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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA

COMARCA DE LAJE/BAHIA.

.....................................Intermediado por seu mandatário ao final firmado – instrumento


procuratório acostado – , comparece, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência,
para ajuizar, a presente

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO “COM PEDIDO DE TUTELA


PROVISÓRIA DE URGÊNCIA”

contra o BANCO DO BRASIL S/A, instituição financeira de direito privado, inscrita no


CNPJ/MF sob nº .........................., estabelecida (CC, art. 75, § 1º), na Rua
...........................................,.

I – PRELIMINARMENTE

( a ) Benefícios da justiça gratuita (CPC/2015, art. 98, caput)

Figura no polo ativo desta querela uma sociedade empresária, ou seja, pessoa jurídica cujo
CNPJ foi declinado em sua identificação, constando, também, do pacto firmado entre os ora
litigantes.

Em que pese esse aspecto, ou seja, ser a Autora uma pessoa jurídica de direito privado, em
nada obsta o deferimento dos benefícios da Justiça Gratuita, na orientação ofertada pelo caput
do art. 98 do Novo Código de Processo Civil.

A Autora, verdadeiramente, não tem condições de arcar com as despesas do processo, uma
vez que são insuficientes seus recursos financeiros para pagar todas as despesas processuais,
inclusive o recolhimento das custas iniciais.
Destarte, a Demandante ora formula pleito de gratuidade da justiça, o que faz por declaração
de seu patrono, sob a égide do art. 99, § 4º c/c 105, in fine, ambos do CPC/2015, quando tal
prerrogativa se encontra inserta no instrumento procuratório acostado.

II – DOS FATOS

A Promovente celebrou com a Requerida, na data de ................, um pacto de financiamento


bancário denominado Contrato de Abertura de Crédito Fixo Zeta Giro Rápido, de nº.
...............

Na ocasião do pacto fora aberta uma linha de crédito que totalizava a quantia de R$ 40.000,00
(quarenta mil reais).

Apesar dos inúmeros pagamentos ofertados, atualmente ainda há em aberto na instituição um


pretenso débito num importe de cerca de R$ .............................

Por conta dos elevados (e ilegais) encargos contratuais, não acobertados pela legislação, o
Autor não conseguiu pagar mais os valores acertados contratualmente. Veio, por
consequência, a inserção do nome do mesmo nos órgãos de restrições.

Restou-lhe, assim, buscar o Poder Judiciário, para declarar a cobrança abusiva, ilegal e não
contratada, afastando os efeitos da inadimplência, onde pretender a revisão das cláusulas
contratuais (e seus reflexos) que importam na remuneração e nos encargos moratórios pela
inadimplência:

III – NO MÉRITO

DELIMITAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS CONTROVERTIDAS

CPC/2015, art. 330, § 2º

Observa-se que a relação contratual entabulada entre as partes é de empréstimo, razão qual o
Autor, à luz da regra contida no art. 330, § 2º, da Legislação Adjetiva Civil, cuida de
balizar, com a exordial, as obrigações contratuais alvo desta controvérsia judicial.
O Promovente almeja alcançar provimento judicial de sorte a afastar os encargos contratuais
tidos por ilegais. Nessa esteira de raciocínio, a querela gravitará com a pretensão de fundo
para:

( a ) afastar a cobrança de juros capitalizados diários;

( b ) reduzir os juros remuneratórios;

Fundamento: taxa que ultrapassa a média do mercado.

( c ) excluir os encargos moratórios;

Fundamento: o Autor não se encontra em mora, posto que foram cobrados encargos
contratuais ilegalmente durante o período de normalidade.

Dessarte, tendo em conta as disparidades legais supra-anunciadas, o Promovente acosta


planilha com cálculos que demonstra o valor a ser pago:

( a ) ............

Nesse compasso, com supedâneo na regra processual ora invocada, o Autor requer que Vossa
Excelência defira o depósito, em juízo, da parte controversa. Por outro ângulo, pleiteia que a
Promovida seja instada a acatar o pagamento da quantia incontroversa, acima mencionada, a
qual será paga junto à Ag. 2243-8, no mesmo prazo contratual avençado.

