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IESP – UERJ – Teorias Sociológicas II

Anna Carolina Pinheiro da Costa Silva

FICHAMENTO – BOURDIEU

O espaço social e suas transformações

O consumo dos bens culturais mais legítimos (em contraposição aos consumos
habituais e cotidianos) é um caso particular de concorrência pelos bens e práticas raras,
cuja particularidade depende, sem dúvida, mais da lógica da oferta. O consumo de bens
pressupõe um trabalho de apropriação (identificação e decifração), em que o
consumidor contribui para produzir o produto que ele consome.
Idade, sexo, cor de pele, capital social, cultural, econômico e escolar, diploma,
por vezes são apresentados como variáveis independentes, por exemplo, em relação à
profissão e suas evoluções, e não são. As propriedades ou fatores constitutivos da
classe construída depende de um ou outro fator ou com maior ou menor intensidade de
acordo com o peso funcional mais importante nas práticas e representações da classe.
A trajetória modal, individual, considerando que os pontos de chegada e de partida dos
agentes são estatisticamente igualmente prováveis, faz parte integrante do sistema dos
fatores constitutivos da classe.
Para ser fator explicativo da prática, considera-se que a relação social de cada
classe ou a energia social existe e produz seus efeitos apenas no campo em que ela se
produz e se reproduz, ou seja, cada uma das propriedades associadas à classe recebe
seu valor e sua eficácia das leis específicas de cada campo. Nem sempre todas as
propriedades incorporadas (disposições) ou objetivadas (bens econômicos ou culturais),
associadas aos agentes, são eficientes simultaneamente. Tem cotação específica no
mercado, o capital específico da lógica de determinado campo.
Esboço de uma teoria da prática

Três modos de conhecimento teórico do mundo social (com uma teoria


antropológica que a ela se vincula): fenomenológico (verdade da experiência primeira
ou da familiaridade com o meio familiar), objetivista (relações objetivas, linguísticas e
econômicas, que estruturam as práticas e suas representações; prática com sentido
negativo e residual, de execução; objetos abstratos construídos pela ciência como
realidades autônomas) e praxiológico (sistema das relações objetivas e as relações
dialéticas entre as estruturas e as disposições estruturadas, duplo processo de
interiorização da exterioridade e de exteriorização da interioridade). Este último leva em
consideração também a consciência e as vontades individuais, no próprio movimento
de efetivação do conhecimento, colocando as condições teóricas e sociais de
possibilidade do conhecimento objetivista.
Na perspectiva objetivista da linguística de Saussure (língua como objeto
autônomo, distinto de suas atualizações na palavra, privilegiando a estrutura dos signos
– como sistema e interação social estruturada – e não as funções práticas de
comunicação e conhecimento interpessoal que interferem na associação entre sons e
conceitos das palavras) e da semiótica de Panofsky (sentido objetivo da obra), a
“compreensão” supõe uma atividade inconsciente de decifração em que coincidem a
cifragem (transformação de sentido em prática, conduta ou obra do agente emissor) e
a decifragem (percepção do receptor). Caso não haja domínio completo da cifra
historicamente produzida e reproduzida, a compreensão não ocorrerá de maneira
imediata, plena e sobreposta, mas como ponto de interseção, ou seja, o mal-entendido
parcial ou total será a regra. Assim, as ciências do homem têm uma dupla orientação,
consequente da ligação entre a teoria do campo científico e a teoria do conhecimento
desta, de suas condições de possibilidade (Husserl), que dependem da interação entre
língua e cultura.
Contrariando Saussure, as interações simbólicas, conforme a psicologia social,
dependem das estruturas do grupo de interação (elementos linguísticos), mas também
das estruturas sociais (extralinguísticos, como contexto e situação), identificando-se nos
fluxos de emissão, a estrutura das forças políticas.
Habitus: sistemas de disposições duráveis, produto de modos de
engendramento, de estruturas constitutivas de um tipo particular de meio (as condições
materiais de existência características de uma condição de classe), que podem ser
apreendidas empiricamente sob a forma de regularidades associadas a um meio
socialmente estruturado; estruturas estruturadas que funcionam como estruturantes,
como princípio gerador e estruturador de práticas e representações, que podem ser
objetivamente "reguladas" e "regulares" sem ser o produto da obediência a regras,
objetivamente adaptadas a seu fim sem supor a intenção consciente dos fins e o
domínio expresso das operações necessárias para atingi-los e coletivamente
orquestradas, sem ser o produto da ação organizadora de um regente. Antecipação
implícita, de encadeamento de ações, sem importar em uma finalidade de tornar
possível a reação à reação. Aplicação de uma metodologia que privilegia a descrição
negativa das regras implícitas da estatística espontânea que elas encerram
necessariamente, porque elas se constroem explicitamente contra essas regras
implícitas (por exemplo, a propensão a privilegiar as primeiras experiências). As ações
coletivas são produto (relação dialética) de uma conjuntura (conjunção necessária das
disposições) e de um acontecimento objetivo.
Prática: necessária e relativamente autônoma; produto da relação dialética entre
uma situação e o habitus (matriz de percepções, apreciações e ações; improvisações
regradas). A parte das práticas que permanece obscura aos olhos de seus próprios
produtores e o aspecto pelo qual elas são objetivamente ajustadas às outras práticas e
às estruturas; o próprio produto desse ajustamento está no princípio da produção
dessas estruturas. A “comunicação das consciências” supõe a comunidade dos
"inconscientes" (competências linguísticas e culturais). O deciframento da intenção
objetiva das práticas e das obras nada tem a ver com a "reprodução" das experiências
vividas e a reconstituição das singularidades pessoais de uma "intenção" que não está
realmente no princípio daquelas.

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