-los.
Os alunos com dificuldades de aprendizagem não muito severas, estão integrados na mesma turma, e
neste caso, a classe conta com um professor assistente. Pode ocorrer de ter 2 ou 3 professores em sala
de aula. Para aqueles com dificuldades mais sérias, há escolas especializadas que funcionam dentro das
escolas normais.
Em Helsinque para cada 800 alunos há um psicólogo e um assistente social, com locais de trabalho
próprios dentro das escolas. Todos os alunos quando ingressam na escola têm uma entrevista com o
psicólogo e com o assistente social. Graças a essa rotina de entrada, mais tarde, se eventualmente
vierem a precisar de ajuda, não se sentirão estigmatizados pois já os conhecem.
As mulheres finlandesas são consideradas “beges”, ou seja, são as que menos gastam com cosméticos
em toda a União Européia, por outro lado, são bem motivadas para os estudos. Segundo resultado de
uma pesquisa, elas atribuem muito valor ao homem que esteja no mesmo nível intelectual. Do universo
feminino 70% tem curso superior, contra 40% do masculino, e a tendência é aumentar, na medida em que
as mulheres vêm obtendo melhores resultados nos históricos escolares.
Muitos homens, por não terem cursado a universidade nem a escola politécnica, estão fora do mercado
de trabalho. Isso pode ser uma das causas pela qual a Finlândia enfrenta um problema bastante sério – o
alto índice de suicídio, especialmente dos homens entre 20 e 30 anos. Diante disso, os responsáveis pela
educação vêm desenvolvendo intensamente ações para ampliar a participação masculina no ensino
superior.
Um dos aspectos que contribuíram para os excelentes resultados no PISA é o nível de formação das
mães, que é alto na Finlândia. Cabe mais à mãe e não aos pais, a responsabilidade em motivar os filhos
à aprendizagem. Soma-se aos bons resultados os alunos serem motivados, permanentemente, a ler
muito.
É um mau exemplo na Finlândia os pais levarem as crianças de carro à escola. Elas são levadas a se
virarem por si mesmas.
Uma tradição finlandesa muito popular é o hábito de se fazer sauna. Como a escola deve ser uma
extensão da casa e toda casa tem sauna, então na escola também deve haver uma. E regularmente
alunos e professores fazem sauna, e não são encontros puramente festivos ou de lazer, são
oportunidades para contextualização de conhecimentos.
Não há câmeras espalhadas pelas escolas, em hipótese alguma. As escolas são ambientes familiares -
se não há câmeras nas casas não haveria razão de tê-las nas escolas. Em algumas escolas, alunos,
professores, e funcionários, tiram os sapatos ou tênis com intuito de fazerem menos barulho e também
para se sentirem mais confortáveis como se estivessem em casa.
Registra-se que durante as visitas às escolas não houve citação de nomes de teóricos que dão
sustentação ao ensino na Finlândia. Enfaticamente é reforçada a autonomia dos professores, a confiança
depositada neles no fazer bem o trabalho de ensinar. Há métodos de alfabetização específicos para
ensinar famílias de imigrantes, outros, para ensinar crianças com maior nível de informação e domínio da
língua, enfim, a educação é individual não é algo que se faça em massa.
Sobre a Suécia
A capital do Reino da Suécia é Estocolmo, que está construída sob 14 ilhas e há muitas e muitas pontes.
É considerada a Veneza do Norte.
A religião dominante é luterana (94%) católica (4%) e outras (2%). As três coroas é o símbolo da Suécia.
Dizem os suecos que é mais barato manter a monarquia do que mudar o presidente de 4 em 4 anos, e as
primeiras-damas a fazerem as mudanças nas cortinas, nos sofás...
A Educação na Suécia
A Suécia conquistou a 10ª. posição na avaliação do PISA, e de uma forma geral, há muita similaridade
nos dois sistemas de ensino, assim, muitas situações encontradas nas escolas da Finlândia se repetem
nas da Suécia e vice-versa.
Tal como na Finlândia, o sistema escolar sueco está baseado na autonomia . Desde 1991, foi delegada
muita responsabilidade para as escolas, para os gestores e para a municipalidade. O governo e o
parlamento ditam a forma e os objetivos a seguir e as escolas devem fazer avaliação periódica para
constatar se as exigências legais estão sendo seguidas.
