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DE.
1. DOS FATOS
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teria direito à aquisição de linha telefônica, com retribuição do investimento em ações da
concessionária.
2. DA LEGITIMIDADE ATIVA
A parte autora encontra-se legitimada para propor a demanda, pois na época dos fatos
adquiriu as ações da empresa Ré através do contrato de “participação financeira”, conforme pode ser
constatado na documentação anexa.
Vale observar que as ações emitidas encontram-se inscritas no Livro de Registro das
Ações Nominativas, na forma determinada pelo artigo 100 da Lei 6.404/76.
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“SOCIEDADE ANÔNIMA. AÇÕES. CESSÃO. TELECOM. LEGITIMIDADE ATIVA. O
CONTRATANTE QUE TRANSFERIU AÇÕES EMITIDAS PELA SOCIEDADE ANÔNIMA
NÃO PERDE A LEGITIMIDADE PARA REQUERER LHE SEJAM OUTORGADAS AS
REMANESCENTES AÇÕES A QUE SE JULGA COM DIREITO, SALDO ESSE QUE
NÃO FOI OBJETO DO NEGÓCIO DE CESSÃO. RECURSO CONHECIDO EM PARTE E
PROVIDO.” (REsp 453.805/RS, Relator Min. RUY ROSADO DE AGUIAR JÚNIOR)
Grifamos
Por isso, deve ser acatada a orientação do Tribunal Superior, a quem cabe a tarefa de
uniformizar a aplicação do direito federal.
Neste sentido julgou a Colenda 13ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande
do Sul, assim, em reiteradas oportunidades:
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“AÇÃO DE ADIMPLEMENTO CONTRATUAL. AÇÕES DA CRT. IMPROCEDÊNCIA.
ILEGITIMIDADE ATIVA. INOCORRÊNCIA. Ainda que tenha ocorrido a venda das
ações por seus primeiros titulares, não houve, entretanto, a cedência de todos os
direitos decorrentes do contrato de participação financeira firmado entre as partes,
limitando-se à operação apenas à transferência do direito do uso da linha
telefônica, o que não torna a parte autora ilegítima para a demanda em tela. (...)
AÇÃO DE CUMPRIMENTO. CONTRATOS DE PARTICIPAÇÃO FINANCEIRA COM A
C.R.T. REGIDOS PELA PORTARIA 1.361/76. COMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES.
VIABILIDADE. PRECEDENTES DA CÂMARA. VOTO VENCIDO. PREFACIAIS
REJEITADAS. UNÂNIME. APELAÇÃO PROVIDA, POR MAIORIA.” (APELAÇÃO CÍVEL
Nº 70003573037, DÉCIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL, TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO
RS, RELATOR: LAÍS ROGÉRIA ALVES BARBOSA, JULGADO EM 21/10/2003) Grifamos
Além disso, mesmo que o titular das linhas já tenha transferido as ações recebidas, tal
transação tão-somente abrange as ações existentes naquele momento, constante daquelas cautelas
de ações.
Caso contrário, haverá locupletamento sem causa, tendo em vista, que pelo preço pago
por aquele lote de ações, o adquirente não poderá receber ações que sequer se cogitava existirem na
época.
Essa matéria já foi examinada na egrégia Segunda Seção do eg. Superior Tribunal de
Justiça, que proferiu julgamento favorável à tese do(a) Autor(a).
Isso ficou assentado no dia 11/12/2002, no julgamento do RESP nº. 453.805-RS, sob a
relatoria do eminente Ministro Ruy Rosado de Aguiar, publicado no DJ do dia 10/02/2003, em acórdão
assim ementado:
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originário, pleiteia eventual diferença do número de ações subscritas ao tempo do
contrato de participação financeira, mesmo após a alienação das ações.
Precedentes. Agravo interno improvido.” (AgRg no REsp 472741 / RS - AGRAVO
REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2002/0135931-9 – Relator Ministro CASTRO
FILHO - T3 - Data da Publicação/Fonte DJ 08.05.2006 p. 195)
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Destarte, por todos os ângulos que se observa, tem-se com legitima a postulação do(a)
Autor(a).
