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Prefeitura Municipal do Paulista do Estado de Pernambuco

PAULISTA-PE
Cuidador
Portaria nº 188/2018, de 27 de abril de 2018

AB123-2018
DADOS DA OBRA

Título da obra: Prefeitura Municipal do Paulista do Estado de Pernambuco

Cargo: Cuidador

(Baseado na Portaria nº 188/2018, de 27 de abril de 2018)

• Língua Portuguesa
• Raciocínio Lógico
• Conhecimentos do SUS
• Conhecimentos Específicos

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Diagramação/ Editoração Eletrônica


Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes
Thais Regis

Produção Editoral
Suelen Domenica Pereira
Julia Antoneli

Capa
Joel Ferreira dos Santos
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa
Compreensão e interpretação de textos; ....................................................................................................................................................... 83
Tipologia Textual; ..................................................................................................................................................................................................... 85
Ortografia oficial;...................................................................................................................................................................................................... 44
Acentuação gráfica; ................................................................................................................................................................................................ 47
Emprego das classes de palavras; ..................................................................................................................................................................... 07
Emprego do sinal indicativo de crase; ............................................................................................................................................................. 71
Sintaxe da oração e do período; ....................................................................................................................................................................... 63
Pontuação; .................................................................................................................................................................................................................. 50
Concordância nominal e verbal;......................................................................................................................................................................... 52
Regência nominal e verbal; .................................................................................................................................................................................. 58
Significação das palavras; ..................................................................................................................................................................................... 76
Redação de correspondências oficiais............................................................................................................................................................. 91

Raciocínio Lógico
Princípio da Regressão ou Reversão. ............................................................................................................................................................... 01
Lógica Dedutiva, Argumentativa e Quantitativa........................................................................................................................................... 09
Lógica matemática qualitativa, Sequências Lógicas envolvendo Números, Letras e Figuras. .................................................. 26
Geometria básica. .................................................................................................................................................................................................... 42
Álgebra básica e sistemas lineares. .................................................................................................................................................................. 01
Calendários................................................................................................................................................................................................................. 01
Numeração. ............................................................................................................................................................................................................... 01
Razões Especiais. ..................................................................................................................................................................................................... 01
Análise Combinatória e Probabilidade. ........................................................................................................................................................... 30
Progressões Aritmética e Geométrica. ............................................................................................................................................................ 42
Conjuntos; as relações de pertinência, inclusão e igualdade; operações entre conjuntos, união, interseção e
diferença. ..............................................................................................................................................................................01
Comparações.............................................................................................................................................................................................................. 01

Conhecimentos do SUS
Conhecimentos sobre o SUS - Legislação da Saúde: Constituição Federal de 1988 (Título VIII - capítulo II - Seção
II); .....................................................................................................................................................................................................................01
Lei 8.080/90 ............................................................................................................................................................................................................... 02
Lei 8.142/90; .............................................................................................................................................................................................................. 11
Decreto No. 7508/2011 ......................................................................................................................................................................................... 12
Nova Política Nacional de Atenção Básica – Portaria 2488/2011. ........................................................................................................ 16
Redes de Atenção à Saúde e em especial Redes de Atenção Psico-Social (RAPS)......................................................................... 36
Redes de Atenção às Urgências e Emergências, ......................................................................................................................................... 37
Redes de Atenção às Doenças Crônicas. ........................................................................................................................................................ 41
Responsabilidades de cada esfera de governo na estrutura e funcionamento do SUS. ............................................................. 47
Controle social: conselhos e conferências de saúde. ................................................................................................................................ 47
Residências em Saúde no SUS. .......................................................................................................................................................................... 48
Políticas de Saúde; Modelos de atenção à saúde; ...................................................................................................................................... 48
Determinantes sociais da saúde; ....................................................................................................................................................................... 48
Noções de Epidemiologia e Vigilância à Saúde; ......................................................................................................................................... 49
Políticas e sistemas de saúde no Brasil: retrospectiva histórica; reforma sanitária; Programas e Políticas Nacionais de
saúde, especialmente Política de Atenção às Urgências e Emergências, .......................................................................................... 55
Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Nacional de Saúde Integral da População Ne-
gra,........................................................................................................................................................................................................................59
Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, ............................................................................................................ 61
Política Nacional de Educação Popular em Saúde; .................................................................................................................................... 69
Promoção da saúde e Educação em Saúde................................................................................................................................................... 71
SUMÁRIO

Conhecimentos Específicos

Atividades específicas teóricas inerentes ao cargo; ................................................................................................................................... 01


Boas Maneiras; Comportamento no ambiente de trabalho; .................................................................................................................. 01
Organização do local de trabalho; .................................................................................................................................................................... 01
Noções básicas de preparação de alimentos; Coleta e armazenamento e tipos de recipientes;.............................................. 02
Materiais utilizados na limpeza em geral; ..................................................................................................................................................... 13
Trabalho de Cozinha: preparo de café, lanches e refeições em geral; ................................................................................................ 14
Guarda e conservação de alimentos e medicamentos; ............................................................................................................................ 15
Controle de Estoque de Material de Limpeza, de cozinha e de medicamentos; Higiene Pessoal, ambiental e de materiais
de consumo; .............................................................................................................................................................................................................. 25
Noções básicas de cuidados com a pessoa humana. Relações de afetividade da família. Higiene da criança. ................ 26
Cuidados essenciais. Prevenção de acidentes. ............................................................................................................................................. 40
Cuidar e Educar. ....................................................................................................................................................................................................... 41
Higiene. Prevenção. Rotina. ................................................................................................................................................................................. 43
Alimentos: importância dos alimentos para saúde, contaminação (microorganismos, doenças e intoxicações), rotula-
gem de produtos nutrientes, medidas caseiras).......................................................................................................................................... 43
LÍNGUA PORTUGUESA

Letra e Fonema.......................................................................................................................................................................................................... 01
Estrutura das Palavras............................................................................................................................................................................................. 04
Classes de Palavras e suas Flexões..................................................................................................................................................................... 07
Ortografia.................................................................................................................................................................................................................... 44
Acentuação................................................................................................................................................................................................................. 47
Pontuação.................................................................................................................................................................................................................... 50
Concordância Verbal e Nominal......................................................................................................................................................................... 52
Regência Verbal e Nominal................................................................................................................................................................................... 58
Frase, oração e período.......................................................................................................................................................................................... 63
Sintaxe da Oração e do Período......................................................................................................................................................................... 63
Termos da Oração.................................................................................................................................................................................................... 63
Coordenação e Subordinação............................................................................................................................................................................. 63
Crase.............................................................................................................................................................................................................................. 71
Colocação Pronominal............................................................................................................................................................................................ 74
Significado das Palavras......................................................................................................................................................................................... 76
Interpretação Textual............................................................................................................................................................................................... 83
Tipologia Textual....................................................................................................................................................................................................... 85
Gêneros Textuais....................................................................................................................................................................................................... 86
Coesão e Coerência................................................................................................................................................................................................. 86
Reescrita de textos/Equivalência de Estruturas............................................................................................................................................. 88
Estrutura Textual........................................................................................................................................................................................................ 90
Redação Oficial.......................................................................................................................................................................................................... 91
Funções do “que” e do “se”................................................................................................................................................................................100
Variação Linguística...............................................................................................................................................................................................101
O processo de comunicação e as funções da linguagem......................................................................................................................103
LÍNGUA PORTUGUESA

PROF. ZENAIDE AUXILIADORA PACHEGAS BRANCO

Graduada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Adamantina. Especialista pela Universidade Estadual Paulista
– Unesp

LETRA E FONEMA

A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono (“som, voz”) e log, logia (“estudo”, “conhecimento”). Significa
literalmente “estudo dos sons” ou “estudo dos sons da voz”. Fonologia é a parte da gramática que estuda os sons da lín-
gua quanto à sua função no sistema de comunicação linguística, quanto à sua organização e classificação. Cuida, também,
de aspectos relacionados à divisão silábica, à ortografia, à acentuação, bem como da forma correta de pronunciar certas
palavras. Lembrando que, cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar estes sons no ato da fala. Particularidades na
pronúncia de cada falante são estudadas pela Fonética.
Na língua falada, as palavras se constituem de fonemas; na língua escrita, as palavras são reproduzidas por meio de
símbolos gráficos, chamados de letras ou grafemas. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de esta-
belecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a distinção
entre os pares de palavras:
amor – ator / morro – corro / vento - cento

Cada segmento sonoro se refere a um dado da língua portuguesa que está em sua memória: a imagem acústica que
você - como falante de português - guarda de cada um deles. É essa imagem acústica que constitui o fonema. Este forma
os significantes dos signos linguísticos. Geralmente, aparece representado entre barras: /m/, /b/, /a/, /v/, etc.

Fonema e Letra
- O fonema não deve ser confundido com a letra. Esta é a representação gráfica do fonema. Na palavra sapo, por
exemplo, a letra “s” representa o fonema /s/ (lê-se sê); já na palavra brasa, a letra “s” representa o fonema /z/ (lê-se zê).
- Às vezes, o mesmo fonema pode ser representado por mais de uma letra do alfabeto. É o caso do fonema /z/, que
pode ser representado pelas letras z, s, x: zebra, casamento, exílio.

- Em alguns casos, a mesma letra pode representar mais de um fonema. A letra “x”, por exemplo, pode representar:
- o fonema /sê/: texto
- o fonema /zê/: exibir
- o fonema /che/: enxame
- o grupo de sons /ks/: táxi

- O número de letras nem sempre coincide com o número de fonemas.


Tóxico = fonemas: /t/ó/k/s/i/c/o/ letras: t ó x i c o
1 2 3 4 5 6 7 12 3 45 6

Galho = fonemas: /g/a/lh/o/ letras: ga lho


1 2 3 4 12345

- As letras “m” e “n”, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos: compra, conta. Nestas
palavras, “m” e “n” indicam a nasalização das vogais que as antecedem: /õ/. Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema; dança: o
“n” não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras “a” e “n”.

- A letra h, ao iniciar uma palavra, não representa fonema.


Hoje = fonemas: ho / j / e / letras: h o j e
1 2 3 1234

Classificação dos Fonemas


Os fonemas da língua portuguesa são classificados em:

1) Vogais
As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Em nossa língua,
desempenham o papel de núcleo das sílabas. Isso significa que em toda sílaba há, necessariamente, uma única vogal.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entrea- 1) Ditongo


berta. As vogais podem ser:
É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-
- Orais: quando o ar sai apenas pela boca: /a/, /e/, /i/, versa) numa mesma sílaba. Pode ser:
/o/, /u/. - Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal:
sé-rie (i = semivogal, e = vogal)
- Nasais: quando o ar sai pela boca e pelas fossas na- - Decrescente: quando a vogal vem antes da semivo-
sais. gal: pai (a = vogal, i = semivogal)
/ã/: fã, canto, tampa - Oral: quando o ar sai apenas pela boca: pai
/ ẽ /: dente, tempero - Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas na-
/ ĩ/: lindo, mim sais: mãe
/õ/: bonde, tombo
/ ũ /: nunca, algum 2) Tritongo

- Átonas: pronunciadas com menor intensidade: até, É a sequência formada por uma semivogal, uma vo-
bola. gal e uma semivogal, sempre nesta ordem, numa só sílaba.
Pode ser oral ou nasal: Paraguai - Tritongo oral, quão - Tri-
- Tônicas: pronunciadas com maior intensidade: até, tongo nasal.
bola.
3) Hiato
Quanto ao timbre, as vogais podem ser:
- Abertas: pé, lata, pó É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que
- Fechadas: mês, luta, amor pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais
- Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das pa- de uma vogal numa mesma sílaba: saída (sa-í-da), poesia
lavras: dedo (“dedu”), ave (“avi”), gente (“genti”). (po-e-si-a).

2) Semivogais Encontros Consonantais

Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vo-
Aparecem apoiados em uma vogal, formando com ela uma gal intermediária, recebe o nome de encontro consonantal.
só emissão de voz (uma sílaba). Neste caso, estes fonemas Existem basicamente dois tipos:
são chamados de semivogais. A diferença fundamental en- 1-) os que resultam do contato consoante + “l” ou “r”
tre vogais e semivogais está no fato de que estas não de- e ocorrem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no,
sempenham o papel de núcleo silábico. a-tle-ta, cri-se.
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: 2-) os que resultam do contato de duas consoantes
pa - pai. Na última sílaba, o fonema vocálico que se destaca pertencentes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta.
é o “a”. Ele é a vogal. O outro fonema vocálico “i” não é tão Há ainda grupos consonantais que surgem no início
forte quanto ele. É a semivogal. Outros exemplos: saudade, dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo,
história, série. psi-có-lo-go.

3) Consoantes Dígrafos

Para a produção das consoantes, a corrente de ar expi- De maneira geral, cada fonema é representado, na es-
rada pelos pulmões encontra obstáculos ao passar pela ca- crita, por apenas uma letra: lixo - Possui quatro fonemas e
vidade bucal, fazendo com que as consoantes sejam verda- quatro letras.
deiros “ruídos”, incapazes de atuar como núcleos silábicos.
Seu nome provém justamente desse fato, pois, em portu- Há, no entanto, fonemas que são representados, na es-
guês, sempre consoam (“soam com”) as vogais. Exemplos: crita, por duas letras: bicho - Possui quatro fonemas e cinco
/b/, /t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc. letras.

Encontros Vocálicos Na palavra acima, para representar o fonema /xe/ fo-


ram utilizadas duas letras: o “c” e o “h”.
Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas
semivogais, sem consoantes intermediárias. É importante para representar um único fonema (di = dois + grafo = le-
reconhecê-los para dividir corretamente os vocábulos em tra). Em nossa língua, há um número razoável de dígrafos
sílabas. Existem três tipos de encontros: o ditongo, o triton- que convém conhecer. Podemos agrupá-los em dois tipos:
go e o hiato. consonantais e vocálicos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Dígrafos Consonantais

Letras Fonemas Exemplos


lh /lhe/ telhado
nh /nhe/ marinheiro
ch /xe/ chave
rr /re/ (no interior da palavra) carro
ss /se/ (no interior da palavra) passo
qu /k/ (qu seguido de e e i) queijo, quiabo
gu /g/ ( gu seguido de e e i) guerra, guia
sc /se/ crescer
sç /se/ desço
xc /se/ exceção

Dígrafos Vocálicos

Registram-se na representação das vogais nasais:

Fonemas Letras Exemplos


/ã/ am tampa
an canto
/ẽ/ em templo
en lenda
/ĩ/ im limpo
in lindo
õ/ om tombo
on tonto
/ũ/ um chumbo
un corcunda

* Observação: “gu” e “qu” são dígrafos somente quando seguidos de “e” ou “i”, representam os fonemas /g/ e /k/:
guitarra, aquilo. Nestes casos, a letra “u” não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o “u” repre-
senta um fonema - semivogal ou vogal - (aguentar, linguiça, aquífero...). Aqui, “gu” e “qu” não são dígrafos. Também não há
dígrafos quando são seguidos de “a” ou “o” (quase, averiguo) .
** Dica: Conseguimos ouvir o som da letra “u” também, por isso não há dígrafo! Veja outros exemplos: Água = /agua/ nós
pronunciamos a letra “u”, ou então teríamos /aga/. Temos, em “água”, 4 letras e 4 fonemas. Já em guitarra = /gitara/ - não
pronunciamos o “u”, então temos dígrafo [aliás, dois dígrafos: “gu” e “rr”]. Portanto: 8 letras e 6 fonemas).

Dífonos

Assim como existem duas letras que representam um só fonema (os dígrafos), existem letras que representam dois
fonemas. Sim! É o caso de “fixo”, por exemplo, em que o “x” representa o fonema /ks/; táxi e crucifixo também são exemplos
de dífonos. Quando uma letra representa dois fonemas temos um caso de dífono.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/fono/fono1.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

3
LÍNGUA PORTUGUESA

Questões
ESTRUTURA DAS PALAVRAS
1-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI-
BRAS – FAFIPA/2014) Em todas as palavras a seguir há um
dígrafo, EXCETO em
(A) prazo. As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vista
(B) cantor. de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividimos
(C) trabalho. em seus menores elementos (partes) possuidores de sen-
(D) professor. tido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituída por
três elementos significativos:
1-)
(A) prazo – “pr” é encontro consonantal In = elemento indicador de negação
(B) cantor – “an” é dígrafo Explic – elemento que contém o significado básico da
(C) trabalho – “tr” encontro consonantal / “lh” é dígrafo palavra
(D) professor – “pr” encontro consonantal q “ss” é dí- Ável = elemento indicador de possibilidade
grafo
RESPOSTA: “A”. Estes elementos formadores da palavra recebem o
nome de morfemas. Através da união das informações
2-) (PREFEITURA DE PINHAIS/PR – INTÉRPRETE DE LI- contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en-
BRAS – FAFIPA/2014) Assinale a alternativa em que os itens tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não
destacados possuem o mesmo fonema consonantal em to- tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tornar
das as palavras da sequência. claro”.
(A) Externo – precisa – som – usuário.
MORFEMAS = são as menores unidades significativas
(B) Gente – segurança – adjunto – Japão.
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido.
(C) Chefe – caixas – deixo – exatamente.
(D) Cozinha – pesada – lesão – exemplo.
Classificação dos morfemas:
2-) Coloquei entre barras ( / / ) o fonema representado
Radical, lexema ou semantema – é o elemento por-
pela letra destacada:
tador de significado. É através do radical que podemos for-
(A) Externo /s/ – precisa /s/ – som /s/ – usuário /z/
mar outras palavras comuns a um grupo de palavras da
(B) Gente /j/ – segurança /g/ – adjunto /j/ – Japão /j/ mesma família. Exemplo: pequeno, pequenininho, pequenez.
(C) Chefe /x/ – caixas /x/ – deixo /x/ – exatamente O conjunto de palavras que se agrupam em torno de um
/z/ mesmo radical denomina-se família de palavras.
(D) cozinha /z/ – pesada /z/ – lesão /z/– exemplo /z/
RESPOSTA: “D”. Afixos – elementos que se juntam ao radical antes (os
prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo: beleza (sufi-
3-) (CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/PI – CURSO DE xo), prever (prefixo), infiel.
FORMAÇÃO DE SOLDADOS – UESPI/2014) “Seja Sangue
Bom!” Na sílaba final da palavra “sangue”, encontramos Desinências - Quando se conjuga o verbo amar, ob-
duas letras representando um único fonema. Esse fenôme- têm-se formas como amava, amavas, amava, amávamos,
no também está presente em: amáveis, amavam. Estas modificações ocorrem à medida
A) cartola. que o verbo vai sendo flexionado em número (singular e
B) problema. plural) e pessoa (primeira, segunda ou terceira). Também
C) guaraná. ocorrem se modificarmos o tempo e o modo do verbo
D) água. (amava, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos
E) nascimento. concluir que existem morfemas que indicam as flexões das
palavras. Estes morfemas sempre surgem no fim das pala-
3-) Duas letras representando um único fonema = dí- vras variáveis e recebem o nome de desinências. Há desi-
grafo nências nominais e desinências verbais.
A) cartola = não há dígrafo
B) problema = não há dígrafo • Desinências nominais: indicam o gênero e o número
C) guaraná = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) dos nomes. Para a indicação de gênero, o português cos-
D) água = não há dígrafo (você ouve o som do “u”) tuma opor as desinências -o/-a: garoto/garota; menino/
E) nascimento = dígrafo: sc menina. Para a indicação de número, costuma-se utilizar
RESPOSTA: “E”. o morfema –s, que indica o plural em oposição à ausência
de morfema, que indica o singular: garoto/garotos; garota/
garotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso dos
nomes terminados em –r e –z, a desinência de plural assu-
me a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes.

4
LÍNGUA PORTUGUESA

• Desinências verbais: em nossa língua, as desinências Palavras primitivas: aquelas que, na língua portugue-
verbais pertencem a dois tipos distintos. Há desinências sa, não provêm de outra palavra: pedra, flor.
que indicam o modo e o tempo (desinências modo-tem-
porais) e outras que indicam o número e a pessoa dos ver- Palavras derivadas: aquelas que, na língua portugue-
bos (desinência número-pessoais): sa, provêm de outra palavra: pedreiro, floricultura.

cant-á-va-mos: Palavras simples: aquelas que possuem um só radical:


cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência mo- azeite, cavalo.
do-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do indicati-
vo) / -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a primei- Palavras compostas: aquelas que possuem mais de
ra pessoa do plural) um radical: couve-flor, planalto.
* As palavras compostas podem ou não ter seus ele-
cant-á-sse-is: mentos ligados por hífen.
cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência mo-
do-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do subjunti- Processos de Formação de Palavras
vo) / -is: desinência número-pessoal (caracteriza a segunda
pessoa do plural) Na Língua Portuguesa há muitos processos de forma-
ção de palavras. Entre eles, os mais comuns são a derivação,
Vogal temática a composição, a onomatopeia, a abreviação e o hibridismo.
Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge Derivação por Acréscimo de Afixos
sempre o morfema –a. Este morfema, que liga o radical
às desinências, é chamado de vogal temática. Sua função É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (deri-
é ligar-se ao radical, constituindo o chamado tema. É ao vadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A deri-
tema (radical + vogal temática) que se acrescentam as de- vação pode ser: prefixal, sufixal e parassintética.
sinências. Tanto os verbos como os nomes apresentam vo-
gais temáticas. No caso dos verbos, a vogal temática indica
Prefixal (ou prefixação): a palavra nova é obtida por
as conjugações: -a (da 1.ª conjugação = cantar), -e (da 2.ª
acréscimo de prefixo.
conjugação = escrever) e –i (3.ªconjugação = partir).
In feliz des leal
• Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o, quando
Prefixo radical prefixo radical
átonas finais, como em mesa, artista, perda, escola, base,
combate. Nestes casos, não poderíamos pensar que essas
terminações são desinências indicadoras de gênero, pois Sufixal (ou sufixação): a palavra nova é obtida por
mesa e escola, por exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. acréscimo de sufixo.
A estas vogais temáticas se liga a desinência indicadora
de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes terminados Feliz mente leal dade
em vogais tônicas (sofá, café, cipó, caqui, por exemplo) não Radical sufixo radical sufixo
apresentam vogal temática.
Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo
• Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que ca- simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassíntese formam-
racterizam três grupos de verbos a que se dá o nome de se principalmente verbos.
conjugações. Assim, os verbos cuja vogal temática é -a per-
tencem à primeira conjugação; aqueles cuja vogal temática En trist ecer
é -e pertencem à segunda conjugação e os que têm vogal Prefixo radical sufixo
temática -i pertencem à terceira conjugação.
Em tard ecer
Interfixos prefixo radical sufixo

São os elementos (vogais ou consoantes) que se in- Outros Tipos de Derivação


tercalam entre o radical e o sufixo, para facilitar ou mes-
mo possibilitar a leitura de uma determinada palavra. Por Há dois casos em que a palavra derivada é formada
exemplo: sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação
Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro. regressiva e a derivação imprópria.
Consoantes: cafezal, sonolento, friorento.
Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por re-
Formação das Palavras dução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação
de substantivos derivados de verbos.
Há em Português palavras primitivas, palavras deriva- janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca
das, palavras simples, palavras compostas. (substantivo) – deriva de pescar (verbo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é ob- Fontes de pesquisa:


tida pela mudança de categoria gramatical da palavra pri-
mitiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas somente http://www.brasilescola.com/gramatica/estrutura-e-
na classe gramatical. formacao-de-palavras-i.htm
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo “porquê” SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
deriva da conjunção porque) coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
do verbo olhar). ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
** Dica: A derivação regressiva “mexe” na estrutura da Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
palavra e geralmente transforma verbos em substantivos: ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
caça = deriva de caçar, saque = deriva de sacar.
A derivação imprópria não “mexe” com a palavra,
apenas faz com que ela pertença a uma classe gramatical Questões sobre Estrutura das Palavras
“imprópria” da qual ela realmente, ou melhor, costumeira-
mente faz parte. A alteração acontece devido à presença de 1-) (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVIDÊN-
outros termos, como artigos, por exemplo: CIA SOCIAL – CEPERJ/2014) A palavra “infraestrutura” é for-
O verde das matas! (o adjetivo “verde” passou a fun- mada pelo seguinte processo:
cionar como substantivo devido à presença do artigo “o”) A) sufixação
Composição B) prefixação
C) parassíntese
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais D) justaposição
radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de E) aglutinação
composição: justaposição e aglutinação.
1-) Infra = prefixo + estrutura – temos a junção de um
Justaposição: ocorre quando os elementos que for- prefixo com um radical, portanto: derivação prefixal (ou
mam o composto são postos lado a lado, ou seja, justapos-
prefixação).
tos: para-raios, corre-corre, guarda-roupa, segunda-feira,
girassol.
RESPOSTA: “B”.
Composição por aglutinação: ocorre quando os ele-
mentos que formam o composto aglutinam-se e pelo me-
2-) (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG –
nos um deles perde sua integridade sonora: aguardente
AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – IBFC/2014)
(água + ardente), planalto (plano + alto), pernalta (perna +
alta), vinagre (vinho + acre). O vocábulo “entristecido”, presente na terceira estrofe, é
um exemplo de:
Outros processos de formação de palavras: a) palavra composta
b) palavra primitiva
Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir c) palavra derivada
certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom. d) neologismo

Abreviação – é a redução de palavras até o limite per- 2-) en + triste + ido (com consoante de ligação “c”) =
mitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu (pneu- ao radical “triste” foram acrescidos o prefixo “en” e o sufixo
mático), metrô (metropolitano), foto (fotografia). “ido”, ou seja, “entristecido” é palavra derivada do processo
de formação de palavras chamado de: prefixação e sufixa-
* Observação: ção. Para o exercício, basta “derivada”!
- Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras,
limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras ini- RESPOSTA: “C”.
ciais: p. ou pág. (para página), sr. (para senhor).
- Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual se
reduzem locuções substantivas próprias às suas letras ini-
ciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais (siglas impuras),
que se grafam de duas formas: IBGE, MEC (siglas puras);
DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (siglas impu-
ras).
- Hibridismo: é a palavra formada com elementos
oriundos de línguas diferentes.
automóvel (auto: grego; móvel: latim)
sociologia (socio: latim; logia: grego)
sambódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego)

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LÍNGUA PORTUGUESA

de lago lacustre
CLASSES DE PALAVRAS E SUAS FLEXÕES
de leão leonino
de lebre leporino
de lua lunar ou selênico
Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
característica do ser e se relaciona com o substantivo, con- de madeira lígneo
cordando com este em gênero e número. de mestre magistral
de ouro áureo
As praias brasileiras estão poluídas.
de paixão passional
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos de pâncreas pancreático
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
de porco suíno ou porcino
Locução adjetiva dos quadris ciático
de rio fluvial
Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma de sonho onírico
coisa, tem-se uma locução. Às vezes, uma preposição + de velho senil
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locu- de vento eólico
ção Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo). Por
exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio de vidro vítreo ou hialino
(paixão desenfreada). de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico
Observe outros exemplos:
* Observação: nem toda locução adjetiva possui um
de águia aquilino adjetivo correspondente, com o mesmo significado. Por
de aluno discente exemplo: Vi as alunas da 5ª série. / O muro de tijolos caiu.
de anjo angelical Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):
de ano anual
de aranha aracnídeo O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
de boi bovino como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito
de cabelo capilar ou do objeto).
de cabra caprino
Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
de campo campestre ou rural
de chuva pluvial Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser.
Observe alguns deles:
de criança pueril
de dedo digital Estados e cidades brasileiras:
de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo Alagoas alagoano
de farinha farináceo Amapá amapaense
de fera ferino Aracaju aracajuano ou aracajuense
de ferro férreo Amazonas amazonense ou baré
de fogo ígneo Belo Horizonte belo-horizontino
de garganta gutural Brasília brasiliense
de gelo glacial Cabo Frio cabo-friense
de guerra bélico Campinas campineiro ou campinense
de homem viril ou humano
de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos subs-
tantivos, classificam-se em:

Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano, a
moça norte-americana.

* Exceção: surdo-mudo e surda-muda.

Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.

Número dos Adjetivos

Plural dos adjetivos simples

Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substan-
tivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que
estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra
cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, en-
tão, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.

Veja outros exemplos:


Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Adjetivo Composto Observe que:


a) As formas menor e pior são comparativos de supe-
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- rioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, res-
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas pectivamente.
o último elemento concorda com o substantivo a que se b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações fei-
um dos elementos que formam o adjetivo composto seja tas entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais grande
invariável. Por exemplo: a palavra “rosa” é, originalmente, e mais pequeno. Por exemplo:
um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemen- Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele-
to, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra pala- mentos.
vra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará duas qualidades de um mesmo elemento.
invariável. Veja:
Camisas rosa-claro. Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Infe-
Ternos rosa-claro.
rioridade
Olhos verde-claros.
Sou menos passivo (do) que tolerante.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Telhados marrom-café e paredes verde-claras.
Superlativo
* Observação:
- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer O superlativo expressa qualidades num grau muito ele-
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre in- vado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou relativo e
variáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, vestidos apresenta as seguintes modalidades:
cor-de-rosa. Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de
- O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele- um ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apre-
mentos flexionados: crianças surdas-mudas. senta-se nas formas:
1-) Analítica: a intensificação é feita com o auxílio
Grau do Adjetivo de palavras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por
exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a inten- 2-) Sintética: nesta, há o acréscimo de sufixos. Por
sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
o comparativo e o superlativo.
Observe alguns superlativos sintéticos:
Comparativo
benéfico - beneficentíssimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri-
buída a dois ou mais seres ou duas ou mais características bom - boníssimo ou ótimo
atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igual- comum - comuníssimo
dade, de superioridade ou de inferioridade.
cruel - crudelíssimo
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade difícil - dificílimo
No comparativo de igualdade, o segundo termo da doce - dulcíssimo
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou
quão. fácil - facílimo
fiel - fidelíssimo
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe-
rioridade Analítico Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de
No comparativo de superioridade analítico, entre os um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres.
dois substantivos comparados, um tem qualidade supe- Essa relação pode ser:
rior. A forma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do 1-) De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
que” ou “mais...que”.
todas.
2-) De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe-
todas.
rioridade Sintético

Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de * Note bem:


superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São 1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, an-
grande/maior, baixo/inferior. tepostos ao adjetivo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2) O superlativo absoluto sintético se apresenta sob - de inferioridade: menos + advérbio + que (do que):
duas formas: uma erudita - de origem latina - outra po- Renato fala menos alto do que João.
pular - de origem vernácula. A forma erudita é constituída - de superioridade:
pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, 1-) Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato
-imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A forma fala mais alto do que João.
popular é constituída do radical do adjetivo português + o 2-) Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato fala
sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. melhor que João.
3-) Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi- Grau Superlativo
nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
– cheíssimo. O superlativo pode ser analítico ou sintético:
- Analítico: acompanhado de outro advérbio: Renato
Fontes de pesquisa: fala muito alto.
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf32. muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio de
php modo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: - Sintético: formado com sufixos: Renato fala altíssimo.
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- * Observação: as formas diminutivas (cedinho, perti-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. nho, etc.) são comuns na língua popular.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. A criança levantou cedinho. (muito cedo)

Advérbio Classificação dos Advérbios

Compare estes exemplos: De acordo com a circunstância que exprime, o advér-


bio pode ser de:
Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
O ônibus chegou.
além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo,
O ônibus chegou ontem.
aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures, adentro,
afora, alhures, aquém, embaixo, externamente, a distância,
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o sen-
à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à es-
tido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de tempo,
querda, ao lado, em volta.
de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e do próprio Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
advérbio. amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes,
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, en-
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio fim, afinal, amiúde, breve, constantemente, entrementes,
(bem) imediatamente, primeiramente, provisoriamente, sucessiva-
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um adje- mente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de
tivo (claros) vez em quando, de quando em quando, a qualquer momen-
to, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia.
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acrescen- Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa,
tar ideia de: acinte, debalde, devagar, às pressas, às claras, às cegas, à
Tempo: Ela chegou tarde. toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse
Lugar: Ele mora aqui. modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado,
Modo: Eles agiram mal. a pé, de cor, em vão e a maior parte dos que terminam em
Negação: Ela não saiu de casa. “-mente”: calmamente, tristemente, propositadamente, pa-
Dúvida: Talvez ele volte. cientemente, amorosamente, docemente, escandalosamen-
te, bondosamente, generosamente.
Flexão do Advérbio Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efeti-
vamente, certo, decididamente, deveras, indubitavelmente.
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
porém, admitem a variação em grau. Observe: Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavel-
mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe.
Grau Comparativo Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso,
bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto, as-
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo modo saz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de todo,
que o comparativo do adjetivo: de muito, por completo, extremamente, intensamente, gran-
- de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Re- demente, bem (quando aplicado a propriedades graduá-
nato fala tão alto quanto João. veis).

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LÍNGUA PORTUGUESA

Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, somen- Locução Adverbial


te, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: Brando, o
vento apenas move a copa das árvores. Quando há duas ou mais palavras que exercem função
Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também. de advérbio, temos a locução adverbial, que pode expres-
Por exemplo: O indivíduo também amadurece durante a sar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordinaria-
adolescência. mente por uma preposição. Veja:
Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer aos meus dentro, por aqui, etc.
amigos por comparecerem à festa. afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em
* Saiba que: geral, frente a frente, etc.
- Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, hoje
ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei em dia, nunca mais, etc.
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
tarde possível. * Observações:
- Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, - tanto a locução adverbial como o advérbio modifi-
em geral sufixamos apenas o último: Por exemplo: O aluno cam o verbo, o adjetivo e outro advérbio:
respondeu calma e respeitosamente. Chegou muito cedo. (advérbio)
Joana é muito bela. (adjetivo)
Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido De repente correram para a rua. (verbo)

Há palavras como muito, bastante, que podem apare- - Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
cer como advérbio e como pronome indefinido. mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo e - O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. bio: Cheguei primeiro.

* Dica: Como saber se a palavra bastante é advérbio - Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
(não varia, não se flexiona) ou pronome indefinido (varia, adverbial desempenham na oração a função de adjunto
sofre flexão)? Se der, na frase, para substituir o “bastante” adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
por “muito”, estamos diante de um advérbio; se der para cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advérbio.
substituir por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja: Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
1-) Estudei bastante para o concurso. (estudei muito, verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
pois “muitos” não dá!). = advérbio Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
dade e de tempo, respectivamente.
2-) Estudei bastantes capítulos para o concurso. (estudei
muitos capítulos) = pronome indefinido Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf75.
Advérbios Interrogativos php
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes Saraiva, 2010.
às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Interrogação Direta Interrogação Indireta SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu.
Onde mora? Indaguei onde morava. Artigo
Por que choras? Não sei por que choras.
O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
Aonde vai? Perguntei aonde ia. se como o termo variável que serve para individualizar ou
Donde vens? Pergunto donde vens. generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero
Quando voltas? Pergunto quando voltas. (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
“uma”[s] e “uns”).

11
LÍNGUA PORTUGUESA

Artigos definidos – São aqueles usados para indicar Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
seres determinados, expressos de forma individual: sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a bela
O concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam Roma.
muito.
- antes de pronomes de tratamento:
Artigos indefinidos – São aqueles usados para indicar Vossa Senhoria sairá agora?
seres de modo vago, impreciso: Exceção: O senhor vai à festa?
Uma candidata foi aprovada! Umas candidatas foram
aprovadas! - após o pronome relativo “cujo” e suas variações:
Esse é o concurso cujas provas foram anuladas?
Circunstâncias em que os artigos se manifestam: Este é o candidato cuja nota foi a mais alta.

* Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do Fontes de pesquisa:


numeral “ambos”: http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm
Ambos os concursos cobrarão tal conteúdo. Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
* Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso Saraiva, 2010.
do artigo, outros não: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza, A Bahia... ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SACCO-
NI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed.
* Quando indicado no singular, o artigo definido pode Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
indicar toda uma espécie: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
O trabalho dignifica o homem. ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
* No caso de nomes próprios personativos, denotando
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso Conjunção
do artigo:
Marcela é a mais extrovertida das irmãs. Além da preposição, há outra palavra também invariá-
O Pedro é o xodó da família. vel que, na frase, é usada como elemento de ligação: a con-
junção. Ela serve para ligar duas orações ou duas palavras
* No caso de os nomes próprios personativos estarem de mesma função em uma oração:
no plural, são determinados pelo uso do artigo: O concurso será realizado nas cidades de Campinas e
Os Maias, os Incas, Os Astecas... São Paulo.
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
* Usa-se o artigo depois do pronome indefinido to-
do(a) para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele Morfossintaxe da Conjunção
(o artigo), o pronome assume a noção de qualquer.
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
dos. (qualquer classe)
Classificação da Conjunção
* Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é
facultativo: De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as
Preparei o meu curso. Preparei meu curso. conjunções podem ser classificadas em coordenativas e
subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados
* A utilização do artigo indefinido pode indicar uma pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse iso-
ideia de aproximação numérica: lamento, no entanto, não acarreta perda da unidade de
O máximo que ele deve ter é uns vinte anos. sentido que cada um dos elementos possui. Já no segundo
caso, cada um dos elementos ligados pela conjunção de-
* O artigo também é usado para substantivar palavras pende da existência do outro. Veja:
pertencentes a outras classes gramaticais:
Não sei o porquê de tudo isso. Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
Podemos separá-las por ponto:
* Há casos em que o artigo definido não pode ser Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
usado:
- antes de nomes de cidade e de pessoas conhecidas: Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
O professor visitará Roma. quentemente, orações coordenadas) coordenativa – “mas”.
Já em:

12
LÍNGUA PORTUGUESA

Espero que eu seja aprovada no concurso! As conjunções subordinativas subdividem-se em inte-


Não conseguimos separar uma oração da outra, pois a grantes e adverbiais:
segunda “completa” o sentido da primeira (da oração prin-
cipal): 1. Integrantes - Indicam que a oração subordinada por
Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período temos uma elas introduzida completa ou integra o sentido da principal.
oração subordinada substantiva objetiva direta (ela exerce Introduzem orações que equivalem a substantivos, ou seja,
a função de objeto direto do verbo da oração principal). as orações subordinadas substantivas. São elas: que, se.
Quero que você volte. (Quero sua volta)
Conjunções Coordenativas
2. Adverbiais - Indicam que a oração subordinada
São aquelas que ligam orações de sentido completo exerce a função de adjunto adverbial da principal. De acor-
e independente ou termos da oração que têm a mesma do com a circunstância que expressam, classificam-se em:
a) Causais: introduzem uma oração que é causa da
função gramatical. Subdividem-se em:
ocorrência da oração principal. São elas: porque, que, como
1) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
(= porque, no início da frase), pois que, visto que, uma vez
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e não),
que, porquanto, já que, desde que, etc.
não só... mas também, não só... como também, bem como, Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
não só... mas ainda.
A sua pesquisa é clara e objetiva. b) Concessivas: introduzem uma oração que expressa
Não só dança, mas também canta. ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua
realização. São elas: embora, ainda que, apesar de que, se
2) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, ex- bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquanto,
pressando ideia de contraste ou compensação. São elas: etc.
mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
obstante.
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui. c) Condicionais: introduzem uma oração que indica a
hipótese ou a condição para ocorrência da principal. São
3) Alternativas: ligam orações ou palavras, expressan- elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde
do ideia de alternância ou escolha, indicando fatos que se que, a menos que, sem que, etc.
realizam separadamente. São elas: ou, ou... ou, ora... ora, já... Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
já, quer... quer, seja... seja, talvez... talvez.
** Dica: você deve ter percebido que a conjunção con-
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
dicional “se” também é conjunção integrante. A diferença é
clara ao ler as orações que são introduzidas por ela. Acima,
4) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
ela nos dá a ideia da condição para que recebamos um
que expressa ideia de conclusão ou consequência. São elas: telefonema (se for preciso ajuda). Já na oração:
logo, pois (depois do verbo), portanto, por conseguinte, por Não sei se farei o concurso...
isso, assim. Não há ideia de condição alguma, há? Outra coisa: o
Marta estava bem preparada para o teste, portanto não verbo da oração principal (sei) pede complemento (objeto
ficou nervosa. direto, já que “quem não sabe, não sabe algo”). Portanto,
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão. a oração em destaque exerce a função de objeto direto da
oração principal, sendo classificada como oração subordi-
5) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração nada substantiva objetiva direta.
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São elas: d) Conformativas: introduzem uma oração que expri-
que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. me a conformidade de um fato com outro. São elas: confor-
Não demore, que o filme já vai começar. me, como (= conforme), segundo, consoante, etc.
Falei muito, pois não gosto do silêncio! O passeio ocorreu como havíamos planejado.

Conjunções Subordinativas e) Finais: introduzem uma oração que expressa a fina-


lidade ou o objetivo com que se realiza a oração principal.
São elas: para que, a fim de que, que, porque (= para que),
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma delas
que, etc.
dependente da outra. A oração dependente, introduzida
Toque o sinal para que todos entrem no salão.
pelas conjunções subordinativas, recebe o nome de ora-
ção subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha começado f) Proporcionais: introduzem uma oração que expres-
quando ela chegou. sa um fato relacionado proporcionalmente à ocorrência do
O baile já tinha começado: oração principal expresso na principal. São elas: à medida que, à proporção
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal) que, ao passo que e as combinações quanto mais... (mais),
ela chegou: oração subordinada quanto menos... (menos), quanto menos... (mais), quanto
menos... (menos), etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O preço fica mais caro à medida que os produtos escas- Fontes de pesquisa:
seiam. http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.
php
* Observação: são incorretas as locuções proporcio- SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
nais à medida em que, na medida que e na medida em que. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
g) Temporais: introduzem uma oração que acrescenta ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
uma circunstância de tempo ao fato expresso na oração Saraiva, 2010.
principal. São elas: quando, enquanto, antes que, depois que, Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
logo que, todas as vezes que, desde que, sempre que, assim ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
que, agora que, mal (= assim que), etc. Interjeição
A briga começou assim que saímos da festa.
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo-
h) Comparativas: introduzem uma oração que expres- ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da lin-
sa ideia de comparação com referência à oração principal. guagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de
São elas: como, assim como, tal como, como se, (tão)... como, maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas sim
a manifestação de um suspiro, um estado da alma decor-
tanto como, tanto quanto, do que, quanto, tal, qual, tal qual,
rente de uma situação particular, um momento ou um con-
que nem, que (combinado com menos ou mais), etc.
texto específico. Exemplos:
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
Ah, como eu queria voltar a ser criança!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
i) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
a consequência da principal. São elas: de sorte que, de modo hum: expressão de um pensamento súbito = interjei-
que, sem que (= que não), de forma que, de jeito que, que ção
(tendo como antecedente na oração principal uma palavra
como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc. O significado das interjeições está vinculado à maneira
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o senti-
exame. do que a expressão vai adquirir em cada contexto em que
for utilizada. Exemplos:
Atenção: Muitas conjunções não têm classificação úni- Psiu!
ca, imutável, devendo, portanto, ser classificadas de acor- contexto: alguém pronunciando esta expressão na rua
do com o sentido que apresentam no contexto (grifo ; significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando!
da Zê!). Ei, espere!”

O bom relacionamento entre as conjunções de um Psiu!


texto garante a perfeita estruturação de suas frases e pa- contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
rágrafos, bem como a compreensão eficaz de seu conteú- nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silêncio!”
do. Interagindo com palavras de outras classes gramaticais
essenciais ao inter-relacionamento das partes de frases e Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
textos - como os pronomes, preposições, alguns advérbios puxa: interjeição; tom da fala: euforia
e numerais -, as conjunções fazem parte daquilo a que se
pode chamar de “a arquitetura textual”, isto é, o con- Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
junto das relações que garantem a coesão do enunciado. puxa: interjeição; tom da fala: decepção
O sucesso desse conjunto de relações depende do conhe-
cimento do valor relacional das conjunções, uma vez que As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
a) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria,
estas interferem semanticamente no enunciado.
tristeza, dor, etc.
Dessa forma, deve-se dedicar atenção especial às con-
Ah, deve ser muito interessante!
junções tanto na leitura como na produção de textos. Nos
textos narrativos, elas estão muitas vezes ligadas à expres-
b) Sintetizar uma frase apelativa.
são de circunstâncias fundamentais à condução da história, Cuidado! Saia da minha frente.
como as noções de tempo, finalidade, causa e consequên-
cia. Nos textos dissertativos, evidenciam muitas vezes a li- As interjeições podem ser formadas por:
nha expositiva ou argumentativa adotada - é o caso das a) simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
exposições e argumentações construídas por meio de con- b) palavras: Oba! Olá! Claro!
trastes e oposições, que implicam o uso das adversativas e c) grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!
concessivas. Ora bolas!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação das Interjeições 3) A interjeição pode ser considerada uma “palavra-


frase” porque sozinha pode constituir uma mensagem. Por
Comumente, as interjeições expressam sentido de: exemplo:
Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido! Aten- Socorro! Ajudem-me! Silêncio! Fique quieto!
ção! Olha! Alerta!
Afugentamento: Fora! Passa! Rua! 4) Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi-
Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva! tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: Miau!
Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-
Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem! Âni- quá!, etc.
mo! Adiante!
Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva! 5) Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com
Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá! a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria,
Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamente! tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do “oh!” exclamativo
Essa não! Chega! Basta! e não a fazemos depois do “ó” vocativo. Por exemplo:
Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Queira “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
Deus! Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac)
Desculpa: Perdão!
Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena! Fontes de pesquisa:
Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê! http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89.
Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus! Quê! php
Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz! SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! Puxa! Pô! coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Ora! Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática
Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade! – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa
Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! Viva! Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
Adeus! Olá! Alô! Ei! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Deus! Numeral
Silêncio: Psiu! Silêncio!
Numeral é a palavra variável que indica quantidade
Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes-
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa determi-
* Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis,
nada sequência.
isto é, não sofrem variação em gênero, número e grau
como os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo,
* Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que
aspecto e voz como os verbos. No entanto, em uso espe-
os números indicam em relação aos seres. Assim, quando
cífico, algumas interjeições sofrem variação em grau. Não
se trata de um processo natural desta classe de palavra, a expressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se
mas tão só uma variação que a linguagem afetiva permite. trata de numerais, mas sim de algarismos.
Exemplos: oizinho, bravíssimo, até loguinho. Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala-
Locução Interjetiva vras consideradas numerais porque denotam quantidade,
proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década,
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma dúzia, par, ambos(as), novena.
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus! Classificação dos Numerais
Toda frase mais ou menos breve dita em tom exclama-
tivo torna-se uma locução interjetiva, dispensando análise - Cardinais: indicam quantidade exata ou determina-
dos termos que a compõem: Macacos me mordam!, Valha- da de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns cardinais têm
me Deus!, Quem me dera! sentido coletivo, como por exemplo: século, par, dúzia, dé-
cada, bimestre.
* Observações:
1) As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. - Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém ou
Por exemplo: alguma coisa ocupa numa determinada sequência: primei-
Ué! (= Eu não esperava por essa!) ro, segundo, centésimo, etc.
Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe.)
* Observação importante:
2) Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é As palavras anterior, posterior, último, antepenúltimo,
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes final e penúltimo também indicam posição dos seres, mas
gramaticais podem aparecer como interjeições. Por exem- são classificadas como adjetivos, não ordinais.
plo:
Viva! Basta! (Verbos) - Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou
Fora! Francamente! (Advérbios) seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação - Para designar papas, reis, imperadores, séculos e par-
dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi au- tes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
mentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc. décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral
venha depois do substantivo;
Flexão dos numerais
Ordinais Cardinais
Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du- João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
zentas em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatro- D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam
em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
são invariáveis. Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
- Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido
primeiro segundo milésimo como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
primeira segunda milésima
** Dica: Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por
primeiros segundos milésimos associação. Ficará mais fácil!
primeiras segundas milésimas - Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o
ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
e conseguiram o triplo de produção. Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses tri- - Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se
plas do medicamento. refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e “uma e outra”, “as duas”) e são largamente empregados
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/ para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
duas terças partes. Sua utilização exige a presença do artigo posposto: Ambos
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O arti-
dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros. go só é dispensado caso haja um pronome demonstrativo:
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau Ambos esses ministros falarão à imprensa.
nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
sentido. É o que ocorre em frases como: Função sintática do Numeral
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade! O numeral tem mais de uma função sintática:
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= - se na oração analisada seu papel é de adjetivo, o
segunda divisão de futebol) numeral assumirá a função de adjunto adnominal; se fizer
papel de substantivo, pode ter a função de sujeito, objeto
Emprego e Leitura dos Numerais direto ou indireto.
- Os numerais são escritos em conjunto de três alga- Visitamos cinco casas, mas só gostamos de duas.
rismos, contados da direita para a esquerda, em forma de Objeto direto = cinco casas
centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma Núcleo do objeto direto = casas
separação através de ponto ou espaço correspondente a Adjunto adnominal = cinco
um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456. Objeto indireto = de duas
- Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
Núcleo do objeto indireto = duas
exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
- No português contemporâneo, não se usa a conjun-
ção “e” após “mil”, seguido de centena:
Nasci em mil novecentos e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

* Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por


dois zeros, usa-se o “e”:
Seu salário será de mil e quinhentos reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

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LÍNGUA PORTUGUESA

fontes de pesquisa: Dicas sobre preposição


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.
php - O “a” pode funcionar como preposição, pronome
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere- para determiná-lo como um substantivo singular e femi-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: nino.
Saraiva, 2010. A matéria que estudei é fácil!
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
Preposição termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Preposição é uma palavra invariável que serve para Irei à festa sozinha.
ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, Entregamos a flor à professora!
normalmente há uma subordinação do segundo termo em *o primeiro “a” é artigo; o segundo, preposição.
relação ao primeiro. As preposições são muito importantes
na estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual - Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
e possuem valores semânticos indispensáveis para a com- lugar e/ou a função de um substantivo.
preensão do texto. Nós trouxemos a apostila. = Nós a trouxemos.

Tipos de Preposição Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas


por meio das preposições:
1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusi-
vamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, Destino = Irei a Salvador.
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, Modo = Saiu aos prantos.
Lugar = Sempre a seu lado.
atrás de, dentro de, para com.
Assunto = Falemos sobre futebol.
Tempo = Chegarei em instantes.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes
Causa = Chorei de saudade.
gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja,
Fim ou finalidade = Vim para ficar.
formadas por uma derivação imprópria: como, durante, ex-
Instrumento = Escreveu a lápis.
ceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
Posse = Vi as roupas da mamãe.
Autoria = livro de Machado de Assis
3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va-
Companhia = Estarei com ele amanhã.
lendo como uma preposição, sendo que a última palavra é Matéria = copo de cristal.
uma (preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado Meio = passeio de barco.
de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, Origem = Nós somos do Nordeste.
em frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por Conteúdo = frascos de perfume.
causa de, por cima de, por trás de. Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
A preposição é invariável, no entanto pode unir-se a
outras palavras e, assim, estabelecer concordância em gê- * Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas lo-
nero ou em número. Ex: por + o = pelo por + a = pela. cuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução pre-
positiva por trás de.
* Essa concordância não é característica da preposição,
mas das palavras às quais ela se une. Fontes de pesquisa:
Esse processo de junção de uma preposição com outra http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
palavra pode se dar a partir dos processos de: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1. Combinação: união da preposição “a” com o artigo Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
“o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os vocá- ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
bulos não sofrem alteração. Saraiva, 2010.
2. Contração: união de uma preposição com outra pa- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
lavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema: de + ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
o = do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele = da- Pronome
quele, em + isso = nisso. Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
3. Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” prepo- panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
sição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do forma.
pronome “aquilo”). O homem julga que é superior à natureza, por isso o
homem destrói a natureza...

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LÍNGUA PORTUGUESA

Utilizando pronomes, teremos: Pronome Reto


O homem julga que é superior à natureza, por isso ele
a destrói... Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na senten-
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de termos ça, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos flores.
(homem e natureza).
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê-
Grande parte dos pronomes não possuem significados nero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso.
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referên- Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim confi-
cia exata daquilo que está sendo colocado por meio dos gurado:
pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pro-
nomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes - 1.ª pessoa do singular: eu
têm por função principal apontar para as pessoas do dis- - 2.ª pessoa do singular: tu
curso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação - 3.ª pessoa do singular: ele, ela
no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica, - 1.ª pessoa do plural: nós
- 2.ª pessoa do plural: vós
os pronomes apresentam uma forma específica para cada
- 3.ª pessoa do plural: eles, elas
pessoa do discurso.
* Atenção: esses pronomes não costumam ser usa-
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. dos como complementos verbais na língua-padrão. Frases
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] como “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? eu até aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
fala] mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem me até aqui”.
se fala]
* Observação: frequentemente observamos a omissão
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras do pronome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme- as próprias formas verbais marcam, através de suas desi-
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência nências, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto:
através do pronome seja coerente em termos de gênero Fizemos boa viagem. (Nós)
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. Pronome Oblíquo

Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos- Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
sa escola neste ano. tença, exerce a função de complemento verbal (objeto
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
adequada]
[neste: pronome que determina “ano” = concordância * Observação: o pronome oblíquo é uma forma va-
adequada] riante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação in-
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor- dica a função diversa que eles desempenham na oração:
dância inadequada] pronome reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo
marca o complemento da oração.
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
tônicos.
Pronomes Pessoais Pronome Oblíquo Átono
São aqueles que substituem os substantivos, indicando São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os pronomes fraca: Ele me deu um presente.
“tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se di- Tabela dos pronomes oblíquos átonos
rige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à - 1.ª pessoa do singular (eu): me
pessoa ou às pessoas de quem se fala. - 2.ª pessoa do singular (tu): te
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun- - 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto - 1.ª pessoa do plural (nós): nos
ou do caso oblíquo. - 2.ª pessoa do plural (vós): vos
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Observações: - As preposições essenciais introduzem sempre prono-


- O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
apresenta na forma contraída, ou seja, houve a união en- reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da
tre o pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
acompanhar diretamente uma preposição, o pronome forma:
“lhe” exerce sempre a função de objeto indireto na oração. Não há mais nada entre mim e ti.
Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
diretos como objetos indiretos. Não há nenhuma acusação contra mim.
Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como Não vá sem mim.
objetos diretos.
* Atenção: Há construções em que a preposição, ape-
- Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem com- sar de surgir anteposta a um pronome, serve para introdu-
binar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a for- zir uma oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos,
mas como mo, mos, ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um
lhas; no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. pronome, deverá ser do caso reto.
Observe o uso dessas formas nos exemplos que seguem: Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Trouxeste o pacote? Não vá sem eu mandar.
Sim, entreguei-to ainda há pouco.
Não contaram a novidade a vocês? * A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”
Não, no-la contaram. está correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”.
A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil para
No Brasil, essas combinações não são usadas; até mes- mim!
mo na língua literária atual, seu emprego é muito raro.
- A combinação da preposição “com” e alguns prono-
* Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas mes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo,
especiais depois de certas terminações verbais.
conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos fre-
- Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o pronome
quentemente exercem a função de adjunto adverbial de
assume a forma lo, los, la ou las, ao mesmo tempo que a
companhia.
terminação verbal é suprimida. Por exemplo:
Ele carregava o documento consigo.
fiz + o = fi-lo
fazeis + o = fazei-lo
- A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
dizer + a = dizê-la
Ela veio até mim, mas nada falou.
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de)
- Quando o verbo termina em som nasal, o pronome
assume as formas no, nos, na, nas. Por exemplo: inclusão, usaremos as formas retas:
viram + o: viram-no Todos foram bem na prova, até eu! (=inclusive eu)
repõe + os = repõe-nos
retém + a: retém-na - As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
tem + as = tem-nas por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais
são reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios,
Pronome Oblíquo Tônico todos, ambos ou algum numeral.
Você terá de viajar com nós todos.
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos Estávamos com vós outros quando chegaram as más
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. notícias.
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função Ele disse que iria com nós três.
de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica
forte. Pronome Reflexivo
Quadro dos pronomes oblíquos tônicos:
- 1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
- 2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito
- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação
- 1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco expressa pelo verbo.
- 2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco Quadro dos pronomes reflexivos:
- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas - 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Eu não me lembro disso.
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô-
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As - 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti.
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto. Conhece a ti mesmo.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo. * Observações:


Guilherme já se preparou. * Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
Ela deu a si um presente. tratamento que possuem “Vossa(s)” são empregados em
Antônio conversou consigo mesmo. relação à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Se-
nhor Ministro, compareça a este encontro.
- 1.ª pessoa do plural (nós): nos.
Lavamo-nos no rio. ** Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua
- 2.ª pessoa do plural (vós): vos. Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu com pro-
Vós vos beneficiastes com esta conquista. priedade.

- 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo. - Os pronomes de tratamento representam uma for-
Eles se conheceram. ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao
Elas deram a si um dia de folga. tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo,
estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
* O pronome é reflexivo quando se refere à mesma supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa.
pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu me arrumei e saí.
** É pronome recíproco quando indica reciprocidade - 3.ª pessoa: embora os pronomes de tratamento diri-
de ação: jam-se à 2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita
Nós nos amamos. com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi-
Olhamo-nos calados. vos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles
devem ficar na 3.ª pessoa.
Pronomes de Tratamento Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro-
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri-
- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (portan-
nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo
to, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pes-
do texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente.
soa. Alguns exemplos:
Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
“você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa.
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religio-
sos em geral
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
teus cabelos. (errado)
à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes-
sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais, Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
governadores, secretários de Estado, presidente da Repú- seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
blica (sempre por extenso) ou
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universi-
dades Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de Pronomes Possessivos
igual categoria São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Vossa Meritíssima (sempre por extenso) = para juízes (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
de direito (coisa possuída).
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do
cerimonioso singular)
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
NÚMERO PESSOA PRONOME
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se-
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empre- singular primeira meu(s), minha(s)
gados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tra- singular segunda teu(s), tua(s)
tamento familiar. Você e vocês são largamente empregados
singular terceira seu(s), sua(s)
no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é
de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma plural primeira nosso(s), nossa(s)
vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou plural segunda vosso(s), vossa(s)
literária.
plural terceira seu(s), sua(s)

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Note que: A forma do possessivo depende da pessoa *Em relação ao tempo:


gramatical a que se refere; o gênero e o número concordam - Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
com o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribui- relação à pessoa que fala:
ção naquele momento difícil. Esta manhã farei a prova do concurso!

* Observações: - Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po-


- A forma “seu” não é um possessivo quando resultar rém relativamente próximo à época em que se situa a pes-
da alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, soa que fala:
seu José. Essa noite dormi mal; só pensava no concurso!

- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afasta-


- Os pronomes possessivos nem sempre indicam pos-
mento no tempo, referido de modo vago ou como tempo
se. Podem ter outros empregos, como:
remoto:
a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. Naquele tempo, os professores eram valorizados.
b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 *Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se fala-
anos. rá ou escreverá):
- Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer
c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se falará:
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela. Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, or-
tografia, concordância.
- Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Excelência - Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende
trouxe sua mensagem? fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou:
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja-
- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi- mos!
vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e
anotações. - Este e aquele são empregados quando se quer fa-
zer referência a termos já mencionados; aquele se refere
ao termo referido em primeiro lugar e este para o referido
- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblí-
por último:
quos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe
os passos. (= Vou seguir seus passos) Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
este está mais bem colocado que aquele. (= este [São Paulo],
- O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró- aquele [Palmeiras])
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo, para ou
que não ocorra redundância: Coloque tudo nos respectivos
lugares. Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
aquele está mais bem colocado que este. (= este [São Paulo],
Pronomes Demonstrativos aquele [Palmeiras])

São utilizados para explicitar a posição de certa palavra - Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode ser invariáveis, observe:
de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque-
la(s).
*Em relação ao espaço: Invariáveis: isto, isso, aquilo.
- Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da
* Também aparecem como pronomes demonstrativos:
pessoa que fala:
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e
Este material é meu.
puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
- Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
pessoa com quem se fala: indiquei.)
Esse material em sua carteira é seu?
- mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): variam em
- Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está dis- gênero quando têm caráter reforçativo:
tante tanto da pessoa que fala como da pessoa com quem Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
se fala: Eu mesma refiz os exercícios.
Aquele material não é nosso. Elas mesmas fizeram isso.
Vejam aquele prédio! Eles próprios cozinharam.
Os próprios alunos resolveram o problema.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- semelhante(s): Não tenha semelhante atitude. Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
riáveis e invariáveis. Observe:
- tal, tais: Tal absurdo eu não comenteria.
Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário,
* Note que: tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca,
- Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides vária, tanta, outra, quanta, qualquer, quaisquer*, alguns, ne-
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. (ou en- nhuns, todos, muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos,
tão: este solteiro, aquele casado) - este se refere à pessoa algumas, nenhumas, todas, muitas, poucas, várias, tantas,
mencionada em último lugar; aquele, à mencionada em outras, quantas.
primeiro lugar.
Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação algo, cada.
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
*
Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que-
- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo plu-
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, ral é feito em seu interior).
disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no
= naquilo) - Todo e toda no singular e junto de artigo significa
inteiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
Pronomes Indefinidos Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discurso, Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quan- Trabalho todo dia. (= todos os dias)
tidade indeterminada.
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém São locuções pronominais indefinidas: cada qual,
-plantadas. cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que),
seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (=
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa
certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
Cada um escolheu o vinho desejado.
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu-
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des-
Indefinidos Sistemáticos
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:
Ao observar atentamente os pronomes indefinidos,
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu-
percebemos que existem alguns grupos que criam oposi-
gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase.
São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin- ção de sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm
guém, outrem, quem, tudo. sentido afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm
sentido negativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade
Algo o incomoda? afirmativa, e nenhum/nada, que indicam uma totalidade
Quem avisa amigo é. negativa; alguém/ninguém, que se referem à pessoa, e
algo/nada, que se referem à coisa; certo, que particulariza,
- Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser e qualquer, que generaliza.
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade Essas oposições de sentido são muito importantes na
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumen-
Cada povo tem seus costumes. tos expostos. Observe nas frases seguintes a força que os
Certas pessoas exercem várias profissões. pronomes indefinidos destacados imprimem às afirmações
de que fazem parte:
* Note que: Ora são pronomes indefinidos substanti- Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado
vos, ora pronomes indefinidos adjetivos: prático.
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos), Certas pessoas conseguem perceber sutilezas: não são
demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, pessoas quaisquer.
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), *Nenhum é contração de nem um, forma mais enfática,
tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias. que se refere à unidade. Repare:
Nenhum candidato foi aprovado.
Menos palavras e mais ações. Nem um candidato foi aprovado. (um, nesse caso, é nu-
Alguns se contentam pouco. meral)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pronomes Relativos - O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com


o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o conse-
São aqueles que representam nomes já mencionados quente (o ser possuído, com o qual concorda em gênero
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem e número); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo”
as orações subordinadas adjetivas. equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de Existem pessoas cujas ações são nobres.
um grupo racial sobre outros. (antecedente) (consequente)
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros
= oração subordinada adjetiva). *interpretação do pronome “cujo” na frase acima: ações
das pessoas. É como se lêssemos “de trás para frente”. Ou-
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” tro exemplo:
e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra Comprei o livro cujo autor é famoso. (= autor do livro)
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o prono- ** se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pro-
me demonstrativo o, a, os, as. nome:
Não sei o que você está querendo dizer. O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem se a)
expresso.
Quem casa, quer casa. - “Quanto” é pronome relativo quando tem por an-
tecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e
Observe: tudo:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os Emprestei tantos quantos foram necessários.
quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas, (antecedente)
quantas. Ele fez tudo quanto havia falado.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. (antecedente)

Note que: - O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sem-


- O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, pre precedido de preposição.
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser subs- É um professor a quem muito devemos.
tituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu (preposição)
antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual) - “Onde”, como pronome relativo, sempre possui an-
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a tecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A
qual) casa onde morava foi assaltada.
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
quais) - Na indicação de tempo, deve-se empregar quando
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as ou em que.
quais) Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.
- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente - Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa-
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que lavras:
podem ter várias classificações) são pronomes relativos. To- - como (= pelo qual) – desde que precedida das pala-
dos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por vras modo, maneira ou forma:
motivo de clareza ou depois de determinadas preposições: Não me parece correto o modo como você agiu semana
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual passada.
me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria
ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio - quando (= em que) – desde que tenha como antece-
de minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou dente um nome que dê ideia de tempo:
encantado: o sítio ou minha tia?). Bons eram os tempos quando podíamos jogar videoga-
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas me.
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-
se o qual / a qual) - Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase.
- O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste es-
se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou porte.
de ser poeta, que era a sua vocação natural. = O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode -lugares: Alemanha, Portugal


ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de -sentimentos: amor, saudade
gente que conversava, (que) ria, observava. -estados: alegria, tristeza
-qualidades: honestidade, sinceridade...
Pronomes Interrogativos -ações: corrida, pescaria...

São usados na formulação de perguntas, sejam elas di- Morfossintaxe do substantivo


retas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso. Nas orações, geralmente o substantivo exerce funções
São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações), diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo
quanto (e variações). do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou
Com quem andas?
indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, funcio-
Qual seu nome?
nar como núcleo do complemento nominal ou do aposto,
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
como núcleo do predicativo do sujeito, do objeto ou como
Sobre os pronomes: núcleo do vocativo. Também encontramos substantivos
como núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos ad-
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função verbiais - quando essas funções são desempenhadas por
de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo grupos de palavras.
quando desempenha função de complemento.
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. Classificação dos Substantivos
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
lhe ajudar. Substantivos Comuns e Próprios

Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” Observe a definição:


exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce função Cidade: s.f. 1: Povoação maior que vila, com muitas ca-
de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. sas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em
O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para oposição aos bairros).
a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo
diferentemente dos segundos, que são sempre precedidos comum.
de preposição. Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
- Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
eu estava fazendo. homem, mulher, país, cachorro.
- Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim Estamos voando para Barcelona.
o que eu estava fazendo.
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es-
Fontes de pesquisa: pécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio – aquele
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42. que designa os seres de uma mesma espécie de forma par-
php ticular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Substantivos Concretos e Abstratos
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que
Saraiva, 2010. existe, independentemente de outros seres.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observação: os substantivos concretos designam se-
res do mundo real e do mundo imaginário.
Substantivo
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Substantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, Brasília.
as quais denominam todos os seres que existem, sejam Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas-
reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e fenôme- ma.
nos, os substantivos também nomeiam:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que enxoval roupas


dependem de outros para se manifestarem ou existirem.
Por exemplo: a beleza não existe por si só, não pode falange soldados, anjos
ser observada. Só podemos observar a beleza numa pes- fauna animais de uma região
soa ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser
feixe lenha, capim
para se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um subs-
tantivo abstrato. flora vegetais de uma região
Os substantivos abstratos designam estados, qualida- frota navios mercantes, ônibus
des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
girândola fogos de artifício
abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado),
rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento). horda bandidos, invasores
médicos, bois, credores,
Substantivos Coletivos junta
examinadores

Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, ou- júri jurados
tra abelha, mais outra abelha. legião soldados, anjos, demônios
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas. leva presos, recrutas
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
malta malfeitores ou desordeiros
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- manada búfalos, bois, elefantes,
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha, matilha cães de raça
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substan- molho chaves, verduras
tivo no singular (enxame) para designar um conjunto de multidão pessoas em geral
seres da mesma espécie (abelhas).
insetos (gafanhotos,
nuvem
mosquitos, etc.)
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
penca bananas, chaves
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, pinacoteca pinturas, quadros
mesmo estando no singular, designa um conjunto de seres
quadrilha ladrões, bandidos
da mesma espécie.
ramalhete flores
Substantivo coletivo Conjunto de: rebanho ovelhas
assembleia pessoas reunidas repertório peças teatrais, obras musicais
alcateia lobos réstia alhos ou cebolas
acervo livros romanceiro poesias narrativas
antologia trechos literários selecionados revoada pássaros
arquipélago ilhas sínodo párocos
banda músicos talha lenha
bando desordeiros ou malfeitores tropa muares, soldados
banca examinadores turma estudantes, trabalhadores
batalhão soldados vara porcos
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
cacho frutas
cancioneiro canções, poesias líricas
colmeia abelhas
concílio bispos
congresso parlamentares, cientistas
elenco atores de uma peça ou filme
esquadra navios de guerra

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação dos Substantivos Substantivos Uniformes: apresentam uma única forma,


Substantivos Simples e Compostos que serve tanto para o masculino quanto para o feminino.
Classificam-se em:
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
terra. - Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo se
O substantivo chuva é formado por um único elemento faz mediante a utilização das palavras “macho” e “fêmea”: a
ou radical. É um substantivo simples. cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea.
- Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes a
Substantivo Simples: é aquele formado por um único pessoas de ambos os sexos: a criança, a testemunha, a víti-
elemento. ma, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja - Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: in-
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele- dicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o colega e a
colega, o doente e a doente, o artista e a artista.
mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou
Saiba que: Substantivos de origem grega terminados
mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo.
em ema ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sis-
tema, o sintoma, o teorema.
Substantivos Primitivos e Derivados
- Existem certos substantivos que, variando de gênero,
Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de ne- variam em seu significado:
nhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O subs- o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz)
tantivo limoeiro, por exemplo, é derivado, pois se originou o cabeça (líder) e a cabeça (parte do corpo)
a partir da palavra limão. o capital (dinheiro) e a capital (cidade)
Substantivo Derivado: é aquele que se origina de ou- o coma (sono mórbido) e a coma (cabeleira, juba)
tra palavra. o lente (professor) e a lente (vidro de aumento)
o moral (estado de espírito) e a moral (ética; conclusão)
Flexão dos substantivos o praça (soldado raso) e a praça (área pública)
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora)
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
exemplo, pode sofrer variações para indicar:
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: - Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
meninão / Diminutivo: menininho - aluna.
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao
Flexão de Gênero masculino: freguês - freguesa
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de- de três formas:
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito 1- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram 2- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas 3- troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.
* Exceções: barão – baronesa, ladrão- ladra, sultão -
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e
sultana
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos
que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja - Substantivos terminados em -or:
estes títulos de filmes: acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
O velho e o mar troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz
Um Natal inesquecível
Os reis da praia - Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: côn-
sul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que - duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
A história sem fim - Substantivos que formam o feminino trocando o -e
Uma cidade sem passado final por -a: elefante - elefanta
As tartarugas ninjas
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculi-
Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes no e no feminino: bode – cabra / boi - vaca

Substantivos Biformes (= duas formas): apresentam - Substantivos que formam o feminino de maneira es-
uma forma para cada gênero: gato – gata, homem – mulher, pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores:
poeta – poetisa, prefeito - prefeita czar – czarina, réu - ré

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LÍNGUA PORTUGUESA

Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido,
Epicenos: a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
- São geralmente masculinos os substantivos de ori-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
para indicar o masculino e o feminino. telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco-
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha-
ma, o hematoma.
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
macho e fêmea. * Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
A cobra macho picou o marinheiro.
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. Gênero dos Nomes de Cidades: Com raras exceções,
nomes de cidades são femininos.
Sobrecomuns: A histórica Ouro Preto.
Entregue as crianças à natureza. A dinâmica São Paulo.
A acolhedora Porto Alegre.
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo mas- Uma Londres imensa e triste.
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: Gênero e Significação
A criança chorona chamava-se João.
A criança chorona chamava-se Maria. Muitos substantivos têm uma significação no masculi-
no e outra no feminino. Observe:
Outros substantivos sobrecomuns: o baliza (soldado que, que à frente da tropa, indica os
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
movimentos que se deve realizar em conjunto; o que vai à
criatura.
frente de um bloco carnavalesco, manejando um bastão), a
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
Marcela faleceu baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite ou proibi-
ção de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte do cor-
Comuns de Dois Gêneros: po), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cisma (ato
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a cinza
(resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a capital (ci-
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? dade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabeleira), o
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral (cobra
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na administração
A distinção de gênero pode ser feita através da análise da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sacramento
do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti- da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar), o
vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vege-
- uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran- tação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (documento,
cês - repórter francesa pena grande das asas das aves), o grama (unidade de peso),
a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (re-
- A palavra personagem é usada indistintamente nos cipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
dois gêneros. (vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade,
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada
bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens
nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
os personagens dos contos de carochinha.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o femini- a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala
no: O problema está nas mulheres de mais idade, que não (poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa-
aceitam a personagem. ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga
(remador), a voga (moda).
- Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
fotográfico Ana Belmonte. Flexão de Número do Substantivo

Observe o gênero dos substantivos seguintes: Em português, há dois números gramaticais: o singular,
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que
(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o do plural é o “s” final.
proclama, o pernoite, o púbis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Substantivos Simples - Flexionam-se os dois elementos, quando formados


de:
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon feitos
- cânones. adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
mens
- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
em “ns”: homem - homens.
- Flexiona-se somente o segundo elemento, quando
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu- formados de:
ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e al-
to-falantes
* Atenção: O plural de caráter é caracteres.
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-re-
cos
- Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando
col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul formados de:
e cônsules. substantivo + preposição clara + substantivo = água-
de-colônia e águas-de-colônia
- Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de substantivo + preposição oculta + substantivo = cava-
duas maneiras: lo-vapor e cavalos-vapor
- Quando oxítonos, em “is”: canil - canis substantivo + substantivo que funciona como determi-
- Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis. nante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do
termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba-re-
Observação: a palavra réptil pode formar seu plural de lógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, peixe-espa-
duas maneiras: répteis ou reptis (pouco usada). da - peixes-espada.

- Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de - Permanecem invariáveis, quando formados de:
duas maneiras: verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
1- Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses ca-rolhas
2- Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva-
riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. * Casos Especiais

- Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural o louva-a-deus e os louva-a-deus


de três maneiras.
o bem-te-vi e os bem-te-vis
1- substituindo o -ão por -ões: ação - ações
2- substituindo o -ão por -ães: cão - cães o bem-me-quer e os bem-me-queres
3- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos o joão-ninguém e os joões-ninguém.

- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: Plural das Palavras Substantivadas


o látex - os látex.
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
Plural dos Substantivos Compostos classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
no plural, as flexões próprias dos substantivos.
- A formação do plural dos substantivos compostos Pese bem os prós e os contras.
depende da forma como são grafados, do tipo de palavras O aluno errou na prova dos noves.
que formam o composto e da relação que estabelecem en- Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se
como os substantivos simples: aguardente/aguardentes, gi- * Observação: numerais substantivados terminados
rassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malmeque- em “s” ou “z” não variam no plural: Nas provas mensais con-
res. segui muitos seis e alguns dez.
O plural dos substantivos compostos cujos elementos
são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Plural dos Diminutivos Singular Plural


Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final Corpo (ô) corpos (ó)
e acrescenta-se o sufixo diminutivo. esforço esforços
fogo fogos
pãe(s) + zinhos = pãezinhos forno fornos
animai(s) + zinhos = animaizinhos fosso fossos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos imposto impostos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos olho olhos
farói(s) + zinhos = faroizinhos osso (ô) ossos (ó)
tren(s) + zinhos = trenzinhos ovo ovos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas poço poços
flore(s) + zinhas = florezinhas porto portos
mão(s) + zinhas = mãozinhas posto postos
papéi(s) + zinhos = papeizinhos tijolo tijolos
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
funi(s) + zinhos = funizinhos Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
pai(s) + zinhos = paizinhos * Observação: distinga-se molho (ô) = caldo (molho
pé(s) + zinhos = pezinhos de carne), de molho (ó) = feixe (molho de lenha).
pé(s) + zitos = pezitos
Particularidades sobre o Número dos Substantivos
Plural dos Nomes Próprios Personativos
- Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
sempre que a terminação preste-se à flexão. - Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
Os Napoleões também são derrotados. - Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
As Raquéis e Esteres. singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade,
bom nome) e honras (homenagem, títulos).
Plural dos Substantivos Estrangeiros - Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas
com sentido de plural:
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es- Aqui morreu muito negro.
critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz. improvisadas.

Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor- Flexão de Grau do Substantivo


do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os
jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os ré- Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
quiens. as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:

Observe o exemplo: - Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera-


Este jogador faz gols toda vez que joga. do normal. Por exemplo: casa
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho
Plural com Mudança de Timbre
do ser. Classifica-se em:
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje-
Certos substantivos formam o plural com mudança de
tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato
fonético chamado metafonia (plural metafônico). Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
cador de aumento. Por exemplo: casarão.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho Classificação dos Verbos


do ser. Pode ser:
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo Classificam-se em:
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi- - Regulares: são aqueles que apresentam o radical
cador de diminuição. Por exemplo: casinha. inalterado durante a conjugação e desinências idênticas às
de todos os verbos regulares da mesma conjugação. Por
Fontes de pesquisa: exemplo: comparemos os verbos “cantar” e “falar”, conju-
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12.php gados no presente do Modo Indicativo:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- canto falo
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: cantas falas
Saraiva, 2010.
canta falas
Verbo cantamos falamos
cantais falais
Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, núme-
ro, tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o cantam falam
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre * Dica: Observe que, retirando os radicais, as desi-
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno nências modo-temporal e número-pessoal mantiveram-se
(choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer). idênticas. Tente fazer com outro verbo e perceberá que se
repetirá o fato (desde que o verbo seja da primeira conju-
Estrutura das Formas Verbais gação e regular!). Faça com o verbo “andar”, por exemplo.
Substitua o radical “cant” e coloque o “and” (radical do ver-
Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar bo andar). Viu? Fácil!
os seguintes elementos:
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significa- - Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca altera-
do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. ções no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, fizesse.
(radical fal-) * Observação: alguns verbos sofrem alteração no ra-
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que in- dical apenas para que seja mantida a sonoridade. É o caso
dica a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: de: corrigir/corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo.
fala-r. São três as conjugações: Tais alterações não caracterizam irregularidade, porque o
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática - fonema permanece inalterado.
E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
- Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conju-
signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
gação completa. Os principais são adequar, precaver, com-
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo)
/ falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo) putar, reaver, abolir, falir.
- Desinência número-pessoal: é o elemento que de-
signa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o número (sin- - Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e, nor-
gular ou plural): malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam (in- principais verbos impessoais são:
dica a 3.ª pessoa do plural.)
* haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-
* Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados se ou fazer (em orações temporais).
(compor, repor, depor), pertencem à 2.ª conjugação, pois a Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia = Exis-
forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar tiam)
de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
formas do verbo: põe, pões, põem, etc. Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
* fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura Faz invernos rigorosos na Europa.
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- Era primavera quando o conheci.
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento Estava frio naquele dia.
tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, por
exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai
no radical, mas sim na terminação verbal (fora do radical):
opinei, aprenderão, amaríamos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado. Qual-
quer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá conjugação
completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)

* São impessoais, ainda:


- o verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo: Já passa das seis.

- os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição “de”, indicando suficiência:


Basta de tolices.
Chega de promessas.

- os verbos estar e ficar em orações como “Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem referência a
sujeito expresso anteriormente (por exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito como hipotético,
tornando-se, tais verbos, pessoais.

- o verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?

- Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural. São
unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais (cacarejar, cricrilar,
miar, latir, piar).

* Observação: os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?

Principais verbos unipessoais:

1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):


Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

* Observação: todos os sujeitos apontados são oracionais.

- Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que, além
das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é em-
pregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso

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LÍNGUA PORTUGUESA

Eleger Elegido Eleito


Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

* Importante:
- estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/dito, escrever/
escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois, fui) e
ir (fui, ia, vades).

- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal
(aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das
formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar todos!


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

* Observação: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

33
LÍNGUA PORTUGUESA

SER - Modo Subjuntivo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro
que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo


Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

ESTAR - Modo Indicativo



Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.doPreté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

34
LÍNGUA PORTUGUESA

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo


Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo
ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais


Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio
haver haver havendo havido
haveres

haver

havermos
haverdes
haverem

TER - Modo Indicativo


Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

35
LÍNGUA PORTUGUESA

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:

1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade já
está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia refle-
xiva expressa pelo radical do próprio verbo.
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo
Tu te arrependes
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos
Vós vos arrependeis
Eles se arrependem

2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto repre-
sentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo. Em
geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes mencionados,
formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: A garota
penteou-me.

* Observações:
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
- Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do
sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular

Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro. Existem
três modos:

Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.


Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo,
advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:

36
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Infinitivo
1.1-) Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substan-
tivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

1.2-) Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

2-) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:
Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.

* Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1- Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2 – Sim, senhora! Vou estar verificando!

Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.

3-) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o resul-
tado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames, os candidatos
saíram.

Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de
adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

(Ziraldo)

Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.

37
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Tempos do Modo Indicativo


- Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
- Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
- Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
- Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

2. Tempos do Modo Subjuntivo


- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.

Observação: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou de-
sejo. Por exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.

- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

Observação: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se
ele vier à loja, levará as encomendas.
** Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

Modo Indicativo

Presente do Indicativo
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo


1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal
CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

38
LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

39
LÍNGUA PORTUGUESA

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de nú-
mero e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

40
LÍNGUA PORTUGUESA

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles
Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

* Observações:
- o verbo parecer admite duas construções:
Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

- o verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

41
LÍNGUA PORTUGUESA

fontes de pesquisa: 3-) (POLÍCIA MILITAR/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO


http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54. – VUNESP/2014) Considere o trecho a seguir.
php Já __________ alguns anos que estudos a respeito da
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- utilização abusiva dos smartphones estão sendo desen-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. volvidos. Os especialistas acreditam _________ motivos para
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere- associar alguns comportamentos dos adolescentes ao uso
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: prolongado desses aparelhos, e _________ alertado os pais
Saraiva, 2010. para que avaliem a necessidade de estabelecer limites aos
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- seus filhos.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res-
pectivamente, com:
Questões sobre Verbo (A) faz … haver … têm
(B) fazem … haver … tem
1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – (C) faz … haverem … têm
2014) A assertiva correta quanto à conjugação verbal é: (D) fazem … haverem … têm
A) Houveram eleições em outros países este ano. (E) faz … haverem … tem
B) Se eu vir você por aí, acabou.
C) Tinha chego atrasado vinte minutos. 3-) Já FAZ (sentido de tempo: não sofre flexão) alguns
D) Fazem três anos que não tiro férias. anos que estudos a respeito da utilização abusiva dos
E) Esse homem possue muitos bens. smartphones estão sendo desenvolvidos. Os especialistas
acreditam HAVER (sentido de existir: não varia) motivos
1-) Correções à frente: para associar alguns comportamentos dos adolescentes ao
A) Houveram eleições em outros países este ano = uso prolongado desses aparelhos, e TÊM (concorda com o
houve termo “os especialistas”) alertado os pais para que avaliem
C) Tinha chego atrasado vinte minutos = tinha chegado a necessidade de estabelecer limites aos seus filhos.
D) Fazem três anos que não tiro férias = faz três anos Temos: faz, haver, têm.
RESPOSTA: “A”.
E) Esse homem possue muitos bens = possui
RESPOSTA: “B”.
Vozes do Verbo
2-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a
FE/2014) Complete as lacunas com os verbos, tempos e
ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
modos indicados entre parênteses, fazendo a devida con-
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar
cordância.
que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três
• O juiz agrário ainda não _________ no conflito porque
as vozes verbais:
surgiram fatos novos de ontem para hoje. (intervir - preté-
rito perfeito do indicativo) - Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
• Uns poucos convidados ___________-se com os vídeos ação expressa pelo verbo:
postados no facebook. (entreter - pretérito imperfeito do
indicativo) Ele fez o tra-
• Representantes do PCRT somente serão aceitos na balho.
composição da chapa quando se _________ de criticar a sujeito agente ação objeto
atual diretoria do clube, (abster-se - futuro do subjuntivo) (paciente)
A sequência correta, de cima para baixo, é:
A-) interveio - entretinham - abstiverem - Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a
B-) interviu - entretiveram - absterem ação expressa pelo verbo:
C-) intervém - entreteram - abstêm
D-) interviera - entretêm - abstiverem O trabalho foi feito p o r
E-) intervirá - entretenham - abstiveram ele.
sujeito paciente ação agente
da passiva
2-) O verbo “intervir” deve ser conjugado como o ver-
bo “vir”. Este, no pretérito perfeito do Indicativo fica “veio”, - Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo,
portanto, “interveio” (não existe “interviu”, já que ele não agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
deriva do verbo “ver”). Descartemos a alternativa B. Como
não há outro item com a mesma opção, chegamos à res-
posta rapidamente!
RESPOSTA: “A”.

42
LÍNGUA PORTUGUESA

O menino feriu-se. Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

* Observação: não confundir o emprego reflexivo do Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs-
verbo com a noção de reciprocidade: tancialmente o sentido da frase.
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro) O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto
Formação da Voz Passiva
A apostila foi comprada pelo concurseiro.
A voz passiva pode ser formada por dois processos: (Voz Passiva)
analítico e sintético. Sujeito da Passiva Agente da Passi-
va
1- Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte ma-
neira: Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; o
sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo ativo
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo: assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo.
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os Observe:
alunos pintarão a escola) - Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho) nos.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
* Observação: o agente da passiva geralmente é acom- mestres.
panhado da preposição por, mas pode ocorrer a constru-
ção com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada - Eu o acompanharei.
de soldados. Ele será acompanhado por mim.
- Pode acontecer de o agente da passiva não estar ex- * Observação: quando o sujeito da voz ativa for inde-
plícito na frase: A exposição será aberta amanhã. terminado, não haverá complemento agente na passiva.
Por exemplo: Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma-
** Saiba que:
ção das frases seguintes:
- com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva,
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)
porque o sujeito não pode ser visto como agente, paciente
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per-
ou agente-paciente.
feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz
ativa)
Fontes de pesquisa:
b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.
O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indica- php
tivo) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente) Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cere-
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) Questões

2- Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou 1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/GO – ANALISTA JUDICIÁ-
pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, segui- RIO – FGV/2014 - adaptada) A frase “que foi trazida pelo
do do pronome apassivador “se”. Por exemplo: instituto Endeavor” equivale, na voz ativa, a:
Abriram-se as inscrições para o concurso. (A) que o instituto Endeavor traz;
Destruiu-se o velho prédio da escola. (B) que o instituto Endeavor trouxe;
(C) trazida pelo instituto Endeavor;
* Observação: o agente não costuma vir expresso na (D) que é trazida pelo instituto Endeavor;
voz passiva sintética. (E) que traz o instituto Endeavor.

43
LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Se na voz passiva temos dois verbos, na ativa tere- Regras ortográficas
mos um: “que o instituto Endeavor trouxe” (manter o tem-
po verbal no pretérito – assim como na passiva). O fonema s
RESPOSTA: “B”.
S e não C/Ç

2-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014 - palavras substantivadas derivadas de verbos com radi-
adaptada) Ao passarmos a frase “...e É CONSIDERADO por cais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender - pretensão /
muitos o maior maratonista de todos os tempos” para a expandir - expansão / ascender - ascensão / inverter - inver-
voz ativa, encontramos a seguinte forma verbal: são / aspergir - aspersão / submergir - submersão / divertir
A) consideravam. - diversão / impelir - impulsivo / compelir - compulsório /
B) consideram. repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer - discurso /
C) considerem. sentir - sensível / consentir – consensual.
D) considerarão.
E) considerariam.
SS e não C e Ç
2-) É CONSIDERADO por muitos o maior maratonista
nomes derivados dos verbos cujos radicais terminem
de todos os tempos = dois verbos na voz passiva, então na
em gred, ced, prim ou com verbos terminados por tir ou
ativa teremos UM: muitos o consideram o maior marato-
nista de todos os tempos. -meter: agredir - agressivo / imprimir - impressão / admitir
RESPOSTA: “B”. - admissão / ceder - cessão / exceder - excesso / percutir -
percussão / regredir - regressão / oprimir - opressão / com-
prometer - compromisso / submeter – submissão.
3-) (TRT-16ª REGIÃO/MA - ANALISTA JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC/2014) *quando o prefixo termina com vogal que se junta com
Transpondo-se para a voz passiva a frase “vou glosar a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimé-
uma observação de Machado de Assis”, a forma verbal re- trico / re + surgir – ressurgir.
sultante deverá ser *no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exem-
(A) terei glosado plos: ficasse, falasse.
(B) seria glosada
(C) haverá de ser glosada C ou Ç e não S e SS
(D) será glosada
(E) terá sido glosada vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, Ju-
3-) “vou glosar uma observação de Machado de Assis” çara, caçula, cachaça, cacique.
– “vou glosar” expressa “glosarei”, então teremos na pas- sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu,
siva: uma observação de Machado de Assis será glosada uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço,
por mim. esperança, carapuça, dentuço.
RESPOSTA: “D”. nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / de-
ter - detenção / ater - atenção / reter – retenção.
após ditongos: foice, coice, traição.
palavras derivadas de outras terminadas em -te, to(r):
ORTOGRAFIA marte - marciano / infrator - infração / absorto – absorção.

O fonema z
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da correta
S e não Z
grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem
ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são
grafados segundo acordos ortográficos. sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês,
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren- freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamor-
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras é fose.
necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções e, formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, qui-
em alguns casos, há necessidade de conhecimento de eti- seste.
mologia (origem da palavra). nomes derivados de verbos com radicais terminados
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender -
empresa / difundir – difusão.

44
LÍNGUA PORTUGUESA

diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - Lui- CH e não X


sinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chassi,
verbos derivados de nomes cujo radical termina com mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
“s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar – pesquisar.
As letras “e” e “i”
Z e não S
Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. Com
sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adjetivo: “i”, só o ditongo interno cãibra.
macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza. verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori- escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escrevemos com
gem não termine com s): final - finalizar / concreto – con- “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói,
cretizar. possui, contribui.
consoante de ligação se o radical não terminar com “s”:
pé + inho - pezinho / café + al - cafezal * Atenção para as palavras que mudam de sentido
quando substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (super-
Exceção: lápis + inho – lapisinho. fície), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expandir)
/ emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de estân-
O fonema j cia, que anda a pé), pião (brinquedo).

G e não J * Dica:
- Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à orto-
palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa, ges- grafia de uma palavra, há a possibilidade de consultar o
so. Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), ela-
estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim. borado pela Academia Brasileira de Letras. É uma obra de
terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com pou- referência até mesmo para a criação de dicionários, pois
cas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge. traz a grafia atualizada das palavras (sem o significado). Na
Internet, o endereço é www.academia.org.br.
Exceção: pajem.
Informações importantes
terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio, - Formas variantes são formas duplas ou múltiplas,
litígio, relógio, refúgio. equivalentes: aluguel/aluguer, relampejar/relampear/re-
verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir, lampar/relampadar.
mugir. - Os símbolos das unidades de medida são escritos
depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur- sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar plu-
gir. ral, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, 20km,
depois da letra “a”, desde que não seja radical termina- 120km/h.
do com j: ágil, agente. Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
- Na indicação de horas, minutos e segundos, não deve
J e não G haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, 22h30min,
14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três minutos e trinta e
palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. quatro segundos).
palavras de origem árabe, africana ou exótica: jiboia, - O símbolo do real antecede o número sem espaço:
manjerona. R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma barra
palavras terminadas com aje: ultraje. vertical ($).

O fonema ch Fontes de pesquisa:


http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
X e não CH tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
xucro. Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, lagar- ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
tixa. Saraiva, 2010.
depois de ditongo: frouxo, feixe. Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Exceção: quando a palavra de origem não derive de


outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Hífen ** O hífen é suprimido quando para formar outros ter-


mos: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para
ligar os elementos de palavras compostas (como ex-presi- Lembrete da Zê!
dente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a verbos Ao separar palavras na translineação (mudança de li-
(ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para fazer a nha), caso a última palavra a ser escrita seja formada por
translineação de palavras, isto é, no fim de uma linha, se- hífen, repita-o na próxima linha. Exemplo: escreverei anti
parar uma palavra em duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro). -inflamatório e, ao final, coube apenas “anti-”. Na próxima
linha escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas as linhas).
Uso do hífen que continua depois da Reforma Or-
tográfica: Não se emprega o hífen:

1. Em palavras compostas por justaposição que formam 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo
uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se unem termina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
para formarem um novo significado: tio-avô, porto-ale- “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes: antir-
grense, luso-brasileiro, tenente-coronel, segunda- -fei- religioso, contrarregra, infrassom, microssistema, minissaia,
ra, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, primeiro-ministro, microrradiografia, etc.
azul-escuro.
2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se com
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbora- vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação, autoes-
-menina, erva-doce, feijão-verde. trada, autoaprendizagem, hidroelétrico, plurianual, autoes-
cola, infraestrutura, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re-
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, recém- 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
-casado. “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” inicial: de-
sumano, inábil, desabilitar, etc.
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu-
mas exceções continuam por já estarem consagradas pelo 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando o
uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de- segundo elemento começar com “o”: cooperação, coobriga-
meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará. ção, coordenar, coocupante, coautor, coedição, coexistir, etc.

5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas combinações de composição: pontapé, girassol, paraquedas, paraquedis-
históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria, Angola-Brasil, ta, etc.
etc.
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei-
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- to, benquerer, benquerido, etc.
per- quando associados com outro termo que é iniciado
por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-racional, etc. - Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas corres-
pondentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, não havendo hífen: pospor, predeterminar, predeterminado,
ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. pressuposto, propor.
- Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. -humano, super-realista, alto-mar.
- Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra- antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
10. Nas formações em que o prefixo tem como se-
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático, Fontes de pesquisa:
geo--história, neo-helênico, extra-humano, semi-hospitalar, http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or-
super-homem. tografia
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
termina com a mesma vogal do segundo elemento: micro
-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-observação, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões Armandinho, personagem do cartunista Alexandre


Beck, sabe perfeitamente empregar os parônimos “cestas”
1-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) “sestas” e “sextas”. Quanto ao emprego de parônimos, da-
De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que das as frases abaixo,
todas as palavras estão corretas: I. O cidadão se dirigia para sua _____________ eleitoral.
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial. II. A zona eleitoral ficava ___________ 200 metros de um
B) supracitado – semi-novo – telesserviço. posto policial.
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som. III. O condutor do automóvel __________ a lei seca.
D) contrarregra – autopista – semi-aberto. IV. Foi encontrada uma __________ soma de dinheiro no
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor. carro.
V. O policial anunciou o __________ delito.
1-) Correção:
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = correta Assinale a alternativa cujos vocábulos preenchem cor-
B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo retamente as lacunas das frases.
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hi- A) seção, acerca de, infligiu, vultosa, fragrante.
droelétrica, ultrassom B) seção, acerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semiaberto C) sessão, a cerca de, infringiu, vultosa, fragrante.
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = infraes- D) seção, a cerca de, infringiu, vultosa, flagrante.
trutura E) sessão, a cerca de, infligiu, vultuosa, flagrante.
RESPOSTA: “A”.
3-) Questão que envolve ortografia.
I. O cidadão se dirigia para sua SEÇÃO eleitoral. (setor)
2-) (TRE/MS - ESTÁGIO – JORNALISMO - TRE/MS – 2014) II. A zona eleitoral ficava A CERCA DE 200 metros de um
De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que
posto policial. (= aproximadamente)
todas as palavras estão corretas:
III. O condutor do automóvel INFRINGIU a lei seca. (re-
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial.
lacione com infrator)
B) supracitado – semi-novo – telesserviço.
IV. Foi encontrada uma VULTOSA soma de dinheiro no
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som.
carro. (de grande vulto, volumoso)
D) contrarregra – autopista – semi-aberto.
V. O policial anunciou o FLAGRANTE delito. (relacione
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor.
com “pego no flagra”)
2-) Correção: Seção / a cerca de / infringiu / vultosa / flagrante
A) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial = correta RESPOSTA: “D”.
B) supracitado – semi-novo – telesserviço = seminovo
C) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som = hi-
droelétrica, ultrassom
D) contrarregra – autopista – semi-aberto = semiaberto ACENTUAÇÃO
E) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor = infraes-
trutura
RESPOSTA: “A”.
Quanto à acentuação, observamos que algumas pala-
vras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora se
3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/ dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra. Por
UFAL/2014) isso, vamos às regras!

Regras básicas – Acentuação tônica

A acentuação tônica está relacionada à intensidade


com que são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela
que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se como sí-
laba tônica. As demais, como são pronunciadas com menos
intensidade, são denominadas de átonas.
De acordo com a tonicidade, as palavras são classifica-
das como:
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre
a última sílaba. Ex.: café – coração – Belém – atum – caju –
papel

Paroxítonas – São aquelas em que a sílaba tônica recai


na penúltima sílaba. Ex.: útil – tórax – táxi – leque – sapato
– passível

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LÍNGUA PORTUGUESA

Proparoxítonas - São aquelas cuja sílaba tônica está ** Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos abertos esti-
na antepenúltima sílaba. Ex.: lâmpada – câmara – tímpano verem em uma palavra oxítona (herói) ou monossílaba (céu)
– médico – ônibus ainda são acentuados: dói, escarcéu.

Há vocábulos que possuem mais de uma sílaba, mas Antes Agora


em nossa língua existem aqueles com uma sílaba somente:
são os chamados monossílabos. assembléia assembleia
idéia ideia
Os acentos
geléia geleia
acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e “i”, jibóia jiboia
“u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras represen- apóia (verbo apoiar) apoia
tam as vogais tônicas de palavras como pá, caí, público.
paranóico paranoico
Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre
aberto: herói – médico – céu (ditongos abertos).
Acento Diferencial
acento circunflexo (^) – colocado sobre as letras “a”,
“e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado: tâma-
Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
ra – Atlântico – pêsames – supôs .
acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
acento grave (`) – indica a fusão da preposição “a”
diferenciar classes gramaticais entre determinadas palavras
com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
e/ou tempos verbais. Por exemplo:
trema ( ¨ ) – De acordo com a nova regra, foi totalmen-
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito perfeito
te abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado em
de Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do Indica-
palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros: mülle-
tivo do mesmo verbo).
riano (de Müller)
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
til (~) – indica que as letras “a” e “o” representam vo-
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
gais nasais: oração – melão – órgão – ímã
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição.
Regras fundamentais
Os demais casos de acento diferencial não são mais
utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti-
Palavras oxítonas:
vo), pelo (preposição). Seus significados e classes gramati-
Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em: “a”, “e”,
cais são definidos pelo contexto.
“o”, “em”, seguidas ou não do plural(s): Pará – café(s) – ci-
Polícia para o trânsito para realizar blitz. = o primeiro
pó(s) – Belém.
“para” é verbo; o segundo, preposição (com relação de fi-
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
nalidade).
- Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
** Quando, na frase, der para substituir o “por” por
guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
“colocar”, estaremos trabalhando com um verbo, portanto:
- Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
“pôr”; nos outros casos, “por” preposição. Ex: Faço isso por
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
você. / Posso pôr (colocar) meus livros aqui?
Paroxítonas:
Regra do Hiato:
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em:
- i, is: táxi – lápis – júri
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, for a se-
- us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
gunda vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
- l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
acento. Ex.: saída – faísca – baú – país – Luís
fórceps
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan-
- ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z. Ra-ul, Lu-iz,
- ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
sa-ir, ju-iz
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
verem seguidas do dígrafo nh. Ex: ra-i-nha, ven-to-i-nha.
** Dica: Memorize a palavra LINURXÃO. Para quê? Re-
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
pare que esta palavra apresenta as terminações das paro-
precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
xítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui inclua UM =
fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará mais fácil a memorização!
Observação importante:
Regras especiais:
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos
hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxítonas):
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em
palavras paroxítonas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Antes Agora Questões

bocaiúva bocaiuva 1-) (PREFEITURA DE SÃO PAULO/SP – AUDITOR FISCAL


feiúra feiura TRIBUTÁRIO MUNICIPAL – CETRO/2014 - adaptada) Assi-
nale a alternativa que contém duas palavras acentuadas
Sauípe Sauipe
conforme a mesma regra.
(A) “Hambúrgueres” e “repórter”.
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
(B) “Inacreditáveis” e “repórter”.
abolido:
(C) “Índice” e “dólares”.
(D) “Inacreditáveis” e “atribuídos”.
Antes Agora (E) “Atribuídos” e “índice”.
crêem creem
1-)
lêem leem
(A) “Hambúrgueres” = proparoxítona / “repórter” = pa-
vôo voo roxítona
enjôo enjoo (B) “Inacreditáveis” = paroxítona / “repórter” = paro-
xítona
** Dica: Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos (C) “Índice” = proparoxítona / “dólares” = proparoxí-
que, no plural, dobram o “e”, mas que não recebem mais tona
acento como antes: CRER, DAR, LER e VER. (D) “Inacreditáveis” = paroxítona / “atribuídos” = regra
Repare: do hiato
1-) O menino crê em você. / Os meninos creem em você. (E) “Atribuídos” = regra do hiato / “índice” = proparo-
2-) Elza lê bem! / Todas leem bem! xítona
3-) Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que RESPOSTA: “B”.
os garotos deem o recado!
4-) Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! 2-) (SEFAZ/RS – AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm à – FUNDATEC/2014 - adaptada)
tarde! Analise as afirmações que são feitas sobre acentuação
As formas verbais que possuíam o acento tônico na gráfica.
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’
“e” ou “i” não serão mais acentuadas: seja retirado, essas continuam sendo palavras da língua
portuguesa.
II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vá-
Antes Depois rios’ e ‘país’ não é a mesma.
apazigúe (apaziguar) apazigue III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente.
averigúe (averiguar) averigue IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em si-
tuação de uso, quanto à flexão de número.
argúi (arguir) argui Quais estão corretas?
A) Apenas I e III.
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pessoa B) Apenas II e IV.
do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo C) Apenas I, II e IV.
vir) D) Apenas II, III e IV.
E) I, II, III e IV.
A regra prevalece também para os verbos conter, obter,
reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele obtém – eles 2-)
obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém – eles convêm. I. Caso o acento das palavras ‘trânsito’ e ‘específicos’
seja retirado, essas continuam sendo palavras da língua
Fontes de pesquisa: portuguesa = teremos “transito” e “especifico” – serão ver-
http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao. bos (correta)
htm II. A regra que explica a acentuação das palavras ‘vá-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- rios’ e ‘país’ não é a mesma = vários é paroxítona terminada
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. em ditongo; país é a regra do hiato (correta)
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- III. Na palavra ‘daí’, há um ditongo decrescente = há um
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: hiato, por isso a acentuação (da - í) = incorreta.
Saraiva, 2010. IV. Acentua-se a palavra ‘vêm’ para diferenciá-la, em
situação de uso, quanto à flexão de número = “vêm” é uti-
lizado para a terceira pessoa do plural (correta)
RESPOSTA: “C”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Dois pontos (:)


PONTUAÇÃO
1- Antes de uma citação
Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:

Os sinais de pontuação são marcações gráficas que 2- Antes de um aposto


servem para compor a coesão e a coerência textual, além Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. tarde e calor à noite.
Um texto escrito adquire diferentes significados quando
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação 3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
depende, em certos momentos, da intenção do autor do Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamente a rotina de sempre.
relacionados ao contexto e ao interlocutor.
4- Em frases de estilo direto
Principais funções dos sinais de pontuação
Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?
Ponto (.)

1- Indica o término do discurso ou de parte dele, en- Ponto de Exclamação (!)


cerrando o período.
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,
2- Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com- susto, súplica, etc.
panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final de pe- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
ríodo, este não receberá outro ponto; neste caso, o ponto
de abreviatura marca, também, o fim de período. Exemplo: 2- Depois de interjeições ou vocativos
Estudei português, matemática, constitucional, etc. (e não Ai! Que susto!
“etc..”) João! Há quanto tempo!

3- Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do Ponto de Interrogação (?)


ponto, assim como após o nome do autor de uma citação:
Haverá eleições em outubro Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napoleão “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
Mendes de Almeida) (ou: Almeida.) vedo)

4- Os números que identificam o ano não utilizam pon- Reticências (...)


to nem devem ter espaço a separá-los, bem como os nú-
meros de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250. 1- Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lápis,
canetas, cadernos...
Ponto e Vírgula ( ; )
2- Indica interrupção violenta da frase.
1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos
dão pelo pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo
3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
pão a vida; os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...”
mal... pega doutor?
(VIEIRA)

2- Separa partes de frases que já estão separadas por 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa,
vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, mon- depois, o coração falar...
tanhas, frio e cobertor.
Vírgula (,)
3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
tivos, decreto de lei, etc. Não se usa vírgula
Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola; * separando termos que, do ponto de vista sintático,
Caminhada na praia; ligam-se diretamente entre si:
Reunião com amigos. - entre sujeito e predicado:
Todos os alunos da sala foram advertidos.
Sujeito predicado

50
LÍNGUA PORTUGUESA

- entre o verbo e seus objetos: Fontes de pesquisa:


O trabalho custou sacrifício aos http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
realizadores. http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgu-
V.T.D.I. O.D. O.I. la.htm
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere-
Usa-se a vírgula: ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
- Para marcar intercalação: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun- coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
dância, vem caindo de preço.
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão Questões
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indús- 1-) (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014)
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não
querem abrir mão dos lucros altos.

- Para marcar inversão:


a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fe-
chadas.
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de
maio de 1982.

- Para separar entre si elementos coordenados (dis-


postos em enumeração):
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais.

- Para marcar elipse (omissão) do verbo:


Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco.

- Para isolar: (SAAE/SP - FISCAL LEITURISTA - VUNESP - 2014) Se-


- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasilei- gundo a norma-padrão da língua portuguesa, a pontuação
ra, possui um trânsito caótico. está correta em:
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. A) Hagar disse, que não iria.
B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir, bi-
Observações: fes e lagostas, aos vizinhos.
- Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expres- C) Chegou, o convite dos Stevensens, bife e lagostas:
são latina et cetera, que significa “e outras coisas”, seria dis- para Hagar e Helga
pensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acordo D) “Eles são chatos e, nunca param de falar”, disse, Ha-
ortográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos etc. gar à Helga.
precedido de vírgula: Falamos de política, futebol, lazer, etc. E) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pe-
los Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
- As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
binados o ponto de interrogação e o de exclamação: Você 1-) Correções realizadas:
falou isso para ela?! A) Hagar disse que não iria. = não há vírgula entre ver-
bo e seu complemento (objeto)
- Temos, ainda, sinais distintivos: B) Naquela noite os Stevensens prometeram servir bi-
1-) a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa- fes e lagostas aos vizinhos. = não há vírgula entre verbo e
ração de siglas (IOF/UPC); seu complemento (objeto)
2-) os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas C) Chegou o convite dos Stevensens: bife e lagostas
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira opção para Hagar e Helga.
aos parênteses, principalmente na matemática; D) “Eles são chatos e nunca param de falar”, disse Ha-
3-) o asterisco ( * ) = usado para remeter o leitor a gar à Helga.
uma nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir um E) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pe-
nome que não se quer mencionar. los Stevensens, para jantar bifes e lagostas.
RESPOSTA: “E”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO TRA- Concordância Verbal


BALHO – CESPE/2014 - adaptada)
A correção gramatical do trecho “Entre as bebidas al- É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
coólicas, cervejas e vinhos são as mais comuns em todo seu sujeito.
o mundo” seria prejudicada, caso se inserisse uma vírgula
logo após a palavra “vinhos”. a) Sujeito Simples - Regra Geral
( ) CERTO ( ) ERRADO O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
em número e pessoa. Veja os exemplos:
2-) Não se deve colocar vírgula entre sujeito e predi- A prova para ambos os cargos será aplicada
cado, a não ser que se trate de um aposto (1), predicativo às 13h.
do sujeito (2), ou algum termo que requeira estar separado 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
entre pontuações. Exemplos:
O Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa! Os candidatos à vaga chegarão às 12h.
Os meninos, ansiosos (2), chegaram! 3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
RESPOSTA: “CERTO”.
Casos Particulares
3-) (PRODAM/AM – ASSISTENTE – FUNCAB/2014) Em
apenas uma das opções a vírgula foi corretamente empre- 1) Quando o sujeito é formado por uma expressão par-
gada. Assinale-a. titiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, a
A) No dia seguinte, estavam todos cansados. maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida de
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas. um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas per- no singular ou no plural.
plexas. A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram
fundamental. proposta.
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em peque-
na parte do território. Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vânda-
3-) los destruiu / destruíram o monumento.
A) No dia seguinte, estavam todos cansados. = correta
B) Romperam a fita da vitória, os dois atletas = não se Observação: nesses casos, o uso do verbo no singular
separa sujeito do predicado (o sujeito está no final). enfatiza a unidade do conjunto; já a forma plural confere
C) Os seus hábitos estranhos, deixavam as pessoas per- destaque aos elementos que formam esse conjunto.
plexas = não se separa sujeito do predicado.
D) A luta em defesa dos mais fracos, é necessária e fun- 2) Quando o sujeito é formado por expressão que in-
damental = não se separa sujeito do predicado. dica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de,
E) As florestas nativas do Brasil, sobrevivem em peque- perto de...) seguida de numeral e substantivo, o verbo con-
na parte do território. = não se separa sujeito do predicado corda com o substantivo.
RESPOSTA: “A”. Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas
Olimpíadas.
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
Observação: quando a expressão “mais de um” asso-
ciar-se a verbos que exprimem reciprocidade, o plural é
obrigatório: Mais de um colega se ofenderam na discussão.
Os concurseiros estão apreensivos. (ofenderam um ao outro)
Concurseiros apreensivos.
3) Quando se trata de nomes que só existem no plu-
No primeiro exemplo, o verbo estar encontra-se na ral, a concordância deve ser feita levando-se em conta a
terceira pessoa do plural, concordando com o seu sujeito, ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo deve
os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo “apreen- ficar no singular; com artigo no plural, o verbo deve ficar
sivos” está concordando em gênero (masculino) e núme- o plural.
ro (plural) com o substantivo a que se refere: concurseiros. Os Estados Unidos possuem grandes universidades.
Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, número e gê- Estados Unidos possui grandes universidades.
nero correspondem-se. Alagoas impressiona pela beleza das praias.
A correspondência de flexão entre dois termos é a con- As Minas Gerais são inesquecíveis.
cordância, que pode ser verbal ou nominal. Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.

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LÍNGUA PORTUGUESA

4) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou *Quando “um dos que” vem entremeada de substanti-
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos, vo, o verbo pode:
quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de vós”, o verbo a) ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa
pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pes- o Estado de São Paulo. ( já que não há outro rio que faça o
soa do plural) ou com o pronome pessoal. mesmo).
Quais de nós são / somos capazes? b) ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? poluídos (noção de que existem outros rios na mesma con-
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- dição).
vadoras.
8) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
Observação: veja que a opção por uma ou outra forma verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém Vossa Excelência está cansado?
diz ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize- Vossas Excelências renunciarão?
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não
ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de tudo e 9) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se de
nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. acordo com o numeral.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver Deu uma hora no relógio da sala.
no singular, o verbo ficará no singular. Deram cinco horas no relógio da sala.
Qual de nós é capaz? Soam dezenove horas no relógio da praça.
Algum de vós fez isso. Baterão doze horas daqui a pouco.

5) Quando o sujeito é formado por uma expressão que Observação: caso o sujeito da oração seja a palavra re-
indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo deve lógio, sino, torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
concordar com o substantivo. O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
25% do orçamento do país será destinado à Educação. Soa quinze horas o relógio da matriz.
85% dos entrevistados não aprovam a administração do
prefeito. 10) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
1% do eleitorado aceita a mudança. sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do singular. São
1% dos alunos faltaram à prova. verbos impessoais: Haver no sentido de existir; Fazer indi-
cando tempo; Aqueles que indicam fenômenos da nature-
Quando a expressão que indica porcentagem não é za. Exemplos:
seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o nú- Havia muitas garotas na festa.
mero. Faz dois meses que não vejo meu pai.
25% querem a mudança. Chovia ontem à tarde.
1% conhece o assunto.
b) Sujeito Composto
Se o número percentual estiver determinado por artigo
ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á com eles: 1) Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo,
Os 30% da produção de soja serão exportados. a concordância se faz no plural:
Esses 2% da prova serão questionados. Pai e filho conversavam longamente.
Sujeito
6) O pronome “que” não interfere na concordância; já o
“quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do singular. Pais e filhos devem conversar com frequência.
Fui eu que paguei a conta. Sujeito
Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida. 2) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gra-
Sou eu quem faz a prova. maticais diferentes, a concordância ocorre da seguinte ma-
Não serão eles quem será aprovado. neira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece sobre a
segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece sobre a
7) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu- terceira (eles). Veja:
mir a forma plural. Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan- Primeira Pessoa do Plural (Nós)
taram os poetas.
Este candidato é um dos que mais estudaram! Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)
Se a expressão for de sentido contrário – nenhum dos
que, nem um dos que -, não aceita o verbo no singular: Pais e filhos precisam respeitar-se.
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Terceira Pessoa do Plural (Eles)
Nem uma das que me escreveram mora aqui.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observação: quando o sujeito é composto, formado 5) Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”,
por um elemento da segunda pessoa (tu) e um da terceira o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos recebem um
(ele), é possível empregar o verbo na terceira pessoa do mesmo grau de importância e a palavra “com” tem sentido
plural (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no muito próximo ao de “e”.
lugar de “tomaríeis”. O pai com o filho montaram o brinquedo.
O governador com o secretariado traçaram os planos
3) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, para o próximo semestre.
passa a existir uma nova possibilidade de concordância: em O professor com o aluno questionaram as regras.
vez de concordar no plural com a totalidade do sujeito, o
verbo pode estabelecer concordância com o núcleo do su- Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se a
jeito mais próximo. ideia é enfatizar o primeiro elemento.
Faltaram coragem e competência. O pai com o filho montou o brinquedo.
Faltou coragem e competência. O governador com o secretariado traçou os planos para
o próximo semestre.
Compareceram todos os candidatos e o banca.
O professor com o aluno questionou as regras.
Compareceu o banca e todos os candidatos.
Observação: com o verbo no singular, não se pode
4) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concordân-
falar em sujeito composto. O sujeito é simples, uma vez
cia é feita no plural. Observe: que as expressões “com o filho” e “com o secretariado” são
Abraçaram-se vencedor e vencido. adjuntos adverbiais de companhia. Na verdade, é como se
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. houvesse uma inversão da ordem. Veja:
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
Casos Particulares “O governador traçou os planos para o próximo semes-
tre com o secretariado.”
1) Quando o sujeito composto é formado por núcleos “O professor questionou as regras com o aluno.”
sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no singular.
Descaso e desprezo marca seu comportamento. *Casos em que se usa o verbo no singular:
A coragem e o destemor fez dele um herói. Café com leite é uma delícia!
O frango com quiabo foi receita da vovó.
2) Quando o sujeito composto é formado por núcleos
dispostos em gradação, verbo no singular: 6) Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segun- pressões correlativas como: “não só...mas ainda”, “não so-
do me satisfaz. mente”..., “não apenas...mas também”, “tanto...quanto”, o
verbo ficará no plural.
3) Quando os núcleos do sujeito composto são unidos Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, de acor- Nordeste.
do com o valor semântico das conjunções: Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a no-
Drummond ou Bandeira representam a essência da poe- tícia.
sia brasileira.
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. 7) Quando os elementos de um sujeito composto são
resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância é
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de “adi- feita com esse termo resumidor.
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
ção”. Já em:
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
Juca ou Pedro será contratado.
na vida das pessoas.
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim-
píada.
Outros Casos
* Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam no 1) O Verbo e a Palavra “SE”
singular. Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há duas
de particular interesse para a concordância verbal:
4) Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem a) quando é índice de indeterminação do sujeito;
outro”, a concordância costuma ser feita no singular. b) quando é partícula apassivadora.
Um ou outro compareceu à festa. Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
Nem um nem outro saiu do colégio. acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e
de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na ter-
Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou no ceira pessoa do singular:
singular: Um e outro farão/fará a prova. Precisa-se de funcionários.
Confia-se em teses absurdas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver- c) Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade e
bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indiretos for seguido de palavras ou expressões como pouco, muito,
(VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o menos de, mais de, etc., o verbo SER fica no singular:
verbo deve concordar com o sujeito da oração. Exemplos: Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
Construiu-se um posto de saúde. Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Construíram-se novos postos de saúde. Duas semanas de férias é muito para mim.
Aqui não se cometem equívocos
Alugam-se casas. d) Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo)
for pronome pessoal do caso reto, com este concordará o
** Dica: Para saber se o “se” é partícula apassivadora verbo.
ou índice de indeterminação do sujeito, tente transformar No meu setor, eu sou a única mulher.
a frase para a voz passiva. Se a frase construída for “com- Aqui os adultos somos nós.
preensível”, estaremos diante de uma partícula apassivado-
ra; se não, o “se” será índice de indeterminação. Veja: Observação: sendo ambos os termos (sujeito e pre-
Precisa-se de funcionários qualificados. dicativo) representados por pronomes pessoais, o verbo
Tentemos a voz passiva: concorda com o pronome sujeito.
Funcionários qualificados são precisados (ou precisos)? Eu não sou ela.
Não há lógica. Portanto, o “se” destacado é índice de inde- Ela não é eu.
terminação do sujeito.
Agora: e) Quando o sujeito for uma expressão de sentido par-
Vendem-se casas. titivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o verbo
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção correta! SER concordará com o predicativo.
Então, aqui, o “se” é partícula apassivadora. (Dá para eu A grande maioria no protesto eram jovens.
passar para a voz passiva. Repare em meu destaque. Per- O resto foram atitudes imaturas.
cebeu semelhança? Agora é só memorizar!).
2) O Verbo “Ser” 3) O Verbo “Parecer”
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias:
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- a) Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexiona
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho.
sujeito.
b) A variação do verbo parecer não ocorre e o infinitivo
Quando o sujeito ou o predicativo for: sofre flexão:
As crianças parece gostarem do desenho.
a)Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo SER (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho as
concorda com a pessoa gramatical: crianças)
Ele é forte, mas não é dois.
Fernando Pessoa era vários poetas. Atenção: Com orações desenvolvidas, o verbo PARE-
A esperança dos pais são eles, os filhos. CER fica no singular. Por Exemplo: As paredes parece que
têm ouvidos. (Parece que as paredes têm ouvidos = oração
b)nome de coisa e um estiver no singular e o outro no subordinada substantiva subjetiva).
plural, o verbo SER concordará, preferencialmente, com o
que estiver no plural: Concordância Nominal
Os livros são minha paixão!
Minha paixão são os livros! A concordância nominal se baseia na relação entre
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
Quando o verbo SER indicar ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
a) horas e distâncias, concordará com a expressão normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um
numérica: termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
É uma hora. A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
São quatro horas. seguintes regras gerais:
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilôme- 1) O adjetivo concorda em gênero e número quando
tros. se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas denun-
ciavam o que sentia.
b) datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
estar expressa ou subentendida: 2) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, a
Hoje é dia 26 de agosto. concordância pode variar. Podemos sistematizar essa fle-
Hoje são 26 de agosto. xão nos seguintes casos:

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LÍNGUA PORTUGUESA

a) Adjetivo anteposto aos substantivos: ** Dica: Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Se
- O adjetivo concorda em gênero e número com o a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se de advérbio,
substantivo mais próximo. portanto, invariável; se houver coerência com o segundo,
Encontramos caídas as roupas e os prendedores. função de adjetivo, então varia:
Encontramos caída a roupa e os prendedores. Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
Encontramos caído o prendedor e a roupa. Ele está só descansando. (apenas descansando) - ad-
vérbio
- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de pa-
rentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. ** Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula depois de
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar. “só”, haverá, novamente, um adjetivo:
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. Ele está só, descansando. (ele está sozinho e descansan-
do)
b) Adjetivo posposto aos substantivos: 7) Quando um único substantivo é modificado por dois
- O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as cons-
ou com todos eles (assumindo a forma masculina plural se truções:
houver substantivo feminino e masculino). a) O substantivo permanece no singular e coloca-se o
A indústria oferece localização e atendimento perfeito. artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura espanhola
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. e a portuguesa.
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos. b) O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e portu-
Observação: os dois últimos exemplos apresentam guesa.
maior clareza, pois indicam que o adjetivo efetivamente se
refere aos dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi Casos Particulares
flexionado no plural masculino, que é o gênero predomi-
nante quando há substantivos de gêneros diferentes. É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
mitido
- Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
jetivo fica no singular ou plural. a) Estas expressões, formadas por um verbo mais um
A beleza e a inteligência feminina(s). adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se referem
O carro e o iate novo(s). possuir sentido genérico (não vier precedido de artigo).
É proibido entrada de crianças.
3) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: Em certos momentos, é necessário atenção.
a) O adjetivo fica no masculino singular, se o substan- No verão, melancia é bom.
tivo não for acompanhado de nenhum modificador: Água É preciso cidadania.
é bom para saúde. Não é permitido saída pelas portas laterais.

b) O adjetivo concorda com o substantivo, se este for b) Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
modificado por um artigo ou qualquer outro determinati- minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o verbo
vo: Esta água é boa para saúde. como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças.
4) O adjetivo concorda em gênero e número com os Esta salada é ótima.
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encontrou-as A educação é necessária.
muito felizes. São precisas várias medidas na educação.

5) Nas expressões formadas por pronome indefinido Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Qui-
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE + te
adjetivo, este último geralmente é usado no masculino sin-
gular: Os jovens tinham algo de misterioso. Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú-
mero com o substantivo ou pronome a que se referem.
6) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem fun- Seguem anexas as documentações requeridas.
ção adjetiva e concorda normalmente com o nome a que A menina agradeceu: - Muito obrigada.
se refere: Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Cristina saiu só. Seguem inclusos os papéis solicitados.
Cristina e Débora saíram sós. Estamos quites com nossos credores.

Observação: quando a palavra “só” equivale a “somen-


te” ou “apenas”, tem função adverbial, ficando, portanto,
invariável: Eles só desejam ganhar presentes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Bastante - Caro - Barato - Longe Questões

Estas palavras são invariáveis quando funcionam como 1-) (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA
advérbios. Concordam com o nome a que se referem quan- E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO ADMINIS-
do funcionam como adjetivos, pronomes adjetivos, ou nu- TRATIVO – CESPE/2014) Em “Vossa Excelência deve estar
merais. satisfeita com os resultados das negociações”, o adjetivo
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) estará corretamente empregado se dirigido a ministro de
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. (pro- Estado do sexo masculino, pois o termo “satisfeita” deve
nome adjetivo) concordar com a locução pronominal de tratamento “Vossa
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) Excelência”.
As casas estão caras. (adjetivo) ( ) CERTO ( ) ERRADO
Achei barato este casaco. (advérbio)
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo) 1-) Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo femi-
nino (ministra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo
Meio - Meia masculino, o adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito. O
pronome de tratamento é apenas a maneira de como tratar
a) A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, a autoridade, não concordando com o gênero (o pronome
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi de tratamento, apenas).
meia porção de polentas. RESPOSTA: “ERRADO”.
b) Quando empregada como advérbio permanece in- 2-) (GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL – CADASTRO
variável: A candidata está meio nervosa. RESERVA PARA O METRÔ/DF – ADMINISTRADOR - IA-
DES/2014 - adaptada) Se, no lugar dos verbos destacados
** Dica! Dá para eu substituir por “um pouco”, assim no verso “Escolho os filmes que eu não vejo no elevador”,
saberei que se trata de um advérbio, não de adjetivo: “A
fossem empregados, respectivamente, Esquecer e gostar, a
candidata está um pouco nervosa”.
nova redação, de acordo com as regras sobre regência ver-
bal e concordância nominal prescritas pela norma-padrão,
Alerta - Menos
deveria ser
(A) Esqueço dos filmes que eu não gosto no elevador.
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
(B) Esqueço os filmes os quais não gosto no elevador.
sempre invariáveis.
(C) Esqueço dos filmes aos quais não gosto no eleva-
Os concurseiros estão sempre alerta.
dor.
Não queira menos matéria!
(D) Esqueço dos filmes dos quais não gosto no eleva-
* Tome nota! dor.
Não variam os substantivos que funcionam como ad- (E) Esqueço os filmes dos quais não gosto no elevador.
jetivos:
Bomba – notícias bomba 2-) O verbo “esquecer” pede objeto direto; “gostar”, in-
Chave – elementos chave direto (com preposição): Esqueço os filmes dos quais não
Monstro – construções monstro gosto.
Padrão – escola padrão RESPOSTA: “E”.

Fontes de pesquisa: 3-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) Considerada a


http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49. substituição do segmento grifado pelo que está entre pa-
php rênteses ao final da transcrição, o verbo que deverá perma-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- necer no singular está em:
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: (A) ... disse o pesquisador à Folha de S. Paulo. (os pes-
Saraiva, 2010. quisadores)
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- (B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu para a
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. ruína dessa sociedade... (as mudanças do clima)
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- (C) No sistema havia também uma estação... (várias es-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. tações)
(D) ... a civilização maia da América Central tinha um
método sustentável de gerenciamento da água. (os povos
que habitavam a América Central)
(E) Um estudo publicado recentemente mostra que a
civilização maia... (Estudos como o que acabou de ser pu-
blicado).

57
LÍNGUA PORTUGUESA

3-) 1-) Verbos Intransitivos


(A) ... disse (disseram) (os pesquisadores)
(B) Segundo ele, a mudança climática contribuiu (con- Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
tribuíram) (as mudanças do clima) importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
(C) No sistema havia (várias estações) = permanecerá aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
no singular - Chegar, Ir
(D) ... a civilização maia da América Central tinha (ti- Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
nham) (os povos que habitavam a América Central) biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
(E) Um estudo publicado recentemente mostra (mos- indicar destino ou direção são: a, para.
tram) (Estudos como o que acabou de ser publicado). Fui ao teatro.
RESPOSTA: “C”. Adjunto Adverbial de Lugar

Ricardo foi para a Espanha.


Adjunto Adverbial de Lugar
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
- Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por
em ou a.
Dá-se o nome de regência à relação de subordinação Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome último jogo.
(regência nominal) e seus complementos.
2-) Verbos Transitivos Diretos
Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
Os verbos transitivos diretos são complementados por
A regência verbal estuda a relação que se estabelece objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
entre os verbos e os termos que os complementam (obje- para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre-
tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos gar esses verbos, lembre-se de que os pronomes oblíquos
adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma regência, o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes
o que corresponde à diversidade de significados que estes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas ver-
verbos podem adquirir dependendo do contexto em que bais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após
forem empregados. formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e
A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, con- lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
tentar. São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban-
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar agra- donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar,
do ou prazer”, satisfazer. admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar,
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agra- castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, defender,
dar a alguém”. eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar,
proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
Saiba que: Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
O conhecimento do uso adequado das preposições é como o verbo amar:
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver- Amo aquele rapaz. / Amo-o.
bal (e também nominal). As preposições são capazes de Amo aquela moça. / Amo-a.
modificar completamente o sentido daquilo que está sen- Amam aquele rapaz. / Amam-no.
do dito. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô. Observação: os pronomes lhe, lhes só acompanham
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se- esses verbos para indicar posse (caso em que atuam como
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. adjuntos adnominais):
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
A voluntária distribuía leite às crianças. Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
A voluntária distribuía leite com as crianças. reira)
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (obje- mor)
to indireto: às crianças); na segunda, como transitivo direto
(objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto adverbial). 3-) Verbos Transitivos Indiretos

Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos Os verbos transitivos indiretos são complementados
de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é um por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes gem uma preposição para o estabelecimento da relação de
formas em frases distintas. regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter-

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LÍNGUA PORTUGUESA

ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são Informar
o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam - Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re- Informe os novos preços aos clientes.
presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos preços)
lhe, lhes.
- Na utilização de pronomes como complementos, veja
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: as construções:
- Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so-
iguais para todos.
bre eles)
- Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complemen-
Observação: a mesma regência do verbo informar é
tos introduzidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. usada para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientifi-
Eles desobedeceram às leis do trânsito. car, prevenir.

- Responder - Tem complemento introduzido pela pre- Comparar


posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
quem” ou “ao que” se responde. preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento
Respondi ao meu patrão. indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de
Respondemos às perguntas. uma criança.
Respondeu-lhe à altura.
Pedir
Observação: o verbo responder, apesar de transitivo Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na
indireto quando exprime aquilo a que se responde, admite forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
voz passiva analítica: pessoa.
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamen- Pedi-lhe favores.
te.
Objeto Indireto Objeto Direto
- Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
tos introduzidos pela preposição “com”.
Antipatizo com aquela apresentadora. Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
Simpatizo com os que condenam os políticos que gover- tantiva Objetiva Direta
nam para uma minoria privilegiada.
Saiba que:
4-) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos - A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa- culta. No entanto, é considerada correta quando a palavra
nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta- licença estiver subentendida.
que, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São verbos Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto
indireto relacionado a pessoas. Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
uma oração subordinada adverbial final reduzida de infiniti-
Agradeço aos ouvintes a audiência. vo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
Objeto Indireto Objeto Direto
Preferir
Paguei o débito ao cobrador.
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto in-
Objeto Direto Objeto Indireto
direto introduzido pela preposição “a”:
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
com particular cuidado: Prefiro trem a ônibus.
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. Observação: na língua culta, o verbo “preferir” deve
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. ser usado sem termos intensificadores, tais como: muito,
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. antes, mil vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é
Paguei minhas contas. / Paguei-as. dada pelo prefixo existente no próprio verbo (pre).
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Mudança de Transitividade - Mudança de Signifi- CHAMAR


cado - Chamar é transitivo direto no sentido de convocar,
solicitar a atenção ou a presença de.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi- Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha-
dade, apresentam mudança de significado. O conhecimen- má-la.
to das diferentes regências desses verbos é um recurso lin- Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
guístico muito importante, pois além de permitir a correta
interpretação de passagens escritas, oferece possibilidades - Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predi-
estão: cativo preposicionado ou não.
A torcida chamou o jogador mercenário.
AGRADAR A torcida chamou ao jogador mercenário.
A torcida chamou o jogador de mercenário.
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
A torcida chamou ao jogador de mercenário.
nhos, acariciar, fazer as vontades de.
Sempre agrada o filho quando.
- Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
Aquele comerciante agrada os clientes.
Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
- Agradar é transitivo indireto no sentido de causar CUSTAR
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento in- - Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
troduzido pela preposição “a”. valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial:
O cantor não agradou aos presentes. Frutas e verduras não deveriam custar muito.
O cantor não lhes agradou.
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
*O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indireto: ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração re-
O cantor desagradou à plateia. duzida de infinitivo.

ASPIRAR Muito custa viver tão longe da família.


- Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi- Verbo Intransitivo Oração Subordinada
rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

- Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter Custou-me (a mim) crer nisso.
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (Aspi- Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
rávamos a ele) tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo

* Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes- *A Gramática Normativa condena as construções que
soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”. pessoa: Custei para entender o problema. = Forma
Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (= As- correta: Custou-me entender o problema.
piravam a ela)
IMPLICAR
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
ASSISTIR
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
implicavam um firme propósito.
tar assistência a, auxiliar.
b) ter como consequência, trazer como consequência,
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
- Como transitivo direto e indireto, significa compro-
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
ciar, estar presente, caber, pertencer. econômicas.
Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões. * No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
Essa lei assiste ao inquilino. indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem
não trabalhasse arduamente.
*No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de NAMORAR
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa - Sempre transitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
conturbada cidade. anos.

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LÍNGUA PORTUGUESA

OBEDECER - DESOBEDECER Há uma construção em que a coisa esquecida ou lem-


- Sempre transitivo indireto: brada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
Todos obedeceram às regras. alteração de sentido. É uma construção muito rara na lín-
Ninguém desobedece às leis. gua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado de
*Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
“lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas. Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
PROCEDER Não lhe lembram os bons momentos da infância? (=
- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter momentos é sujeito)
cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto SIMPATIZAR - ANTIPATIZAR
adverbial de modo. - São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
As afirmações da testemunha procediam, não havia Não simpatizei com os jurados.
como refutá-las. Simpatizei com os alunos.
Você procede muito mal.
Importante: A norma culta exige que os verbos e ex-
- Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo- pressões que dão ideia de movimento sejam usados com
sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido a preposição “a”:
pela preposição “a”) é transitivo indireto. Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
O avião procede de Maceió. Cláudia desceu ao segundo andar.
Procedeu-se aos exames. Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.
O delegado procederá ao inquérito.
Regência Nominal
QUERER
- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter É o nome da relação existente entre um nome (subs-
vontade de, cobiçar. tantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
Querem melhor atendimento. nome. Essa relação é sempre intermediada por uma prepo-
Queremos um país melhor. sição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo
- Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
estimar, amar: Quero muito aos meus amigos. um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos
nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
VISAR nomes correspondentes: todos regem complementos in-
- Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi- troduzidos pela preposição a. Veja:
rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo. Obedecer a algo/ a alguém.
O gerente não quis visar o cheque. Obediente a algo/ a alguém.

- No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como Se uma oração completar o sentido de um nome, ou
objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”. seja, exercer a função de complemento nominal, ela será
O ensino deve sempre visar ao progresso social. completiva nominal (subordinada substantiva).
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
público.

ESQUECER – LEMBRAR
- Lembrar algo – esquecer algo
- Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronomi-
nal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,


exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e
exigem complemento com a preposição “de”. São, portan-
to, transitivos indiretos:
- Ele se esqueceu do caderno.
- Eu me esqueci da chave.
- Eles se esqueceram da prova.
- Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de

Observação: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: para-
lela a; paralelamente a; relativa a; relativamente a.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

Questões

1-) (PRODAM – AUXILIAR - MOTORISTA – FUNCAB/2014) Assinale a alternativa em que a frase segue a norma culta da
língua quanto à regência verbal.
A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir.
B) Eu esqueci do seu nome.
C) Você assistiu à cena toda?
D) Ele chegou na oficina pela manhã.
E) Sempre obedeço as leis de trânsito.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo


A) Prefiro viajar de ônibus do que dirigir. = prefiro viajar (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
de ônibus a dirigir sujeito e predicado.
B) Eu esqueci do seu nome. = Eu me esqueci do seu O sujeito é o termo da frase que concorda com o verbo
nome em número e pessoa. É o “ser de quem se declara algo”, “o
C) Você assistiu à cena toda? = correta tema do que se vai comunicar”; o predicado é a parte da
D) Ele chegou na oficina pela manhã. = Ele chegou à frase que contém “a informação nova para o ouvinte”, é o
oficina pela manhã que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, constituindo
E) Sempre obedeço as leis de trânsito. = Sempre obe- a declaração do que se atribui ao sujeito.
deço às leis de trânsito Quando o núcleo da declaração está no verbo (que in-
RESPOSTA: “C”. dique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo signi-
ficativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo estiver
2-) (POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE SÃO PAULO/SP – em um nome (geralmente um adjetivo), teremos um predi-
MÉDICO LEGISTA – VUNESP/2014 - adaptada) Leia o se- cado nominal (os verbos deste tipo de predicado são os
guinte trecho para responder à questão. que indicam estado, conhecidos como verbos de ligação):
A pesquisa encontrou um dado curioso: homens com O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
baixos níveis de testosterona tiveram uma resposta imuno- (predicado verbal)
lógica melhor a essa medida, similar _______________ . A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
A alternativa que completa, corretamente, o texto é: cleo é “fácil” (predicado nominal)
(A) das mulheres
(B) às mulheres Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
(C) com das mulheres por uma ou mais orações, formando um todo, com sentido
(D) à das mulheres completo. O período pode ser simples ou composto.
(E) ao das mulheres
Período simples é aquele constituído por apenas uma
oração, que recebe o nome de oração absoluta.
2-) Similar significa igual; sua regência equivale à da
Chove.
palavra “igual”: igual a quê? Similar a quem? Similar à (su-
A existência é frágil.
bentendido: resposta imunológica) das mulheres.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.
RESPOSTA: “D”.
Período composto é aquele constituído por duas ou
mais orações:
Cantei, dancei e depois dormi.
Quero que você estude mais.
FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO Termos essenciais da oração
TERMOS DA ORAÇÃO
COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO O sujeito e o predicado são considerados termos
essenciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis
para a formação das orações. No entanto, existem orações
formadas exclusivamente pelo predicado. O que define a
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para oração é a presença do verbo. O sujeito é o termo que es-
estabelecer comunicação. Normalmente é composta por tabelece concordância com o verbo.
dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigato- O candidato está preparado.
riamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trovejou Os candidatos estão preparados.
muito ontem à noite.
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nominais minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
(sem a presença de verbos), feita a partir de seus elementos estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo
constituintes, elas podem ser classificadas a partir de seu no singular: candidato = está).
sentido global: A função do sujeito é basicamente desempenhada por
- frases interrogativas = o emissor da mensagem for- substantivos, o que a torna uma função substantiva da ora-
mula uma pergunta: Que dia é hoje? ção. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer outras
- frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou faz palavras substantivadas (derivação imprópria) também po-
um pedido: Dê-me uma luz! dem exercer a função de sujeito.
- frases exclamativas = o emissor exterioriza um estado Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs-
afetivo: Que dia abençoado! tantivo)
- frases declarativas = o emissor constata um fato: A Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
prova será amanhã. plo: substantivo)

63
LÍNGUA PORTUGUESA

Os sujeitos são classificados a partir de dois elementos: 1-) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
o de determinação ou indeterminação e o de núcleo do o sujeito não tenha sido identificado anteriormente:
sujeito. Bateram à porta;
Um sujeito é determinado quando é facilmente iden- Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
tificado pela concordância verbal. O sujeito determinado nistro.
pode ser simples ou composto.
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é * Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
possível identificar claramente a que se refere a concor- ou composto:
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não inte- Os meninos bateram à porta. (simples)
ressa indicar precisamente o sujeito de uma oração. Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
Estão gritando seu nome lá fora.
Trabalha-se demais neste lugar. 2-) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típica dos
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- verbos que não apresentam complemento direto:
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no Precisa-se de mentes criativas.
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abaixo, Vivia-se bem naqueles tempos.
sublinhei os núcleos dos sujeitos: Trata-se de casos delicados.
Nós estudaremos juntos. Sempre se está sujeito a erros.
A humanidade é frágil.
Ninguém se move. O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice de
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma indeterminação do sujeito.
derivação imprópria, transformando-o em substantivo)
As crianças precisam de alimentos saudáveis. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo predi-
cado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A men-
O sujeito composto é o sujeito determinado que apre- sagem está centrada no processo verbal. Os principais ca-
sos de orações sem sujeito com:
senta mais de um núcleo.
Alimentos e roupas custam caro.
1-) os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Ela e eu sabemos o conteúdo.
Amanheceu.
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
Está trovejando.
Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
2-) os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao tempo em
“antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo do
geral:
sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido pela Está tarde.
desinência verbal ou pelo contexto. Já são dez horas.
Abolimos todas as regras. = (nós) Faz frio nesta época do ano.
Falaste o recado à sala? = (tu) Há muitos concursos com inscrições abertas.
* Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri- Predicado é o conjunto de enunciados que contém a
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na segun- informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas
da do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os prono- orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia
mes não estejam explícitos. um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado é
Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implícito aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com exceção
na desinência verbal “-mos” do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que difere
Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na desi- do sujeito numa oração é o seu predicado.
nência verbal “-ais” Chove muito nesta época do ano.
Houve problemas na reunião.
Mas:
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós * Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-
Vós cantais bem! = sujeito simples: vós cado.

O sujeito indeterminado surge quando não se quer - As questões estavam fáceis!


ou não se pode - identificar a que o predicado da oração Sujeito simples = as questões
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso Predicado = estavam fáceis
contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermina- Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
do de duas maneiras: Sujeito = uma ideia estranha
Predicado = passou-me pelo pensamento

64
LÍNGUA PORTUGUESA

Para o estudo do predicado, é necessário verificar se No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
seu núcleo é um nome (então teremos um predicado no- duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de liga-
minal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se considerar ção. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: um
também se as palavras que formam o predicado referem- verbal e outro nominal.
se apenas ao verbo ou também ao sujeito da oração. O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.

Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
de opinião. o complemento homens com o predicativo “inconstantes”.
Predicado
Termos integrantes da oração
O predicado acima apresenta apenas uma palavra que
se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras ligam-se Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
direta ou indiretamente ao verbo. complemento nominal são chamados termos integrantes da
A cidade está deserta. oração.
Os complementos verbais integram o sentido dos ver-
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-se bos transitivos, com eles formando unidades significativas.
ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como elemento Estes verbos podem se relacionar com seus complementos
de ligação (por isso verbo de ligação) entre o sujeito e a diretamente, sem a presença de preposição, ou indireta-
palavra a ele relacionada (no caso: deserta = predicativo mente, por intermédio de preposição.
do sujeito).
O objeto direto é o complemento que se liga direta-
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo mente ao verbo.
significativo um verbo: Houve muita confusão na partida final.
Chove muito nesta época do ano. Queremos sua ajuda.
Estudei muito hoje!
O objeto direto preposicionado ocorre principalmen-
Compraste a apostila?
te:
- com nomes próprios de pessoas ou nomes comuns
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
referentes a pessoas:
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam pro-
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
cessos.
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
na-se: objeto direto preposicionado)
O predicado nominal é aquele que tem como núcleo
significativo um nome; este atribui uma qualidade ou esta- - com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
do ao sujeito, por isso é chamado de predicativo do sujei- de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero cansar a
to. O predicativo é um nome que se liga a outro nome da Vossa Senhoria.
oração por meio de um verbo (o verbo de ligação).
Nos predicados nominais, o verbo não é significativo, - para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise.
isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre- (sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica
dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado do a crise)
sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, an- O objeto indireto é o complemento que se liga indi-
dar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como ele- retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
mento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele rela- Gosto de música popular brasileira.
cionadas. Necessito de ajuda.
* A função de predicativo é exercida, normalmente, por
um adjetivo ou substantivo. O termo que integra o sentido de um nome chama-se
complemento nominal, que se liga ao nome que comple-
O predicado verbo-nominal é aquele que apresen- ta por intermédio de preposição:
ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a palavra
predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir ao “necessária”
sujeito ou ao complemento verbal (objeto). Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
nificativo, indicando processos. É também sempre por in- Termos acessórios da oração e vocativo
termédio do verbo que o predicativo se relaciona com o
termo a que se refere. Os termos acessórios recebem este nome por serem
1- O dia amanheceu ensolarado; explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
2- As mulheres julgam os homens inconstantes. junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o vocativo
– este, sem relação sintática com outros temos da oração.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O adjunto adverbial é o termo da oração que indi- O aposto pode ser classificado, de acordo com seu va-
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o lor na oração, em:
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função a) explicativo: A linguística, ciência das línguas huma-
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais nas, permite-nos interpretar melhor nossa relação com o
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei a mundo.
pé àquela velha praça. b) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
coisas: amor, arte, ação.
As circunstâncias comumente expressas pelo adjunto c) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e sonho,
adverbial são: tudo forma o carnaval.
- assunto: Falavam sobre futebol. d) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fixa-
- causa: As folhas caíram com o vento. ram-se por muito tempo na baía anoitecida.
- companhia: Ficarei com meus pais.
- concessão: Apesar de você, serei feliz. O vocativo é um termo que serve para chamar, invocar
- conformidade: Fez tudo conforme o combinado. ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não mantendo
- dúvida: Talvez ainda chova. relação sintática com outro termo da oração. A função de
- fim: Estudou para o exame. vocativo é substantiva, cabendo a substantivos, pronomes
- instrumento: Fez o corte com a faca. substantivos, numerais e palavras substantivadas esse pa-
- intensidade: Falava bastante.
pel na linguagem.
- lugar: Vou à cidade.
João, venha comigo!
- matéria: Este prato é feito de porcelana.
Traga-me doces, minha menina!
- meio: Viajarei de trem.
- modo: Foram recrutados a dedo.
- negação: Não há ninguém que mereça.
- tempo: Ontem à tarde encontrou o velho amigo. Questões

O adjunto adnominal é o termo acessório que deter- 1-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/
mina, especifica ou explica um substantivo. É uma função UFAL/2014 - adaptada)
adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas que
exercem o papel de adjunto adnominal na oração. Também
atuam como adjuntos adnominais os artigos, os numerais
e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
amigo de infância.

O adjunto adnominal se liga diretamente ao substan-


tivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o predi-
cativo do objeto se liga ao objeto por meio de um verbo.
O poeta português deixou uma obra originalíssima.
O poeta deixou-a.
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: ad-
junto adnominal)

O poeta português deixou uma obra inacabada. O cartaz acima divulga a peça de teatro “Quem tem
O poeta deixou-a inacabada. medo de Virginia Woolf?” escrita pelo norte-americano
(inacabada precisou ser repetida, então: predicativo do Edward Albee. O termo “de Virginia Woolf”, do título em
objeto)
português da peça, funciona como:
A) objeto indireto.
Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
B) complemento nominal.
substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto adnominal se
relaciona apenas ao substantivo. C) adjunto adnominal.
D) adjunto adverbial.
O aposto é um termo acessório que permite ampliar, E) agente da passiva.
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um ter-
mo que exerça qualquer função sintática: Ontem, segunda- 1-) O termo complementa a palavra “medo”, que é
feira, passei o dia mal-humorado. substantivo (nome – nominal). Portanto é um complemen-
to nominal. O verbo “ter” tem como complemento verbal
Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tempo (objeto) a palavra “medo”, que exerce a função sintática de
“ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao termo objeto direto.
que se relaciona porque poderia substituí-lo: Segunda-feira RESPOSTA: “B”.
passei o dia mal-humorado.

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014) Coordenadas Assindéticas


... que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas...
O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com- São orações coordenadas entre si e que não são liga-
plemento que o da frase acima está em: das através de nenhum conectivo. Estão apenas justapos-
(A) A Rota da Seda nunca foi uma rota única... tas.
(B) Esses caminhos floresceram durante os primórdios Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci.
da Idade Média.
(C) ... viajavam por cordilheiras... Coordenadas Sindéticas
(D) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
(E) O maquinista empurra a manopla do acelerador. Ao contrário da anterior, são orações coordenadas en-
tre si, mas que são ligadas através de uma conjunção coor-
2-) Acompanhar é transitivo direto (acompanhar quem denativa, que dará à oração uma classificação. As orações
ou o quê - não há preposição): coordenadas sindéticas são classificadas em cinco tipos:
A = foi = verbo de ligação (ser) – não há complemento, aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e explicati-
mas sim, predicativo do sujeito (rota única); vas.
B = floresceram = intransitivo (durante os primórdios =
adjunto adverbial); ** Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção!
C = viajavam = intransitivo (por cordilheiras = adjunto Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas prin-
adverbial); cipais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não
D = cair = intransitivo; só... como, assim... como.
E = empurra = transitivo direto (empurrar quem ou o Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
quê?) Comprei o protetor solar e fui à praia.
RESPOSTA: “E”.
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas
Período Composto por Coordenação principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretan-
to, porém, no entanto, ainda, assim, senão.
O período composto se caracteriza por possuir mais de Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
uma oração em sua composição. Sendo assim: Li tudo, porém não entendi!
- Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
oração) Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer;
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas seja...seja.
orações) Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
- Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar
um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas
orações). principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por con-
seguinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo).
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer Passei no concurso, portanto comemorarei!
entre as orações de um período composto: uma relação de A situação é delicada; devemos, pois, agir.
coordenação ou uma relação de subordinação.
Duas orações são coordenadas quando estão juntas Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas
em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco de principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verda-
informações, marcado pela pontuação final), mas têm, am- de, pois (anteposto ao verbo).
bas, estruturas individuais, como é o exemplo de: Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do-
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia. mingo.
(Período Composto) Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
Podemos dizer:
1. Estou comprando um protetor solar. Período Composto Por Subordinação
2. Irei à praia.
Separando as duas, vemos que elas são independen- Quero que você seja aprovado!
tes. Tal período é classificado como Período Composto Oração principal oração subordinada
por Coordenação.
Quanto à classificação das orações coordenadas, te- Observe que na oração subordinada temos o verbo
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas “seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular
Sindéticas. do presente do subjuntivo, além de ser introduzida por
conjunção. As orações subordinadas que apresentam ver-
bo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do
indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas por con-
junção, chamam-se orações desenvolvidas ou explícitas.

67
LÍNGUA PORTUGUESA

Podemos modificar o período acima. Veja: * Atenção: Observe que a oração subordinada subs-
tantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim,
Quero ser aprovado. temos um período simples:
Oração Principal Oração Subordinada É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá
A análise das orações continua sendo a mesma: “Que- a função de sujeito.
ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração su- Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração
bordinada “ser aprovado”. Observe que a oração subordi- principal:
nada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além disso,
a conjunção “que”, conectivo que unia as duas orações, - Verbos de ligação + predicativo, em construções do
desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo surge tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É
numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particí- claro - Está evidente - Está comprovado
pio) chamamos orações reduzidas ou implícitas. É bom que você compareça à minha festa.
* Observação: as orações reduzidas não são introdu-
- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se,
zidas por conjunções nem pronomes relativos. Podem ser,
Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado, Ficou
eventualmente, introduzidas por preposição.
provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
1-) Orações Subordinadas Substantivas

A oração subordinada substantiva tem valor de subs- - Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar -
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção inte- importar - ocorrer - acontecer
grante (que, se). Convém que não se atrase na entrevista.