Nos últimos 20 anos houve muita modificação na pré-escola. Segundo a legislação sueca, se os pais
querem trabalhar a comuna tem que garantir a integração da criança na escola. Assim, a pré-escola tem 2
funções: permitir que os pais trabalhem e garantir a possibilidade de inserção da mulher no mercado de
trabalho. Para isso, as escolas infantis funcionam das 6:30 às 18:30 horas. Estão integradas no ensino
infantil 98% das crianças com 3 e 4 anos.
Formação Técnica
A partir de 1980 houve uma mudança de paradigma na formação profissional dos técnicos – aformação
profissional , dá lugar à preparação profissional. Antes, os alunos só aprendiam a trabalhar com as mãos.
Para ser um cidadão, não se pode ter conhecimentos só da prática. Há que se dominar a língua e se ter
conhecimentos matemáticos. Hoje, 1/3 dos estudos é teórico. Os empregadores consideram que os
estudantes de hoje não são tão rápidos no ofício. Por meio de encontros e reuniões, as escolas buscaram
a mudança de mentalidade dos empresários para melhor aceitação e conseqüentemente manutenção do
emprego desse novo técnico. O professor tem como uma de suas atribuições visitar freqüentemente as
empresas em busca do ajuste da formação. E a formação pedagógica desses professores deve ser
garantida pela escola.
A licença maternidade é longa na Suécia – 14/16 meses. É um direito da criança e não dos pais. É a
criança que tem o direito de estar junto dos pais por mais tempo.
assim como na Finlândia, são totalmente gratuitas. A razão principal dessa expansão, se deve ao
incentivo dado pelo governo, por entender que as escolas independentes podem atender melhor as
diferentes peculiaridades e anseios da comunidade, e ainda, permitir a livre escolha do aluno, que por
meio de um “ vaucher” decide onde quer estudar.
Há uma escola, por exemplo, só para alunos que têm pais trabalhando no exterior e pais do exterior
trabalhando na Suécia. Numa outra escola, a peculiaridade é a prova de música ser eliminatória para o
acesso. Os alunos fazem “cursinho” de canto, se quiserem estudar nesse tradicional ginásio. Já numa
outra, que tem por missão ser uma escola politécnica européia: não se aceita professores americanos,
latinos ou asiáticos, por exemplo, nem alunos de outra nacionalidade que não a dos países europeus, e
os temas estudados são de interesse tão somente da Europa.
Nas escolas, mesmo nas mais elitizadas, é comum ter oficinas e cozinhas para que os alunos, a partir de
13 anos, aprendam a consertar bicicletas, aparelhos domésticos, entendam os fundamentos da hidráulica,
da elétrica, da mecânica, preparem o almoço e lanche, etc. É o conceito da autonomia presente. E
atenção: meninos e meninas participam!
Como cada aluno traz o seu vaucher , mais aluno significa mais dinheiro para a escola, aí se estabelece a
concorrência entre as escolas. A escola que não atrai um número mínimo de alunos é fechada, assim,
para se tornar mais competitiva a qualidade e os feitos das escolas são bastante divulgados.
As razões do sucesso das melhores escolas são atribuídas à escolha meticulosa dos professores. Eis as
características de um bom professor:
Embora a direção das escolas tenha autonomia para determinar a quantidade de alunos em cada sala de
aula, a média é em torno de: 17 nas escolas infantis; 20 nas escolas fundamentais e 30 nas secundárias.
O percentual de alunos que termina o liceu, o equivalente ao ensino médio, e vai para o ensino superior é
de 44%. Todavia, nem sempre basta ter o diploma e boas notas pra ingressar na universidade, às vezes,
é preciso vir de uma escola renomada. É assim, por exemplo, na conceituada universidade de pesquisa
de Estocolmo, a Royal Institute of Technology – RTH, pronuncia-se kô-te-rro, que exige, digamos
assim, pedigree no diploma do ensino médio. A RTH atua com foco em Arquitetura e Engenharia, tendo
por missão “excelência em educação, pesquisa e empreendedorismo”. Suas áreas mais procuradas são:
Arquitetura e Energia, e mais ultimamente, a tendência é para a área de Ecologia Industrial. Constitui área
de interesse em todas as disciplinas da RTH o tema Desenvolvimento Sustentável.