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Releva ressaltar a lição do Des. Solon d’Eça Neves, quando assevera que possibilidade
jurídica do pedido não se resume na verificação da previsibilidade legal da pretensão, verbis:
“...a possibilidade jurídica, portanto, não deve ser conceituada, como se tem feito,
com vistas à existência de uma previsão no ordenamento jurídico, que torne o
pedido viável em tese, mas, isto sim, com vistas à inexistência, no ordenamento
jurídico, de uma previsão que o torne inviável. Se a lei contiver um tal veto, será
caso de impossibilidade jurídica do pedido: faltará uma das condições da ação’
(JC 56/262)”. (TJSC - Ap. Cív. n ° 47.118, 1ª Câm. Cív Especial, data da decisão
26/11/97, in banco de dados do TJSC) Grifamos
Por outro lado, merece transcrição trecho do acórdão relatado pelo Des. Carlos Alberto
Alvaro de Oliveira do TJRS:
“As três condições da ação, como sabido, foram incluídas por Alfredo Buzaid,
discípulo fiel de Enrico Tullio Liebman, no anteprojeto de sua autoria, que veio a
redundar no código brasileiro vigente. Por sua vez, o mestre italiano, na célebre
aula inaugural proferida na Universidade de Turim em 24 de novembro de 1949,
L’azione nella teoria de l processo civile (agora, in Problemi del Processo Civile,
Napoli, Morani editore, s/data, p.22-53, esp. 37, 46), definia a possibilidade jurídica
como a “admissibilidade em abstrato do provimento do pedido, segundo as
normas vigentes no ordenamento nacional” e exemplificava com a sentença de
divórcio na Itália e a prisão do devedor inadimplente. Para essa doutrina, o juiz há
de considerar em abstrato a admissibilidade do provimento do pedido, isto é, se
este não se inclui entre os que a autoridade judiciária está expressamente proibida
de emitir.
No caso dos autos, a figura da subscrição pública de ações para aumento de
capital afasta a impossibilidade jurídica do pedido, porque é a própria companhia
que lança os títulos no mercado. A emissão das ações está assim estritamente
vinculada ao capital social. Por sinal, a tendência do direito moderno, tendo em
vista o princípio fundamental da efetividade, inclina-se no sentido de prestigiar a
realização in natura da obrigação.
No plano do direito material, revela-se altamente significativa a lição de Agostinho
Avim (Da compra e venda e da troca, Rio de Janeiro, Forense, 1961, nº 24-B, p. 31),
que vale a pena reproduzir: “As obrigações assumidas devem ser fielmente
executadas. Como conseqüência assiste ao credor o direito de exigir que a
obrigação se cumpra, tal como se convencionou. Alguns Códigos o assinalam, de
modo expresso, ora dizendo que o credor tem o direito de exigir do devedor a
prestação (Cód. Civil alemão, § 241), ora prescrevendo que o devedor está
obrigado a cumprir a obrigação que contraiu (Cód. Civil italiano, de 1865, art.
1.218). O nosso Código não diz, expressamente. Mas ao consignar o princípio
segundo o qual o não cumprimento da obrigação dá ao credor o direito de exigir
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perdas e danos (art. 1.056), não exclui, nem podia excluir o direito que lhe assiste
de exigir, antes de tido, que a obrigação se cumpra tal como se convencionou (cf.
Walter Sterner, in Nuovo Digesto Italiano, v. VIII, p.1.226, nº 73). É que ao legislador
pareceu dispensável exprimir esta regra, uma vez que, segundo a doutrina, ela é
fundamental em matéria de obrigações. (Cf. Beviláquia, Direito das Obrigações, p.
934, Polacco, Il obrigazioni nel direito civile italiano, v. I, nº 56).”
Assim sendo e inexistindo norma no ordenamento jurídico nacional que, em tese,
vede o pedido formulado na inicial, afasto a impossibilidade jurídica do pedido.”
(TJERGS. APELAÇÃO CÍVEL Nº 70006281851. SEXTA CÂMARA CÍVEL. REL.: DES.
CARLOS ALBERTO ALVARO DE OLIVEIRA. JULGADO EM 25.06.2003).”
