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TEOLOGIA BÍBLICA DO ANTIGO TESTAMENTO

Paul R. House

TEOLOGIA DO LIVRO DE JUÍZES NA PERSPECTIVA DE PAUL R. HOUSE


SÍNTESE DO CAPÍTULO 8
O Deus disciplinador e libertador

CLEIDE PIRES AGUIAR COSTA


FACULDADE BATISTA DE MINAS GERAIS
4º PERÍODO DE TEOLOGIA
PROFESSOR: IERSON SILVA BATISTA
INTRODUÇÃO
House faz sua teologia do Antigo Testamento procurando reconhecer as contribuições
teológicas de cada seção do AT, sem perder de vista a unidade do cânon, demonstrando
portanto a coerência do AT mediante análises de conexões intertextuais. Nesse sentido ele
inicia seus estudos no livro de Juízes fazendo comparações tanto históricas, quanto
teológicas com os textos de Deuteronômio 28.15-68, pois o povo comete idolatria, sofre as
conseqüências do seu pecado, arrepende-se e clama a Yahweh por ajuda, recebe auxílio e
então volta-se de novo para a idolatria (v. Jz 2.6—3.6) e com Êxodo 32—34 e Números 25.
Ele faz a observação de que visto sob certa perspectiva o livro é mais complexo,
terrivelmente deformado, sombrio e brutal. “Assassinato, estupro, idolatria, perversão e
traição tornam-se o pano de fundo para teologia e a ironia permeia o todo...fracassos
abundam. Derrotas são normais.”
O livro descreve o que acontece quando um povo que estabeleceu uma aliança com Deus
abandona essa aliança e faz o que cada indivíduo ou tribo bem entende em vez de seguir a
palavra revelada do Criador de todas as terras e povos (v. 17.6; 21.25). O livro assim o faz
mediante descrição do que parece ser um ciclo de pecado, arrependimento, livramento e
pecado repetido, mas que na verdade é um declínio na direção de um abismo moral cada
vez mais profundo e que ameaça a existência de Israel na terra.

1 - O DECLÍNIO MORAL DE ISRAEL EM TRÊS ETAPAS

1. O DEUS QUE TESTA O POVO - Antecipação do Declínio – (1.1—3.6)


Resumo histórico e teológico da situação de Israel naquele tempo. Nessa seção
Yahweh age como o Deus que testa o povo, um papel não desempenhado com tanto
vigor desde Gênesis 22.

2. O DEUS QUE RESPONDE (3.7— 16.31)


Aqui uma série de doze juízes de maior e menor importância e com caráter variável
conduz Israel à liberdade de seus opressores. Nesses capítulos o Senhor chama os
juízes como resposta aos clamores de Israel por ajuda, contudo assim mesmo envia
os opressores para castigar a idolatria de Israel. O Senhor responde devido ao seu
senso de justiça e às decisões de vida do povo escolhido. Em todos os momentos
Yahweh é fiel à aliança, mas às vezes Israel não desfruta essa fidelidade.

3. O DEUS QUE OS ENTREGA À PRÓPRIA IMPIEDADE (17.1— 21.25)


Agora a nação castiga a si mesma. O problema do pecado na nação santa parece ser
tão real quanto no mundo em geral. Ainda muitos outros escritos canônicos serão
necessários para aliviar esses fardos teológicos.
Em Juízes nenhuma outra questão é mais importante do que o compromisso de Israel com o monoteísmo
pactuai. Qualquer desvio desse princípio resulta em catástrofe para a nação. Cada vez que o autor declara que
Israel desagrada a Deus, é a idolatria que provoca a disjunção relacional. Outros tipos de pecado podem ser
perdoados quando indivíduos voltam- se para o Deus perdoador, mas os adoradores de ídolos separam-se da
realidade teológica e de um relacionamento com o Deus vivo. O juízo é a única consequência possível.
2 – O DEUS QUE TESTA A FIDELIDADE DE ISRAEL: JUIZES 1.1—3.6