Os reitores têm total autonomia na aplicação dos recursos recebidos da administração central, e a
quantidade não está vinculada aos resultados de desempenho. Implicitamente isso quer dizer
que todas as escolas têm que ser competentes na sua finalidade última. As palavras mais importantes
que os reitores devem conduzir seus alunos a serem são: competentes , ativos e curiosos , e tudo isso
tem que ser buscado de forma agradável.
Educação Multicultural
Na Suécia, 87% dos estudantes têm outra língua materna. Há princípios que regem o bem estar da
criança na escola, e, um deles, é ter a própria língua falada na escola. Se a língua for “viva” em casa ela
deverá ser dada na escola. Por conta disso, o ensino da língua ocupa um espaço muito especial na
Suécia. Para se ter uma idéia dessa especialidade, há um departamento pertencente à Secretaria de
Educação de Estocolmo que tem 430 professores para atender as escolas em 52 diferentes línguas. E
para se ensinar a língua é preciso que o professor seja do país de origem. Assim, há muitos professores
estrangeiros na Suécia. Como exemplo, numa das escolas visitadas havia mais de 20 idiomas
representados! Investe-se muito dinheiro na formação dos professores de línguas.
O primeiro nível de avaliação é feito pela própria escola e um dos pontos essenciais que deve ser levado
em consideração é o atendimento dos objetivos propostos pela escola.
os inspetores se apresentam à escola e informam que entre 2 a 8 meses retornarão para visitá-la
avaliam in loco a qualidade da escola: olham o site , a relação da escola com os pais, com a família,
assistem aulas, entrevistam professores e alunos
são discutidos com a escola os principais pontos e apresentam um relatório de 15 páginas, com
considerações sobre os pontos fortes e fracos e os pontos que necessitam de mudança
após 6 ou 8 meses da visita, se reúnem com os professores, alunos e diretores para checar o que foi
feito, tendo por base o relatório feito durante a visita.
As visitas de inspeção das escolas são feitas ao longo de 3 anos. Os inspetores são bem vindos,
especialmente pelas escolas particulares, pois têm neles um consultor de graça. Às escolas é solicitado
que coloquem nos seus sites os relatórios de avaliação, no entanto, só 20% o fazem, geralmente as
melhores avaliadas. Anualmente as escolas têm que entregar à administração central o “Quality Report”,
e não existe avaliação de professores separadamente, a avaliação é da escola.
Ênfases
Existem três assuntos que tanto escolas suecas como finlandesas dão muita ênfase –religião, línguas e
arte.
Religião - o ensino religioso é obrigatório. A todos os alunos se ensina a religião, de cada um deles. A
partir de 3 alunos de uma determinada religião, a escola deverá se organizar para oferecer a religião
deles, e não precisam ter a mesma idade para compor a turma.
Línguas – aos 9 anos de idade toda criança deve começar o aprendizado de uma segunda língua. Se
aos 9 anos um aluno escolher outra língua que não o inglês, aos 10, obrigatoriamente deve escolher o
inglês. Assim, todos, sem exceção, devem alcançar conhecimentos iguais em duas línguas, sendo o
inglês uma delas. Além disso, aos 11 anos, cerca de 70% escolhem uma terceira língua. Entre os alunos
do liceu, mais da metade aprendem 4 línguas! Há uma preocupação do sistema educacional no ensino da
língua materna aos imigrantes. Pesquisas comprovam que uma pessoa perde 40% de sua inteligência se
ela não fala a sua língua materna. Ademais, a língua materna é a língua dos sentimentos. Quando um
imigrante chega à Finlândia, passa um ano estudando na sua língua materna para se habituar à cultura,
aos costumes e muito intensivamente à língua finlandesa. Depois disso, estará apto para ir à escola que
escolher. A Finlândia faz isso também por questões econômicas, é preciso que haja pessoas com boa
formação em qualquer ocupação, seja ela qual for.
Artes – a arte está por toda parte em todas as escolas, com funções altamente educativas e culturais. Há
exposições de fotos, desenhos, pinturas, esculturas, instalações, concertos musicais, mostras de textos
literários, poesias, etc. Nas paredes das salas de aula, nas portas, nos corredores, nos pátios, estampam-
se muitas informações sobre o mundo das artes. Essa profusão de cores, formas, designs , ativam
diferentes funções do cérebro.