Não sei se sairemos hoje. Observação: quando a oração subordinada substanti-


Oração Subordinada Substantiva va é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na
3.ª pessoa do singular.
Temos medo de que não sejamos aprovados.
Oração Subordinada Substantiva b) Objetiva Direta = exerce função de objeto direto
do verbo da oração principal:
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também
introduzem as orações subordinadas substantivas, bem Todos querem sua aprovação no concurso.
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, Objeto Direto
como).
Todos querem que você seja aprovado. (Todos
O garoto perguntou qual seu nome. querem isso)
Oração Subordinada Subs- Oração Principal oração Subordinada Substantiva
tantiva Objetiva Direta

Não sabemos quando ele virá. As orações subordinadas substantivas objetivas diretas
Oração Subordinada Substan- (desenvolvidas) são iniciadas por:
tiva - Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e
“se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
Classificação das Orações Subordinadas Substanti-
vas
- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O
Conforme a função que exerce no período, a oração
pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.
subordinada substantiva pode ser:
a) Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
verbo da oração principal: - Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às ve-
zes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu
É fundamental o seu comparecimento à reu- não sei por que ela fez isso.
nião.
Sujeito c) Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do
verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
É fundamental que você compareça à
reunião. Meu pai insiste em meu estudo.
Oração Principal Oração Subordinada Substan- Objeto Indireto
tiva Subjetiva

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LÍNGUA PORTUGUESA

Meu pai insiste em que eu estude. (Meu pai insiste 2-) Orações Subordinadas Adjetivas
nisso)
Oração Subordinada Substantiva Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui
Objetiva Indireta valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem
Observação: em alguns casos, a preposição pode estar a função de adjunto adnominal do antecedente.
elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. Esta foi uma redação bem-sucedida.
Oração Subordinada Substantiva Substantivo Adjetivo (Adjunto Adno-
Objetiva Indireta minal)

d) Completiva Nominal = completa um nome que O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo
pertence à oração principal e também vem marcada por “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
preposição. construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:

Sentimos orgulho de seu comportamento. Esta foi uma redação que fez sucesso.
Complemento Nominal Oração Principal Oração Subordinada
Adjetiva
Sentimos orgulho de que você se comportou. (Sen-
timos orgulho disso.) Perceba que a conexão entre a oração subordinada
Oração Subordinada Substantiva adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
Completiva Nominal feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha
Lembre-se: as orações subordinadas substantivas ob- uma função sintática na oração subordinada: ocupa o pa-
jetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto pel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso,
que orações subordinadas substantivas completivas nomi- “redação” é sujeito, então o “que” também funciona como
nais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma sujeito).
da outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com-
Observação: para que dois períodos se unam num
plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o
período composto, altera-se o modo verbal da segunda
segundo, um nome.
oração.
e) Predicativa = exerce papel de predicativo do sujei-
Atenção: Vale lembrar um recurso didático para re-
to do verbo da oração principal e vem sempre depois do
conhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser
verbo ser.
substituído por: o qual - a qual - os quais - as quais
Nosso desejo era sua desistência. Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta oração é
Predicativo do Sujeito equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual estuda.

Nosso desejo era que ele desistisse. (Nosso desejo Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
era isso)
Oração Subordinada Substantiva Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Predicativa apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi-
Observação: em certos casos, usa-se a preposição ex- das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas
pletiva “de” para realce. Veja o exemplo: A impressão é de reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo
que não fui bem na prova. (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
f) Apositiva = exerce função de aposto de algum ter- particípio).
mo da oração principal.
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade! Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
Aposto
No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz! jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome re-
Oração subordinada lativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito per-
substantiva apositiva reduzida de infinitivo feito do indicativo. No segundo, há uma oração subordina-
(Fernanda tinha um grande sonho: isso) da adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo
e seu verbo está no infinitivo.
* Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! (:)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
minha vida.
Na relação que estabelecem com o termo que caracteri- Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de
zam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de duas minha vida.
maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou especifi-
cam o sentido do termo a que se referem, individualizando-o. No primeiro período, “naquele momento” é um adjun-
Nestas orações não há marcação de pausa, sendo chamadas to adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “sen-
subordinadas adjetivas restritivas. Existem também orações ti”. No segundo período, este papel é exercido pela oração
que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o ante-
“Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração subordi-
cedente, que já se encontra suficientemente definido. Estas
nada adverbial temporal. Esta oração é desenvolvida, pois
orações denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.
Exemplo 1: é introduzida por uma conjunção subordinativa (quando)
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do
passava naquele momento. pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la,
Oração obtendo-se:
Subordinada Adjetiva Restritiva Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de minha
vida.
No período acima, observe que a oração em destaque
restringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: tra- A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
ta-se de um homem específico, único. A oração limita o uni- das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
verso de homens, isto é, não se refere a todos os homens, introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma
mas sim àquele que estava passando naquele momento. preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).

Exemplo 2: Observação: a classificação das orações subordinadas


O homem, que se considera racional, muitas vezes age adverbiais é feita do mesmo modo que a classificação dos
animalescamente. adjuntos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa pela oração.
Agora, a oração em destaque não tem sentido restritivo
Orações Subordinadas Adverbiais
em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas explici-
ta uma ideia que já sabemos estar contida no conceito de
“homem”. a) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do
** Saiba que: A oração subordinada adjetiva explicati- que se declara na oração principal. Principal conjunção su-
va é separada da oração principal por uma pausa que, na bordinativa causal: porque. Outras conjunções e locuções
escrita, é representada pela vírgula. É comum, por isso, que causais: como (sempre introduzido na oração anteposta à
a pontuação seja indicada como forma de diferenciar as ora- oração principal), pois, pois que, já que, uma vez que, visto
ções explicativas das restritivas; de fato, as explicativas vêm que.
sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não. As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
Já que você não vai, eu também não vou.
3-) Orações Subordinadas Adverbiais
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce sindética explicativa é que esta “explica” o fato que aconte-
a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal. ceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apresenta
Assim, pode exprimir circunstância de tempo, modo, fim, a “causa” do acontecimento expresso na oração à qual ela
causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida, vem se subordina. Repare:
introduzida por uma das conjunções subordinativas (com
1-) Faltei à aula porque estava doente.
exclusão das integrantes, que introduzem orações subor-
2-) Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
dinadas substantivas). Classifica-se de acordo com a con-
junção ou locução conjuntiva que a introduz (assim como Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro que o
acontece com as coordenadas sindéticas). fato expresso na oração anterior, ou seja, o fato de estar
doente impediu-me de ir à aula. No exemplo 2, a oração
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. sublinhada relata um fato que aconteceu depois, já que
Oração Subordinada Adverbial primeiro ela chorou, depois seus olhos ficaram vermelhos.
b) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
A oração em destaque agrega uma circunstância de cia, é efeito do que se declara na oração principal. São in-
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada adver- troduzidas pelas conjunções e locuções: que, de forma que,
bial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos acessórios de sorte que, tanto que, etc., e pelas estruturas tão...que, tan-
que indicam uma circunstância referente, via de regra, a to...que, tamanho...que.
um verbo. A classificação do adjunto adverbial depende da Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
exata compreensão da circunstância que exprime. (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con- g) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que
cretizando-os. se declara na oração principal. Principal conjunção subordi-
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzi- nativa final: a fim de. Outras conjunções finais: que, porque
da de Infinitivo) (= para que) e a locução conjuntiva para que.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas.
c) Condicional = Condição é aquilo que se impõe Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
como necessário para a realização ou não de um fato. As
orações subordinadas adverbiais condicionais exprimem o h) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
que deve ou não ocorrer para que se realize - ou deixe de seja, um fato simultâneo ao expresso na oração principal.
se realizar - o fato expresso na oração principal. Principal locução conjuntiva subordinativa proporcional: à
Principal conjunção subordinativa condicional: se. Ou- proporção que. Outras locuções conjuntivas proporcio-
tras conjunções condicionais: caso, contanto que, desde que, nais: à medida que, ao passo que. Há ainda as estruturas:
salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, sem que, quanto maior...(maior), quanto maior...(menor), quanto me-
uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). nor...(maior), quanto menor...(menor), quanto mais...(mais),
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, quanto mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto me-
certamente o melhor time será campeão. nos...(menos).
Caso você saia, convide-me. À proporção que estudávamos mais questões acertáva-
mos.
d) Concessiva = indica concessão às ações do verbo À medida que lia mais culto ficava.
da oração principal, isto é, admitem uma contradição ou
um fato inesperado. A ideia de concessão está diretamente i) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
ligada ao contraste, à quebra de expectativa. Principal con- expresso na oração principal, podendo exprimir noções de
junção subordinativa concessiva: embora. Utiliza-se tam- simultaneidade, anterioridade ou posterioridade. Principal
bém a conjunção: conquanto e as locuções ainda que, ainda conjunção subordinativa temporal: quando. Outras con-
quando, mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que. junções subordinativas temporais: enquanto, mal e locu-
Só irei se ele for. ções conjuntivas: assim que, logo que, todas as vezes que,
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu”
antes que, depois que, sempre que, desde que, etc.
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Compare agora com:
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi-
Irei mesmo que ele não vá.
nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
Fontes de pesquisa:
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/fra-
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con-
se-periodo-e-oracao
cessiva.
Observe outros exemplos: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
Embora fizesse calor, levei agasalho. coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)

e) Comparativa= As orações subordinadas adverbiais CRASE


comparativas estabelecem uma comparação com a ação
indicada pelo verbo da oração principal. Principal conjun-
ção subordinativa comparativa: como.
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
Você age como criança. (age como uma criança age) idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” com
o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos pro-
*geralmente há omissão do verbo. nomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo e com
o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as quais).
f) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou Casos estes em que tal fusão encontra-se demarcada pelo
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado para a acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, à qual, às
execução do que se declara na oração principal. Principal quais.
conjunção subordinativa conformativa: conforme. Outras O uso do acento indicativo de crase está condicionado
conjunções conformativas: como, consoante e segundo (to- aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal e no-
das com o mesmo valor de conforme). minal, mais precisamente ao termo regente e termo regido.
Fiz o bolo conforme ensina a receita. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - que exige
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm complemento regido pela preposição “a”, e o termo regido
direitos iguais. é aquele que completa o sentido do termo regente, admi-
tindo a anteposição do artigo a(s).

71
LÍNGUA PORTUGUESA

Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela con- * A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
tratada recentemente. verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebe o acento grave:
Após a junção da preposição com o artigo (destacados - locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às pres-
entre parênteses), temos: sas, à vontade...
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contratada - locuções prepositivas: à frente, à espera de, à procura
recentemente. de...
- locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que.
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, clas-
sifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos referi- * Cuidado: quando as expressões acima não exerce-
mos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição a + o rem a função de locuções não ocorrerá crase. Repare:
artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o pronome Eu adoro a noite!
demonstrativo aquela (àquela). Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não
Observação importante: Alguns recursos servem de preposição.
ajuda para que possamos confirmar a ocorrência ou não da
crase. Eis alguns: Casos passíveis de nota:
a) Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a crase *a crase é facultativa diante de nomes próprios femini-
está confirmada. nos: Entreguei o caderno a (à) Eliza.
Os dados foram solicitados à diretora.
Os dados foram solicitados ao diretor. *também é facultativa diante de pronomes possessivos
femininos: O diretor fez referência a (à) sua empresa.
b) No caso de nomes próprios geográficos, substitui-se
o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na expres- *facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja ficará
são “voltar da”, há a confirmação da crase. aberta até as (às) dezoito horas.
Faremos uma visita à Bahia.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada) * Constata-se o uso da crase se as locuções preposi-
tivas à moda de, à maneira de apresentarem-se implícitas,
Não me esqueço da viagem a Roma.
mesmo diante de nomes masculinos: Tenho compulsão por
Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
comprar sapatos à Luis XV. (à moda de Luís XV)
mais vividos.
* Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad-
Atenção: Nas situações em que o nome geográfico se
verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, observamos
apresentar modificado por um adjunto adnominal, a crase
a queima de fogos a distância.
está confirmada.
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
praias. Entretanto, se o termo vier determinado, teremos uma
locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedestre foi
** Dica: Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou arremessado à distância de cem metros.
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a Campinas. =
Volto de Campinas. (crase pra quê?) - De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade -,
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!) faz-se necessário o emprego da crase.
ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especifica- Ensino à distância.
do, ocorrerá crase. Veja: Ensino a distância.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” * Em locuções adverbiais formadas por palavras repeti-
Irei à Salvador de Jorge Amado. das, não há ocorrência da crase.
Ela ficou frente a frente com o agressor.
* A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), Eu o seguirei passo a passo.
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo re-
gente exigir complemento regido da preposição “a”. Casos em que não se admite o emprego da crase:
Entregamos a encomenda àquela menina.
(preposição + pronome demonstrativo) * Antes de vocábulos masculinos.
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
Iremos àquela reunião. Esta caneta pertence a Pedro.
(preposição + pronome demonstrativo)
* Antes de verbos no infinitivo.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando crian- Ele estava a cantar.
ça. (àquelas que eu ouvia quando criança) Começou a chover.
(preposição + pronome demonstrativo)

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LÍNGUA PORTUGUESA

* Antes de numeral. Questões


O número de aprovados chegou a cem.
Faremos uma visita a dez países. 1-) (POLÍCIA CIVIL/SC – AGENTE DE POLÍCIA – ACA-
FE/2014) Assinale a alternativa que preenche corretamente
Observação: as lacunas da frase a seguir.
- Nos casos em que o numeral indicar horas – funcio- Quando________ três meses disse-me que iria _________
nando como uma locução adverbial feminina – ocorrerá Grécia para visitar ___ sua tia, vi-me na obrigação de ajudá
crase: Os passageiros partirão às dezenove horas. -la _______ resgatar as milhas _________ quais tinha direito.
A-) a - há - à - à - às
- Diante de numerais ordinais femininos a crase está B-) há - à - a - a – às
confirmada, visto que estes não podem ser empregados C-) há - a - há - à - as
sem o artigo: As saudações foram direcionadas à primeira D-) a - à - a - à - às
aluna da classe. E-) a - a - à - há – as
- Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quan- 1-) Quando HÁ (sentido de tempo) três meses disse-
do essa não se apresentar determinada: Chegamos todos
me que iria À (“vou a, volto da, crase há!”) Grécia para vi-
exaustos a casa.
sitar A (artigo) sua tia, vi-me na obrigação de ajudá-la A
Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto ad-
(ajudar “ela” a fazer algo) resgatar as milhas ÀS quais tinha
nominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos exaus-
direito (tinha direito a quê? às milhas – regência nominal).
tos à casa de Marcela.
Teremos: há, à, a, a, às.
- não há crase antes da palavra “terra”, quando essa RESPOSTA: “B”.
indicar chão firme: Quando os navegantes regressaram a
terra, já era noite. 2-) (EMPLASA/SP – ANALISTA JURÍDICO – DIREITO –
Contudo, se o termo estiver precedido por um deter- VUNESP/2014)
minante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase. A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de tra-
Paulo viajou rumo à sua terra natal. balho para proceder _____ medidas necessárias _____ exu-
O astronauta voltou à Terra. mação dos restos mortais do ex-presidente João Goulart,
sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exumação de
- não ocorre crase antes de pronomes que requerem o Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presidente morreu
uso do artigo. de causas naturais, ou seja, devido ____ uma parada cardía-
Os livros foram entregues a mim. ca – que tem sido a versão considerada oficial até hoje –, ou
Dei a ela a merecida recompensa. se sua morte se deve ______ envenenamento.
(http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,-
Observação: Pelo fato de os pronomes de tratamento governo-cria-grupo-exumar--restos-mortais-de- jan-
relativos à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, go,1094178,0.htm 07. 11.2013. Adaptado)
o uso da crase está confirmado no “a” que os antecede, no
caso de o termo regente exigir a preposição. Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, as la-
Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia. cunas da frase devem ser completadas, correta e respecti-
vamente, por
*não ocorre crase antes de nome feminino utilizado em (A) a ... à ... a ... a
sentido genérico ou indeterminado: (B) as ... à ... a ... à
Estamos sujeitos a críticas. (C) às ... a ... à ... a
Refiro-me a conversas paralelas. (D) à ... à ... à ... a
(E) a ... a ... a ... à
Fontes de pesquisa:
http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-crase-.
2-) A ministra de Direitos Humanos instituiu grupo de
html
trabalho para proceder a medidas (palavra no plural, ge-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. neralizando) necessárias à (regência nominal pede prepo-
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- sição) exumação dos restos mortais do ex-presidente João
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Goulart, sepultado em São Borja (RS), em 1976. Com a exu-
Saraiva, 2010. mação de Jango, o governo visa esclarecer se o ex-presi-
dente morreu de causas naturais, ou seja, devido a uma
(artigo indefinido) parada cardíaca – que tem sido a versão
considerada oficial até hoje –, ou se sua morte se deve a
(regência verbal) envenenamento. A / à / a / a
RESPOSTA: “A”.

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LÍNGUA PORTUGUESA

3-) (SABESP/SP – ADVOGADO – FCC/2014) 2) Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem
Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores fizeram lhe disse isso?
uma escavação arqueológica nas ruínas da antiga cidade
de Tikal, na Guatemala. 3) Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quanto
O a empregado na frase acima, imediatamente depois se ofendem!
de chegar, deverá receber o sinal indicativo de crase caso o
segmento grifado seja substituído por: 4) Orações que exprimem desejo (orações optativas):
(A) Uma tal ilação. Que Deus o ajude.
(B) Afirmações como essa.
(C) Comprovação dessa assertiva. 5) A próclise é obrigatória quando se utiliza o pronome
(D) Emitir uma opinião desse tipo. reto ou sujeito expresso:
(E) Semelhante resultado. Eu lhe entregarei o material amanhã.
Tu sabes cantar?
3-)
(A) Uma tal ilação – chegar a uma (não há acento grave Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do
antes de artigo) verbo. A mesóclise é usada:
(B) Afirmações como essa – chegar a afirmações (antes
de palavra no plural e o “a” no singular) Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu-
(C) Comprovação dessa assertiva – chegar à compro- turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam
vação precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos:
(D) Emitir uma opinião desse tipo – chegar a emitir Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento
(verbo no infinitivo) em prol da paz no mundo.
(E) Semelhante resultado – chegar a semelhante (pala- Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
vra masculina) lizará”:
RESPOSTA: “C”. realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma palavra
que justificasse o uso da próclise, esta prevaleceria. Veja:
Não se realizará...
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
nessa viagem.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL (com presença de palavra que justifique o uso de pró-
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompanha-
ria nessa viagem).
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo. A
pronomes oblíquos átonos na frase. ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não forem
possíveis:
* Dica: Pronome Oblíquo é aquele que exerce a função
de complemento verbal (objeto). Por isso, memorize: 1) Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
OBlíquo = OBjeto! Quando eu avisar, silenciem-se todos.
Embora na linguagem falada a colocação dos prono- 2) Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: Não
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas de- era minha intenção machucá-la.
vem ser observadas na linguagem escrita.
3) Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo. A inicia período com pronome oblíquo).
próclise é usada: Vou-me embora agora mesmo.
Levanto-me às 6h.
1) Quando o verbo estiver precedido de palavras que
atraem o pronome para antes do verbo. São elas: 4) Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
a) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém, no concurso, mudo-me hoje mesmo!
jamais, etc.: Não se desespere!
b) Advérbios: Agora se negam a depor. 5-) Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a pro-
c) Conjunções subordinativas: Espero que me expliquem posta fazendo-se de desentendida.
tudo!
d) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se es- Colocação pronominal nas locuções verbais
forçou. - após verbo no particípio = pronome depois do verbo
e) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportuni- auxiliar (e não depois do particípio):
dade. Tenho me deliciado com a leitura!
Eu tenho me deliciado com a leitura!
f) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito. Eu me tenho deliciado com a leitura!

74
LÍNGUA PORTUGUESA

- não convém usar hífen nos tempos compostos e nas 1-) Primeiramente identifiquemos se temos objeto di-
locuções verbais: reto ou indireto. Reconhece o quê? Resposta: a informali-
Vamos nos unir! dade. Pergunta e resposta sem preposição, então: objeto
Iremos nos manifestar. direto. Não utilizaremos “lhe” – que é para objeto indireto.
Como temos a presença do “que” – independente de sua
- quando há um fator para próclise nos tempos com- função no período (pronome relativo, no caso!) – a regra
postos ou locuções verbais: opção pelo uso do pronome pede próclise (pronome oblíquo antes do verbo): que a re-
oblíquo “solto” entre os verbos = Não vamos nos preocupar conhecem.
(e não: “não nos vamos preocupar”). RESPOSTA: “A”.

Observações importantes: 2-) (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) A substitui-


ção do elemento grifado pelo pronome correspondente foi
Emprego de o, a, os, as realizada de modo INCORRETO em:
1) Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu
pronomes: o, a, os, as não se alteram. (B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os
Chame-o agora. (C) para fazer a dragagem = para fazê-la
Deixei-a mais tranquila. (D) que desviava a água = que lhe desviava
(E) supriam a necessidade = supriam-na
2) Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes
finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos: 2-)
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho. (A) que permitiu à civilização = que lhe permitiu = cor-
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa. reta
(B) envolveu diferentes fatores = envolveu-os = correta
3) Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em, (C) para fazer a dragagem = para fazê-la = correta
ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para no, na, (D) que desviava a água = que lhe desviava = que a
nos, nas. desviava
Chamem-no agora. (E) supriam a necessidade = supriam-na = correta
Põe-na sobre a mesa. RESPOSTA: “D”.

* Dica: 3-) (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)


Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que significa cruzando os desertos do oeste da China − que con-
“antes”! Pronome antes do verbo! tornam a Índia − adotam complexas providências
Ênclise – “en”... lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end, em In- Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos
glês – que significa “fim, final!). Pronome depois do verbo! grifados acima foram corretamente substituídos por um
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do verbo pronome, respectivamente, em:
Pronome Oblíquo – função de objeto (A) os cruzando - que contornam-lhe - adotam-as
(B) cruzando-lhes - que contornam-na - as adotam
Fontes de pesquisa: (C) cruzando-os - que lhe contornam - adotam-lhes
http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao (D) cruzando-os - que a contornam - adotam-nas
-pronominal-.html (E) lhes cruzando - que contornam-a - as adotam
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. 3-) Não podemos utilizar “lhes”, que corresponde ao
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cere- objeto indireto (verbo “cruzar” pede objeto direto: cruzar
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: o quê?), portanto já desconsideramos as alternativas “B”
Saraiva, 2010. e “D”. Ao iniciarmos um parágrafo ( já que no enunciado
temos uma oração assim) devemos usar ênclise: (cruzan-
Questões do-os); na segunda oração temos um pronome relativo (dá
para substituirmos por “o qual”), o que nos obriga a usar
1-) (IBGE - SUPERVISOR DE PESQUISAS – ADMINIS- a próclise (que a contorna); “adotam” exige objeto direto
TRAÇÃO - CESGRANRIO/2014) Em “Há políticas que reco- (adotam quem ou o quê?), chegando à resposta: adotam-
nhecem a informalidade”, ao substituir o termo destacado nas (quando o verbo terminar em “m” e usarmos um pro-
por um pronome, de acordo com a norma-padrão da lín- nome oblíquo direto, lembre-se do alfabeto: jklM – N!).
gua, o trecho assume a formulação apresentada em: RESPOSTA: “D”.
A) Há políticas que a reconhecem.
B) Há políticas que reconhecem-a.
C) Há políticas que reconhecem-na.
D) Há políticas que reconhecem ela.
E) Há políticas que lhe reconhecem.

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou


SIGNIFICADO DAS PALAVRAS perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia:
caminho (subst.) e caminho (verbo);
cedo (verbo) e cedo (adv.);
livre (adj.) e livre (verbo).
Semântica é o estudo da significação das palavras e
das suas mudanças de significação através do tempo ou - Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po-
em determinada época. A maior importância está em dis- rém de formas relativamente próximas. São palavras pa-
tinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e recidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo de
homônimos e parônimos (homonímia / paronímia). vime; cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso após o
almoço), eminente (ilustre) e iminente (que está para ocor-
Sinônimos rer), osso (substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/
ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimento
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto (medida) e cumprimento (saudação), autuar (processar) e
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir. atuar (agir), infligir (aplicar pena) e infringir (violar), deferir
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são (atender a) e diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emi-
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara tir som), aprender (conhecer) e apreender (assimilar; apro-
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quando, priar-se de), tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a
ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela outra, movimento, trânsito), mandato (procuração) e mandado
em determinado enunciado (aguardar e esperar). (ordem), emergir (subir à superfície) e imergir (mergulhar,
afundar).
Observação: A contribuição greco-latina é responsá-
vel pela existência de numerosos pares de sinônimos: ad- Hiperonímia e Hiponímia
versário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e
Hipônimos e hiperônimos são palavras que pertencem
hemiciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e
a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo o hipô-
diálogo; transformação e metamorfose; oposição e antítese.
nimo uma palavra de sentido mais específico; o hiperôni-
mo, mais abrangente.
Antônimos
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipôni-
mo, criando, assim, uma relação de dependência semânti-
São palavras que se opõem através de seu significado:
ca. Por exemplo: Veículos está numa relação de hiperoní-
ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar; mia com carros, já que veículos é uma palavra de significa-
mal - bem. do genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. Veículos é
um hiperônimo de carros.
Observação: A antonímia pode se originar de um pre- Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em
fixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili-
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e dis- zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita a
córdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e an- repetição desnecessária de termos.
ticomunista; simétrico e assimétrico.
Fontes de pesquisa:
Homônimos e Parônimos http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-an-
tonimos,-homonimos-e-paronimos
- Homônimos = palavras que possuem a mesma grafia SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes. Podem coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
ser Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
a) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife- Saraiva, 2010.
rentes na pronúncia: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
rego (subst.) e rego (verbo); ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
colher (verbo) e colher (subst.); XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua Por-
jogo (subst.) e jogo (verbo); tuguesa – 2ªed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000.
denúncia (subst.) e denuncia (verbo);
providência (subst.) e providencia (verbo). Denotação e Conotação

b) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e di- Exemplos de variação no significado das palavras:
ferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido li-
concertar (harmonizar) e consertar (reparar); teral)
cela (compartimento) e sela (arreio); Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
censo (recenseamento) e senso ( juízo); figurado)
paço (palácio) e passo (andar). Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado)

76
LÍNGUA PORTUGUESA

As variações nos significados das palavras ocasionam Polissemia


o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
(conotação) das palavras. Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
Denotação um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
mas que abarca um grande número de significados dentro
Uma palavra é usada no sentido denotativo quando de seu próprio campo semântico.
apresenta seu significado original, independentemente Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
mais objetivo e comum, aquele imediatamente reconheci- algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se em
do e muitas vezes associado ao primeiro significado que consideração as situações de aplicabilidade. Há uma infini-
aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal da dade de exemplos em que podemos verificar a ocorrência
palavra. da polissemia:
A denotação tem como finalidade informar o receptor O rapaz é um tremendo gato.
da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um ca- O gato do vizinho é peralta.
ráter prático. É utilizada em textos informativos, como jor- Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
nais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de medi- Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
camentos, textos científicos, entre outros. A palavra “pau”, sobrevivência
por exemplo, em seu sentido denotativo é apenas um pe- O passarinho foi atingido no bico.
daço de madeira. Outros exemplos:
O elefante é um mamífero. Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
As estrelas deixam o céu mais bonito! computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em
comum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido
Conotação de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão” ou
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões é o
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes in- formato quadriculado que têm.
terpretações, dependendo do contexto em que esteja inse-
rida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que vão Polissemia e homonímia
além do sentido original da palavra, ampliando sua signifi-
cação mediante a circunstância em que a mesma é utiliza- A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
da, assumindo um sentido figurado e simbólico. Como no comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signifi-
exemplo da palavra “pau”: em seu sentido conotativo ela cados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado,
pode significar castigo (dar-lhe um pau), reprovação (tomei quando duas ou mais palavras com origens e significados
pau no concurso). distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma ho-
A conotação tem como finalidade provocar sentimen- monímia.
tos no receptor da mensagem, através da expressividade e A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
afetividade que transmite. É utilizada principalmente numa significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em polissemia porque os diferentes significados para a pala-
conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios pu- vra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma palavra
blicitários, entre outros. Exemplos: polissêmica: pode significar o elemento básico do alfabeto,
Você é o meu sol! o texto de uma canção ou a caligrafia de um determinado
Minha vida é um mar de tristezas. indivíduo. Neste caso, os diferentes significados estão in-
Você tem um coração de pedra! terligados porque remetem para o mesmo conceito, o da
escrita.
* Dica: Procure associar Denotação com Dicionário:
trata-se de definição literal, quando o termo é utilizado Polissemia e ambiguidade
com o sentido que consta no dicionário.
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na
Fontes de pesquisa: interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota- ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma interpreta-
cao/ ção. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. uma frase. Vejamos a seguinte frase:
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- Pessoas que têm uma alimentação equilibrada frequen-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: temente são felizes.
Saraiva, 2010. Neste caso podem existir duas interpretações diferen-
tes:

77
LÍNGUA PORTUGUESA

As pessoas têm alimentação equilibrada porque são feli- Observação: toda metáfora é uma espécie de compa-
zes ou são felizes porque têm uma alimentação equilibrada. ração implícita, em que o elemento comparativo não apa-
rece.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela Seus olhos são como luzes brilhantes.
pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma interpre- O exemplo acima mostra uma comparação evidente,
tação. Para fazer a interpretação correta é muito importan- através do emprego da palavra como.
te saber qual o contexto em que a frase é proferida. Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes.
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção Neste exemplo não há mais uma comparação (note a
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, co- ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja,
micidade. Repare na figura abaixo: qualidade do que é semelhante.
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me.
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Esta
é a verdadeira metáfora.

Observe outros exemplos:


1) “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando
Pessoa)
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que
o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio
subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando a
fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.).

2) Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar


(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto- algum.
cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014). Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na frase
Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão que
indica uma alma rústica e abandonada (e angustiadamente
mas duas seriam:
inútil), há uma comparação subentendida: Minha alma é
Corte e coloração capilar
tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma estrada de
ou
terra que leva a lugar algum.
Faço corte e pintura capilar
A Amazônia é o pulmão do mundo.
Fontes de pesquisa:
Em sua mente povoa só inveja.
http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia.
htm Metonímia
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: É a substituição de um nome por outro, em virtude de
Saraiva, 2010. existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- pode acontecer dos seguintes modos:
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (=
Figura de Linguagem, Pensamento e Construção Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis).
2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (=
Figura de Palavra As lâmpadas iluminam o mundo).
3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes
A figura de palavra consiste na substituição de uma da cruz. (= Não te afastes da religião).
palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, 4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso
seja por uma relação muito próxima (contiguidade), seja Havana. (= Fumei um saboroso charuto).
por uma associação, uma comparação, uma similaridade. 5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Só-
Estes dois conceitos básicos - contiguidade e similaridade - crates tomou veneno).
permitem-nos reconhecer dois tipos de figuras de palavras: 6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu
a metáfora e a metonímia. trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que pro-
duzo).
Metáfora 7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (=
Bebeu todo o líquido que estava no cálice).
Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em 8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfo-
lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em vir- nes foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás
tude da circunstância de que o nosso espírito as associa dos jogadores).
e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da 9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apres-
palavra fora de seu sentido normal. sadamente. (= Várias pessoas passavam apressadamente).

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LÍNGUA PORTUGUESA

10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e so- Fontes de pesquisa:


frem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2.
mundo). php
11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
chamadas, não apenas uma mulher). Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone. ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
(= Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone). Saraiva, 2010.
13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (=
Alguns astronautas foram à Lua). Antítese
14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança pen-
derá para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado). Consiste no emprego de palavras que se opõem quan-
to ao sentido. O contraste que se estabelece serve, essen-
Saiba que: Sinédoque se relaciona com o conceito de cialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos
extensão (como nos exemplos 9, 10 e 11, acima), enquanto que não se conseguiria com a exposição isolada dos mes-
que a metonímia abrange apenas os casos de analogia ou mos. Observe os exemplos:
de relação. Não há necessidade, atualmente, de se fazer “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
distinção entre ambas as figuras. O corpo é grande e a alma é pequena.
“Quando um muro separa, uma ponte une.”
Catacrese Não há gosto sem desgosto.

Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, Paradoxo ou oximoro
cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por
falta de um termo específico para designar um conceito, É a associação de ideias, além de contrastantes, contra-
toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a empregar ditórias. Seria a antítese ao extremo.
algumas palavras fora de seu sentido original. Exemplos: Era dor, sim, mas uma dor deliciosa.
“asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do rosto”, “pé da Ouvimos as vozes do silêncio.
mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do abacaxi”.
Eufemismo
Perífrase ou Antonomásia
É o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre
ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa áspera,
Trata-se de uma expressão que designa um ser através
desagradável ou chocante.
de alguma de suas características ou atributos, ou de um
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Senhor.
fato que o celebrizou. É a substituição de um nome por
(= morreu)
outro ou por uma expressão que facilmente o identifique: O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)
A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)
atraindo visitantes do mundo todo. Faltar à verdade. (= mentir)
A Cidade-Luz (=Paris)
O rei das selvas (=o leão) Ironia
Observação: quando a perífrase indica uma pessoa, É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do que
recebe o nome de antonomásia. Exemplos: as palavras ou frases expressam, geralmente apresentando
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida pratican- intenção sarcástica. A ironia deve ser muito bem construí-
do o bem. da para que cumpra a sua finalidade; mal construída, pode
O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito jo- passar uma ideia exatamente oposta à desejada pelo emis-
vem. sor.
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota mí-
nima.
Sinestesia Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que
estão por perto.
Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen- O governador foi sutil como um elefante.
sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o
cruzamento de sensações distintas. Hipérbole
Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = au-
ditivo; áspero = tátil) É a expressão intencionalmente exagerada com o intui-
No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte- to de realçar uma ideia.
cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual) Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.
Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil) “Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac)
O concurseiro quase morre de tanto estudar!

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LÍNGUA PORTUGUESA

Prosopopeia ou Personificação Elipse

É a atribuição de ações ou qualidades de seres anima- Consiste na omissão de um ou mais termos numa ora-
dos a seres inanimados, ou características humanas a seres ção e que podem ser facilmente identificados, tanto por
não humanos. Observe os exemplos: elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto
As pedras andam vagarosamente. pelo contexto.
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um A catedral da Sé. (a igreja catedral)
cego que guia. Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao está-
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra. dio)
Chora, violão.
Zeugma
Apóstrofe
Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coisa a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
personificada, de acordo com o objetivo do discurso, que Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo português)
chamamento do receptor da mensagem, seja ele imaginá- Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só mo-
rio ou não. A introdução da apóstrofe interrompe a linha de dernos. (só havia móveis)
pensamento do discurso, destacando-se assim a entidade Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
a que se dirige e a ideia que se pretende pôr em evidên-
cia com tal invocação. Realiza-se por meio do vocativo. Silepse
Exemplos:
Moça, que fazes aí parada? A silepse é a concordância que se faz com o termo que
“Pai Nosso, que estais no céu” não está expresso no texto, mas, sim, subentendido. É uma
Deus, ó Deus! Onde estás? concordância anormal, psicológica, porque se faz com um
termo oculto, facilmente identificado. Há três tipos de si-
Gradação lepse: de gênero, número e pessoa.

Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e femi-


Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni-
nino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se
mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descenden-
faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
te (anticlímax). Observe este exemplo:
Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana
1) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o calor
com seus olhos claros e brincalhões...
intenso.
Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando
O objetivo do narrador é mostrar a expressividade dos
com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence
olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se refere ao
ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a
céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e seus olhos. cidade de Porto Velho).
Nota-se que o pensamento foi expresso em ordem decres-
cente de intensidade. Outros exemplos: 2) Vossa Excelência está preocupado.
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes-
amor”. (Olavo Bilac) soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa
“O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu- Excelência.
se.” (Padre Antônio Vieira)
Silepse de Número - Os números são singular e plural.
Fontes de pesquisa: A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil5. concorda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas
php com a ideia que nele está contida. Exemplos:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade
coni. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. de Salvador.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere- O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010. Note que nos exemplos acima, os verbos andaram e
gritavam não concordam gramaticalmente com os sujei-
As figuras de construção (ou sintática, de sintaxe) tos das orações (que se encontram no singular, procissão
ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade e povo, respectivamente), mas com a ideia que neles está
ao significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela contida. Procissão e povo dão a ideia de muita gente, por
maior expressividade que se dá ao sentido. isso que os verbos estão no plural.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Silepse de Pessoa - Três são as pessoas gramaticais: Observação: o pleonasmo só tem razão de ser quan-
eu, tu e ele (as três pessoas do singular); nós, vós, eles (as do confere mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um
três do plural). A silepse de pessoa ocorre quando há um pleonasmo vicioso:
desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não con- Vi aquela cena com meus próprios olhos.
corda com o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que Vamos subir para cima.
está inscrita no sujeito. Exemplos: Ele desceu pra baixo.
O que não compreendo é como os brasileiros persista-
mos em aceitar essa situação. Anáfora
Os agricultores temos orgulho de nosso trabalho.
“Dizem que os cariocas somos poucos dados aos jardins É a repetição de uma ou mais palavras no início de vá-
públicos.” (Machado de Assis) rias frases, criando, assim, um efeito de reforço e de coe-
rência. Pela repetição, a palavra ou expressão em causa é
Observe que os verbos persistamos, temos e somos não posta em destaque, permitindo ao escritor valorizar de-
concordam gramaticalmente com os seus sujeitos (brasilei- terminado elemento textual. Os termos anafóricos podem
ros, agricultores e cariocas, que estão na terceira pessoa), muitas vezes ser substituídos por pronomes.
mas com a ideia que neles está contida (nós, os brasileiros, Encontrei um amigo ontem. Ele me disse que te conhe-
os agricultores e os cariocas). cia.
“Tudo cura o tempo, tudo gasta, tudo digere, tudo aca-
Polissíndeto / Assíndeto ba.” (Padre Vieira)
Para estudarmos as duas figuras de construção é ne- Anacoluto
cessário recordar um conceito estudado em sintaxe sobre
período composto. No período composto por coordena- Consiste na mudança da construção sintática no meio
ção, podemos ter orações sindéticas ou assindéticas. A da frase, ficando alguns termos desligados do resto do pe-
oração coordenada ligada por uma conjunção (conectivo)
ríodo. É a quebra da estrutura normal da frase para a intro-
é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assin-
dução de uma palavra ou expressão sem nenhuma ligação
dética. Recordado esse conceito, podemos definir as duas
sintática com as demais.
figuras de construção:
Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.
Morrer, todo haveremos de morrer.
1) Polissíndeto - É uma figura caracterizada pela repe-
Aquele garoto, você não disse que ele chegaria logo?
tição enfática dos conectivos. Observe o exemplo: O meni-
no resmunga, e chora, e grita, e ninguém faz nada.
A expressão “esses alunos da escola”, por exemplo,
2) Assíndeto - É uma figura caracterizada pela ausên- deveria exercer a função de sujeito. No entanto, há uma
cia, pela omissão das conjunções coordenativas, resultando interrupção da frase e esta expressão fica à parte, não exer-
no uso de orações coordenadas assindéticas. Exemplos: cendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é
Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família. chamado de “frase quebrada”, pois corresponde a uma in-
“Vim, vi, venci.” (Júlio César) terrupção na sequência lógica do pensamento.

Pleonasmo Observação: o anacoluto deve ser usado com finalida-


de expressiva em casos muito especiais. Em geral, evite-o.
Consiste na repetição de um termo ou ideia, com as
mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é real- Hipérbato / Inversão
çar a ideia, torná-la mais expressiva.
O problema da violência, é necessário resolvê-lo logo. É a inversão da estrutura frásica, isto é, a inversão da
ordem direta dos termos da oração, fazendo com que o
Nesta oração, os termos “o problema da violência” e sujeito venha depois do predicado:
“lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto. As- Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O amor
sim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o pro- venceu ao ódio)
nome “lo” classificado como objeto direto pleonástico. Ou- Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria:
tro exemplo: Eu cuido dos meus problemas)
Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto * Observação da Zê!
O nosso Hino Nacional é um exemplo de hipérbato, já
que, na ordem direta, teríamos:
Neste caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado re-
pronome “lhes” exerce a função de objeto indireto pleo- tumbante de um povo heroico”.
nástico.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Figuras de Som

Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro
significativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.

Assonância - Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos:


“Sou um mulato nato no sentido lato mulato democrático do litoral.”

Onomatopéia - Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade:


Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.

Fontes de pesquisa:
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil8.php
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.

Questões
1-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIOTECO-
NOMIA – FGV/2014 - adaptada) Ao dizer que os shoppings são “cidades”, o autor do texto faz uso de um tipo de linguagem
figurada denominada
(A) metonímia.
(B) eufemismo.
(C) hipérbole.
(D) metáfora.
(E) catacrese.

1-) A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e transportá-la para um novo
campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma similaridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)
RESPOSTA: “D”.

2-) (PREFEITURA DE ARCOVERDE/PE - ADMINISTRADOR DE RECURSOS HUMANOS – CONPASS/2014) Identifique a


figura de linguagem presente na tira seguinte:

A) metonímia
B) prosopopeia
C) hipérbole
D) eufemismo
E) onomatopeia

82
LÍNGUA PORTUGUESA

2-) “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais Normalmente, numa prova, o candidato deve:
suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar al-
guma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da 1- Identificar os elementos fundamentais de uma ar-
tirinha, é utilizada a expressão “deram suas vidas por nós” gumentação, de um processo, de uma época (neste caso,
no lugar de “que morreram por nós”. procuram-se os verbos e os advérbios, os quais definem o
RESPOSTA: “D”. tempo).
2- Comparar as relações de semelhança ou de diferen-
3-) (CASAL/AL - ADMINISTRADOR DE REDE - COPEVE/ ças entre as situações do texto.
UFAL/2014) 3- Comentar/relacionar o conteúdo apresentado com
Está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto. uma realidade.
O dito popular é, na maioria das vezes, uma figura de 4- Resumir as ideias centrais e/ou secundárias.
linguagem. Entre as 14h30min e às 15h desta terça-feira, 5- Parafrasear = reescrever o texto com outras pala-
horário do dia em que o calor é mais intenso, a tempera- vras.
tura do asfalto, medida com um termômetro de contato,
chegou a 65ºC. Para fritar um ovo, seria preciso que o local Condições básicas para interpretar
alcançasse aproximadamente 90ºC.
Disponível em: http://zerohora.clicrbs.com.br. Acesso Fazem-se necessários:
em: 22 jan. 2014. - Conhecimento histórico-literário (escolas e gêneros
literários, estrutura do texto), leitura e prática;
O texto cita que o dito popular “está tão quente que - Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do
dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de texto) e semântico;
linguagem. O autor do texto refere-se a qual figura de lin-
guagem? Observação – na semântica (significado das palavras)
A) Eufemismo. incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e conota-
B) Hipérbole. ção, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
C) Paradoxo. gem, entre outros.
D) Metonímia.
E) Hipérbato. - Capacidade de observação e de síntese;
- Capacidade de raciocínio.
3-) A expressão é um exagero! Ela serve apenas para
representar o calor excessivo que está fazendo. A figura
Interpretar / Compreender
que é utilizada “mil vezes” (!) para atingir tal objetivo é a
hipérbole.
Interpretar significa:
RESPOSTA: “B”.
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
- Através do texto, infere-se que...
- É possível deduzir que...
- O autor permite concluir que...
INTERPRETAÇÃO TEXTUAL - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...

Compreender significa
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - o texto diz que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - é sugerido pelo autor que...
e decodificar). - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma-
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. ção...
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com - o narrador afirma...
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a
estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interli- Erros de interpretação
gação dá-se o nome de contexto. O relacionamento entre
as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu - Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai do
contexto original e analisada separadamente, poderá ter contexto, acrescentando ideias que não estão no texto,
um significado diferente daquele inicial. quer por conhecimento prévio do tema quer pela imagi-
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- nação.
rências diretas ou indiretas a outros autores através de cita- - Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se aten-
ções. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. ção apenas a um aspecto (esquecendo que um texto é um
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação conjunto de ideias), o que pode ser insuficiente para o en-
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir tendimento do tema desenvolvido.
daí, localizam-se as ideias secundárias - ou fundamenta- - Contradição = às vezes o texto apresenta ideias con-
ções -, as argumentações - ou explicações -, que levam ao trárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivo-
esclarecimento das questões apresentadas na prova. cadas e, consequentemente, errar a questão.

83
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação - Muitos pensam que existem a ótica do - Observe as relações interparágrafos. Um parágrafo
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa geralmente mantém com outro uma relação de continua-
prova de concurso, o que deve ser levado em consideração ção, conclusão ou falsa oposição. Identifique muito bem
é o que o autor diz e nada mais. essas relações.
- Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou seja,
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que a ideia mais importante.
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. - Nos enunciados, grife palavras como “correto” ou
Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na hora da
pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono- resposta – o que vale não somente para Interpretação de
me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se Texto, mas para todas as demais questões!
vai dizer e o que já foi dito. - Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia princi-
pal, leia com atenção a introdução e/ou a conclusão.
Observação – São muitos os erros de coesão no dia - Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
a dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc., cha-
do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do mados vocábulos relatores, porque remetem a outros vo-
verbo; aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer cábulos do texto.
também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- Fontes de pesquisa:
cedente. http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/portu-
Os pronomes relativos são muito importantes na in- gues/como-interpretar-textos
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-me-
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que lhorar-a-interpretacao-de-textos-em-provas
existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-pa-
a saber: ra-voce-interpretar-melhor-um.html
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden- http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques-
te, mas depende das condições da frase. tao-117-portugues.htm
- qual (neutro) idem ao anterior.
- quem (pessoa) Questões
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído. 1-) (SECRETARIA DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO PÚ-
- como (modo) BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM ELETRÔ-
- onde (lugar) NICA – IADES/2014)
- quando (tempo)
- quanto (montante) Gratuidades
Exemplo: Crianças com até cinco anos de idade e adultos com
Falou tudo QUANTO queria (correto) mais de 65 anos de idade têm acesso livre ao Metrô-DF.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria Para os menores, é exigida a certidão de nascimento e, para
aparecer o demonstrativo O). os idosos, a carteira de identidade. Basta apresentar um
documento de identificação aos funcionários posicionados
Dicas para melhorar a interpretação de textos no bloqueio de acesso.
Disponível em: <http://www.metro.df.gov.br/estacoes/
- Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral do gratuidades.html> Acesso em: 3/3/2014, com adaptações.
assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos candidatos
na disputa, portanto, quanto mais informação você absorver Conforme a mensagem do primeiro período do texto,
com a leitura, mais chances terá de resolver as questões. assinale a alternativa correta.
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa (A) Apenas as crianças com até cinco anos de idade
a leitura. e os adultos com 65 anos em diante têm acesso livre ao
- Leia, leia bem, leia profundamente, ou seja, leia o tex- Metrô-DF.
to, pelo menos, duas vezes – ou quantas forem necessárias. (B) Apenas as crianças de cinco anos de idade e os
- Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma adultos com mais de 65 anos têm acesso livre ao Metrô-DF.
conclusão). (C) Somente crianças com, no máximo, cinco anos de
- Volte ao texto quantas vezes precisar. idade e adultos com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre
- Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as ao Metrô-DF.
do autor. (D) Somente crianças e adultos, respectivamente, com
- Fragmente o texto (parágrafos, partes) para melhor cinco anos de idade e com 66 anos em diante, têm acesso
compreensão. livre ao Metrô-DF.
- Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de (E) Apenas crianças e adultos, respectivamente, com
cada questão. até cinco anos de idade e com 65 anos em diante, têm
- O autor defende ideias e você deve percebê-las. acesso livre ao Metrô-DF.

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LÍNGUA PORTUGUESA

1-) Dentre as alternativas apresentadas, a única que 3-) Recorramos ao texto: “Localizada às margens do
condiz com as informações expostas no texto é “Somente Lago Paranoá, no Setor de Clubes Esportivos Norte (ao
crianças com, no máximo, cinco anos de idade e adultos lado do Museu de Arte de Brasília – MAB), está a Concha
com, no mínimo, 66 anos têm acesso livre ao Metrô-DF”. Acústica do DF. Projetada por Oscar Niemeyer”. As infor-
RESPOSTA: “C”. mações contidas nas demais alternativas são incoerentes
com o texto.
2-) (SUSAM/AM – TÉCNICO (DIREITO) – FGV/2014 - RESPOSTA: “A”.
adaptada) “Se alguém que é gay procura Deus e tem boa
vontade, quem sou eu para julgá‐lo?” a declaração do
Papa Francisco, pronunciada durante uma entrevista à im-
prensa no final de sua visita ao Brasil, ecoou como um TIPOLOGIA TEXTUAL
trovão mundo afora. Nela existe mais forma que substância
– mas a forma conta”. (...)
(Axé Silva, O Mundo, setembro 2013)
A todo o momento nos deparamos com vários textos,
O texto nos diz que a declaração do Papa ecoou como sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença
um trovão mundo afora. Essa comparação traz em si mes- do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo
ma dois sentidos, que são que está sendo transmitido entre os interlocutores. Estes
(A) o barulho e a propagação. interlocutores são as peças principais em um diálogo ou
(B) a propagação e o perigo. em um texto escrito.
(C) o perigo e o poder. É de fundamental importância sabermos classificar os
(D) o poder e a energia.  textos com os quais travamos convivência no nosso dia a
(E)  a energia e o barulho.   dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais
e gêneros textuais.
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
2-) Ao comparar a declaração do Papa Francisco a um
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opi-
trovão, provavelmente a intenção do autor foi a de mostrar
nião sobre determinado assunto, descrevemos algum lugar
o “barulho” que ela causou e sua propagação mundo afora.
que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre alguém
Você pode responder à questão por eliminação: a segun-
que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente nessas
da opção das alternativas relaciona-se a “mundo afora”, ou
situações corriqueiras que classificamos os nossos textos
seja, que se propaga, espalha. Assim, sobraria apenas a al- naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição e Dis-
ternativa A! sertação.
RESPOSTA: “A”.
As tipologias textuais caracterizam-se pelos aspec-
3-) (SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PÚ- tos de ordem linguística
BLICA DO DISTRITO FEDERAL/DF – TÉCNICO EM CONTABI-
LIDADE – IADES/2014 - adaptada) Os tipos textuais designam uma sequência definida
Concha Acústica pela natureza linguística de sua composição. São observa-
Localizada às margens do Lago Paranoá, no Setor de dos aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações
Clubes Esportivos Norte (ao lado do Museu de Arte de lógicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, argu-
Brasília – MAB), está a Concha Acústica do DF. Projetada mentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
por Oscar Niemeyer, foi inaugurada oficialmente em 1969
e doada pela Terracap à Fundação Cultural de Brasília (hoje - Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação
Secretaria de Cultura), destinada a espetáculos ao ar livre. demarcados no tempo do universo narrado, como também
Foi o primeiro grande palco da cidade. de advérbios, como é o caso de antes, agora, depois, entre
Disponível em: <http://www.cultura.df.gov.br/nossa- outros: Ela entrava em seu carro quando ele apareceu. De-
cultura/concha- acustica.html>. Acesso em: 21/3/2014, pois de muita conversa, resolveram...
com adaptações.
- Textos descritivos – como o próprio nome indica,
Assinale a alternativa que apresenta uma mensagem descrevem características tanto físicas quanto psicológicas
compatível com o texto. acerca de um determinado indivíduo ou objeto. Os tempos
(A) A Concha Acústica do DF, que foi projetada por Os- verbais aparecem demarcados no presente ou no pretérito
car Niemeyer, está localizada às margens do Lago Paranoá, imperfeito: “Tinha os cabelos mais negros como a asa da
no Setor de Clubes Esportivos Norte. graúna...”
(B) Oscar Niemeyer projetou a Concha Acústica do DF
em 1969. - Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um
(C) Oscar Niemeyer doou a Concha Acústica ao que assunto ou uma determinada situação que se almeje de-
hoje é a Secretaria de Cultura do DF. senvolvê-la, enfatizando acerca das razões de ela aconte-
(D) A Terracap transformou-se na Secretaria de Cultura cer, como em: O cadastramento irá se prorrogar até o dia 02
do DF. de dezembro, portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena
(E) A Concha Acústica foi o primeiro palco de Brasília. de perder o benefício.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma


modalidade na qual as ações são prescritas de forma se- COESÃO E COERÊNCIA
quencial, utilizando-se de verbos expressos no imperativo,
infinitivo ou futuro do presente: Misture todos os ingredien-
te e bata no liquidificador até criar uma massa homogênea.
Na construção de um texto, assim como na fala, usamos
- Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam- mecanismos para garantir ao interlocutor a compreensão
se pelo predomínio de operadores argumentativos, revela- do que é dito, ou lido. Estes mecanismos linguísticos que
dos por uma carga ideológica constituída de argumentos estabelecem a coesão e retomada do que foi escrito - ou
e contra-argumentos que justificam a posição assumida falado - são os referentes textuais, que buscam garantir
acerca de um determinado assunto: A mulher do mundo a coesão textual para que haja coerência, não só entre os
contemporâneo luta cada vez mais para conquistar seu es- elementos que compõem a oração, como também entre a
paço no mercado de trabalho, o que significa que os gêneros sequência de orações dentro do texto. Essa coesão tam-
estão em complementação, não em disputa. bém pode muitas vezes se dar de modo implícito, baseado
em conhecimentos anteriores que os participantes do pro-
cesso têm com o tema.
Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha ima-
ginária - composta de termos e expressões - que une os
diversos elementos do texto e busca estabelecer relações
GÊNEROS TEXTUAIS de sentido entre eles. Dessa forma, com o emprego de di-
ferentes procedimentos, sejam lexicais (repetição, substi-
tuição, associação), sejam gramaticais (emprego de prono-
mes, conjunções, numerais, elipses), constroem-se frases,
São os textos materializados que encontramos em orações, períodos, que irão apresentar o contexto – decor-
nosso cotidiano; tais textos apresentam características só- re daí a coerência textual.
cio-comunicativas definidas por seu estilo, função, com- Um texto incoerente é o que carece de sentido ou o
posição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos: receita apresenta de forma contraditória. Muitas vezes essa incoe-
culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema, editorial, rência é resultado do mau uso dos elementos de coesão
piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum, blog, etc. textual. Na organização de períodos e de parágrafos, um
erro no emprego dos mecanismos gramaticais e lexicais
A escolha de um determinado gênero discursivo de- prejudica o entendimento do texto. Construído com os ele-
pende, em grande parte, da situação de produção, ou seja, mentos corretos, confere-se a ele uma unidade formal.
a finalidade do texto a ser produzido, quem são os locu- Nas palavras do mestre Evanildo Bechara, “o enunciado
tores e os interlocutores, o meio disponível para veicular o não se constrói com um amontoado de palavras e orações.
texto, etc. Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência
e independência sintática e semântica, recobertos por unida-
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a es- des melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios”.
feras de circulação. Assim, na esfera jornalística, por exem- Não se deve escrever frases ou textos desconexos – é
plo, são comuns gêneros como notícias, reportagens, edito- imprescindível que haja uma unidade, ou seja, que as frases
riais, entrevistas e outros; na esfera de divulgação científica estejam coesas e coerentes formando o texto. Relembre-se
são comuns gêneros como verbete de dicionário ou de enci- de que, por coesão, entende-se ligação, relação, nexo entre
clopédia, artigo ou ensaio científico, seminário, conferência. os elementos que compõem a estrutura textual.

Fontes de pesquisa: Formas de se garantir a coesão entre os elementos


de uma frase ou de um texto:
http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-tex-
tual.htm
1. Substituição de palavras com o emprego de sinôni-
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Cere-
mos - palavras ou expressões do mesmo campo associa-
ja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: tivo.
Saraiva, 2010. 2. Nominalização – emprego alternativo entre um ver-
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática bo, o substantivo ou o adjetivo correspondente (desgastar
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa / desgaste / desgastante).
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. 3. Emprego adequado de tempos e modos verbais:
Embora não gostassem de estudar, participaram da aula.
4. Emprego adequado de pronomes, conjunções, pre-
posições, artigos:
O papa Francisco visitou o Brasil. Na capital brasileira,
Sua Santidade participou de uma reunião com a Presiden-
te Dilma. Ao passar pelas ruas, o papa cumprimentava as
pessoas. Estas tiveram a certeza de que ele guarda respeito
por elas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

5. Uso de hipônimos – relação que se estabelece com Questões


base na maior especificidade do significado de um deles.
Por exemplo, mesa (mais específico) e móvel (mais gené- * As questões abaixo também envolvem o conteúdo
rico). “Conjunção”. Eu as coloquei neste tópico porque abordam
6. Emprego de hiperônimos - relações de um termo de - inclusive - coesão e coerência.
sentido mais amplo com outros de sentido mais específico.
Por exemplo, felino está numa relação de hiperonímia com 1-) (SEDUC/AM – ASSISTENTE SOCIAL – FGV/2014) As-
gato. sinale a opção que indica o segmento em que a conjunção
7. Substitutos universais, como os verbos vicários.
e tem valor adversativo e não aditivo.
* Ajuda da Zê: verbo vicário é aquele que substitui (A) “Em termos de escala, assiduidade e participação
outro já utilizado no período, evitando repetições. Geral- da população na escolha dos governantes,...”.
mente é o verbo fazer e ser. Exemplo: Não gosto de estudar. (B) “... o Brasil de 1985 a 2014 parece outro país, mo-
Faço porque preciso. O “faço” foi empregado no lugar de derno e dinâmico, no cotejo com a restrita experiência elei-
“estudo”, evitando repetição desnecessária. toral anterior”.
(C) “A hipótese de ruptura com o passado se fortalece
A coesão apoiada na gramática se dá no uso de conec- quando avaliamos a extensão dos mecanismos de distri-
tivos, como pronomes, advérbios e expressões adverbiais, buição de oportunidades e de mitigação de desigualdades
conjunções, elipses, entre outros. A elipse justifica-se quan- de hoje”.
do, ao remeter a um enunciado anterior, a palavra elidida (D) “A democracia brasileira contemporânea, e apenas
é facilmente identificável (Exemplo.: O jovem recolheu-se ela na história nacional, inventou o que mais perto se pode
cedo. Sabia que ia necessitar de todas as suas forças. O ter- chegar de um Estado de Bem-Estar num país de renda mé-
mo o jovem deixa de ser repetido e, assim, estabelece a
dia”.
relação entre as duas orações).
(E) “A baixa qualidade dos serviços governamentais
Dêiticos são elementos linguísticos que têm a pro- está ligada sobretudo à limitação do PIB, e não à falta de
priedade de fazer referência ao contexto situacional ou ao políticas públicas social-democratas”.
próprio discurso. Exercem, por excelência, essa função de
progressão textual, dada sua característica: são elementos 1-)
que não significam, apenas indicam, remetem aos compo- (A) “Em termos de escala, assiduidade e participação
nentes da situação comunicativa. = adição
Já os componentes concentram em si a significação. (B) “... o Brasil de 1985 a 2014 parece outro país, mo-
Elisa Guimarães ensina-nos a esse respeito: derno e dinâmico”. = adição
“Os pronomes pessoais e as desinências verbais indi- (C) “A hipótese de ruptura com o passado se fortalece
cam os participantes do ato do discurso. Os pronomes de- quando avaliamos a extensão dos mecanismos de distri-
monstrativos, certas locuções prepositivas e adverbiais, bem buição de oportunidades e de mitigação de desigualdades
como os advérbios de tempo, referenciam o momento da de hoje”. = adição
enunciação, podendo indicar simultaneidade, anterioridade
(D) “A democracia brasileira contemporânea, e apenas
ou posterioridade. Assim: este, agora, hoje, neste momento
(presente); ultimamente, recentemente, ontem, há alguns ela na história nacional”. = adição
dias, antes de (pretérito); de agora em diante, no próximo (E) “A baixa qualidade dos serviços governamentais
ano, depois de (futuro).” está ligada sobretudo à limitação do PIB, e não à falta =
adversativa (dá para substituirmos por “mas”)
A coerência de um texto está ligada: RESPOSTA: “E”.
- à sua organização como um todo, em que devem es-
tar assegurados o início, o meio e o fim;
- à adequação da linguagem ao tipo de texto. Um texto 2-) (DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL/
técnico, por exemplo, tem a sua coerência fundamentada DF – ANALISTA DE APOIO À ASSISTÊNCIA JURÍDICA –
em comprovações, apresentação de estatísticas, relato de FGV/2014) A alternativa em que os elementos unidos pela
experiências; um texto informativo apresenta coerência se conjunção E não estão em adição, mas sim em oposição, é:
trabalhar com linguagem objetiva, denotativa; textos poé- (A) “...a disposição do povo de agir por conta própria e
ticos, por outro lado, trabalham com a linguagem figurada,
fazer justiça com as próprias mãos...”
livre associação de ideias, palavras conotativas.
(B) “...como sintoma de descrença nos políticos e nas
Fontes de pesquisa: instituições:...”
http://www.mundovestibular.com.br/articles/2586/1/ (C) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos
COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/Paacutegina1.html anarquistas e mais nos fascistas italianos...”
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática (D) “...desprezando o passado e a tradição...”
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa (E) “...capaz de exprimir a experiência da violência, da
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. velocidade e do progresso...”

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LÍNGUA PORTUGUESA

2-) A Ordem dos Termos na Frase


(A) “...a disposição do povo de agir por conta própria e
fazer justiça com as próprias mãos”. = adição Leia novamente a frase contida no item 2. Note que
(B) “...como sintoma de descrença nos políticos e nas ela é organizada de maneira clara para produzir sentido.
instituições”. = adição Todavia, há diferentes maneiras de se organizar gramatical-
(C) “...os nossos mascarados se inspiram menos nos mente tal frase, tudo depende da necessidade ou da von-
anarquistas e mais nos fascistas italianos”. = ideia de opo- tade do redator em manter o sentido, ou mantê-lo, porém,
sição acrescentado ênfase a algum dos seus termos. Significa di-
(D) “...desprezando o passado e a tradição”. = adição zer que, ao escrever, podemos fazer uma série de inversões
(E) “...capaz de exprimir a experiência da violência, da e intercalações em nossas frases, conforme a nossa von-
velocidade e do progresso”. = adição tade e estilo. Tudo depende da maneira como queremos
RESPOSTA: “C”. transmitir uma ideia, do nosso estilo. Por exemplo, pode-
mos expressar a mensagem da frase 2 da seguinte maneira:

No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-


sando desemprego.
REESCRITA DE TEXTOS/EQUIVALÊNCIA DE
ESTRUTURAS Neste caso, a mensagem é praticamente a mesma,
apenas mudamos a ordem das palavras para dar ênfase a
alguns termos (neste caso: No Brasil e na A. L.). Repare que,
para obter a clareza tivemos que fazer o uso de vírgulas.
“Ideias confusas geram redações confusas”. Esta frase Entre os sinais de pontuação, a vírgula é o mais usado e
leva-nos a refletir sobre a organização das ideias em um o que mais nos auxilia na organização de um período, pois
texto. Significa dizer que, antes da redação, naturalmen- facilita as boas “sintaxes”, boas misturas, ou seja, a vírgula
te devemos dominar o assunto sobre o qual iremos tratar ajuda-nos a não “embolar” o sentido quando produzimos
e, posteriormente, planejar o modo como iremos expô-lo, frases complexas. Com isto, “entregamos” frases bem orga-
do contrário haverá dificuldade em transmitir ideias bem nizadas aos nossos leitores.
acabadas. Portanto, a leitura, a interpretação de textos e a
experiência de vida antecedem o ato de escrever. O básico para a organização sintática das frases é a or-
Obtido um razoável conhecimento sobre o que iremos dem direta dos termos da oração. Os gramáticos estrutu-
escrever, feito o esquema de exposição da matéria, é ne- ram tal ordem da seguinte maneira:
cessário saber ordenar as ideias em frases bem estrutura-
das. Logo, não basta conhecer bem um determinado as- SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO VERBAL + CIR-
sunto, temos que o transmitir de maneira clara aos leitores. CUNSTÂNCIAS
O estudo da pontuação pode se tornar um valioso alia- A globalização + está causando + desemprego + no
do para organizarmos as ideias de maneira clara em frases. Brasil nos dias de hoje.
Para tanto, é necessário ter alguma noção de sintaxe. “Sin-
taxe”, conforme o dicionário Aurélio, é a “parte da gramá- Nem todas as orações mantêm esta ordem e nem to-
tica que estuda a disposição das palavras na frase e a das das contêm todos estes elementos, portanto cabem algu-
frases no discurso, bem como a relação lógica das frases mas observações:
entre si”; ou em outras palavras, sintaxe quer dizer “mistu-
ra”, isto é, saber misturar as palavras de maneira a produ- 1) As circunstâncias (de tempo, espaço, modo, etc.)
zirem um sentido evidente para os receptores das nossas normalmente são representadas por adjuntos adverbiais
mensagens. Observe: de tempo, lugar, etc. Note que, no mais das vezes, quan-
do queremos recordar algo ou narrar uma história, existe
1)A desemprego globalização no Brasil e no na está La- a tendência a colocar os adjuntos nos começos das frases:
tina América causando.
2) A globalização está causando desemprego no Brasil e “No Brasil e na América…” “Nos dias de hoje…” “Nas mi-
na América Latina. nhas férias…”, “No Brasil…”. e logo depois os verbos e ou-
tros elementos: “Nas minhas férias fui…”; “No Brasil existe…”
Ora, no item 1 não temos uma ideia, pois não há uma
frase, as palavras estão amontoadas sem a realização de Observações:
“uma sintaxe”, não há um contexto linguístico nem relação a) tais construções não estão erradas, mas rompem
inteligível com a realidade; no caso 2, a sintaxe ocorreu de com a ordem direta;
maneira perfeita e o sentido está claro para receptores de b) é preciso notar que em Língua Portuguesa, há mui-
língua portuguesa inteirados da situação econômica e cul- tas frases que não têm sujeito, somente predicado. Por
tural do mundo atual. exemplo: Está chovendo em Porto Alegre. Faz frio em Fri-
burgo. São quatro horas agora;

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LÍNGUA PORTUGUESA

c) Outras frases são construídas com verbos intransiti- Neste caso, há uma oração adjetiva intercalada.
vos, que não têm complemento: As orações adjetivas explicativas desempenham fre-
O menino morreu na Alemanha. (sujeito + verbo + ad- quentemente um papel semelhante ao do aposto explicati-
junto adverbial) vo, por isto são também isoladas por vírgula.
A globalização nasceu no século XX. (idem)
d) Há ainda frases nominais que não possuem verbos: A globalização causa, caro leitor, desemprego no Brasil…
cada macaco no seu galho. Nestes tipos de frase, a ordem Neste outro caso, há um vocativo entre o verbo e o seu
direta faz-se naturalmente. Usam-se apenas os termos complemento.
existentes nelas.
A globalização causa desemprego, e isto é lamentável,
Levando em consideração a ordem direta, podemos no Brasil…
estabelecer três regras básicas para o uso da vírgula: Aqui, há uma oração intercalada (note que ela não per-
1)Se os termos estão colocados na ordem direta não tence ao assunto: globalização, da frase principal, tal ora-
haverá a necessidade de vírgulas. A frase (2) é um exemplo ção é apenas um comentário à parte entre o complemento
disto: verbal e os adjuntos).
A globalização está causando desemprego no Brasil e na
América Latina. Observação: a simples negação em uma frase não exi-
ge vírgula: A globalização não causou desemprego no Brasil
Todavia, ao repetir qualquer um dos termos da oração e na América Latina.
por três vezes ou mais, então é necessário usar a vírgula,
mesmo que estejamos usando a ordem direta. Esta é a re- 3)Quando “quebramos” a ordem direta, invertendo-a,
gra básica nº1 para a colocação da vírgula. Veja: tal quebra torna a vírgula necessária. Esta é a regra nº3 da
A globalização, a tecnologia e a “ciranda financeira” colocação da vírgula.
causam desemprego…
(três núcleos do sujeito) No Brasil e na América Latina, a globalização está cau-
sando desemprego…
A globalização causa desemprego no Brasil, na América No fim do século XX, a globalização causou desemprego
Latina e na África. no Brasil…
(três adjuntos adverbiais)
Nota-se que a quebra da ordem direta frequentemente
A globalização está causando desemprego, insatisfação se dá com a colocação das circunstâncias antes do sujeito.
e sucateamento industrial no Brasil e na América Latina. Trata-se da ordem inversa. Estas circunstâncias, em gramá-
(três complementos verbais) tica, são representadas pelos adjuntos adverbiais. Muitas
vezes, elas são colocadas em orações chamadas adverbiais
2)Em princípio, não devemos, na ordem direta, sepa- que têm uma função semelhante a dos adjuntos adverbiais,
rar com vírgula o sujeito e o verbo, nem o verbo e o seu isto é, denotam tempo, lugar, etc. Exemplos:
complemento, nem o complemento e as circunstâncias, ou
seja, não devemos separar com vírgula os termos da ora- Quando o século XX estava terminando, a globalização
ção. Veja exemplos de tal incorreção: começou a causar desemprego.
Enquanto os países portadores de alta tecnologia de-
O Brasil, será feliz. A globalização causa, o desemprego. senvolvem-se, a globalização causa desemprego nos países
pobres.
Ao intercalarmos alguma palavra ou expressão entre Durante o século XX, a Globalização causou desempre-
os termos da oração, cabe isolar tal termo entre vírgulas, go no Brasil.
assim o sentido da ideia principal não se perderá. Esta é
a regra básica nº 2 para a colocação da vírgula. Dito em Observação: quanto à equivalência e transformação de
outras palavras: quando intercalamos expressões e frases estruturas, um exemplo muito comum cobrado em provas
entre os termos da oração, devemos isolar os mesmos com é o enunciado trazer uma frase no singular e pedir a passa-
vírgulas. Vejamos: gem para o plural, mantendo o sentido. Outro exemplo é a
A globalização, fenômeno econômico deste fim de sécu- mudança de tempos verbais.
lo XX, causa desemprego no Brasil.
Fonte de pesquisa:
Aqui um aposto à globalização foi intercalado entre o http://ricardovigna.wordpress.com/2009/02/02/estu-
sujeito e o verbo. dos-de-linguagem-1-estrutura-frasal-e-pontuacao/

Outros exemplos:
A globalização, que é um fenômeno econômico e cultu-
ral, está causando desemprego no Brasil e na América Lati-
na.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões
ESTRUTURA TEXTUAL
1-) (TRF/3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014
- adaptada)
Reunir-se para ouvir alguém ler tornou-se uma prática
necessária e comum no mundo laico da Idade Média. Até Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a ca-
a invenção da imprensa, a alfabetização era rara e os livros, pacidade que temos de pensar. Por meio do pensamento,
propriedade dos ricos, privilégio de um pequeno punhado elaboramos todas as informações que recebemos e orien-
de leitores. tamos as ações que interferem na realidade e organização
Embora alguns desses senhores afortunados ocasional- de nossos escritos. O que lemos é produto de um pensa-
mente emprestassem seus livros, eles o faziam para um nú- mento transformado em texto.
mero limitado de pessoas da própria classe ou família. Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen-
(Adaptado de: MANGUEL, Alberto, op.cit.) sar, quando escrevemos sempre procuramos uma maneira
organizada do leitor compreender as nossas ideias. A fina-
Mantêm-se a correção e as relações de sentido estabe- lidade da escrita é direcionar totalmente o que você quer
lecidas no texto, substituindo-se Embora (2.º parágrafo) por dizer, por meio da comunicação.
(A) Contudo. Para isso, os elementos que compõem o texto se sub-
(B) Desde que. dividem em: introdução, desenvolvimento e conclusão. To-
(C) Porquanto. dos eles devem ser organizados de maneira equilibrada.
(D) Uma vez que.
(E) Conquanto. Introdução

1-) “Embora” é uma conjunção concessiva (apresenta Caracterizada pela entrada no assunto e a argumenta-
uma exceção à regra). A outra conjunção concessiva é “con- ção inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa eta-
quanto”. pa. Essa apresentação deve ser direta, sem rodeios. O seu
RESPOSTA: “E”. tamanho raramente excede a 1/5 de todo o texto. Porém,
em textos mais curtos, essa proporção não é equivalente.
2-) (PRODEST/ES – ASSISTENTE ORGANIZACIONAL – Neles, a introdução pode ser o próprio título. Já nos textos
VUNESP/2014 - adaptada) Considere o trecho: “Se o senhor mais longos, em que o assunto é exposto em várias pági-
não se importa, vou levar minha sobrinha ao dentista, mas nas, ela pode ter o tamanho de um capítulo ou de uma par-
posso quebrar o galho e fazer sua corrida”. Esse trecho está te precedida por subtítulo. Nessa situação, pode ter vários
corretamente reescrito e mantém o sentido em: parágrafos. Em redações mais comuns, que em média têm
(A) Uma vez que o senhor não se importe, vou levar mi- de 25 a 80 linhas, a introdução será o primeiro parágrafo.
nha sobrinha ao dentista, assim que possa quebrar o galho
e fazer sua corrida. Desenvolvimento
(B) Já que o senhor não se importa, vou levar minha so-
brinha ao dentista, porque posso quebrar o galho e fazer A maior parte do texto está inserida no desenvol-
sua corrida. vimento, que é responsável por estabelecer uma ligação
(C) À medida que o senhor não se importe, vou levar entre a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são
minha sobrinha ao dentista, logo que possa quebrar o galho elaboradas as ideias, os dados e os argumentos que sus-
e fazer sua corrida. tentam e dão base às explicações e posições do autor. É ca-
(D) Caso o senhor não se importe, vou levar minha so- racterizado por uma “ponte” formada pela organização das
brinha ao dentista, no entanto posso quebrar o galho e fazer ideias em uma sequência que permite formar uma relação
sua corrida. equilibrada entre os dois lados.
(E) Para que o senhor não se importe, vou levar minha O autor do texto revela sua capacidade de discutir um
sobrinha ao dentista, todavia posso quebrar o galho e fazer determinado tema no desenvolvimento, e é através desse
sua corrida. que o autor mostra sua capacidade de defender seus pon-
tos de vista, além de dirigir a atenção do leitor para a con-
2-) “Se o senhor não se importa, vou levar minha so- clusão. As conclusões são fundamentadas a partir daqui.
brinha ao dentista, mas posso quebrar o galho e fazer sua Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o es-
corrida” critor já deve ter uma ideia clara de como será a conclusão.
O primeiro período é introduzido por uma conjunção Daí a importância em planejar o texto.
condicional (“se”); o segundo, conjunção adversativa. As Em média, o desenvolvimento ocupa 3/5 do texto, no
conjunções apresentadas que têm a mesma classificação, mínimo. Já nos textos mais longos, pode estar inserido em
respectivamente, e que, por isso, poderiam substituir ade- capítulos ou trechos destacados por subtítulos. Apresentar-
quadamente as destacadas no enunciado são “caso” e “no se-á no formato de parágrafos medianos e curtos.
entanto”. Acredito que, mesmo que você não saiba a clas- Os principais erros cometidos no desenvolvimento são
sificação das conjunções, conseguiria responder à questão o desvio e a desconexão da argumentação. O primeiro está
apenas utilizando a coerência: as demais alternativas não relacionado ao autor tomar um argumento secundário que
a têm. se distancia da discussão inicial, ou quando se concentra
RESPOSTA: “D”. em apenas um aspecto do tema e esquece o seu todo. O