“Cada um fazia o que era bom a seus próprios olhos”


A introdução de Juízes faz referência a seu líder falecido assim como a introdução do livro
de Josué faz referência à Moisés, ligando o primeiro a seu antecessor canônico. Quando
coloca-se esta sentença lado a lado com a sentença final do livro (“cada um fazia o que lhe
parecia certo”), a mensagem de Juízes torna-se clara. A morte de Josué inicia uma nova era
de quebra da aliança, o que os esforços de renovação da aliança em Josué 23 e 24
procuraram adiar. Tendo ficado sem liderança forte e confrontados por inimigos poderosos
que defendem seus sistemas de crenças, Israel muda seus compromissos de fé.
Juizes 2.16-19 apresenta os problemas teológicos básicos do livro. Quando Israel segue os
deuses cananeus, que tinham em Baal seu grande expoente, Yahweh entrega o povo a nações
opressoras (2.11-15). Essa parte da provação não raro leva a nação a pedir a ajuda de Deus,
a qual vem na forma de juízes que conduzem o povo à liberdade (2.16-18).
Síntese canônica: falta de descanso na terra
Esse trecho provoca uma pausa na teologia canônica do descanso de Israel na Terra
Prometida. O povo experimenta o cumprimento físico das promessas a Abraão, mas não
desfruta os benefícios da fidelidade pessoal, os quais são o verdadeiro centro do que Deus
começou a fazer quando chamou Abraão a sair de Ur. O povo não percebe que o objetivo de
Yahweh não era apenas dar ao povo escolhido um pedaço de terra, por mais significativo
que fosse tal dádiva, mas solucionar o problema do pecado mediante a criação de um
sistema de perdão dentro de uma nação que poderia agir como reino de sacerdotes para
todo o mundo.
O fato de os juízes não conseguirem motivar o povo a obedecer à aliança também cria um
dilema de liderança, o qual marcará o restante do AT e também torna-se a principal questão
teológica em 2Samuel 7.1-17, nos Profetas Posteriores e no NT.
Os israelitas agem como se viver em Canaã fosse tudo o que desejam considerar a respeito da aliança. Deus não
permite que se deem a esse luxo. O Senhor, sem quaisquer reservas, comprometeu-se com Israel (2.1) e espera
o mesmo do parceiro da aliança. (pág. 274)