Por fim, a Finlândia afirma que é a escola que tem a responsabilidade pela aprendizagem do aluno e não
a família; esta se responsabiliza pela criação. Diferentemente do nosso país que constitucionalmente diz
que a educação é dever, também, da família. O que temos assistido nas últimas três décadas, são
centenas de milhares de famílias e de escolas colhendo juntas os frutos amargos da incompetência da
arte de ensinar.
Em 2003, a avaliação aplicada pelo Ministério da Educação, por meio do SAEB, reafirma o péssimo
desempenho das escolas: 95,2% das crianças concluem a 4ª. série sem saber ler nem escrever
adequadamente e 96,8% dos adolescentes concluem a 8ª. série sem raciocínio básico de matemático! O
desempenho do Brasil no PISA não poderia ser diferente diante desse cruel cenário nacional – está
posicionado na rabeira do mundo!
Para que as escolas brasileiras possam melhorar seus indicadores de qualidade não há mágica, é preciso
muito esforço de todos, no entanto destaco como prioritário: 100% de atenção ao novo curso de
Pedagogia, que desde 2006 é responsável pela formação dos professores que vão atuar nas cinco séries
iniciais do Ensino Fundamental, e foco dos gestores das escolas na eficácia da alfabetização.
Na última sexta-feira, dia 24 de Abril, assisti em companhia de meu colega de trabalho Rômulo Faria,
palestra proferida pelo Professor Doutor Pasi Sahlberg, especialista em educação, professor universitário
e ex-assessor do ministério da educação de seu país, a Finlândia. Sua apresentação foi precedida pela
fala do Cônsul finlandês em São Paulo que igualmente discorreu, de forma bastante breve, sobre os
avanços notáveis da educação em seu país.
A Finlândia, país nórdico, de aproximadamente 5 milhões e meio de habitantes é hoje detentora dos
melhores resultados mundiais em educação de acordo com o PISA, exame internacional aplicado a um
grupo de aproximadamente 60 países que avalia os conhecimentos dos alunos das respectivas redes de
ensino de cada nação, por amostragem, em Ciências, Matemática, Leitura e Escrita.
País pouco conhecido para estes lados do Atlântico, a Finlândia tem despertado a atenção dos
especialistas em educação e motivado vários países a enviar delegações com a finalidade de verificar a
estrutura e o funcionamento do sistema educacional finlandês. O professor Pasi Sahlberg visitou nosso
país e esteve também em Brasília, a convite de autoridades do Ministério da Educação a fim de dar a nós,
brasileiros, uma melhor compreensão das particularidades da educação em seu país.
Esta introdução fez-se necessária até mesmo como elemento esclarecedor das diferenças
efetuadas na sociedade finlandesa em virtude de investimentos e alterações nos rumos da educação
daquele país. Mudanças que estão sendo implementadas desde o início dos anos 1980, por exemplo,
com a criação de leis que aumentaram o nível de exigência quanto à formação dos professores do Ensino
Básico (Educação Infantil e Ciclo I do Ensino Fundamental). Passou a ser obrigatório que estes docentes
da rede pública finlandesa não apenas tivessem formação universitária em Pedagogia e Licenciaturas
para trabalhar como professores, mas que avançassem em seus estudos com especializações e titulação
de mestrado.
No caso da formação dos professores, indo além da graduação, exigindo-se pesquisa, produção de
artigos, elaboração de teses e dissertações, criando entre os educadores a mentalidade e a prática
perene da pesquisa e atualização, os finlandeses apenas realizaram aquilo que todos nós, especialistas
em educação, advogamos a tempos, ou seja, o mais elementar dos conceitos rumo à educação de
qualidade: escola de ponta é aquela que tem professores engajados e competentes, técnica e
pedagogicamente. Não é preciso reinventar a roda e, destaque-se que esta lógica é válida não apenas
para os educadores que estão na sala de aula com os alunos, mas para todos aqueles que trabalham em
escolas, entre os quais, destaque todo especial aos gestores.
Entre os outros aspectos marcantes da educação finlandesa que merecem destaque podemos
chamar a atenção para as seguintes informações que nos foram dadas pelo professor Pasi Sahlberg:
A Finlândia não se preocupa em educar alguns, mas sim a todos. As escolas (aulas, alimentação,
recursos materiais, transporte) são responsabilidade do Estado.