A ratificar os fundamentos acima mencionados, urge evidenciar diversos julgados acolhendo


o pleito de depósito do valor incontroverso, esse delimitado pelo Autor com a inaugural,
verbis:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULA


CONTRATUAL. DEPÓSITO JUDICIAL DAS PARCELAS NO VALOR
INCONTROVERSO. POSSIBILIDADE. DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA.
IMPOSSIBILIDADE. ART. 285-B DO CPC. RECURSO NÃO PROVIDO.Com a entrada
em vigor do artigo 285-B do CPC, nos litígios que tenham por objeto obrigações decorrentes
de empréstimo, financiamento ou arrendamento mercantil, o autor-devedor deverá continuar
pagando o valor incontroverso. Assim, pode o devedor depositar judicialmente as parcelas, no
valor que entende devido, enquanto perdurar a ação revisional das cláusulas contratuais. No
entanto, esse depósito não elide ou suspende a mora. (TJMG; AI 1.0702.14.088637-6/001;
Rel. Des. Marcos Lincoln; Julg. 25/03/2015; DJEMG 31/03/2015)

AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULA CONTRATUAL COM PEDIDO DE TUTELA


ANTECIPADA. PRETENSÃO DO AGRAVANTE À CONSIGNAÇÃO DAS
PARCELAS MENSAIS NO VALOR INCONTROVERSO. INDEFERIMENTO EM
PRIMEIRO GRAU. POSSIBILIDADE DOS DEPÓSITOS. INOVAÇÃO
INTRODUZIDA PELO ARTIGO 285-B DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
Reflexos da conduta do recorrente, entretanto, que correrão por sua conta e risco, inclusive no
que toca aos efeitos da mora. Recurso parcialmente provido. (TJSP; AI 2010316-
19.2015.8.26.0000; Ac. 8240939; Itapetininga; Vigésima Segunda Câmara de Direito
Privado; Rel. Des. Sérgio Rui; Julg. 26/02/2015; DJESP 05/03/2015)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO.


Decisão que indeferiu pedido de depósito dos valores incontroversos e não determinou que a
ré se abstenha de negativar o nome do autor ou ajuizar ação de busca e apreensão.
Inconformismo. Reconhecimento da possibilidade de depósitos parciais. Inteligência do
art. 285-B do Código de Processo Civil. Consignação das parcelas a menor, porém, que não
impedirá a caracterização da mora, com os efeitos dela decorrentes. Valores que se mantêm
devidos na sua integralidade, ante a ausência, em sede de cognição sumária, de
verossimilhança na alegação de abusividade das cobranças questionadas. Direito de ação,
ademais, que é garantido constitucionalmente. Decisão reformada em parte. Agravo
parcialmente provido. (TJSP; AI 2207874-33.2014.8.26.0000; Ac. 8161535; Praia Grande;
Vigésima Segunda Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Hélio Nogueira; Julg. 29/01/2015;
DJESP 04/02/2015)

DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS

É consabido que a cláusula de capitalização, por ser de importância crucial ao


desenvolvimento do contrato, ainda que ajuste eventualmente existisse nesse pacto, deve ser
redigida de maneira a demonstrar exatamente ao contratante do que se trata e quais os reflexos
gerarão ao plano do direito material.
O pacto, à luz do princípio consumerista da transparência, que significa informação clara,
correta e precisa sobre o contrato a ser firmado, mesmo na fase pré-contratual, teria que
necessariamente conter:

1) redação clara e de fácil compreensão;

2) informações completas acerca das condições pactuadas e seus reflexos no plano do direito
material;

3) redação com informações corretas, claras, precisas e ostensivas, sobre as condições de


pagamento, juros, encargos, garantia;

4) em destaque, a fim de permitir sua imediata e fácil compreensão, as cláusulas que


implicarem limitação de direito.

Por esse norte, a situação em liça traduz uma a relação jurídica que, sem dúvidas, é regulada
pela legislação consumerista. Por isso, uma vez seja constada a onerosidade excessiva e a
hipossuficiência do consumidor, resta autorizada a revisão das cláusulas contratuais,
independentemente do contrato ser “pré” ou “pós” fixado.

Nesse trilhar, o princípio da força obrigatória contratual (pacta sunt servanda) deve ceder e se
coadunar com a sistemática do Código de Defesa do Consumidor.