90
LÍNGUA PORTUGUESA

segundo caso acontece quando quem redige tem muitas


ideias ou informações sobre o que está sendo discutido, REDAÇÃO OFICIAL
não conseguindo estruturá-las. Surge também a dificul-
dade de organizar seus pensamentos e definir uma linha
lógica de raciocínio.
Pronomes de tratamento na redação oficial
Conclusão
A redação oficial é a maneira utilizada pelo poder públi-
Considerada como a parte mais importante do texto, co para redigir atos normativos. Para redigi-los, muitas regras
é o ponto de chegada de todas as argumentações elabo- fazem-se necessárias. Entre elas, escrever de forma clara, con-
radas. As ideias e os dados utilizados convergem para essa cisa, sem muito comprometimento, bem como um uso ade-
parte, em que a exposição ou discussão se fecha. quado das formas de tratamento. Tais regras, acompanhadas
Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma de uma boa redação, com um bom uso da linguagem, asse-
brecha para uma possível continuidade do assunto; ou seja, guram que os atos normativos sejam bem executados.
possui atributos de síntese. A discussão não deve ser en- No Poder Público, nós nos deparamos com situações em
cerrada com argumentos repetitivos, como por exemplo: que precisamos escrever – ou falar – com pessoas com as
“Portanto, como já dissemos antes...”, “Concluindo...”, “Em quais não temos familiaridade. Nestes casos, os pronomes de
conclusão...”. tratamento assumem uma condição e precisam estar adequa-
Sua proporção em relação à totalidade do texto deve dos à categoria hierárquica da pessoa a quem nos dirigimos.
ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das E mais, exige-se, em discurso falado ou escrito, uma homoge-
características de textos bem redigidos. neidade na forma de tratamento, não só nos pronomes como
Os seguintes erros aparecem quando as conclusões fi- também nos verbos. No entanto, as formas de tratamento
cam muito longas: não são do conhecimento de todos.
Abaixo, seguem as discriminações de usos dos pronomes
- O problema aparece quando não ocorre uma explo- de tratamento, com base no Manual da Presidência da Repú-
ração devida do desenvolvimento, o que gera uma invasão blica.
das ideias de desenvolvimento na conclusão.
- Outro fator consequente da insuficiência de funda- São de uso consagrado:
mentação do desenvolvimento está na conclusão precisar
de maiores explicações, ficando bastante vazia. Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
- Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no tex- a) do Poder Executivo
to em que o autor fica girando em torno de ideias redun- Presidente da República, Vice-Presidente da República, Mi-
dantes ou paralelas. nistro de Estado, Secretário-Geral da Presidência da República,
- Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeitamen- Consultor-Geral da República, Chefe do Estado-Maior das For-
te dispensáveis. ças Armadas, Chefe do Gabinete Militar da Presidência da Re-
- Quando não tem clareza de qual é a melhor conclu- pública, Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República,
são, o autor acaba se perdendo na argumentação final. Secretários da Presidência da República, Procurador – Geral da
República, Governadores e Vice-Governadores de Estado e do
Em relação à abertura para novas discussões, a con- Distrito Federal, Chefes de Estado – Maior das Três Armas, Ofi-
clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguintes ciais Generais das Forças Armadas, Embaixadores, Secretário
fatores: Executivo e Secretário Nacional de Ministérios, Secretários de
- Para não influenciar a conclusão do leitor sobre temas Estado dos Governos Estaduais, Prefeitos Municipais.
polêmicos, o autor deixa a conclusão em aberto.
- Para estimular o leitor a ler uma possível continuidade b) do Poder Legislativo:
do texto, o autor não fecha a discussão de propósito. Presidente, Vice–Presidente e Membros da Câmara dos
- Por apenas apresentar dados e informações sobre o Deputados e do Senado Federal, Presidente e Membros do Tri-
tema a ser desenvolvido, o autor não deseja concluir o as- bunal de Contas da União, Presidente e Membros dos Tribunais
sunto. de Contas Estaduais, Presidente e Membros das Assembleias
- Para que o leitor tire suas próprias conclusões, o autor Legislativas Estaduais, Presidente das Câmaras Municipais.
enumera algumas perguntas no final do texto.
c) do Poder Judiciário:
A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o au- Presidente e Membros do Supremo Tribunal Federal, Presi-
tor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técnica dente e Membros do Superior Tribunal de Justiça, Presidente e
é um roteiro, em que estão presentes os planejamentos. Membros do Superior Tribunal Militar, Presidente e Membros do
Naquele devem estar indicadas as melhores sequências a Tribunal Superior Eleitoral, Presidente e Membros do Tribunal
serem utilizadas na redação; ele deve ser o mais enxuto Superior do Trabalho, Presidente e Membros dos Tribunais de
possível. Justiça, Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Fede-
rais, Presidente e Membros dos Tribunais Regionais Eleitorais,
Fonte de pesquisa: Presidente e Membros dos Tribunais Regionais do Trabalho,
http://producao-de-textos.info/mos/view/Caracter%- Juízes e Desembargadores, Auditores da Justiça Militar.
C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/

91
LÍNGUA PORTUGUESA

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas A Impessoalidade


aos Chefes do Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do car- A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer
go respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República; pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: a)
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional; Ex- alguém que comunique; b) algo a ser comunicado; c) alguém
celentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. que receba essa comunicação. No caso da redação oficial,
E mais: As demais autoridades serão tratadas com o vo- quem comunica é sempre o Serviço Público (este ou aquele
cativo Senhor, seguido do cargo respectivo: Senhor Senador, Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão, Serviço, Seção);
Senhor Juiz, Senhor Ministro, Senhor Governador. o que se comunica é sempre algum assunto relativo às atri-
O Manual ainda preceitua que a forma de tratamento buições do órgão que comunica; o destinatário dessa comu-
“Digníssimo” fica abolida para as autoridades descritas acima, nicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos, ou outro
afinal, a dignidade é condição primordial para que tais cargos órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes da União.
públicos sejam ocupados. Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que deve
Fica ainda dito que doutor não é forma de tratamento, ser dado aos assuntos que constam das comunicações oficiais
mas titulação acadêmica de quem defende tese de douto- decorre:
rado. Portanto, é aconselhável que não se use discriminada- a) da ausência de impressões individuais de quem comu-
mente tal termo. nica: embora se trate, por exemplo, de um expediente assina-
do por Chefe de determinada Seção, é sempre em nome do
As Comunicações Oficiais Serviço Público que é feita a comunicação. Obtém-se, assim,
uma desejável padronização, que permite que comunicações
1. Aspectos Gerais da Redação Oficial elaboradas em diferentes setores da Administração guardem
entre si certa uniformidade;
O que é Redação Oficial b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação,
com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cidadão,
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a ma- sempre concebido como público, ou a outro órgão público.
neira pela qual o Poder Público redige atos normativos Nos dois casos, temos um destinatário concebido de forma
e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do homogênea e impessoal;
Poder Executivo. c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoalida- universo temático das comunicações oficiais restringe-se a
de, uso do padrão culto de linguagem, clareza, concisão, for- questões que dizem respeito ao interesse público, é natural
malidade e uniformidade. Fundamentalmente esses atributos que não caiba qualquer tom particular ou pessoal.
decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo 37: “A admi- Desta forma, não há lugar na redação oficial para impres-
nistração pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer sões pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoali- mesmo de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta
dade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. Sendo a publi- da interferência da individualidade que a elabora.
cidade e a impessoalidade princípios fundamentais de toda A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de
administração pública, claro que devem igualmente nortear a que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais con-
elaboração dos atos e comunicações oficiais. tribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária impes-
Não se concebe que um ato normativo de qualquer na- soalidade.
tureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou im-
possibilite sua compreensão. A transparência do sentido dos A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais
atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são requisitos A necessidade de empregar determinado nível de lingua-
do próprio Estado de Direito: é inaceitável que um texto le- gem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um lado, do
gal não seja entendido pelos cidadãos. A publicidade implica, próprio caráter público desses atos e comunicações; de outro,
pois, necessariamente, clareza e concisão. de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui entendidos como atos
Fica claro também que as comunicações oficiais são ne- de caráter normativo, ou estabelecem regras para a conduta
cessariamente uniformes, pois há sempre um único comuni- dos cidadãos, ou regulam o funcionamento dos órgãos públi-
cador (o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações cos, o que só é alcançado se em sua elaboração for empre-
ou é o próprio Serviço Público (no caso de expedientes dirigi- gada a linguagem adequada. O mesmo se dá com os expe-
dos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou dientes oficiais, cuja finalidade precípua é a de informar com
instituições tratados de forma homogênea (o público). clareza e objetividade.
A redação oficial não é necessariamente árida e infensa à As comunicações que partem dos órgãos públicos fede-
evolução da língua. É que sua finalidade básica – comunicar rais devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão
com impessoalidade e máxima clareza – impõe certos parâ- brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso de
metros ao uso que se faz da língua, de maneira diversa da- uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há dú-
quele da literatura, do texto jornalístico, da correspondência vida de que um texto marcado por expressões de circulação
particular, etc. restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o jar-
Apresentadas essas características fundamentais da re- gão técnico, tem sua compreensão dificultada.
dação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada Ressalte-se que há necessariamente uma distância en-
uma delas. tre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente dinâ-
mica, reflete de forma imediata qualquer alteração de cos-

92
LÍNGUA PORTUGUESA

tumes, e pode eventualmente contar com outros elementos Concisão e Clareza


que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, a entoação, A concisão é antes uma qualidade do que uma caracte-
etc., para mencionar apenas alguns dos fatores responsáveis rística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue trans-
por essa distância. Já a língua escrita incorpora mais lenta- mitir o máximo de informações com um mínimo de palavras.
mente as transformações, tem maior vocação para a perma- Para que se redija com essa qualidade, é fundamental que se
nência e vale-se apenas de si mesma para comunicar. tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se es-
Os textos oficiais, devido ao seu caráter impessoal e sua creve, o necessário tempo para revisar o texto depois de pron-
finalidade de informar com o máximo de clareza e concisão, to. É nessa releitura que muitas vezes se percebem eventuais
requerem o uso do padrão culto da língua. Há consenso de redundâncias ou repetições desnecessárias de ideias.
que o padrão culto é aquele em que se observam as regras O esforço de sermos concisos atende, basicamente, ao
da gramática formal e se emprega um vocabulário comum princípio de economia linguística, à mencionada fórmula de
ao conjunto dos usuários do idioma. É importante ressaltar empregar o mínimo de palavras para informar o máximo. Não
que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na redação se deve, de forma alguma, entendê-la como economia de
oficial decorre do fato de que ele está acima das diferenças pensamento, isto é, não se devem eliminar passagens subs-
lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais, dos modismos tanciais do texto no afã de reduzi-lo em tamanho. Trata-se
vocabulares, das idiossincrasias linguísticas, permitindo, por exclusivamente de cortar palavras inúteis, redundâncias, pas-
essa razão, que se atinja a pretendida compreensão por todos sagens que nada acrescentem ao que já foi dito.
os cidadãos. A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto ofi-
Lembre-se de que o padrão culto nada tem contra a sim- cial. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita
plicidade de expressão, desde que não seja confundida com imediata compreensão pelo leitor. No entanto, a clareza não
pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente das
culto implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos demais características da redação oficial. Para ela concorrem:
contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios - a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpre-
da língua literária. tações que poderia decorrer de um tratamento personalista
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente um dado ao texto;
“padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do padrão - o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de
culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que haverá pre- entendimento geral e por definição avesso a vocábulos de
ferência pelo uso de determinadas expressões, ou será obe- circulação restrita, como a gíria e o jargão;
decida certa tradição no emprego das formas sintáticas, mas - a formalidade e a padronização, que possibilitam a im-
isso não implica, necessariamente, que se consagre a utiliza- prescindível uniformidade dos textos;
ção de uma forma de linguagem burocrática. O jargão buro- - a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos
crático, como todo jargão, deve ser evitado, pois terá sempre linguísticos que nada lhe acrescentam.
sua compreensão limitada. É pela correta observação dessas características que se
A linguagem técnica deve ser empregada apenas em redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável relei-
situações que a exijam, evitando o seu uso indiscriminado. tura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos oficiais,
Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o vocabulário de trechos obscuros e de erros gramaticais provém, principal-
próprio à determinada área, são de difícil entendimento por mente, da falta da releitura que torna possível sua correção.
quem não esteja com eles familiarizado. Deve-se ter o cui- A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pressa
dado, portanto, de explicitá-los em comunicações encami- com que são elaboradas certas comunicações quase sempre
nhadas a outros órgãos da administração e em expedientes compromete sua clareza. Não se deve proceder à redação de
dirigidos aos cidadãos. um texto que não seja seguida por sua revisão. “Não há as-
suntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a máxima. Evite-se,
Formalidade e Padronização pois, o atraso, com sua indesejável repercussão no redigir.
As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto
é, obedecem a certas regras de forma: além das já mencio- Pronomes de Tratamento
nadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto Concordância com os Pronomes de Tratamento
de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de tra- Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indi-
tamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao reta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordân-
correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento cia verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segun-
para uma autoridade de certo nível; mais do que isso, a for- da pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem
malidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio enfo- se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira
que dado ao assunto do qual cuida a comunicação. pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que in-
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à ne- tegra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria
cessária uniformidade das comunicações. Ora, se a administra- nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”.
ção federal é una, é natural que as comunicações que expede Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a
sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão pronomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa:
exige que se atente para todas as características da redação “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa... vos-
oficial e que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. so...”).
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o
o texto definitivo e a correta diagramação do texto são in- gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que
dispensáveis para a padronização. se refere, e não com o substantivo que compõe a locução.

93
LÍNGUA PORTUGUESA

Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa - deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de
Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satis- corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas
feito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa de rodapé;
Senhoria deve estar satisfeita”. - para símbolos não existentes na fonte Times New Ro-
No envelope, o endereçamento das comunicações diri- man poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
gidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a se- - é obrigatório constar a partir da segunda página o
guinte forma: número da página;
- os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser
A Sua Excelência o Senhor impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as mar-
Fulano de Tal gens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas
Ministro de Estado da Justiça páginas pares (“margem espelho”);
70.064-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral esquerda terá,
no mínimo, 3,0 cm de largura;
A Sua Excelência o Senhor
- o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de
Senador Fulano de Tal
distância da margem esquerda;
Senado Federal
70.165-900 – Brasília. DF - o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5
cm;
Senhor Ministro, - deve ser utilizado espaçamento simples entre as li-
Submeto a Vossa Excelência projeto (...) nhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha
Fechos para Comunicações em branco;
O fecho das comunicações oficiais possui, além da fina- - não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sub-
lidade de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os linhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bor-
modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram re- das ou qualquer outra forma de formatação que afete a
gulados pela Portaria nº1 do Ministério da Justiça, de 1937, elegância e a sobriedade do documento;
que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los - a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em
e uniformiza-los, este Manual estabelece o emprego de so- papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas
mente dois fechos diferentes para todas as modalidades de para gráficos e ilustrações;
comunicação oficial: - todos os tipos de documentos do Padrão Ofício de-
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente vem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7
da República: Respeitosamente, x 21,0 cm;
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie- - deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de
rarquia inferior: Atenciosamente, arquivo Rich Text nos documentos de texto;
- dentro do possível, todos os documentos elabora-
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas dos devem ter o arquivo de texto preservado para consulta
a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição pró- posterior ou aproveitamento de trechos para casos análo-
prios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do gos;
Ministério das Relações Exteriores. - para facilitar a localização, os nomes dos arquivos de-
vem ser formados da seguinte maneira:
Identificação do Signatário
tipo do documento + número do documento + pala-
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da
vras-chaves do conteúdo
República, todas as demais comunicações oficiais devem trazer
Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”
o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local
de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte:
Aviso e Ofício
(espaço para assinatura)
Nome Definição e Finalidade
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial
praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que
(espaço para assinatura) o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Estado,
Nome para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o ofí-
Ministro de Estado da Justiça cio é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos têm
como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pelos ór-
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assi- gãos da Administração Pública entre si e, no caso do ofício,
natura em página isolada do expediente. Transfira para essa também com particulares.
página ao menos a última frase anterior ao fecho.
Forma e Estrutura
Forma de diagramação Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o
seguinte forma de apresentação: destinatário, seguido de vírgula.

94
LÍNGUA PORTUGUESA

Exemplos: Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presidente


Excelentíssimo Senhor Presidente da República da República por um Ministro de Estado.
Senhora Ministra Nos casos em que o assunto tratado envolva mais de um
Senhor Chefe de Gabinete Ministério, a exposição de motivos deverá ser assinada por to-
dos os Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as de interministerial.
seguintes informações do remetente:
– nome do órgão ou setor; Forma e Estrutura - Formalmente, a exposição de mo-
– endereço postal; tivos tem a apresentação do padrão ofício. A exposição de
– telefone e e-mail. motivos, de acordo com sua finalidade, apresenta duas for-
mas básicas de estrutura: uma para aquela que tenha caráter
Observação: Estas informações estão ausentes no exclusivamente informativo e outra para a que proponha al-
guma medida ou submeta projeto de ato normativo.
memorando, pois se trata de comunicação interna - des-
No primeiro caso, o da exposição de motivos que sim-
tinatário e remetente possuem o mesmo endereço. Se o
plesmente leva algum assunto ao conhecimento do Presiden-
Aviso é de um Ministério para outro Ministério, também
te da República, sua estrutura segue o modelo antes referido
não precisa especificar o endereço. O Ofício é enviado para para o padrão ofício.
outras instituições, logo, são necessárias as informações do
remetente e o endereço do destinatário para que o ofício Mensagem
possa ser entregue e o remetente possa receber resposta.
Definição e Finalidade - É o instrumento de comunica-
Memorando ção oficial entre os Chefes dos Poderes Públicos, notadamente
as mensagens enviadas pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder
Definição e Finalidade Legislativo para informar sobre fato da Administração Pública,
O memorando é a modalidade de comunicação entre expor o plano de governo por ocasião da abertura de sessão
unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem legislativa, submeter ao Congresso Nacional matérias que de-
estar hierarquicamente em mesmo nível ou em nível dife- pendem de deliberação de suas Casas, apresentar veto, enfim,
rente. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja de inte-
eminentemente interna. resse dos poderes públicos e da Nação.
Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser em- Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Mi-
pregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes, nistérios à Presidência da República, a cujas assessorias caberá
etc. a serem adotados por determinado setor do serviço a redação final.
público. As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Con-
Sua característica principal é a agilidade. A tramitação gresso Nacional têm as seguintes finalidades:
do memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela ra- - encaminhamento de projeto de lei ordinária, comple-
pidez e pela simplicidade de procedimentos burocráticos. mentar ou financeira;
Para evitar desnecessário aumento do número de comu- - encaminhamento de medida provisória;
nicações, os despachos ao memorando devem ser dados - indicação de autoridades;
no próprio documento e, no caso de falta de espaço, em - pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-Pre-
folha de continuação. Este procedimento permite formar sidente da República ausentarem-se do País por mais de 15
dias;
uma espécie de processo simplificado, assegurando maior
- encaminhamento de atos de concessão e renovação de
transparência à tomada de decisões e permitindo que se
concessão de emissoras de rádio e TV;
historie o andamento da matéria tratada no memorando.
- encaminhamento das contas referentes ao exercício an-
terior;
Forma e Estrutura - mensagem de abertura da sessão legislativa;
Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do - comunicação de sanção (com restituição de autógrafos);
padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário - comunicação de veto;
deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. Ex: - outras mensagens.

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração Forma e Estrutura - As mensagens contêm:


Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos a) a indicação do tipo de expediente e de seu número,
horizontalmente, no início da margem esquerda;
Exposição de Motivos b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e o
cargo do destinatário, horizontalmente, no início da margem
Definição e Finalidade - Exposição de motivos é o ex- esquerda (Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Fede-
pediente dirigido ao Presidente da República ou ao Vice-Pre- ral);
sidente para: c) o texto, iniciando a 2,0 cm do vocativo;
a) informá-lo de determinado assunto; b) propor algu- d) o local e a data, verticalmente a 2,0 cm do final do
ma medida; ou c) submeter a sua consideração projeto de texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final com a
ato normativo. margem direita.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A mensagem, como os demais atos assinados pelo Pre- Forma e Estrutura - Um dos atrativos de comunica-
sidente da República, não traz identificação de seu signa- ção por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim, não
tário. interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto,
deve-se evitar o uso de linguagem incompatível com uma
Telegrama comunicação oficial.
O campo “assunto” do formulário de correio eletrôni-
Definição e Finalidade - Com o fito de uniformizar a co mensagem deve ser preenchido de modo a facilitar a
terminologia e simplificar os procedimentos burocráticos, organização documental tanto do destinatário quanto do
passa a receber o título de telegrama toda comunicação remetente.
oficial expedida por meio de telegrafia, telex, etc. Para os arquivos anexados à mensagem, deve ser utili-
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos zado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem
cofres públicos e tecnologicamente superada, deve restringir- que encaminha algum arquivo deve trazer informações mí-
se o uso do telegrama apenas àquelas situações que não seja nimas sobre seu conteúdo.
possível o uso de correio eletrônico ou fax e que a urgência Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de con-
justifique sua utilização. Em razão de seu custo elevado, esta firmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar
forma de comunicação deve pautar-se pela concisão. na mensagem o pedido de confirmação de recebimento.
Forma e Estrutura - Não há padrão rígido, devendo- Valor documental - Nos termos da legislação em vi-
se seguir a forma e a estrutura dos formulários disponíveis gor, para que a mensagem de correio eletrônico tenha valor
nas agências dos Correios e em seu sítio na Internet. documental, e para que possa ser aceito como documento
original, é necessário existir certificação digital que ateste
Fax a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.

Definição e Finalidade - O fax (forma abreviada já Elementos de Ortografia e Gramática


consagrada de fac-símile) é uma forma de comunicação
que está sendo menos usada devido ao desenvolvimento Problemas de Construção de Frases
da Internet. É utilizado para a transmissão de mensagens
urgentes e para o envio antecipado de documentos, de A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas,
cujo conhecimento há premência, quando não há condi- principalmente, pela construção adequada da frase, “a me-
ções de envio do documento por meio eletrônico. Quando nor unidade autônoma da comunicação”, na definição de
necessário o original, ele segue posteriormente pela via e Celso Pedro Luft.
na forma de praxe. A função essencial da frase é desempenhada pelo pre-
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com có-
dicado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser entendi-
pia do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em certos
do como “a enunciação pura de um fato qualquer”. Sempre
modelos, deteriora-se rapidamente.
que a frase possuir pelo menos um verbo, recebe o nome
de período, que terá tantas orações quantos forem os ver-
Forma e Estrutura - Os documentos enviados por fax
bos não auxiliares que o constituem.
mantêm a forma e a estrutura que lhes são inerentes.
Outra função relevante é a do sujeito – mas não indis-
É conveniente o envio, juntamente com o documento
pensável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –,
principal, de folha de rosto e de pequeno formulário com
os dados de identificação da mensagem a ser enviada, con- de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substantivo.
forme exemplo a seguir: Sempre que o verbo o exigir, teremos nas orações substan-
tivos (nomes ou pronomes) que desempenham a função
[Órgão Expedidor] de complementos (objetos direto e indireto, predicativo e
[setor do órgão expedidor] complemento adverbial). Função acessória desempenham
[endereço do órgão expedidor] os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente ao final da
Destinatário:____________________________________ oração, mas que podem ser ou intercalados aos elementos
No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___ que desempenham as outras funções, ou deslocados para
Remetente: ____________________________________ o início da oração.
Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____ Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos ele-
No de páginas: ________ No do documento:____________ mentos que compõem uma oração (Observação: os parên-
teses indicam os elementos que podem não ocorrer):
Observações:___________________________________
(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adverbial).
Correio Eletrônico
Podem ser identificados seis padrões básicos para as
Definição e finalidade - O correio eletrônico (“e-mail”), orações pessoais (isto é, com sujeito) na língua portuguesa
por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na princi- (a função que vem entre parênteses é facultativa e pode
pal forma de comunicação para transmissão de documen- ocorrer em ordem diversa):
tos.
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial)

96
LÍNGUA PORTUGUESA

O Presidente - regressou - (ontem). Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.

2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (ad- Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
junto adverbial) Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na
manhã de terça-feira). Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, (...).
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, (...).
3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto -
(adjunto adverbial). Frases Fragmentadas
O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os se- A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma
tores). oração subordinada ou uma simples locução como se fosse
uma frase completa”. Decorre da pontuação errada de uma
frase simples. Embora seja usada como recurso estilístico na
4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. dire-
literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos
to - obj. indireto - (adj. Adv.)
textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão.
Os desempregados - entregaram - suas reivindicações -
Exemplo:
ao Deputado - (no Congresso). Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento ad- Nacional. Depois de ser longamente debatido.
verbial - (adjunto adverbial) Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos Nacional, depois de ser longamente debatido.
Aires - (na próxima semana). Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa re-
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira) cebeu a aprovação do Congresso Nacional.

6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad- Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente sub-
verbial) metido ao Presidente da República, que o aprovou. Consultadas
O problema - será - resolvido - prontamente. as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente subme-
Estes seriam os padrões básicos para as orações, ou seja, tido ao Presidente da República, que o aprovou, consultadas as
as frases que possuem apenas um verbo conjugado. Na cons- áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
trução de períodos, as várias funções podem ocorrer em or-
dem inversa à mencionada, misturando-se e confundindo-se. Erros de Paralelismo
Não interessa aqui análise exaustiva de todos os padrões exis- Uma das convenções estabelecidas na linguagem escrita
tentes na língua portuguesa. O que importa é fixar a ordem “consiste em apresentar ideias similares numa forma gramati-
normal dos elementos nesses seis padrões básicos. Acrescen- cal idêntica”, o que se chama de paralelismo. Assim, incorre-se
te-se que períodos mais complexos, compostos por duas ou em erro ao conferir forma não paralela a elementos paralelos.
mais orações, em geral podem ser reduzidos aos padrões bá- Vejamos alguns exemplos:
sicos (de que derivam).
Os problemas mais frequentemente encontrados na Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministérios eco-
construção de frases dizem respeito à má pontuação, à am- nomizar energia e que elaborassem planos de redução de despesas.
biguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos paralelis-
Na frase temos, nas duas orações subordinadas que com-
mos, erros de comparação, etc. Decorrem, em geral, do des-
pletam o sentido da principal, duas estruturas diferentes para
conhecimento da ordem das palavras na frase. Indicam-se, a
ideias equivalentes: a primeira oração (economizar energia) é
seguir, alguns desses defeitos mais comuns e recorrentes na
reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que elaborassem
construção de frases, registrados em documentos oficiais. planos de redução de despesas) é uma oração desenvolvida
introduzida pela conjunção integrante que. Há mais de uma
Sujeito possibilidade de escrevê-la com clareza e correção; uma seria
Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que exe- a de apresentar as duas orações subordinadas como desen-
cuta a ação enunciada na oração. Ele pode ter complemen- volvidas, introduzidas pela conjunção integrante que:
to, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, portanto,
construções como: Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
que economizassem energia e (que) elaborassem planos para
Errado: É tempo do Congresso votar a emenda. redução de despesas.
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda.
Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas
Errado: Apesar das relações entre os países estarem cor- como reduzidas de infinitivo:
tadas, (...). Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cor- economizar energia e elaborar planos para redução de despesas.
tadas, (...).
Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim. coordenação de orações subordinadas.

97
LÍNGUA PORTUGUESA

Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita culta: Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o de
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não um médico.
ser inseguro, inteligência e ter ambição.
Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria.
O problema aqui decorre de coordenar palavras (subs- Novamente, a não repetição dos termos comparados
tantivos) com orações (reduzidas de infinitivo). confunde. Alternativas para correção:
Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da Por-
transformá-la em frase simples, substituindo as orações redu- taria.
zidas por substantivos: Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria.
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, segu- Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
rança, inteligência e ambição. do que os Ministérios do Governo.
No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou
Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso pa- “demais”) acarretou imprecisão:
ralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente) Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar, que os outros Ministérios do Governo.
de forma paralela, estruturas sintáticas distintas: Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas do
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa. que os demais Ministérios do Governo.
Ambiguidade
Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades (Pa-
ris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibilidade Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em
de correção é transformá-la em duas frases simples, com o mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de
cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar): todo texto oficial, deve-se atentar para as construções que
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta últi- possam gerar equívocos de compreensão.
ma capital, encontrou-se com o Papa. A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
identificar a qual palavra se refere um pronome que possui
Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado mais de um antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer
pelo uso inadequado da expressão “e que” num período que com:
não contém nenhum “que” anterior.
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem - pronomes pessoais:
sólida formação acadêmica. Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que
ele seria exonerado.
Para corrigir a frase, suprimimos o pronome relativo: Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu se-
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sólida cretariado.
formação acadêmica. Ou então, caso o entendimento seja outro:
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exo-
Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”: neração deste.
Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas
precipitadas, e que comprometam o andamento de todo o pro- - pronomes possessivos e pronomes oblíquos:
grama. Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da Repúbli-
Da mesma forma com que corrigimos o exemplo anterior, ca, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Esta-
aqui podemos suprimir a conjunção: do, mas isso não o surpreendeu.
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas pre- Observe a multiplicidade de ambiguidade no exemplo
cipitadas, que comprometam o andamento de todo o progra- acima, a qual torna incompreensível o sentido da frase.
ma. Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente
da República. No pronunciamento, solicitou a intervenção
Erros de Comparação
federal em seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente
da República.
A omissão de certos termos ao fazermos uma compara-
ção, omissão própria da língua falada, deve ser evitada na lín-
- pronome relativo:
gua escrita, pois compromete a clareza do texto: nem sempre
Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu
é possível identificar, pelo contexto, qual o termo omitido. A
costumava trabalhar.
ausência indevida de um termo pode impossibilitar o enten-
dimento do sentido que se quer dar a uma frase: Não fica claro se o pronome relativo da segunda ora-
ção faz referência “à mesa” ou “a gabinete”. Esta ambigui-
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que um dade se deve ao pronome relativo “que”, sem marca de gê-
médico. nero. A solução é recorrer às formas o qual, a qual, os quais,
A omissão de termos provocou uma comparação indevi- as quais, que marcam gênero e número.
da: “o salário de um professor” com “um médico”. Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costu-
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o mava trabalhar.
salário de um médico. Se o entendimento é outro, então:

98
LÍNGUA PORTUGUESA

Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costu- dos pronomes de tratamento apresentados nas alternati-
mava trabalhar. vas, o pronome demonstrativo será “sua”. Descartamos, en-
tão, os itens A, C e E. Agora recorramos ao pronome ade-
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da quado a ser utilizado para deputados. Segundo o Manual
dúvida sobre a que se refere a oração reduzida: de Redação Oficial, temos:
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
funcionário. b) do Poder Legislativo: Presidente, Vice–Presidente e
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima, Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
deve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida. (...).
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este RESPOSTA: “D”.
indisciplinado.
2-) (ANTAQ – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE SER-
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora VIÇOS DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – CESPE/2014)
chamou o médico. Considerando aspectos estruturais e linguísticos das cor-
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi respondências oficiais, julgue os itens que se seguem, de
chamado por uma senhora. acordo com o Manual de Redação da Presidência da Re-
pública.
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to-
Fontes de pesquisa:
das as autoridades do poder público, uma vez que a dig-
http://www.redacaooficial.com.br/redacao_oficial_pu-
nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de
blicacoes_ver.php?id=2
cargos públicos.
http://portuguesxconcursos.blogspot.com.br/p/reda-
( ) CERTO ( ) ERRADO
cao-oficial-para-concursos.html
2-) Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a
Questões forma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal, a
dignidade é condição primordial para que tais cargos públi-
1-) (TJ-PA - MÉDICO PSIQUIATRA - VUNESP - 2014) cos sejam ocupados.
Leia o seguinte fragmento de um ofício, citado do Manual Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
de Redação da Presidência da República, no qual expres- cial_publicacoes_ver.php?id=2
sões foram substituídas por lacunas. RESPOSTA: “ERRADO”.

Senhor Deputado 3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA/SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO


Em complemento às informações transmitidas pelo te- – CESPE/2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas di-
legrama n.º 154, de 24 de abril último, informo _____ de que recionadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer uso
as medidas mencionadas em ______ carta n.º 6708, dirigida dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamente, de acor-
ao Senhor Presidente da República, estão amparadas pelo do com as hierarquias do destinatário e do remetente.
procedimento administrativo de demarcação de terras in- ( ) CERTO (
dígenas instituído pelo Decreto n.º 22, de 4 de fevereiro de ) ERRADO
1991 (cópia anexa).
(http://www.planalto.gov.br. Adaptado) 3-) Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual
estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes
A alternativa que completa, correta e respectivamen- para todas as modalidades de comunicação oficial:
te, as lacunas do texto, de acordo com a norma-padrão a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente
da língua portuguesa e atendendo às orientações oficiais da República: Respeitosamente,
a respeito do uso de formas de tratamento em correspon- b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar-
quia inferior: Atenciosamente,
dências públicas, é:
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
A) Vossa Senhoria … tua.
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tra-
B) Vossa Magnificência … sua.
dição próprios, devidamente disciplinados no Manual de
C) Vossa Eminência … vossa.
Redação do Ministério das Relações Exteriores.
D) Vossa Excelência … sua. RESPOSTA: “CERTO”.
E) Sua Senhoria … vossa.

1-) Podemos começar pelo pronome demonstrativo.


Mesmo utilizando pronomes de tratamento “Vossa” (mui-
tas vezes confundido com “vós” e seu respectivo “vosso”),
os pronomes que os acompanham deverão ficar sempre na
terceira pessoa (do plural ou do singular, de acordo com o
número do pronome de tratamento). Então, em quaisquer

99
LÍNGUA PORTUGUESA

Não encontramos as pessoas que saíram.


FUNÇÕES DO “QUE” E DO “SE” • pronome indefinido: nesse caso, pode funcionar
como pronome substantivo ou pronome adjetivo.
• pronome substantivo: equivale a que coisa. Quando
for pronome substantivo, a palavra que exercerá as fun-
A palavra que em português pode ser: ções próprias do substantivo (sujeito, objeto direto, objeto
Interjeição: exprime espanto, admiração, surpresa. indireto, etc.)
Nesse caso, será acentuada e seguida de ponto de Que aconteceu com você?
exclamação. Usa-se também a variação  o quê! A pala-
vra que não exerce função sintática quando funciona como • pronome adjetivo: determina um substantivo. Nesse
interjeição. caso, exerce a função sintática de adjunto adnominal.

Quê! Você ainda não está pronto? Que vida é essa?


O quê! Quem sumiu?
Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse
Substantivo: equivale a alguma coisa. caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a pala-
Nesse caso, virá sempre antecedida de artigo ou outro vra que pode relacionar tanto orações coordenadas quan-
determinante, e receberá acento por ser monossílabo tô- to subordinadas, daí classificar-se como conjunção coorde-
nativa ou conjunção subordinativa. Quando funciona como
nico terminado em e. Como substantivo, designa também
conjunção coordenativa ou subordinativa, a palavra que
a 16ª letra de nosso alfabeto. Quando a palavra que for
recebe o nome da oração que introduz. Por exemplo:
substantivo, exercerá as funções sintáticas próprias dessa
Venha logo, que é tarde. (conjunção coordenativa ex-
classe de palavra (sujeito, objeto direto, objeto indireto,
plicativa)
predicativo, etc.) Falou tanto que ficou rouco. (conjunção subordinativa
consecutiva)
Ele tem certo quê misterioso. (substantivo na função
de núcleo do objeto direto) Quando inicia uma oração subordinada substantiva, a
palavra que recebe o nome de conjunção subordinativa
Preposição: liga dois verbos de uma locução verbal integrante.
em que o auxiliar é o verboter.
Equivale a de. Quando é preposição, a palavra que não Desejo que você venha logo.
exerce função sintática.

Tenho que sair agora. A palavra se 


Ele tem que dar o dinheiro hoje.
A palavra se, em português, pode ser:
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da
frase, sem prejuízo algum para o sentido. Conjunção: relaciona entre si duas orações. Nesse
Nesse caso, a palavra que  não exerce função sintáti- caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a pala-
ca; como o próprio nome indica, é usada apenas para dar vra se pode ser:
realce. Como partícula expletiva, aparece também na ex- * conjunção subordinativa integrante: inicia uma ora-
pressão é que. ção subordinada substantiva.
Perguntei se ele estava feliz.
Quase que não consigo chegar a tempo. * conjunção subordinativa condicional: inicia uma ora-
Elas é que conseguiram chegar. ção adverbial condicional (equivale a caso).
Advérbio:  modifica um adjetivo ou um advérbio. Se todos tivessem estudado, as notas seriam boas.
Equivale a quão. Quando funciona como advérbio, a pala-
Partícula expletiva ou de realce: pode ser retirada da
vra que exerce a função sintática de adjunto adverbial; no
frase sem prejuízo algum para o sentido. Nesse caso, a pa-
caso, de intensidade.
lavra se não exerce função sintática. Como o próprio nome
indica, é usada apenas para dar realce.
Que lindas flores!
Passavam-se os dias e nada acontecia.
Que barato!
Parte integrante do verbo: faz parte integrante dos
Pronome: como pronome, a palavra que pode ser: verbos pronominais. Nesse caso, o se não exerce função
• pronome relativo: retoma um termo da oração an- sintática.
tecedente, projetando-o na oração consequente. Equivale Ele arrependeu-se do que fez.
a o qual e flexões.

100
LÍNGUA PORTUGUESA

Partícula apassivadora: ligada a verbo que pede ob- Quanto ao nível informal, por sua vez, representa o es-
jeto direto, caracteriza as orações que estão na voz passi- tilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem gerado
va sintética. É também chamada de pronome apassivador. controvérsias entre os estudos da língua, uma vez que, para
Nesse caso, não exerce função sintática, seu papel é apenas a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve de maneira
apassivar o verbo. errônea é considerada “inculta”, tornando-se desta forma
um estigma.
Vendem-se casas. Compondo o quadro do padrão informal da lingua-
Aluga-se carro. gem, estão as chamadas variedades linguísticas, as quais
Compram-se joias. representam as variações de acordo com as condições so-
Índice de indeterminação do sujeito: vem ligando a ciais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.
um verbo que não é transitivo direto, tornando o sujeito Dentre elas destacam-se:
indeterminado. Não exerce propriamente uma função sin-
tática, seu papel é o de indeterminar o sujeito. Lembre-se Variações históricas: Dado o dinamismo que a lín-
de que, nesse caso, o verbo deverá estar na terceira pessoa gua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do
do singular. tempo. Um exemplo bastante representativo é a questão
da ortografia, se levarmos em consideração a palavra far-
Trabalha-se de dia. mácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, con-
Precisa-se de vendedores. trapondo-se à linguagem dos internautas, a qual se fun-
damenta pela supressão do vocábulos. Analisemos, pois, o
Pronome reflexivo: quando a palavra se é pronome fragmento exposto:
pessoal, ela deverá estar sempre na mesma pessoa do su-
jeito da oração de que faz parte. Por isso o pronome oblí-
quo se sempre será reflexivo (equivalendo a a si mesmo), Antigamente
podendo assumir as seguintes funções sintáticas:
“Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e
eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos:
* objeto direto
completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas,
Ele cortou-se com o facão.
mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arras-
* objeto indireto
tando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio.”
Ele se atribui muito valor.
Carlos Drummond de Andrade
* sujeito de um infinitivo
Comparando-o à modernidade, percebemos um voca-
“Sofia deixou-se estar à janela.”
bulário antiquado.
* Texto adaptado por Por Marina Cabral Variações regionais: São os chamados dialetos, que
são as marcas determinantes referentes a diferentes re-
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/gramatica/classi- giões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que,
ficacao-das-palavras-que-e-se.htm em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como:
macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade es-
tão os sotaques, ligados às características orais da lingua-
gem.

VARIAÇÃO LINGUÍSTICA. Variações sociais ou culturais: Estão diretamente li-


gadas aos grupos sociais de uma maneira geral e também
ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como
exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar caipira.
A linguagem é a característica que nos difere dos de- As gírias pertencem ao vocabulário específico de cer-
mais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar tos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores,
sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opinião entre outros. Os jargões estão relacionados ao profissiona-
frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano e, so- lismo, caracterizando um linguajar técnico. Representando
bretudo, promovendo nossa inserção ao convívio social. a classe, podemos citar os médicos, advogados, profissio-
Dentre os fatores que a ela se relacionam destacam-se os nais da área de informática, dentre outros.
níveis da fala, que são basicamente dois: o nível de formali-
dade e o de informalidade. Vejamos um poema sobre o assunto:
O padrão formal está diretamente ligado à linguagem
escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um modo Vício na fala
geral. Razão pela qual nunca escrevemos da mesma ma- Para dizerem milho dizem mio
neira que falamos. Este fator foi determinante para a que Para melhor dizem mió
a mesma pudesse exercer total soberania sobre as demais. Para pior pió

101
LÍNGUA PORTUGUESA

Para telha dizem teia Releva considerar, assim, o momento do discurso, que
Para telhado dizem teiado pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é o
E vão fazendo telhados. das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre ami-
Oswald de Andrade gos, parentes, namorados, etc., portanto, são consideradas
perfeitamente normais construções do tipo:
Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/varia- Eu não vi ela hoje.
coes-linguisticas.htm Ninguém deixou ele falar.
Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse!
Níveis de linguagem Não assisti o filme nem vou assisti-lo.
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo.
A língua é um código de que se serve o homem para
elaborar mensagens, para se comunicar. Existem basica- Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a
mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas norma culta, deixando mais livres os interlocutores.
funcionais: O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que
1) a língua funcional de modalidade culta, língua culta é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se
ou língua-padrão, que compreende a língua literária, tem por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou
por base a norma culta, forma linguística utilizada pelo seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções se
segmento mais culto e influente de uma sociedade. Cons- alteram:
titui, em suma, a língua utilizada pelos veículos de comu- Eu não a vi hoje.
nicação de massa (emissoras de rádio e televisão, jornais, Ninguém o deixou falar.
revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja função é a de serem Deixe-me ver isso!
aliados da escola, prestando serviço à sociedade, colabo- Eu te amo, sim, mas não abuses!
rando na educação; Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
2) a língua funcional de modalidade popular; língua po-
Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
pular ou língua cotidiana, que apresenta gradações as mais
diversas, tem o seu limite na gíria e no calão.
Considera-se momento neutro o utilizado nos veículos
Norma culta:
de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal, revista,
etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou transgres-
A norma culta, forma linguística que todo povo civiliza-
sões da norma culta na pena ou na boca de jornalistas,
do possui, é a que assegura a unidade da língua nacional.
quando no exercício do trabalho, que deve refletir serviço
E justamente em nome dessa unidade, tão importante do
à causa do ensino.
ponto de vista político--cultural, que é ensinada nas esco-
las e difundida nas gramáticas. Sendo mais espontânea e O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
criativa, a língua popular afigura-se mais expressiva e dinâ- poética, caracterizado por construções de rara beleza.
mica. Temos, assim, à guisa de exemplificação: Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
Estou preocupado. (norma culta) Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
Tô preocupado. (língua popular) de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta o co-
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) mete, passando, assim, a constituir fato linguístico registro
de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda
Não basta conhecer apenas uma modalidade de lín- que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
gua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a es- Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
pontaneidade, expressividade e enorme criatividade, para Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir.)
viver; urge conhecer a língua culta para conviver. Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das nor- dispersar e Não vamos dispersar-nos.)
mas da língua culta. Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho de
sair daqui bem depressa.)
O conceito de erro em língua: O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no
seu posto.)
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos
casos de ortografia. O que normalmente se comete são As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos im-
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num pedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são exemplos
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele fa- também de transgressões ou “erros” que se tornaram fatos
lar”, não comete propriamente erro; na verdade, transgride linguísticos, já que só correm hoje porque a maioria viu
a norma culta. tais verbos como derivados de pedir, que tem início, na sua
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua fala, conjugação, com peço. Tanto bastou para se arcaizarem as
transgride tanto quanto um indivíduo que comparece a um formas então legítimas impido, despido e desimpido, que
banquete trajando xortes ou quanto um banhista, numa hoje nenhuma pessoa bem-escolarizada tem coragem de
praia, vestido de fraque e cartola. usar.

102
LÍNGUA PORTUGUESA

Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário


escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe- O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO E AS
rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que FUNÇÕES DA LINGUAGEM.
deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
da língua popular para a língua culta”.
Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada con- Comunicação
forme as normas gramaticais; em suma, conforme a norma
culta. A comunicação constitui uma das ferramentas mais im-
portantes que os líderes têm à sua disposição para desem-
Língua escrita e língua falada. Nível de linguagem: penhar as suas funções de influência. A sua importância é
tal que alguns autores a consideram mesmo como o “san-
A língua escrita, estática, mais elaborada e menos eco- gue” que dá vida à organização. Esta importância deve-se
nômica, não dispõe dos recursos próprios da língua falada. essencialmente ao fato de apenas através de uma comuni-
A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação cação efetiva ser possível:
(melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos, - Estabelecer e dar a conhecer, com a participação de
olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a modalidade membros de todos os níveis hierárquicos da organização,
mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e natural, os objetivos organizacionais por forma a que contemplem,
estando, por isso mesmo, mais sujeita a transformações e não apenas os interesses da organização, mas também os
a evoluções. interesses de todos os seus membros.
Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em importân-
cia. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar a lín- - Definir e dar a conhecer, com a participação de mem-
gua falada com base na língua escrita, considerada supe- bros de todos os níveis hierárquicos da organização, a es-
rior. Decorrem daí as correções, as retificações, as emendas, trutura organizacional, quer ao nível do desenho organiza-
a que os professores sempre estão atentos. cional, quer ao nível da distribuição de autoridade, respon-
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos- sabilidade e tarefas.
trando as características e as vantagens de uma e outra,
sem deixar transparecer nenhum caráter de superioridade - Definir e dar a conhecer, com a participação de mem-
ou inferioridade, que em verdade inexiste. bros de todos os níveis hierárquicos da organização, de-
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na lín- cisões, planos, políticas, procedimentos e regras aceites e
gua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação de respeitadas por todos os membros da organização.
línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de diale-
tos, consequência natural do enorme distanciamento entre - Coordenar, dar apoio e controlar as atividades de to-
uma modalidade e outra. dos os membros da organização.
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela-
borada que a língua falada, porque é a modalidade que - Efetuar a integração dos diferentes departamentos e
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser a permitir a ajuda e cooperação interdepartamental.
que faz o pensamento atravessar o espaço e o tempo. Ne-
nhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será possível - Desempenhar eficazmente o papel de influência atra-
sem a língua escrita, cujas transformações, por isso mesmo, vés da compreensão e atuação em conformidade satisfa-
processam-se lentamente e em número consideravelmente ção das necessidades e sentimentos das pessoas por forma
menor, quando cotejada com a modalidade falada. a aumentar a sua motivação.
Importante é fazer o educando perceber que o nível da
linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo com Elementos do Processo de Comunicação
a situação em que se desenvolve o discurso.
O ambiente sociocultural determina o nível da lingua- Para perceber desenvolver políticas de comunicação
gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronúncia eficazes é necessário analisar antes cada um dos elemen-
e até a entoação variam segundo esse nível. Um padre não tos que fazem parte do processo de comunicação. Assim,
fala com uma criança como se estivesse em uma missa, as- fazem parte do processo de comunicação o emissor, um
sim como uma criança não fala como um adulto. Um enge- canal de transmissão, geralmente influenciado por ruídos,
nheiro não usará um mesmo discurso, ou um mesmo nível um receptor e ainda o feedback do receptor.
de fala, para colegas e para pedreiros, assim como nenhum
professor utiliza o mesmo nível de fala no recesso do lar e - Emissor (ou fonte da mensagem da comunicação):
na sala de aula. representa quem pensa, codifica e envia a mensagem, ou
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre seja, quem inicia o processo de comunicação. A codificação
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o coti- da mensagem pode ser feita transformando o pensamento
diano, a que já fizemos referência. que se pretende transmitir em palavras, gestos ou símbolos
que sejam compreensíveis por quem recebe a mensagem.

103
LÍNGUA PORTUGUESA

- Canal de transmissão da mensagem: faz a ligação parte do emissor, nomeadamente com o fato de se tor-
entre o emissor e o receptor e representa o meio através narem impossíveis ou pelo menos difíceis as retificações e
do qual é transmitida a mensagem. Existe uma grande as novas explicações para melhor compreensão após a sua
variedade de canais de transmissão, cada um deles com transmissão. Assim, os principais cuidados a ter para que
vantagens e inconvenientes: destacam-se o ar (no caso do a mensagem seja perfeitamente recebida e compreendida
emissor e receptor estarem frente a frente), o telefone, os pelo(s) receptor(es) são o uso de caligrafia legível e unifor-
meios eletrônicos e informáticos, os memorandos, a rádio, me (se manuscrita), a apresentação cuidada, a pontuação
a televisão, entre outros. e ortografia corretas, a organização lógica das ideias, a ri-
queza vocabular e a correção frásica. O emissor deve ainda
- Receptor da mensagem: representa quem recebe e possuir um perfeito conhecimento dos temas e deve tentar
descodifica a mensagem. Aqui é necessário ter em atenção prever as reações/feedback à sua mensagem.
que a descodificação da mensagem resulta naquilo que Como principais vantagens da comunicação escrita,
efetivamente o emissor pretendia enviar (por exemplo, em podemos destacar o fato de ser duradoura e permitir um
diferentes culturas, um mesmo gesto pode ter significados registro e de permitir uma maior atenção à organização
diferentes). Podem existir apenas um ou numerosos recep- da mensagem sendo, por isso, adequada para a transmitir
tores para a mesma mensagem. políticas, procedimentos, normas e regras. Adequa-se tam-
bém a mensagens longas e que requeiram uma maior aten-
- Ruídos: representam obstruções mais ou menos in- ção e tempo por parte do receptor tais como relatórios e
tensas ao processo de comunicação e podem ocorrer em análises diversas. Como principais desvantagens destacam-
qualquer uma das suas fases. Denominam-se ruídos inter- se a já referida ausência do receptor o que impossibilita o
nos se ocorrem durante as fases de codificação ou desco- feedback imediato, não permite correções ou explicações
dificação e externos se ocorrerem no canal de transmissão. adicionais e obriga ao uso exclusivo da linguagem verbal.
Obviamente estes ruídos variam consoante o tipo de canal
de transmissão utilizado e consoante as características do Comunicação Oral
emissor e do(s) receptor(es), sendo, por isso, um dos crité-
rios utilizados na escolha do canal de transmissão quer do No caso da comunicação oral, a sua principal caracte-
tipo de codificação. rística é a presença do receptor (exclui-se, obviamente, a
comunicação oral que utilize a televisão, a rádio, ou as gra-
- Retro-informação (feedback): representa a resposta vações). Esta característica explica diversas das suas prin-
do(s) receptor(es) ao emissor da mensagem e pode ser cipais vantagens, nomeadamente o fato de permitir o fee-
utilizada como uma medida do resultado da comunicação. dback imediato, permitir a passagem imediata do receptor
Pode ou não ser transmitida pelo mesmo canal de trans- a emissor e vice-versa, permitir a utilização de comunica-
missão. ção não verbal como os gestos a mímica e a entoação, por
  exemplo, facilitar as retificações e explicações adicionais,
Embora os tipos de comunicação sejam inúmeros, po- permitir observar as reações do receptor, e ainda a grande
dem ser agrupados em comunicação verbal e comunica- rapidez de transmissão. Contudo, e para que estas vanta-
ção não verbal. Como comunicação não verbal podemos gens sejam aproveitadas é necessário o conhecimento dos
considerar os gestos, os sons, a mímica, a expressão facial, temas, a clareza, a presença e naturalidade, a voz agradável
as imagens, entre outros. É frequentemente utilizada em e a boa dicção, a linguagem adaptada, a segurança e auto-
locais onde o ruído ou a situação impede a comunicação domínio, e ainda a disponibilidade para ouvir.
oral ou escrita como por exemplo as comunicações entre Como principais desvantagens da comunicação oral
“dealers” nas bolsas de valores. É também muito utilizada destacam-se o fato de ser efêmera, não permitindo qual-
como suporte e apoio à comunicação oral. quer registro e, consequentemente, não se adequando a
Quanto à comunicação verbal, que inclui a comunica- mensagens longas e que exijam análise cuidada por parte
ção escrita e a comunicação oral, por ser a mais utilizada na do receptor.
sociedade em geral e nas organizações em particular, por
ser a única que permite a transmissão de ideias complexas Gêneros Escritos e Orais
e por ser um exclusivo da espécie humana, é aquela que
mais atenção tem merecido dos investigadores, caracteri- Gêneros textuais são tipos específicos de textos de
zando-a e estudando quando e como deve ser utilizada. qualquer natureza, literários ou não. Modalidades discur-
sivas constituem as estruturas e as funções sociais (narra-
Comunicação Escrita tivas, discursivas, argumentativas) utilizadas como formas
de organizar a linguagem. Dessa forma, podem ser consi-
A comunicação escrita teve o seu auge, e ainda hoje derados exemplos de gêneros textuais: anúncios, convites,
predomina, nas organizações burocráticas que seguem atas, avisos, programas de auditórios, bulas, cartas, comé-
os princípios da Teoria da Burocracia enunciados por Max dias, contos de fadas, crônicas, editoriais, ensaios, entrevis-
Weber. A principal característica é o fato do receptor estar tas, contratos, decretos, discursos políticos, histórias, ins-
ausente tornando-a, por isso, num monólogo permanente truções de uso, letras de música, leis, mensagens, notícias.
do emissor. Esta característica obriga a alguns cuidados por São textos que circulam no mundo, que têm uma função

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LÍNGUA PORTUGUESA

específica, para um público específico e com características Exemplo de gêneros orais e escritos: Texto expositivo,
próprias. Aliás, essas características peculiares de um gêne- exposição oral, seminário, conferência, comunicação oral,
ro discursivo nos permitem abordar aspectos da textualida- palestra, entrevista de especialista, verbete, artigo enciclo-
de, tais como coerência e coesão textuais, impessoalidade, pédico, texto explicativo, tomada de notas, resumo de tex-
técnicas de argumentação e outros aspectos pertinentes tos expositivos e explicativos, resenha, relatório científico,
ao gênero em questão. relatório oral de experiência.
Gênero de texto então, refere-se às diferentes formas
de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por Domínios sociais de comunicação: Instruções e prescri-
exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, etc. ções.
Para a linguística, os gêneros textuais englobam estes Aspectos tipológicos: Descrever ações.
e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Capacidade de linguagem dominante: Regulação mú-
Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também iden- tua de comportamentos.
tificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tan- Exemplo de gêneros orais e escritos: Instruções de mon-
tos outros exemplares de gêneros que circulam em nossa tagem, receita, regulamento, regras de jogo, instruções de
sociedade. uso, comandos diversos, textos prescritivos.
Quanto à forma ou estrutura das sequências linguís-
ticas encontradas em cada texto, podemos classificá-los
dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e esti-
los composicionais. Funções da Linguagem
Domínios sociais de comunicação: Cultura Literária Fic-
cional. Quando se pergunta a alguém para que serve a lingua-
Aspectos tipológicos: Narrar. gem, a resposta mais comum é que ela serve para comuni-
Capacidade de linguagem dominante: Mimeses de ação car. Isso está correto. No entanto, comunicar não é apenas
através da criação da intriga no domínio do verossímil. transmitir informações. É também exprimir emoções, dar
Exemplo de gêneros orais e escritos: Conto de Fadas, fá- ordens, falar apenas para não haver silêncio. Para que serve
bula, lenda,narrativa de aventura, narrativa de ficção cien- a linguagem?
tífica, narrativa de enigma, narrativa mítica, sketch ou his- - A linguagem serve para informar: Função Referencial.
tória engraçada, biografia romanceada, romance, romance
histórico, novela fantástica, conto, crônica literária, adivi- “Estados Unidos invadem o Iraque”
nha, piada.
Domínios sociais de comunicação: Documentação e Essa frase, numa manchete de jornal, informa-nos so-
memorização das ações humana. bre um acontecimento do mundo.
Aspectos tipológicos: Relatar. Com a linguagem, armazenamos conhecimentos na
Capacidade de linguagem dominante: Representação memória, transmitimos esses conhecimentos a outras pes-
pelo discurso de experiências vividas, situadas no tempo. soas, ficamos sabendo de experiências bem-sucedidas, so-
Exemplo de gêneros orais e escritos: Relato de expe- mos prevenidos contra as tentativas mal sucedidas de fazer
riência vivida, relato de viagem, diário íntimo, testemunho, alguma coisa. Graças à linguagem, um ser humano recebe
anedota ou caso, autobiografia, curriculum vitae, notícia, de outro conhecimentos, aperfeiçoa-os e transmite-os.
reportagem, crônica social, crônica esportiva, histórico, re- Condillac, um pensador francês, diz: “Quereis aprender
lato histórico, ensaio ou perfil biográfico, biografia. ciências com facilidade? Começai a aprender vossa própria
língua!” Com efeito, a linguagem é a maneira como apren-
Domínios sociais de comunicação: Discussão de proble- demos desde as mais banais informações do dia a dia até
mas sociais controversos. as teorias científicas, as expressões artísticas e os sistemas
Aspectos tipológicos: Argumentar. filosóficos mais avançados.
Capacidade de linguagem dominante: Sustentação, re- A função informativa da linguagem tem importância
futação e negociação de tomadas de posição. central na vida das pessoas, consideradas individualmente
Exemplo de gêneros orais e escritos: Textos de opinião, ou como grupo social. Para cada indivíduo, ela permite co-
diálogo argumentativo, carta de leitor, carta de solicitação, nhecer o mundo; para o grupo social, possibilita o acúmulo
deliberação informal, debate regrado, assembleia, discurso de conhecimentos e a transferência de experiências. Por
de defesa (advocacia), discurso de acusação (advocacia), meio dessa função, a linguagem modela o intelecto.
resenha crítica, artigos de opinião ou assinados, editorial, É a função informativa que permite a realização do
ensaio. trabalho coletivo. Operar bem essa função da linguagem
possibilita que cada indivíduo continue sempre a aprender.
Domínios sociais de comunicação: Transmissão e cons- A função informativa costuma ser chamada também de
trução de saberes. função referencial, pois seu principal propósito é fazer com
Aspectos tipológicos: Expor. que as palavras revelem da maneira mais clara possível as
Capacidade de linguagem dominante: Apresentação coisas ou os eventos a que fazem referência.
textual de diferentes formas dos saberes.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- A linguagem serve para influenciar e ser influenciado: insinuarem intimidade com ele e, portanto, de exprimirem
Função Conativa. a importância que lhes seria atribuída pela proximidade
com o poder. Inúmeras vezes, contamos coisas que fizemos
“Vem pra Caixa você também.” para afirmarmo-nos perante o grupo, para mostrar nossa
valentia ou nossa erudição, nossa capacidade intelectual ou
Essa frase fazia parte de uma campanha destinada a nossa competência na conquista amorosa.
aumentar o número de correntistas da Caixa Econômica Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom
Federal. Para persuadir o público alvo da propaganda a de voz que empregamos, etc., transmitimos uma imagem
adotar esse comportamento, formulou-se um convite com nossa, não raro inconscientemente.
uma linguagem bastante coloquial, usando, por exemplo, a Emprega-se a expressão função emotiva para designar
forma vem, de segunda pessoa do imperativo, em lugar de a utilização da linguagem para a manifestação do enuncia-
venha, forma de terceira pessoa prescrita pela norma culta dor, isto é, daquele que fala.
quando se usa você.
Pela linguagem, as pessoas são induzidas a fazer de- - A linguagem serve para criar e manter laços sociais:
terminadas coisas, a crer em determinadas ideias, a sen- Função Fática.
tir determinadas emoções, a ter determinados estados de
alma (amor, desprezo, desdém, raiva, etc.). Por isso, pode- __Que calorão, hein?
se dizer que ela modela atitudes, convicções, sentimentos, __Também, tem chovido tão pouco.
emoções, paixões. Quem ouve desavisada e reiteradamente __Acho que este ano tem feito mais calor do que nos
a palavra negro pronunciada em tom desdenhoso aprende outros.
a ter sentimentos racistas; se a todo momento nos dizem, __Eu não me lembro de já ter sentido tanto calor.
num tom pejorativo, “Isso é coisa de mulher”, aprendemos
os preconceitos contra a mulher. Esse é um típico diálogo de pessoas que se encontram
Não se interfere no comportamento das pessoas ape- num elevador e devem manter uma conversa nos poucos
nas com a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos instantes em que estão juntas. Falam para nada dizer, ape-
influenciam de maneira bastante sutil, com tentações e nas porque o silêncio poderia ser constrangedor ou pare-
seduções, como os anúncios publicitários que nos dizem cer hostil.
como seremos bem sucedidos, atraentes e charmosos se Quando estamos num grupo, numa festa, não pode-
usarmos determinadas marcas, se consumirmos certos mos manter-nos em silêncio, olhando uns para os outros.
produtos. Por outro lado, a provocação e a ameaça expres- Nessas ocasiões, a conversação é obrigatória. Por isso,
sas pela linguagem também servem para fazer fazer. quando não se tem assunto, fala-se do tempo, repetem-se
Com essa função, a linguagem modela tanto bons ci- histórias que todos conhecem, contam-se anedotas velhas.
dadãos, que colocam o respeito ao outro acima de tudo, A linguagem, nesse caso, não tem nenhuma função que
quanto espertalhões, que só pensam em levar vantagem, não seja manter os laços sociais. Quando encontramos al-
e indivíduos atemorizados, que se deixam conduzir sem guém e lhe perguntamos “Tudo bem?”, em geral não que-
questionar. remos, de fato, saber se nosso interlocutor está bem, se
Emprega-se a expressão função conativa da linguagem está doente, se está com problemas.
quando esta é usada para interferir no comportamento A fórmula é uma maneira de estabelecer um vínculo
das pessoas por meio de uma ordem, um pedido ou uma social.
sugestão. A palavra conativo é proveniente de um verbo Também os hinos têm a função de criar vínculos, seja
latino (conari) que significa “esforçar-se” (para obter algo). entre alunos de uma escola, entre torcedores de um time
de futebol ou entre os habitantes de um país. Não importa
- A linguagem serve para expressar a subjetividade: que as pessoas não entendam bem o significado da letra
Função Emotiva. do Hino Nacional, pois ele não tem função informativa: o
importante é que, ao cantá-lo, sentimo-nos participantes
“Eu fico possesso com isso!” da comunidade de brasileiros.
Na nomenclatura da linguística, usa-se a expressão
Nessa frase, quem fala está exprimindo sua indignação função fática para indicar a utilização da linguagem para
com alguma coisa que aconteceu. Com palavras, objetiva- estabelecer ou manter aberta a comunicação entre um fa-
mos e expressamos nossos sentimentos e nossas emoções. lante e seu interlocutor.
Exprimimos a revolta e a alegria, sussurramos palavras de
amor e explodimos de raiva, manifestamos desespero, - A linguagem serve para falar sobre a própria lingua-
desdém, desprezo, admiração, dor, tristeza. Muitas ve- gem: Função Metalinguística.
zes, falamos para exprimir poder ou para afirmarmo-nos
socialmente. Durante o governo do presidente Fernando Quando dizemos frases como “A palavra ‘cão’ é um
Henrique Cardoso, ouvíamos certos políticos dizerem “A substantivo”; “É errado dizer ‘a gente viemos’”; “Estou usan-
intenção do Fernando é levar o país à prosperidade” ou “O do o termo ‘direção’ em dois sentidos”; “Não é muito elegan-
Fernando tem mudado o país”. Essa maneira informal de se te usar palavrões”, não estamos falando de acontecimen-
referirem ao presidente era, na verdade, uma maneira de tos do mundo, mas estamos tecendo comentários sobre a

106
LÍNGUA PORTUGUESA

própria linguagem. É o que chama função metalinguística. Verifica-se que a linguagem pode ser usada utilitaria-
A atividade metalinguística é inseparável da fala. Falamos mente ou esteticamente. No primeiro caso, ela é utilizada
sobre o mundo exterior e o mundo interior e ao mesmo para informar, para influenciar, para manter os laços sociais,
tempo, fazemos comentários sobre a nossa fala e a dos etc. No segundo, para produzir um efeito prazeroso de des-
outros. Quando afirmamos como diz o outro, estamos co- coberta de sentidos. Em função estética, o mais importante
mentando o que declaramos: é um modo de esclarecer que é como se diz, pois o sentido também é criado pelo ritmo,
não temos o hábito de dizer uma coisa tão trivial como a pelo arranjo dos sons, pela disposição das palavras, etc.
que estamos enunciando; inversamente, podemos usar a Na estrofe abaixo, retirada do poema “A Cavalgada”, de
metalinguagem como recurso para valorizar nosso modo Raimundo Correia, a sucessão dos sons oclusivos /p/, /t/,
de dizer. É o que se dá quando dizemos, por exemplo, Paro-
/k/, /b/, /d/, /g/ sugere o patear dos cavalos:
diando o padre Vieira ou Para usar uma expressão clássica,
vou dizer que “peixes se pescam, homens é que se não
E o bosque estala, move-se, estremece...
podem pescar”.
Da cavalgada o estrépito que aumenta
- A linguagem serve para criar outros universos. Perde-se após no centro da montanha...

A linguagem não fala apenas daquilo que existe, fala Apud: Lêdo Ivo. Raimundo Correia: Poesia. 4ª ed.
também do que nunca existiu. Com ela, imaginamos novos Rio de Janeiro, Agir, p. 29. Coleção Nossos Clássi-
mundos, outras realidades. Essa é a grande função da arte: cos.
mostrar que outros modos de ser são possíveis, que outros
universos podem existir. O filme de Woody Allen “A rosa Observe-se que a maior concentração de sons oclu-
púrpura do Cairo” (1985) mostra isso de maneira bem ex- sivos ocorre no segundo verso, quando se afirma que o
pressiva. Nele, conta-se a história de uma mulher que, para barulho dos cavalos aumenta.
consolar-se do cotidiano sofrido e dos maus-tratos infligi- Quando se usam recursos da própria língua para acres-
dos pelo marido, refugia-se no cinema, assistindo inúmeras centar sentidos ao conteúdo transmitido por ela, diz-se
vezes a um filme de amor em que a vida é glamorosa, e o que estamos usando a linguagem em sua função poética.
galã é carinhoso e romântico. Um dia, ele sai da tela e am-
bos vão viver juntos uma série de aventuras. Nessa outra Para melhor compreensão das funções de linguagem,
realidade, os homens são gentis, a vida não é monótona, o torna-se necessário o estudo dos elementos da comuni-
amor nunca diminui e assim por diante.
cação.
Antigamente, tinha-se a ideia que o diálogo era de-
- A linguagem serve como fonte de prazer: Função
Poética. senvolvido de maneira “sistematizada” (alguém pergunta
- alguém espera ouvir a pergunta, daí responde, enquanto
Brincamos com as palavras. Os jogos com o sentido outro escuta em silêncio, etc).
e os sons são formas de tornar a linguagem um lugar de Exemplo:
prazer. Divertimo-nos com eles. Manipulamos as palavras
para delas extrairmos satisfação. Elementos da comunicação
Oswald de Andrade, em seu “Manifesto antropófago”,
diz “Tupi or not tupi”; trata-se de um jogo com a frase sha- - Emissor - emite, codifica a mensagem;
kespeariana “To be or not to be”. Conta-se que o poeta Emí- - Receptor - recebe, decodifica a mensagem;
lio de Menezes, quando soube que uma mulher muito gor- - Mensagem - conteúdo transmitido pelo emissor;
da se sentara no banco de um ônibus e este quebrara, fez - Código - conjunto de signos usado na transmissão e
o seguinte trocadilho: “É a primeira vez que vejo um banco recepção da mensagem;
quebrar por excesso de fundos”. - Referente - contexto relacionado a emissor e recep-
A palavra banco está usada em dois sentidos: “móvel tor;
comprido para sentar-se” e “casa bancária”. Também está - Canal - meio pelo qual circula a mensagem.
empregado em dois sentidos o termo fundos: “nádegas” e Porém, com os estudos recentes dos linguistas, essa
“capital”, “dinheiro”.
teoria sofreu uma modificação, pois, chegou-se a conclu-
são que quando se trata da parole, entende-se que é um
Observe-se o uso do verbo bater, em expressões diver-
veículo democrático (observe a função fática), assim, admi-
sas, com significados diferentes, nesta frase do deputado
Virgílio Guimarães: te-se um novo formato de locução, ou, interlocução (diá-
logo interativo):
“ACM bate boca porque está acostumado a bater: bateu
continência para os militares, bateu palmas para o Collor e - locutor - quem fala (e responde);
quer bater chapa em 2002. Mas o que falta é que lhe bata - locutário - quem ouve e responde;
uma dor de consciência e bata em retirada.” - interlocução - diálogo
(Folha de S. Paulo)

107
LÍNGUA PORTUGUESA

As respostas, dos “interlocutores” podem ser gestuais, EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


faciais etc. por isso a mudança (aprimoração) na teoria. SOBRE: LÍNGUA PORTUGUESA
As atitudes e reações dos comunicantes são também
referentes e exercem influência sobre a comunicação 1-) (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC/
SP – ADMINISTRADOR - VUNESP/2013) Assinale a al-
Lembramo-nos: ternativa correta quanto à concordância, de acordo
com a norma-padrão da língua portuguesa.
- Emotiva (ou expressiva): a mensagem centra-se no (A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade
“eu” do emissor, é carregada de subjetividade. Ligada a esta social está no centro dos debates atuais.
função está, por norma, a poesia lírica. (B) Políticos, economistas e teóricos diverge em re-
- Função apelativa (imperativa): com este tipo de men- lação aos efeitos da desigualdade social.
sagem, o emissor atua sobre o receptor, afim de que este (C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
assuma determinado comportamento; há frequente uso mais pobres é um fenômeno crescente.
do vocativo e do imperativo. Esta função da linguagem é (D) A má distribuição de riquezas tem sido muito
frequentemente usada por oradores e agentes de publici- criticado por alguns teóricos.
dade. (E) Os debates relacionado à distribuição de rique-
- Função metalinguística: função usada quando a lín- zas não são de exclusividade dos economistas.
gua explica a própria linguagem (exemplo: quando, na aná-
Realizei a correção nos itens:
lise de um texto, investigamos os seus aspectos morfossin-
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade so-
táticos e/ou semânticos).
cial está = estão
- Função informativa (ou referencial): função usada
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge = diver-
quando o emissor informa objetivamente o receptor de
gem
uma realidade, ou acontecimento.
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
- Função fática: pretende conseguir e manter a atenção
mais pobres é um fenômeno crescente.
dos interlocutores, muito usada em discursos políticos e
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito criti-
textos publicitários (centra-se no canal de comunicação). cado = criticada
- Função poética: embeleza, enriquecendo a mensa- (E) Os debates relacionado = relacionados
gem com figuras de estilo, palavras belas, expressivas, rit-
mos agradáveis, etc. RESPOSTA: “C”.
Também podemos pensar que as primeiras falas cons- 2-) (COREN/SP – ADVOGADO – VUNESP/2013) Se-
cientes da raça humana ocorreu quando os sons emitidos guindo a norma-padrão da língua portuguesa, a frase
evoluíram para o que podemos reconhecer como “interjei- – Um levantamento mostrou que os adolescentes ame-
ções”. As primeiras ferramentas da fala humana. ricanos consomem em média 357 calorias diárias dessa
fonte. – recebe o acréscimo correto das vírgulas em:
A função biológica e cerebral da linguagem é aquilo (A) Um levantamento mostrou, que os adolescentes
que mais profundamente distingue o homem dos outros americanos consomem em média 357 calorias, diárias
animais. dessa fonte.
(B) Um levantamento mostrou que, os adolescentes
Podemos considerar que o desenvolvimento desta fun- americanos consomem, em média 357 calorias diárias
ção cerebral ocorre em estreita ligação com a bipedia e a dessa fonte.
libertação da mão, que permitiram o aumento do volume (C) Um levantamento mostrou que os adolescentes
do cérebro, a par do desenvolvimento de órgãos fonadores americanos consomem, em média, 357 calorias diárias
e da mímica facial dessa fonte.
(D) Um levantamento, mostrou que os adolescentes
Devido a estas capacidades, para além da linguagem americanos, consomem em média 357 calorias diárias
falada e escrita, o homem, aprendendo pela observação de dessa fonte.
animais, desenvolveu a língua de sinais adaptada pelos sur- (E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
dos em diferentes países, não só para melhorar a comuni- americanos, consomem em média 357 calorias diárias,
cação entre surdos, mas também para utilizar em situações dessa fonte.
especiais, como no teatro e entre navios ou pessoas e não
animais que se encontram fora do alcance do ouvido, mas Assinalei com um “X” onde há pontuação inadequada
que se podem observar entre si. ou faltante:
(A) Um levantamento mostrou, (X) que os adolescentes
americanos consomem (X) em média (X) 357 calorias, (X)
diárias dessa fonte.
(B) Um levantamento mostrou que, (X) os adolescentes
americanos consomem, em média (X) 357 calorias diárias
dessa fonte.

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LÍNGUA PORTUGUESA

(C) Um levantamento mostrou que os adolescentes Distribuímos = regra do hiato


americanos consomem, em média, 357 calorias diárias des- (A) sócio = paroxítona terminada em ditongo
sa fonte. (B) sofrê-lo = oxítona (não se considera o pronome
(D) Um levantamento, (X) mostrou que os adolescentes oblíquo. Nunca!)
americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias (C) lúcidos = proparoxítona
diárias dessa fonte. (D) constituí = regra do hiato (diferente de “constitui”
(E) Um levantamento mostrou que os adolescentes – oxítona: cons-ti-tui)
americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias (E) órfãos = paroxítona terminada em “ão”
diárias, (X) dessa fonte.
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “C”.
5-) (TRT/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012)
3-) (TRT/RO E AC – ANALISTA JUDICIÁRIO – A concordância verbal está plenamente observada na
FCC/2011) Estão plenamente observadas as normas de frase:
concordância verbal na frase: (A) Provocam muitas polêmicas, entre crentes e
a) Destinam-se aos homens-placa um lugar visível materialistas, o posicionamento de alguns religiosos e
nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é suprimida a parlamentares acerca da educação religiosa nas escolas
visibilidade social. públicas.
b) As duas tábuas em que se comprimem o famige- (B) Sempre deverão haver bons motivos, junto
rado homem-placa carregam ditos que soam irônicos, àqueles que são contra a obrigatoriedade do ensino
como “compro ouro”. religioso, para se reservar essa prática a setores da ini-
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa ciativa privada.
a exposição pública a que se submetem os guardadores (C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do tex-
de carros. to, contra os que votam a favor do ensino religioso na
d) Ao se revogarem o emprego de carros-placa na escola pública, consistem nos altos custos econômicos
propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma de- que acarretarão tal medida.
monstração de mau gosto. (D) O número de templos em atividade na cidade
e) Não sensibilizavam aos possíveis interessados de São Paulo vêm gradativamente aumentando, em
em apartamentos de luxo a visão grotesca daqueles ve- proporção maior do que ocorrem com o número de es-
lhos carros-placa. colas públicas.
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Fiz as correções entre parênteses: como a regulação natural do mercado sinalizam para
a) Destinam-se (destina-se) aos homens-placa um lu- as inconveniências que adviriam da adoção do ensino
gar visível nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é supri- religioso nas escolas públicas.
mida a visibilidade social.
b) As duas tábuas em que se comprimem (comprime) (A) Provocam = provoca (o posicionamento)
o famigerado homem-placa carregam ditos que soam irô- (B) Sempre deverão haver bons motivos = deverá haver
nicos, como “compro ouro”. (C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do texto,
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa a contra os que votam a favor do ensino religioso na escola
exposição pública a que se submetem os guardadores de pública, consistem = consiste.
carros. (D) O número de templos em atividade na cidade de
d) Ao se revogarem (revogar) o emprego de carros- São Paulo vêm gradativamente aumentando, em propor-
-placa na propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma ção maior do que ocorrem = ocorre
demonstração de mau gosto. (E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação como
e) Não sensibilizavam (sensibilizava) aos possíveis in- a regulação natural do mercado sinalizam para as inconve-
teressados em apartamentos de luxo a visão grotesca da- niências que adviriam da adoção do ensino religioso nas
queles velhos carros-placa. escolas públicas.