O país oferece oportunidades iguais a todos e incentiva as pessoas a encontrarem seus talentos.
Educação é trabalhada como compromisso coletivo e nacional, com a divisão de responsabilidades entre
todos os envolvidos. Com isto não apenas o governo, os gestores das escolas ou os professores, mas
também os próprios alunos, seus pais e toda a comunidade.
Há também o que foi chamado pelo professor Sahlberg de paradoxos da educação finlandesa que
igualmente merecem nossa atenção e apreciação, a saber:
Paradoxo 1 – “Less is More” (Quando menos é mais...) – O que se procura reforçar com esta afirmação é
o conceito de que educação de qualidade não significa necessariamente grande volume e/ou quantidade
de aulas, exercícios, tarefas. De acordo com as palavras do professor Sahlberg, os finlandeses acreditam
que “não adianta encher os alunos de aulas ou exercícios, eles não irão aprender mais por causa disso”.
Eles acreditam, por experiência, ser de fundamental importância que os educadores tenham plena
consciência do seu trabalho e que, certamente, o tempo disponível para pesquisa, leitura, planejamento e
intercâmbio que surge ao não se sufocar o aluno com tantas atividades deve ser (e, na Finlândia é)
utilizado para a concretização desta ação mais consciente e objetiva dos professores.
Paradoxo 2 – “More learning with less testing” (Aprende-se mais com menos avaliações) – Não há
“standardized tests” ou testes nacionais padronizados. O tempo gasto para avaliar é deslocado para
ações de ensino-aprendizagem, o que diminui o stress geral dos estudantes e aumenta
consideravelmente a atenção despendida pelos educadores com o ensino propriamente dito.
Paradoxo 3 – “Equity Through Diversity” – (Igualdade na Diversidade) – Os finlandeses tiveram um
crescimento expressivo na quantidade de imigrantes que entraram no país ao longo das últimas duas
décadas. Esta diversidade étnica e cultural, comprovada a partir de dados e estatísticas apresentados na
palestra, é vista como oportunidade para o crescimento tanto dos nativos da Finlândia quanto dos que no
país se estabeleceram e estão criando raízes. A diversidade é elemento importante para o crescimento da
nação, creem os finlandeses.
Paradoxo 4 – “The better a high school graduate is, the more likely she wants to become a teacher” -
(Quanto melhor é uma estudante ao finalizar o Ensino Médio, maior o desejo desta se tornar professora) –
De acordo com os dados do país, entre 20 e 25% dos formandos do Ensino Médio quer ser professor. A
profissão é valorizada não apenas em termos financeiros, com boa remuneração, mas porque os
professores são considerados socialmente como muito importantes para o futuro da nação (Estão em
segundo lugar no ranking nacional finlandês de confiabilidade, perdendo apenas para os policiais!). Se
não bastasse isto, a consideração com os educadores é tão grande, e igualmente é tão reconhecida a
qualidade de sua formação, que muitos deles são contratados por grandes empresas (como a própria
Nokia, por exemplo), pois são profissionais que sabem lidar com pessoas, planejar, orientar ações,
demonstram criatividade...
Para finalizar, destaco o pensamento que nos foi apresentado logo ao início da palestra do
professor Pasi Sahlberg e que utilizei como subtítulo deste Editorial já que, creio, ilustra bem aquilo que
pensam os finlandeses e também a minha pessoa quanto à educação:
“Tudo é possível em educação se sabemos o que estamos fazendo” (Prof. Dr. Pasi Sahlberg)
A Suécia é o país que mais investe em educação no mundo
(*) Nelson Valente
A Suécia é o país que mais investe em educação. Só em 2005, gastou 7,6% do seu Produto Interno Bruto
nessa área, superando os Estados Unidos, a França, o Japão e a Itália, que aplicaram índices inferiores
do seu PIB no mesmo setor. Com uma população de 8,4 milhões de habitantes, o país passou por uma
intensa reforma educacional, a partir dos anos 50. Hoje, dedica nove anos à escolarização obrigatória,
que abrange alunos dos sete aos dezesseis anos de idade; dispõe de classes integradas para o ensino
médio, objetivando acomodar indivíduos a partir dos 16 anos; possui um sistema municipal de educação
de adultos oferecendo a mesma qualidade-padrão dada aos mais jovens; e conta com um nível superior
aberto a qualquer um, com qualificações bastante diversificadas. Todas as crianças entram no pré-escolar
pelo menos um ano antes de iniciar a escolarização obrigatória. As instituições que realizam esse
trabalho não pertencem ao sistema regular de ensino, mas a programas governamentais de auxílio à
criança. A parcela do orçamento voltada para o ensino é distribuída de tal forma que aumenta os
incentivos, estimulando os estudantes. A pré-escola, a educação obrigatória e o ensino médio são
controlados pelas autoridades municipais, mas os gastos com a manutenção são divididos com o Estado.