Além disso, a relação contratual também deve atender à função social dos contratos, agora
expressamente prevista no artigo 421 do Código Civil, “a liberdade de contratar será
exercida em razão e nos limites da função social do contrato“.

De outra banda, é certo que o Superior Tribunal de Justiça já consagrou entendimento de que
“a previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é
suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada.”

No entanto, na hipótese fere a boa-fé objetiva prevista no Código de Defesa do Consumido.


De regra, nessas situações, há uma relação de consumo firmada entre banco e mutuário.
Destarte, resta comprometido o dever de informação ao consumidor no âmbito contratual,
maiormente à luz dos ditames dos artigos 4º, 6º, 31, 46 e 54 do CDC.
Ademais, a forma de cobrança dos juros, sobretudo nos contratos bancários, é
incompreensível à quase totalidade dos consumidores. É dizer, o CDC reclama, por meio de
cláusulas, a prestação de informações detalhadas, precisas, corretas e ostensivas.

Todavia, no pacto em debate houvera sim cobrança indevida da capitalização de juros, porém
fora adotada outra forma de exigência irregular; uma “outra roupagem”.

Observe-se que a legislação que trata da Cédula de Crédito Bancário admite a cobrança de
juros capitalizados mensalmente, mas desde que expressamente pactuados no contrato:

Lei nº. 10.931/04

Art. 28 – A Cédula de Crédito Bancário é título executivo extrajudicial e representa dívida em


dinheiro, certa, líquida e exigível, seja pela soma nela indicada, seja pelo saldo devedor
demonstrado em planilha de cálculo, ou nos extratos da conta corrente, elaborados conforme
previsto no § 2º.

§ 1º – Na Cédula de Crédito Bancário poderão ser pactuados:

I – os juros sobre a dívida, capitalizados ou não, os critérios de sua incidência e, se for o


caso, a periodicidade de sua capitalização, bem como as despesas e os demais encargos
decorrentes da obrigação. “

( os destaques são nossos )

É cediço que essa espécie de periodicidade de capitalização (diária) importa


emonerosidade excessiva ao consumidor.

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. CÉDULA


DE CRÉDITO BANCÁRIO-CAPITAL DE GIRO. CÓDIGO DE DEFESA DO
CONSUMIDOR. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 297 DO STJ. POSSIBILIDADE DE
REVISÃO. JUROS REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO EM 12% AO ANO.
INSTITUIÇÃO FINANCEIRA QUE NÃO SE SUJEITA A LEI DE USURA. SÚMULA
Nº 596 DO STF. ART. 192, § 3º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL REVOGADO.
LIMITAÇÃO SUJEITA AO ÍNDICE DIVULGADO PELA TAXA MÉDIA DE
MERCADO ANUNCIADA PELO BANCO CENTRAL DO BRASIL. ENUNCIADOS I
E IV DO GRUPO DE CÂMARAS DE DIREITO COMERCIAL DESTA CORTE.
Convém contemplar na presente decisão a inaplicabilidade dos termos legais constantes do
Decreto nº 22.626/33 frente as instituições financeiras de acordo com a Súmula n. 596 do
Superior Tribunal Federal, in verbis:”As disposições do Decreto nº 22.626 de 1933 não se
aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por
instituições públicas ou privadas, que integram o Sistema Financeiro Nacional”. Embora o
índice dos juros remuneratórios não esteja vinculado a limitação disposta no revogado artigo
192, § 3º, da Constituição Federal, a jurisprudência pátria e até mesmo o Enunciado I e IV do
Grupo de Câmaras de Direito Comercial anota que é possível estabelecer limitação/redução
quando superior àquele praticado pelo mercado financeiro, elencada pela tabela emitida pelo
Banco Central do Brasil. CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE JUROS. CONTRATO FIRMADO
APÓS A EDIÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA N. 1.963/2000. PACTUAÇÃO EM
PERIODICIDADE DIÁRIA. VEDAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO POR
MENSAL. INVIABILIDADE DA CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. “Por certo que permitir a
capitalização diária dos juros incidentes na dívida configuraria onerosidade excessiva para
qualquer devedor. Aliás, essa prática está em profunda discrepância com a atualidade
econômica brasileira, e deve ser rechaçada do sistema. [...]” (TJSC, Apelação Cível n.
2011.006278-1, de Indaial. Relator: Des. Volnei Celso Tomazini. Julgada em 08/03/2012).
Assim, impossibilitado o anatocismo diário, não pode ser deferido o pleito de capitalização
mensal, porque esta não foi convencionada, não se podendo dar interpretação extensiva ao
contrato para tanto. ” (STJ. Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n. 966.398/AL,
Rel. Ministro Aldir Passarinho Júnior, j. 26.8.2008). ÔNUS SUCUMBENCIAL. FIXAÇÃO
DE FORMA PROPORCIONAL AO RESULTADO QUE AS PARTES OBTIVERAM NA
DEMANDA. Recurso do autor conhecido e parcialmente provido. Recurso do réu conhecido
e improvido. (TJSC; AC 2014.022245-8; Trombudo Central; Quinta Câmara de Direito
Comercial; Rel. Des. Cláudio Barreto Dutra; Julg. 19/03/2015; DJSC 30/03/2015; Pág. 234)

