Livro fisiologia,autora margarida de mello aires,ano 2013 capitulo 76 fisiologia
do metabolismo osteomineral pag 1207
O remodelamento é dividido em 4 partes:
Ativaçao A cada 10 segundos, um novo local de remodelação é ativado.Tanto estímulos sistêmicos (pelo PTH) como locais (por tensão mecânica ou microfraturas) podem iniciar a ativação. Este papel tem sido atribuído aos osteocitos, que determinariam o local de remodelação. Células mononucleares são recrutadas do tecido hematopoetico, sofrem diferenciação e fundem-se para finalmente transformarem-se em osteoclastos, caracteristicamente células multinucleadas. A remoção da matriz óssea não mineralizada é feita antes que os osteoclastos se fixem na superfície ossea, provavelmente pelas células que recobrem o osso. Os osteoclastos são macrofagos policarioticos tecido-específicos, forsmados a pa1tir das células precursoras localizadas na medula óssea, de origem hematopoetica. A presença de células do estroma ou da medula óssea é fundamental para que ocorra esta diferenciação, o que sugeria que fatores produzidos por estas células estimulariam esse processo. Reabsorção Esta fase inclui o atracamento dos osteoclastos ativados ao local determinado para ser reabsorvido, alem da digestão e degradação da matriz ossea mineralizada. Depois de atracados, os osteoclastos desenvolvem uma borda em escova na superficie em contato com o osso, e a cavidade formada pela reabsorção logo abaixo desta borda é chamada de lacuna de Howship. Inicialmente a matriz inorgânica é solubilizada por acidificação do meio promovida pela liberação de protons pelo osteoclasto. Por esse motivo, o atracamento deve ser forte e produzir tal intimidade entre a membrana plasmatica do osteoclasto e a superfície do tecido osseo, de maneira a impedir o extravasamento dos protons secretados para a digestão da matriz. A degradação da matriz orgânica é promovida por uma série de hidroxilases e colagenases lançadas para dentro da lacuna. O material degradado é removido, provavelmente, por transporte através da célula (transcitose) ou eliminado por baixo da camada de adesão A regulação da reabsorção pode ser feita por fatores que controlam a atividade e o número dos osteoclastos. A calcitonina atua diretamente sobre os osteoclastos por receptores específicos de membrana, impedindo a fusão celular prévia à formação dos osteoclastos e inibindo a reabsorção óssea por atuar provavelmente sobre o citoesqueleto destas células. Reversão Inclui o período de tempo entre o fim da reabsorção e o início da formação óssea, durando cerca de 1 a 2 semanas. Durante este período, a superfície da lacuna é recoberta por células mononucleares constituídas por uma população heterogenea, que promovem a limpeza do local e recobrem a superficie com uma camada de substancia tipo cimento. Esta fase parece ser fundamental no acoplamento entre reabsorção e formação ossea; especula-se se este cimento produzido pelas celulas não teria como função guiar os osteoblastos para a superfície a ser formada. Formação Inicia-se com a diferenciação dos pré-osteoblastos em osteoblastos. Um complexo de três proteínas compõe um receptor de membrana que, quando ativado, desencadeia uma série de reações intracelulares responsáveis pelo acúmulo da í3-catenina. Esta proteína se desloca para o núcleo, onde atuará como fator de transcrição de vários genes, induzindo a diferenciação e atividade dos osteoblastos. Durante a formação óssea, os osteoblastos ativados recobrem, então, a lacuna de reabsorção e iniciam seu preenchimento com matriz orgânica, predominantemente constituída por colágeno do tipo I. Esta matriz é altamente organizada, e acredita-se que as ligações de uma série de proteínas não colagenas as fibrilas de colágeno sejam cruciais para a posterior organização dos cristais de mineralização. A matriz osteoide inicialmente depositada pelos osteoblastos levará aproximadamente 3 semanas para ser mineralizada. A fosfatase alcalina e a osteocalcina são proteínas fundamentais relacionadas com esta fase da formação óssea. O colágeno é vital para que a mineralização aconteça normalmente. Sua estrutura tridimensional unica cria espaços ordenados intermoleculares grandes o suficiente para acomodar os cristais de hidroxiapatita, sem rompimento da estrutura da fibrila de colágeno; o eixo longo do cristal corre paralelamente ao da fibrila, e o mineral apresenta a mesma periodicidade da fibrila de colágeno). O mecanismo de mineralização da matriz óssea não é totalmente conhecido. Admite-se que o início da mineralização do osteoide se dê com a exocitose de vesículas osteoblásticas ricas em cálcio e fosfato. Na matriz óssea, os íons cálcio e fosfato permanecem em equilíbrio, ou seja, suas concentrações excedem o produto de solubilidade (CaXP), e a formação dos cristais de hidroxiapatita é evitada pela presença de inibidores da calcificação, como o pirofosfato inorganico. Para que a lacuna seja completamente preenchida e mineralizada, são necessários 3 a 5 meses. A sua completa restauração é fundamental para a manutenção de uma massa óssea constante. Em determinadas situações, tanto fisiológicas (pósmenopausa, senilidade) como patológicas (corticoterapia, hiperparatireoidismo), o preenchimento final não restaura a quantidade de osso que foi retirada, quer por uma reabsorção exagerada, quer por uma formação insuficiente. Isso acarretara um balanço negativo do esqueleto, induzindo, ao longo do tempo, um aumento da fragilidade óssea, com maior chance de fraturas .A calcitonina não age diretamente nos osteoblastos, mas aumenta a formação óssea indiretamente por intermédio de efeitos inibitórios sobre os osteoclastos. Os glicocorticoides reduzem a formação óssea, enquanto a insulina estimula a síntese de colágeno e a multiplicação dos osteoblastos. As prostaglandinas, especialmente as da série E, podem ser importantes reguladores da formação óssea; em altas concentrações, elas inibem a síntese de colágeno, mas, em concentrações mais baixas, estimulam a função osteoblástica.