RESPOSTA: “C”. RESPOSTA: “E”.

4-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) 6-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011)
Assinale a palavra que tenha sido acentuada seguindo a Segundo o Manual de Redação da Presidência da Repú-
mesma regra que distribuídos. blica, NÃO se deve usar Vossa Excelência para
(A) sócio (A) embaixadores.
(B) sofrê-lo (B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais.
(C) lúcidos (C) prefeitos municipais.
(D) constituí (D) presidentes das Câmaras de Vereadores.
(E) órfãos (E) vereadores.

109
LÍNGUA PORTUGUESA

(...) O uso do pronome de tratamento Vossa Senhoria (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
(abreviado V. Sa.) para vereadores está correto, sim. Numa crático não pode (podem) estar subordinado (subordina-
Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência para o seu das) às ordens indiscriminadas de um único poder central.
presidente, de acordo com o Manual de Redação da Presi- (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol-
dência da República (1991). tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex-
(Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece- põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade.
-detail.php?id=393)
RESPOSTA: “A”.
RESPOSTA: “E”.
9-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010)
A frase que admite transposição para a voz passiva é:
7-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sa-
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
grado.
ciedade como tais. (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo grande diversidade de fenômenos.
passará a ser, corretamente, (C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da so-
(A) perceba. ciedade, a própria sociedade e seu instrumento de uni-
(B) foi percebido. ficação.
(C) tenham percebido. (D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto
(D) devam perceber. da vida (...).
(E) estava percebendo. (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar ilu-
dido e da falsa consciência.
... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te- (A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagra-
remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e do.
princípios... (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
grande diversidade de fenômenos.
RESPOSTA: “A” - Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e
explicada pelo conceito...
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda-
8-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação.
concordância verbal e nominal está inteiramente corre-
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da
ta na frase: vida (...).
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido
valores que determinam as escolhas dos governantes, e da falsa consciência.
para conferir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes RESPOSTA: “B”.
devem ser embasados na percepção dos valores e prin-
cípios que regem a prática política. 10-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRA-
(C) Eleições livres e diretas é garantia de um verda- TIVO - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias,
deiro regime democrático, em que se respeita tanto as vê dezenas de caminhões parados”, revelou o analista
liberdades individuais quanto as coletivas. ambiental Geraldo Motta.
(D) As instituições fundamentais de um regime de- Substituindo-se Quando por Se, os verbos subli-
mocrático não pode estar subordinado às ordens indis- nhados devem sofrer as seguintes alterações:
criminadas de um único poder central. (A) entrar − vira
(E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados (B) entrava − tinha visto
para o momento eleitoral, que expõem as diferentes (C) entrasse − veria
opiniões existentes na sociedade. (D) entraria − veria
(E) entrava − teria visto
Fiz os acertos entre parênteses:
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve-
que determinam as escolhas dos governantes, para confe-
ria = entrasse / veria.
rir legitimidade a suas decisões.
(B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de- RESPOSTA: “C”.
vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
valores e princípios que regem a prática política.
(C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.

110
RACIOCÍNIO LÓGICO

1 Conceitos básicos de raciocínio lógico: proposições; valores lógicos das proposições; sentenças abertas; número de
linhas da tabela verdade; conectivos; proposições simples; proposições compostas. 2 Tautologia....................................... 01
Lógica de argumentação....................................................................................................................................................................................... 09
Diagramas lógicos e lógica de primeira ordem............................................................................................................................................ 13
Equivalências.............................................................................................................................................................................................................. 19
Leis de demorgan..................................................................................................................................................................................................... 23
Sequëncia lógica....................................................................................................................................................................................................... 26
Princípios de contagem e probabilidade........................................................................................................................................................ 30
Operações com conjunto...................................................................................................................................................................................... 37
Raciocínio lógico envolvendo problemas aritméticos, geométricos e matriciais............................................................................ 42
Porcentagem.............................................................................................................................................................................................................. 63
RACIOCÍNIO LÓGICO

PROF. EVELISE LEIKO UYEDA AKASHI Vamos ver alguns princípios da lógica:
Especialista em Lean Manufacturing pela Pontifícia
Universidade Católica- PUC Engenheira de Alimentos pela
I. Princípio da não Contradição: uma proposição não
Universidade Estadual de Maringá – UEM. Graduanda em
pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.
Matemática pelo Claretiano.
II. Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição
“ou” é verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se
sempre um desses casos e nunca um terceiro caso.
1 CONCEITOS BÁSICOS DE RACIOCÍNIO
LÓGICO: PROPOSIÇÕES; VALORES LÓ- Valor Lógico das Proposições
GICOS DAS PROPOSIÇÕES; Definição: Chama-se valor lógico de uma proposição a
SENTENÇAS ABERTAS; NÚMERO DE verdade, se a proposição é verdadeira (V), e a falsidade, se
LINHAS DA TABELA VERDADE; CONECTIVOS; a proposição é falsa (F).
PROPOSIÇÕES SIMPLES; PROPOSIÇÕES
COMPOSTAS. 2 TAUTOLOGIA. Exemplo
p: Thiago é nutricionista.
V(p)= V essa é a simbologia para indicar que o valor
lógico de p é verdadeira, ou
Proposição V(p)= F
Definição: Todo o conjunto de palavras ou símbolos
que exprimem um pensamento de sentido completo. Basicamente, ao invés de falarmos, é verdadeiro ou fal-
so, devemos falar tem o valor lógico verdadeiro, tem valor
Nossa professora, bela definição! lógico falso.
Não entendi nada!
Classificação
Vamos pensar que para ser proposição a frase tem que
fazer sentido, mas não só sentido no nosso dia a dia, mas Proposição simples: não contém nenhuma outra pro-
também no sentido lógico. posição como parte integrante de si mesma. São geral-
Para uma melhor definição dentro da lógica, para ser mente designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r,s...
proposição, temos que conseguir julgar se a frase é verda- E depois da letra colocamos “:”
deira ou falsa.
Exemplo:
Exemplos: p: Marcelo é engenheiro
(A) A Terra é azul. q: Ricardo é estudante
Conseguimos falar se é verdadeiro ou falso? Então é
uma proposição. Proposição composta: combinação de duas ou mais
(B) >2 proposições. Geralmente designadas pelas letras maiúscu-
las P, Q, R, S,...
Como ≈1,41, então a proposição tem valor lógico
falso. Exemplo:
P: Marcelo é engenheiro e Ricardo é estudante.
Todas elas exprimem um fato. Q: Marcelo é engenheiro ou Ricardo é estudante.

Agora, vamos pensar em uma outra frase: Se quisermos indicar quais proposições simples fazem
O dobro de 1 é 2? parte da proposição composta:
Sim, correto?
Correto. Mas é uma proposição? P(p,q)
Não! Porque sentenças interrogativas, não podemos
declarar se é falso ou verdadeiro. Se pensarmos em gramática, teremos uma proposição
composta quando tiver mais de um verbo e proposição
Bruno, vá estudar. simples, quando tiver apenas 1. Mas, lembrando que para
É uma declaração imperativa, e da mesma forma, não ser proposição, temos que conseguir definir o valor lógico.
conseguimos definir se é verdadeiro ou falso, portanto, não
é proposição. Conectivos
Agora vamos entrar no assunto mais interessante: o
Passei! que liga as proposições.
Ahh isso é muito bom, mas infelizmente, não podemos Antes, estávamos vendo mais a teoria, a partir dos co-
de qualquer forma definir se é verdadeiro ou falso, porque nectivos vem a parte prática.
é uma sentença exclamativa.

1
RACIOCÍNIO LÓGICO

Definição - Disjunção Exclusiva


Palavras que se usam para formar novas proposições,
a partir de outras. Extensa: Ou...ou...
Símbolo: ∨
Vamos pensar assim: conectivos? Conectam alguma
coisa? p: Vitor gosta de estudar.
Sim, vão conectar as proposições, mas cada conetivo q: Vitor gosta de trabalhar
terá um nome, vamos ver?
p∨q Ou Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de tra-
-Negação
balhar.

-Condicional
Extenso: Se...,então..., É necessário que, Condição ne-
Exemplo cessária
p: Lívia é estudante. Símbolo: →
~p: Lívia não é estudante.
Exemplos
q: Pedro é loiro. p→q: Se chove, então faz frio.
¬q: É falso que Pedro é loiro. p→q: É suficiente que chova para que faça frio.
p→q: Chover é condição suficiente para fazer frio.
r: Érica lê muitos livros. p→q: É necessário que faça frio para que chova.
~r: Não é verdade que Érica lê muitos livros. p→q: Fazer frio é condição necessária para chover.

s: Cecilia é dentista. -Bicondicional


¬s: É mentira que Cecilia é dentista. Extenso: se, e somente se, ...
Símbolo:↔
-Conjunção
p: Lucas vai ao cinema
q: Danilo vai ao cinema.

p↔q: Lucas vai ao cinema se, e somente se, Danilo vai


ao cinema.
Nossa, são muitas formas de se escrever com a con-
junção. Referências
Não precisa decorar todos, alguns são mais usuais: “e”, ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica mate-
“mas”, “porém” mática – São Paulo: Nobel – 2002.

Exemplos
p: Vinícius é professor.
q: Camila é médica. Questões
p∧q: Vinícius é professor e Camila é médica.
p∧q: Vinícius é professor, mas Camila é médica. 01. (IFBAIANO – Assistente em Administração –
p∧q: Vinícius é professor, porém Camila é médica. FCM/2017) Considere que os valores lógicos de p e q são
V e F, respectivamente, e avalie as proposições abaixo.
- Disjunção I- p → ~(p ∨ ~q) é verdadeiro
II- ~p → ~p ∧ q é verdadeiro
III- p → q é falso
IV- ~(~p ∨ q) → p ∧ ~q é falso
p: Vitor gosta de estudar.
q: Vitor gosta de trabalhar Está correto apenas o que se afirma em:

p∨q: Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de traba- (A) I e III.


lhar. (B) I, II e III.
(C) I e IV.
(D) II e III.
(E) III e IV.

2
RACIOCÍNIO LÓGICO

02. (TERRACAP – Técnico Administrativo – QUA- 05. (EBSERH – Médico – IBFC/2017) Sabe-se que p,
DRIX/2017) Sabendo-se que uma proposição da forma q e r são proposições compostas e o valor lógico das pro-
“P→Q” — que se lê “Se P, então Q”, em que P e Q são pro- posições p e q são falsos. Nessas condições, o valor lógico
posições lógicas — é Falsa quando P é Verdadeira e Q é Fal- da proposição r na proposição composta {[q v (q ^ ~p)] v r}
sa, e é Verdadeira nos demais casos, assinale a alternativa cujo valor lógico é verdade, é:
que apresenta a única proposição Falsa.
(A) falso
(A) Se 4 é um número par, então 42 + 1 é um número (B) inconclusivo
primo. (C) verdade e falso
(B) Se 2 é ímpar, então 22 é par. (D) depende do valor lógico de p
(C) Se 7 × 7 é primo, então 7 é primo. (E) verdade
(D) Se 3 é um divisor de 8, então 8 é um divisor de 15.
(E) Se 25 é um quadrado perfeito, então 5 > 7. 06. (PREF. DE TANGUÁ/RJ – Fiscal de Tributos – MS-
CONCURSOS/2017) Qual das seguintes sentenças é clas-
03. (IFBAIANO – Assistente Social – FCM/2017) sificada como uma proposição simples?
Segundo reportagem divulgada pela Globo, no dia
17/05/2017, menos de 40% dos brasileiros dizem praticar (A) Será que vou ser aprovado no concurso?
esporte ou atividade física, segundo dados da Pesquisa Na- (B) Ele é goleiro do Bangu.
cional por Amostra de Domicílios (Pnad)/2015. Além disso, (C) João fez 18 anos e não tirou carta de motorista.
concluiu-se que o número de praticantes de esporte ou de (D) Bashar al-Assad é presidente dos Estados Unidos.
atividade física cresce quanto maior é a escolaridade.
(Fonte: http://g1.globo.com/bemestar/noticia/menos-
07.(EBSERH – Assistente Administrativo –
de-40-dos-brasileiros-dizem-praticar-esporte-ou-ativida-
IBFC/2017) Assinale a alternativa incorreta com relação
de-fisica-futebol-e-caminhada-lideram-praticas.ghtml.
aos conectivos lógicos:
Acesso em: 23 abr. 2017).
Com base nessa informação, considere as proposições
p e q abaixo: (A) Se os valores lógicos de duas proposições forem
falsos, então a conjunção entre elas têm valor lógico falso.
p: Menos de 40% dos brasileiros dizem praticar esporte (B) Se os valores lógicos de duas proposições forem
ou atividade física falsos, então a disjunção entre elas têm valor lógico falso.
q: O número de praticantes de esporte ou de atividade (C) Se os valores lógicos de duas proposições forem
física cresce quanto maior é a escolaridade falsos, então o condicional entre elas têm valor lógico ver-
dadeiro.
Considerando as proposições p e q como verdadeiras, (D) Se os valores lógicos de duas proposições forem
avalie as afirmações feitas a partir delas. falsos, então o bicondicional entre elas têm valor lógico
falso.
I- p ∧ q é verdadeiro (E) Se os valores lógicos de duas proposições forem
II- ~p ∨ ~q é falso falsos, então o bicondicional entre elas têm valor lógico
III- p ∨ q é falso verdadeiro.
IV- ~p ∧ q é verdadeiro
08. (DPU – Analista – CESPE/2016) Um estudante de
Está correto apenas o que se afirma em: direito, com o objetivo de sistematizar o seu estudo, criou
sua própria legenda, na qual identificava, por letras, algu-
(A) I e II. mas afirmações relevantes quanto à disciplina estudada e
(B) II e III. as vinculava por meio de sentenças (proposições). No seu
(C) III e IV. vocabulário particular constava, por exemplo:
(D) I, II e III.
(E) II, III e IV. P: Cometeu o crime A.
Q: Cometeu o crime B.
04. (UFSBA - Administrador – UFMT /2017) Assinale R: Será punido, obrigatoriamente, com a pena de reclu-
a alternativa que NÃO apresenta uma proposição.
são no regime fechado.
S: Poderá optar pelo pagamento de fiança.
(A) Jorge Amado nasceu em Itabuna-BA.
(B) Antônio é produtor de cacau.
Ao revisar seus escritos, o estudante, apesar de não re-
(C) Jorge Amado não foi um grande escritor baiano.
(D) Queimem os seus livros. cordar qual era o crime B, lembrou que ele era inafiançável.
Tendo como referência essa situação hipotética, julgue
o item que se segue.

3
RACIOCÍNIO LÓGICO

A proposição “Caso tenha cometido os crimes A e B, 02. Resposta:.E.


não será necessariamente encarcerado nem poderá pagar Vamos fazer por alternativa:
fiança” pode ser corretamente simbolizada na forma (P∧- (A) V→V
Q)→((~R)∨(~S)). V
( )Certo ( )Errado
(B) F→V
09. (PREF. DE RIO DE JANEIRO/RJ – Administrador - V
PREF. DE RIO DE JANEIRO/2016) Considere-se a seguinte
proposição: “Se chove, então Mariana não vai ao deserto”. (C)V→V
Com base nela é logicamente correto afirmar que: V
(A) Chover é condição necessária e suficiente para Ma-
riana ir ao deserto. (D) F→F
V
(B) Mariana não ir ao deserto é condição suficiente
para chover.
(E) V→F
(C) Mariana ir ao deserto é condição suficiente para
F
chover.
(D) Não chover é condição necessária para Mariana ir
03. Resposta: A.
ao deserto.
p∧q é verdadeiro
~p∨~q
10. (PREF. DO RIO DE JANEIRO – Agente de Admi-
nistração – PREF. DE RIO DE JANEIRO/2016) Considere- F∨F
se a seguinte proposição: F
p∨q
P: João é alto ou José está doente. V∨V
V
O conectivo utilizado na proposição composta P cha-
ma-se: ~p∧q
(A) disjunção F∧V
(B) conjunção F
(C) condicional
(D) bicondicional 04. Resposta: D.
As frases que você não consegue colocar valor lógico
(V ou F) não são proposições.
RESPOSTAS Sentenças abertas, frases interrogativas, exclamativas,
imperativas
01. Resposta: D.
I- p → ~(p ∨ ~q) 05. Resposta: E.
(V) →~(V∨V) Sabemos que p e q são falsas.
V→F q∧~p =F
F q∨( q∧~p)
F∨F
II- ~p → ~p ∧ q F
F→F∧V Como a proposição é verdadeira, R deve ser verdadeira
F→F para a disjunção ser verdadeira.
V
06. Resposta: D.
III- p → q A única que conseguimos colocar um valor lógico.
V→F A C é uma proposição composta.
F
07. Resposta: D.
IV- ~(~p ∨ q) → p ∧ ~q Observe que as alternativas D e E são contraditórias,
~(F∨F) →V∧V portanto uma delas é falsa.
V→V Se as duas proposições têm o mesmo valor lógico, a
→V bicondicional é verdadeira.

4
RACIOCÍNIO LÓGICO

08. Resposta: Errado. -Negação


“...encarcerado nem poderá pagar fiança”. p ~p
“Nem” é uma conjunção(∧) V F
F V
09. Resposta: D.
Não pode chover para Mariana ir ao deserto. Se estamos negando uma coisa, ela terá valor lógico
oposto, faz sentido, não?
10. Resposta: A. - Conjunção
O conectivo ou chama-se disjunção e também é repre-
sentado simbolicamente por ∨ Eu comprei bala e chocolate, só vou me contentar se
eu tiver as duas coisas, certo?
Se eu tiver só bala não ficarei feliz, e nem se tiver só
Tabela-verdade
chocolate.
Com a tabela-verdade, conseguimos definir o valor
E muito menos se eu não tiver nenhum dos dois.
lógico de proposições compostas facilmente, analisando
cada coluna.
p q p ∧q
Se tivermos uma proposição p, ela pode ter V(p)=V ou V V V
V(p)=F V F F
F V F
p F F F
V
F -Disjunção

Quando temos duas proposições, não basta colocar só Vamos pensar na mesma frase anterior, mas com o co-
nectivo “ou”.
VF, será mais que duas linhas.
Eu comprei bala ou chocolate.
p q Eu comprei bala e também comprei o chocolate, está
V V certo pois poderia ser um dos dois ou os dois.
V F Se eu comprei só bala, ainda estou certa, da mesma
F V forma se eu comprei apenas chocolate.
F F Agora se eu não comprar nenhum dos dois, não dará
certo.
Observe, a primeira proposição ficou VVFF
E a segunda intercalou VFVF.
Vamos raciocinar, com uma proposição temos 2 possi- p q p ∨q
bilidades, com 2 proposições temos 4, tem que haver um V V V
padrão para se tornar mais fácil! V F V
As possibilidades serão 2n,
F V V
Onde:
n=número de proposições F F F
p q r -Disjunção Exclusiva
V V V
V F V Na disjunção exclusiva é diferente, pois OU comprei
chocolate OU comprei bala.
V V F
Ou seja, um ou outro, não posso ter os dois ao mesmo
V F F tempo.
F V V
F F V p q p∨q
V V F
F V F
V F V
F F F F V V
F F F
A primeira proposição, será metade verdadeira e me-
tade falsa.
A segunda, vamos sempre intercalar VFVFVF.
E a terceira VVFFVVFF.
Agora, vamos ver a tabela verdade de cada um dos
operadores lógicos?

5
RACIOCÍNIO LÓGICO

-Condicional

Se chove, então faz frio.

Se choveu, e fez frio


Estamos dentro da possibilidade.(V)

Choveu e não fez frio


Não está dentro do que disse. (F)

Não choveu e fez frio..


Ahh tudo bem, porque pode fazer frio se não chover, certo?(V)

Não choveu, e não fez frio


Ora, se não choveu, não precisa fazer frio. (V)
p q p →q
V V V
V F F
F V V
F F V

-Bicondicional

Ficarei em casa, se e somente se, chover.

Estou em casa e está chovendo.


A ideia era exatamente essa. (V)

Estou em casa, mas não está chovendo.


Você não fez certo, era só pra ficar em casa se chovesse. (F)

Eu sai e está chovendo.


Aiaiai não era pra sair se está chovendo. (F)
Não estou em casa e não está chovendo.
Sem chuva, você pode sair, ta? (V)

p q p ↔q
V V V
V F F
F V F
F F V

Tentei deixar de uma forma mais simples, para entender a tabela verdade de cada conectivo, pois sei que será difícil
para decorar, mas se você lembrar das frases, talvez fique mais fácil. Bons estudos! Vamos às questões!

6
RACIOCÍNIO LÓGICO

Tautologia

Definição: Chama-se tautologia, toda proposição composta que terá a coluna inteira de valor lógico V.
Podemos ter proposições SIMPLES que são falsas e se a coluna da proposição composta for verdadeira é tautologia.
Vamos ver alguns exemplos.

A proposição ~(p∧p) é tautologia, pelo Princípio da não contradição. Está lembrado?

Princípio da não Contradição: uma proposição não pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.

P ~p p∧~p ~(p∧~p)
V F F V
F V F V

A proposição p∨ ~p é tautológica, pelo princípio do Terceiro excluído.

Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição “ou” é verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se sempre um desses casos
e nunca um terceiro caso.

P ~p p∨~p
V F V
F V V

Esses são os exemplos mais simples, mas normalmente conseguiremos resolver as questões com base na tabela ver-
dade, por isso insisto que a tabela verdade dos operadores, têm que estar na “ponta da língua”, quase como a tabuada da
matemática.

Veremos outros exemplos

Exemplo 1

Vamos pensar nas proposições


P: João é estudante
Q: Mateus é professor
Se João é estudante, então João é estudante ou Mateus é professor.
Em simbologia: p→p∨q

P Q p∨q p→p∨q
V V V V
V F V V
F V V V
F F F V

A coluna inteira da proposição composta deu verdadeiro, então é uma tautologia.

7
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo 2
Com as mesmas proposições anteriores:
João é estudante ou não é verdade que João é estudante e Mateus é professor.
p∨~(p∧q)

P Q p∧q ~(p∧q) p∨~(p∧q)


V V V F V
V F F V V
F V F V V
F F F V V

Novamente, coluna deu inteira com valor lógico verdadeiro, é tautologia.

Exemplo 3
Se João é estudante ou não é estudante, então Mateus é professor.

P Q ~p p∨~p p∨~p→q
V V F V V
V F F V F
F V V V V
F F V V F

Deu pelo menos uma falsa e agora?


Não é tautologia.

Referências

ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo: Nobel – 2002.

Questões

01. (UTFPR – Pedagogo – UTFPR/2017) Considere as seguintes proposições:


I) p ∧ ~p
II) p → ~p
III) p ∨ ~p
IV) p →~q

Assinale a alternativa correta.


(A) Somente I e II são tautologias.
(B) Somente II é tautologia.
(C) Somente III é tautologia.
(D) Somente III e a IV são tautologias.
(E) Somente a IV é tautologia.

8
RACIOCÍNIO LÓGICO

02 (FUNDAÇÃO HEMOCENTRO DE BRASILIA/DF – Administração – IADES/2017) Assinale a alternativa que apresenta


uma tautologia.
(A) p∨(q∨~p)
(B) (q→p) →(p→q)
(C) p→(p→q∧~q)
(D) p∨~q→(p→~q)
(E) p∨q→p∧q

Respostas

01. Resposta: C.

P ou a própria negação é tautologia.

02. Resposta: A.

Antes de entrar em desespero que tenha que fazer todas as tabela verdade, vamos analisar:
Provavelmente terá uma alternativa que tenha uma proposição com conectivo de disjunção e a negação: p∨~p
Logo na alternativa A, percebemos que temos algo parecido.
Para confirmar, podemos fazer a tabela verdade

LÓGICA DE ARGUMENTAÇÃO

Argumentos

Um argumento é um conjunto finito de premissas (proposições ), sendo uma delas a consequência das demais. Tal pre-
missa (proposição), que é o resultado dedutivo ou consequência lógica das demais, é chamada conclusão. Um argumento
é uma fórmula: P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn → Q

OBSERVAÇÃO: A fórmula argumentativa P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn → Q, também poderá ser representada pela seguinte
forma:

9
RACIOCÍNIO LÓGICO

Argumentos válidos Se Antônio é inocente então Carlos é inocente


Carlos é inocente, pois sendo a primeira verdadeira, a
Um argumento é válido quando a conclusão é verda- condicional só será verdadeira se a segunda proposição
deira (V), sempre que as premissas forem todas verdadeiras também for.
(V). Dizemos, também, que um argumento é válido quando
a conclusão é uma consequência obrigatória das verdades Então, temos:
de suas premissas. Pedro é inocente, João é culpado, Antônio é inocente
e Carlos é inocente.
Argumentos inválidos

Um argumento é dito inválido (ou falácia, ou ilegítimo Questões


ou mal construído), quando as verdades das premissas são
insuficientes para sustentar a verdade da conclusão. Caso a
01. (PREF. DE SALVADOR – Técnico de Nível Supe-
conclusão seja falsa, decorrente das insuficiências geradas
rior – FGV/2017) Carlos fez quatro afirmações verdadeiras
pelas verdades de suas premissas, tem-se como conclusão
sobre algumas de suas atividades diárias:
uma contradição (F).
▪ De manhã, ou visto calça, ou visto bermuda.
Métodos para testar a validade dos argumentos
(IFBA – Administrador – FUNRIO/2016) Ou João é cul- ▪ Almoço, ou vou à academia.
pado ou Antônio é culpado. Se Antônio é inocente então ▪ Vou ao restaurante, ou não almoço.
Carlos é inocente. João é culpado se e somente se Pedro é ▪ Visto bermuda, ou não vou à academia.
inocente. Ora, Pedro é inocente. Logo:
Certo dia, Carlos vestiu uma calça pela manhã.
(A) Pedro e Antônio são inocentes e Carlos e João são
culpados. É correto concluir que Carlos:
(B) Pedro e Carlos são inocentes e Antônio e João são
culpados. (A) almoçou e foi à academia.
(C) Pedro e João são inocentes e Antônio e Carlos são (B) foi ao restaurante e não foi à academia.
culpados. (C) não foi à academia e não almoçou.
(D) Antônio e Carlos são inocentes e Pedro e João são (D) almoçou e não foi ao restaurante.
culpados. (E) não foi à academia e não almoçou.
(E) Antônio, Carlos e Pedro são inocentes e João é cul-
pado. 02. (TRT 12ª REGIÃO – Analista Judiciário-
FGV/2017) Sabe-se que:
Resposta: E.
Vamos começar de baixo pra cima. • Se X é vermelho, então Y não é verde.
• Se X não é vermelho, então Z não é azul.
Ou João é culpado ou Antônio é culpado. • Se Y é verde, então Z é azul.
Se Antônio é inocente então Carlos é inocente
João é culpado se e somente se Pedro é inocente Logo, deduz-se que:
Ora, Pedro é inocente
(V) (A) X é vermelho;
(B) X não é vermelho;
Sabendo que Pedro é inocente,
(C) Y é verde;
João é culpado se e somente se Pedro é inocente
(D) Y não é verde;
João é culpado, pois a bicondicional só é verdadeira se
(E) Z não é azul.
ambas forem verdadeiras ou ambas falsas.

João é culpado se e somente se Pedro é inocente 03. (PC/AC – Agente de Polícia Civil – IBADE/2017)
(V) (V) Sabe-se que se Zeca comprou um apontador de lápis azul,
Ora, Pedro é inocente então João gosta de suco de laranja. Se João gosta de suco
de laranja, então Emílio vai ao cinema. Considerando que
(V)
Emílio não foi ao cinema, pode-se afirmar que:
Sabendo que João é culpado, vamos analisar a primeira
(A) Zeca não comprou um apontador de lápis azul.
premissa
(B) Emílio não comprou um apontador de lápis azul.
Ou João é culpado ou Antônio é culpado.
(C) Zeca não gosta de suco de laranja.
Então, Antônio é inocente, pois a disjunção exclusiva só
(D) João não comprou um apontador de lápis azul.
é verdadeira se apenas uma das proposições for.
(E) Zeca não foi ao cinema.

10
RACIOCÍNIO LÓGICO

04. (UFSBA – Administrador – UFMT/2017) São da- É correto concluir que, nesse dia, Carlos:
dos os seguintes argumentos:
ARGUMENTO 1 (A) correu e andou;
(B) não correu e não andou;
P1: Iracema não gosta de acarajé ou Iracema não é so- (C) andou e não teve companhia;
teropolitana. (D) teve companhia e andou;
P2: Iracema é soteropolitana. (E) não correu e não teve companhia.
C:
07. (PREF. DE SÃO PAULO – Assistente de Gestão de
Políticas Públicas – CESPE/2016) As proposições seguin-
ARGUMENTO 2
tes constituem as premissas de um argumento.
P1: Se Aurélia não é ilheense, então Aurélia não é pro-
dutora de cacau. • Bianca não é professora.
P2: Aurélia não é ilheense. • Se Paulo é técnico de contabilidade, então Bianca é
C: professora.
• Se Ana não trabalha na área de informática, então
ARGUMENTO 3 Paulo é técnico de contabilidade.
P1: Lucíola é bailarina ou Lucíola é turista. • Carlos é especialista em recursos humanos, ou Ana
P2: Lucíola não é bailarina. não trabalha na área de informática, ou Bianca é professora.
C:
Assinale a opção correspondente à conclusão que tor-
ARGUMENTO 4 na esse argumento um argumento válido.
P1: Se Cecília é baiana, então Cecília gosta de vatapá.
P2: Cecília não gosta de vatapá. (A) Carlos não é especialista em recursos humanos e
C: Paulo não é técnico de contabilidade.
(B) Ana não trabalha na área de informática e Paulo é
Pode-se inferir que técnico de contabilidade.
(C) Carlos é especialista em recursos humanos e Ana
(A) Lucíola é turista.
trabalha na área de informática.
(B) Cecília é baiana.
(D) Bianca não é professora e Paulo é técnico de con-
(C) Aurélia é produtora de cacau. tabilidade.
(D) Iracema gosta de acarajé. (E) Paulo não é técnico de contabilidade e Ana não tra-
balha na área de informática.
05. (COPERGAS/PE – Auxiliar Administrativo –
FCC/2016) Considere verdadeiras as afirmações a seguir: 08. (PREF. DE SÃO GONÇALO – Analista de Contabi-
lidade – BIORIO/2016) Se Ana gosta de Beto, então Beto
I. Laura é economista ou João é contador. ama Carla. Se Beto ama Carla, então Débora não ama Luiz.
II. Se Dinorá é programadora, então João não é con- Se Débora não ama Luiz, então Luiz briga com Débora. Mas
tador. Luiz não briga com Débora. Assim:
III. Beatriz é digitadora ou Roberto é engenheiro.
IV. Roberto é engenheiro e Laura não é economista. (A) Ana gosta de Beto e Beto ama Carla.
(B) Débora não ama Luiz e Ana não gosta de Beto.
A partir dessas informações é possível concluir, corre- (C) Débora ama Luiz e Ana gosta de Beto.
tamente, que : (D) Ana não gosta de Beto e Beto não ama Carla.
(E) Débora não ama Luiz e Ana gosta de Beto.
(A) Beatriz é digitadora.
09. (PREF. DE RIO DE JANEIRO – Administrador –
(B) João é contador.
PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Considerem-se verda-
(C) Dinorá é programadora.
deiras as seguintes proposições:
(D) Beatriz não é digitadora.
(E) João não é contador. P1: André não gosta de chuchu ou Bruno gosta de be-
terraba.
06. (MPE/RJ – Analista do Ministério Público – P2: Se Bruno gosta de beterraba, então Carlos não gos-
FGV/2016) Sobre as atividades fora de casa no domingo, ta de jiló.
Carlos segue fielmente as seguintes regras: P3: Carlos gosta de jiló e Daniel não gosta de cenoura.
- Ando ou corro.
Assim, uma conclusão necessariamente verdadeira é a
- Tenho companhia ou não ando.
- Calço tênis ou não corro. seguinte:
Domingo passado Carlos saiu de casa de sandálias.

11
RACIOCÍNIO LÓGICO

(A) André não gosta de chuchu se, e somente se, Daniel 03. Resposta: A.
gosta de cenoura. Considerando que Emílio não foi ao cinema:
(B) Se André não gosta de chuchu, então Daniel gosta
de cenoura. Se João gosta de suco de laranja, então Emílio vai ao
(C) Ou André gosta de chuchu ou Daniel não gosta de cinema.
cenoura. F F
(D) André gosta de chuchu ou Daniel gosta de cenou- Zeca comprou um apontador de lápis azul, então João
ra. gosta de suco de laranja.
F F
10. (DPU – Agente Administrativo – CESPE/2016)
Considere que as seguintes proposições sejam verdadeiras. 04. Resposta: A.
Vamos analisar por alternativa, pois fica mais fácil que
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. analisar cada argumento.
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. OBS: Como a alternativa certa é a A, analisarei todas as
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. alternativas, para mostrar o porquê de ser essa a correta.
• Quando Fernando está estudando, não chove.
• Durante a noite, faz frio. (A) Lucíola é turista.
Eu acho mais fácil fazer sempre com as premissas ver-
Tendo como referência as proposições apresentadas, dadeiras.
julgue o item subsecutivo. ARGUMENTO 3
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estu- P1: Lucíola é bailarina ou Lucíola é turista.
dando. F V
certo errado P2: Lucíola não é bailarina.(V)

Respostas (B) Cecília é baiana


P1: Se Cecília é baiana, então Cecília gosta de vatapá.
V F
01. Resposta: B.
P2: Cecília não gosta de vatapá.
▪ De manhã, ou visto calça, ou visto bermuda.
▪ Almoço, ou vou à academia.
Mas se Cecília não gosta de vatapá a P2 seria incorreta,
V f
por isso não é essa alternativa.
▪ Vou ao restaurante, ou não almoço.
V F
(C) Aurélia é produtora de cacau
▪ Visto bermuda, ou não vou à academia. P1: Se Aurélia não é ilheense, então Aurélia não é pro-
F V dutora de cacau.
F F
02. Resposta: D. P2: Aurélia não é ilheense.
Vamos tentar fazendo que X é vermelho para ver se Aurélia seria ilheense.
todos vão ter valor lógico correto.
(D) Iracema gosta de acarajé.
• Se X é vermelho, então Y não é verde. P1: Iracema não gosta de acarajé ou Iracema não é so-
V V teropolitana.
• Se Y é verde, então Z é azul. F V
F F/V P2: Iracema é soteropolitana.(F)
• Se X não é vermelho, então Z não é azul. Também entrou em contradição.
F F/V
05. Resposta: B.
Se x não é vermelho: Começamos sempre pela conjunção.
• Se X é vermelho, então Y não é verde. IV. Roberto é engenheiro e Laura não é economista.
F V V V
• Se Y é verde, então Z é azul.
F F I. Laura é economista ou João é contador.
F V
• Se X não é vermelho, então Z não é azul.
V V II. Se Dinorá é programadora, então João não é con-
tador.
F F

III. Beatriz é digitadora ou Roberto é engenheiro.


V/F V

12
RACIOCÍNIO LÓGICO

06. Resposta: D. (A) na bicondicional, as duas deveriam ser verdadeiras,


- Calço tênis ou não corro. ou as duas falsas
F V (B) como a primeira proposição é verdadeira, a segun-
da também deveria ser.
- Ando ou corro. (D) Como a primeira é falsa, a segunda deveria ser ver-
V F dadeira.
- Tenho companhia ou não ando.
V F 10.Resposta: Errado
Resumindo: ele calçou sandálias, andou e teve com-
panhia. • Durante a noite, faz frio.
V
07. Resposta: C.
• Bianca não é professora.(V) • Quando Cláudio sai de casa, não faz frio.
• Se Paulo é técnico de contabilidade, então Bianca é F F
professora.
F F • Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema.
• Se Ana não trabalha na área de informática, então V V
Paulo é técnico de contabilidade.
F F • Quando chove, Maria não vai ao cinema.
• Carlos é especialista em recursos humanos, F F
V
ou Ana não trabalha na área de informática, ou Bianca • Quando Fernando está estudando, não chove.
é professora. V/F V
F F Portanto, Se Maria foi ao cinema, então Fernando es-
tava estudando.
08. Resposta: D. Não tem como ser julgado.
Sabendo que Luiz não briga com Débora
Se Débora não ama Luiz, então Luiz briga com Débora.
F F DIAGRAMAS LÓGICOS E LÓGICA DE
. Se Beto ama Carla, então Débora não ama Luiz PRIMEIRA ORDEM
F F
Se Ana gosta de Beto, então Beto ama Carla.
F V
As questões de Diagramas lógicos envolvem as pro-
09 Resposta: C. posições categóricas (todo, algum, nenhum), cuja solução
Vamos começar pela P3, pois é uma conjunção, assim requer que desenhemos figuras, os chamados diagramas.
é mais fácil definirmos o valor lógico de cada proposição.
Para a conjunção ser verdadeira, as duas proposições Definição das proposições
devem ser verdadeiras.
Portanto: Todo A é B.
Carlos gosta de jiló.
Daniel não gosta de cenoura. O conjunto A está contido no conjunto B, assim todo
P2: Se Bruno gosta de beterraba, então Carlos não gos- elemento de A também é elemento de B.
ta de jiló.
Carlos não gosta de jiló. (F) Podemos representar de duas maneiras:
e par a condicional ser verdadeira a primeira também deve
ser falsa.
Bruno gosta de beterraba. (F)

P1: André não gosta de chuchu ou Bruno gosta de be-


terraba.
A segunda é falsa, e para a disjunção ser verdadeira, a
primeira é verdadeira.
André não gosta de chuchu. (V).
Vamos enumerar as verdadeiras:
1- Carlos gosta de jiló.
2-Daniel não gosta de cenoura.
3-Bruno não gosta de beterraba Quando “todo A é B” é verdadeira, vamos ver como
4-André não gosta de chuchu ficam os valores lógicos das outras?

13
RACIOCÍNIO LÓGICO

Pensemos nessa frase: Toda criança é linda. a) os dois conjuntos possuem uma parte dos elemen-
tos em comum.
Nenhum A é B é necessariamente falsa.
Nenhuma criança é linda, mas eu não acabei de falar
que TODA criança é linda? Por isso é falsa.

Algum A é B é necessariamente verdadeira


Alguma Criança é linda, sim, se todas são 1, 2, 3...são
lindas.

Algum A não é B necessariamente falsa, pois A está


contido em B.
Alguma criança não é linda, bem como já vimos impos-
sível, pois todas são.
b) Todos os elementos de A estão em B.
Nenhum A é B.

A e B não terão elementos em comum.

c) Todos os elementos de B estão em A.

Quando “nenhum A é B” é verdadeira, vamos ver como


ficam os valores lógicos das outras?

Frase: Nenhum cachorro é gato. (sim, eu sei. Frase ex-


trema, mas assim é bom para entendermos..hehe)

Todo A é B é necessariamente falsa.


Todo cachorro é gato, faz sentido? Nenhum, não é?

Algum A é B é necessariamente falsa.


Algum cachorro é gato, ainda não faz sentido.

Algum A não é B necessariamente verdadeira.


Algum cachorro não é gato, ah sim espero que todos
d) O conjunto A é igual ao conjunto B.
não sejam mas, se já está dizendo algum vou concordar.

Algum A é B.

Quer dizer que há pelo menos 1 elemento de A em


comum com o conjunto B.

Temos 4 representações possíveis:

14
RACIOCÍNIO LÓGICO

Quando “algum A é B” é verdadeira, vamos ver como c) Não há elementos em comum entre os dois conjun-
ficam os valores lógicos das outras? tos
Frase: Algum copo é de vidro.

Nenhum A é B é necessariamente falsa


Nenhum copo é de vidro, com frase fica mais fácil né?
Porque assim, conseguimos ver que é falsa, pois acabei de
falar que algum copo é de vidro, ou seja, tenho pelo menos
1 copo de vidro.

Todo A é B , não conseguimos determinar, podendo ser


verdadeira ou falsa (podemos analisar também os diagra-
mas mostrados nas figuras a e c)
Todo copo é de vidro.
Pode ser que sim, ou não.
Quando “algum A não é B” é verdadeira, vamos ver
Algum A não é B não conseguimos determinar, poden- como ficam os valores lógicos das outras?
do ser verdadeira ou falsa(contradiz com as figuras b e d) Vamos fazer a frase contrária do exemplo anterior
Algum copo não é de vidro, como não sabemos se to- Frase: Algum copo não é de vidro.
dos os copos são de vidros, pode ser verdadeira.
Nenhum A é B é indeterminada (contradição com as
Algum A não é B. figuras a e b)
O conjunto A tem pelo menos um elemento que não Nenhum copo é de vidro, algum não é, mas não sei se
pertence ao conjunto B. todos não são de vidro.

Aqui teremos 3 modos de representar: Todo A é B , é necessariamente falsa


Todo copo é de vidro, mas eu disse que algum copo
a) Os dois conjuntos possuem uma parte dos elemen- não era.
tos em comum
Algum A é B é indeterminada
Algum copo é de vidro, não consigo determinar se tem
algum de vidro ou não.

Quantificadores são elementos que, quando associa-


dos às sentenças abertas, permitem que as mesmas sejam
avaliadas como verdadeiras ou falsas, ou seja, passam a ser
qualificadas como sentenças fechadas.

O quantificador universal

O quantificador universal, usado para transformar sen-


tenças (proposições) abertas em proposições fechadas, é
indicado pelo símbolo “∀”, que se lê: “qualquer que seja”,
“para todo”, “para cada”.
b) Todos os elementos de B estão em A.
Exemplo:
(∀x)(x + 2 = 6)
Lê-se: “Qualquer que seja x, temos que x + 2 = 6” (fal-
sa).
É falso, pois não podemos colocar qualquer x para a
afirmação ser verdadeira.

O quantificador existencial

O quantificador existencial é indicado pelo símbolo


“∃” que se lê: “existe”, “existe pelo menos um” e “existe
um”.

15
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplos: 02. (TRT - 20ª REGIÃO /SE - Técnico Judiciário –


(∃x)(x + 5 = 9) FCC/2016) que todo técnico sabe digitar. Alguns desses
Lê-se: “Existe um número x, tal que x + 5 = 9” (verda- técnicos sabem atender ao público externo e outros desses
deira). técnicos não sabem atender ao público externo. A partir
Nesse caso, existe um número, ahh tudo bem...claro dessas afirmações é correto concluir que:
que existe algum número que essa afirmação será verda-
deira. (A) os técnicos que sabem atender ao público externo
não sabem digitar.
Ok?? Sem maiores problemas, certo? (B) os técnicos que não sabem atender ao público ex-
terno não sabem digitar.
Representação de uma proposição quantificada (C) qualquer pessoa que sabe digitar também sabe
atender ao público externo.
(∀x)(x ∈ N)(x + 3 > 15) (D) os técnicos que não sabem atender ao público ex-
Quantificador: ∀ terno sabem digitar.
Condição de existência da variável: x ∈ N . (E) os técnicos que sabem digitar não atendem ao pú-
Predicado: x + 3 > 15. blico externo.

(∃x)[(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)] 03. (COPERGAS – Auxiliar Administrativo –


Quantificador: ∃ FCC/2016) É verdade que existem programadores que não
Condição de existência da variável: não há. gostam de computadores. A partir dessa afirmação é cor-
Predicado: “(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)”. reto concluir que:

Negações de proposições quantificadas ou funcionais (A) qualquer pessoa que não gosta de computadores é
Seja uma sentença (∀x)(A(x)). um programador.
Negação: (∃x)(~A(x)) (B) todas as pessoas que gostam de computadores não
são programadores.
Exemplo (C) dentre aqueles que não gostam de computadores,
(∀x)(2x-1=3) alguns são programadores.
Negação: (∃x)(2x-1≠3) (D) para ser programador é necessário gostar de com-
putador.
(E) qualquer pessoa que gosta de computador será um
bom programador.
Seja uma sentença (∃x)(Q(x)).
Negação: (∀x)(~Q(x)).
04. (COPERGAS/PE - Analista Tecnologia da Infor-
(∃x)(2x-1=3)
mação
Negação: (∀x)(2x-1≠3)
- FCC/2016) É verdade que todo engenheiro sabe ma-
temática. É verdade que há pessoas que sabem matemática
Questões e não são engenheiros. É verdade que existem administra-
dores que sabem matemática. A partir dessas afirmações é
01. (UFES - Assistente em Administração – possível concluir corretamente que:
UFES/2017) Em um determinado grupo de pessoas:
(A) qualquer engenheiro é administrador.
• todas as pessoas que praticam futebol também pra- (B) todos os administradores sabem matemática.
ticam natação, (C) alguns engenheiros não sabem matemática.
• algumas pessoas que praticam tênis também prati- (D) o administrador que sabe matemática é engenhei-
cam futebol, ro.
• algumas pessoas que praticam tênis não praticam (E) o administrador que é engenheiro sabe matemática.
natação.
05. (CRECI 1ª REGIÃO/RJ – Advogado – MSCON-
É CORRETO afirmar que no grupo CURSOS/2016) Considere como verdadeiras as duas pre-
missas seguintes:
(A) todas as pessoas que praticam natação também
praticam tênis. I – Nenhum professor é veterinário;
(B) todas as pessoas que praticam futebol também pra- II – Alguns agrônomos são veterinários.
ticam tênis.
(C) algumas pessoas que praticam natação não prati- A partir dessas premissas, é correto afirmar que, neces-
cam futebol. sariamente:
(D) algumas pessoas que praticam natação não prati- (A) Nenhum professor é agrônomo.
cam tênis. (B) Alguns agrônomos não são professores.
(E) algumas pessoas que praticam tênis não praticam (C) Alguns professores são agrônomos.
futebol. (D) Alguns agrônomos são professores.

16
RACIOCÍNIO LÓGICO

06. (EMSERH - Auxiliar Administrativo – FUN- (C) Mirian é escrevente


CAB/2016) Considere que as seguintes afirmações são (D) Mirian não é escrevente.
verdadeiras: (E) se Arnaldo é escrevente, então Arnaldo é primo de
Mirian
“Algum maranhense é pescador.”
“Todo maranhense é trabalhador.”
10. (DPE/MT – Assistente Administrativo –
Assim pode-se afirmar, do ponto de vista lógico, que: FGV/2015) Considere verdadeiras as afirmações a seguir.
(A) Algum maranhense pescador não é trabalhador • Existem advogados que são poetas.
(B) Algum maranhense não pescar não é trabalhador • Todos os poetas escrevem bem.
(C) Todo maranhense trabalhadoré pescador
(D) Algum maranhense trabalhador é pescador
Com base nas afirmações, é correto concluir que
(E) Todo maranhense pescador não é trabalhador.
(A) se um advogado não escreve bem então não é poe-
07. (PREF. DE RIO DE JANEIRO/RJ – Assistente Ad- ta.
ministrativo – PREF. DO RIO DE JANEIRO/2015) Em certa (B) todos os advogados escrevem bem.
comunidade, é verdade que: (C) quem não é advogado não é poeta.
(D) quem escreve bem é poeta.
- todo professor de matemática possui grau de mestre; (E) quem não é poeta não escreve bem.
- algumas pessoas que possuem grau de mestre gos-
tam de empadão de camarão;
- algumas pessoas que gostam de empadão de cama- Respostas
rão não possuem grau de mestre.
01. Resposta: E.
Uma conclusão necessariamente verdadeira é:

(A) algum professor de matemática gosta de empadão


de camarão.
(B) nenhum professor de matemática gosta de empa-
dão de camarão.
(C) alguma pessoa que gosta de empadão de camarão
gosta de matemática.
(D) alguma pessoa que gosta de empadão de camarão
não é professor de matemática.

08. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-


NESP/2015) Se todo estudante de uma disciplina A é tam-
bém estudante de uma disciplina B e todo estudante de
uma disciplina C não é estudante da disciplina B, e ntão é 02. Resposta: D.
verdade que: Podemos excluir as alternativas que falam que não sa-
bem digitar, pois todos os técnicos sabem digitar.
(A) algum estudante da disciplina A é estudante da dis-
ciplina C.
(B) algum estudante da disciplina B é estudante da dis-
ciplina C.
(C) nenhum estudante da disciplina A é estudante da
disciplina C.
(D) nenhum estudante da disciplina B é estudante da
disciplina A.
(E) nenhum estudante da disciplina A é estudante da
disciplina B.

09. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-


NESP/2015) Considere verdadeira a seguinte afirmação:
“Todos os primos de Mirian são escreventes”.

Dessa afirmação, conclui­se corretamente que


(A) se Pâmela não é escrevente, então Pâmela não é
prima de Mirian.
(B) se Jair é primo de Mirian, então Jair não é escre-
vente.

17
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. Resposta: C. 07. Resposta: D.

Podemos ter esses dois modelos de diagramas:

(A) não está claro se os mestres que gostam de empa-


dão são professores ou não.
(B) podemos ter o primeiro diagrama
04. Resposta: E. (C) pode ser o segundo diagrama.

08. Resposta: C.
O diagrama C deve ficar para fora, pois todo estudante
de C não é da disciplina B, ou seja, não tem ligação nenhuma.

05. Resposta: B.
Alguns agrônomos são veterinários e podem ser só
agrônomos.
Assim, os estudantes da disciplina A, também não fa-
zem disciplina C e vice-versa.

09. Resposta: A.

06. Resposta: D.

Como Pâmela não é escrevente, ela está em um diagra-


ma a parte, então não é prima de Mirian.
Analisando as alternativas erradas:

(B) Todos os primos de primo são escrevente.


(C) e (D) Não sabemos se Mirian é escrevente ou não.
(E) Não necessariamente, pois há pessoas que são es-
creventes, mas não primos de Mirian.

18
RACIOCÍNIO LÓGICO

10. Resposta: A. Regra de Absorção


Se o advogado não escreve bem, ele faz parte da área p→p∧q⇔p→q
hachurada, portanto ele não é poeta.
p q p∧q p→p∧q p→q
V V V V V
V F F F F
F V F V V
F F F V V

Condicional

Gostaria da sua atenção aqui, pois as condicionais são


as mais pedidas nos concursos
A condicional p→q e a disjunção ~p∨q, têm tabelas-
verdades idênticas

p ~p q p∧q p→q ~p∨q


V F V V V V
V F F F F F
Referências
F V V F V V
Carvalho, S. Raciocínio Lógico Simplificado. Série Pro-
F V F F V V
vas e Concursos, 2010.
Exemplo
p: Coelho gosta de cenoura
q: Coelho é herbívoro.
EQUIVALÊNCIAS
p→q: Se coelho gosta de cenoura, então coelho é her-
bívoro.
~p∨q: Coelha não gosta de cenoura ou coelho é her-
bívoro
EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS
A condicional ~p→~q é equivalente a disjunção p∨~q
Diz-se que uma proposição P(p,q,r..) é logicamente
equivalente ou equivalente a uma proposição Q(p,r,s..) se
as tabelas-verdade dessas duas proposições são IDÊNTI- p q ~p ~q ~p→~q p∨~q
CAS. V V F F V V
Para indicar que são equivalentes, usaremos a seguinte V F F V V V
notação: F V V F F F
P(p,q,r..) ⇔ Q(p,r,s..) F F V V V V

Essa parte de equivalência é um pouco mais chatinha, Equivalência fundamentais (Propriedades Funda-
mas conforme estudamos, vou falando algumas dicas. mentais): a equivalência lógica entre as proposições goza
das propriedades simétrica, reflexiva e transitiva.
Regra da Dupla negação
~~p⇔p 1 – Simetria (equivalência por simetria)
a) p ∧ q ⇔ q ∧ p
p q p∧q q∧p
p ~p ~~p
V F V V V V V
F V F V F F F
F V F F
São iguais, então ~~p⇔p F F F F

Regra de Clavius b) p ∨ q ⇔ q ∨ p
~p→p⇔p p q p∨q q∨ p
V V V V
p ~p ~p→p V F V V
V F V F V V V
F V F F F F F

19
RACIOCÍNIO LÓGICO

c) p ∨ q ⇔ q p b) p ∨ (q ∨ r) ⇔ (p ∨ q) ∨ (p ∨ r)
p q p∨q q∨p
V V F F q p ∨ (q p∨ p (p ∨ q) ∨ (p
p q r
V F V V ∨r ∨ r) q ∨r ∨ r)
F V V V V V V V V V V V
F F F F V V F V V V V V
V F V V V V V V
d) p ↔ q ⇔ q ↔ p V F F F V V V V
p q p↔q q↔p F V V V V V V V
V V V V F V F V V V F V
V F F F F F V V V F V V
F V F F F F F F F F F F
F F V V
3 – Idempotência
Equivalências notáveis: a) p ⇔ (p ∧ p)
Para ficar mais fácil o entendimento, vamos fazer duas
1 - Distribuição (equivalência pela distributiva) colunas com p:
a) p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
p p p∧ p
V V V
q p ∧ (q p∧ p (p ∧ q) ∨ (p
p q r F F F
∨r ∨ r) q ∧r ∧ r)
V V V V V V V V b) p ⇔ (p ∨ p)
V V F V V V F V
V F V V V F V V p p p∨ p
V F F F F F F F V V V
F V V V F F F F F F F
F V F V F F F F
F F V V F F F F 4 - Pela contraposição: de uma condicional gera-se
F F F F F F F F outra condicional equivalente à primeira, apenas inverten-
do-se e negando-se as proposições simples que as com-
b) p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r) põem.

p q r
q p ∨ (q p∨ p (p ∨ q) ∧ (p Da mesma forma que vimos na condicional mais acima,
∧r ∧ r) q ∨r ∨ r) temos outros modos de definir a equivalência da condicio-
V V V V V V V V nal que são de igual importância
V V F F V V V V
V F V F V V V V 1º caso – (p → q) ⇔ (~q → ~p)
V F F F V V V V p q ~p ~q p → q ~q → ~p
F V V V V V V V V V F F V V
F V F F F V F F V F F V F F
F F V F F F V F F V V F V V
F F F F F F F F F F V V V V
2 - Associação (equivalência pela associativa) 2º caso: (~p → q) ⇔ (~q → p)
a) p ∧ (q ∧ r) ⇔ (p ∧ q) ∧ (p ∧ r)
p q ~p ~p → q ~q ~q → p
V V F V F V
q p ∧ (q p (p ∧ q) ∧ (p
p q r p∧q V F F V V V
∧r ∧ r) ∧r ∧ r)
V V V V V V V V F V V V F V
V V F F F V F F F F V F V F
V F V F F F V F
3º caso: (p → ~q) ⇔ (q → ~p)
V F F F F F F F
F V V V F F F F p q ~q p → ~q ~p q → ~p
F V F F F F F F V V F F F F
F F V F F F F F V F V V F V
F F F F F F F F F V F V V V
F F V V V V

20
RACIOCÍNIO LÓGICO

5 - Pela bicondicional Questões


a) (p ↔ q) ⇔ (p → q) ∧ (q → p), por definição
p q p ↔ q p → q q → p (p → q) ∧ (q → p) 01. (TJ/SP - Escrevente Técnico Judiciário - VU-
V V V V V V NESP/2017) Uma afirmação equivalente para “Se estou fe-
liz, então passei no concurso” é:
V F F F V F
F V F V F F (A) Se passei no concurso, então estou feliz.
F F V V V V (B) Se não passei no concurso, então não estou feliz.
(C) Não passei no concurso e não estou feliz.
b) (p ↔ q) ⇔ (~q → ~p) ∧ (~p → ~q) (D) Estou feliz e passei no concurso.
p (E) Passei no concurso e não estou feliz.
~q → ~p → (~q → ~p) ∧
p q ↔ ~q ~p
~p ~q (~p → ~q)
q 02. (UTFPR – Pedagogo – UTFPR/2017) Considere a
V V V F F V V V frase:
V F F V F F V F Se Marco treina, então ele vence a competição.
F V F F V V F F A frase equivalente a ela é:
F F V V V V V V
(A) Se Marco não treina, então vence a competição.
c) (p ↔ q) ⇔ (p ∧ q) ∨ (~p ∧ ~q) (B) Se Marco não treina, então não vence a competição.
p p (C) Marco treina ou não vence a competição.
~p ∧ (p ∧ q) ∨ (~p (D) Marco treina se e somente se vence a competição.
p q ↔ ∧ ~p ~q
~q ∧ ~q) (E) Marco não treina ou vence a competição.
q q
V V V V F F F V
V F F F F V F F 03. (TRF 1ª REGIÃO – Cargos de nível médio – CES-
F V F F V F F F PE/2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, cho-
ra menos.”, que corresponde a um ditado popular, julgue o
F F V F V V V V
próximo item.
Do ponto de vista da lógica sentencial, a proposição P é
6 - Pela exportação-importação
equivalente a “Se pode mais, o indivíduo chora menos”.
[(p ∧ q) → r] ⇔ [p → (q → r)]
( ) Certo
p q r p ∧ q (p ∧ q) → r q → r p → (q → r) ( ) Errado
V V V V V V V
V V F V F F F 04. (TRT 12ª REGIÃO – Analista Judiciário – FGV/2017)
V F V F V V V Considere a sentença: “Se Pedro é torcedor do Avaí e Marce-
V F F F V V V la não é torcedora do Figueirense, então Joana é torcedora
F V V F V V V da Chapecoense”.
F V F F V F V Uma sentença logicamente equivalente à sentença dada é:
F F V F V V V
(A) Se Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torce-
F F F F V V V
dora do Figueirense, então Joana não é torcedora da Cha-
pecoense.
Proposições Associadas a uma Condicional (se, então)
(B) Se Pedro não é torcedor do Avaí e Marcela é torce-
dora do Figueirense, então Joana não é torcedora da Cha-
Chama-se proposições associadas a p → q as três pro- pecoense.
posições condicionadas que contêm p e q: (C) Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora
– Proposições recíprocas: p → q: q → p do Figueirense ou Joana é torcedora da Chapecoense.
– Proposição contrária: p → q: ~p → ~q (D) Se Joana não é torcedora da Chapecoense, então
– Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p Pedro não é torcedor do Avaí e Marcela é torcedora do Fi-
gueirense.
Observe a tabela verdade dessas quatro proposições: (E) Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora
q do Figueirense e Joana é torcedora da Chapecoense.
p→ ~p → ~q →
p q ~p ~q →
q ~q ~p 05. (IBGE – Analista Censitário – FGV/2017) Considere
p
V V F F V V V V como verdadeira a seguinte sentença: “Se todas as flores são
V F F V F V V F vermelhas, então o jardim é bonito”.
F V V F V F F V É correto concluir que:
F F V V V V V V
(A) se todas as flores não são vermelhas, então o jardim
Observamos ainda que a condicional p → q e a sua não é bonito;
recíproca q → p ou a sua contrária ~p → ~q NÃO SÃO (B) se uma flor é amarela, então o jardim não é bonito;
(C) se o jardim é bonito, então todas as flores são ver-
EQUIVALENTES.
melhas;

21
RACIOCÍNIO LÓGICO

(D) se o jardim não é bonito, então todas as flores não Respostas


são vermelhas;
(E) se o jardim não é bonito, então pelo menos uma flor 01. Resposta: B.
não é vermelha. p→q⇔~q→~p
p: Estou feliz
06. (POLITEC/MT – Papiloscopista – UFMT/2017) q: passei no concurso
Uma proposição equivalente a Se há fumaça, há fogo, é: A equivalência ficaria:
Se não passei no concurso, então não estou feliz.
(A) Se não há fumaça, não há fogo.
(B) Se há fumaça, não há fogo. 02. Resposta: E.
(C) Se não há fogo, não há fumaça. Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou
(D) Se há fogo, há fumaça. “~p∨q”
P: Marcos treina
07. (DPE/RR – Técnico em Informática – INAZ DO Q: ele vence a competição
PARÁ/2017) Diz-se que duas preposições são equivalen- Marcos não treina ou ele vence a competição
tes entre si quando elas possuem o mesmo valor lógico. A
sentença logicamente equivalente a: “ Se Maria é médica, 03. Resposta: Certo.
então Victor é professor” é: Uma dica é que normalmente quando tem vírgula é
condicional, não é regra, mas acontece quando você não
(A) Se Victor não é professor então Maria não é médica acha o conectivo.
(B) Se Maria não é médica então Victor não é professor
(C) Se Victor é professor, Maria é médica 04. Resposta: C.
(D) Se Maria é médica ou Victor é professor Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou
(E) Se Maria é médica ou Victor não é professor “~p∨q”
~p: Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torce-
08. (PREF. DE RIO DE JANEIRO – Administrador – dora do Figueirense
PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Uma proposição lo- ~q→~p: Se Joana não é torcedora da Chapecoense,
então Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torcedora
gicamente equivalente a “se eu não posso pagar um táxi,
do Figueirense
então vou de ônibus” é a seguinte:
~p∨q: Pedro não é torcedor do Avaí ou Marcela é torce-
dora do Figueirense ou Joana é torcedora da Chapecoense.
(A) se eu não vou de ônibus, então posso pagar um táxi
(B) se eu posso pagar um táxi, então não vou de ônibus
05. Resposta: E.
(C) se eu vou de ônibus, então não posso pagar um táxi
Equivalência: p→q⇔~q→~p
(D) se eu não vou de ônibus, então não posso pagar
Para negar Todos:
um táxi Pelo menos faz o contrário, ou seja, no nosso caso,
pelo menos uma flor não é vermelha
09. (PREF. DO RIO DE JANEIRO – Agente de Admi- ~p: Pelo menos uma flor não é vermelha
nistração – PREF. DO RIO DE JANEIRO/2016) Uma pro- Se o jardim não é bonito, então pelo menos uma flor
posição logicamente equivalente a “todo ato desonesto é não é vermelha.
passível de punição” é a seguinte:
06. Resposta: C.
(A) todo ato passível de punição é desonesto. Nega as duas e troca de lado.
(B) todo ato não passível de punição é desonesto. Se não há fogo, então não há fumaça.
(C) se um ato não é passível de punição, então não é
desonesto. 07. Resposta: A.
(D) se um ato não é desonesto, então não é passível Nega as duas e troca de lado.
de punição. Se Victor não é professor, então Maria não é medica.

10. (TJ/PI – Analista Judiciário – FGV/2015) Conside- 08. Resposta: A.


re a sentença: “Se gosto de capivara, então gosto de javali”. Temos p→q e a equivalência pode ser ~q→~p
~p∨q
Uma sentença logicamente equivalente à sentença Nesse caso, como temos apenas condicional nas alter-
dada é: nativas.
Nega as duas e troca
(A) Se não gosto de capivara, então não gosto de javali. p: não posso pagar um táxi
(B) Gosto de capivara e gosto de javali. q: vou de ônibus
(C) Não gosto de capivara ou gosto de javali. ~p: Posso pagar um táxi
(D) Gosto de capivara ou não gosto de javali. ~q: Não vou de ônibus
(E) Gosto de capivara e não gosto de javali. Se não vou de ônibus, então posso pagar um táxi

22
RACIOCÍNIO LÓGICO

09. Resposta: C.
Vamos pensar da seguinte maneira:
Se todo ato é desonesto, então é passível de punição
Temos p→q e a equivalência pode ser: “~q→~p” ou “~p∨q”
Nesse caso, as alternativas nos mostram condicional.
Se um ato não é passível de punição, então não é desonesto.

10. Resposta: C.
Lembra da tabela da teoria??
p q p→q ~p ~p∨q
V V V F V
V F F F F
F V V V V
F F V V V

Então
p: Gosto de capivara
q: Gosto de javali

Temos p→q e a equivalência pode ser ~q→~p, mas não temos essa opção.
Portanto, deve ser ~p∨q
Não gosto de capivara ou gosto de javali.

Referências
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemática – São Paulo: Nobel – 2002.
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de Abreu - Raciocínio lógico passo a passo – Rio de Janeiro: Elsevier,
2013.

LEIS DE DEMORGAN

Negação de uma proposição composta


Definição: Quando se nega uma proposição composta primitiva, gera-se outra proposição também composta e equi-
valente à negação de sua primitiva.
Ou seja, muitas vezes para os exercícios teremos que saber qual a equivalência da negação para compor uma frase, por
exemplo.

Negação de uma conjunção (Lei de Morgan)


Para negar uma conjunção, basta negar as partes e trocar o conectivo conjunção pelo conectivo disjunção.
~(p ∧ q) ⇔ (~p ∨ ~q)
p q ~p ~q p∧q ~(p ∧ q) ~p ∨ ~q
V V F F V F F
V F F V F V V
F V V F F V V
F F V V F V V

Negação de uma disjunção (Lei de Morgan)


Para negar uma disjunção, basta negar as partes e trocar o conectivo-disjunção pelo conectivo-conjunção.
~(p ∨ q) ⇔ (~p ∧ ~q)

p q ~p ~q p∨q ~(p ∨ q) ~p ∧ ~q
V V F F V F F
V F F V V F F
F V V F V F F
F F V V F V V

23
RACIOCÍNIO LÓGICO

Resumindo as negações, quando é conjunção nega as duas e troca por “ou”


Quando for disjunção, nega tudo e troca por “e”.
Negação de uma disjunção exclusiva
~(p ∨ q) ⇔ (p ↔ q)
p q p∨q ~( p∨q) p↔q
V V F V V
V F V F F
F V V F F
F F F V V

Negação de uma condicional


Famoso MANE
Mantém a primeira e nega a segunda.
~(p → q) ⇔ (p ∧ ~q)
p q p→q ~q ~(p → q) p ∧ ~q
V V V F F F
V F F V V V
F V V F F V
F F V V F F

Negação de uma bicondicional


~(p ↔ q) = ~[(p → q) ∧ (q → p)] ⇔ [(p ∧ ~q) ∨ (q ∧ ~p)]
~[(p → q) ∧ [(p ∧ ~q) ∨
P Q p ↔ q p → q q → p p → q) ∧ (q → p)] p ∧ ~q q ∧ ~p
(q → p)] (q ∧ ~p)]
V V V V V V F F F F
V F F F V F V V F V
F V F V F F V F V V
F F V V V V F F F F

Dupla negação (Teoria da Involução)


De uma proposição simples: p ⇔ ~ (~p)
P ~P ~ (~p)
V F V
F V F

b) De uma condicional: Definição: A dupla negação de uma condicional dá-se da seguinte forma: nega-se a 1ª parte da
condicional, troca-se o conectivo-condicional pela disjunção e mantém-se a 2a parte.
Demonstração: Seja a proposição primitiva: p → q nega-se pela 1a vez: ~(p → q) ⇔ p ∧ ~q nega-se pela 2a vez: ~(p
∧ ~q) ⇔ ~p ∨ q
Conclusão: Ao negarmos uma proposição primitiva duas vezes consecutivas, a proposição resultante será equivalente
à sua proposição primitiva. Logo, p → q ⇔ ~p ∨ q

Questões
01. (CORREIOS – Engenheiro de Segurança do Trabalho Júnior – IADES/2017) Qual é a negação da proposição
“Engenheiros gostam de biológicas e médicos gostam de exatas.”?
(A) Engenheiros não gostam de biológicas ou médicos não gostam de exatas.
(B) Engenheiros não gostam de biológicas e médicos gostam de exatas.
(C) Engenheiros não gostam de biológicas ou médicos gostam de exatas.
(D) Engenheiros gostam de biológicas ou médicos não gostam de exatas.
(E) Engenheiros não gostam de biológicas e médicos não gostam de exatas.

02. (ARTES - Agente de Fiscalização à Regulação de Transporte - Tecnologia de Informação - FCC/2017) A afirma-
ção que corresponde à negação lógica da frase ‘Vendedores falam muito e nenhum estudioso fala alto’ é:
(A) ‘Nenhum vendedor fala muito e todos os estudiosos falam alto’.
(B) ‘Vendedores não falam muito e todos os estudiosos falam alto’.
(C) ‘Se os vendedores não falam muito, então os estudiosos não falam alto’.
(D) ‘Pelo menos um vendedor não fala muito ou todo estudioso fala alto’.
(E) ‘Vendedores não falam muito ou pelo menos um estudioso fala alto’

24
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. (IGP/RS – Perito Criminal 0 FUNDATEC/2017) A Proposição Q: A empresa alegou ter pago suas obriga-
negação da proposição “Todos os homens são afetuosos” ções previdenciárias, mas não apresentou os comprovantes
é: de pagamento.
(A) Toda criança é afetuosa. A proposição Q, anteriormente apresentada, está pre-
(B) Nenhum homem é afetuoso. sente na proposição P do texto CB1A5AAA.
(C) Todos os homens carecem de afeto. A negação da proposição Q pode ser expressa por:
(D) Pelo menos um homem não é afetuoso.
(E) Todas as mulheres não são afetuosas.
(A) A empresa não alegou ter pago suas obrigações
04. (TRT – Analista Judiciário – FCC/2017) Uma afir- previdenciárias ou apresentou os comprovantes de paga-
mação que corresponda à negação lógica da afirmação: mento.
todos os programas foram limpos e nenhum vírus perma- (B) A empresa alegou ter pago suas obrigações previ-
neceu, é: denciárias ou não apresentou os comprovantes de paga-
mento.
(A) Se pelo menos um programa não foi limpo, então (C)A empresa alegou ter pago suas obrigações previ-
algum vírus não permaneceu. denciárias e apresentou os comprovantes de pagamento.
(B) Existe um programa que não foi limpo ou pelo me-
(D) A empresa não alegou ter pago suas obrigações
nos um vírus permaneceu.
(C) Nenhum programa foi limpo e todos os vírus per- previdenciárias nem apresentou os comprovantes de pa-
maneceram. gamento.
(D) Alguns programas foram limpos ou algum vírus
não permaneceu.
(E) Se algum vírus permaneceu, então nenhum progra- 09. (DPE/RS – Analista – FCC/2017) Considere a afir-
ma foi limpos. mação:
Ontem trovejou e não choveu.
05. (TRF 1ª REGIÃO – cargos de nível superior – CES- Uma afirmação que corresponde à negação lógica des-
PE/2017) Em uma reunião de colegiado, após a aprovação
de uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos a favor e 5 ta afirmação é
contra, um dos 11 presentes fez a seguinte afirmação: “Bas- (A) se ontem não trovejou, então não choveu.
ta um de nós mudar de ideia e a decisão será totalmente (B) ontem trovejou e choveu.
modificada.” (C) ontem não trovejou ou não choveu.
Considerando a situação apresentada e a proposição (D) ontem não trovejou ou choveu.
correspondente à afirmação feita, julgue o próximo item. (E) se ontem choveu, então trovejou.
A negação da proposição pode ser corretamente ex-
pressa por “Basta um de nós não mudar de ideia ou a deci-
são não será totalmente modificada”. 10. (DPE/RS – Analista – FCC/2017) Considere a afir-
Certo Errado mação:
Se sou descendente de italiano, então gosto de macar-
06. (TRF 1ª REGIÃO – Cargos de nível médio – CES- rão e gosto de parmesão.
PE/2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, cho-
Uma afirmação que corresponde à negação lógica des-
ra menos.”, que corresponde a um ditado popular, julgue o
ta afirmação é
próximo item.
A negação da proposição P pode ser expressa por (A) Sou descendente de italiano e, não gosto de macar-
“Quem não pode mais, não chora menos” rão ou não gosto de parmesão.
Certo Errado (B) Se não sou descendente de italiano, então não gos-
to de macarrão e não gosto de parmesão.
07. (CFF – Analista de Sistema – INAZ DO PARÁ/2017) (C) Se gosto de macarrão e gosto de parmesão, então
Dizer que não é verdade que “Todas as farmácias estão não sou descendente de italiano.
abertas” é logicamente equivalente a dizer que: (D) Não sou descendente de italiano e, gosto de ma-
carrão e não gosto de parmesão.
(A) “Toda farmácia está aberta”. (E) Se não gosto de macarrão e não gosto de parme-
(B) “Nenhuma farmácia está aberta”. são, então não sou descendente de italiano.
(C) “Todas as farmácias não estão abertas”.
(D) “Alguma farmácia não está aberta”.
(E) “Alguma farmácia está aberta”. Respostas
08. (TRT 7ª REGIÃO – Conhecimentos básicos cargos 01. Resposta: A.
1, 2, 7 e 8 – CESPE/2017) Texto CB1A5AAA – Proposição P Nega as duas e muda o conectivo para ou
A empresa alegou ter pago suas obrigações previden-
|Engenheiros não gostam de biológicas OU médicos
ciárias, mas não apresentou os comprovantes de paga-
não gostam de exatas.
mento; o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo
ex-empregado.

25
RACIOCÍNIO LÓGICO

02. Resposta: E.
Nega as duas e coloca ou. SEQUËNCIA LÓGICA
Vendedores não falam muito
Para negar nenhum, devemos colocar pelo menos e a
afirmativa
Pelo menos um estudioso fala muito. As sequências lógicas aparecem com frequências nas
provas de concurso. São vários tipos: números, letras, figu-
OBS: Se fosse Todos a negação seria pelo menos 1 es- ras, baralhos, dominós e como é um assunto muito abran-
tudioso não fala muito. gente, e pode ser pedido de qualquer forma, o que ajudará
nos estudos serão as práticas de exercícios e algumas dicas
03. Resposta: D. que darei. Em cada exemplo, darei algumas dicas para toda
Para negar todos, colocamos pelo menos um... vez que você visualizar esse tipo de questão já ajude a ana-
E negamos a frase. lisar que tipo será. Vamos lá?
Pelo menos um homem não é afetuoso.
Sequência de Números
04. Resposta:B.
Pode ser feita por soma, subtração, divisão, multipli-
Negação de Todos: Pelo menos um (existe um, alguns)
e a negação: cação.
Pelo menos um programa não foi limpo. Mas lembre-se, se estamos falando de SEQUÊNCIA, ela
Negação de nenhum : pelo menos um e a afirmação. vai seguir um padrão, basta você achar esse padrão, alguns
Pelo menos um vírus permaneceu. serão mais difíceis, outro beeem fácil e não se assuste se
Ou achar rápido, não terá uma “PEGADINHA”, será isso e pon-
Alguns vírus permaneceram. to.
Vamos ver alguns tipos de sequências:
05. Resposta: Errado.
CUIDADO! -Progressão Aritmética
O basta traz sentido de condicional. 2 5 8 11
Se um de nós mudar de ideia, então a decisão será
totalmente modificada. Progressão aritmética sempre terá a mesma razão.
Portanto, mantém a primeira e nega a segunda (MANÈ) No nosso exemplo, a razão é 3, pois para cada número
Basta um de nós mudar de ideia e a decisão não será seguinte, temos que somar 3.
totalmente modificada.
-Progressão Geométrica
06. Resposta: Errado. 9 18 36 72
Negação de uma condicional: mantém a primeira e
nega a segunda. E agora para essa nova sequência?
Se somarmos 9, não teremos uma sequência, então
07. Resposta: D. não é soma.
Para negar todos: pelo menos uma, alguma, existe uma O próximo que tentamos é a multiplicação,9x2=18
Alguma farmácia não está aberta. 18x2=36
36x2=72
08. Resposta: A.
Opa, deu certo?
Nega as duas e troca por “e” por “ou”
Progressão geométrica de razão 2.
A empresa não alegou ter pago suas obrigações previ-
denciárias ou apresentou os comprovantes de pagamento.
-Incremento em Progressão
09. Resposta: D. 1 2 4 7
Negação de ontem trovejou: ontem não trovejou
Negação de não choveu: choveu Observe que estamos somando 1 a mais para cada nú-
Ontem não trovejou ou choveu. mero.
1=1=2
10. Resposta: A. 2+2=4
Negação de condicional: mantém a primeira e nega a 4+3=7
segunda.
Negação de conjunção: nega as duas e troca “e” por “ou” -Série de Fibonacci
Vamos fazer primeiro a negação da conjunção: gosto 1 1 2 3 5 8 13
de macarrão e gosto de parmesão. Cada termo é igual à soma dos dois anteriores.
Não gosto de macarrão ou não gosto de parmesão.
-Números Primos
Sou descendente de italiano e não gosto de macarrão 2 3 5 7 11 13 17
ou não gosto de parmesão. Naturais que possuem apenas dois divisores naturais.