AGRAVO REGIMENTAL NA APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL C/C


CONSIGNATÓRIA. DISTRIBUIÇÃO DOS ÔNUS SUCUMBENCIAIS. AUSÊNCIA
DE FATO NOVO. 1. Legítimo o reconhecimento, em sentença, da abusividade na fixação
dos juros moratórios com capitalização diária, vez que causa excessiva onerosidade ao
consumidor. 2. Se a parte agravante não traz nenhum argumento hábil a viabilizar a alteração
do entendimento adotado na decisão monocrática, limitando-se a rediscutir a matéria decidida,
impõe-se o desprovimento do agravo regimental, porquanto interposto à míngua de elemento
novo a sustentar a pretendida modificação. 3. Agravo regimental conhecido e desprovido.
(TJGO; AC 0212220-13.2013.8.09.0148; Quinta Câmara Cível; Rel. Des. Geraldo Gonçalves
da Costa; DJGO 20/03/2015; Pág. 249)

APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. EXECUÇÃO DE


TÍTULO EXTRAJUDICIAL. EMBARGOS. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO.
EMPRÉSTIMO. CHEQUE ESPECIAL/CRÉDITO ESPECIAL. PESSOA FÍSICA.
INÉPCIA DOS EMBARGOS, AUSÊNCIA DE DEMONSTRATIVO DO VALOR QUE
ENTENDE COMO DEVIDO. DISPENSA. CASO CONCRETO. DISCUSSÃO
ACERCA DE JUROS REMUNERATÓRIOS E CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE
JUROS. AUSÊNCIA DE CÓPIA DO TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL
EXEQUENDO. DESNECESSIDADE. EMBARGOS EM APENSO À EXECUÇÃO.
CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE JUROS. AFASTADA. PERMITIDA A
CAPITALIZAÇÃO MENSAL. INÉPCIA DA INICIAL DOS EMBARGOS.
AFASTADA. NO QUE TANGE À AUSÊNCIA DE CÁLCULO, NO QUAL
CONSTASSE O VALOR QUE A EXECUTADA ENTENDIA COMO DEVIDO, EM
NADA AFETA A PROCEDIBILIDADE DO PEDIDO INICIAL E A FORMAÇÃO DA
RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL, POIS HÁ PERFEITAS CONDIÇÕES PARA
QUE A PARTE ADVERSA EXERÇA O CONTRADITÓRIO E A AMPLA DEFESA,
UMA VEZ QUE AS QUESTÕES DEBATIDAS NOS EMBARGOS À EXECUÇÃO
ERAM TÃO SOMENTE QUANTO AOS JUROS REMUNERATÓRIOS E ACERCA
DA CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE JUROS. ADEMAIS, EM QUE PESE NÃO
TENHA SIDO JUNTADO AOS AUTOS DESTES EMBARGOS O DOCUMENTO
APONTADO PELO APELANTE/EMBARGADO, TAL PODE SER ENCONTRADO
NOS APENSOS AUTOS DE EXECUÇÃO, MOTIVO PELO QUAL SOMENTE COM
O DESAPENSAMENTO DO PROCESSO ORIGINÁRIO É QUE A FALTA DA
CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO PODERIA COMPROMETER O
DESENVOLVIMENTO DESTES EMBARGOS. CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE
JUROS. AFASTADA. ONEROSIDADE EXCESSIVA. 1. No que tange à capitalização de
juros, a periodicidade diária, no caso contratualmente prevista, revela-se abusiva, por implicar
ônus excessivo para a contratante em flagrante desequilíbrio contratual. 2. No caso, observa-
se que a taxa anual (179,11%) supera o duodécuplo da taxa mensal (8,93%), o que demonstra
a efetiva previsão de capitalização mensal de juros. Admitida, pois, a capitalização mensal.
Rejeitaram a preliminar e proveram, em parte, o recurso de apelação. (TJRS; AC 0421342-
07.2014.8.21.7000; Santana do Livramento; Décima Quinta Câmara Cível; Relª Desª Adriana
da Silva Ribeiro; Julg. 17/12/2014; DJERS 22/01/2015)

