Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
▪ FAMP – Med 1
SEPSE
Existe uma tentativa aceita ate hoje como padrão para definir SIRS, sepse, e choque séptico.
Bacteremia: presença de bactérias no sangue (ter bacteremia NÃO é o mesmo que ter sepse, dizer que o paciente tem sepse
porque tem bacteremia é um erro grosseiro. Muitos pacientes com sepse jamais chegaram a ter bacteremia)
SIRS (Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica): como o próprio nome diz, trata-se de uma resposta inflamatória sistêmica;
e pode ser desencadeada por causas não infecciosas (ex: trauma, cirurgia, queimaduras, pancreatite, quimioterapia, etc.) ou por
causas infecciosas (infecção bacteriana (principalmente), vírus, fungos, parasitos, etc.)
(2 ou mais dos critérios abaixo são necessários para confirmar a SIRS):
o - Temperatura: > 38ºC ou <36º
o - Taquicardia: FC >90 bpm
o - Taquipnéia: FR > 20 irm (principalmente), ou PCO2 <32mmHg ou ainda necessidade de respiração mecânica por um
processo agudo
o - Leucocitose > 12000/mm³, leucopenia < 4000mm³ ou > 10% de bastonetes (forma jovem dos segmentados)
o Com dois ou mais desses critérios (e um quadro clínico compatível) é possível afirmar uma SIRS.
SEPSE: (SIRS + infecção comprovada ou suspeita) um paciente com sepse é aquele que apresenta uma SIRS (síndrome da resposta
inflamatória sistêmica) devido a uma INFECÇÃO, comprovada ou fortemente suspeita. (no diagnóstico pediátrico as alterações
de temperatura e leucócitos devem estar presentes). (Bactérias, vírus, fungos e parasitas podem causar sepse, mas destacam-se
principalmente as bactérias). Na sepse, dentre os critérios de SIRS, o mais freqüente é a taquipnéia.
Sepse: Disfunção orgânica com perigo a vida causada por uma resposta desregulada a infecção
Choque séptico: Sepse com importantes anormalidades circulatórias e metabólicas/celulares, suficientes para aumentar
substancialmente a mortalidade.
Sepse e SIRS são caracterizadas pela produção excessiva de mediadores inflamatórios e pela excessiva ativação de células inflamatórias,
resultando numa anarquia metabólica, na qual “o organismo não consegue controlar o que ele próprio criou” A principal conseqüência
desta resposta inflamatória exagerada é o comprometimento de muitos órgãos e o quadro de choque com evolução para a síndrome da
insuficiência de múltiplos órgãos.
A atuação de macrofagos produzem TNF e suas citocinas são muito importantes, mas a medida que os macrofagos começam a produzir
fatores de necrose tumoral começa a produzir sinais de sepse (febre,leucocitose,neutrofilia,bradicardia, diminui DC) ate o momento que
o pcte desenvolve choque septico. O sistema imune quer matar o microorganismo de qualquer jeito, nem que pra que isso ocorra, custe
a vida com sepse.
Os componentes da parede bacteriana são os principais ativadores desta resposta inflamatória do hospedeiro: as endotoxinas dos
microorganismos Gram-negativos (principalmente o lipídio A) e o ácido teicóico dos microorganismos Gram-positivos. Estes componentes
desencadeiam uma cascata inflamatória, sendo, inicialmente, liberados o Fator de Necrose Tumoral alfa (TNFµ) e a Interleucina-1 (IL-1)
(pelos fagócitos), que estimulam uma intensa resposta celular, com liberação de mediadores secundários, quimiotaxia e ativação de
granulócitos. Os mediadores secundários são responsáveis pela reativação das células fagocitárias e da cascata inflamatória, formando um
ciclo vicioso inflamatório
SOFA (SEQUENTIAL ORGAN FAILURE ASSESSMENT SCORE) OU PONTUAÇÃO SEQUENCIAL DE AVALIAÇÃO DE FALHA DE
ÓRGÃO
O qSOFA score (também conhecido como quickSOFA) é uma ferramenta para se usar à beira do leito para identificar pacientes com
suspeita/documentação de infecção que estão sob maior risco de desfechos adversos. Os critérios usados são: PA sistólica menor que 100
mmHg, frequência respiratória maior que 22/min e alteração do estado mental (GCS < 15). Cada variável conta um ponto no score,
portanto ele vai de 0 a 3. Uma pontuação igual ou maior a 2 indica maior risco de mortalidade ou permanência prolongada na UTI.
1
Urgência e Emergência II | Eduardo Araújo
▪ FAMP – Med 1
Quick SOFA Score (quickSOFA ou qSOFA) foi introduzido pelo grupo Sepsis-3 em fevereiro de 2016 como uma versão simplificada do SOFA
Score
CRITÉRIOS CLÍNICOS
Sepse: suspeita ou certeza de infecção e um aumento agudo de ≥ 2 pontos no SOFA em resposta a uma infecção (representando disfunção
orgânica)
Choque Séptico: sepse + necessidade de vasopressor para elevar a pressão arterial média acima de 65 mmHg e lactato > 2 mmol/L (18
mg/dL) após reanimação volêmica adequada
ACHADOS CLÍNICOS
As manifestações clínicas da sepse dependem do processo infeccioso primário, do processo inflamatório sistêmico decorrente e das
disfunções orgânicas instaladas ou em instalação
a) Os sinais e sintomas dependem de múltiplos fatores; por exemplo o sítio da infecção (se for o pulmão/pneumonia, o paciente
pode apresentar febre, tosse, dispnéia, dor.... Se for o ITU, o paciente pode apresentar febre, calafrios, dor lombar, etc) Assim
uma parte dos sinais e sintomas do paciente ocorrem devido à infecção inicial.