26
RACIOCÍNIO LÓGICO

-Quadrados Perfeitos Resolução


1 4 9 16 25 36 49 Primeiro tentamos número de sílabas ou letras.
Números naturais cujas raízes são naturais. Letras já não deu certo.

Exemplo 1 Galo=4
Pato=4
(UFPB – Administrador – IDECAN/2016) Considere a Carneiro=8
sequência numérica a seguir: Cobra=4
3, 6, 3, 3, 2, 5/3, 11/9. . . Jacaré=6
Não tem um padrão
Sabendo-se que essa sequência obedece uma regra de
formação a partir do terceiro termo, então o denominador Número de sílabas
do próximo termo da sequência é: Está dividido em 2 e 3 e sem padrões
(A) 9.
(B) 11. Começadas com as letras dos meses?não...
(C) 26. Difícil...
(D) 27. São animais, então:

Resolução Galo e pato são aves


Quando há uma sequência que não parece progressão Cobra e jacaré são répteis
aritmética ou geométrica, devemos “apelar” para soma os O carneiro é mamífero, se estão aos pares, devemos
dois anteriores, soma 1, e assim por diante. procurar outro mamífero que no caso é o boi
No caso se somarmos os dois primeiros para dar o ter- Resposta: A.
ceiro: 3+6=9
Para dar 3, devemos dividir por 3: 9/3=3 Exemplo 2
Vamos ver se ficará certo com o restante (IBGE - Técnico em Informações Geográficas e Esta-
6+3=9 tísticas – FGV/2016) Considere a sequência infinita
9/3=3
3+2=5 IBGEGBIBGEGBIBGEG...
5/3
Opa...parece que deu certo A 2016ª e a 2017ª letras dessa sequência são, respec-
Então: tivamente:
(A) BG;
(B) GE;
(C) EG;
(D) GB;
(E) BI.

Resposta: E.
Resposta: D.
É uma sequência com 6
Sequência de Letras Cada letra equivale a sequência
Sobre a sequência de Letras, fica um pouco mais difícil I=1
de falar, pois podem ser de vários tipos. B=2
Às vezes temos que substituir por números, outras ana- G=3
lisar o padrão de como aparecem. Vamos ver uns exemplos? E=4
G=5
Exemplo 1 B=0
(AGERIO – Analista de Desenvolvimento – FDC/2015)
Considerando a sequência de vocábulos: 2016/6=336 resta 0
galo - pato - carneiro - X - cobra – jacaré 2017/6=336 resta 1
Portanto, 2016 será a letra B, pois resta 0, será equiva-
A alternativa lógica que substitui X é: lente a última letra

(A) boi E 2017 será a letra I, pois resta 1 e é igual a primeira


(B) siri letra.
(C) sapo
(D) besouro
(E) gaivota

27
RACIOCÍNIO LÓGICO

Sequência de Figuras 02. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário - INSTITU-


Do mesmo modo que a sequência de letras, é um tema TO AOCP/2017) Uma máquina foi programada para dis-
abrangente, pois a banca pode pedir a figura que convém. tribuir senhas para atendimento em uma agência bancária
alternando algarismos e letras do alfabeto latino, no qual
(FACEPE – Assistente em Gestão de Ciência e Tecno- estão inclusas as letras K, W e Y, sendo a primeira senha
logia – UPENET/2015) Assinale a alternativa que contém o número 2, a segunda a letra A, e sucessivamente na se-
a próxima figura da sequência. guinte forma: (2; A; 5; B; 8; C; ...). Com base nas informações
mencionadas, é correto afirmar que a 51ª e a 52ª senhas,
respectivamente, são:
(A) 69 e Z.
(B) 90 e Y.
(C) T e 88.
(A) (D) 77 e Z.
(E) Y e 100.

03. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)  Na


(B) figura abaixo, encontram-se representadas três etapas da
construção de uma sequência elaborada a partir de um
triângulo equilátero.

(C)

(D)

Na etapa 1, marcam-se os pontos médios dos lados


(E) do triângulo equilátero e retira-se o triângulo com vértices
nesses pontos médios, obtendo-se os triângulos pretos. Na
etapa 2, marcam-se os pontos médios dos lados dos triân-
gulos pretos obtidos na etapa 1 e retiram-se os triângulos
com vértices nesses pontos médios, obtendo-se um novo
Resposta: B. conjunto de triângulos pretos. A etapa 3 e as seguintes
Primeiro risco vai na parte de baixo, depois do lado mantêm esse padrão de construção.
E depois 2 riscos e assim por diante.
Então nossa figura terá que ter 3 riscos, mas a B ou D? Mantido o padrão de construção acima descrito, o nú-
É a B, pois o risco de cima, tem que ser o maior de mero de triângulos pretos existentes na etapa 7 é
todos.
(A) 729.
Questões (B) 1.024.
01. ( TRE/RJ - Técnico Judiciário - Operação de (C) 2.187.
Computadores – CONSULPLAN/2017) Os termos de uma (D) 4.096.
determinada sequência foram sucessivamente obtidos se- (E) 6.561.
guindo um determinado padrão:
04. (SESAU/RO – Enfermeiro – FUNRIO/2017) Ob-
(5, 9, 17, 33, 65, 129...) serve a sequência: 43, 46, 50, 55, 61, ...

O décimo segundo termo da sequência anterior é um O próximo termo é o:


número (A) 65.
(B) 66.
(A) menor que 8.000. (C) 67.
(B) maior que 10.000. (D) 68.
(C) compreendido entre 8.100 e 9.000. (E) 69.
(D) compreendido entre 9.000 e 10.000.

28
RACIOCÍNIO LÓGICO

05. (TRT 24ª REGIÃO – Analista Judiciário – (A) 5.


FCC/2017) Na sequência 1A3E; 5I7O; 9U11A; 13E15I; (B) 4.
17O19U; 21A23E; . . ., o 12° termo é formado por algaris- (C) 6.
mos e pelas letras (D) 7.
(A) EI. (E) 8.
(B) UA.
(C) OA. 10. (CODAR – Recepcionista – EXATUS/2016) A se-
(D) IO. quência numérica (99; 103; 96; 100; 93; 97; ...) possui deter-
(E) AE. minada lógica em sua formação. O número corresponden-
te ao décimo elemento dessa sequência é:
06. (EBSERH – Assistente Administrativo –
IBFC/2017) Considerando a sequência de figuras @, % , &, (A) 91
(B) 88.
# , @, %, &, #,..., podemos dizer que a figura que estará na
(C) 87
117ª posição será:
(D) 84
(A) @
(B) %
(C) & Respostas
(D) #
(E) $ 01. Resposta: C.
Os termos tem uma sequência começando por 2²+1
07. (IF/PE – Técnico em Eletrotécnica – IFPE/0217) Portanto, para sabermos o 12º termo, fazemos
Considere a seguinte sequência de figuras formadas por 213+1=8193
círculos:
02. Resposta: D.
A 51ª senha segue a sequência ímpar que são: (2, 5,
8,...)
51/2=25 e somamos 1, para saber qual posição ocupa-
rá na sequência. Portanto será a 26
A26=a1+25r
Continuando a sequência de maneira a manter o mes- A26=2+25⋅3
mo padrão geométrico, o número de círculos da Figura 18 é: A26=2+75=77
(A) 334.
(B) 314. A 52ª senha ocupará a posição 26 também, mas na se-
(C) 342. quência par, ou seja, a 26ª letra do alfabeto que é a letra Z.
(D) 324.
(E) 316. 03 Resposta:C
É uma PG de razão 3 e o a1 também é 3.
08. (CODEBA – Guarda Portuário – FGV/2016) Para
passar o tempo, um candidato do concurso escreveu a si-
gla CODEBA por sucessivas vezes, uma após a outra, for-
mando a sequência:
C O D E B A C O D E B A C O D E B A C O D ... 04. Resposta: D.
Observe que de 43 para 46 são 3
A 500ª letra que esse candidato escreveu foi: 50-46=4
55-50=5
(A) O 61-55=6
(B) D Portanto, o próximo será somando 7
(C) E 61+7=68
(D) B
(E) A 05. Resposta: D.
A partir do 5º termo começa a repetir as letras, por-
09. (MPE/SP – Oficial de Promotoria I – VU- tanto:
NESP/2016) A sequência ((3, 5); (3, 3, 3); (5; 5); (3, 3, 5); 12/5=2 e resta 2
...) tem como termos sequências contendo apenas os nú- Assim, será igual ao segundo termo, IO.
meros 3 ou 5. Dentro da lógica de formação da sequência,
cada termo, que também é uma sequência, deve ter o me- 06. Resposta: A.
nor número de elementos possível. Dessa forma, o número 117/4=29 e resta 1
de elementos contidos no décimo oitavo termo é igual a: Portanto, é igual a figura 1 @

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RACIOCÍNIO LÓGICO

07. Resposta: D.
Figura 1:1 PRINCÍPIOS DE CONTAGEM E
Figura 2:4 PROBABILIDADE
Figura 3:9
Figura 4:16
O número de círculos é o quadrado da posição
Figura 18: 18²=324
Análise Combinatória
08. Resposta: A.
É uma sequência com 6 letras: A Análise Combinatória é a área da Matemática que
500/6=83 e resta 2 trata dos problemas de contagem.
C=1
O=2 Princípio Fundamental da Contagem
D=3
E=4 Estabelece o número de maneiras distintas de ocorrên-
B=5 cia de um evento composto de duas ou mais etapas.
A=0 Se uma decisão E1 pode ser tomada de n1 modos e, a
decisão E2 pode ser tomada de n2 modos, então o número
Como restaram 2, então será igual a O. de maneiras de se tomarem as decisões E1 e E2 é n1.n2.
09. Resposta: A. Exemplo
Vamos somar os números:
3+5=8
3+3+3=9
5+5=10
3+3+5=11
Observe que
os termos formam uma PA de razão 1.
a18=?
a18=a1+17r
a18=8+17
a18=25
O número de maneiras diferentes de se vestir é:2(cal-
Para dar 25, com o menor número de elementos possí-
veis, devemos ter (5,5,5,5,5) ças). 3(blusas)=6 maneiras

10. Resposta: A. Fatorial


A princípio, queremos ver a sequência com os termos
seguidos mesmo, o que seria: É comum nos problemas de contagem, calcularmos o
99+4=103 produto de uma multiplicação cujos fatores são números
103-7=96 naturais consecutivos. Para facilitar adotamos o fatorial.
96+4=100
100-7=93
Alternando essa sequência, mas se conseguirmos vi-
sualizar uma outra maneira, ficará mais fácil.
Arranjo Simples
Observe que os termos ímpares (a1,a3,a5...)formam
uma PA de razão r=-3 Denomina-se arranjo simples dos n elementos de E, p a
Os termos pares (a2,a4,a6..) formam uma PA de razão p, toda sequência de p elementos distintos de E.
também r=-3

Como a10 é par, devemos tomar como base a sequên-


cia par, mas para isso, vamos lembrar que se estamos tra-
tando apenas dela, a10=a5
Pois, devemos transformar o a2 em a1 e assim por
diante.
A5=a1+4r
A5=103-12
A5=31

30
RACIOCÍNIO LÓGICO

Exemplo Exemplo
Usando somente algarismos 5, 6 e 7. Quantos números Quantos anagramas tem a palavra PARALELEPÍPEDO?
de 2 algarismos distintos podemos formar? Solução
Se todos as letras fossem distintas, teríamos 14! Per-
mutações. Como temos uma letra repetida, esse número
será menor.
Temos 3P, 2A, 2L e 3 E

Combinação Simples
Dado o conjunto {a1, a2, ..., an} com n objetos distintos,
podemos formar subconjuntos com p elementos. Cada sub-
conjunto com i elementos é chamado combinação simples.

Exemplo
Calcule o número de comissões compostas de 3 alunos
que podemos formar a partir de um grupo de 5 alunos.
Solução
Observe que os números obtidos diferem entre si:
Pela ordem dos elementos: 56 e 65
Pelos elementos componentes: 56 e 67
Cada número assim obtido é denominado arranjo sim-
ples dos 3 elementos tomados 2 a 2. Números Binomiais
O número de combinações de n elementos, tomados
Indica-se p a p, também é representado pelo número binomial .

Binomiais Complementares
Permutação Simples Dois binomiais de mesmo numerador em que a soma
Chama-se permutação simples dos n elementos, qual- dos denominadores é igual ao numerador são iguais:
quer agrupamento(sequência) de n elementos distintos de
E.
O número de permutações simples de n elementos é
indicado por Pn.
Relação de Stifel

Exemplo
Quantos anagramas tem a palavra CHUVEIRO?
Solução Triângulo de Pascal
A palavra tem 8 letras, portanto:

Permutação com elementos repetidos


De modo geral, o número de permutações de n ob-
jetos, dos quais n1 são iguais a A, n2 são iguais a B, n3 são
iguais a C etc.

31
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. (IF/ES – Administrador – IFES/2017) Seis livros


diferentes estão distribuídos em uma estante de vidro, con-
forme a figura abaixo:

Binômio de Newton
Denomina-se binômio de Newton todo binômio da Considerando-se essa mesma forma de distribuição,
forma , com n∈N. Vamos desenvolver alguns bi- de quantas maneiras distintas esses livros podem ser orga-
nômios: nizados na estante?
(A) 30 maneiras
(B) 60 maneiras
(C) 120 maneiras
(D) 360 maneiras
(E) 720 maneiras

04. (UTFPR - Técnico de Tecnologia da Informação


– UTFPR/2017) Em um carro que possui 5 assentos, irão
Observe que os coeficientes dos termos formam o viajar 4 passageiros e 1 motorista. Assinale a alternativa
triângulo de Pascal. que indica de quantas maneiras distintas os 4 passageiros
podem ocupar os assentos do carro.
(A) 13.
(B) 26.
(C) 17.
(D) 20.
(E) 24.

Questões 05. (UTFPR - Técnico de Tecnologia da Informação –


UTFPR/2017) A senha criada para acessar um site da inter-
01. (UFES - Assistente em Administração – net é formada por 5 dígitos. Trata-se de uma senha alfanu-
UFES/2017) Uma determinada família é composta por pai, mérica. André tem algumas informações sobre os números
por mãe e por seis filhos. Eles possuem um automóvel de e letras que a compõem conforme a figura.
oito lugares, sendo que dois lugares estão em dois ban-
cos dianteiros, um do motorista e o outro do carona, e os
demais lugares em dois bancos traseiros. Eles viajarão no
automóvel, e o pai e a mãe necessariamente ocuparão um
dos dois bancos dianteiros. O número de maneiras de dis-
por os membros da família nos lugares do automóvel é
igual a:
Sabendo que nesta senha as vogais não se repetem e
(A) 1440 também não se repetem os números ímpares, assinale a
(B) 1480 alternativa que indica o número máximo de possibilidades
(C) 1520 que existem para a composição da senha.
(D) 1560 (A) 3125.
(E) 1600 (B) 1200.
(C) 1600.
02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) To- (D) 1500.
mando os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7, quantos números (E) 625.
pares de 4 algarismos distintos podem ser formados?
06. (CELG/GT/GO – Analista de Gestão – CSUF-
(A) 120. GO/2017) Uma empresa de limpeza conta com dez faxi-
(B) 210. neiras em seu quadro. Para atender três eventos em dias
(C) 360. diferentes, a empresa deve formar três equipes distintas,
(D) 630. com seis faxineiras em cada uma delas. De quantas manei-
(E) 840. ras a empresa pode montar essas equipes?

32
RACIOCÍNIO LÓGICO

(A) 210 04. Resposta: E.


(B) 630 P4=4!= 4⋅3⋅2⋅1=24
(C) 15.120
(D) 9.129.120 05. Resposta: B.
Vogais: a, e, i, o, u
07. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/ Números ímpares: 1,3,5,7,9
IAUPE – 2017) No carro de João, tem vaga apenas para
3 dos seus 8 colegas. De quantas formas diferentes, João
pode escolher os colegas aos quais dá carona?
(A) 56
(B) 84
(C) 126 5⋅5⋅4⋅4⋅3=1200
(D) 210
(E) 120 06. Resposta: D.

08. (UPE – Técnico em Administração – UPENET/


IAUPE – 2017) Num grupo de 15 homens e 9 mulheres,
quantos são os modos diferentes de formar uma comissão Como para os três dias têm que ser diferentes:
composta por 2 homens e 3 mulheres? __ __ __
(A) 4725 210⋅209⋅208=9129120
(B) 12600
(C) 3780 07. Resposta: A.
(D) 13600
(E) 8820

09. (SESAU/RO – Enfermeiro – FUNRIO/2017) Um


torneio de futebol de várzea reunirá 50 equipes e cada
equipe jogará apenas uma vez com cada uma das outras. 08. Resposta: E.
Esse torneio terá a seguinte quantidade de jogos:
(A) 320.
(B) 460.
(C) 620.
(D) 1.225.
(E) 2.450.

10. (IFAP – Engenheiro de Segurança do Trabalho 09. Resposta: D.


– FUNIVERSA/2016) Considerando-se que uma sala de
aula tenha trinta alunos, incluindo Roberto e Tatiana, e que
a comissão para organizar a festa de formatura deva ser
composta por cinco desses alunos, incluindo Roberto e Ta-
tiana, a quantidade de maneiras distintas de se formar essa 10. Resposta: D.
comissão será igual a:
(A) 3.272. Roberto Tatiana __ ___ ___
(B) 3.274.
(C) 3.276. São 30 alunos, mas vamos tirar Roberto e Tatiana que
(D) 3.278. terão que fazer parte da comissão.
(E) 3.280. 30-2=28

Respostas

01. Resposta: A.
P2⋅P6=2!⋅6!=2⋅720=1440
Experimento Aleatório
02. Resposta: C.
__ ___ __ __ Qualquer experiência ou ensaio cujo resultado é im-
6⋅ 5⋅ 4⋅ 3=360 previsível, por depender exclusivamente do acaso, por
exemplo, o lançamento de um dado.
03. Resposta: E.
P6=6!=6⋅5⋅4⋅3⋅2⋅1=720

33
RACIOCÍNIO LÓGICO

Espaço Amostral Note que


Num experimento aleatório, o conjunto de todos os
resultados possíveis é chamado espaço amostral, que se
indica por E.
No lançamento de um dado, observando a face volta- Exemplo
da para cima, tem-se: Uma bola é retirada de uma urna que contém bolas
E={1,2,3,4,5,6} coloridas. Sabe-se que a probabilidade de ter sido retira-
No lançamento de uma moeda, observando a face vol- da uma bola vermelha é Calcular a probabilidade de ter
tada para cima: sido retirada uma bola que não seja vermelha.
E={Ca,Co}
Solução
Evento
É qualquer subconjunto de um espaço amostral.
No lançamento de um dado, vimos que são complementares.
E={1,2,3,4,5,6}
Esperando ocorrer o número 5, tem-se o evento {5}:
Ocorrer um número par, tem-se {2,4,6}.

Exemplo Adição de probabilidades


Considere o seguinte experimento: registrar as faces Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral E,
voltadas para cima em três lançamentos de uma moeda. finito e não vazio. Tem-se:

a) Quantos elementos tem o espaço amostral?


b) Descreva o espaço amostral. Exemplo
No lançamento de um dado, qual é a probabilidade de
Solução se obter um número par ou menor que 5, na face superior?
a) O espaço amostral tem 8 elementos, pois cada lan-
çamento, há duas possibilidades. Solução
E={1,2,3,4,5,6} n(E)=6
2x2x2=8 Sejam os eventos
b) E={(C,C,C), (C,C,R),(C,R,C),(R,C,C),(R,R,C),(R,C,R),(- A={2,4,6} n(A)=3
C,R,R),(R,R,R)} B={1,2,3,4} n(B)=4

Probabilidade
Considere um experimento aleatório de espaço amos-
tral E com n(E) amostras equiprováveis. Seja A um evento
com n(A) amostras.

Probabilidade Condicional
Eventos complementares É a probabilidade de ocorrer o evento A dado que
Seja E um espaço amostral finito e não vazio, e seja A ocorreu o evento B, definido por:
um evento de E. Chama-se complementar de A, e indica-se
por , o evento formado por todos os elementos de E que
não pertencem a A.
E={1,2,3,4,5,6}, n(E)=6
B={2,4,6} n(B)=3
A={2}

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RACIOCÍNIO LÓGICO

Eventos Simultâneos 06. (PREF. DE PIRAUBA/MG – Assistente Social –


Considerando dois eventos, A e B, de um mesmo espa- MSCONCURSOS/2017) A probabilidade de qualquer uma
ço amostral, a probabilidade de ocorrer A e B é dada por: das 3 crianças de um grupo soletrar, individualmente, a pa-
lavra PIRAÚBA de forma correta é 70%. Qual a probabili-
dade das três crianças soletrarem essa palavra de maneira
errada?
Questões (A) 2,7%
(B) 9%
01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Em (C) 30%
cada um de dois dados cúbicos idênticos, as faces são nu- (D) 35,7%
meradas de 1 a 6. Lançando os dois dados simultaneamen-
te, cuja ocorrência de cada face é igualmente provável, a 07. (UFTM – Tecnólogo – UFTM/2016) Lançam-se si-
probabilidade de que o produto dos números obtidos seja multaneamente dois dados não viciados, a probabilidade
um número ímpar é de:
de que a soma dos resultados obtidos seja nove é:
(A) 1/4.
(A) 1/36
(B) 1/3.
(B) 2/36
(C) 1/2.
(D) 2/3. (C) 3/36
(E) 3/4. (D) 4/36

02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária 08. (CASAN – Técnico de Laboratório – INSTITUTO
- MSCONCURSOS/2017) A uma excursão, foram 48 pes- AOCP/2016) Um empresário, para evitar ser roubado, es-
soas, entre homens e mulheres. Numa escolha ao acaso, a condia seu dinheiro no interior de um dos 4 pneus de um
probabilidade de se sortear um homem é de 5/12 . Quan- carro velho fora de uso, que mantinha no fundo de sua
tas mulheres foram à excursão? casa. Certo dia, o empresário se gabava de sua inteligência
(A) 20 ao contar o fato para um de seus amigos, enquanto um
(B) 24 ladrão que passava pelo local ouvia tudo. O ladrão tinha
(C) 28 tempo suficiente para escolher aleatoriamente apenas um
(D) 32 dos pneus, retirar do veículo e levar consigo. Qual é a pro-
babilidade de ele ter roubado o pneu certo?
03. (UPE – Técnico em Administração – UPE- (A) 0,20.
NET/2017) Qual a probabilidade de, lançados simulta- (B) 0,23.
neamente dois dados honestos, a soma dos resultados ser (C) 0,25.
igual ou maior que 10? (D) 0,27.
(A) 1/18 (E) 0,30.
(B) 1/36
(C) 1/6 09. (MRE – Oficial de Chancelaria – FGV/2016) Em
(D) 1/12 uma urna há quinze bolas iguais numeradas de 1 a 15. Re-
(E) ¼ tiram-se aleatoriamente, em sequência e sem reposição,
duas bolas da urna.
04. (UPE – Técnico em Administração – UPE-
NET/2017) Uma pesquisa feita com 200 frequentadores
A probabilidade de que o número da segunda bola re-
de um parque, em que 50 não praticavam corrida nem ca-
tirada da urna seja par é:
minhada, 30 faziam caminhada e corrida, e 80 exercitavam
(A) 1/2;
corrida, qual a probabilidade de encontrar no parque um
entrevistado que pratique apenas caminhada? (B) 3/7;
(A) 7/20 (C) 4/7;
(B) 1/2 (D) 7/15;
(C)1/4 (E) 8/15.
(D) 3/20
(E) 1/5 10. (CASAN – Advogado – INSTITUTO AOCP/2016)
Lançando uma moeda não viciada por três vezes consecu-
05. (POLÍCIA CIENTÍFICA/PR – Perito Criminal – tivas e anotando seus resultados, a probabilidade de que a
IBFC/2017) A probabilidade de se sortear um número face voltada para cima tenha apresentado ao menos uma
múltiplo de 5 de uma urna que contém 40 bolas numera- cara e ao menos uma coroa é:
das de 1 a 40, é: (A) 0,66.
(A) 0,2 (B) 0,75.
(B) 0,4 (C) 0,80.
(C) 0,6 (D) 0,98.
(D) 0,7 (E) 0,50.
(E) 0,8

35
RACIOCÍNIO LÓGICO

Respostas 09. Resposta: D.


Temos duas possibilidades
01. Resposta: A. As bolas serem par/par ou ímpar/par
Para o produto ser ímpar, a única possibilidade, é que Ser par/par:
os dois dados tenham ímpar:
Os números pares são: 2, 4, 6, 8, 10, 12, 14

02. Resposta: C.
Como para homens é de 5/12, a probabilidade de es- Ímpar/par:
colher uma mulher é de 7/12
Os números ímpares são: 1, 3, 5, 7, 9, 11 ,13, 15

12x=336
X=28
A probabilida de é par/par OU ímpar/par
03. Resposta: C.
P=6x6=36
Pra ser maior ou igual a 10:
4+6
5+5
5+6 10. Resposta: B.
6+4
São seis possibilidades:
6+5
Cara, coroa, cara
6+6

Cara, coroa, coroa


04. Resposta: A.
Praticam apenas corrida: 80-30=50
Apenas caminhada:x
X+50+30+50=200
70
P=70/200=7/20 Cara, cara, coroa

05. Resposta: A.
M5={5,10,15,20,25,30,35,40}
P=8/40=1/5=0.2
Coroa, cara, cara
06. Resposta:A.
A probabilidade de uma soletrar errado: 0,3
__ __ __
0,3⋅0,3⋅0,3=0,027=2,7%
Coroa, coroa, cara
07. Resposta: D. Coroa, cara, coroa
Para dar 9, temos 4 possibilidades
3+6
6+3
4+5
5+4

P=4/36

08. Resposta: C.
A probabilidade é de 1/4, pois o carro tem 4 pneus e o
dinheiro está em 1.
1/4=0,25

36
RACIOCÍNIO LÓGICO

A Relação de inclusão possui 3 propriedades:


OPERAÇÕES COM CONJUNTO Exemplo:
{1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5}
{0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5}
Representação
-Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1, Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina,
2, 3, 4, 5} boca aberta para o maior conjunto.
-Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando es-
ses elementos temos: Subconjunto
B={3,4,5,6,7} O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento de
- por meio de diagrama: A é também elemento de B.
Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}

Operações

União
Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro
formado pelos elementos que pertencem pelo menos um
dos conjuntos a que chamamos conjunto união e represen-
tamos por: A∪B.
Formalmente temos: A∪B={x|x∈A ou x B}
Exemplo:
A={1,2,3,4} e B={5,6}
A∪B={1,2,3,4,5,6}

Quando um conjunto não possuir elementos chama-se


de conjunto vazio: S=∅ ou S={ }.

Igualdade
Interseção
Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado
exatamente os mesmos elementos. Em símbolo: pelos elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é
representada por : A∩B.
Simbolicamente: A∩B={x|x∈A e x∈B}

Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisa-


mos saber apenas quais são os elementos.
Não importa ordem:
A={1,2,3} e B={2,1,3}
Não importa se há repetição:
A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

Relação de Pertinência

Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação


que o elemento pertence (∈) ou não pertence (∉) Exemplo:
Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5} A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}
0∈A A∩B={d,e}
2∉A
Diferença
Relações de Inclusão Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que
Relacionam um conjunto com outro conjunto. a cada par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto
Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido), definido por:
⊃(contém), (não contém) A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o
complementar de B em relação a A.

37
RACIOCÍNIO LÓGICO

A este conjunto pertencem os elementos de A que não mens que são altos e não são barbados nem carecas. Sa-
pertencem a B. be-se que existem 5 homens que são barbados e não são
altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que são
A\B = {x : x∈A e x∉B}. carecas e não são altos e nem barbados. Dentre todos es-
ses homens, o número de barbados que não são altos, mas
são carecas é igual a
(A) 4.
(B) 7.
(C) 13.
(D) 5.
(E) 8.

B-A = {x : x∈B e x∉A}. Primeiro, quando temos 3 diagramas, sempre come-


çamos pela interseção dos 3, depois interseção a cada 2 e
por fim, cada um

Exemplo:
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7}
Então os elementos de A – B serão os elementos do
conjunto A menos os elementos que pertencerem ao con-
junto B.
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.

Complementar
O complementar do conjunto A( ) é o conjunto for-
mado pelos elementos do conjunto universo que não per-
tencem a A.

Se todo homem careca é barbado, não teremos apenas


homens carecas e altos.
Homens altos e barbados são 6

Fórmulas da união
n(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
n(A ∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-
-n(A∩C)-n(B C)

Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao invés


de fazer todo o diagrama, se colocarmos nessa fórmula,
o resultado é mais rápido, o que na prova de concurso é
interessante devido ao tempo.
Mas, faremos exercícios dos dois modos para você en-
tender melhor e perceber que, dependendo do exercício é
melhor fazer de uma forma ou outra.

(MANAUSPREV – Analista Previdenciário –


FCC/2015) Em um grupo de 32 homens, 18 são altos, 22
são barbados e 16 são carecas. Homens altos e barbados
que não são carecas são seis. Todos homens altos que são Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e
carecas, são também barbados. Sabe-se que existem 5 ho- não são altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens
que são carecas e não são altos e nem barbados

38
RACIOCÍNIO LÓGICO

Então o número de barbados que não são altos, mas


são carecas são 4.
Nesse exercício ficará difícil se pensarmos na fórmula,
ficou grande devido as explicações, mas se você fizer tudo
no mesmo diagrama, mas seguindo os passos, o resultado
sairá fácil.

(SEGPLAN/GO – Perito Criminal – FUNIVERSA/2015)


Suponha que, dos 250 candidatos selecionados ao cargo
de perito criminal:

1) 80 sejam formados em Física;


2) 90 sejam formados em Biologia;
3) 55 sejam formados em Química;
4) 32 sejam formados em Biologia e Física;
5) 23 sejam formados em Química e Física;
6) 16 sejam formados em Biologia e Química;
Sabemos que 18 são altos 7) 8 sejam formados em Física, em Química e em Bio-
logia.

Considerando essa situação, assinale a alternativa cor-


reta.

(A) Mais de 80 dos candidatos selecionados não são


físicos nem biólogos nem químicos.
(B) Mais de 40 dos candidatos selecionados são forma-
dos apenas em Física.
(C) Menos de 20 dos candidatos selecionados são for-
mados apenas em Física e em Biologia.
(D) Mais de 30 dos candidatos selecionados são forma-
dos apenas em Química.
(E) Escolhendo-se ao acaso um dos candidatos selecio-
nados, a probabilidade de ele ter apenas as duas forma-
ções, Física e Química, é inferior a 0,05.
Quando somarmos 5+x+6=18
X=18-11=7 Resolução
Carecas são 16
A nossa primeira conta, deve ser achar o número de
candidatos que não são físicos, biólogos e nem químicos.
n(F ∪B∪Q)=n(F)+n(B)+n(Q)+n(F∩B∩Q)-n(F∩B)-n(F∩-
Q)-n(B∩Q)
n(F ∪B∪Q)=80+90+55+8-32-23-16=162
Temos um total de 250 candidatos
250-162=88

Resposta: A.

7+y+5=16
Y=16-12
Y=4

39
RACIOCÍNIO LÓGICO

Questões 05. (SAP/SP – Agente de Segurança Penitenciária –


MSCONCURSOS/2017) Numa sala de 45 alunos, foi feita
01. (CRF/MT - Agente Administrativo – QUA- uma votação para escolher a cor da camiseta de formatura.
DRIX/2017) Num grupo de 150 jovens, 32 gostam de mú- Dentre eles, 30 votaram na cor preta, 21 votaram na cor
sica, esporte e leitura; 48 gostam de música e esporte; 60 cinza e 8 não votaram em nenhuma delas, uma vez que não
gostam de música e leitura; 44 gostam de esporte e leitu- farão as camisetas. Quantos alunos votaram nas duas cores?
(A) 6
ra; 12 gostam somente de música; 18 gostam somente de
(B) 10
esporte; e 10 gostam somente de leitura. Ao escolher ao
(C) 14
acaso um desses jovens, qual é a probabilidade de ele não (D) 18
gostar de nenhuma dessas atividades?
06. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-
(A) 1/75 sor – FGV/2017) Na assembleia de um condomínio, duas
(B) 39/75 questões independentes foram colocadas em votação para
(C) 11/75 aprovação. Dos 200 condôminos presentes, 125 votaram a
(D) 40/75 favor da primeira questão, 110 votaram a favor da segunda
(E) 76/75 questão e 45 votaram contra as duas questões.

02. (CRMV/SC – Recepcionista – IESES/2017) Sabe- Não houve votos em branco ou anulados.
se que 17% dos moradores de um condomínio tem gatos,
22% tem cachorros e 8% tem ambos (gatos e cachorros). O número de condôminos que votaram a favor das
duas questões foi:
Qual é o percentual de condôminos que não tem nem ga-
(A) 80;
tos e nem cachorros? (B) 75;
(C) 70;
(A) 53 (D) 65;
(B) 69 (E) 60.
(C) 72
(D) 47 07. (IFBAIANO – Assistente em Administração –
FCM/2017) Em meio a uma crescente evolução da taxa de
03. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPEGO/2017) obesidade infantil, um estudioso fez uma pesquisa com um
Em uma pesquisa sobre a preferência entre dois candida- grupo de 1000 crianças para entender o comportamento
tos, 48 pessoas votariam no candidato A, 63 votariam no das mesmas em relação à prática de atividades físicas e aos
candidato B, 24 pessoas votariam nos dois; e, 30 pessoas hábitos alimentares.
não votariam nesses dois candidatos. Se todas as pessoas Ao final desse estudo, concluiu-se que apenas 200
crianças praticavam alguma atividade física de forma regu-
responderam uma única vez, então o total de pessoas en-
lar, como natação, futebol, entre outras, e apenas 400 crian-
trevistadas foi: ças tinham uma alimentação adequada. Além disso, apenas
100 delas praticavam atividade física e tinham uma alimen-
(A) 141. tação adequada ao mesmo tempo.
(B) 117. Considerando essas informações, a probabilidade de
(C) 87. encontrar nesse grupo uma criança que não tenha alimen-
(D) 105. tação adequada nem pratique atividade física de forma re-
(E) 112. gular é de:
(A) 30%.
04. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário – INSTITU- (B) 40%.
TO AOCP/2017) Para realização de uma pesquisa sobre a (C) 50%.
preferência de algumas pessoas entre dois canais de TV, (D) 60%.
canal A e Canal B, os entrevistadores colheram as seguintes (E) 70%.
informações: 17 pessoas preferem o canal A, 13 pessoas
08. (TRF 2ª REGIÃO – Analista Judiciário – CONSUL-
assistem o canal B e 10 pessoas gostam dos canais A e
PLAN/2017) Uma papelaria fez uma pesquisa de mercado
B. Assinale a alternativa que apresenta o total de pessoas entre 500 de seus clientes. Nessa pesquisa encontrou os se-
entrevistadas. guintes resultados:

(A) 20 • 160 clientes compraram materiais para seus filhos que


(B) 23 cursam o Ensino Médio;
(C) 27 • 180 clientes compraram materiais para seus filhos que
(D) 30 cursam o Ensino Fundamental II;
(E) 40 • 190 clientes compraram materiais para seus filhos
que cursam o Ensino Fundamental I;

40
RACIOCÍNIO LÓGICO

• 20 clientes compraram materiais para seus filhos que Respostas


cursam o Ensino Médio e Fundamental I;
• 40 clientes compraram materiais para seus filhos que 01. Resposta: C.
cursam o Ensino Médio e Fundamental II;
• 30 clientes compraram materiais para seus filhos que
cursam o Ensino Fundamental I e II; e,
• 10 clientes compraram materiais para seus filhos que
cursam o Ensino Médio, Fundamental I e II.
Quantos clientes da papelaria compraram materiais,
mas os filhos NÃO cursam nem o Ensino Médio e nem o
Ensino Fundamental I e II?

(A) 50.
(B) 55.
(C) 60.
(D) 65.

09. (ANS - Técnico em Regulação de Saúde Suple-


mentar – FUNCAB/2016) Foram visitadas algumas resi-
dências de uma rua e em todas foram encontrados pelo
menos um criadouro com larvas do mosquito Aedes ae- 32+10+12+18+16+28+12+x=150
gypti. Os criadouros encontrados foram listados na tabela X=22 que não gostam de nenhuma dessas atividades
a seguir: P=22/150=11/75

P. pratinhos com água embaixo de vasos de planta. 02. Resposta: B.


R. ralos entupidos com água acumulada.
K. caixas de água destampadas

Número de criadouros
P 103
R 124
K 98
PeR 47
PeK 43
ReK 60
P, R e K 25
9+8+14+x=100
De acordo com a tabela, o número de residências vi- X=100-31
sitadas foi: X=69%
(A) 200.
(B) 150. 03. Resposta: B.
(C) 325.
(D) 500.
(E) 455.

10. (DPU – Agente Administrativo – CESPE/2016) Na


zona rural de um município, 50% dos agricultores cultivam
soja; 30%, arroz; 40%, milho; e 10% não cultivam nenhum
desses grãos. Os agricultores que produzem milho não cul-
tivam arroz e 15% deles cultivam milho e soja.
Considerando essa situação, julgue o item que se se-
gue.
Em exatamente 30% das propriedades, cultiva-se ape-
nas milho.
( )Certo ( )Errado 24+24+39+30=117

41
RACIOCÍNIO LÓGICO

04. Resposta: A. 10. Resposta: errado


N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
N(A∪B)=17+13-10=20

05. Resposta: C.
Como 8 não votaram, tiramos do total: 45-8=37
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
37=30+21- n(A∩B)
n(A∩B)=14

06. Resposta: A.
N(A ∪B)==200-45=155
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
155=125+110- n(A∩B)
n(A∩B)=80

07. Resposta: C.
Sendo x o número de crianças que não praticam ativi-
dade física e tem uma alimentação adequada
N(A ∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
1000-x=200+400-100
X=500 O número de pacientes que apresentaram pelo menos
P=500/1000=0,5=50% dois desses sintomas é:
Pois pode ter 2 sintomas ou três.
08. Resposta:A. 6+14+26+32=78
Sendo A=ensino médio
B fundamental I
C=fundamental II
X=quem comprou material e os filhos não cursam en-
sino médio e nem ensino fundamental RACIOCÍNIO LÓGICO ENVOLVENDO
n(A∪B∪C) =n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)- PROBLEMAS ARITMÉTICOS,
-n(A∩C)-n(B∩C) GEOMÉTRICOS E MATRICIAIS.
500-x=160+190+180+10-20-40-30
X=50

09. Resposta: A. Números Naturais


Os números naturais são o modelo mate-
mático necessário para efetuar uma contagem.
Começando por zero e acrescentando sempre uma unida-
de, obtemos o conjunto infinito dos números naturais.

- Todo número natural dado tem um sucessor


a) O sucessor de 0 é 1.
b) O sucessor de 1000 é 1001.
c) O sucessor de 19 é 20.

Usamos o * para indicar o conjunto sem o zero.

- Todo número natural dado N, exceto o zero, tem um


antecessor (número que vem antes do número dado).
Exemplos: Se m é um número natural finito diferente
de zero.
38+20+42+18+25+22+35=200 residências a) O antecessor do número m é m-1.
Ou fazer direto pela tabela: b) O antecessor de 2 é 1.
P+R+K+(P∩R∩K)-( P∩R)- (R∩K)-(P∩K) c) O antecessor de 56 é 55.
103+124+98+25-60-43-47=200 d) O antecessor de 10 é 9.

42
RACIOCÍNIO LÓGICO

Expressões Numéricas 1º) Decimais exatos: quando dividirmos a fração, o núme-


Nas expressões numéricas aparecem adições, subtra- ro decimal terá um número finito de algarismos após a vírgula.
ções, multiplicações e divisões. Todas as operações podem
acontecer em uma única expressão. Para resolver as ex-
pressões numéricas utilizamos alguns procedimentos:

Se em uma expressão numérica aparecer as quatro


operações, devemos resolver a multiplicação ou a divisão
primeiramente, na ordem em que elas aparecerem e so-
mente depois a adição e a subtração, também na ordem
em que aparecerem e os parênteses são resolvidos primei-
ro.
2º) Terá um número infinito de algarismos após a vír-
Exemplo 1 gula, mas lembrando que a dízima deve ser periódica para
10 + 12 – 6 + 7 ser número racional.
22 – 6 + 7 OBS: período da dízima são os números que se repe-
16 + 7 tem, se não repetir não é dízima periódica, e sim números
23 irracionais, que trataremos mais a frente.

Exemplo 2
40 – 9 x 4 + 23
40 – 36 + 23
4 + 23
27

Exemplo 3
25-(50-30)+4x5
25-20+20=25 Representação Fracionária dos Números Decimais
1ºcaso) Se for exato, conseguimos sempre transformar
Números Inteiros com o denominador seguido de zeros.
 Podemos dizer que este conjunto é composto pelos O número de zeros depende da casa decimal. Para uma casa,
números naturais, o conjunto dos opostos dos números um zero (10) para duas casas, dois zeros(100) e assim por diante.
naturais e o zero. Este conjunto pode ser representado por:

Z-{...,-3,-2,-1,0,1,2,3...}
Subconjuntos do conjunto  :
1)Z*={...-3,-2,-1, 1, 1, 2, 3...}
2) Z+={0,1,2,3,...}
3) Z-={...,-3,-2,-1}

Números Racionais
Chama-se de número racional a todo número que
pode ser expresso na forma , onde a e b são inteiros
quaisquer, com b≠0 2ºcaso) Se dízima periódica é um número racional, en-
São exemplos de números racionais: tão como podemos transformar em fração?
-12/51 Exemplo 1
-3 Transforme a dízima 0, 333... em fração.
-(-3) Sempre que precisar transformar, vamos chamar a dízi-
-2,333... ma dada de x, ou seja
X=0,333...
As dízimas periódicas podem ser representadas por Se o período da dízima é de um algarismo, multiplica-
fração, portanto são consideradas números racionais. mos por 10.
Como representar esses números? 10x=3,333...
E então subtraímos:
Representação Decimal das Frações 10x-x=3,333...-0,333...
9x=3
Temos 2 possíveis casos para transformar frações em X=3/9
decimais X=1/3

43
RACIOCÍNIO LÓGICO

Agora, vamos fazer um exemplo com 2 algarismos de Representação na reta


período.

Exemplo 2
Seja a dízima 1,1212...
Façamos x = 1,1212...
100x = 112,1212... .
Subtraindo:
100x-x=112,1212...-1,1212...
99x=111
X=111/99 INTERVALOS LIMITADOS
Intervalo fechado – Números reais maiores do que a ou
Números Irracionais iguais a e menores do que b ou iguais a b.
Identificação de números irracionais
- Todas as dízimas periódicas são números racionais.
- Todos os números inteiros são racionais.
- Todas as frações ordinárias são números racionais.
- Todas as dízimas não periódicas são números irra- Intervalo:[a,b]
cionais. Conjunto: {x∈R|a≤x≤b}
- Todas as raízes inexatas são números irracionais.
- A soma de um número racional com um número irra- Intervalo aberto – números reais maiores que a e me-
cional é sempre um número irracional. nores que b.
- A diferença de dois números irracionais, pode ser um
número racional.
-Os números irracionais não podem ser expressos na
forma , com a e b inteiros e b≠0.
Intervalo:]a,b[
Exemplo:  -  = 0 e 0 é um número racional. Conjunto:{x∈R|a<x<b}
- O quociente de dois números irracionais, pode ser
um número racional. Intervalo fechado à esquerda – números reais maiores
que a ou iguais a a e menores do que b.
Exemplo:  :  =  = 2  e 2 é um número racional.
- O produto de dois números irracionais, pode ser um
número racional.

Exemplo:  .  =  = 7 é um número racional. Intervalo:{a,b[


Conjunto {x∈R|a≤x<b}
Exemplo:radicais( a raiz quadrada de um nú- Intervalo fechado à direita – números reais maiores
mero natural, se não inteira, é irracional. que a e menores ou iguais a b.

Números Reais

Intervalo:]a,b]
Conjunto:{x∈R|a<x≤b}

INTERVALOS IIMITADOS

Semirreta esquerda, fechada de origem b- números


reais menores ou iguais a b.

Intervalo:]-∞,b]
Conjunto:{x∈R|x≤b}

Fonte: www.estudokids.com.br

44
RACIOCÍNIO LÓGICO

Semirreta esquerda, aberta de origem b – números 4) Todo número negativo, elevado ao expoente ím-
reais menores que b par, resulta em um número negativo.
.

Intervalo:]-∞,b[
Conjunto:{x∈R|x<b}
5) Se o sinal do expoente for negativo, devemos pas-
Semirreta direita, fechada de origem a – números reais sar o sinal para positivo e inverter o número que está na
maiores ou iguais a a. base. 

Intervalo:[a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x≥a}

Semirreta direita, aberta, de origem a – números reais


maiores que a. 6) Toda vez que a base for igual a zero, não importa o
valor do expoente, o resultado será igual a zero. 

Intervalo:]a,+ ∞[
Conjunto:{x∈R|x>a}

Potenciação Propriedades
Multiplicação de fatores iguais 1) (am . an = am+n) Em uma multiplicação de potências de
2³=2.2.2=8 mesma base, repete-se a base e  soma os expoentes.

Casos Exemplos:
24 . 23 = 24+3= 27
1) Todo número elevado ao expoente 0 resulta em 1. (2.2.2.2) .( 2.2.2)= 2.2.2. 2.2.2.2= 27

2) (am: an = am-n). Em uma divisão de potência de mesma


base. Conserva-se a base e subtraem os expoentes.

2) Todo número elevado ao expoente 1 é o próprio Exemplos:


número. 96 : 92 = 96-2 = 94

3) (am)n Potência de potência. Repete-se a base e multi-


plica-se os expoentes.
Exemplos:
3) Todo número negativo, elevado ao expoente par, (52)3 = 52.3 = 56
resulta em um número positivo.

4) E uma multiplicação de dois ou mais fatores eleva-


dos a um expoente, podemos elevar cada um a esse mes-
mo expoente.

(4.3)²=4².3²

45
RACIOCÍNIO LÓGICO

5) Na divisão de dois fatores elevados a um expoente,


podemos elevar separados. De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R *+ , n ∈ N * , então:

a na
n =
b nb
Radiciação
Radiciação é a operação inversa a potenciação O radical de índice inteiro e positivo de um quociente
indicado é igual ao quociente dos radicais de mesmo índi-
ce dos termos do radicando.

Raiz quadrada números decimais

Técnica de Cálculo Operações


A determinação da raiz quadrada de um número torna-
se mais fácil quando o algarismo se encontra fatorado em
números primos. Veja: 

Operações

Multiplicação

Exemplo

Divisão
64=2.2.2.2.2.2=26

Como é raiz quadrada a cada dois números iguais “tira-


se” um e multiplica.

Exemplo

1 1 1
Observe: 3.5 = (3.5) = 3 .5 = 3. 5
2 2 2

Adição e subtração
De modo geral, se a ∈ R+ , b ∈ R+ , n ∈ N * , então:

n
a.b = n a .n b Para fazer esse cálculo, devemos fatorar o 8 e o 20.

O radical de índice inteiro e positivo de um produto


indicado é igual ao produto dos radicais de mesmo índice
dos fatores do radicando.

Raiz quadrada de frações ordinárias


1 1
2  2 2 22 2
=  = 1 =
Observe: 3 3 3
32

46
RACIOCÍNIO LÓGICO

Caso tenha: (A) José


(B) Isabella
(C) Maria Eduarda
(D) Raoni
Não dá para somar, as raízes devem ficar desse modo.
03. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária -
Racionalização de Denominadores MSCONCURSOS/2017) O valor de √0,444... é:
Normalmente não se apresentam números irracionais (A) 0,2222...
com radicais no denominador. Ao processo que leva à eli- (B) 0,6666...
minação dos radicais do denominador chama-se racionali- (C) 0,1616...
zação do denominador. (D) 0,8888...
1º Caso:Denominador composto por uma só parcela
04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU-
NESP/2017) Se, numa divisão, o divisor e o quociente são
iguais, e o resto é 10, sendo esse resto o maior possível,
então o dividendo é:
(A) 131.
(B) 121.
2º Caso: Denominador composto por duas parcelas. (C) 120.
(D) 110.
(E) 101.

05. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) As expres-


Devemos multiplicar de forma que obtenha uma dife- sões numéricas abaixo apresentam resultados que seguem
rença de quadrados no denominador: um padrão específico:

1ª expressão: 1 x 9 + 2

2ª expressão: 12 x 9 + 3
Questões
3ª expressão: 123 x 9 + 4
01. (Prefeitura de Salvador /BA - Técnico de Nível
Superior II - Direito – FGV/2017) Em um concurso, há ...
150 candidatos em apenas duas categorias: nível superior
e nível médio. 7ª expressão: █ x 9 + ▲

Sabe-se que: Seguindo esse padrão e colocando os números ade-


quados no lugar dos símbolos █ e ▲, o resultado da 7ª
• dentre os candidatos, 82 são homens; expressão será
• o número de candidatos homens de nível superior é (A) 1 111 111.
igual ao de mulheres de nível médio; (B) 11 111.
• dentre os candidatos de nível superior, 31 são mu-
(C) 1 111.
lheres.
(D) 111 111.
(E) 11 111 111.
O número de candidatos homens de nível médio é:
(A) 42.
(B) 45. 06. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Durante um
(C) 48. treinamento, o chefe da brigada de incêndio de um prédio
(D) 50. comercial informou que, nos cinquenta anos de existência
(E) 52. do prédio, nunca houve um incêndio, mas existiram muitas
situações de risco, felizmente controladas a tempo. Segun-
02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária do ele, 1/13 dessas situações deveu-se a ações criminosas,
- MSCONCURSOS/2017) Raoni, Ingrid, Maria Eduarda, enquanto as demais situações haviam sido geradas por di-
Isabella e José foram a uma prova de hipismo, na qual ga- ferentes tipos de displicência. Dentre as situações de risco
nharia o competidor que obtivesse o menor tempo final. geradas por displicência,
A cada 1 falta seriam incrementados 6 segundos em seu − 1/5 deveu-se a pontas de cigarro descartadas inade-
tempo final. Ingrid fez 1’10” com 1 falta, Maria Eduarda fez quadamente;
1’12” sem faltas, Isabella fez 1’07” com 2 faltas, Raoni fez − 1/4 deveu-se a instalações elétricas inadequadas;
1’10” sem faltas e José fez 1’05” com 1 falta. Verificando a − 1/3 deveu-se a vazamentos de gás; e
colocação, é correto afirmar que o vencedor foi: − as demais foram geradas por descuidos ao cozinhar.

47
RACIOCÍNIO LÓGICO

De acordo com esses dados, ao longo da existência 02. Resposta: D.


desse prédio comercial, a fração do total de situações de Como o tempo de Raoni foi 1´10” sem faltas, ele foi o
risco de incêndio geradas por descuidos ao cozinhar cor- vencedor.
responde à
(A) 3/20. 03. Resposta: B.
(B) 1/4. Primeiramente, vamos transformar a dízima em fração
(C) 13/60. X=0,4444....
(D) 1/5. 10x=4,444...
(E) 1/60. 9x=4

07. (ITAIPU BINACIONAL - Profissional Nível Técnico


I - Técnico em Eletrônica – NCUFPR/2017) Assinale a al-
ternativa que apresenta o valor da expressão

(A) 1.
(B) 2.
(C) 4.
(D) 8. 04. Resposta: A.
(E) 16. Como o maior resto possível é 10, o divisor é o número
11 que é igua o quociente.
08. (UNIRV/GO – Auxiliar de Laboratório – UNIRV- 11x11=121+10=131
GO/2017) Qual o resultado de ?
05. Resposta: E.
(A) 3 A 7ª expressão será: 1234567x9+8=11111111
(B) 3/2
(C) 5 06. Resposta: D.
(D) 5/2

09. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-


Gerado por descuidos ao cozinhar:
sor – FGV/2017) Suponha que a # b signifique a - 2b .

Se 2#(1#N)=12 , então N é igual a:


(A) 1;
(B) 2;
Mas, que foram gerados por displicência é 12/13(1-
(C) 3;
(D) 4; 1/13)
(E) 6.

10. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-


sor – FGV/2017) Uma equipe de trabalhadores de deter-
minada empresa tem o mesmo número de mulheres e de 07.Resposta: C.
homens. Certa manhã, 3/4 das mulheres e 2/3 dos homens
dessa equipe saíram para um atendimento externo.

Desses que foram para o atendimento externo, a fração


de mulheres é

(A) 3/4;
(B) 8/9;
(C) 5/7; 08. Resposta: D.
(D) 8/13;
(E) 9/17.
Respostas

01.Resposta: B.
150-82=68 mulheres 09. Resposta: C.
Como 31 mulheres são candidatas de nível superior, 37 2-2(1-2N)=12
são de nível médio. 2-2+4N=12
Portanto, há 37 homens de nível superior. 4N=12
82-37=45 homens de nível médio. N=3

48
RACIOCÍNIO LÓGICO

10. Resposta: E. Ângulo Raso:


Como tem o mesmo número de homens e mulheres:
- É o ângulo cuja medida é 180º;
- É aquele, cujos lados são semi-retas opostas.

Dos homens que saíram:

Saíram no total

Ângulo Reto:
- É o ângulo cuja medida é 90º;
- É aquele cujos lados se apoiam em retas perpendi-
culares.

Ângulos
Denominamos ângulo a região do plano limitada por duas
semirretas de mesma origem. As semirretas recebem o nome
de lados do ângulo e a origem delas, de vértice do ângulo.

Triângulo

Elementos

Mediana
Mediana de um triângulo é um segmento de reta que
liga um vértice ao ponto médio do lado oposto.
Na figura, é uma mediana do ABC.
Um triângulo tem três medianas.

Ângulo Agudo: É o ângulo, cuja medida é menor do


que 90º.

A bissetriz de um ângulo interno de um triângulo in-


tercepta o lado oposto

Bissetriz interna de um triângulo é o segmento da


bissetriz de um ângulo do triângulo que liga um vértice a
um ponto do lado oposto.
Na figura, é uma bissetriz interna do .
Um triângulo tem três bissetrizes internas.
Ângulo Obtuso: É o ângulo cuja medida é maior do
que 90º.

49
RACIOCÍNIO LÓGICO

Altura de um triângulo é o segmento que liga um vér- Triângulo isósceles: Pelo menos dois lados iguais.
tice a um ponto da reta suporte do lado oposto e é perpen-
dicular a esse lado.
Na figura, é uma altura do .

Um triângulo tem três alturas.

Triângulo equilátero: três lados iguais.

Mediatriz de um segmento de reta é a reta perpen-


dicular a esse segmento pelo seu ponto médio.
Na figura, a reta m é a mediatriz de .

Quanto aos ângulos

Triângulo acutângulo: tem os três ângulos agudos

Mediatriz de um triângulo é uma reta do plano do


triângulo que é mediatriz de um dos lados desse triângulo.
Na figura, a reta m é a mediatriz do lado do .
Um triângulo tem três mediatrizes.
Triângulo retângulo: tem um ângulo reto.

Classificação
Triângulo obtusângulo: tem um ângulo obtuso.
Quanto aos lados
Triângulo escaleno:três lados desiguais.

50
RACIOCÍNIO LÓGICO

Desigualdade entre Lados e ângulos dos triângulos Polígono


Chama-se polígono a união de segmentos que são
Num triângulo o comprimento de qualquer lado é me- chamados lados do polígono, enquanto os pontos são cha-
nor que a soma dos outros dois. Em qualquer triângulo, ao mados vértices do polígono.
maior ângulo opõe-se o maior lado, e vice-versa.

QUADRILÁTEROS

Quadrilátero é todo polígono com as seguintes pro-


priedades:

- Tem 4 lados.
- Tem 2 diagonais.
- A soma dos ângulos internos Si = 360º
- A soma dos ângulos externos Se = 360º

Trapézio: É todo quadrilátero que tem dois paralelos. Diagonal de um polígono é um segmento cujas extre-
midades são vértices não-consecutivos desse polígono.

- é paralelo a

- Losango: 4 lados congruentes


- Retângulo: 4 ângulos retos (90 graus)
- Quadrado: 4 lados congruentes e 4 ângulos retos.

Número de Diagonais

Ângulos Internos
A soma das medidas dos ângulos internos de um polí-
- Observações: gono convexo de n lados é (n-2).180
Unindo um dos vértices aos outros n-3, conveniente-
- No retângulo e no quadrado as diagonais são con- mente escolhidos, obteremos n-2 triângulos. A soma das
gruentes (iguais) medidas dos ângulos internos do polígono é igual a soma
- No losango e no quadrado as diagonais são per- das medidas dos ângulos internos dos n-2 triângulos.
pendiculares entre si (formam ângulo de 90°) e são bisse-
trizes dos ângulos internos (dividem os ângulos ao meio).

Áreas

1- Trapézio: , onde B é a medida da base


maior, b é a medida da base menor e h é medida da altura.
2- Paralelogramo: A = b.h, onde b é a medida da
base e h é a medida da altura.
3- Retângulo: A = b.h

4- Losango: , onde D é a medida da diagonal


maior e d é a medida da diagonal menor.
5- Quadrado: A = l2, onde l é a medida do lado.

51
RACIOCÍNIO LÓGICO

Ângulos Externos Casos de Semelhança


1º Caso:AA(ângulo-ângulo)
Se dois triângulos têm dois ângulos congruentes de
vértices correspondentes, então esses triângulos são con-
gruentes.

A soma dos ângulos externos=360°

Teorema de Tales
Se um feixe de retas paralelas tem duas transversais,
então a razão de dois segmentos quaisquer de uma trans-
versal é igual à razão dos segmentos correspondentes da
outra.
Dada a figura anterior, O Teorema de Tales afirma que
são válidas as seguintes proporções:
2º Caso: LAL(lado-ângulo-lado)
Se dois triângulos têm dois lados correspondentes
proporcionais e os ângulos compreendidos entre eles con-
gruentes, então esses dois triângulos são semelhantes.

Exemplo

3º Caso: LLL(lado-lado-lado)
Se dois triângulos têm os três lado correspondentes
proporcionais, então esses dois triângulos são semelhan-
tes.

Semelhança de Triângulos
Dois triângulos são semelhantes se, e somente se, os
seus ângulos internos tiverem, respectivamente, as mesmas
medidas, e os lados correspondentes forem proporcionais.

52
RACIOCÍNIO LÓGICO

Razões Trigonométricas no Triângulo Retângulo

Considerando o triângulo retângulo ABC.

Neste triângulo, temos que: c²=a²+b²


Dividindo os membros por c²

Como

Todo triângulo que tem um ângulo reto é denominado


triangulo retângulo.
O triângulo ABC é retângulo em A e seus elementos
Temos: são:

a: hipotenusa
b e c: catetos
h:altura relativa à hipotenusa
m e n: projeções ortogonais dos catetos sobre a hipo-
tenusa

Relações Métricas no Triângulo Retângulo


Chamamos relações métricas as relações existentes en-
tre os diversos segmentos desse triângulo. Assim:
Fórmulas Trigonométricas
1. O quadrado de um cateto é igual ao produto da
Relação Fundamental hipotenusa pela projeção desse cateto sobre a hipotenusa.
Existe uma outra importante relação entre seno e cos-
seno de um ângulo. Considere o triângulo retângulo ABC.

53
RACIOCÍNIO LÓGICO

2. O produto dos catetos é igual ao produto da hipo-


tenusa pela altura relativa à hipotenusa.

3. O quadrado da altura é igual ao produto das pro-


jeções dos catetos sobre a hipotenusa.

4. O quadrado da hipotenusa é igual à soma dos


quadrados dos catetos (Teorema de Pitágoras).

Posições Relativas de Duas Retas


Duas retas no espaço podem pertencer a um mesmo
plano. Nesse caso são chamadas retas coplanares. Podem
também não estar no mesmo plano. Nesse caso, são deno-
minadas retas reversas. Questões
Retas Coplanares 01. (IPRESB/SP - Analista de Processos Previden-
ciários- VUNESP/2017) Um terreno retangular ABCD,
a) Concorrentes: r e s têm um único ponto comum com 40 m de largura por 60 m de comprimento, foi dividi-
do em três lotes, conforme mostra a figura.

-Duas retas concorrentes podem ser:

1. Perpendiculares: r e s formam ângulo reto.

Sabendo-se que EF = 36 m e que a área do lote 1 é


864 m², o perímetro do lote 2 é
(A) 100 m.
(B) 108 m.
(C) 112 m.
(D) 116 m.
2. Oblíquas:r e s não são perpendiculares. (E) 120 m.

02. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)


Considere um triângulo retângulo de catetos medindo
3m e 5m. Um segundo triângulo retângulo, semelhante
ao primeiro, cuja área é o dobro da área do primeiro, terá
como medidas dos catetos, em metros:
(A) 3 e 10.
(B) 3√2 e 5√2 .
(C) 3√2 e 10√2 .
b) Paralelas: r e s não têm ponto comum ou r e s são (D) 5 e 6.
coincidentes. (E) 6 e 10.

54
RACIOCÍNIO LÓGICO

03. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na


figura abaixo, encontra-se representada uma cinta estica-
da passando em torno de três discos de mesmo diâmetro
e tangentes entre si.

A área do quadrilátero BCQP, da figura acima, é

(A) 25√5.
(B) 50√2.
(C) 50√5.
Considerando que o diâmetro de cada disco é 8, o (D) 100√2 .
comprimento da cinta acima representada é (E) 100√5.

(A) 8/3 π + 8 . 06. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária


(B) 8/3 π + 24. - MSCONCURSOS/2017) O triângulo retângulo em B, a
(C) 8π + 8 . seguir, de vértices A, B e C, representa uma praça de uma
(D) 8π + 24. cidade. Qual é a área dessa praça?
(E) 16π + 24.

04. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017) Na


figura abaixo, ABCD é um quadrado de lado 10; E, F, G e H
são pontos médios dos lados do quadrado ABCD e são os
centros de quatro círculos tangentes entre si.

(A) 120 m²
(B) 90 m²
(C) 60 m²
(D) 30 m²

07. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VU-


NESP/2017) A figura, com dimensões indicadas em cen-
tímetros, mostra um painel informativo ABCD, de formato
retangular, no qual se destaca a região retangular R, onde
x > y.

A área da região sombreada, da figura acima apresen-


tada, é

(A) 100 - 5π .
(B) 100 - 10π .
(C) 100 - 15π .
(D) 100 - 20π .
(E) 100 - 25π .

05. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)  No


cubo de aresta 10, da figura abaixo, encontra-se represen-
tado um plano passando pelos vértices B e C e pelos pon-
tos P e Q, pontos médios, respectivamente, das arestas EF
e HG, gerando o quadrilátero BCQP. 

55
RACIOCÍNIO LÓGICO

Sabendo-se que a razão entre as medidas dos lados Se a área de R1 é 54 m², então o perímetro de R2 é,
correspondentes do retângulo ABCD e da região R é igual em metros, igual a
a 5/2 , é correto afirmar que as medidas, em centímetros, (A) 54.
dos lados da região R, indicadas por x e y na figura, são, (B) 48.
respectivamente, (C) 36.
(D) 40.
(A) 80 e 64. (E) 42.
(B) 80 e 62.
(C) 62 e 80. Respostas
(D) 60 e 80.
(E) 60 e 78. 01. Resposta: D.

08. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário – VU-


NESP/2017) O piso de um salão retangular, de 6 m de
comprimento, foi totalmente coberto por 108 placas qua-
dradas de porcelanato, todas inteiras. Sabe-se que quatro
placas desse porcelanato cobrem exatamente 1 m2 de
piso. Nessas condições, é correto afirmar que o perímetro
desse piso é, em metros, igual a
(A) 20.
(B) 21.
(C) 24.
(D) 27.
(E) 30.

09. (IBGE – Agente Censitário Municipal e Supervi-


sor – FGV/2017) O proprietário de um terreno retangular
resolveu cercá-lo e, para isso, comprou 26 estacas de ma-
deira. Colocou uma estaca em cada um dos quatro cantos
do terreno e as demais igualmente espaçadas, de 3 em 3
metros, ao longo dos quatro lados do terreno.
O número de estacas em cada um dos lados maiores
do terreno, incluindo os dois dos cantos, é o dobro do nú-
mero de estacas em cada um dos lados menores, também
incluindo os dois dos cantos.
A área do terreno em metros quadrados é: 96h=1728
(A) 240; H=18
(B) 256;
(C) 324; Como I é um triângulo:
(D) 330; 60-36=24
(E) 372. X²=24²+18²
X²=576+324
10. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário- VU- X²=900
NESP/2017) A figura seguinte, cujas dimensões estão X=30
indicadas em metros, mostra as regiões R1 e R2 , ambas Como h=18 e AD é 40, EG=22
com formato de triângulos retângulos, situadas em uma Perímetro lote 2: 40+22+24+30=116
praça e destinadas a atividades de recreação infantil para
faixas etárias distintas. 02. Resposta: B.

56
RACIOCÍNIO LÓGICO

06. Resposta: C
Para saber a área, primeiro precisamos descobrir o x.

17²=x²+8²
Lado=3√2 289=x²+64
Outro lado =5√2 X²=225
X=15
03. Resposta: D.
Observe o triângulo do meio, cada lado é exatamente
a mesma medida da parte reta da cinta. 07. Resposta: A.
Que é igual a 2 raios, ou um diâmetro, portanto o lado
esticado tem 8x3=24 m
A parte do círculo é igual a 120°, pois é 1/3 do círculo,
como são três partes, é a mesma medida de um círculo. 5y=320
O comprimento do círculo é dado por: 2πr=8π
Y=64
Portanto, a cinta tem 8π+24

04. Resposta: E.
Como o quadrado tem lado 10,a área é 100.
5x=400
X=80

08. Resposta: B.
108/4=27m²
6x=27
X=27/6
O perímetro seria

O ladao AF e AE medem 5, cada um, pois F e E é o


ponto Médio
09. Resposta: C.
X²=5²+5² Número de estacas: x
X²=25+25 X+x+2x+2x-4=26 obs: -4 é porque estamos contan-
X²=50 do duas vezes o canto
X=5√2 6x=30
X é o diâmetro do círculo, como temos 4 semi círculos, X=5
temos 2 círculos inteiros.
Temos 5 estacas no lado menor, como são espaçadas
A área de um círculo é
a cada 3m
4 espaços de 3m=12m
Lado maior 10 estacas
9 espaços de 3 metros=27m
A=12⋅27=324 m²

A sombreada=100-25π 10. Resposta: B.

05. Resposta: C.
CQ é hipotenusa do triângulo GQC.
01. CQ²=10²+5²
CQ²=100+25
CQ²=125
CQ=5√5 9x=108
A área do quadrilátero seria CQ⋅BC X=12
A=5√5⋅10=50√5 Para encontrar o perímetro do triângulo R2:

57
RACIOCÍNIO LÓGICO

Volume

Cones
Na figura, temos um plano α, um círculo contido em α,
Y²=16²+12² um ponto V que não pertence ao plano.
Y²=256+144=400 A figura geométrica formada pela reunião de todos os
Y=20 segmentos de reta que tem uma extremidade no ponto V
Perímetro: 16+12+20=48 e a outra num ponto do círculo denomina-se cone circular.

Cilindros
Considere dois planos, α e β, paralelos, um círculo de
centro O contido num deles, e uma reta s concorrente com
os dois.
Chamamos cilindro o sólido determinado pela reunião
de todos os segmentos paralelos a s, com extremidades no
círculo e no outro plano.

Classificação

-Reto:eixo VO perpendicular à base;


Pode ser obtido pela rotação de um triângulo retângu-
lo em torno de um de seus catetos. Por isso o cone reto é
também chamado de cone de revolução.
Quando a geratriz de um cone reto é 2R, esse cone é
denominado cone equilátero.

Classificação
Reto: Um cilindro se diz reto ou de revolução quando
as geratrizes são perpendiculares às bases.
Quando a altura é igual a 2R(raio da base) o cilindro é
equilátero.
Oblíquo: faces laterais oblíquas ao plano da base.

-Oblíquo: eixo não é perpendicular

Área
Área da base: Sb=πr²

58
RACIOCÍNIO LÓGICO

Área Chamamos prisma o sólido determinado pela reunião


de todos os segmentos paralelos a r, com extremidades no
Área lateral: polígono R e no plano β.

Área da base:

Área total:

Volume

Pirâmides
As pirâmides são também classificadas quanto ao nú-
mero de lados da base.

Assim, um prisma é um poliedro com duas faces con-


gruentes e paralelas cujas outras faces são paralelogramos
obtidos ligando-se os vértices correspondentes das duas
Área e Volume faces paralelas.

Área lateral: Classificação


Reto: Quando as arestas laterais são perpendiculares
Onde n= quantidade de lados às bases
Oblíquo: quando as faces laterais são oblíquas à base.

Prismas
Considere dois planos α e β paralelos, um polígono R
contido em α e uma reta r concorrente aos dois.

Classificação pelo polígono da base

-Triangular

59
RACIOCÍNIO LÓGICO

-Quadrangular Volume
Paralelepípedo:V=a.b.c
Cubo:V=a³

Demais:

01. (TJ/RS - Técnico Judiciário – FAURGS/2017)  Um


cilindro reto de altura h tem volume V. Para que um cone
reto com base igual a desse cilindro tenha volume V, sua
altura deve ser igual a
(A) 1/3h.
(B) 1/2h.
(C) 2/3h.
(D) 2h.
E assim por diante... (E) 3h.

Paralelepípedos 02. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária –


Os prismas cujas bases são paralelogramos denomi- MSCONCURSOS/2017) Qual é o volume de uma lata de
nam-se paralelepípedos. óleo perfeitamente cilíndrica, cujo diâmetro é 8 cm e a al-
tura é 20 cm? (use π=3)
(A) 3,84 l
(B) 96 ml
(C) 384 ml
(D) 960 ml

03. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU-


NESP/2017) Inicialmente, um reservatório com formato
de paralelepípedo reto retângulo deveria ter as medidas
indicadas na figura.

Cubo é todo paralelepípedo retângulo com seis faces


quadradas.

Em uma revisão do projeto, foi necessário aumentar


em 1 m a medida da largura, indicada por x na figura, man-
Prisma Regular tendo-se inalteradas as demais medidas. Desse modo, o
Se o prisma for reto e as bases forem polígonos regu- volume inicialmente previsto para esse reservatório foi au-
lares, o prisma é dito regular. mentado em
As faces laterais são retângulos congruentes e as bases
são congruentes (triângulo equilátero, hexágono regular,...) (A) 1 m³ .
(B) 3 m³ .
Área (C) 4 m³ .
Área cubo: (D) 5 m³ .
Área paralelepípedo: (E) 6 m³ .
A área de um prisma:
Onde: St=área total 04. (CÂMARA DE SUMARÉ – Escriturário - VU-
Sb=área da base NESP/2017) A figura mostra cubinhos de madeira, todos
Sl=área lateral, soma-se todas as áreas das faces late- de mesmo volume, posicionados em uma caixa com a for-
rais. ma de paralelepípedo reto retângulo.

60
RACIOCÍNIO LÓGICO

07. (MPE/GO – Secretário Auxiliar – MPEGO/2017)


Um recipiente na forma de um prisma reto de base quadra-
da, com dimensões internas de 10 cm de aresta da base e
25 cm de altura, está com 20% de seu volume total preen-
chido com água, conforme mostra a figura. (Figura fora de
escala)

Se cada cubinho tem aresta igual a 5 cm, então o volu-


me interno dessa caixa é, em cm³ , igual a
(A) 3000.
(B) 4500.
(C) 6000.
(D) 7500. Para completar o volume total desse recipiente, serão
(E) 9000. despejados dentro dele vários copos de água, com 200 mL
cada um. O número de copos totalmente cheios necessá-
05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE- rios para completar o volume total do prisma será:
GO/2017) Frederico comprou um aquário em formato de (A) 8 copos
paralelepípedo, contendo as seguintes dimensões: (B) 9 copos
(C) 10 copos
(D) 12 copos
(E) 15 copos

08. (CELG/GT/GO – Analista de Gestão – CSU-


FG/2017) figura a seguir representa um cubo de aresta a.

Estando o referido aquário completamente cheio, a sua


capacidade em litros é de:
(A) 0,06 litros.
(B) 0,6 litros.
(C) 6 litros.
(D) 0,08 litros.
(E) 0,8 litros.

06. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU- Considerando a pirâmide de base triangular cujos vér-
NESP/2017) As figuras seguintes mostram os blocos de tices são os pontos B, C, D e G do cubo, o seu volume é
madeira A, B e C, sendo A e B de formato cúbico e C com dado por
formato de paralelepípedo reto retângulo, cujos respecti- (A) a³/6
vos volumes, em cm³, são representados por VA, VB e VC. (B) a³/3
(C) a³/3√3
(D) a³/6√6

09. (CRBIO – Auxiliar Administrativo – VUNESP/2017)


De um reservatório com formato de paralelepípedo reto re-
tângulo, totalmente cheio, foram retirados 3 m³ de água.
Após a retirada, o nível da água restante no reservatório fi-
cou com altura igual a 1 m, conforme mostra a figura.