REVISIONAL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS.


COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. 1. A capitalização de juros em contrato bancário
firmado após edição da MP 1.963-17/2000 (reeditada sob nº 2.170-36/2001), desde que
prevista expressamente, é válida. Nova orientação, baseada no julgamento do RESP
973.827/RS (2007/0179072-3), processado nos termos do art. 543-C do CPC. 2. Porém,
acarreta onerosidade excessiva a previsão de capitalização diária, causando desequilíbrio na
relação jurídica. E não cabendo substituir a capitalização diária pela mensal, de se determinar
sua incidência anual, legalmente prevista (art. 591, CC). 3. A validade da cláusula que
estipula comissão de permanência, dependia de sua não cumulação com outros encargos de
mora, consoante entendimento consolidado pelo STJ, com repercussão geral da matéria
(RESP 1.063.343/RS). Invalidade verificada. 4. Recurso do autor provido, desprovido o do
réu. (TJSP; APL 0155060-40.2012.8.26.0100; Ac. 7161828; São Paulo; Décima Quarta
Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Melo Colombi; Julg. 06/11/2013; DJESP 18/02/2015)

Obviamente que uma vez identificada e reconhecida a ilegalidade da cláusula que prevê a
capitalização diária dos juros, esses não poderão ser cobrados em qualquer outra
periodicidade (mensal, bimestral, semestral, anual). É que, lógico, inexiste previsão
contratual nesse sentido; do contrário, haveria nítida interpretação extensiva ao acerto
entabulado contratualmente.

Com efeito, a corroborar as motivações retro, convém ressaltar os ditames estabelecidos na


Legislação Substantiva Civil:

CÓDIGO CIVIL

Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem, apenas se
declaram ou reconhecem direitos.

Nesse passo, é altamente ilustrativo transcrever o seguinte aresto:

Agravo de instrumento Ação de execução por título judicial Incidente de execução Decisão
proclamando o valor atualizado do débito Irresignação parcialmente procedente Antecedente
título executivo extrajudicial substituído por transação Incabível, assim, o cômputo da multa
moratória prevista no primitivo título Aplicação do art. 843 do CC, a dispor que a transação
não comporta interpretação extensiva Juros previstos no instrumento da transação, de 1,5% a.
M., incidindo até o efetivo cumprimento da obrigação Evidente a má-fé processual na conduta
da credora, por ter computado os juros de modo mensalmente capitalizado, em total infração
ao ordenamento jurídico da época e sem que o instrumento da transação isso autorizasse
Quadro ensejando a aplicação da multa do art. 18 do CPC, de 1% sobre o valor atualizado da
execução. Agravo a que se dá parcial provimento. (TJSP; AI 2187868-05.2014.8.26.0000; Ac.
8269858; São Paulo; Décima Nona Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Ricardo Pessoa de
Mello Belli; Julg. 23/02/2015; DJESP 13/03/2015)

Diante disso, conclui-se que declarada nula a cláusula que estipula a capitalização diária,
resta vedada a capitalização em qualquer outra modalidade.

JUROS REMUNERATÓRIOS ACIMA DA MÉDIA DO MERCADO

Não fosse bastante isso, Excelência, concluímos que a Ré cobrara do Autor, ao longo de todo
trato contratual, taxas remuneratórias bem acima da média do mercado.

Tais argumentos podem ser facilmente constatados com uma simples análise junto ao site do
Banco Central do Brasil. Há de existir, nesse tocante, uma redução à taxa de ......% a. M.,
posto que foi a média aplicada no mercado no período da contratação. Não sendo esse o
entendimento, aguarda-se sejam apurados tais valores em sede de prova pericial, o que de
logo requer.

