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Esquema de

corrupção na CBF
recebeu R$ 120
milhões, diz FBI
Esse é o valor da soma das propinas pagas a Del Nero, Marin e Ricardo
Teixeira – os três últimos presidentes da entidade
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JAMIL CHADE / CORRESPONDENTE EM ZURIQUE,


O Estado de S.Paulo
06 Dezembro 2015 | 07h00

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Marco Polo del Nero, José Maria Marin e Ricardo Teixeira –


os três últimos presidentes da CBF – montaram um
esquema corrupto que arrecadou pelo menos R$ 120
milhões em propinas. Investigações lideradas pelo FBI
apontaram que eles cobraram uma espécie de “pedágio”
para cada empresa que procurava a entidade com a meta de
fechar acordos de transmissão ou de exploração de
marketing.
Ao Estado, fontes próximas à investigação nos EUA
indicaram que os valores manipulados pelos brasileiros
estão entre os maiores do escândalo que sacode o futebol
mundial. O que impressionou os investigadores do FBI é o
caráter sistemático das propinas cobradas. No documento
emitido pelo Departamento de Justiça, o envolvimento dos
três cartolas é resumido em uma frase: “Eles conspiraram
de forma intencional para fraudar a CBF.”
Os investigadores revelam que o esquema criou uma
situação em que acordos comerciais mais vantajosos para o
futebol deixaram de ser assinados. A opção era sempre por
empresas que estivessem dispostas a pagar propinas. As
vítimas, segundo o FBI, foram a CBF e o futebol brasileiro,
que poderiam ter arrecadado mais para financiar clubes e
torneios.
Foto: Michael Probst/AP
Investigação do FBI abalou a estrutura de corrupção montada por cartolas

Del Nero, Marin e Teixeira dividiram, por exemplo, R$ 2


milhões por ano em propinas pagas pelo empresário José
Hawilla para as edições anuais da Copa do Brasil.
Teixeira, ainda nos anos 90, também fechou um acordo com
Hawilla para dividir o lucro que o empresário teria obtido
ao intermediar o acordo da Nike com a CBF avaliado em
US$ 160 milhões. Outros US$ 40 milhões foram para uma
conta na Suíça, divididos entre Hawilla e Teixeira.
Uma parte significativa da corrupção montada estava
relacionada com a Copa América. A Datisa, empresa que em
2013 comprou os direitos de transmissão e marketing até
2023 para o evento, concordou em pagar US$ 3 milhões por
edição do torneio ao presidente da CBF no momento do
evento.
Mas o valor da corrupção pode ser ainda maior. Del Nero,
por exemplo, compartilhou propinas com Marin para pelo
menos três edições da Copa Libertadores da América.
Teixeira ainda recebeu “milhões de dólares” para garantir a
presença dos melhores jogadores brasileiros nas edições da
Copa América entre 2001 e 2011. Os valores não foram
divulgados por enquanto.
Na avaliação do FBI, o que surpreende na investigação é o
“caráter endêmico” da corrupção – e também os métodos
usados para tentar esconder o dinheiro. Foram usadas
malas repletas de dinheiro, notas frias, contratos fictícios,
chantagens, obras de arte, terrenos, contas em paraísos
fiscais, empresas de fachada, mansões, jatos privados e até
dinheiro camuflado na construção de piscinas.
No meio da semana a Justiça americana lançou a segunda
etapa na operação contra a corrupção no futebol. Um total
de 24 dirigentes e empresários já foram indiciados, e os
americanos alertam que pelo menos mais 27 estarão na lista
até 2016. O impacto na América Latina tem sido profundo,
com a prisão, afastamento e até fuga de presidentes de
confederações e associações nacionais. Brasil, Chile, Bolívia,
Costa Rica, Honduras, Guatemala, Venezuela e Colômbia
foram sacudidas pela crise.
Os americanos já confiscaram US$ 100 milhões dos
envolvidos, e as multas chegaram a US$ 190 milhões. “Em
25 anos, a corrupção floresceu e se transformou em
endêmica”, disse o Departamento de Justiça dos EUA.
De acordo com os americanos, não é apenas a extensão
geográfica que chama a atenção, mas também a maneira
como o dinheiro foi “contrabandeado” por fronteiras.
Jack Warner, ex-vice-presidente da Fifa, por exemplo,
chegou a usar dinheiro do Fundo de Desenvolvimento para
o Futebol para comprar uma mansão em Miami em 2005.
Ele também mandou seu filho Daryan em um avião até
Paris para receber uma mala de dinheiro da campanha da
África do Sul para sediar a Copa de 2010.
Daryan nem dormiu em Paris. Horas depois de chegar à
França, embarcou em um voo de retorno para Trinidad e
Tobago.
Para pagar propinas para Teixeira e outros dirigentes, J.
Hawilla criou empresas de fachada em nome do brasileiro
José Margulies (conhecido como José Lázaro), e que
serviam para receber e pagar as propinas. Ele ainda usava o
serviço de doleiros, “destruía com regularidades provas de
suas atividades e orientava dirigentes a não usar contas em
seus nomes para não chamar a atenção da Justiça”.
TABELA
Na Conmebol, as investigações também apontam profundos
desvios de verbas. O volume de propinas e o fato de ser
generalizada chegou a obrigar as empresas a criar tabelas de
subornos, baseados na importância de cada federação
nacional dentro da Conmebol.
Se inicialmente apenas Argentina, Brasil e Uruguai levavam
dinheiro para permitir que contratos fossem assinados, o
cenário mudou depois que seis federações menores do
continente se rebelaram em 2009. O motivo: também
queriam sua parte na propina. Assim, quando a empresa
Datisa foi criada em 2013 para obter o contrato para a Copa
América até 2023, pagava por edição US$ 3 milhões para os
“grandes” e US$ 1 milhão para as federações menores.
Não faltaram nem mesmo tentativas de enganar as
autoridades americanas com justificativas absurdas. O
uruguaio Eugenio Figueredo alegou “demência” para não
responder a perguntas do fisco americano. Hoje, está preso
em Zurique.

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