3 – 0 DEUS QUE REAGE: JOSUÉ 3.7—16.31

A vida e carreira dos juízes


Geralmente os juízes revelam um compromisso pactuai mais elevado do que o povo em
geral como um todo, mas em alguns casos essa generalização não procede. Há juízes que
cometem muitos dos mesmos erros do povo e, às vezes, fazem coisas piores que o povo.
Nesses capítulos a decadência do povo equipara-se ao declínio moral dos juízes.
Nas primeiras narrativas dos juizes (Otniel, Eúde, Débora), o separar-se de Yahweh tem
origem no povo — “fizeram o que o Senhor reprova”. Com Gideão, o desviar- se de Yahweh
tem origem no próprio juiz, e o povo continua no estilo de vida que vinha tendo. Em vez de
ensinar ao povo, o juiz aprende com eles.
O AUTOR DÁ DESTAQUE À ALGUNS JUÍZES:
Sansão e Jefté – dois javistas inconstantes
Jefté – Em Jz 11:24 fala favoravelmente do deus de Edom um gesto pragmático que revela
que ele é alguém que praticamente não está inclinado a remover os não-deuses denunciados
por Moisés.18 Pior ainda, ele contamina a adoração de Yahweh. O seu impensado voto
(11:30,31) indica que na melhor das hipóteses, Jefté é alguém que mistura a adoração de
Yahweh com práticas politeístas e não conhece os reais padrões divinos. Dessa forma ele
representa a condição espiritual do povo em geral.
Sansão – Mais instável que Jefté
“À semelhança de Jefté, Sansão é um javista inconstante, suficientemente consagrado para ser
usado por Deus por algum tempo mas incapaz de servi-lo a vida inteira devido a crenças
incompatíveis e paixões mal orientadas.” (pág. 278)
Essa frase impactante de House, levou-me à reflexão e à uma certa contrição no espírito. Pude pensar em quantos
homens de Deus fizeram uma bela carreira cristã, mas em determinado momento de suas vidas deixaram-se
corromper pelo amor ao dinheiro ou por paixões sexuais. Não é o propósito desse pensamento construir
qualquer juízo de valor a esse respeito, mas pensar se quando nos sentimos chamados para o trabalho divino,
nosso empenho está na concretização do serviço em si ou naquelE que nos chamou. Dá-me a impressão que
Sansão, Jefté e outros líderes tão capacitados se perderam quando terminaram suas tarefas, porque não
possuíam uma fé genuína em Jeová e sem essa fé nenhum discurso ou estilo de vida se sustenta. A nossa vocação
para o serviço à Cristo não pode ser um fim em si mesmo, mas deve ser um meio pelo qual O adoramos e ao
mesmo tempo trazemos significado à nossa existência, que por sua vez, após ter sido alcançada por Ele já não
encontra consolo em qualquer outro lugar, a não ser Nele mesmo.

“Sansão fez tudo que se esperava dele, quer dizer, exceto consagrar-se sem ressalvas ao Deus
que reagiu com misericórdia a cada uma das súplicas sinceras de livramento feitas pelo povo.”

Débora – A contribuição de Débora tem importantes implicações para compreender-se o


papel de profetas no cânon. Antes desse trecho, Abraão (Gn 20.7), Arão (Êx 7.1), Miriã (Êx
15.20) e Moisés (Dt 18.15-22) são chamados de profetas, e um grupo de anciãos israelitas
profetiza uma vez (Nm 11.24,25).
 Abraão é chamado profeta por causa de suas capacidades de intercessão que são resultado
de seu relacionamento especial com Deus.
 Arão recebe essa designação porque iria falar as palavras de Deus em nome de Moisés.
 Miriã canta as grandes maravilhas de Deus na passagem onde ela é chamada de profetiza.
 Moisés em Deuteronômio 18.15-22 destaca a precisão da predição profética e a fidelidade
pactuai do profeta enviado por Deus.
 Os anciãos só conseguem profetizar porque o espírito de Yahweh vem sobre eles.

Cada profeta possui uma personalidade distinta, o que se percebe mesmo mediante uma
rápida olhada nas pessoas mencionadas acima, mas o que une todos eles é uma mensagem
precisa cuja origem é o apego deles à palavra de Deus.
Débora personifica a maioria dessas características, o que a assinala como uma verdadeira
profetiza dentro da história contada nos Profetas Anteriores.
Ela prediz o futuro com precisão, pois os israelitas obtêm de fato a vitória que ela diz que
vai acontecer. Ela compõe um hino de vitória semelhante ao que Miriã escreve em Êxodo
15.1-18. O principal interesse de Débora é que os inimigos de Yahweh pereçam, o que indica
que ela está firme a favor da aliança. O único elemento ausente é uma declaração de que o
Espírito de Deus a dirige, mas, considerando-se o apego dela aos padrões mosaicos para os
profetas, esse enchimento pelo Espírito é uma conclusão segura.
A maneira como os juízes são apresentados reflete a natureza ambígua da carreira da
maioria deles. Hebreus 11.32 declara que Gideão, Baraque, Sansão e Jefté exerceram fé na
execução de seus deveres. Ao mesmo tempo, 2Reis 23.22 recorda esse período como uma
época em que não se comemorava a Páscoa, Salmos 78.56-58 fala dos dias dos juízes como
um período de idolatria e pecaminosidade, e Juízes 3.7—16.31 apresenta claramente a era
dos juízes como dias incertos quer religiosa, quer politicamente. Os juízes não são nenhuma
solução definitiva, seja para o problema do pecado, seja para a crise de liderança que Israel
experimenta devido à morte de Josué.