DA AUSÊNCIA DE MORA

De outro bordo, não há que se falar em mora do Autor.

A mora reflete uma inexecução de obrigação diferenciada, maiormente quando representa o


injusto retardamento ou o descumprimento culposo da obrigação. Assim, na espécie incide
a regra estabelecida no artigo 394 do Código Civil, com a complementação disposta no artigo
396 desse mesmo Diploma Legal.

CÓDIGO CIVIL
Art. Art. 394 – Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o credor que
não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção estabelecer.

Art. 396 – Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em mora

Do mesmo teor a posição do Superior Tribunal de Justiça:

BANCÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. REVISÃO


CONTRATUAL. DISPOSIÇÕES DE OFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. JUROS
REMUNERATÓRIOS. LIMITAÇÃO. TAXA MÉDIA DE MERCADO.
CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.
DESCARACTERIZAÇÃO DA MORA. REPETIÇÃO DO INDÉBITO.
POSSIBILIDADE. CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. INSCRIÇÃO.
REEXAME DE FATOS. INTERPRETAÇÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS.
INADMISSIBILIDADE. 1. É vedado aos juízes de primeiro e segundo graus de jurisdição
julgar, com fundamento no art. 51 do CDC, sem pedido expresso, a abusividade de cláusulas
nos contratos bancários. 2. A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano,
por si só, não indica abusividade. 3. Os juros remuneratórios incidem à taxa média de
mercado em operações da espécie, apurados pelo Banco Central do Brasil, quando verificada
pelo tribunal de origem a abusividade do percentual contratado ou a ausência de contratação
expressa. 4. Admite-se a capitalização mensal dos juros nos contratos bancários celebrados a
partir da publicação da MP 1.963-17 (31.3.00), desde que seja pactuada. 5. É admitida a
incidência da comissão de permanência desde que pactuada e não cumulada com juros
remuneratórios, juros moratórios, correção monetária e/ou multa contratual. 6. Reconhecida a
abusividade dos encargos exigidos no período de normalidade contratual, descarateriza-se a
mora. 7. A repetição simples e/ou compensação dos valores pagos a maior, nos contratos
bancários, independe da prova de que o devedor tenha realizado o pagamento por erro. 8. A
abstenção da inscrição/manutenção em cadastro de inadimplentes, requerida em antecipação
de tutela e/ou medida cautelar, somente será deferida se, cumulativamente: a) a ação for
fundada em questionamento integral ou parcial do débito; b) houver demonstração de que a
cobrança indevida se funda na aparência do bom direito e em jurisprudência consolidada do
STF ou STJ; c) houver depósito da parcela incontroversa ou for prestada a caução fixada
conforme o prudente arbítrio do juiz. 9. O reexame de fatos e a interpretação de cláusulas
contratuais em Recurso Especial são inadmissíveis. 10. Recurso Especial parcialmente
conhecido e provido. (STJ – REsp 1.430.348; Proc. 2014/0008686-5; RS; Relª Minª Nancy
Andrighi; DJE 14/02/2014)

Em face dessas considerações, conclui-se que a mora cristaliza o retardamento por um fato,
quando imputável ao devedor. É dizer, quando o credor exige o pagamento do débito,
agregado com encargos excessivos, retira-se do devedor a possibilidade de arcar com a
obrigação assumida. Por conseguinte, não pode lhes ser imputados os efeitos da mora.

Entende-se, uma vez constatado a cobrança de encargos abusivos durante o “período da


normalidade” contratual, restará afastada eventual condição de mora do Promovente.

O Superior Tribunal de Justiça, ao concluir o julgamento de recurso repetitivo sobre revisão


de contrato bancário (REsp nº. 1.061.530/RS), quanto ao tema de “configuração da mora”
destacou que:

CONFIGURAÇÃO DA MORA

a) O reconhecimento da abusividade nos encargos exigidos no período da normalidade


contratual(juros remuneratórios e capitalização) descaracteriza a mora;

b) Não descaracteriza a mora o ajuizamento isolado de ação revisional, nem mesmo quando o
reconhecimento de abusividade incidir sobre os encargos inerentes ao período de
inadimplência contratual. “

E do preciso acórdão em liça ainda podemos destacar que:

“Os encargos abusivos que possuem potencial para descaracterizar a mora são, portanto,
aqueles relativos ao chamado ‘período da normalidade’, ou seja, aqueles encargos que
naturalmente incidem antes mesmo de configurada a mora. “ ( destacamos )

Por todo o exposto, de rigor o afastamento dos encargos moratórios, ou seja, comissão de
permanência, multa contratual e juros moratórios.

DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA E OUTROS ENCARGOS

Entende o Autor, inclusive fartamente alicerçado nos fundamentos antes citados, que o
mesmo não se encontra em mora.
Caso este juízo entenda pela impertinência desses argumentos, o que se diz apenas por
argumentar, devemos também destacar que é abusiva a cobrança da comissão de permanência
cumulada com outros encargos moratórios/remuneratórios, ainda que expressamente
pactuada. É pacífico o entendimento do Colendo Superior Tribunal de Justiça, no sentido de
que em caso de previsão contratual para a cobrança de comissão de permanência, cumulada
com correção monetária, juros remuneratórios, juros de mora e multa contratual, impõe-se a
exclusão da incidência desses últimos encargos. Em verdade, a comissão de permanência já
possui a dupla finalidade de corrigir monetariamente o valor do débito e de remunerar o banco
pelo período de mora contratual.

Perceba que no pacto há estipulação contratual pela cobrança de comissão de permanência


com outros encargos moratórios. Desse modo, os mesmos devem ser afastados pela via
judicial.

CIVIL E BANCÁRIO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL.


AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. COMISSÃO DE
PERMANÊNCIA. CARACTERIZAÇÃO DA MORA. REEXAME DE FATOS E
PROVAS. INADMISSIBILIDADE. DANOS MORAIS. VALOR IRRISÓRIO. NÃO
CONFIGURAÇÃO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 7/STJ. 1. Admite-se a capitalização
mensal dos juros nos contratos bancários celebrados a partir da publicação da MP 1.963-17
(31.3.00), desde que seja pactuada. 2. É admitida a incidência da comissão de permanência
desde que pactuada e não cumulada com juros remuneratórios, juros moratórios, correção
monetária e/ou multa contratual. 3. Afastada a abusividade dos encargos exigidos no período
de normalidade contratual, caracteriza-se a mora. 4. Reconhecida a mora, a posse do bem
dado em garantia deve ser atribuída ao credor. 5. O reexame de fatos e provas em Recurso
Especial é inadmissível. 6. A alteração do valor fixado a título de compensação por danos
morais somente é possível, em Recurso Especial, nas hipóteses em que a quantia estipulada
pelo tribunal de origem revela-se irrisória ou exagerada. 7. Agravo conhecido. Recurso
Especial parcialmente provido. (STJ – Ag-REsp 437.833; Proc. 2013/0389376-0; GO;
Terceira Turma; Relª Min. Nancy Andrighi; DJE 13/03/2014)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. DECISÃO EM RECURSO


ESPECIAL. AÇÃO REVISIONAL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO COM
GARANTIA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA.
IMPOSSIBILIDADE DE CUMULAÇÃO COM DEMAIS ENCARGOS. FALTA DE
INTERESSE PROCESSUAL. COMPENSAÇÃO/REPETIÇÃO DO INDÉBITO.
ENUNCIADOS NºS 30 E 322 DA SÚMULA DO STJ. 1. Segundo o entendimento
pacificado na 2ª seção (agrg no RESP n. 706.368/rs, Rel. Ministra nancy andrighi,
unânime, DJU de 8.8.2005), a comissão de permanência não pode ser cumulada com
quaisquer outros encargos remuneratórios ou moratórios, nem com correção monetária,
o que retira o interesse na reforma da decisão agravada. 2. A jurisprudência
consolidada por intermédio do Enunciado nº 322 da Súmula do STJ admite a
compensação/repetição simples quando verificada a cobrança de encargos ilegais, tendo
em vista o princípio que veda o enriquecimento sem causa do credor,
independentemente da comprovação do equívoco no pagamento. 3. Agravo regimental a
que se nega provimento. (STJ – AgRg-REsp 1.411.822; Proc. 2013/0350266-7; RS;
Quarta Turma; Relª Minª Isabel Gallotti; DJE 28/02/2014)

DO PLEITO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA

Ficou destacado claramente nesta peça processual, em tópico próprio, que a Ré cobrou
juros capitalizados indevidamente, encargo esse, pois, arrecadado do Promovente
durante o “período de normalidade” contratual. E isso, segundo que fora debatido
também no referido tópico, ajoujado às orientações advindas do c. Superior Tribunal de
Justiça, afasta a mora do devedor.