As escolas são gratuitas e seus alunos recebem ainda o material escolar, a refeição e o transporte.
Existem poucas escolas particulares. Os pais dos estudantes recebem o salário-família, que é idêntico
para todos, até que os dependentes completem 16 anos. A partir daí, os jovens que desejam continuar os
estudos recebem bolsas. Chegando ao nível superior, essas bolsas passam a ser empréstimos
reembolsáveis.
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1 – Os Princípios Fundamentais
2. A Distribuição de Responsabilidades
3. O Financiamento
Para além dos subsídios de funcionamento geral, o estado atribui ainda aos
municípios subsídios especiais para investigação e desenvolvimento, o mesmo
acontecendo em relação aos docentes e aos alunos com deficiência intelectual.
4 - Corpos consultivos
No que se refere aos estudantes, eles estão presentes (com pelo menos dois
representantes) em todos os conselhos e na direcção das universidades e dos
colégios universitários.
Existem dois tipos de escolas independentes que oferecem uma educação não
obrigatória - as escolas secundárias superiores independentes, em que os
alunos obtêm uma formação equivalente à que é ministrada nas escolas
públicas do mesmo nível de ensino, e as escolas "suplementares" privadas,
com cursos que podem ser frequentados por detentores do diploma da escola
secundária superior, ou por indivíduos com experiência profissional. No caso
de o governo definir que estes cursos constituem um complemento real e
valioso da educação anterior, as escolas "suplementares" podem ser
subsidiadas pelo Estado.
1. Existem 45 diplomas, a maior parte deles sendo programas de formação de médicos e de professores.
1 - A EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR
Será importante destacar que a pré-escola não ministra educação escolar per
se, preocupando-se sobretudo com a aprendizagem preparatória para a escola
obrigatória.
2- A EDUCAÇÃO OBRIGATÓRIA
2.2 - A organização
Aos professores foi dada uma grande liberdade de planificação do seu ensino
e de escolha dos seus métodos de trabalho, bem como de selecção de
conteúdos.
Um dia de aulas não pode exceder a duração de oito horas, no caso dos alunos
mais velhos; seis horas, para os mais novos (os alunos dos dois primeiros anos
de escolaridade).
3.1 - A Estruturação
A maior parte dos programas nacionais ramifica-se nos 2º. e 3º. anos, podendo
ainda os municípios criar ramificações adaptadas às necessidades e às
condições locais.
Aos alunos é dada uma possibilidade alargada de selecção do conteúdo da sua
própria formação, bem como a de influenciar as condições de aprendizagem e
as formas de avaliação.
3.3 - O Curriculum
3.4 - Os Horários
3.7 - A Avaliação
4 - A EDUCAÇÃO DE ADULTOS
Existem na Suécia duas escolas nacionais para adultos que oferecem, parcial
ou totalmente, o ensino à distância. Os participantes são recrutados a nível
nacional, privilegiando-se aqueles que por razões várias se encontram
impossibilitados de frequentar os cursos municipais de educação de adultos.
Para além destes liceus populares, existem no país onze associações de adultos
que organizam cursos correspondentes aos que são oferecidos pelo sistema
escolar e pelo ensino superior.
Tanto para os liceus populares como para estas associações de educação são
atribuídos subsídios pelo estado e pelo municípios.
4.1.6 - A Frequência
5- O ENSINO SUPERIOR
5.4 - A Frequência
Todos os cursos têm exames contínuos, escritos ou orais, não havendo exames
finais, o que significa que os alunos têm de, semestralmente, dar provas do
conhecimento adquirido.
5.7 - O Financiamento
Na Escola Obrigatória
No Ensino Superior
DOSCENTE: ROSANA
DISCIPLINA: CTS
CUIABÁ
02-12-12