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"A palavra VALOR, é preciso observar, tem dois significados diferentes; algumas vezes expressa
a utilidade de algum objeto particular e algumas vezes o poder de compra de outros bens que a
posse daquele objeto transmite. O primeiro pode ser chamado 'valor de uso' e o outro 'valor de
troca'.131
A distinção entre valor de uso e valor de troca foi urna fonte preponderante de consideração
para os economistas políticos do século dezenove. Ela estipulou o ponto de partida dos
Princípios de Economia Política e Tributação, de Ricardo, assim corno O Capital, de Marx. Jevons
(1871, 128-44) tornou valor de uso igual à "utilidade total", e valor de troca à "proporção de
troca". 131
OBJETIVO.
Parece relevante, por isso, relembrar a distinção entre valor de uso e valor de troca em sua
forma original e indagar se o debate clássico pode prover qualquer esclarecimento a respeito
dos problemas urbanos contemporâneos.132
DIALÉTICA RELACIONAL.
Marx usa as palavras de modo dialético e relaciona!. Valor de uso e troca não têm significado
em si próprios. Para Marx, eles ganham significado (passam a existir) através do relacionamento
entre si (e a outros conceitos) e através de sua relação às situações e circunstâncias em
discussão (Ollman, 1971, 179-89). 132
A expressão "valor de uso" pode, assim, ser aplicada a toda a classe de objetos, atividades e
eventos em situações particulares sociais e naturais. Pode referir-se à ideologia religiosa,
instituições sociais, trabalho, linguagem, mercadorias, recreação etc.132
TEXTO DE MARX - Marx deu bastante atenção ao significado de valor de uso e valor de troca
na sociedade capitalista. Tanto nos capítulos iniciais de O Capital como em Uma Contribuição à
Critica da Economia Politica ele detalha o significado desses conceitos no contexto
capitalista.132
MERCADORIA
Ele afirma que "um valor de uso tem valor somente em uso, e realiza-se no processo' 'de
consumo". Os valores de uso, consequentemente, "servem diretamente como meios de
existência". Empregado dessa maneira, contudo, "o valor de uso como tal 'está fora da esfera
de investigação da economia política". Marx passa então a considerar o valor de troca. 132
Este, sugere, aparece à primeira vista como' 'relação quantitativa; a proporção pela qual valores
de uso' são trocados por outros". Mas, em seu modo típico, passa, então, a indagar das forças
que geram o valor de troca na sociedade capitalista. Ele conclui que a criação de valor de troca
reside no processo social de aplicação de trabalho socialmente necessário aos objetos 9a
natureza para criar objetos materiais (mercadorias) apropriados para o consumo (uso) pelo
homem. Marx, então, relaciona valor de uso e valor de troca entre si.133
“A mercadoria, contudo, é a unidade direta do valor de uso e do valor de troca, e ao mesmo
tempo é mercadoria somente em relação a outras mercadorias. O processo de troca de
mercadorias é a relação real que existe entre elas. Este é o processo social desempenhado
pelos indivíduos independentemente uns dos outros, mas eles somente tomam parte nele como
possuidores de mercadorias (...). A mercadoria é um valor de uso, mas como mercadoria, ela
em si simultaneamente não é valor de uso. Não seria mercadoria se fosse valor de uso para seu
possuidor; isto é, meio direto para a satisfação de suas próprias necessidades. Para seu
possuidor é. ao contrário, não valor de uso, que é meramente o depositário físico do valor de
troca ou simplesmente meio de troca. O valor de uso como ativo portador de valor de troca
torna-se meio de troca. A mercadoria é valor de uso para seu possuidor somente na medida em
que é valor de troca.”133
A mercadoria, como simples objeto ou "coisa em si mesma", é substituída na análise de
Marx pela mercadoria como expressão de inumeráveis relações sociais que, através de simples
mudança de mãos, pode passar por uma transformação radical de significado. A "mercadoria"
assume consigo mesma tudo o mais que está acontecendo na situação social, na qual ela é
produzida e consumida. 134
GRUPOS DE TEORICOS.
Geógrafos e sociólogos, por exemplo, têm desenvolvido uma variedade de teorias
de uso do solo, que se atém a padrões de uso.
Por contraste, as teorias de uso do solo criadas fora da microeconomia neoclássica
recaem sobre o valor de troca.138
O QUE É VALOR DE USO PARA UM PODE SER VALOR DE TROCA PARA OUTRO
As operações de todos esses diversoS grupos no mercado de moradia não podem ser
facilmente agrupados em uma estrutura compreensiva de análise . O que é valor de uso
para um é valor de troca para outro, e cada um concebe o valor de uso
diferencialmente. A mesma casa pode assumir significado diferente, dependendo das
relações sociais que os indivíduos, as organizações e as instituições expressam nela.
Smith(1970,40) a concluir que "o conceito tradicional de 'equilíbrio da oferta e demanda' não é
muito relevante para a maioria dos problemas ou assuntos que estão associados com o setor de
moradia da economia."
EXPLICAÇÕES - RENDAS
A produção capitalista não pode, na ótica de Marx, destruir a instituição da propriedade privada
porque sua própria existência está fundamentada na propriedade privada dos meios de
produção. 156
Mas, o aspecto de monopólio não tem sido bem entendido, porque ele pode surgir quer nas
formas absoluta ou de monopólio, como Marx as categoriza. Em ambos os casos o preço de
monopólio está presente, mas no caso da renda absoluta é a renda que determina o preço de
monopólio mais do que o outro modo indicado. Essa distinção é relevante para nosso
entendimento da competição espacial.
Na esfera da atividade social o espaço absoluto emerge corno a base da renda de monopólio.
Mas, o espaço absoluto é em geral superado pela interação entre diferentes esferas de
atividade em diferentes localizações e os atributos relativos do espaço emergem como o
princípio condutor para o estabelecimento tanto da renda diferencial como absoluta, embora o
espaço absoluto extraia sua taxa em todos os casos através do privilégio de monopólio da
propriedade privada.
o espaço urbano não é absoluto, relativo ou relacional, mas todos os três
simultaneamente, dependendo das circunstâncias de tempo.
As categorias marxistas de renda do monopólio, renda diferencial e renda absoluta abrangem
todo o pensamento na economia política clássica 158
ESPECULAÇÃO
"Hoje em dia muitas decisões de alocação são tomadas à sombra de aumentos iminentes (no
valor do solo). Visualize-se a hierarquia de usos do solo como uma série de circulos concêntricos.
A demanda usos mais altos não é plenamente satisfeita em seus próprios circulos causa dos
especuladores do solo. A demanda não satisfeita examina a parte de fora, lançando um "valor
incerto" difuso sobre zonas exteriores.160
O valor alto da renda do solo nas cidades centrais não deveria ser, necessariamente,
interpretado como reflexo das diferenças na produtividade marginal do solo (como sugere MilIs).
As rendas absoluta e de monopólio nessas localizações entram no custo de produção. As rendas
diferenciais, não. Se as rendas absoluta e de monopólio são dominantes na determinação do
valor do solo nas locações centrais então é o valor do solo que determina o uso. Se as rendas
diferenciais dominam então é o uso que determina o valor do solo. Na prática, naturalmente, a
renda surge das três circunstâncias, e ê muitas vezes difícil determinar que porção do valor de
renda adicional surge de qual circunstância