Nesse ponto, deve ser excluído o nome do Autor dos órgãos de restrições,
independentemente do depósito de qualquer valor, pois não se encontra em mora
contratual.

De outro norte, o Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a tutela de urgência
quando “probabilidade do direito” e o “perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo”:

Art. Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.
Há nos autos “prova inequívoca” da ilicitude cometida pela Ré, fartamente comprovada
por documentos imersos nesta querela, maiormente pela perícia particular apresentada
com a presente peça vestibular.

Desse modo, à guisa de sumariedade de cognição, os elementos indicativos de


ilegalidades contido na prova ora imersa e até mesmo da análise das cláusulas
contratuais antes mencionadas, traz à tona circunstâncias de que o direito muito
provavelmente existe.

No tocante ao periculum na demora da providência judicial, urge demonstrar que o


veículo, concedido como garantia do empréstimo em espécie, é o único que a empresa se
utilizada para fazer suas entregas. Não qualquer outro em nome da mesma, consoante
certidão do Detran.

Com efeito, a retomada do bem seguramente trará maiores danos patrimoniais, nada
beneficiando ambas as partes, uma vez que o mesmo não é capaz de cobrir todo o
montante do débito discutido.

Diante disso, o Autor vem pleitear, sem a oitiva prévia da parte contrária (CPC/2015,
art. 300, § 2º), independente de caução (CPC/2015, art. 300, § 1º), tutela de urgência
antecipatória no sentido de:

a) determinar que a Ré exclua, no prazo de cinco (5) dias, o nome do Promovente dos
órgãos de restrições, referente ao pacto ora debatido;

b) pleiteia, mais, seja concedida medida judicial no sentido da manutenção do veículo,


ofertado em garantia, na posse da Autora, até ulterior deliberação deste juízo.

III – PEDIDOS E REQUERIMENTOS

POSTO ISSO,

como últimos requerimentos desta Ação Revisional, o Autor expressa o desejo que Vossa
Excelência se digne de tomar as seguintes providências:

( i ) O Autor opta pela realização de audiência conciliatória (CPC/2015, art. 319, inc.
VII), razão qual requer a citação da Promovida, por carta (CPC/2015, art. 247, caput)
para comparecer à audiência designada para essa finalidade (CPC/2015, art. 334, caput
c/c § 5º);

( ii ) requer a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita.

Pedidos

( i ) pede, mais, que sejam JULGADOS PROCEDENTES OS PEDIDOS


FORMULADOS PELO AUTOR, para, via de consequência:

sejam afastados todo e qualquer encargo contratual moratório, visto que o Autor não se
encontra em mora, ou, como pedido sucessivo, a exclusão do débito de juros moratórios,
juros remuneratórios, correção monetária e multa contratual, em face da ausência de
inadimplência, possibilitando, somente, a cobrança de comissão de permanência,
limitada à taxa contratual;

que a Ré seja condenada, por definitivo, a não inserir o nome do Autor junto aos órgãos
de restrições, bem como a não promover informações à Central de Risco do BACEN e
seja o mesmo manutenido na posse do veículo em destaque nesta querela, sob pena de
pagamento de multa;

protesta provar o alegado por toda espécie de prova admitida (CF, art. 5º, inciso LV),
nomeadamente pelo depoimento do representante legal da Ré (CPC/2015, art. 75, inciso
VIII), oitiva de testemunhas a serem arroladas opportuno tempore, juntada posterior de
documentos como contraprova, perícia contábil (com ônus invertido), exibição de
documentos, tudo de logo requerido;

Atribui-se à causa o valor do contrato (CPC/2015, art. 292, inc. II), resultando na
quantia de R$ ..........

Respeitosamente, pede deferimento.

Laje, Bahia 26 de fevereiro de 2018.

Luís Carlos Alves da Silva


OAB/BA 36.081

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