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Segundo Carl Jung, que enquadra o conceito de “Persona” nas suas teorias sobre a Psique

Humana, o inconsciente é formado por 2 vertentes, uma vertente pessoal (inconsciente pessoal), e
outra vertente, coletiva (inconsciente coletivo). Parte do inconsciente pessoal fazem parte
conteúdos ditos pessoais, muitas vezes reprimidos, que passaram pela experiência consciente do
sujeito. Desta maneira podemos assumir que estes conteudos experienciados são de natureza
pessoal, na medida em que foram adquiridos através da existencia individual. Os conteúdos
psicologicamente incompativeis serão reprimidos mas podem ser mantidos conscientes quando
reconhecidos na consciência. Já parte do inconsciente coletivo, faz parte todo o material psiquico
que nunca passou pelo consciente, ou seja, conteúdos herdados, através da nossa herança genética,
que contemm os nossos instintos e vontades humanas universais, como por exemplo vontade de
atingir status, instinto de reprodução, receio da morte e outros medos inatos.

Deste modo considera-se que a mente humana não é apenas um fenómeno separado e
individual em si (é tambem coletivo em si), em que certas funções sociais e instintivas podem ser
opostas aquelas dos indivíduos em si, e que o próprio experienciou. Isto normalmente resulta num
conflito intrapsíquico, principalmente quando surge também uma necessidade de desenvolvimento
psiquico pessoal, em que a razão descobre a natureza irreconciliável dos opostos, podendo muitas
vezes resultar em neurose, como já referido. Ao longo do filme, são mencionadas estas dicotomias
psiquícas, como quando Alma pergunta a Elizabeth, depois de ter contado a história da sua orgia,
se seria possível “ser duas pessoas ao mesmo tempo”, por ter traído o marido e estar arrependida
com isso, mas ter uma parte dela que gostou de o ter traído.

Quando se fala em Persona, fala-se fundamentalmente neste Eu social que se cria, nesta
máscara motivada por fatores sociais, que vêm tanto do exterior como interior. Quando se tenta
analisar a Persona, descobre-se que o que parecia individual é no fundo coletivo, uma máscara da
psique coletiva, não real. É um compromisso entre o indivíduo e a sociedade, dando um parecer
para o homem adoptar. Pode-se ganhar um nome, um título, uma profissão, representar e pertencer
algo, tal como Elizabeth tem a sua Persona principal, de atriz. Talvez no seu caso ainda atinga um
nível mais complexo, já que por ser atriz, intrepreta também várias personas, dentro do teatro. O
próprio mundo exterior convida a uma identificação com a Persona, já que dinheiro, respeito e
poder são a conquista daqueles que podem desempenhar bem e de modo consistente este papel
social. No entanto, a Persona, quando muito acentuada, pode muitas vezes tornar-se uma
substituição da individualidade.

Estas possibilidades de extensão da personalidade (ao se ter uma Persona), tornam-se no


fundo, metódos de privação interna, nomeadamente, maneiras de desinvestir o self da realidade,
em favor de um papel exterior. Na verdade, este desinvestimento do self em favor do coletivo
corresponde a um ideal social; pode até passar com um dever social ou virtude. Isto é algo que fica
aparente no filme, quando Alma aponta a Elizabeth (e esta reconhece), que grande parte da vontade
desta em ter um filho, foi influenciado por aquilo que as pessoas lhe iam dizendo e que ela sentia
necessitar, nomeadamente que tinha tudo como mulher e artista, e que apenas lhe faltava a
maternidade. Ser mãe é um ideal tanto do inconsciente coletivo (do nosso próprio inconsciente
herdado), como da sociedade em si. No entanto, isto entrou em conflito com aquilo que Elizabeth
verdadeiramente queria e sentia, provocando nela sentimentos de ódio e desejo de morte em
relação ao filho, pelo seu sentimento de incapacidade de lidar com ele, dando génese conflito
intrapsíquico doloroso que resultaria na sua situação no filme.