- Sintomas e sinais referentes ao sítio inicial de infecção; (pneumonia, infecção TGI, ITU, infecção pele, etc).
b) Alem disso o paciente com sepse vai apresentar 2 ou mais dos critérios pertencentes a SIRS (hipotermia <36ºC ou febre >38ºC,
taquipnéia (é o achado mais freqüente no paciente com sepse, conduz o paciente a uma alcalose respiratória, mas basicamente
o paciente terá diminuição do pH do sangue devido a acidose metabólica), taquicardia e leucocitose/leucopenia/> 10%
bastonetes)
- Pode apresentar 2 ou mais critérios de SIRS (citados acima)
“As manifestações clínicas secundárias à ativação inflamatória são inespecíficas e incluem a febre ou hipotermia, taquicardia, taquipnéia
e alcalose respiratória, leucocitose ou leucopenia com aumento do número de bastonetes, hipermetabolismo sistêmico, consumo
elevado de oxigênio, hipoperfusão sistêmica e acidose metabólica e um estado circulatório hiperdinâmico. A magnitude das alterações
2
Urgência e Emergência II | Eduardo Araújo
▪ FAMP – Med 1
destes sinais de sepse não parece correlacionar bem com a gravidade da síndrome. No entanto, a hipotermia e a leucopenia podem ser
fatores de risco independentes para um prognóstico sombrio.”
O paciente pode apresentar aumento de Proteína C-reativa e procalcitonina em duas vezes ou mais o normal. (o aumento da procalcitonina
é exclusivo de sepse bacteriana)
- Aumento PCR e Procalcitonina;
-Hiperglicemia O paciente costuma apresentar uma intolerância periférica a glicose, o que conduz o paciente a uma
hiperglicemia.
c) Muitos outros sinais, sintomas e achados clínicos podem estar presentes, e muitos deles podem indicar disfunção orgânica e
instabilidade hemodinâmica:
- Variáveis hemodinâmicas:
Hipotensão arterial com PAS < 90mmHG ou queda de 40mmHg em relação ao valor normal do paciente, PAM <
70mmHg.
SvO2 >70%
índice cardíaco acima de 3,5L/min/m²
- Variáveis de disfunção orgânica:
Hipoxemia (PaO2/FiO2 < 200-300), queda da PO2, SARA
Oligúria aguda (débito urinário menor que 0,5ml/kg/h por pelo menos 2 horas) (num adulto de 70Kg é menos de 70 ml
em 2 horas)
Azotemia (aumento creatinina maior que 0,5 mg/dl)
Íleo paralítico (ruídos hidroaéreos ausentes), outras manifestações gastrointestinais como náuseas, vômitos,diarréia.
Plaquetopenia ( < 100.000 /mm³), anemia, CIVD
Alterações de coagulação (INR > 1,5 ou TTPa > 60 seg)
Hiperbilirrubinemia (> 4 mg/dl), algum aumento transaminases.
Alterações neurológicas; diminuição do nível de consciência, desorientação, confusão, até coma. Encefalopatia e
polineuropatia (fraqueza muscular e dificuldade de desmame ventilação artif.)
acidose metabólica, hiperglicemia e hipertrigliceridemia
Principais disfunções orgânicas: (as disfunções orgânicas indicam que o paciente esta progredindo para sepse grave ou já esta nela; as
disfunções pulmonares e renais geralmente são reconhecidas mais precocimente, alterações neurológicas, gastrointestinais e hepáticas
geralmente são reconhecidas clinicamente mais tardiamente, mas podem ser reconhecidas mais precocimente através de exames.)
TRATAMENTO DA SEPSE
Infusão de líquidos:
infusão de volume de soro fisiológico ou cristalóides (Solução de Ringer Lactato)
3
Urgência e Emergência II | Eduardo Araújo
▪ FAMP – Med 1
Quem vai para ventilação não esta morrendo. Pelo contrario, é para não morrer.
SUPORTE NUTRICIONAL
• Nutrição enteral ou parenteral, considerando aumento em 170 a 200% do metabolismo.
Usar nutrição enteral preferencialmente.
Tratamento:
Pacote 6 horas
RESSUSCITAÇÃO INICIAL
DIAGNÓSTICO
ANTIBIÓTICOS/CONTROLE DO FOCO
REPOSIÇÃO VOLÊMICA
INOTRÓPICOS
VENTILAÇÃO MECÂNICA
Pacote 24 horas
ESTERÓIDES
PROTEÍNA C ATIVADA
DERIVADOS DE SANGUE
SEDAÇÃO / ANALGESIA / BLOQUEIO
CONTROLE GLICÊMICO
FUNÇÃO RENAL
TROMBOSE VENOSA
ÚLCERA DE STRESS
LIMITES NO TRATAMENTO
Coagulopatia da Sepse
Relacionada à disfunção endotelial e deposição de fibrina
• Coagulação ativada e fibrinólise supressa levando ao consumo de plaquetas e fatores de coagulação.
• Aumento do D-dímero e redução da proteína C
• Cursa com sangramento espontâneo e está associada à disfunção de órgãos
CORTICOSTERÓIDES:
• Hidrocortisona na dose de 200 a 300mg/dia de 8/8 ou 6/6hs na sepse grave ou choque séptico que apesar de ressuscitação adequada
necessitem de drogas vasoativas para manterem a PA sistólica acima de 65 mmHg.
• Recomenda-se que as doses de corticosteróides sejam reduzidas progressivamente a partir da retirada dos vasopressores.
• Após 5 – 7 dias, reduzir 50% da dose, a cada 2-3 dias
4
Urgência e Emergência II | Eduardo Araújo
▪ FAMP – Med 1