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Suici
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Entenda o suicídio.
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“O sistema mata!”
Me senti muito culpado, foi inevitável. Pensei que talvez pudesse ter
feito alguma coisa. O suicídio é uma violência muito grande. Parece
uma bomba, uma explosão. Era meu irmão mais velho. Acho que ele
nunca desejou alguma coisa com empenho. Tudo, para ele, tanto
fazia, qualquer coisa estava bem. Era uma situação crônica. Ele
entrou em várias faculdades e não terminou de cursar nenhuma.
Tentou vários empregos, mas saiu de todos eles. Foi casado,
separou-se, tinha uma namorada. Aparentemente sua vida estava
estruturada. E ele não era depressivo. Talvez não estivesse vendo
perspectivas. As razões do suicídio são um mistério. Pensei muito em
quais teriam sido os motivos. Só relaxei quando assumi que não
podia entendê-los. No enterro, senti uma raiva muito, muito grande.
Naquele instante, experimentei uma profunda sensação de abandono.
Nunca tinha sentido isso antes. Meu irmão foi enterrado no mesmo
túmulo onde já estavam os meus pais.
Pensei muito nisso, logo depois do suicídio. Um dia, fiquei parado uns
15 minutos diante de uma avenida onde os carros vinham em alta
velocidade e não havia faixa de pedestres. Era só um passo, tão fácil,
e tudo se acabaria. Depois, ao visitar um novo apartamento, também
contemplei a janela demoradamente… Num ato poderia resolver tudo,
todos os meus problemas. Mas prefiro os meios mais difíceis. Não
acredito em outra maneira.”
E.S., médico e professor universitário, 45 anos