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Norma n.º 03/91, aprovada pela Portaria nº 86, de 17 de julho de 1991:
Tome-se exemplo aleatório de participante que haja adquirido, à vista, a sua linha
telefônica pelo plano de expansão, no final do ano de 1996, não incidindo, portanto, nesse caso
hipotético, nem juros nem atualização monetária.
Pois bem, como se sabe, o valor da linha telefônica à vista era, naquela época,
aproximadamente R$ 1.117,63 (um mil, cento e dezessete reais e sessenta e três centavos) e os
valores patrimoniais das ações da COMPANHIA na data integralização da participação financeira era
de aproximadamente, de R$ 86,26 para cada lote de 1.000 ações, e de R$ 126,91, para cada lote de
1.000 ações, ao final de 12 meses, ou conforme balanço patrimonial.
No caso dos autos está evidente o prejuízo sofrido pela parte autora. A data da
assinatura do contrato se deu em xxxxxxxx, sendo que a capitalização se deu somente em
xxxxxxxx, donde resultou a quantidade de ações emitidas.
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duplo prejuízo, pois além de receberem menor quantidade de ações, ainda tinham retardado os
efeitos da relação societária.
Neste sentido, a empresa Ré, descumpriu as regras expressas nos artigos 1º e 12 da lei
6.404/76, bem como afrontou o principio consubstanciado no artigo 115 do CCB ao manobrar, de
forma que os efeitos do ato jurídico de subscrição se sujeitassem ao seu único e exclusivo arbítrio.
Se a parte autora, para obter um direito de uso de um serviço público concedido estava
legalmente obrigada a subscrever capital em uma sociedade anônima (CF § 1º do artigo 173), é justo
que ao menos seja-lhe reservado o direito de receber a quantidade de ações prometidas.
Tendo em vista que a companhia, e seus demais acionistas, dentre eles o Estado, que
era o acionista controlador na época, enriqueceram a custa dos acionistas que receberam um número
muito menor de ações do que aquele que fazia jus, segundo o montante que pagaram (considerando
o valor da ação na data do pagamento da integralização), conseqüentemente, devem ser reparados
mediante o reconhecimento de seu direito.
6. DO DIREITO
A parte autora aderiu a plano previamente regrado pela empresa Ré, no qual teria direito
à aquisição de linha telefônica e retribuição em ações da concessionária.
Resta evidente que o mesmo não ocorreria se a Ré agisse observando a boa-fé objetiva,
o que ocasionou à parte autora conseqüente prejuízo quanto ao número de ações subscritas.
Gize-se que o valor pago não acompanhou o valor das ações que ia num crescendo, o
que resultou no enriquecimento indevido por parte da concessionária.
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“PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO REGIMENTAL - BRASIL TELECOM - CONTRATO -
PARTICIPAÇÃO FINANCEIRA - AÇÕES - CORREÇÃO MONETÁRIA - VALOR
PATRIMONIAL - DATA DA INTEGRALIZAÇÃO.
- O número de ações deve corresponder ao valor patrimonial na data da
integralização do capital.
- A determinação do critério de avaliação patrimonial dessas ações pressupõe o
exame do contrato.” (AgRg no Ag 760701 / RS - AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO
DE INSTRUMENTO 2006/0082356-0 - Relator Ministro HUMBERTO GOMES DE
BARROS - T3 - Data da Publicação/Fonte DJ 11.09.2006 p. 271)
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- O número de ações deve corresponder ao valor patrimonial na data da
integralização do capital.
- A determinação do critério de avaliação patrimonial dessas ações pressupõe o
exame do contrato. Incidência da Súmula 5.” (AgRg no REsp 713756 / RS - AGRAVO
REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2004/0183818-6 – Relator Ministro
HUMBERTO GOMES DE BARROS - T3 - TERCEIRA TURMA - Data da Publicação/Fonte
DJ 20.06.2005 p. 285)
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INTEGRALIZAÇÃO - CORREÇÃO MONETÁRIA - AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO - SÚMULA 211/STJ - DESPROVIMENTO.