3 - O DEUS QUE LIBERTA ISRAEL: JUIZES 17—21


Entregues à própria sorte
Juízes 17—21 apresenta a ausência de caráter que leva Yahweh a deixar o povo,
abandonando-o aos próprios métodos. Os dois primeiros capítulos revelam uma nação que
distorceu tanto sua adoração que mal consegue fazer diferença entre a aliança mosaica e a
religião cananeia. O restante mostra um dos relatos mais repugnantes sobre a decadência
de Israel. Ambos os relatos envolvem levitas.
A leitura desse trecho do livro torna-se muito difícil quando percebemos que nem Deus nem o autor avaliam a
situação.

O resultado foi uma terrível guerra civil. O Senhor reage, deixando que a nação se entregue
às suas tendências violentas e destrutivas, as quais são a consequência natural de sua fé
dividida em Yahweh e de seu amor ostensivo por outros deuses. Deus deixa que Israel seja
livrado pelos deuses em quem o povo confia e permite que o povo seja esmagado debaixo
do peso do próprio pecado, a única realidade que seus deuses possuem.
Síntese canônica: o preço da depravação sexual
O autor faz algumas observações onde possivelmente a narrativa dos últimos capítulos de
Juízes tenham sido usados:

 “Deus me mandou como profeta para avisar o seu povo, mas em todos os lugares
eles armam armadilhas para me pegar. Até no Templo de Deus eles me
perseguem! Eles se afundaram tanto no pecado quanto o povo que estava em Gibeá.
Deus lembrará dos pecados deles e os castigará.” (Os. 9:8,9)
 “O SENHOR Deus diz: Desde o tempo em que pecou em Gibeá, o povo de Israel não
tem parado de pecar. Por isso, em Gibeá a guerra alcançará essa gente perversa.” (Os
10:9)
 A tentativa pelo populacho de estuprar os homens em Juízes 19 relembra o episódio
de (Gn 19.1-11)
 (Rm 1.26,27). Essa interpretação do contexto social de Paulo equipara-se ao tom de
Juízes, visto que a sexualidade descontrolada caracteriza os dois contextos.
“Por causa das coisas que essas pessoas fazem, Deus as entregou a paixões vergonhosas. Pois até as
mulheres trocam as relações naturais pelas que são contra a natureza. 27E também os homens deixam
as relações naturais com as mulheres e se queimam de paixão uns pelos outros. Homens têm relações
vergonhosas uns com os outros e por isso recebem em si mesmos o castigo que merecem por causa dos
seus erros.”
CONCLUSÃO
1. Os temas do livro soam muito parecidos com a situação de Gênesis 3—6, antes de o
Senhor destruir o mundo e também com a condição de Israel em Números.

2. O povo não cumpre a aliança, o que por sua vez impede-os de ser sacerdotes para si
mesmos ou para seus vizinhos. Desse modo os israelitas não são uma bênção para
todas as nações (Gn 12.1-9).

3. Terceiro, com base em Deuteronômio 27 e 28 Israel acha-se perigosamente próximo


de deixar a terra rumo ao exílio. Todo o trabalho árduo de Moisés, de Josué e da
geração anterior pode-se perder devido à infidelidade de agora.

4. Quarto, continua sem solução a questão de uma liderança idônea para Israel. Apesar
do surgimento de Débora e do profeta desconhecido, não há uma presença profética
contínua.

5. Fé e obediência, os pilares gêmeos da teologia revelada a essa altura no cânon, são


visíveis em somente uns poucos israelitas. A existência de uma minoria de crentes
significa que as promessas a Abraão não estão mortas nem mesmo no lado humano.

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