Segundo Coimbra de Matos (2001), o sentimento de falha, e o medo de falhar, o sentimento


de incapacidade, é um dos mais característicos nas pessoas depressivas; sentimento não só ligado
com o defeito do Eu, como também com a exigência do ideal do Eu; e sentimento que se agrava
em condições de existência excessivamente competitiva. Aqui, cita Edward Bibring (1953),
referindo que na depressão ocorre uma “paralisia do Eu”, porque se descobre incapaz de fazer face
ao perigo, enquanto a ansiedade ou angústia é um sinal que mobiliza o Eu para o combate ou fuga.
Ora, Elisabeth, tendo sido “pressionada” em ter um filho, ligada à sua exigência do ideal Eu,
provocou nela a “paralisa do Eu”, tendo sido demasiado para ela aguentar, motivando-a para a
fuga, no silêncio e no isolamento.

Como referido, fomentar a Persona, seja motivado pela necessidade de atingir


prestige/status ou apenas por validação, envolve o verdadeiro perigo da regressiva perda de
individualidade. Assim, uma diferenciação estreita da Persona é necessário para o
desenvolvimento da personalidade, já que uma diferenciação parcial ou insuficiente
inevitavelmente leva a liquefação do individuo no coletivo, levando consequentemente,
possivelmente, a uma imagem de si mesmo falsificada, assim como a sua relação consigo próprio.
No entanto, esta resignação e depreciação do eu é uma evasão paradoxal, que no longo termo só
pode ser mantido através de sofrimento neurótico, já que fomentar a Persona para preencher os
falhanços, permite algum equilibrio psíquico, mas é apenas aparente, porque o que está
verdadeiramente em necessidade de ser resolvido não está o a ser.

Fundamentalmente para combater isto, é necessário um processo de individuação e tomada


de consciência, para livrar o self das amarras falsas da persona. No entanto, como sabemos pela
nossa experiência e pelas evidências da prática clínica, tomar consciência de conteúdos reprimidos
acerca de nós próprios pode ser um processo moroso e doloroso. Isto é o que parece acontecer com
Elizabeth, já que o seu processo de se calar, com tendências e comportamentos depressivos,
parecem ser o meio pelo qual este processo de individuação é facilitado. Explicita Coimbra de
Matos (2001), o valor do silêncio-interregno do diálogo. Matos (2001), diz que este silêncio é
necessário para voltar para dentro ao abrigo do constante jogo de trocas com o meio, a que chama
sistema de sofrimento/interferência no indíviduo deprimido. No silêncio existe um virar para o
interior, na ação de se interrogar, meditar e elaborar sobre o que somos, e não somos. Ademais,
Coimbra de Matos (2001) explicita que o silêncio isolante, a ausência de verbalização que em
determinada altura da infância ou crescimento pode ter servido ao crescimento em automonia do
Eu, controlando a descarga do afeto através da palavra, permite o pensar racional e desafetivado,
repetindo-se agora, em automatismo, como silêncio isolante, na dimensão da resistência à
transferência de emoções e afetos.

Para Kernberg (1984), citando Mahler (1971), ocorre desenvolvimento do self em períodos
de elevada frustração e experiências dolorosas ou traumáticas. Estas experiências determinam a
formação de representações fundidas do self, sob o patrocínio da frustração e dor. Estas
representações investidas com agressão, mais tarde evoluirão para experiências amedrontradoras,
agressivas e desvalorizadoras do self e para representações amedrontoras, afressivas e sádicas dos
objetos. Eventualmente levam à existência de múltiplas e contraditórias representações de self, que
tanto desafiam o desenvolvimento durante a separação-individuação. Assim, a integração normal
do self contraditório e relações objetais marca a transição da separação-individuação para a
constância do objeto. Estas concepções de Kernberg (1984) vão de acordo com as já expostas, em
relação à neurose e função depressiva de Elisabeth permitirem a integração de conteúdos do self
que estariam em contradição, que levam posteriormente ao desenvolvimento de uma constância
de objeto e permite o processo de individuação.

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