1 - Conforme entendimento pacificado na Egrégia Segunda Seção desta Corte, em
contrato de participação financeira, firmado entre a Brasil Telecom S/A e o
adquirente de linha telefônica, este tem direito a receber a quantidade de ações
correspondente ao valor patrimonial na data da integralização. Precedentes (REsp
470.443/RS, AgRg Ag nºs 550.531/RS e 576.728/RS).
2 - Não enseja interposição de Recurso Especial matéria (aplicação de correção
monetária ao valor patrimonial da ação) não ventilada no v. julgado atacado,
estando ausente o prequestionamento. Aplicação da Súmula 211/STJ. Precedente
(AgRg Ag 585.704/RS).
3 - Ademais, inexiste qualquer relação entre o valor patrimonial da ação e a
variação do poder aquisitivo da moeda. A atualização monetária do investimento é
apurada com base em critério distinto do da fixação do referido valor patrimonial.
4 - Agravo Regimental desprovido.” (AgRg no Ag 634660 / RS - AGRAVO
REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 2004/0145082-5 – Relator Ministro
JORGE SCARTEZZINI - T4 - QUARTA TURMA - Data da Publicação/Fonte DJ
28.03.2005 p. 281)
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2. Não existe qualquer violação de dispositivo de lei federal com a imposição da
multa cominatória para o cumprimento da obrigação no processo de
conhecimento, sendo impertinente a alegação de que somente poderia ser imposta
quando da execução.
3. Não existe a prescrição da Lei das Sociedades por Ações quando não se trata de
anulação de ato de assembléia geral.
4. Recurso especial não conhecido.” (REsp 615181 / RS - RECURSO ESPECIAL
2003/0221054-6 – Relator Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO - T3 -
TERCEIRA TURMA - Data da Publicação/Fonte DJ 11.10.2004 p. 322)
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5. Identificada a incidência do Código de Defesa do Consumidor, diante da própria
natureza do contrato para aquisição e utilização de linha telefônica, não há como
escapar do detalhado exame da abusividade feito pelo acórdão recorrido.
6. Recurso especial não conhecido.” (REsp 489916 / RS - RECURSO ESPECIAL
2002/0155338-5 – Relator Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO - T3 -
TERCEIRA TURMA - Data da Publicação/Fonte DJ 20.10.2003 p. 272)
Desde a subscrição das ações até hoje, foram distribuídos dividendos de acordo com o
número de ações que foram subscritas para cada um dos aderentes pela Brasil Telecom S/A.
A parte autora sofreu um prejuízo que deverá ser ressarcido pela ré, em forma de
indenização, porque recebeu dividendos somente sobre parte das ações que teria direito em face do
contrato firmado.
8. DO PEDIDO
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ANTE O EXPOSTO, requer:
a.2) Não havendo o cumprimento da emissão acionária ordenada, requer que a obrigação
seja convertida em perdas e danos, ao preço do mercado de venda das ações, do dia em que
transitar em julgado a decisão, cuja execução deverá observar os ditames do art. 633 caput e § único
do CPC, devendo incidir atualização monetária e juros legais a partir da data da conversão.
a.3) Indenizar pelo valor dos dividendos que a parte autora tem direito sobre a diferença
de ações da Brasil Telecom S/A, devidamente corrigidos pelo IGPM e acrescido dos juros legais, que
serão apurados em liquidação de sentença, observada a prescrição.
2) A citação da Ré nos moldes dos artigos 221, I e 223, parágrafo único, no endereço
supra declinado para, querendo, ofereça resposta no prazo facultado em lei, sob pena de revelia e de
serem aceitos, como verdadeiros, os fatos articulados.
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4) A concessão do benefício da assistência judiciária gratuita, declarando o(a) Autor(a),
para os devidos fins e sob as penas da lei, que não possui condições de arcar com as custas
processuais e honorários advocatícios da presente AÇÃO, que ora move contra a Brasil Telecom,
sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família, pelo que necessita dos benefícios da
Assistência Judiciária Gratuita, por ser pobre na acepção legal do termo.
Nestes Termos,
Pede Deferimento.
Local, data.
Advogado
OAB
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