Se VA + VB = 1/2 VC , então a medida da altura do


bloco C, indicada por h na figura, é, em centímetros, igual a
(A) 15,5.
(B) 11.
(C) 12,5.
(D) 14.
(E) 16

61
RACIOCÍNIO LÓGICO

Desse modo, é correto afirmar que a medida da altura


total do reservatório, indicada por h na figura, é, em me-
tros, igual a
(A) 1,8. 180h=2250
(B) 1,75. H=12,5
(C) 1,7.
(D) 1,65.
(E) 1,6. 07. Resposta: C.

10. (PREF. DE ITAPEMA/SC – Técnico Contábil – MS- V=10⋅10⋅25=2500 cm³


CONCURSOS/2016) O volume de um cone circular reto, 2500⋅0,2=500cm³ preenchidos.
cuja altura é 39 cm, é 30% maior do que o volume de um Para terminar de completar o volume:
cilindro circular reto. Sabendo que o raio da base do cone 2500-500=2000 cm³
é o triplo do raio da base do cilindro, a altura do cilindro é: 2000/200=10 copos
(A) 9 cm
(B) 30 cm
(C) 60 cm 08. Resposta: A.
(D) 90 cm A base é um triângulo de base a e altura a

Respostas

01. Resposta:
Volume cilindro=πr²h

Para que seja igual a V, a altura tem que ser igual a 3h

09. Resposta: E.
V=2,5⋅2⋅1=5m³
02. Resposta: D Como foi retirado 3m³
V= πr²h 5+3=2,5⋅2⋅h
V=3⋅4²⋅20=960 cm³=960 ml 8=5h
H=1,6m
03. Resposta:E.
V=2⋅3⋅x=6x
Aumentando 1 na largura 10. Resposta: D.
V=2⋅3⋅(x+1)=6x+6 Cone
Portanto, o volume aumentou em 6.

04. Resposta:E.
São 6 cubos no comprimento: 6⋅5=30
São 4 cubos na largura: 4⋅5=20
3 cubos na altura: 3⋅5=15
V=30⋅20⋅15=9000
Cilindro
05. Resposta: C. V=Ab⋅h
V=20⋅15⋅20=6000cm³=6000ml==6 litros V=πr²h
Como o volume do cone é 30% maior:
06. Resposta:C. 117πr²=1,3 πr²h
VA=125cm³ H=117/1,3=90
VB=1000cm³

62
RACIOCÍNIO LÓGICO

(DPE/RR – Analista de Sistemas – FCC/2015) Em sala


PORCENTAGEM de aula com 25 alunos e 20 alunas, 60% desse total está
com gripe. Se x% das meninas dessa sala estão com gripe,
o menor valor possível para x é igual a
(A) 8.
Porcentagem é uma fração cujo denominador é 100, (B) 15.
seu símbolo é (%). Sua utilização está tão disseminada que (C) 10.
a encontramos nos meios de comunicação, nas estatísticas, (D) 6.
em máquinas de calcular, etc. (E) 12.
Os acréscimos e os descontos é importante saber por-
que ajuda muito na resolução do exercício. Resolução
45------100%
Acréscimo X-------60%
Se, por exemplo, há um acréscimo de 10% a um deter- X=27
minado valor, podemos calcular o novo valor apenas multi- O menor número de meninas possíveis para ter gripe
plicando esse valor por 1,10, que é o fator de multiplicação. é se todos os meninos estiverem gripados, assim apenas 2
Se o acréscimo for de 20%, multiplicamos por 1,20, e assim meninas estão.
por diante. Veja a tabela abaixo:
Fator de
Acréscimo ou Lucro
Multiplicação
10% 1,10 Resposta: C.
15% 1,15
20% 1,20 Questões
47% 1,47
67% 1,67 01. (SAP/SP - Agente de Segurança Penitenciária
  - MSCONCURSOS/2017) Um aparelho de televisão que
    Exemplo: Aumentando 10% no valor de R$10,00 te- custa R$1600,00 estava sendo vendido, numa liquidação,
mos:  com um desconto de 40%. Marta queria comprar essa te-
levisão, porém não tinha condições de pagar à vista, e o
vendedor propôs que ela desse um cheque para 15 dias,
Desconto pagando 10% de juros sobre o valor da venda na liquida-
No caso de haver um decréscimo, o fator de multipli- ção. Ela aceitou e pagou pela televisão o valor de:
cação será: (A) R$1120,00
Fator de Multiplicação =  1 - taxa de desconto (na for- (B) R$1056,00
ma decimal) (C) R$960,00
Veja a tabela abaixo: (D) R$864,00
Fator de
Desconto 02. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) A equipe
Multiplicação
10% 0,90 de segurança de um Tribunal conseguia resolver mensal-
25% 0,75 mente cerca de 35% das ocorrências de dano ao patrimô-
34% 0,66 nio nas cercanias desse prédio, identificando os criminosos
60% 0,40 e os encaminhando às autoridades competentes. Após uma
90% 0,10 reestruturação dos procedimentos de segurança, a mesma
equipe conseguiu aumentar o percentual de resolução
Exemplo: Descontando 10% no valor de R$10,00 temos:  mensal de ocorrências desse tipo de crime para cerca de
63%. De acordo com esses dados, com tal reestruturação,
a equipe de segurança aumentou sua eficácia no combate
Chamamos de lucro em uma transação comercial de ao dano ao patrimônio em
compra e venda a diferença entre o preço de venda e o (A) 35%.
preço de custo. (B) 28%.
Lucro=preço de venda -preço de custo (C) 63%.
(D) 41%.
Podemos expressar o lucro na forma de porcentagem (E) 80%.
de duas formas:
03. (TST – Técnico Judiciário – FCC/2017) Três ir-
mãos, André, Beatriz e Clarice, receberam de uma tia he-
rança constituída pelas seguintes joias: um bracelete de
ouro, um colar de pérolas e um par de brincos de diamante.
A tia especificou em testamento que as joias não deveriam

63
RACIOCÍNIO LÓGICO

ser vendidas antes da partilha e que cada um deveria ficar (A) R$ 4,20.
com uma delas, mas não especificou qual deveria ser dada (B) R$ 5,46.
a quem. O justo, pensaram os irmãos, seria que cada um (C) R$ 10,70.
recebesse cerca de 33,3% da herança, mas eles achavam (D) R$ 12,60.
que as joias tinham valores diferentes entre si e, além disso, (E) R$ 18,00.
tinham diferentes opiniões sobre seus valores. Então, deci-
diram fazer a partilha do seguinte modo: 06. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE-
GO/2017) Joana foi fazer compras. Encontrou um vestido
− Inicialmente, sem que os demais vissem, cada um de R$ 150,00 reais. Descobriu que se pagasse à vista teria
deveria escrever em um papel três porcentagens, indican- um desconto de 35%. Depois de muito pensar, Joana pa-
do sua avaliação sobre o valor de cada joia com relação ao gou à vista o tal vestido. Quanto ela pagou?
valor total da herança. (A) R$ 120,00 reais
(B) R$ 112,50 reais
− A seguir, todos deveriam mostrar aos demais suas (C) R$ 127,50 reais
(D) R$ 97,50 reais
avaliações.
(E) R$ 90 reais
− Uma partilha seria considerada boa se cada um deles
07. (TJ/SP – Escrevente Técnico Judiciário – VU-
recebesse uma joia que avaliou como valendo 33,3% da
NESP/2017) A empresa Alfa Sigma elaborou uma previsão
herança toda ou mais. de receitas trimestrais para 2018. A receita prevista para o
primeiro trimestre é de 180 milhões de reais, valor que é
As avaliações de cada um dos irmãos a respeito das 10% inferior ao da receita prevista para o trimestre seguin-
joias foi a seguinte: te. A receita prevista para o primeiro semestre é 5% inferior
à prevista para o segundo semestre. Nessas condições, é
correto afirmar que a receita média trimestral prevista para
2018 é, em milhões de reais, igual a
(A) 200.
(B) 203.
(C) 195.
Assim, uma partilha boa seria se André, Beatriz e Clari- (D) 190.
ce recebessem, respectivamente, (E) 198.
(A) o bracelete, os brincos e o colar.
(B) os brincos, o colar e o bracelete. 08. (CRM/MG – Técnico em Informática- FUN-
(C) o colar, o bracelete e os brincos. DEP/2017) Veja, a seguir, a oferta da loja Magazine Bom
(D) o bracelete, o colar e os brincos. Preço:
(E) o colar, os brincos e o bracelete. Aproveite a Promoção!
Forno Micro-ondas
04. (UTFPR – Técnico de Tecnologia da Informação De R$ 720,00
– UTFPR/2017) Um retângulo de medidas desconhecidas Por apenas R$ 504,00
foi alterado. Seu comprimento foi reduzido e passou a ser
2/ 3 do comprimento original e sua largura foi reduzida e Nessa oferta, o desconto é de:
passou a ser 3/ 4 da largura original. (A) 70%.
Pode-se afirmar que, em relação à área do retângulo (B) 50%.
(C) 30%.
original, a área do novo retângulo:
(D) 10%.
(A) foi aumentada em 50%.
(B) foi reduzida em 50%.
09 (CODAR – Recepcionista – EXATUS/2016) Consi-
(C) aumentou em 25%.
dere que uma caixa de bombom custava, em novembro, R$
(D) diminuiu 25%. 8,60 e passou a custar, em dezembro, R$ 10,75. O aumento
(E) foi reduzida a 15%. no preço dessa caixa de bombom foi de:
(A) 30%.
05. (MPE/GO – Oficial de Promotoria – MPE- (B) 25%.
GO/2017) Paulo, dono de uma livraria, adquiriu em uma (C) 20%.
editora um lote de apostilas para concursos, cujo valor uni- (D) 15%
tário original é de R$ 60,00. Por ter cadastro no referido
estabelecimento, ele recebeu 30% de desconto na compra. 10. (ANP – Técnico em Regulação de Petróleo e De-
Para revender os materiais, Paulo decidiu acrescentar 30% rivados – CESGRANRIO/2016) Um grande tanque estava
sobre o valor que pagou por cada apostila. Nestas condi- vazio e foi cheio de óleo após receber todo o conteúdo de
ções, qual será o lucro obtido por unidade? 12 tanques menores, idênticos e cheios.

64
RACIOCÍNIO LÓGICO

Se a capacidade de cada tanque menor fosse 50% 200+180=380 milhões para o primeiro semestre
maior do que a sua capacidade original, o grande tanque 380----95
seria cheio, sem excessos, após receber todo o conteúdo de x----100
(A) 4 tanques menores x=400 milhões
(B) 6 tanques menores
(C) 7 tanques menores Somando os dois semestres: 380+400=780 milhões
(D) 8 tanques menores 780/4trimestres=195 milhões
(E) 10 tanques menores

Respostas 08. Resposta: C.

01. Resposta:B.
Como teve um desconto de 40%, pagou 60% do pro-
duto. Ou seja, ele pagou 70% do produto, o desconto foi de
1600⋅0,6=960 30%.
Como vai pagar 10% a mais:
960⋅1,1=1056 OBS: muito cuidado nesse tipo de questão, para não
errar conforme a pergunta feita.

02. Resposta: E.
63/35=1,80 09. Resposta: B.
Portanto teve um aumento de 80%. 8,6(1+x)=10,75
8,6+8,6x=10,75
8,6x=10,75-8,6
03. Resposta: D. 8,6x=2,15
Clarice obviamente recebeu o brinco. X=0,25=25%
Beatriz recebeu o colar porque foi o único que ficou
acima de 30% e André recebeu o bracelete.
10. Resposta: D.
50% maior quer dizer que ficou 1,5
04. Resposta: B. Quantidade de tanque: x
A=b⋅h A quantidade que aumentaria deve ficar igual a 12 tan-
ques
1,5x=12
X=8
Portanto foi reduzida em 50%

05. Resposta: D.
Como ele obteve um desconto de 30%, pagou 70% do
valor:
60⋅0,7=42
Ele revendeu por:
42⋅1,3=54,60
Teve um lucro de: 54,60-42=12,60

06. Resposta: D.
Como teve um desconto de 35%. Pagou 65%do vestido
150⋅0,65=97,50

07. Resposta: C.
Como a previsão para o primeiro trimestre é de 180
milhões e é 10% inferior, no segundo trimestre temos uma
previsão de
180-----90%
x---------100
x=200

65
RACIOCÍNIO LÓGICO

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES A probabilidade de sair um múltiplo de 8 é a probabi-


SOBRE: RACIOCÍNIO LÓGICO lidade de ocorrer o evento B ={8; 16; 24; 32; 40; 48; 56; 64;
72; 80; 88; 96}.
01. (Banco do Brasil - Assistente Técnico-Adminis-
trativo - FCC/2014) Como: n(B) = 12 múltiplos de 8 entre 1 e 100 e n(S) =
Considere que há três formas de Ana ir para o tra- 100 números naturais, então, tem-se:
balho: de carro, de ônibus e de bicicleta. Em 20% das
vezes ela vai de carro, em 30% das vezes de ônibus e em
50% das vezes de bicicleta. Do total das idas de carro,
Ana chega atrasada em 15% delas, das idas de ônibus,
chega atrasada em 10% delas e, quando vai de bicicle-
ta, chega atrasada em 8% delas. Sabendo-se que um Sendo A = {3; 6; 9; 12; 15; 18; 21; 24; 27; 30; 33; 36; 39;
determinado dia Ana chegou atrasada ao trabalho, a 42; 45; 48; 51; 54; 57; 60; 63; 66; 69; 72; 75; 78; 81; 84; 87; 90;
probabilidade de ter ido de carro é igual a
93; 96; 99}, e B = {8; 16; 24; 32; 40; 48; 56; 64; 72; 80; 88; 96},
A) 20%.
então AB será dado por: A∩B = {24, 48, 72, 96}
B) 40%.
C) 60%.
Portanto, a probabilidade de P (A∩B) será de:
D) 50%.
E) 30%.

Imagine que Ana vá ao trabalho 100 vezes. Como são


20% de carro, 30% de ônibus e 50% de bicicleta então temos:
20 idas de carro.
30 idas de ônibus
50 idas de bicicleta Onde n(A∩B) representa os 3 múltiplos simultâneos de
Das 20 idas de carro Ana chega atrasada em 15% das 3 e 8, compreendidos entre 1 e 100.
vezes (3 idas).
Das 30 idas de ônibus Ana chega atrasada em 10% das Então, P(A∩B)=P(A)+P(B)-P(A∩B) =
vezes (3 idas).
33 12 4 41
Das 50 idas de bicicleta Ana chega atrasada em 8% das + − = = 41%!
vezes (4 idas). 100 100 100 100
Assim, Ana chega atrasa da em 3+3+4 = 10 vezes.
Sabendo que Ana chegou atrasada a probabilidade de RESPOSTA: “A”.
ela ter ido de carro é:
P = 3/10 = 30% que é a divisão das idades de carro (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces-
atrasada pelo total de atrasos. pe/2014) Em geral, empresas públicas ou privadas uti-
lizam códigos para protocolar a entrada e a saída de
RESPOSTA: “E”. documentos e processos. Considere que se deseja gerar
códigos cujos caracteres pertençam ao conjunto das
02. (Ministério da Fazenda - MI - Assistente Técni- 26 letras de um alfabeto, que possui apenas 5 vogais.
co administrativo - Cespe/UnB/2013) Sorteando-se um Com base nessas informações, julgue os itens que se
número de uma lista de 1 a 100, qual a probabilidade seguem.
de o número ser divisível por 3 ou por 8?
A) 41%
03. (TCU – Analista de controle externo - UNB/CES-
B) 44%
PE/2014) Se os protocolos de uma empresa devem con-
C) 42%
ter 4 letras, sendo permitida a repetição de caracteres,
D) 45%
E) 43% então podem ser gerados menos de 400.000 protocolos
A probabilidade de sair um número divisível por 3 (ou distintos.
múltiplo de 3) é a probabilidade de ocorrer o evento A = ( ) CERTA ( ) ERRADA
{3; 6; 9; 12; 15; 18; 21; 24; 27; 30; 33; 36; 39; 42; 45; 48; 51; Se os protocolos de uma empresa devem conter 4 le-
54; 57; 60; 63; 66; 69; 72; 75; 78; 81; 84; 87; 90; 93; 96; 99}. tras, sendo permitida a repetição de caracteres, então po-
Como: n(A) = 33 múltiplos de 3 entre 1 e 100 e n(S) = dem ser gerados menos de 400.000 protocolos distintos.
100 números naturais, então, tem-se: Para cada “casa” citada anteriormente, podemos locar
26 letras, pois e permitida a repetição das letras, formando,
assim:
26 x 26 x 26 x 26 = 456.976 códigos distintos

RESPOSTA: “ERRADA”.

66
RACIOCÍNIO LÓGICO

04. (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces- 07. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
pe/2014) Se uma empresa decide não usar as 5 vogais A quantidade de maneiras distintas para se formar a câ-
em seus códigos, que poderão ter 1, 2 ou 3 letras, sen- mara de vereadores dessa cidade é igual a 30!/(9!×21!).
do permitida a repetição de caracteres, então e possível ( ) CERTA ( ) ERRADA
obter mais de 1000 códigos distintos.
( ) CERTA ( ) ERRADA Para a escolha dos 9 vereadores dos 30 candidatos, fa-
remos uma combinação simples dos 30 candidatos escolhi-
Se uma empresa decide não usar as 5 vogais em seus dos 9 a 9, pois aqui, a ordem de escolha não altera o agru-
códigos, que poderão ter 1, 2 ou 3 letras, sendo permitida pamento formado, já que, ao ser escolhidos, por exemplo,
a repetição de caracteres, então e possível obter mais de um agrupamento de 9 pessoas, essas mesmas pessoas não
1000 códigos distintos. poderão ser escolhidas novamente, mesmo em outra or-
Como não serão permitidas as vogais, então teremos dem.
21 letras para obtenção dos códigos.
Observação: será permitida a REPETIÇÃO das letras, ex- ! !! 30! 30!
cluindo as vogais. !! = = = !
!! ! − ! ! 9! 30 − 9 ! 9! 21!
21 letras (código formado por uma letra)=21 códigos
21 x 21 (código formado por duas letras)=441 códigos
RESPOSTA: “CERTA”.
21 x 21 x 21 = 9.261 códigos
Assim sendo, serão obtidos:
21 + 441 + 9.261 = 08. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
Sabendo-se que um eleitor vota em apenas um candi-
RESPOSTA: “ERRADA”. dato a vereador, é correto afirmar que a quantidade de
maneiras distintas de um cidadão escolher um candida-
05. (TCU – Analista de controle externo - UnB/Ces- to é superior a 50.
pe/2014) O número total de códigos diferentes forma- ( ) CERTA ( ) ERRADA
dos por 3 letras distintas e superior a 15000.
( ) CERTA ( ) ERRADA Só existem 30 candidatos, logo não tem como haver 50
formas distintas de escolher um candidato.
O número total de códigos diferentes formados por 3
letras distintas e superior a 15000. RESPOSTA: “ERRADA”.
26x25x24=15600 códigos
09. (VALEC - Assistente Administrativo – FEM-
RESPOSTA: “CERTA”. PERJ/2012) Uma “capicua” é um número que escrito
de trás para a frente é igual ao número original. Por
(TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012) Nas exemplo: 232 e 1345431 são “capicuas”. A quantidade
eleições municipais de uma pequena cidade, 30 candi- de “capicuas” de sete algarismos que começam com o
datos disputam 9 vagas para a câmara de vereadores. algarismo 1 é igual a:
Na sessão de posse, os nove eleitos escolhem a mesa A) 400
diretora, que será composta por presidente, primeiro e B) 520
segundo secretários, sendo proibido a um mesmo par- C) 640
lamentar ocupar mais de um desses cargos. Acerca des- D) 1000
sa situação hipotética, julgue os itens seguintes. E) 1200
06. (TRE/RJ – Técnico Judiciário - CESPE/UnB/2012)
Considerando-se os algarismos de 0 a 9 (0; 1; 2; 3; 4; 5;
A quantidade de maneiras distintas de se formar a mesa
6; 7; 8; 9), podemos formar a seguinte quantidade de “capi-
diretora da câmara municipal é superior a 500.
cuas” de sete algarismos, que inicia-se com o algarismo 1.
( ) CERTA ( ) ERRADA
Após serem escolhidos os 9 candidatos, esses forma- 1 x 10 x 10 x 10 x 1 x 1 x 1=10x10x10=1000 capicuas
rão a mesa diretora, que será composta por um presiden-
te, primeiro e segundo secretários, ou seja, por 3 desses RESPOSTA: “D”.
integrantes. A escolha será feita pelo arranjo simples de
9 pessoas escolhidas 3 a 3, já que a ordem dos elementos 10. (VALEC – Assistente Administrativo - FEM-
escolhidos altera a formação da mesa diretora. PERJ/2012) Uma rodovia tem 320 km. A concessionária
da rodovia resolveu instalar painéis interativos a cada
!!! = 9.8.7 = 504!!"#$%&!!"#$"%$&#!!"!!"#$!!"!!"#$%&#'! 10 km, nos dois sentidos da rodovia. Em cada sentido,
o primeiro painel será instalado exatamente no início
da rodovia, e o último, exatamente ao final da rodo-
RESPOSTA: “CERTA”. via. Assim, a concessionária terá de instalar a seguinte
quantidade total de painéis:

67
RACIOCÍNIO LÓGICO

A) 32 3º ano: foram desmatados 10% da floresta remanes-


B) 64 cente (72%), logo, sobraram 72% – 10% de 72%.
C) 65 72% – 10% de 72%. = 72% – 7,2% = 64,8% de floresta
D) 66 não desmatada.
E) 72 Portanto, foram desmatados 100% – 64,8% = 35,2%
Tem-se a seguinte sequência numérica:
marco zero: 1º painel. RESPOSTA: “A”.
marco 10 km: 2º painel.
marco 20 km: 3º painel. 12. (BRDE – Analista de sistemas - AOCP/2012)
... Quantos subconjuntos podemos formar com 3 bolas
Marco 320 km : n-ésimo painel. azuis e 2 vermelhas, de um conjunto contendo 7 bolas
azuis e 5 vermelhas?
Obtendo-se a seguinte sequência numérica dada pela A) 250
progressão aritmética (PA): B) 5040
C) 210
!! = 0 D) 350
!"(0; !10; !20;!. . . ; !320) ! = 10 ! E) 270
!! = 320 Podemos interpretar esse enunciado da seguinte for-
ma: “de um conjunto de 7 bolas azuis e 5 bolas vermelhas,
Sendo a fórmula que define o termo geral de uma PA quantos agrupamentos de 3 bolas azuis e 2 bolas verme-
dada por an= a1+(n – 1).r, teremos: lhas podemos formar”?
Nesse caso tem-se uma combinação simples de 7 bo-
las azuis escolhidas 3 a 3 permutando-se com a combina-
320 ção simples de 5 bolas vermelhas escolhidas 2 a 2.
320=0+ !−1 .10→ =!−1→! =1+32=33! Lembramos que, formamos agrupamentos por com-
10 binação, quando a ordem dos elementos escolhidos não
altera o agrupamento formado. Por exemplo, um agru-
pamento formado pelas bolas vermelhas V1 V2 V3 será
n = 33 painéis, em apenas um dos sentidos da rodovia. idêntico a qualquer outro agrupamento formado por essas
Para o sentido inverso têm-se mais 33 painéis o que mesmas bolas, porém e outra ordem. Logo, a ordem desses
totaliza: elementos escolhidos não altera o próprio agrupamento.
33 + 33 = 66 painéis, ao todo.
76554
RESPOSTA: “D”. !!!.!!! = . . . . = 35.10 = 350!!"#$%!&'()*+!
32121
11. (VALEC – Assistente Administrativo - FEM-
PERJ/2012) Num certo ano, 10% de uma floresta foram RESPOSTA: “D”.
desmatados. No ano seguinte, 20% da floresta rema- (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
nescente foi desmatada e, no ano seguinte, a floresta UnB/2013) Conta-se na mitologia grega que Hércules,
remanescente perdeu mais 10% de sua área. Assim, a em um acesso de loucura, matou sua família. Para ex-
floresta perdeu, nesse período, a seguinte porcenta- piar seu crime, foi enviado a presença do rei Euristeu,
gem de sua área original: que lhe apresentou uma serie de provas a serem cum-
A) 35,2% pridas por ele, conhecidas como Os doze trabalhos de
B) 36,4% Hércules. Entre esses trabalhos, encontram-se: matar o
C) 37,4% leão de Neméia, capturar a corça de Cerinéia e captu-
D) 38,6% rar o javali de Erimanto. Considere que a Hércules seja
E) 40,0% dada a escolha de preparar uma lista colocando em or-
dem os doze trabalhos a serem executados, e que a es-
Considerando-se o total inicial da floresta, antes do 1º colha dessa ordem seja totalmente aleatória. Além dis-
desmatamento, igual a 100% teremos, após os desmata- so, considere que somente um trabalho seja executado
mentos sucessivos, o seguinte percentual de floresta des- de cada vez. Com relação ao número de possíveis listas
matado: que Hércules poderia preparar, julgue os itens subse-
1º ano: foram desmatados 10% do total (100%), logo, quentes.
sobraram 90% de floresta não desmatada.
2º ano: foram desmatados 20% da floresta remanes- 13. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
cente (90%), logo, sobraram 90% – 20% de 90%. UnB/2013) O número máximo de possíveis listas que
90% – 20% de 90%. = 90% – 18% = 72% de floresta Hercules poderia preparar e superior a 12x10!
não desmatada. ( ) CERTA ( ) ERRADA

68
RACIOCÍNIO LÓGICO

O número máximo de possíveis listas que Hercules po- Sendo “X” as posições já ocupadas pelas tarefas “cap-
deria preparar e superior a 12x10!. turar a corça de Cerinéia” e “capturar o javali de Erimanto”,
“Considere que a Hercules seja dada a escolha de pre- ainda sobram 10 posições a serem permutadas.
parar uma lista colocando em ordem os doze trabalhos a Ou seja:
serem executados, e que a escolha dessa ordem seja total- 10 x 72 x 42 x 20 x 6
mente aleatória”. Portanto, teremos 10 x 72 x 42 x 20 x 6, um valor supe-
Seja a lista de tarefas dada a Hercules contendo as 12 rior e diferente de 72x42 x 20 x 6
tarefas representada a seguir. Lembrando que a ordem de
escolha ficara a critério de Hercules. RESPOSTA: “ERRADA”.
Então, permutando (trocando) as tarefas de posição,
vai gerar uma nova sequencia, ou seja, uma nova ordem da 16. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/
realização de suas tarefas, assim, o numero de possibilida- UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con-
des de Hercules começar e terminar suas tarefas será dada tendo os trabalhos “ capturar a corça de Cerineia” e “
pela permutação dessas tarefas. capturar o javali de Erimanto” nas ultimas duas posi-
12x11x10x9x8x7x6x5x4x3x2x1 ou simplesmente: ções, em qualquer ordem, e inferior a 6! x 8!.
12! = 12 x 11 x 10! ( ) CERTA ( ) ERRADA
Como 12x11x10! e diferente de 12x10!.
O número máximo de possíveis listas contendo os tra-
RESPOSTA: “ERRADA”. balhos “ capturar a corça de Cerinéia” e “ capturar o javali
de Erimanto” nas ultimas duas posições, em qualquer or-
14. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/ dem, e inferior a 6! x 8!.
UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con- Fixando as tarefas “capturar a corça de Cerinéia” e
tendo o trabalho “matar o leão de Neméia” na primeira “capturar o javali de Erimanto” nas duas ultimas posições, e
posição é inferior a 240 x 990 x 56 x 30. lembrando que essas tarefas podem ser permutadas entre
( ) CERTA ( ) ERRADA si, pois são colocadas em qualquer ordem, assim, restaram
10 posições a serem permutadas.
O número máximo de possíveis listas contendo o tra- 10.9.8.7.6.5.4.3.2.1.x.x
balho “matar o leão de Neméia” na primeira posição é infe- Sendo “X” as posições já ocupadas pelas tarefas “cap-
rior a 240 x 990 x 56 x 30. turar a corça de Cerinéia” e “capturar o javali de Erimanto”,
Fixando a tarefa “matar leão de Neméia” na primeira podendo ser permutadas entre si, ainda, sobram 10 posi-
posição, vão sobrar 11 tarefas para serem permutadas nas ções a serem permutadas.
demais casas: Ou seja:
x._._._._._._._._._._._=x.11! 90 x 8! x 2 que equivale a 180 x 8!
Sendo X a posição já ocupada pela tarefa “matar leão Sendo 180 um valor inferior a 6! (6! = 6 x 5 x 4 x 3 x 2 x
de Nemeia”. 1 = 720), logo o valor
Reagrupando os valores, temos: 180 x 8! será inferior a 6! x 8!, tornando este item CER-
24 x 990 x 56 x 30. TO.
Portanto, inferior a 240 x 990 x 56 x 30, tornando este
item ERRADO. RESPOSTA: “CERTA”.

RESPOSTA: “ERRADA”. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/


UnB/2013) Considere que em um escritório trabalham
15. (PM/CE - Soldado da Polícia Militar - Cespe/ 11 pessoas: 3 possuem nível superior, 6 tem o nível mé-
UnB/2013) O número máximo de possíveis listas con- dio e 2 são de nível fundamental. Será formada, com
tendo os trabalhos “capturar a corça de Cerinéia” na esses empregados, uma equipe de 4 elementos para
primeira posição e “ capturar o javali de Erimanto” na realizar um trabalho de pesquisa. Com base nessas in-
terceira posição e inferior a 72 x 42 x 20 x 6. formações, julgue os itens seguintes, acerca dessa equi-
( ) CERTA ( ) ERRADA pe.

O número máximo de possíveis listas contendo os tra- 17. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
balhos “capturar a corça de Cerinéia” na primeira posição e UnB/2013) Se essa equipe for formada somente com
“ capturar o javali de Erimanto” na terceira posição e infe- empregados de nível médio e fundamental, então ela
rior a 72 x 42 x 20 x 6. poderá ser formada de mais de 60 maneiras distintas.
Fixando as tarefas “capturar a corça de Cerinéia” na pri- ( ) CERTA ( ) ERRADA
meira posição e “capturar o javali de Erimanto” na terceira
posição, restam 10 tarefas a serem permutadas nas demais Se essa equipe for formada somente com empregados
posições, assim, temos que: de nível médio e fundamental, então ela poderá ser forma-
X . 1 . x . 2 . 3 . 4 . 5 . 6 . 7 . 8 . 9 . 10 da de mais de 60 maneiras distintas.

69
RACIOCÍNIO LÓGICO

Das 11 pessoas, 3 são de nível superior(S), 3 nível mé- Como o afirmado neste item, diz que existirão mais de
dio(M), e 2 são de nível fundamental(F) 40 maneiras distintas para a formação das equipes.

Sendo a equipe formada apenas pelos funcionários de RESPOSTA: “ERRADA”.


escolaridade de nível Médio e Fundamental teremos ape-
nas 3 possibilidades de formação das equipes: 19. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
UnB/2013) Formando-se a equipe com dois emprega-
1ª POSSIBILIDADE: Somente 1 funcionário de nível dos de nível médio, e dois de nível superior, então essa
Fundamental e os demais de nível médio. equipe poderá ser formada de, no máximo, 40 manei-
ras distintas.
!!! .!!! = 2!/1!(2-1)!.6!/3!(6-3)!=40 equipes distintas ( ) CERTA ( ) ERRADA
!
2ª POSSIBILIDADE: com 2 funcionários de nível Funda- Formando-se a equipe com dois empregados de nível
mental e os demais de nível médio. médio, e dois de nível superior, então essa equipe poderá
ser formada de, no máximo, 40 maneiras distintas.
!!! .!!! ! = 2!/2!(2-2)!.6!/2!(6-2)!=15 equipes distintas Formando-se as equipes com 2 empregados de nível
Médio e 2 de Nível Superior, então teremos apenas 1 pos-
3ª POSSIBILIDADE: Uma equipe formada por funcioná- sibilidade de formação de equipes, já que excluímos todos
rios apenas de Nível Médio. os funcionários de nível Fundamental.
!!! .!!! ! = 3!/2!(3-2)!.6!/2!(6-2)!=45 equipes distintas
!!! !. = 6!/4!(6-4)!=15 equipes distintas
De acordo com a afirmativa do item seriam de, no má-
Somando-se os resultados obtidos nas 3 possibilida- ximo, 40 equipes distintas.
des anteriores, encontramos:
40 + 15 + 15= 70 equipes distintas RESPOSTA: “ERRADA”.
Como o item afirma que a equipe poderá ser formada
20. (USP – VESTIBULAR - FUVEST/2012) Considere
por mais de 60 maneiras distintas.
todas as trinta e duas sequências, com cinco elementos
cada uma, que podem ser formadas com os algarismos
RESPOSTA: “CERTA”.
0 e 1. Quantas dessas sequências possuem pelo menos
três zeros em posições consecutivas?
18. (TRT 10ª Região – Técnico Judiciário - Cespe/
a) 3
UnB/2013) Se essa equipe incluir todos os empregados
b) 5
de nível fundamental, então ela poderá ser formada de
c) 8
mais de 40 maneiras distintas. d) 12
( ) CERTA ( ) ERRADA e) 16
Se essa equipe incluir todos os empregados de nível Utilizando os algarismos 0 e 1 e, considerando as se-
fundamental, então ela poderá ser formada de mais de 40 quências com 5 elementos, temos:
maneiras distintas. I) 5 sequências com exatamente 3 zeros em posições
consecutivas (00010, 00011, 01000 e 11000)
1ª POSSIBILIDADE: Equipes contendo 2 funcionários de II) 2 sequências com exatamente 4 zeros em posições
nível fundamental e os demais de nível Superior. consecutivas (00001 e 10000)
!!! .!!! ! = 2!/2!(2-2)!.3!/2!(3-2)!=3 equipes distintas III) 1 sequência com 5 zeros (00000)
Portanto, o número de sequências com pelo menos
três zeros em posições consecutivas é 5 + 2 + 1 = 8
2ª POSSIBILIDADE: Equipes contendo 2 funcionários RESPOSTA: “C”.
nível fundamental e os demais de nível médio.
!!! .!!! ! = 2!/2!(2-2)!.6!/2!(6-2)!=15 equipes distintas 21. (PC/SP - Escrivão de Polícia - VUNESP/2012) De
uma urna contendo 10 bolas coloridas, sendo 4 bran-
cas, 3 pretas, 2 vermelhas e 1 verde, retiram-se de uma
3ª POSSIBILIDADE: Equipes contendo 2 funcionários de vez 4 bolas .Quantos são os casos possíveis em que apa-
nível fundamental e os demais de nível médio ou superior. recem exatamente uma bola de cada cor?
Como a urna contém 4 bolas brancas, existem 4 maneiras
!!! .!!! .!!! !1
= 2!/2!(2-2)!.6!/1!(6-1)!.3!/1!(3-1)!=18 possíveis de retirar uma bola branca; analogamente, 3 pretas,
equipes distintas 2 vermelhas e 1 verde. Assim, pelo Princípio Fundamental da
Somando-se os resultados obtidos nas 3 possibilida- Contagem, o número de casos possíveis em que aparecem
des, teremos: exatamente uma bola de cada cor é 4 . 3 . 2 . 1 = 24
3 + 15 + 18 = 36 equipes distintas RESPOSTA: “C”.

70
CONHECIMENTOS DO SUS

Conhecimentos sobre o SUS - Legislação da Saúde: Constituição Federal de 1988 (Título VIII - capítulo II - Seção
II); .....................................................................................................................................................................................................................01
Lei 8.080/90 ............................................................................................................................................................................................................... 02
Lei 8.142/90; .............................................................................................................................................................................................................. 11
Decreto No. 7508/2011 ......................................................................................................................................................................................... 12
Nova Política Nacional de Atenção Básica – Portaria 2488/2011. ........................................................................................................ 16
Redes de Atenção à Saúde e em especial Redes de Atenção Psico-Social (RAPS)......................................................................... 36
Redes de Atenção às Urgências e Emergências, ......................................................................................................................................... 37
Redes de Atenção às Doenças Crônicas. ........................................................................................................................................................ 41
Responsabilidades de cada esfera de governo na estrutura e funcionamento do SUS. ............................................................. 47
Controle social: conselhos e conferências de saúde. ................................................................................................................................ 47
Residências em Saúde no SUS. .......................................................................................................................................................................... 48
Políticas de Saúde; Modelos de atenção à saúde; ...................................................................................................................................... 48
Determinantes sociais da saúde; ....................................................................................................................................................................... 48
Noções de Epidemiologia e Vigilância à Saúde; ......................................................................................................................................... 49
Políticas e sistemas de saúde no Brasil: retrospectiva histórica; reforma sanitária; Programas e Políticas Nacionais de
saúde, especialmente Política de Atenção às Urgências e Emergências, .......................................................................................... 55
Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Nacional de Saúde Integral da População Ne-
gra,........................................................................................................................................................................................................................59
Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, ............................................................................................................ 61
Política Nacional de Educação Popular em Saúde; .................................................................................................................................... 69
Promoção da saúde e Educação em Saúde................................................................................................................................................... 71
CONHECIMENTOS DO SUS

II – os critérios de rateio dos recursos da União vincu-


lados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e
CONHECIMENTOS SOBRE O SUS - LEGISLAÇÃO aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respecti-
DA SAÚDE: CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 vos Municípios, objetivando a progressiva redução das dis-
(TÍTULO VIII - CAPÍTULO II - SEÇÃO II); paridades regionais; (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 29, de 2000)
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das
Seção II despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital
DA SAÚDE e municipal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29,
de 2000)
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, IV - (revogado).   (Redação dada pela Emenda Consti-
garantido mediante políticas sociais e econômicas que vi- tucional nº 86, de 2015)
sem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao § 4º Os gestores locais do sistema único de saúde po-
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua derão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de
promoção, proteção e recuperação. combate às endemias por meio de processo seletivo públi-
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de co, de acordo com a natureza e complexidade de suas atri-
saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, buições e requisitos específicos para sua atuação. .(Incluído
sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006)
sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros § 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso
e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram de Carreira e a regulamentação das atividades de agente
uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um comunitário de saúde e agente de combate às endemias,
sistema único, organizado de acordo com as seguintes di- competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência
retrizes: financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e
I - descentralização, com direção única em cada esfera aos Municípios, para o cumprimento do referido piso sala-
de governo; rial. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 63, de
II - atendimento integral, com prioridade para as ativi- 2010) Regulamento
dades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; § 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41
III - participação da comunidade.
e no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos ter-
que exerça funções equivalentes às de agente comunitário
mos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade
de saúde ou de agente de combate às endemias poderá
social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos
cípios, além de outras fontes. (Parágrafo único renumerado
específicos, fixados em lei, para o seu exercício.  (Incluído
para § 1º pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000)
pela Emenda Constitucional nº 51, de 2006)
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
pios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa priva-
saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percen- da.
tuais calculados sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional § 1º As instituições privadas poderão participar de for-
nº 29, de 2000) ma complementar do sistema único de saúde, segundo
I - no caso da União, a receita corrente líquida do res- diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou
pectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as
(quinze por cento);  (Redação dada pela Emenda Constitu- sem fins lucrativos.
cional nº 86, de 2015) § 2º É vedada a destinação de recursos públicos para
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lu-
da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos crativos.
recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, § 3º - É vedada a participação direta ou indireta de em-
e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos presas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no
respectivos Municípios; (Incluído pela Emenda Constitucio- País, salvo nos casos previstos em lei.
nal nº 29, de 2000) § 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos
III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o pro- que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias
duto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento,
e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue
alínea b e § 3º.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comerciali-
de 2000) zação.
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de
cada cinco anos, estabelecerá:(Incluído pela Emenda Consti- outras atribuições, nos termos da lei:
tucional nº 29, de 2000) I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do § substâncias de interesse para a saúde e participar da pro-
2º;  (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de dução de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos,
2015) hemoderivados e outros insumos;

1
CONHECIMENTOS DO SUS

II - executar as ações de vigilância sanitária e epide- Art. 3o  Os níveis de saúde expressam a organização so-
miológica, bem como as de saúde do trabalhador; cial e econômica do País, tendo a saúde como determinan-
III - ordenar a formação de recursos humanos na área tes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a mora-
de saúde; dia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a
IV - participar da formulação da política e da execução renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e
das ações de saneamento básico; o acesso aos bens e serviços essenciais. 
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvol- Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as
vimento científico e tecnológico e a inovação;      (Redação ações que, por força do disposto no artigo anterior, se des-
dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015) tinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido bem-estar físico, mental e social.
o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e SAÚDE = direito de todos e dever do Estado – o aces-
águas para consumo humano; so é universal e igualitário – tem um aspecto preventivo
consistente em redução de riscos – não se opera de forma
VII - participar do controle e fiscalização da produção,
isolada, envolvendo o acesso aos diversos serviços sociais.
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
psicoativos, tóxicos e radioativos;
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele
TÍTULO II
compreendido o do trabalho. DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR

Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, pres-


LEI 8.080/90 tados por órgãos e instituições públicas federais, esta-
duais e municipais, da Administração direta e indireta e
das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o
Sistema Único de Saúde (SUS).
LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990 § 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as institui-
ções públicas federais, estaduais e municipais de controle
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção de qualidade, pesquisa e produção de insumos, medica-
e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento mentos, inclusive de sangue e hemoderivados, e de equi-
dos serviços correspondentes e dá outras providências. pamentos para saúde.
O papel da Lei nº 8.080/1990 é regular o direito à saú- § 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema
de, constitucionalmente garantindo, prevendo a organiza- Único de Saúde (SUS), em caráter complementar.
ção e o funcionamento do Sistema Único de Saúde – SUS. SUS = Formado por instituições públicas (administra-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con- ção direta e indireta) das três esferas de federação.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: Iniciativa privada – caráter complementar – atua na
falta de instituição pública com capacidade para atender
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR demanda total, mediante convênios.

Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as CAPÍTULO I


ações e serviços de saúde, executados isolada ou conjun- Dos Objetivos e Atribuições
tamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas
Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:
naturais ou jurídicas de direito Público ou privado.
I - a identificação e divulgação dos fatores condicio-
nantes e determinantes da saúde;
TÍTULO I
II - a formulação de política de saúde destinada a pro-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
mover, nos campos econômico e social, a observância do
disposto no § 1º do art. 2º desta lei;
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser huma- III - a assistência às pessoas por intermédio de ações
no, devendo o Estado prover as condições indispensáveis de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a rea-
ao seu pleno exercício. lização integrada das ações assistenciais e das atividades
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na preventivas.
formulação e execução de políticas econômicas e sociais Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do
que visem à redução de riscos de doenças e de outros Sistema Único de Saúde (SUS):
agravos e no estabelecimento de condições que assegu- I - a execução de ações:
rem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços a) de vigilância sanitária;
para a sua promoção, proteção e recuperação. b) de vigilância epidemiológica;
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da fa- c) de saúde do trabalhador; e
mília, das empresas e da sociedade. d) de assistência terapêutica integral, inclusive farma-
cêutica;

2
CONHECIMENTOS DO SUS

II - a participação na formulação da política e na execu- V - informação ao trabalhador e à sua respectiva enti-


ção de ações de saneamento básico; dade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de
III - a ordenação da formação de recursos humanos na trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os
área de saúde; resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames
IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar; de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeita-
V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele dos os preceitos da ética profissional;
compreendido o do trabalho; VI - participação na normatização, fiscalização e con-
VI - a formulação da política de medicamentos, equi- trole dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições
pamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse e empresas públicas e privadas;
para a saúde e a participação na sua produção; VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças
VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e originadas no processo de trabalho, tendo na sua elabora-
substâncias de interesse para a saúde; ção a colaboração das entidades sindicais; e
VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de re-
VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e
querer ao órgão competente a interdição de máquina, de
bebidas para consumo humano;
setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando
IX - a participação no controle e na fiscalização da
houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos
produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e
trabalhadores.
produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; O destaque vai para o fato de que as ações do SUS não
X - o incremento, em sua área de atuação, do desen- se resumem à cura e à prevenção de doenças, se estenden-
volvimento científico e tecnológico; do a diversas áreas que impactam direta e indiretamente
XI - a formulação e execução da política de sangue e na saúde individual e coletiva.
seus derivados.
§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de CAPÍTULO II
ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde Dos Princípios e Diretrizes
e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio
ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os ser-
de serviços de interesse da saúde, abrangendo: viços privados contratados ou conveniados que integram o
I - o controle de bens de consumo que, direta ou in- Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acor-
diretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas do com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição
todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios:
II - o controle da prestação de serviços que se relacio- I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em
nam direta ou indiretamente com a saúde. todos os níveis de assistência;
§ 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um con- II - integralidade de assistência, entendida como con-
junto de ações que proporcionam o conhecimento, a de- junto articulado e contínuo das ações e serviços preventi-
tecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores vos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada
determinantes e condicionantes de saúde individual ou co- caso em todos os níveis de complexidade do sistema;
letiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas III - preservação da autonomia das pessoas na defesa
de prevenção e controle das doenças ou agravos. de sua integridade física e moral;
§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos
desta lei, um conjunto de atividades que se destina, através ou privilégios de qualquer espécie;
V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre
das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sani-
sua saúde;
tária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores,
VI - divulgação de informações quanto ao potencial
assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos
dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário;
trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos
VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimen-
das condições de trabalho, abrangendo: to de prioridades, a alocação de recursos e a orientação
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de programática;
trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho; VIII - participação da comunidade;
II - participação, no âmbito de competência do Sistema IX - descentralização político-administrativa, com dire-
Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e ção única em cada esfera de governo:
controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes a) ênfase na descentralização dos serviços para os mu-
no processo de trabalho; nicípios;
III - participação, no âmbito de competência do Siste- b) regionalização e hierarquização da rede de serviços
ma Único de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e de saúde;
controle das condições de produção, extração, armazena- X - integração em nível executivo das ações de saúde,
mento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, meio ambiente e saneamento básico;
de produtos, de máquinas e de equipamentos que apre- XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos,
sentam riscos à saúde do trabalhador; materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Fe-
IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam deral e dos Municípios na prestação de serviços de assis-
à saúde; tência à saúde da população;

3
CONHECIMENTOS DO SUS

XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de in-
níveis de assistência; e tegração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino
XIII - organização dos serviços públicos de modo a evi- profissional e superior.
tar duplicidade de meios para fins idênticos. Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finali-
XIV - organização de atendimento público específico dade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação
e especializado para mulheres e vítimas de violência do- e educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único
méstica em geral, que garanta, entre outros, atendimento, de Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em rela-
acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas repa- ção à pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições.
radoras, em conformidade com a Lei nº 12.845, de 1º de Art. 14-A.  As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são
agosto de 2013.  reconhecidas como foros de negociação e pactuação entre gestores,
Os princípios do SUS foram anteriormente abordados quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de Saúde (SUS). 
no tópico 1. Parágrafo único.  A atuação das Comissões Intergestores Bi-
partite e Tripartite terá por objetivo: 
I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e ad-
CAPÍTULO III
ministrativos da gestão compartilhada do SUS, em conformida-
Da Organização, da Direção e da Gestão
de com a definição da política consubstanciada em planos de
saúde, aprovados pelos conselhos de saúde; 
Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermu-
Sistema Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou me- nicipal, a respeito da organização das redes de ações e serviços
diante participação complementar da iniciativa privada, de saúde, principalmente no tocante à sua governança institu-
serão organizados de forma regionalizada e hierarquizada cional e à integração das ações e serviços dos entes federados; 
em níveis de complexidade crescente. III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sani-
Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é tário, integração de territórios, referência e contrarreferência e
única, de acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição demais aspectos vinculados à integração das ações e serviços de
Federal, sendo exercida em cada esfera de governo pelos saúde entre os entes federados. 
seguintes órgãos: Art. 14-B.  O Conselho Nacional de Secretários de Saúde
I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde; (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de
II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela Saúde (Conasems) são reconhecidos como entidades representa-
respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e tivas dos entes estaduais e municipais para tratar de matérias re-
III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secreta- ferentes à saúde e declarados de utilidade pública e de relevante
ria de Saúde ou órgão equivalente. função social, na forma do regulamento. 
Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios § 1o  O Conass e o Conasems receberão recursos do orça-
para desenvolver em conjunto as ações e os serviços de mento geral da União por meio do Fundo Nacional de Saúde,
saúde que lhes correspondam. para auxiliar no custeio de suas despesas institucionais, podendo
§ 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermu- ainda celebrar convênios com a União. 
nicipais o princípio da direção única, e os respectivos atos § 2o  Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Co-
constitutivos disporão sobre sua observância. sems) são reconhecidos como entidades que representam os
§ 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde entes municipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias
(SUS), poderá organizar-se em distritos de forma a integrar referentes à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao
e articular recursos, técnicas e práticas voltadas para a co- Conasems, na forma que dispuserem seus estatutos. 
“A proposta de construção de redes regionalizadas e hierar-
bertura total das ações de saúde.
quizadas de atenção à saúde não é peculiar ao caso brasileiro.
Art. 11. (Vetado).
Essa é uma estratégia utilizada por todos os países que implan-
Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbi-
taram sistemas de saúde com base nos princípios de universa-
to nacional, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, lidade, equidade e integralidade, como Canadá, Reino Unido,
integradas pelos Ministérios e órgãos competentes e por Itália e Suécia. A regionalização e a hierarquização também são
entidades representativas da sociedade civil. diretrizes antigas para o Brasil, estando presentes em várias ex-
Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a periências de reordenamento do sistema de saúde, mesmo an-
finalidade de articular políticas e programas de interesse tes da criação do SUS. No entanto, é somente no bojo do mo-
para a saúde, cuja execução envolva áreas não compreen- vimento sanitário, que desembocou na Constituição Federal de
didas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 1988, que essas diretrizes assumem papel estratégico na política
Art. 13. A articulação das políticas e programas, a car- nacional, tendo como objetivo garantir o acesso da população às
go das comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as ações e aos serviços de saúde de forma integral e equânime. A
seguintes atividades: construção de redes de atenção à saúde representa um desafio
I - alimentação e nutrição; de enorme complexidade. Envolve uma série de questões, que
II - saneamento e meio ambiente; vão desde o ‘desenho’ das próprias redes – incluindo a definição
III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia; dos vários equipamentos sociais e serviços de saúde que a com-
IV - recursos humanos; põem, suas diferentes funções, finalidades e modos de organiza-
V - ciência e tecnologia; e ção e funcionamento, as formas de articulação e coordenação
VI - saúde do trabalhador. das ações desenvolvidas, entre outros – até os mecanismos de
estruturação e gestão do cuidado à saúde”.

4
CONHECIMENTOS DO SUS

CAPÍTULO IV XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde;


Da Competência e das Atribuições XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e
Seção I fiscalização inerentes ao poder de polícia sanitária;
Das Atribuições Comuns XXI - fomentar, coordenar e executar programas e pro-
jetos estratégicos e de atendimento emergencial.
Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios exercerão, em seu âmbito administrativo, as se- Seção II
guintes atribuições: Da Competência
I - definição das instâncias e mecanismos de controle,
avaliação e de fiscalização das ações e serviços de saúde; Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde
II - administração dos recursos orçamentários e finan- (SUS) compete:
ceiros destinados, em cada ano, à saúde; I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e
III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível nutrição;
de saúde da população e das condições ambientais; II - participar na formulação e na implementação das
IV - organização e coordenação do sistema de infor- políticas:
mação de saúde; a) de controle das agressões ao meio ambiente;
V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento b) de saneamento básico; e
de padrões de qualidade e parâmetros de custos que ca- c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho;
racterizam a assistência à saúde; III - definir e coordenar os sistemas:
VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento a) de redes integradas de assistência de alta comple-
de padrões de qualidade para promoção da saúde do tra- xidade;
balhador; b) de rede de laboratórios de saúde pública;
VII - participação de formulação da política e da exe- c) de vigilância epidemiológica; e
cução das ações de saneamento básico e colaboração na d) vigilância sanitária;
proteção e recuperação do meio ambiente; IV - participar da definição de normas e mecanismos
VIII - elaboração e atualização periódica do plano de de controle, com órgão afins, de agravo sobre o meio am-
saúde; biente ou dele decorrentes, que tenham repercussão na
IX - participação na formulação e na execução da polí- saúde humana;
tica de formação e desenvolvimento de recursos humanos V - participar da definição de normas, critérios e pa-
para a saúde; drões para o controle das condições e dos ambientes de
X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema trabalho e coordenar a política de saúde do trabalhador;
Único de Saúde (SUS), de conformidade com o plano de VI - coordenar e participar na execução das ações de
saúde; vigilância epidemiológica;
XI - elaboração de normas para regular as atividades VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitá-
de serviços privados de saúde, tendo em vista a sua rele- ria de portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução
vância pública; ser complementada pelos Estados, Distrito Federal e Mu-
XII - realização de operações externas de natureza fi- nicípios;
nanceira de interesse da saúde, autorizadas pelo Senado VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para
Federal; o controle da qualidade sanitária de produtos, substâncias
XIII - para atendimento de necessidades coletivas, ur- e serviços de consumo e uso humano;
gentes e transitórias, decorrentes de situações de perigo IX - promover articulação com os órgãos educacionais
iminente, de calamidade pública ou de irrupção de epide- e de fiscalização do exercício profissional, bem como com
mias, a autoridade competente da esfera administrativa entidades representativas de formação de recursos huma-
correspondente poderá requisitar bens e serviços, tanto de nos na área de saúde;
pessoas naturais como de jurídicas, sendo-lhes assegurada X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na
justa indenização; execução da política nacional e produção de insumos e
XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, equipamentos para a saúde, em articulação com os demais
Componentes e Derivados; órgãos governamentais;
XV - propor a celebração de convênios, acordos e XI - identificar os serviços estaduais e municipais de
protocolos internacionais relativos à saúde, saneamento e referência nacional para o estabelecimento de padrões téc-
meio ambiente; nicos de assistência à saúde;
XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e
proteção e recuperação da saúde; substâncias de interesse para a saúde;
XVII - promover articulação com os órgãos de fiscaliza- XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Esta-
ção do exercício profissional e outras entidades represen- dos, ao Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoa-
tativas da sociedade civil para a definição e controle dos mento da sua atuação institucional;
padrões éticos para pesquisa, ações e serviços de saúde; XIV - elaborar normas para regular as relações entre o
XVIII - promover a articulação da política e dos planos Sistema Único de Saúde (SUS) e os serviços privados con-
de saúde; tratados de assistência à saúde;

5
CONHECIMENTOS DO SUS

XV - promover a descentralização para as Unidades Fe- XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos
deradas e para os Municípios, dos serviços e ações de saú- indicadores de morbidade e mortalidade no âmbito da uni-
de, respectivamente, de abrangência estadual e municipal; dade federada.
XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde
Nacional de Sangue, Componentes e Derivados; (SUS) compete:
XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os
serviços de saúde, respeitadas as competências estaduais serviços de saúde e gerir e executar os serviços públicos
e municipais; de saúde;
XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional II - participar do planejamento, programação e orga-
no âmbito do SUS, em cooperação técnica com os Estados, nização da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema
Municípios e Distrito Federal; Único de Saúde (SUS), em articulação com sua direção es-
XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e tadual;
coordenar a avaliação técnica e financeira do SUS em todo III - participar da execução, controle e avaliação das
o Território Nacional em cooperação técnica com os Esta- ações referentes às condições e aos ambientes de trabalho;
dos, Municípios e Distrito Federal.  IV - executar serviços:
Parágrafo único. A União poderá executar ações de vi- a) de vigilância epidemiológica;
gilância epidemiológica e sanitária em circunstâncias espe- b) vigilância sanitária;
ciais, como na ocorrência de agravos inusitados à saúde, c) de alimentação e nutrição;
que possam escapar do controle da direção estadual do d) de saneamento básico; e
Sistema Único de Saúde (SUS) ou que representem risco de e) de saúde do trabalhador;
disseminação nacional. V - dar execução, no âmbito municipal, à política de
Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saú- insumos e equipamentos para a saúde;
de (SUS) compete: VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio
I - promover a descentralização para os Municípios dos ambiente que tenham repercussão sobre a saúde humana
serviços e das ações de saúde;
e atuar, junto aos órgãos municipais, estaduais e federais
II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarqui-
competentes, para controlá-las;
zadas do Sistema Único de Saúde (SUS);
VII - formar consórcios administrativos intermunicipais;
III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e
VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocen-
executar supletivamente ações e serviços de saúde;
tros;
IV - coordenar e, em caráter complementar, executar
IX - colaborar com a União e os Estados na execução
ações e serviços:
da vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;
a) de vigilância epidemiológica;
X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar
b) de vigilância sanitária;
c) de alimentação e nutrição; e contratos e convênios com entidades prestadoras de ser-
d) de saúde do trabalhador; viços privados de saúde, bem como controlar e avaliar sua
V - participar, junto com os órgãos afins, do controle execução;
dos agravos do meio ambiente que tenham repercussão XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços
na saúde humana; privados de saúde;
VI - participar da formulação da política e da execução XII - normatizar complementarmente as ações e servi-
de ações de saneamento básico; ços públicos de saúde no seu âmbito de atuação.
VII - participar das ações de controle e avaliação das
condições e dos ambientes de trabalho; Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições
VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acom- reservadas aos Estados e aos Municípios.
panhar e avaliar a política de insumos e equipamentos para
a saúde; CAPÍTULO V
IX - identificar estabelecimentos hospitalares de refe- Do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena
rência e gerir sistemas públicos de alta complexidade, de
referência estadual e regional; Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para
X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde o atendimento das populações indígenas, em todo o terri-
pública e hemocentros, e gerir as unidades que permane- tório nacional, coletiva ou individualmente, obedecerão ao
çam em sua organização administrativa; disposto nesta Lei. 
XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à
o controle e avaliação das ações e serviços de saúde; Saúde Indígena, componente do Sistema Único de Saúde –
XII - formular normas e estabelecer padrões, em cará- SUS, criado e definido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28
ter suplementar, de procedimentos de controle de qualida- de dezembro de 1990, com o qual funcionará em perfeita
de para produtos e substâncias de consumo humano; integração. 
XIII - colaborar com a União na execução da vigilância Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios,
sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; financiar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. 

6
CONHECIMENTOS DO SUS

Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsis- CAPÍTULO VII


tema instituído por esta Lei com os órgãos responsáveis DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO DU-
pela Política Indígena do País.  RANTE O TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-PARTO
Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições IMEDIATO
governamentais e não-governamentais poderão atuar
complementarmente no custeio e execução das ações.  Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de
Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em con- Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada, ficam obri-
sideração a realidade local e as especificidades da cultura gados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um)
dos povos indígenas e o modelo a ser adotado para a aten- acompanhante durante todo o período de trabalho de par-
ção à saúde indígena, que se deve pautar por uma abor- to, parto e pós-parto imediato. 
dagem diferenciada e global, contemplando os aspectos § 1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo
de assistência à saúde, saneamento básico, nutrição, ha- será indicado pela parturiente. 
§ 2o As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício
bitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação
dos direitos de que trata este artigo constarão do regula-
sanitária e integração institucional. 
mento da lei, a ser elaborado pelo órgão competente do
Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena
Poder Executivo. 
deverá ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e
§ 3o Ficam os hospitais de todo o País obrigados a
regionalizado.  manter, em local visível de suas dependências, aviso infor-
§ 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo mando sobre o direito estabelecido no caput deste artigo. 
terá como base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. 
§ 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao Sub- Art. 19-L. (VETADO) 
sistema de Atenção à Saúde Indígena, devendo, para isso,
ocorrer adaptações na estrutura e organização do SUS nas CAPÍTULO VIII
regiões onde residem as populações indígenas, para propi- DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA INCORPORA-
ciar essa integração e o atendimento necessário em todos ÇÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE
os níveis, sem discriminações. 
§ 3o As populações indígenas devem ter acesso garan- Art. 19-M.  A assistência terapêutica integral a que se
tido ao SUS, em âmbito local, regional e de centros espe- refere a alínea d do inciso I do art. 6o consiste em: 
cializados, de acordo com suas necessidades, compreen- I - dispensação de medicamentos e produtos de inte-
dendo a atenção primária, secundária e terciária à saúde.  resse para a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade
Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a par- com as diretrizes terapêuticas definidas em protocolo clíni-
ticipar dos organismos colegiados de formulação, acom- co para a doença ou o agravo à saúde a ser tratado ou, na
panhamento e avaliação das políticas de saúde, tais como falta do protocolo, em conformidade com o disposto no
o Conselho Nacional de Saúde e os Conselhos Estaduais e art. 19-P;
Municipais de Saúde, quando for o caso.  II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime
domiciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas
CAPÍTULO VI elaboradas pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde
DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO E INTERNA- - SUS, realizados no território nacional por serviço próprio,
ÇÃO DOMICILIAR conveniado ou contratado.
Art. 19-N.  Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são
Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema adotadas as seguintes definições: 
I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próte-
Único de Saúde, o atendimento domiciliar e a internação
ses, bolsas coletoras e equipamentos médicos; 
domiciliar. 
II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documen-
§ 1o Na modalidade de assistência de atendimento e
to que estabelece critérios para o diagnóstico da doença
internação domiciliares incluem-se, principalmente, os pro-
ou do agravo à saúde; o tratamento preconizado, com os
cedimentos médicos, de enfermagem, fisioterapêuticos, medicamentos e demais produtos apropriados, quando
psicológicos e de assistência social, entre outros necessá- couber; as posologias recomendadas; os mecanismos de
rios ao cuidado integral dos pacientes em seu domicílio.  controle clínico; e o acompanhamento e a verificação dos
§ 2o O atendimento e a internação domiciliares serão resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores
realizados por equipes multidisciplinares que atuarão nos do SUS.
níveis da medicina preventiva, terapêutica e reabilitadora.  Art. 19-O.  Os protocolos clínicos e as diretrizes tera-
§ 3o O atendimento e a internação domiciliares só po- pêuticas deverão estabelecer os medicamentos ou produ-
derão ser realizados por indicação médica, com expressa tos necessários nas diferentes fases evolutivas da doença
concordância do paciente e de sua família.  ou do agravo à saúde de que tratam, bem como aqueles
indicados em casos de perda de eficácia e de surgimento
de intolerância ou reação adversa relevante, provocadas
pelo medicamento, produto ou procedimento de primeira
escolha.

7
CONHECIMENTOS DO SUS

Parágrafo único.  Em qualquer caso, os medicamentos II - (VETADO);


ou produtos de que trata o caput deste artigo serão aque- III - realização de consulta pública que inclua a divulga-
les avaliados quanto à sua eficácia, segurança, efetividade ção do parecer emitido pela Comissão Nacional de Incor-
e custo-efetividade para as diferentes fases evolutivas da poração de Tecnologias no SUS;
doença ou do agravo à saúde de que trata o protocolo. IV - realização de audiência pública, antes da tomada
Art. 19-P.  Na falta de protocolo clínico ou de diretriz de decisão, se a relevância da matéria justificar o evento.
terapêutica, a dispensação será realizada: § 2o  (VETADO).
I - com base nas relações de medicamentos instituídas Art. 19-S.  (VETADO). 
pelo gestor federal do SUS, observadas as competências Art. 19-T.  São vedados, em todas as esferas de gestão
estabelecidas nesta Lei, e a responsabilidade pelo forneci- do SUS:
mento será pactuada na Comissão Intergestores Tripartite; I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de
II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de medicamento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico
forma suplementar, com base nas relações de medicamen-
experimental, ou de uso não autorizado pela Agência Na-
tos instituídas pelos gestores estaduais do SUS, e a respon-
cional de Vigilância Sanitária - ANVISA; 
sabilidade pelo fornecimento será pactuada na Comissão
II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o
Intergestores Bipartite;
reembolso de medicamento e produto, nacional ou impor-
III - no âmbito de cada Município, de forma suplemen-
tar, com base nas relações de medicamentos instituídas tado, sem registro na Anvisa.
pelos gestores municipais do SUS, e a responsabilidade
pelo fornecimento será pactuada no Conselho Municipal Art. 19-U.  A responsabilidade financeira pelo forne-
de Saúde. cimento de medicamentos, produtos de interesse para a
Art. 19-Q.  A incorporação, a exclusão ou a alteração saúde ou procedimentos de que trata este Capítulo será
pelo SUS de novos medicamentos, produtos e procedi- pactuada na Comissão Intergestores Tripartite.
mentos, bem como a constituição ou a alteração de pro-
tocolo clínico ou de diretriz terapêutica, são atribuições do TÍTULO III
Ministério da Saúde, assessorado pela Comissão Nacional DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙ-
de Incorporação de Tecnologias no SUS. DE
§ 1o  A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnolo- CAPÍTULO I
gias no SUS, cuja composição e regimento são definidos em Do Funcionamento
regulamento, contará com a participação de 1 (um) repre-
sentante indicado pelo Conselho Nacional de Saúde e de Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde
1 (um) representante, especialista na área, indicado pelo caracterizam-se pela atuação, por iniciativa própria, de
Conselho Federal de Medicina.  profissionais liberais, legalmente habilitados, e de pessoas
§ 2o  O relatório da Comissão Nacional de Incorporação jurídicas de direito privado na promoção, proteção e recu-
de Tecnologias no SUS levará em consideração, necessaria- peração da saúde.
mente:  Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurá- Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistên-
cia, a efetividade e a segurança do medicamento, produto cia à saúde, serão observados os princípios éticos e as nor-
ou procedimento objeto do processo, acatadas pelo órgão mas expedidas pelo órgão de direção do Sistema Único de
competente para o registro ou a autorização de uso;  Saúde (SUS) quanto às condições para seu funcionamento.
II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios Art. 23.  É permitida a participação direta ou indireta,
e dos custos em relação às tecnologias já incorporadas, in-
inclusive controle, de empresas ou de capital estrangeiro
clusive no que se refere aos atendimentos domiciliar, am-
na assistência à saúde nos seguintes casos:
bulatorial ou hospitalar, quando cabível.
I - doações de organismos internacionais vinculados à
Organização das Nações Unidas, de entidades de coopera-
Art. 19-R.  A incorporação, a exclusão e a alteração a
que se refere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a ins- ção técnica e de financiamento e empréstimos; 
tauração de processo administrativo, a ser concluído em II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operaciona-
prazo não superior a 180 (cento e oitenta) dias, contado lizar ou explorar:
da data em que foi protocolado o pedido, admitida a sua a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital espe-
prorrogação por 90 (noventa) dias corridos, quando as cir- cializado, policlínica, clínica geral e clínica especializada; e
cunstâncias exigirem. b) ações e pesquisas de planejamento familiar; 
§ 1o  O processo de que trata o caput deste artigo ob- III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrati-
servará, no que couber, o disposto na Lei no 9.784, de 29 va, por empresas, para atendimento de seus empregados e
de janeiro de 1999, e as seguintes determinações especiais: dependentes, sem qualquer ônus para a seguridade social;
I - apresentação pelo interessado dos documentos e, e 
se cabível, das amostras de produtos, na forma do regula- IV - demais casos previstos em legislação específica.
mento, com informações necessárias para o atendimento
do disposto no § 2o do art. 19-Q;

8
CONHECIMENTOS DO SUS

CAPÍTULO II Art. 29. (Vetado).


Da Participação Complementar Art. 30. As especializações na forma de treinamento em
serviço sob supervisão serão regulamentadas por Comis-
Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficien- são Nacional, instituída de acordo com o art. 12 desta Lei,
tes para garantir a cobertura assistencial à população de uma garantida a participação das entidades profissionais cor-
determinada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá re- respondentes.
correr aos serviços ofertados pela iniciativa privada.
Parágrafo único. A participação complementar dos servi- TÍTULO V
ços privados será formalizada mediante contrato ou convênio, DO FINANCIAMENTO
observadas, a respeito, as normas de direito público. CAPÍTULO I
Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filan- Dos Recursos
trópicas e as sem fins lucrativos terão preferência para partici-
par do Sistema Único de Saúde (SUS).
Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará
Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de servi-
ao Sistema Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita
ços e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabele-
estimada, os recursos necessários à realização de suas fina-
cidos pela direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS),
lidades, previstos em proposta elaborada pela sua direção
aprovados no Conselho Nacional de Saúde.
§ 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de nacional, com a participação dos órgãos da Previdência So-
pagamento da remuneração aludida neste artigo, a direção na- cial e da Assistência Social, tendo em vista as metas e prio-
cional do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fundamentar ridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
seu ato em demonstrativo econômico-financeiro que garanta Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos
a efetiva qualidade de execução dos serviços contratados. provenientes de:
§ 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas téc- I - (Vetado)
nicas e administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da
Único de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e finan- assistência à saúde;
ceiro do contrato. III - ajuda, contribuições, doações e donativos;
§ 3° (Vetado). IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital;
§ 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de enti- V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos ar-
dades ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia recadados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e
ou função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS). VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais.
§ 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade
TÍTULO IV da receita de que trata o inciso I deste artigo, apurada men-
DOS RECURSOS HUMANOS salmente, a qual será destinada à recuperação de viciados.
§ 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de
Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde Saúde (SUS) serão creditadas diretamente em contas espe-
será formalizada e executada, articuladamente, pelas diferen- ciais, movimentadas pela sua direção, na esfera de poder
tes esferas de governo, em cumprimento dos seguintes obje- onde forem arrecadadas.
tivos: § 3º As ações de saneamento que venham a ser executa-
I - organização de um sistema de formação de recursos das supletivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), se-
humanos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-gra- rão financiadas por recursos tarifários específicos e outros da
duação, além da elaboração de programas de permanente
União, Estados, Distrito Federal, Municípios e, em particular,
aperfeiçoamento de pessoal;
do Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
II - (Vetado)
§ 4º (Vetado).
III - (Vetado)
§ 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento cientí-
IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sis-
tema Único de Saúde (SUS). fico e tecnológico em saúde serão co-financiadas pelo Siste-
Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sis- ma Único de Saúde (SUS), pelas universidades e pelo orça-
tema Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática para mento fiscal, além de recursos de instituições de fomento
ensino e pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas e financiamento ou de origem externa e receita própria das
conjuntamente com o sistema educacional. instituições executoras.
Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e asses- § 6º (Vetado).
soramento, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), só
poderão ser exercidas em regime de tempo integral. CAPÍTULO II
§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos Da Gestão Financeira
ou empregos poderão exercer suas atividades em mais de um
estabelecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de
§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também Saúde (SUS) serão depositados em conta especial, em cada
aos servidores em regime de tempo integral, com exceção dos esfera de sua atuação, e movimentados sob fiscalização
ocupantes de cargos ou função de chefia, direção ou assesso- dos respectivos Conselhos de Saúde.
ramento.

9
CONHECIMENTOS DO SUS

§ 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originá- CAPÍTULO III


rios do Orçamento da Seguridade Social, de outros Orça- Do Planejamento e do Orçamento
mentos da União, além de outras fontes, serão administra-
dos pelo Ministério da Saúde, através do Fundo Nacional Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do
de Saúde. Sistema Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível
§ 2º (Vetado). local até o federal, ouvidos seus órgãos deliberativos, com-
§ 3º (Vetado). patibilizando-se as necessidades da política de saúde com
§ 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de a disponibilidade de recursos em planos de saúde dos Mu-
seu sistema de auditoria, a conformidade à programação nicípios, dos Estados, do Distrito Federal e da União.
aprovada da aplicação dos recursos repassados a Estados e § 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e
Municípios. Constatada a malversação, desvio ou não apli- programações de cada nível de direção do Sistema Único
cação dos recursos, caberá ao Ministério da Saúde aplicar as de Saúde (SUS), e seu financiamento será previsto na res-
pectiva proposta orçamentária.
medidas previstas em lei.
§ 2º É vedada a transferência de recursos para o finan-
Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição
ciamento de ações não previstas nos planos de saúde, ex-
da receita efetivamente arrecadada transferirão automa-
ceto em situações emergenciais ou de calamidade pública,
ticamente ao Fundo Nacional de Saúde (FNS), observado
na área de saúde.
o critério do parágrafo único deste artigo, os recursos fi- Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as
nanceiros correspondentes às dotações consignadas no diretrizes a serem observadas na elaboração dos planos de
Orçamento da Seguridade Social, a projetos e atividades saúde, em função das características epidemiológicas e da
a serem executados no âmbito do Sistema Único de Saúde organização dos serviços em cada jurisdição administrativa.
(SUS). Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções
Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financei- e auxílios a instituições prestadoras de serviços de saúde
ros da Seguridade Social será observada a mesma propor- com finalidade lucrativa.
ção da despesa prevista de cada área, no Orçamento da
Seguridade Social. DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem Art. 39. (Vetado).


transferidos a Estados, Distrito Federal e Municípios, será § 1º (Vetado).
utilizada a combinação dos seguintes critérios, segundo § 2º (Vetado).
análise técnica de programas e projetos: § 3º (Vetado).
I - perfil demográfico da região; § 4º (Vetado).
II - perfil epidemiológico da população a ser coberta; § 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do
III - características quantitativas e qualitativas da rede Inamps para órgãos integrantes do Sistema Único de Saú-
de saúde na área; de (SUS) será feita de modo a preservá-los como patrimô-
IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no nio da Seguridade Social.
período anterior; § 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão
V - níveis de participação do setor saúde nos orçamen- inventariados com todos os seus acessórios, equipamentos e
tos estaduais e municipais; outros bens móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo
VI - previsão do plano quinquenal de investimentos da órgão de direção municipal do Sistema Único de Saúde -
rede; SUS ou, eventualmente, pelo estadual, em cuja circunscri-
ção administrativa se encontrem, mediante simples termo
VII - ressarcimento do atendimento a serviços presta-
de recebimento.
dos para outras esferas de governo.
§ 7º (Vetado).
§ 1º (Revogado)
§ 8º O acesso aos serviços de informática e bases de da-
§ 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notó-
dos, mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do
rio processo de migração, os critérios demográficos mencio- Trabalho e da Previdência Social, será assegurado às Secre-
nados nesta lei serão ponderados por outros indicadores de tarias Estaduais e Municipais de Saúde ou órgãos congêne-
crescimento populacional, em especial o número de eleitores res, como suporte ao processo de gestão, de forma a permitir
registrados. a gerencia informatizada das contas e a disseminação de
§ 3º (Vetado). estatísticas sanitárias e epidemiológicas médico-hospitala-
§ 4º (Vetado). res.
§ 5º (Vetado). Art. 40. (Vetado)
§ 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pio-
atuação dos órgãos de controle interno e externo e nem a neiras Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, supervi-
aplicação de penalidades previstas em lei, em caso de irre- sionadas pela direção nacional do Sistema Único de Saúde
gularidades verificadas na gestão dos recursos transferidos. (SUS), permanecerão como referencial de prestação de ser-
viços, formação de recursos humanos e para transferência
de tecnologia.

10
CONHECIMENTOS DO SUS

Art. 42. (Vetado).


Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica
preservada nos serviços públicos contratados, ressalvando-se LEI 8.142/90
as cláusulas dos contratos ou convênios estabelecidos com as
entidades privadas.
Art. 44. (Vetado). Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão
Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferên-
de ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), me- cias intergovernamentais de recursos financeiros na área
diante convênio, preservada a sua autonomia administrativa, da saúde e dá outras providências.
em relação ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros,
ensino, pesquisa e extensão nos limites conferidos pelas insti- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
tuições a que estejam vinculados. gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
§ 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais
de previdência social deverão integrar-se à direção correspon- Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a
dente do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu âmbito de Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada
atuação, bem como quaisquer outros órgãos e serviços de saúde. esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder Le-
§ 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os ser- gislativo, com as seguintes instâncias colegiadas:
viços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se ao Sis- I - a Conferência de Saúde; e
tema Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em convênio II - o Conselho de Saúde.
que, para esse fim, for firmado. § 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada
Art. 46. O Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá me- quatro anos com a representação dos vários segmen-
canismos de incentivos à participação do setor privado no in- tos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as
vestimento em ciência e tecnologia e estimulará a transferência diretrizes para a formulação da política de saúde nos ní-
de tecnologia das universidades e institutos de pesquisa aos veis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo
serviços de saúde nos Estados, Distrito Federal e Municípios, e ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de
às empresas nacionais. Saúde.
Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis § 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente
estaduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS), orga-
e deliberativo, órgão colegiado composto por represen-
nizará, no prazo de dois anos, um sistema nacional de informa-
tantes do governo, prestadores de serviço, profissionais
ções em saúde, integrado em todo o território nacional, abran-
de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e
gendo questões epidemiológicas e de prestação de serviços.
no controle da execução da política de saúde na instân-
Art. 48. (Vetado).
cia correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e
Art. 49. (Vetado).
financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe
Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Mu-
nicípios, celebrados para implantação dos Sistemas Unificados do poder legalmente constituído em cada esfera do go-
e Descentralizados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção verno.
que seu objeto for sendo absorvido pelo Sistema Único de § 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Co-
Saúde (SUS). nass) e o Conselho Nacional de Secretários Municipais de
Art. 51. (Vetado). Saúde (Conasems) terão representação no Conselho Na-
Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, consti- cional de Saúde.
tui crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas § 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saú-
(Código Penal, art. 315) a utilização de recursos financeiros do de e Conferências será paritária em relação ao conjunto
Sistema Único de Saúde (SUS) em finalidades diversas das pre- dos demais segmentos.
vistas nesta lei. § 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde
terão sua organização e normas de funcionamento de-
Art. 53. (Vetado). finidas em regimento próprio, aprovadas pelo respectivo
Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as conselho.
atividades de apoio à assistência à saúde são aquelas desen- Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS)
volvidas pelos laboratórios de genética humana, produção e serão alocados como:
fornecimento de medicamentos e produtos para saúde, labo- I - despesas de custeio e de capital do Ministério da
ratórios de analises clínicas, anatomia patológica e de diagnós- Saúde, seus órgãos e entidades, da administração direta e
tico por imagem e são livres à participação direta ou indireta de indireta;
empresas ou de capitais estrangeiros. II - investimentos previstos em lei orçamentária, de
Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. iniciativa do Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso
Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro de Nacional;
1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais disposi- III - investimentos previstos no Plano Quinquenal do
ções em contrário. Ministério da Saúde;
IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem
Brasília, 19 de setembro de 1990; 169º da Independência e implementados pelos Municípios, Estados e Distrito Fede-
102º da República. ral.

11
CONHECIMENTOS DO SUS

Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV


deste artigo destinar-se-ão a investimentos na rede de DECRETO NO. 7508/2011
serviços, à cobertura assistencial ambulatorial e hospitalar
e às demais ações de saúde.
Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° des-
ta lei serão repassados de forma regular e automática Regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990,
para os Municípios, Estados e Distrito Federal, de acor- para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde
do com os critérios previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a arti-
19 de setembro de 1990. culação interfederativa, e dá outras providências.
§ 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que
critérios previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de se-
lhe confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista
tembro de 1990, será utilizado, para o repasse de recursos,
o disposto na Lei nº 8.080, 19 de setembro de 1990, DECRETA:
exclusivamente o critério estabelecido no § 1° do mesmo
artigo. CAPÍTULO I
§ 2° Os recursos referidos neste artigo serão destina- DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
dos, pelo menos setenta por cento, aos Municípios,
afetando-se o restante aos Estados. Art. 1o  Este Decreto regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de
§ 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Siste-
execução de ações e serviços de saúde, remanejando, en- ma Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assis-
tre si, parcelas de recursos previstos no inciso IV do art. 2° tência à saúde e a articulação interfederativa. 
desta lei. Art. 2o  Para efeito deste Decreto, considera-se:
Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo consti-
3° desta lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Fede- tuído por agrupamentos de Municípios limítrofes, delimitado a
ral deverão contar com: partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes
I - Fundo de Saúde; de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados,
II - Conselho de Saúde, com composição paritária de com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a
acordo com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990; execução de ações e serviços de saúde;
III - plano de saúde; II - Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde - acor-
do de colaboração firmado entre entes federativos com a fina-
IV - relatórios de gestão que permitam o controle de
lidade de organizar e integrar as ações e serviços de saúde na
que trata o § 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setem-
rede regionalizada e hierarquizada, com definição de responsa-
bro de 1990; bilidades, indicadores e metas de saúde, critérios de avaliação
V - contrapartida de recursos para a saúde no res- de desempenho, recursos financeiros que serão disponibilizados,
pectivo orçamento; forma de controle e fiscalização de sua execução e demais ele-
VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, mentos necessários à implementação integrada das ações e
Cargos e Salários (PCCS), previsto o prazo de dois anos serviços de saúde;
para sua implantação. III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à
Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, saúde do usuário no SUS;
ou pelos Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos IV - Comissões Intergestores - instâncias de pactuação
estabelecidos neste artigo, implicará em que os recursos consensual entre os entes federativos para definição das re-
concernentes sejam administrados, respectivamente, pe- gras da gestão compartilhada do SUS;
los Estados ou pela União. V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distribuição
Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria de recursos humanos e de ações e serviços de saúde ofertados
do Ministro de Estado, autorizado a estabelecer condições pelo SUS e pela iniciativa privada, considerando-se a capacida-
para aplicação desta lei. de instalada existente, os investimentos e o desempenho aferido
Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publica- a partir dos indicadores de saúde do sistema;
ção. VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços
de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.
a finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde;
VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto - serviços de saúde
Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169° da Indepen- específicos para o atendimento da pessoa que, em razão de agra-
dência e 102° da República. vo ou de situação laboral, necessita de atendimento especial; e
VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica - documen-
O tópico 2 deste material, ao tratar do controle social to que estabelece: critérios para o diagnóstico da doença ou
do SUS, detalha aspectos teóricos abrangidos por esta lei. do agravo à saúde; o tratamento preconizado, com os medica-
mentos e demais produtos apropriados, quando couber; as po-
sologias recomendadas; os mecanismos de controle clínico; e o
acompanhamento e a verificação dos resultados terapêuticos, a
serem seguidos pelos gestores do SUS. 

12
CONHECIMENTOS DO SUS

CAPÍTULO II IV - especiais de acesso aberto. 


DA ORGANIZAÇÃO DO SUS Parágrafo  único.   Mediante justificativa técnica e de
acordo com o pactuado nas Comissões Intergestores, os
Art. 3o  O SUS é constituído pela conjugação das ações entes federativos poderão criar novas Portas de Entrada às
e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde ações e serviços de saúde, considerando as características
executados pelos entes federativos, de forma direta ou in- da Região de Saúde.
direta, mediante a participação complementar da iniciativa Art. 10.  Os serviços de atenção hospitalar e os ambula-
privada, sendo organizado de forma regionalizada e hie- toriais especializados, entre outros de maior complexidade
rarquizada.  e densidade tecnológica, serão referenciados pelas Portas
de Entrada de que trata o art. 9o. 
Seção I Art. 11.  O acesso universal e igualitário às ações e aos
Das Regiões de Saúde serviços de saúde será ordenado pela atenção primária e
deve ser fundado na avaliação da gravidade do risco indivi-
Art. 4o  As Regiões de Saúde serão instituídas pelo Esta- dual e coletivo e no critério cronológico, observadas as es-
do, em articulação com os Municípios, respeitadas as dire- pecificidades previstas para pessoas com proteção especial,
trizes gerais pactuadas na Comissão Intergestores Triparti- conforme legislação vigente. 
te - CIT a que se refere o inciso I do art. 30.  Parágrafo único.  A população indígena contará com re-
§ 1o  Poderão ser instituídas Regiões de Saúde interes- gramentos diferenciados de acesso, compatíveis com suas
taduais, compostas por Municípios limítrofes, por ato con- especificidades e com a necessidade de assistência integral
junto dos respectivos Estados em articulação com os Mu- à sua saúde, de acordo com disposições do Ministério da
nicípios.  Saúde. 
§ 2o  A instituição de Regiões de Saúde situadas em Art. 12.  Ao usuário será assegurada a continuidade do
áreas de fronteira com outros países deverá respeitar as cuidado em saúde, em todas as suas modalidades, nos ser-
normas que regem as relações internacionais.   viços, hospitais e em outras unidades integrantes da rede
Art. 5o  Para ser instituída, a Região de Saúde deve con- de atenção da respectiva região.  
ter, no mínimo, ações e serviços de: Parágrafo único.   As Comissões Intergestores pactua-
I - atenção primária; rão as regras de continuidade do acesso às ações e aos ser-
II - urgência e emergência; viços de saúde na respectiva área de atuação. 
III - atenção psicossocial; Art. 13.  Para assegurar ao usuário o acesso universal,
IV - atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e igualitário e ordenado às ações e serviços de saúde do SUS,
V - vigilância em saúde.  caberá aos entes federativos, além de outras atribuições
Parágrafo único.  A instituição das Regiões de Saúde que venham a ser pactuadas pelas Comissões Intergestores:
observará cronograma pactuado nas Comissões Interges- I - garantir a transparência, a integralidade e a equidade
tores.  no acesso às ações e aos serviços de saúde;
Art. 6o  As Regiões de Saúde serão referência para as II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos serviços
transferências de recursos entre os entes federativos.  de saúde;
Art. 7o  As Redes de Atenção à Saúde estarão com- III - monitorar o acesso às ações e aos serviços de saú-
preendidas no âmbito de uma Região de Saúde, ou de vá- de; e
rias delas, em consonância com diretrizes pactuadas nas IV - ofertar regionalmente as ações e os serviços de
Comissões Intergestores.  saúde.  
Parágrafo único.  Os entes federativos definirão os se- Art. 14.  O Ministério da Saúde disporá sobre critérios,
guintes elementos em relação às Regiões de Saúde: diretrizes, procedimentos e demais medidas que auxiliem
I - seus limites geográficos; os entes federativos no cumprimento das atribuições pre-
II - população usuária das ações e serviços; vistas no art. 13. 
III - rol de ações e serviços que serão ofertados; e
IV - respectivas responsabilidades, critérios de acessibi- CAPÍTULO III
lidade e escala para conformação dos serviços.  DO PLANEJAMENTO DA SAÚDE

Seção II Art. 15.  O processo de planejamento da saúde será as-


Da Hierarquização cendente e integrado, do nível local até o federal, ouvidos
os respectivos Conselhos de Saúde, compatibilizando-se as
Art. 8o  O acesso universal, igualitário e ordenado às necessidades das políticas de saúde com a disponibilidade
ações e serviços de saúde se inicia pelas Portas de Entrada de recursos financeiros. 
do SUS e se completa na rede regionalizada e hierarquizada, § 1o  O planejamento da saúde é obrigatório para os en-
de acordo com a complexidade do serviço.  tes públicos e será indutor de políticas para a iniciativa pri-
Art. 9o  São Portas de Entrada às ações e aos serviços de vada. 
saúde nas Redes de Atenção à Saúde os serviços: § 2o  A compatibilização de que trata o caput será efetua-
I - de atenção primária; da no âmbito dos planos de saúde, os quais serão resultado
II - de atenção de urgência e emergência; do planejamento integrado dos entes federativos, e deverão
III - de atenção psicossocial; e conter metas de saúde. 

13
CONHECIMENTOS DO SUS

§ 3o  O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as Seção II


diretrizes a serem observadas na elaboração dos planos de Da Relação Nacional de Medicamentos Essen-
saúde, de acordo com as características epidemiológicas e da ciais - RENAME
organização de serviços nos entes federativos e nas Regiões
de Saúde.   Art. 25.  A Relação Nacional de Medicamentos Essen-
Art. 16.  No planejamento devem ser considerados os ciais - RENAME compreende a seleção e a padronização de
serviços e as ações prestados pela iniciativa privada, de for- medicamentos indicados para atendimento de doenças ou
ma complementar ou não ao SUS, os quais deverão com- de agravos no âmbito do SUS.
por os Mapas da Saúde regional, estadual e nacional.  Parágrafo único.  A RENAME será acompanhada do
Art. 17.  O Mapa da Saúde será utilizado na identifica- Formulário Terapêutico Nacional - FTN que subsidiará a
ção das necessidades de saúde e orientará o planejamento prescrição, a dispensação e o uso dos seus medicamentos. 
integrado dos entes federativos, contribuindo para o esta- Art. 26.  O Ministério da Saúde é o órgão competen-
belecimento de metas de saúde.  te para dispor sobre a RENAME e os Protocolos Clínicos e
Art. 18.  O planejamento da saúde em âmbito estadual Diretrizes Terapêuticas em âmbito nacional, observadas as
deve ser realizado de maneira regionalizada, a partir das diretrizes pactuadas pela CIT. 
necessidades dos Municípios, considerando o estabeleci- Parágrafo único.  A cada dois anos, o Ministério da Saú-
mento de metas de saúde.  de consolidará e publicará as atualizações da RENAME, do
Art. 19.   Compete à Comissão Intergestores Biparti- respectivo FTN e dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Tera-
te - CIB de que trata o inciso II do art. 30 pactuar as etapas pêuticas. 
do processo e os prazos do planejamento municipal em Art. 27.  O Estado, o Distrito Federal e o Município po-
consonância com os planejamentos estadual e nacional.  derão adotar relações específicas e complementares de
medicamentos, em consonância com a RENAME, respeita-
CAPÍTULO IV das as responsabilidades dos entes pelo financiamento de
DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE medicamentos, de acordo com o pactuado nas Comissões
Intergestores.  
Art. 20.   A integralidade da assistência à saúde se inicia Art. 28.  O acesso universal e igualitário à assistência
e se completa na Rede de Atenção à Saúde, mediante re- farmacêutica pressupõe, cumulativamente:
ferenciamento do usuário na rede regional e interestadual, I - estar o usuário assistido por ações e serviços de saú-
conforme pactuado nas Comissões Intergestores. de do SUS;
II  -  ter o medicamento sido prescrito por profissional
de saúde, no exercício regular de suas funções no SUS;
Seção I III - estar a prescrição em conformidade com a RENA-
Da Relação Nacional de Ações e Serviços de Saú- ME e os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas ou
de - RENASES com a relação específica complementar estadual, distrital
ou municipal de medicamentos; e
Art. 21.  A Relação Nacional de Ações e Serviços de IV - ter a dispensação ocorrido em unidades indicadas
Saúde - RENASES compreende todas as ações e serviços pela direção do SUS. 
que o SUS oferece ao usuário para atendimento da integra- § 1o  Os entes federativos poderão ampliar o acesso do
lidade da assistência à saúde.  usuário à assistência farmacêutica, desde que questões de
Art. 22.   O Ministério da Saúde disporá sobre a RENA- saúde pública o justifiquem. 
SES em âmbito nacional, observadas as diretrizes pactua- § 2o   O Ministério da Saúde poderá estabelecer regras
das pela CIT.  diferenciadas de acesso a medicamentos de caráter especia-
Parágrafo único.  A cada dois anos, o Ministério da Saú- lizado. 
de consolidará e publicará as atualizações da RENASES.  Art. 29.  A RENAME e a relação específica complemen-
Art. 23.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os tar estadual, distrital ou municipal de medicamentos so-
Municípios pactuarão nas respectivas Comissões Interges- mente poderão conter produtos com registro na Agência
tores as suas responsabilidades em relação ao rol de ações Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA. 
e serviços constantes da RENASES. 
Art. 24.   Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios CAPÍTULO V
poderão adotar relações específicas e complementares de DA ARTICULAÇÃO INTERFEDERATIVA
ações e serviços de saúde, em consonância com a RENA- Seção I
SES, respeitadas as responsabilidades dos entes pelo seu Das Comissões Intergestores
financiamento, de acordo com o pactuado nas Comissões
Intergestores.  Art. 30.  As Comissões Intergestores pactuarão a orga-
nização e o funcionamento das ações e serviços de saúde
integrados em redes de atenção à saúde, sendo:
I - a CIT, no âmbito da União, vinculada ao Ministério
da Saúde para efeitos administrativos e operacionais;

14
CONHECIMENTOS DO SUS

II - a CIB, no âmbito do Estado, vinculada à Secretaria Parágrafo único.  O Contrato Organizativo de Ação Públi-
Estadual de Saúde para efeitos administrativos e operacio- ca da Saúde resultará da integração dos planos de saúde dos
nais; e entes federativos na Rede de Atenção à Saúde, tendo como
III - a Comissão Intergestores Regional - CIR, no âmbi- fundamento as pactuações estabelecidas pela CIT. 
to regional, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para Art. 35.  O Contrato Organizativo de Ação Pública da Saú-
efeitos administrativos e operacionais, devendo observar de definirá as responsabilidades individuais e solidárias dos
as diretrizes da CIB.  entes federativos com relação às ações e serviços de saúde,
Art. 31.  Nas Comissões Intergestores, os gestores pú- os indicadores e as metas de saúde, os critérios de avaliação
blicos de saúde poderão ser representados pelo Conselho de desempenho, os recursos financeiros que serão disponi-
Nacional de Secretários de Saúde - CONASS, pelo Conse- bilizados, a forma de controle e fiscalização da sua execução
lho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde - CONA- e demais elementos necessários à implementação integrada
SEMS e pelo Conselho Estadual de Secretarias Municipais das ações e serviços de saúde. 
de Saúde - COSEMS.  § 1o   O Ministério da Saúde definirá indicadores nacio-
Art. 32.  As Comissões Intergestores pactuarão: nais de garantia de acesso às ações e aos serviços de saúde no
I - aspectos operacionais, financeiros e administrativos âmbito do SUS, a partir de diretrizes estabelecidas pelo Plano
da gestão compartilhada do SUS, de acordo com a defini- Nacional de Saúde. 
ção da política de saúde dos entes federativos, consubs- § 2o  O desempenho aferido a partir dos indicadores nacio-
tanciada nos seus planos de saúde, aprovados pelos res- nais de garantia de acesso servirá como parâmetro para ava-
pectivos conselhos de saúde; liação do desempenho da prestação das ações e dos serviços
II - diretrizes gerais sobre Regiões de Saúde, integração definidos no Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde
de limites geográficos, referência e contrarreferência e de- em todas as Regiões de Saúde, considerando-se as especifici-
mais aspectos vinculados à integração das ações e serviços dades municipais, regionais e estaduais. 
de saúde entre os entes federativos; Art.  36.   O Contrato Organizativo da Ação Pública de
III - diretrizes de âmbito nacional, estadual, regional e Saúde conterá as seguintes disposições essenciais:
I - identificação das necessidades de saúde locais e re-
interestadual, a respeito da organização das redes de aten-
gionais;
ção à saúde, principalmente no tocante à gestão institu-
II - oferta de ações e serviços de vigilância em saúde,
cional e à integração das ações e serviços dos entes fede-
promoção, proteção e recuperação da saúde em âmbito re-
rativos;
gional e inter-regional;
IV - responsabilidades dos entes federativos na Rede
III - responsabilidades assumidas pelos entes federativos
de Atenção à Saúde, de acordo com o seu porte demográ-
perante a população no processo de regionalização, as quais
fico e seu desenvolvimento econômico-financeiro, estabe-
serão estabelecidas de forma individualizada, de acordo com
lecendo as responsabilidades individuais e as solidárias; e o perfil, a organização e a capacidade de prestação das ações
V - referências das regiões intraestaduais e interesta- e dos serviços de cada ente federativo da Região de Saúde;
duais de atenção à saúde para o atendimento da integrali- IV - indicadores e metas de saúde;
dade da assistência.  V - estratégias para a melhoria das ações e serviços de
Parágrafo único.  Serão de competência exclusiva da saúde;
CIT a pactuação: VI - critérios de avaliação dos resultados e forma de mo-
I - das diretrizes gerais para a composição da RENASES; nitoramento permanente;
II - dos critérios para o planejamento integrado das VII - adequação das ações e dos serviços dos entes fe-
ações e serviços de saúde da Região de Saúde, em razão derativos em relação às atualizações realizadas na RENASES;
do compartilhamento da gestão; e VIII - investimentos na rede de serviços e as respectivas
III  -  das diretrizes nacionais, do financiamento e das responsabilidades; e
questões operacionais das Regiões de Saúde situadas em IX - recursos financeiros que serão disponibilizados por
fronteiras com outros países, respeitadas, em todos os ca- cada um dos partícipes para sua execução. 
sos, as normas que regem as relações internacionais. Parágrafo único.  O Ministério da Saúde poderá instituir
formas de incentivo ao cumprimento das metas de saúde e à
Seção II melhoria das ações e serviços de saúde. 
Do Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde Art.  37.   O Contrato Organizativo de Ação Pública de
Saúde observará as seguintes diretrizes básicas para fins de
Art. 33.  O acordo de colaboração entre os entes fede- garantia da gestão participativa:
rativos para a organização da rede interfederativa de aten- I - estabelecimento de estratégias que incorporem a ava-
ção à saúde será firmado por meio de Contrato Organizati- liação do usuário das ações e dos serviços, como ferramenta
vo da Ação Pública da Saúde.  de sua melhoria;
Art.  34.   O objeto do Contrato Organizativo de Ação II - apuração permanente das necessidades e interesses
Pública da Saúde é a organização e a integração das ações do usuário; e
e dos serviços de saúde, sob a responsabilidade dos entes III - publicidade dos direitos e deveres do usuário na
federativos em uma Região de Saúde, com a finalidade de saúde em todas as unidades de saúde do SUS, inclusive
garantir a integralidade da assistência aos usuários.  nas unidades privadas que dele participem de forma com-
plementar. 

15
CONHECIMENTOS DO SUS

Art.  38.   A humanização do atendimento do usuário


será fator determinante para o estabelecimento das metas
NOVA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO
de saúde previstas no Contrato Organizativo de Ação Pú-
blica de Saúde. 
BÁSICA – PORTARIA 2488/2011.
Art. 39.  As normas de elaboração e fluxos do Contrato
Organizativo de Ação Pública de Saúde serão pactuados
pelo CIT, cabendo à Secretaria de Saúde Estadual coorde- PORTARIA Nº 2.488, DE 21 DE OUTUBRO DE 2011
nar a sua implementação.  Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, esta-
Art. 40.  O Sistema Nacional de Auditoria e Avaliação belecendo a revisão de diretrizes e normas para a orga-
do SUS, por meio de serviço especializado, fará o controle nização da Atenção Básica, para a Estratégia Saúde da
e a fiscalização do Contrato Organizativo de Ação Pública Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de
da Saúde.  Saúde (PACS).
§ 1o  O Relatório de Gestão a que se refere o inciso IV do O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribui-
art. 4o da Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990, conte- ções que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do
rá seção específica relativa aos compromissos assumidos art. 87 da Constituição, e
no âmbito do Contrato Organizativo de Ação Pública de Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro 1990,
Saúde.  que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e
§ 2o  O disposto neste artigo será implementado em recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
conformidade com as demais formas de controle e fiscali- serviços correspondentes, e dá outras providências;
zação previstas em Lei.  Considerando a Lei nº 11.350, de outubro de 2006, que
Art. 41.  Aos partícipes caberá monitorar e avaliar a regulamenta o § 5º do Art. 198 da Constituição, dispõe sobre
execução do Contrato Organizativo de Ação Pública de oaproveitamento de pessoal amparado pelo Parágrafo Único
Saúde, em relação ao cumprimento das metas estabeleci- do Art. 2º da Emenda Constitucional nº 51, de 14 de fevereiro
das, ao seu desempenho e à aplicação dos recursos dispo- de 2006;
nibilizados.    Considerando o Decreto Presidencial nº 6.286 de 5 de
Parágrafo único.  Os partícipes incluirão dados sobre o dezembro de 2007, que institui o Programa Saúde na Esco-
Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde no siste- la (PSE), no âmbito dos Ministérios da Saúde e da Educação,
ma de informações em saúde organizado pelo Ministério com finalidade de contribuir para a formação integral dos
da Saúde e os encaminhará ao respectivo Conselho de Saú- estudantes da rede básica por meio de ações de prevenção,
de para monitoramento.  promoção e atenção à saúde;
Considerando o Decreto nº 7.508, de 28 de junho de
CAPÍTULO VI 2011, que regulamenta a Lei nº 8.080/90;
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Considerando a Portaria nº 204, de 29 de janeiro de 2007,
que regulamenta o financiamento e a transferência de recur-
Art.  42.   Sem prejuízo das outras providências legais, sos federais para as ações e serviços de saúde, na forma de
o Ministério da Saúde informará aos órgãos de controle blocos de financiamento, com respectivo monitoramento e
interno e externo: controle;
I - o descumprimento injustificado de responsabilida- Considerando a Portaria nº 687, de 30 de março de 2006,
des na prestação de ações e serviços de saúde e de outras que aprova a Política de Promoção da Saúde;
obrigações previstas neste Decreto; Considerando a Portaria nº 3.252/GM/MS, de 22 de de-
II - a não apresentação do Relatório de Gestão a que se zembro de 2009, que trata do processo de integração das
refere o inciso IV do art. 4º da Lei no 8.142, de 1990; ações de vigilância em saúde e atenção básica;
III - a não aplicação, malversação ou desvio de recursos Considerando a Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de
financeiros; e 2010, que estabelece diretrizes para a organização da Rede de
IV - outros atos de natureza ilícita de que tiver conhe- Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS);
cimento.  Considerando as Portarias nº 822/GM/MS, de 17 de abril
Art. 43.  A primeira RENASES é a somatória de todas as de 2006, nº 90/GM, de 17 de janeiro de 2008 e nº 2.920/GM/
ações e serviços de saúde que na data da publicação deste MS, de 03 de dezembro de 2008, que estabelecem os municí-
Decreto são ofertados pelo SUS à população, por meio dos pios que poderão receber recursos diferenciados da ESF;
entes federados, de forma direta ou indireta.  Considerando Portaria nº 2.143/GM/MS, de 9 de outubro
Art. 44.  O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as de 2008 - Cria o incentivo financeiro referente à inclusão do
diretrizes de que trata o § 3o do art. 15 no prazo de cento e microscopista na atenção básica para realizar, prioritariamen-
oitenta dias a partir da publicação deste Decreto.  te, ações de controle da malária junto às Equipes de Agentes
Art. 45.  Este Decreto entra em vigor na data de sua Comunitários de Saúde - EACS e/ou às Equipes de Saúde da
publicação.  Família (ESF);
Brasília, 28 de junho de 2011; 190o da Independência e Considerando Portaria nº 2.372/GM/MS, de 7 de outubro
123o da República.  de 2009, que cria o plano de fornecimento de equipamentos
odontológicos para as Equipes de Saúde Bucal na Estratégia
Saúde da Família;

16
CONHECIMENTOS DO SUS

Considerando Portaria nº 2.371/GM/MS, de 07 de outubro ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA


de 2009 que institui, no âmbito da Política Nacional de Atenção ANEXO I
Básica, o Componente Móvel da Atenção à Saúde Bucal -Uni- DISPOSIÇÕES GERAIS SOBRE A ATENÇÃO BÁSICA
dade Odontológica Móvel (UOM); DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES GERAIS DA ATENÇÃO BÁ-
Considerando a Portaria nº 750/SAS/MS, de 10 de outubro SICA
de 2006, que instituiu a ficha complementar de cadastro das A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações
ESF, ESF com ESB - Modalidades I e II e de ACS no SCNES; de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a
Considerando a necessidade de revisar e adequar as nor- promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o
mas nacionais ao atual momento do desenvolvimento da aten- diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, redução de danos e
ção básica no Brasil; a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma
Considerando a consolidação da estratégia saúde da fa- atenção integral que impacte na situação de saúde e auto-
mília como forma prioritária para reorganização da atenção nomia das pessoas e nos determinantes econdicionantes de
básica no Brasil e que a experiência acumulada em todos os saúde das coletividades. É desenvolvida por meio do exercício
entes federados demonstra a necessidade de adequação de de práticas de cuidado e gestão, democráticas e participativas,
suas normas. sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de
Considerando a pactuação na Reunião da Comissão Inter- territórios definidos, pelas quais assume a responsabilidade
gestores Tripartite do dia 29, de setembro de 2011, resolve: sanitária, considerando a dinamicidade existente no território
Art. 1º Aprovar a Política Nacional de Atenção Básica, com em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de cuida-
vistas à revisão da regulamentação de implantação e operacio- do complexas e variadas que devem auxiliar no manejo das
nalização vigentes, nos termos constantes dos Anexos a esta demandas e necessidades de saúde de maior freqüência e re-
Portaria. levância em seu território, observando critérios de risco, vulne-
Parágrafo único. A Secretaria de Atenção à Saúde, do Mi- rabilidade, resiliência e o imperativo ético de que toda deman-
nistério da Saúde (SAS/MS) publicará manuais e guias com de- da, necessidade de saúde ou sofrimento devem ser acolhidos.
talhamento operacional e orientações específicas desta Política. É desenvolvida com o mais alto grau de descentralização e
Art. 2º Definir que os recursos orçamentários de que trata a capilaridade, próxima da vida das pessoas. Deve ser o contato
presente Portaria corram por conta do orçamento do Ministério preferencial dos usuários, a principal porta de entrada e centro
da Saúde, devendo onerar os seguintes Programas de Trabalho: de comunicação da Rede de Atenção à Saúde. Orienta-se pe-
I -10.301.1214.20AD - Piso de Atenção Básica Variável los princípios da universalidade, da acessibilidade, do vínculo,
-Saúde da Família; da continuidade do cuidado, da integralidade da atenção, da
II - 10.301.1214.8577 - Piso de Atenção Básica Fixo; responsabilização, da humanização, da equidade e da parti-
III - 10.301.1214.8581 - Estruturação da Rede de Serviços cipação social. A Atenção Básica considera o sujeito em sua
de Atenção Básica de Saúde; singularidade e inserção sócio-cultural, buscando produzir a
IV- 10.301.1214.8730.0001 - Atenção à Saúde Bucal; e atenção integral.
V - 10.301.1214.12L5.0001 -Construção de Unidades Bási- A Atenção Básica tem como fundamentos e diretrizes:
cas de Saúde - UBS. I - ter território adstrito sobre o mesmo, de forma a per-
Art. 3º Permanecem em vigor as normas expedidas por mitir o planejamento, a programação descentralizada e o de-
este Ministério com amparo na Portaria nº 648/GM/MS, de 28 senvolvimento de ações setoriais e intersetoriais com impacto
de março de 2006, desde que não conflitem com as disposi- na situação, nos condicionantes e determinantes da saúde
ções constantes desta Portaria. das coletividades que constituem aquele território sempre em
Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. consonância com o princípio da eqüidade;
Art. 5º Fica revogada as Portarias nº 648/GM/MS, de 28 II - possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços
de março de 2006, publicada no Diário Oficial da União nº 61, de saúde de qualidade e resolutivos, caracterizados como a
de 29 de março de 2006, Seção 1, pg. 71, nº 154/GM/MS, de porta de entrada aberta e preferencial da rede de atenção,
24 de janeiro de 2008, publicada no Diário Oficial da União nº acolhendo os usuários e promovendo a vinculação e corres-
18, de 25 de janeiro de 2008, Seção 1, pg. 47/49, nº 2.281/GM/ ponsabilização pela atenção às suas necessidades de saúde;
MS, de 1º de outubro de 2009, publicada no Diário Oficial da o estabelecimento de mecanismos que assegurem acessibi-
União nº 189, de 2 de outubro de 2009, Seção 1, pg. 34, nº lidade e acolhimento pressupõe uma lógica de organização e
2.843/GM/MS, de 20 de setembro de 2010, publicada no Diário funcionamento do serviço de saúde, que parte do princípio de
Oficial da União nº 181, de 21 de setembro de 2010, Seção 1, que a unidade de saúde deva receber e ouvir todas as pessoas
pg. 44, nº 3.839/GM/MS, de 7 de dezembro de 2010, publicada que procuram os seus serviços, de modo universal e sem dife-
no Diário Oficial da União nº 237, de 8 de dezembro de 2010, renciações excludentes. O serviço de saúde deve se organizar
Seção 1, pg. 44/45, nº 4.299/GM/MS, de 30 de dezembro de para assumir sua função central de acolher, escutar e oferecer
2010, publicada no Diário Oficial da União nº 251, 31 de de- uma resposta positiva, capaz de resolver a grande maioria dos
zembro de 2010, Seção 1, pg. 97, nº 2.191/GM/MS, de 3 de problemas de saúde da população e/ou de minorar danos e
agosto de 2010, publicada no Diário Oficial da União nº 148, de sofrimentos desta, ou ainda se responsabilizar pela resposta,
4 de agosto de 2010, Seção 1, pg. 51, nº 302/GM/MS, de 3 de ainda que esta seja ofertada em outros pontos de atenção da
fevereiro de 2009, publicada no Diário Oficial da União nº 28, rede. A proximidade e a capacidade de acolhimento, vincula-
de 10 de fevereiro de 2009, Seção 1, pg. 36, nº 2.027/GM/MS, ção, responsabilização e resolutividade são fundamentais para
de 25 de agosto de 2011, publicada no Diário Oficial da União a efetivação da atenção básica como contato e porta de entra-
nº 164, Seção 1, pg.90. da preferencial da rede de atenção;

17
CONHECIMENTOS DO SUS

III - adscrever os usuários e desenvolver relações de DAS FUNÇÕES NA REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE
vínculo e responsabilização entre as equipes e a população
adscrita garantindo a continuidade das ações de saúde e a Esta Portaria conforme normatização vigente do SUS,
longitudinalidade do cuidado. A adscrição dos usuários é um define a organização de Redes de Atenção à Saúde (RAS)
processo de vinculação de pessoas e/ou famílias e grupos a como estratégia para um cuidado integral e direcionado as
profissionais/equipes, com o objetivo de ser referência para o necessidades de saúde da população. As RAS constituem-se
seu cuidado. O vínculo, por sua vez, consiste na construção de em arranjos organizativos forma-dos por ações e serviços de
relações de afetividade e confiança entre o usuário e o traba- saúde com diferentes configurações tecnológicas e missões
lhador da saúde, permitindo o aprofundamento do processo assistenciais, articulados de forma complementar e com base
de corresponsabilização pela saúde, construído ao longo do territorial, e têm diversos atributos, entre eles destaca-se: a
tempo, além de carregar, em si, um potencial terapêutico. A atenção básica estruturada como primeiro ponto de atenção
longitudinalidade do cuidado pressupõe a continuidade da e principal porta de entrada do sistema, constituída de equi-
relação clínica, com construção de vínculo e responsabiliza- pe multidisciplinar que cobre toda a população, integrando,
ção entre profissionais e usuários ao longo do tempo e de coordenando o cui-dado, e atendendo as suas necessidades
modo permanente, acompanhando os efeitos das interven- de saúde. O Decreto nº 7.508, de 28 de julho de 2011, que
ções em saúde e de outros elementos na vida dos usuários, regulamenta a Lei nº 8.080/90, define que “o acesso univer-
ajustando condutas quando necessário, evitando a perda de sal, igualitário e ordenado às ações e serviços de saúde se
referências e diminuindo os riscos de iatrogenia decorrentes inicia pelas portas de entrada do SUS e se completa na rede
do desconhecimento das histórias de vida e da coordenação regionalizada e hierarquizada”. Neste sentido, atenção básica
do cuidado; deve cumprir algumas funções para contribuir com o funcio-
IV - Coordenar a integralidade em seus vários aspectos, namento das Redes de Atenção à Saúde, são elas:
a saber: integração de ações programáticas e demanda es- I -Ser base: ser a modalidade de atenção e de serviço de
pontânea; articulação das ações de promoção à saúde, pre- saúde com o mais elevado grau de descentralização e capila-
venção de agravos, vigilância à saúde, tratamento e reabi- ridade, cuja participação no cuidado se faz sempre necessária;
litação e manejo das diversas tecnologias de cuidado e de II - Ser resolutiva: identificar riscos, necessidades e de-
gestão necessárias a estes fins e à ampliação da autonomia
mandas de saúde, utilizando e articulando diferentes tecnolo-
dos usuários e coletividades; trabalhando de forma multipro-
gias de cui-dado individual e coletivo, por meio de uma clínica
fissional, interdisciplinar e em equipe; realizando a gestão do
ampliada capaz de construir vínculos positivos e intervenções
cuidado integral do usuário e coordenando-o no conjunto
clínica e sanitariamente efetivas, na perspectiva de ampliação
da rede de atenção. A presença de diferentes formações pro-
dos graus de autonomia dos indivíduos e grupos sociais;
fissionais assim como um alto grau de articulação entre os
III - Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e gerir
profissionais é essencial, de forma que não só as ações sejam
projetos terapêuticos singulares, bem como acompanhar e
compartilhadas, mas também tenha lugar um processo in-
terdisciplinar no qual progressivamente os núcleos de com- organizar o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção
petência profissionais específicos vão enriquecendo o cam- das RAS. Atuando como o centro de comunicação entre os
po comum de competências ampliando assim a capacidade diversos pontos de atenção responsabilizando-se pelo cuida-
de cuidado de toda a equipe. Essa organização pressupõe o do dos usuários em qualquer destes pontos através de uma
deslocamento do processo de trabalho centrado em proce- relação horizontal, contínua e integrada com o objetivo de
dimentos, profissionais para um processo centrado no usuá- produzir a gestão compartilhada da atenção integral. Ar-
rio, onde o cuidado do usuário é o imperativo ético-político ticulando também as outras estruturas das redes de saúde
que organiza a intervenção técnico-científica; e e intersetoriais, públicas, comunitárias e sociais. Para isso, é
V - estimular a participação dos usuários como forma de necessário incorporar ferramentas e dispositivos de gestão
ampliar sua autonomia e capacidade na construção do cui- do cuidado, tais como: gestão das listas de espera (encami-
dado à sua saúde e das pessoas e coletividades do território, nhamentos para consultas especializadas, procedimentos e
no enfrentamento dos determinantes e condicionantes de exames), prontuário eletrônico em rede, protocolos de aten-
saúde, na organização e orientação dos serviços de saúde a ção organizados sob a lógica de linhas de cuidado, discussão
partir de lógicas mais centradas no usuário e no exercício do e análise de casos traçadores, eventos-sentinela e incidentes
controle social. críticos, dentre outros. As práticas de regulação realizadas na
A Política Nacional de Atenção Básica considera os ter- atenção básica devem ser articuladas com os processos re-
mos Atenção Básica e Atenção Primária a Saúde, nas atuais gulatórios realizados em outros espaços da rede, de modo a
concepções, como termos equivalentes. Associa a ambos os permitir, ao mesmo tempo, a qualidade da micro-regulação
termos: os princípios e as diretrizes definidos neste docu- realizada pelos profissionais da atenção básica e o acesso a
mento. outros pontos de atenção nas condições e no tempo adequa-
A Política Nacional de Atenção Básica tem na Saúde da do, com equidade; e
Família sua estratégia prioritária para expansão e consolida- IV - Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de saú-
ção da atenção básica. A qualificação da Estratégia de Saúde de da população sob sua responsabilidade, organizando as
da Família e de outras estratégias de organização da atenção necessidades desta população em relação aos outros pontos
básica deverão seguir as diretrizes da atenção básica e do de atenção à saúde, contribuindo para que a programação
SUS configurando um processo progressivo e singular que dos serviços de saúde parta das necessidades de saúde dos
considera e inclui as especificidades locoregionais. usuários.

18
CONHECIMENTOS DO SUS

DAS RESPONSABILIDADES IV - definir, de forma tripartite, estratégias de articu-


lação com as gestões estaduais e municipais do SUS com
São responsabilidades comuns a todas as esferas de vistas à institucionalização da avaliação e qualificação da
governo: Atenção Básica;
I - contribuir para a reorientação do modelo de aten- V - estabelecer, de forma tripartite, diretrizes nacionais
ção e de gestão com base nos fundamentos e diretrizes e disponibilizar instrumentos técnicos e pedagógicos que
assinalados; facilitem o processo de gestão, de formação e educação
II - apoiar e estimular a adoção da estratégia Saúde da permanente dos gestores e profissionais da Atenção Básica;
Família pelos serviços municipais de saúde como estraté- VI -articular com o Ministério da Educação estratégias
gia prioritária de expansão, consolidação e qualificação da de indução às mudanças curriculares nos cursos de gra-
atenção básica à saúde; duação e pósgraduação na área da saúde visando à for-
III - garantir a infraestrutura necessária ao funciona- mação de profissionais e gestores com perfil adequado à
mento das Unidades Básicas de Saúde, de acordo com suas Atenção Básica; e
responsabilidades; VII - apoiar a articulação de instituições, em parceria
IV - contribuir com o financiamento tripartite da Aten- com as Secretarias de Saúde Estaduais, Municipais e do
ção Básica; Distrito Federal, para formação e garantia de educação per-
V - estabelecer, nos respectivos Planos de Saúde, prio- manente para os profissionais de saúde da Atenção Básica.
ridades, estratégias e metas para a organização da Atenção Compete às Secretarias Estaduais de Saúde e ao Dis-
Básica; trito Federal:
VI - desenvolver mecanismos técnicos e estratégias I - pactuar, com a Comissão Intergestores Bipartite, es-
organizacionais de qualificação da força de trabalho para tratégias, diretrizes e normas de implementação da Aten-
gestão e atenção à saúde, valorizar os profissionais de ção Básica no Estado, de forma complementar às estraté-
saúde estimulando e viabilizando a formação e educação gias, diretrizes e normas existentes, desde que não haja
permanente dos profissionais das equipes, a garantia de restrições destas e que sejam respeitados as diretrizes e os
princípios gerais regulamentados nesta Portaria;
direitos trabalhistas e previdenciários, a qualificação dos
II - destinar recursos estaduais para compor o financia-
vínculos de trabalho e a implantação de carreiras que as-
mento tripartite da Atenção Básica prevendo, entre outras,
sociem desenvolvimento do trabalhador com qualificação
formas de repasse fundo a fundo para custeio e investi-
dos serviços ofertados aos usuários;
mento das ações e serviços;
VII - desenvolver, disponibilizar e implantar os sistemas
III - ser co-responsável, pelo monitoramento da utili-
de informações da Atenção Básica de acordo com suas res-
zação dos recursos federais da Atenção Básica transferidos
ponsabilidades;
aos municípios;
VIII - planejar, apoiar, monitorar e avaliar a Atenção Bá-
IV - submeter à CIB, para resolução acerca das irregu-
sica; laridades constatadas na execução dos recursos do Bloco
IX - estabelecer mecanismos de controle, regulação e de Atenção Básica, conforme regulamentação nacional, vi-
acompanhamento sistemático dos resultados alcançados sando:
pelas ações da Atenção Básica, como parte do processo de a) aprazamento para que o gestor municipal corrija as
planejamento e programação; irregularidades;
X - divulgar as informações e os resultados alcançados b) comunicação ao Ministério da Saúde;
pela atenção básica; c) bloqueio do repasse de recursos ou demais provi-
XI - promover o intercâmbio de experiências e estimu- dências, conforme regulamentação nacional, consideradas
lar o desenvolvimento de estudos e pesquisas que bus- necessárias e devidamente oficializadas pela CIB;
quem o aperfeiçoamento e a disseminação de tecnologias V - analisar os dados de interesse estadual, gerados
e conhecimentos voltados à Atenção Básica; pelos sistemas de informação, utilizá-los no planejamento
XII - viabilizar parcerias com organismos internacionais, e divulgar os resultados obtidos;
com organizações governamentais, não governamentais e VI - verificar a qualidade e a consistência dos dados
do setor privado, para fortalecimento da Atenção Básica e enviados pelos municípios por meio dos sistemas informa-
da estratégia de saúde da família no País; e tizados, retornando informações aos gestores municipais;
XIII - estimular a participação popular e o controle so- VII - consolidar, analisar e transferir para o Ministério
cial. da Saúde os arquivos dos sistemas de informação enviados
Compete ao Ministério da Saúde: pelos municípios de acordo com os fluxos e prazos estabe-
I - definir e rever periodicamente, de forma pactuada, lecidos para cada sistema;
na Comissão Intergestores Tripartite, as diretrizes da Políti- VIII - prestar apoio institucional aos municípios no pro-
ca Nacional de Atenção Básica; cesso de implantação, acompanhamento, e qualificação da
II - garantir fontes de recursos federais para compor o Atenção Básica e de ampliação e consolidação da estraté-
financiamento da Atenção Básica; gia Saúde da Família;
III -prestar apoio institucional aos gestores dos esta- IX - definir estratégias de articulação com as gestões
dos, ao Distrito Federal e aos municípios no processo de municipais do SUS com vistas à institucionalização da ava-
qualificação e de consolidação da Atenção Básica; liação da Atenção Básica;

19
CONHECIMENTOS DO SUS

X - disponibilizar aos municípios instrumentos técni- XIII - Alimentar, analisar e verificar a qualidade e a con-
cos e pedagógicos que facilitem o processo de formação e sistência dos dados alimentados nos sistemas nacionais de
educação permanente dos membros das equipes de ges- informação a serem enviados às outras esferas de gestão,
tão e de atenção à saúde; utilizá-los no planejamento e divulgar os resultados obti-
XI - articular instituições, em parceria com as Secre- dos;
tarias Municipais de Saúde, para formação e garantia de XIV - Organizar o fluxo de usuários, visando à garantia
educação permanente aos profissionais de saúde das equi- das referências a serviços e ações de saúde fora do âmbito
pes de Atenção Básica e das equipes de saúde da família; e da Atenção Básica e de acordo com as necessidades de
XII - promover o intercâmbio de experiências entre os saúde dos usuários;
diversos municípios, para disseminar tecnologias e conhe- XV - manter atualizado o cadastro no sistema de Ca-
cimentos voltados à melhoria dos serviços da Atenção Bá- dastro Nacional vigente , dos profissionais, de serviços e de
sica. estabelecimentos ambulatoriais, públicos e privados, sob
Compete às Secretarias Municipais de Saúde e ao Dis- sua gestão; e
trito Federal: XVI - assegurar o cumprimento da carga horária inte-
I - pactuar, com a Comissão Intergestores Bipartite, gral de todos os profissionais que compõe as equipes de
através do COSEMS, estratégias, diretrizes e normas de atenção básica, de acordo com as jornadas de trabalho es-
implementação da Atenção Básica no Estado, mantidos as pecificadas no SCNES e a modalidade de atenção.
diretrizes e os princípios gerais regulamentados nesta Por- Da infraestrutura e funcionamento da Atenção Bá-
taria; sica
II - destinar recursos municipais para compor o finan- São necessárias à realização das ações de Atenção Bá-
ciamento tripartite da Atenção Básica; sica nos municípios e Distrito Federal:
III - ser co-responsável, junto ao Ministério da Saúde, I - Unidades Básicas de Saúde (UBS) construídas de
e Secretaria Estadual de Saúde pelo monitoramento da acordo com as normas sanitárias e tendo como referência
utilização dos recursos da Atenção Básica transferidos aos o manual de infra estrutura do Departamento de Atenção
Básica/SAS/ MS;
município;
II - as Unidades Básicas de Saúde:
IV - inserir a estratégia de Saúde da Família em sua
a) devem estar cadastradas no sistema de Cadastro
rede de serviços como estratégia prioritária de organização
Nacional vigente de acordo com as normas vigentes;
da atenção básica;
b) Recomenda-se que disponibilizem, conforme orien-
V - organizar, executar e gerenciar os serviços e ações
tações e especificações do manual de infra estrutura do
de Atenção Básica, de forma universal, dentro do seu terri-
Departamento de Atenção Básica/SAS/ MS:
tório, incluindo as unidades próprias e as cedidas pelo es-
1. consultório médico/enfermagem, consultório odon-
tado e pela União;
tológico e consultório com sanitário, sala multiprofissional
VI - prestar apoio institucional às equipes e serviços no de acolhimento à demanda espontânea, sala de adminis-
processo de implantação, acompanhamento, e qualificação tração e gerência e sala de atividades coletivas para os pro-
da Atenção Básica e de ampliação e consolidação da estra- fissionais da Atenção Básica;
tégia Saúde da Família; 2. área de recepção, local para arquivos e registros, sala
VII - Definir estratégias de institucionalização da avalia- de procedimentos, sala de vacinas, área de dispensação de
ção da Atenção Básica; medicamentos e sala de armazenagem de medicamentos
VIII - Desenvolver ações e articular instituições para (quando há dispensação na UBS), sala de inalação coleti-
formação e garantia de educação permanente aos profis- va, sala de procedimentos, sala de coleta, sala de curativos,
sionais de saúde das equipes de Atenção Básica e das equi- sala de observação, entre outros:
pes de saúde da família; 2.1. as Unidades Básicas de Saúde Fluviais deverão
IX - selecionar, contratar e remunerar os profissionais cumprir os seguintes requisitos específicos:
que compõem as equipes multiprofissionais de Atenção 2.1.1. quanto à estrutura física mínima, devem dispor
Básica, em conformidade com a legislação vigente; de: consultório médico; consultório de enfermagem; am-
X - garantir a estrutura física necessária para o funcio- biente para armazenamento e dispensação de medicamen-
namento das Unidades Básicas de Saúde e para a execu- tos; laboratório; sala de vacina; banheiro público; banheiro
ção do conjunto de ações propostas, podendo contar com exclusivo para os funcionários; expurgo; cabines com leitos
apoio técnico e/ou financeiro das Secretarias de Estado da em número suficiente para toda a equipe; cozinha; sala de
Saúde e do Ministério da Saúde; procedimentos; e, se forem compostas por profissionais de
XI -garantir recursos materiais, equipamentos e insu- saúde bucal, será necessário consultório odontológico com
mos suficientes para o funcionamento das Unidades Bá- equipo odontológico completo;
sicas de Saúde e para a execução do conjunto de ações c) devem possuir identificação segundo padrões visuais
propostas; do SUS e da Atenção Básica pactuados nacionalmente;
XII - rogramar as ações da Atenção Básica a partir de d) recomenda-se que estas possuam conselhos/co-
sua base territorial e de acordo com as necessidades de legiados, constituídos de gestores locais, profissionais de
saúde das pessoas, utilizando instrumento de programação saúde e usuários, viabilizando a participação social na ges-
nacional ou correspondente local; tão da Unidade Básica de Saúde;

20
CONHECIMENTOS DO SUS

III - manutenção regular da infraestrutura e dos equi- Nesse sentido, a educação permanente, além da sua
pamentos das Unidades Básicas de Saúde; evidente dimensão pedagógica, deve ser encarada tam-
IV - existência e manutenção regular de estoque dos bém como uma importante “estratégia de gestão”, com
insumos necessários para o funcionamento das unidades grande potencial provocador de mudanças no cotidiano
básicas de saúde, incluindo dispensação de medicamentos dos serviços, em sua micropolitica, bastante próximo dos
pactuados nacionalmente quando esta dispensação está efeitos concretos das práticas de saúde na vida dos usuá-
prevista para serem realizadas naquela UBS; rios, e como um processo que se dá “no trabalho, pelo tra-
V - equipes multiprofissionais compostas, conforme balho e para o trabalho”.
modalidade das equipes, por médicos, enfermeiros, ci- A Educação Permanente deve embasar-se num proces-
rurgiões-dentistas, auxiliar em saúde bucal ou técnico em so pedagógico que contemple desde a aquisição/atualiza-
saúde bucal, auxiliar de enfermagem ou técnico de enfer- ção de conhecimentos e habilidades até o aprendizado que
magem e Agentes Comunitários da Saúde, dentre outros parte dos problemas e desafios enfrentados no processo
profissionais em função da realidade epidemiológica, insti- de trabalho, envolvendo práticas que possam ser definidas
tucional e das necessidades de saúde da população; por múltiplos fatores (conhecimento, valores, relações de
VI - cadastro atualizado dos profissionais que compõe poder, planejamento e organização do trabalho, etc.) e que
a equipe de atenção básica no sistema de Cadastro Na- considerem elementos que façam sentido para os atores
cional vigente de acordo com as normas vigentes e com envolvidos (aprendizagem significativa).
as cargas horárias de trabalho informadas e exigidas para Outro pressuposto importante da educação perma-
cada modalidade; nente é o planejamento/programação educativa ascen-
VII -garantia pela gestão municipal, de acesso ao apoio dente, em que, a partir da análise coletiva dos processos de
diagnóstico e laboratorial necessário ao cuidado resolutivo trabalho, identificam-se os nós críticos (de natureza diver-
da população; e sa) a serem enfrentados na atenção e/ou na gestão, possi-
VIII - garantia pela gestão municipal, dos fluxos defini- bilitando a construção de estratégias contextualizadas que
dos na Rede de Atenção à Saúde entre os diversos pontos promovam o diálogo entre as políticas gerais e a singulari-
de atenção de diferentes configurações tecnológicas, inte- dade dos lugares e das pessoas, estimulando experiências
grados por serviços de apoio logístico, técnico e de gestão, inovadoras na gestão do cuidado e dos serviços de saúde.
para garantir a integralidade do cuidado. A vinculação dos processos de educação permanente
Com o intuito de facilitar os princípios do acesso, do a estratégia de apoio institucional pode potencializar enor-
vínculo, da continuidade do cuidado e da responsabilidade memente o desenvolvimento de competências de gestão e
sanitária e reconhecendo que existem diversas realidades de cuidado na Atenção Básica, na medida em que aumen-
sócio epidemiológicas, diferentes necessidades de saúde e ta as alternativas para o enfrentamento das dificuldades
distintas maneiras de organização das UBS, recomenda-se: vivenciadas pelos trabalhadores em seu cotidiano. Nessa
I - para Unidade Básica de Saúde (UBS) sem Saúde da mesma linha é importante diversificar este repertório de
Família em grandes centros urbanos, o parâmetro de uma ações incorporando dispositivos de apoio e cooperação
UBS para no máximo 18 mil habitantes, localizada dentro horizontal, tais como trocas de experiências e discussão de
do território, garantindo os princípios e diretrizes da Aten- situações entre trabalhadores, comunidades de práticas,
ção Básica; e grupos de estudos, momentos de apoio matricial, visitas e
II - para UBS com Saúde da Família em grandes centros estudos sistemáticos de experiências inovadoras, etc.
urbanos, recomenda-se o parâmetro de uma UBS para no Por fim, reconhecendo o caráter e iniciativa ascendente
máximo 12 mil habitantes, localizada dentro do território, da educação permanente, é central que cada equipe, cada
garantindo os princípios e diretrizes da Atenção Básica. unidade de saúde e cada município demandem, proponha
Educação permanente das equipes de Atenção Básica e desenvolva ações de educação permanente tentando
A consolidação e o aprimoramento da Atenção Básica combinar necessidades e possibilidades singulares com
como importante reorientadora do modelo de atenção à ofertas e processos mais gerais de uma políticaproposta
saúde no Brasil requer um saber e um fazer em educação para todas as equipes e para todo o município. É importan-
permanente que sejam encarnados na prática concreta dos te sintonizar e mediar as ofertas de educação permanente
serviços de saúde. A educação permanente deve ser cons- pré-formatadas (cursos, por exemplo) com o momento e
titutiva, portanto, da qualificação das práticas de cuidado, contexto das equipes, para que façam mais sentido e te-
gestão e participação popular. nham, por isso, maior valor de uso e efetividade.
O redirecionamento do modelo de atenção impõe cla- De modo análogo é importante a articulação e apoio
ramente a necessidade de transformação permanente do dos governos estaduais e federal aos municípios buscando
funcionamento dos serviços e do processo de trabalho das responder suas necessidades e fortalecer suas iniciativas.
equipes exigindo de seus atores (trabalhadores, gestores e A referência é mais de apoio, cooperação, qualificação e
usuários) maior capacidade de análise, intervenção e au- oferta de diversas iniciativas para diferentes contextos que
tonomia para o estabelecimento de práticas transforma- a tentativa de regular, formatar e simplificar a diversidade
doras, a gestão das mudanças e o estreitamento dos elos de iniciativas.
entre concepção e execução do trabalho.

21
CONHECIMENTOS DO SUS

Do Processo de trabalho das equipes de Atenção Das Atribuições dos membros das equipes de Aten-
Básica ção Básica
São características do processo de trabalho das equi- As atribuições de cada um dos profissionais das equi-
pes de Atenção Básica: pes de atenção básica devem seguir as referidas disposi-
I - definição do território de atuação e de população ções legais que regulamentam o exercício de cada uma das
sob responsabilidade das UBS e das equipes; profissões.
II - programação e implementação das atividades de São atribuições comuns a todos os profissionais:
atenção à saúde de acordo com as necessidades de saú- I - participar do processo de territorialização e mapea-
de da população, com a priorização de intervenções clíni-
mento da área de atuação da equipe, identificando grupos,
cas e sanitárias nos problemas de saúde segundo critérios
famílias e indivíduos expostos a riscos e vulnerabilidades;
de freqüência, risco, vulnerabilidade e resiliência. Inclui-se
II - manter atualizado o cadastramento das famílias
aqui o planejamento e organização da agenda de trabalho
compartilhado de todos os profissionais e recomenda-se e dos indivíduos no sistema de informação indicado pelo
evitar a divisão de agenda segundo critérios de problemas gestor municipal e utilizar, de forma sistemática, os dados
de saúde, ciclos de vida, sexo e patologias dificultando o para a análise da situação de saúde considerando as ca-
acesso dos usuários; racterísticas sociais, econômicas, culturais, demográficas e
III - desenvolver ações que priorizem os grupos de ris- epidemiológicas do território, priorizando as situações a
co e os fatores de risco clínico-comportamentais, alimen- serem acompanhadas no planejamento local;
tares e/ou ambientais, com a finalidade de prevenir o apa- III - realizar o cuidado da saúde da população adscrita,
recimento ou a persistência de doenças e danos evitáveis; prioritariamente no âmbito da unidade de saúde, e quando
IV - realizar o acolhimento com escuta qualificada, necessário no domicílio e nos demais espaços comunitá-
classificação de risco, avaliação de necessidade de saúde rios (escolas, associações, entre outros);
e análise de vulnerabilidade tendo em vista a responsabili- IV - realizar ações de atenção a saúde conforme a ne-
dade da assistência resolutiva à demanda espontânea e o cessidade de saúde da população local, bem como as pre-
primeiro atendimento às urgências; vistas nas prioridades e protocolos da gestão local;
V - prover atenção integral, contínua e organizada à V - garantir da atenção a saúde buscando a integrali-
população adscrita; dade por meio da realização de ações de promoção, pro-
VI - realizar atenção à saúde na Unidade Básica de Saú-
teção e recuperação da saúde e prevenção de agravos; e
de, no domicílio, em locais do território (salões comuni-
da garantia de atendimento da demanda espontânea, da
tários, escolas, creches, praças, etc.) e outros espaços que
realização das ações programáticas, coletivas e de vigilân-
comportem a ação planejada;
VII - desenvolver ações educativas que possam interfe- cia à saúde;
rir no processo de saúde-doença da população, no desen- VI - participar do acolhimento dos usuários realizando
volvimento de autonomia, individual e coletiva, e na busca a escuta qualificada das necessidades de saúde, proceden-
por qualidade de vida pelos usuários; do a primeira avaliação (classificação de risco, avaliação de
VIII - implementar diretrizes de qualificação dos mode- vulnerabilidade, coleta de informações e sinais clínicos) e
los de atenção e gestão tais como a participação coletiva identificação das necessidades de intervenções de cuida-
nos processos de gestão, a valorização, fomento a auto- do, proporcionando atendimento humanizado, se respon-
nomia e protagonismo dos diferentes sujeitos implicados sabilizando pela continuidade da atenção e viabilizando o
na produção de saúde, o compromisso com a ambiência e estabelecimento do vínculo;
com as condições de trabalho e cuidado, a constituição de VII - realizar busca ativa e notificar doenças e agravos
vínculos solidários, a identificação das necessidades sociais de notificação compulsória e de outros agravos e situações
e organização do serviço em função delas, entre outras; de importância local;
IX - participar do planejamento local de saúde assim VIII - responsabilizar-se pela população adscrita, man-
como do monitoramento e a avaliação das ações na sua tendo a coordenação do cuidado mesmo quando esta ne-
equipe, unidade e município; visando à readequação do cessita de atenção em outros pontos de atenção do siste-
processo de trabalho e do planejamento frente às neces-
ma de saúde;
sidades, realidade, dificuldades e possibilidades analisadas;
IX - praticar cuidado familiar e dirigido a coletividades
X - desenvolver ações intersetoriais, integrando proje-
e grupos sociais que visa propor intervenções que influen-
tos e redes de apoio social, voltados para o desenvolvimen-
to de uma atenção integral; ciem os processos de saúde doença dos indivíduos, das fa-
XI - apoiar as estratégias de fortalecimento da gestão mílias, coletividades e da própria comunidade;
local e do controle social; e X - realizar reuniões de equipes a fim de discutir em
XII - realizar atenção domiciliar destinada a usuários con-junto o planejamento e avaliação das ações da equipe,
que possuam problemas de saúde controlados/compen- a partir da utilização dos dados disponíveis;
sados e com dificuldade ou impossibilidade física de lo- XI - acompanhar e avaliar sistematicamente as ações
comoção até uma unidade de saúde, que necessitam de implementadas, visando à readequação do processo de
cuidados com menor frequência e menor necessidade de trabalho;
recursos de saúde e realizar o cuidado compartilhado com XII - garantir a qualidade do registro das atividades nos
as equipes de atenção domiciliar nos demais casos. sistemas de informação na Atenção Básica;

22
CONHECIMENTOS DO SUS

XIII - realizar trabalho interdisciplinar e em equipe, in- V - contribuir, participar, e realizar atividades de educa-
tegrando áreas técnicas e profissionais de diferentes for- ção permanente da equipe de enfermagem e outros mem-
mações; bros da equipe; e
XIV - realizar ações de educação em saúde a população VI -participar do gerenciamento dos insumos necessá-
adstrita, conforme planejamento da equipe; rios para o adequado funcionamento da UBS.
XV - participar das atividades de educação permanen-
te; Do Auxiliar e do Técnico de Enfermagem:
XVI - promover a mobilização e a participação da co- I - participar das atividades de atenção realizando pro-
munidade, buscando efetivar o controle social; cedimentos regulamentados no exercício de sua profissão
XVII - identificar parceiros e recursos na comunidade na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou
que possam potencializar ações intersetoriais; e nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc);
XVIII - realizar outras ações e atividades a serem defini- II - realizar atividades programadas e de atenção à de-
das de acordo com as prioridades locais. manda espontânea;
XIX - realizar ações e atividades de educação sobre o III - realizar ações de educação em saúde a população
manejo ambiental, incluindo ações de combate a vetores, adstrita, conforme planejamento da equipe;
especialmente em casos de surtos e epidemias; (Redação IV -participar do gerenciamento dos insumos necessá-
dada pela PRT GM/MS n° 2.121 de 18.12.2015) rios para o adequado funcionamento da UBS; e
XX - orientar a população de maneira geral e a co- V - contribuir, participar e realizar atividades de educa-
munidade em específico sobre sintomas, riscos e agente ção permanente.
transmissor de doenças e medidas de prevenção individual
e coletiva; (Redação dada pela PRT GM/MS n° 2.121 de Do Médico:
18.12.2015) I - realizar atenção a saúde aos indivíduos sob sua res-
XXI - mobilizar a comunidade para desenvolver medi- ponsabilidade;
das de manejo ambiental e outras formas de intervenção II -realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos
no ambiente para o controle de vetores; (Redação dada cirúrgicos, atividades em grupo na UBS e, quando indicado
pela PRT GM/MS n° 2.121 de 18.12.2015) ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços co-
XXII- discutir e planejar de modo articulado e integra- munitários (escolas, associações etc);
do com as equipes de vigilância ações de controle vetorial; III - realizar atividades programadas e de atenção à de-
e (Redação dada pela PRT GM/MS n° 2.121 de 18.12.2015) manda espontânea;
XXIII - encaminhar os casos identificados como de IV - encaminhar, quando necessário, usuários a outros
risco epidemiológico e ambiental para as equipes de en- pontos de atenção, respeitando fluxos locais, mantendo
demias quando não for possível ação sobre o controle sua responsabilidade pelo acompanhamento do plano te-
de vetores. (Redação dada pela PRT GM/MS n° 2.121 de rapêutico do usuário;
18.12.2015) V - indicar, de forma compartilhada com outros pontos
Outras atribuições específicas dos profissionais da de atenção, a necessidade de internação hospitalar ou do-
Atenção Básica poderão constar de normatização do mu- miciliar, man-tendo a responsabilização pelo acompanha-
nicípio e do Distrito Federal, de acordo com as prioridades mento do usuário;
definidas pela respectiva gestão e as prioridades nacionais VI -contribuir, realizar e participar das atividades de
e estaduais pactuadas. Educação Permanente de todos os membros da equipe; e
VII -participar do gerenciamento dos insumos necessá-
Das atribuições específicas rios para o adequado funcionamento da USB.
Do enfermeiro:
I -realizar atenção a saúde aos indivíduos e famílias ca- Do Agente Comunitário de Saúde:
dastradas nas equipes e, quando indicado ou necessário, no I - trabalhar com adscrição de famílias em base geo-
domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, gráfica definida, a microárea;
associações etc), em todas as fases do desenvolvimento hu- II - cadastrar todas as pessoas de sua microárea e man-
mano: infância, adolescência, idade adulta e terceira idade; ter os cadastros atualizados;
II - realizar consulta de enfermagem, procedimentos, III - orientar as famílias quanto à utilização dos serviços
atividades em grupo e conforme protocolos ou outras de saúde disponíveis;
normativas técnicas estabelecidas pelo gestor federal, es- IV - realizar atividades programadas e de atenção à de-
tadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as manda espontânea;
disposições legais da profissão, solicitar exames comple- V - acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas as
mentares, prescrever medicações e encaminhar, quando famílias e indivíduos sob sua responsabilidade. As visitas
necessário, usuários a outros serviços; deverão ser programadas em conjunto com a equipe, con-
III - realizar atividades programadas e de atenção à de- siderando os critérios de risco e vulnerabilidade de modo
manda espontânea; que famílias com maior necessidade sejam visitadas mais
IV - planejar, gerenciar e avaliar as ações desenvolvidas vezes, mantendo como referência a média de 1 (uma) visi-
pelos ACS em conjunto com os outros membros da equipe; ta/família/mês;

23
CONHECIMENTOS DO SUS

VI -desenvolver ações que busquem a integração entre Do Técnico em Saúde Bucal (TSB):
a equipe de saúde e a população adscrita à UBS, consi- I - realizar a atenção em saúde bucal individual e cole-
derando as características e as finalidades do trabalho de tiva a todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos,
acompanhamento de indivíduos e grupos sociais ou cole- segundo programação e de acordo com suas competên-
tividade; cias técnicas e legais;
VII - desenvolver atividades de promoção da saúde, de II -coordenar a manutenção e a conservação dos equi-
prevenção das doenças e agravos e de vigilância à saúde, pamentos odontológicos;
por meio de visitas domiciliares e de ações educativas indi- III - acompanhar, apoiar e desenvolver atividades refe-
viduais e coletivas nos domicílios e na comunidade, como rentes à saúde bucal com os demais membros da equipe,
por exemplo, combate à Dengue, malária, leishmaniose, buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma
entre outras, mantendo a equipe informada, principalmen- multidisciplinar;
te a respeito das situações de risco; e IV - apoiar as atividades dos ASB e dos ACS nas ações
VIII - estar em contato permanente com as famílias, de- de prevenção e promoção da saúde bucal;
senvolvendo ações educativas, visando à promoção da saú- V - participar do gerenciamento dos insumos necessá-
de, à prevenção das doenças, e ao acompanhamento das rios para o adequado funcionamento da UBS;
pessoas com problemas de saúde, bem como ao acompa- VI - participar do treinamento e capacitação de Auxiliar
nhamento das condicionalidades do Programa Bolsa Famí- em Saúde Bucal e de agentes multiplicadores das ações de
lia ou de qualquer outro programa similar de transferência promoção à saúde;
de renda e enfrentamento de vulnerabilidades implantado VII - participar das ações educativas atuando na pro-
pelo Governo Federal, estadual e municipal de acordo com moção da saúde e na prevenção das doenças bucais;
o planejamento da equipe. VIII - participar na realização de levantamentos e estu-
IX - ocorrendo situação de surtos e epidemias, executar dos epidemiológicos, exceto na categoria de examinador;
em conjunto com o agente de endemias ações de controle IX - realizar atividades programadas e de atenção à de-
de doenças, utilizando as medidas de controle adequadas, manda espontânea;
manejo ambiental e outras ações de manejo integrado de X - realizar o acolhimento do paciente nos serviços de
vetores, de acordo com decisão da gestão municipal. (Re- saúde bucal;
dação dada pela PRT GM/MS n° 2.121 de 18.12.2015) XI - fazer a remoção do biofilme, de acordo com a indi-
É permitido ao ACS desenvolver outras atividades nas cação técnica definida pelo cirurgião-dentista;
unidades básicas de saúde, desde que vinculadas às atri- XII - realizar fotografias e tomadas de uso odontoló-
buições acima. gicos exclusivamente em consultórios ou clínicas odonto-
lógicas;
Do Cirurgião-Dentista: XIII - inserir e distribuir no preparo cavitário materiais
I -realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil odontológicos na restauração dentária direta, vedado o
epidemiológico para o planejamento e a programação em uso de materiais e instrumentos não indicados pelo cirur-
saúde bucal; gião-dentista;
II -realizar a atenção a saúde em saúde bucal (promo- XIV - proceder à limpeza e à anti-sepsia do campo
ção e proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnós- operatório, antes e após atos cirúrgicos, inclusive em am-
tico, tratamento, acompanhamento, reabilitação e manu- bientes hospitalares; e
tenção da saúde) individual e coletiva a todas as famílias, a XV -aplicar medidas de biossegurança no armazena-
indivíduos e a grupos específicos, de acordo com planeja- mento, manuseio e descarte de produtos e resíduos odon-
mento da equipe, com resolubilidade; tológicos.
III - realizar os procedimentos clínicos da Atenção Bá- Do Auxiliar em Saúde Bucal (ASB):
sica em saúde bucal, incluindo atendimento das urgências,
pequenas cirurgias ambulatoriais e procedimentos relacio- I - realizar ações de promoção e prevenção em saúde
nados com a fase clínica da instalação de próteses dentá- bucal para as famílias, grupos e indivíduos, mediante pla-
rias elementares; nejamento local e protocolos de atenção à saúde;
IV - realizar atividades programadas e de atenção à de- II - realizar atividades programadas e de atenção à de-
manda espontânea; manda espontânea;
V -coordenar e participar de ações coletivas voltadas à III - executar limpeza, assepsia, desinfecção e esterili-
promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais; zação do instrumental, equipamentos odontológicos e do
VI - acompanhar, apoiar e desenvolver atividades refe- ambiente de trabalho;
rentes à saúde bucal com os demais membros da equipe, IV - auxiliar e instrumentar os profissionais nas inter-
buscando aproximar e integrar ações de saúde de forma venções clínicas;
multidisciplinar; V - realizar o acolhimento do paciente nos serviços de
VII - realizar supervisão técnica do Técnico em Saúde saúde bucal;
Bucal (TSB) e Auxiliar em Saúde Bucal (ASB); e VI - acompanhar, apoiar e desenvolver atividades refe-
VIII -participar do gerenciamento dos insumos neces- rentes à saúde bucal com os demais membros da equipe
sários para o adequado funcionamento da UBS. de saúde da família, buscando aproximar e integrar ações
de saúde de forma multidisciplinar;

24
CONHECIMENTOS DO SUS

VII -aplicar medidas de biossegurança no armazenamento, Serão admitidas também, além da inserção integral
transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odon- (40h), as seguintes modalidades de inserção dos profissio-
tológicos; nais médicos generalistas ou especialistas em saúde da fa-
VIII - processar filme radiográfico; mília ou médicos de família e comunidade nas Equipes de
IX - selecionar moldeiras; Saúde da Família, com as respectivas equivalências de incen-
X - preparar modelos em gesso; tivo federal:
XI - manipular materiais de uso odontológico; e I - 2 (dois) médicos integrados a uma única equipe em
X - participar na realização de levantamentos e estudos epi- uma mesma UBS, cumprindo individualmente carga horária
demiológicos, exceto na categoria de examinador. semanal de 30 horas (equivalente a 01 (um) médico com jor-
Especificidades da Estratégia de Saúde da Família. nada de 40 horas semanais), com repasse integral do incen-
A estratégia de Saúde da Família visa à reorganização da tivo financeiro referente a uma equipe de saúde da família;
Atenção Básica no País, de acordo com os preceitos do Siste- II - 3 (três) médicos integrados a uma equipe em uma
maÚnico de Saúde, e é tida pelo Ministério da Saúde e gestores mesma UBS, cumprindo individualmente carga horária se-
estaduais e municipais, representados respectivamente pelo CO- manal de 30 horas (equivalente a 02 (dois) médicos com jor-
NASS e CONASEMS, como estratégia de expansão, qualificação nada de 40 horas, de duas equipes), com repasse integral
e consolidação da Atenção Básica por favorecer uma re-orienta- do incentivo financeiro referente a duas equipes de saúde
ção do processo de trabalho com maior potencial de aprofun- da família;
dar os princípios, diretrizes e fundamentos da atenção básica, de III - 4 (quatro) médicos integrados a uma equipe em
ampliar a resolutividade e impacto na situação de saúde das pes- uma mesma UBS, com carga horária semanal de 30 horas
soas e coletividades, além de propiciar uma importante relação (equivalente a 03 (três) médicos com jornada de 40 horas
custo-efetividade. semanais, de três equipes), com repasse integral do incen-
tivo financeiro referente a três equipes de saúde da família;
Especificidades da equipe de saúde da família IV -2 (dois) médicos integrados a uma equipe, cumprin-
São itens necessários à estratégia Saúde da Família: do individualmente jornada de 20 horas semanais, e demais
I - existência de equipe multiprofissional (equipe saúde da
profissionais com jornada de 40 horas semanais, com repas-
família) composta por, no mínimo, médico generalista ou espe-
se mensal equivalente a 85% do incentivo financeiro referen-
cialista em saúde da família ou médico de família e comunidade,
te a uma equipe de saúde da família; e
enfermeiro generalista ou especialista em saúde da família, auxi-
V - 1 (um) médico cumprindo jornada de 20 horas se-
liar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde,
manais e demais profissionais com jornada de 40 horas se-
podendo acrescentar a esta composição, como parte da equipe
manais, com re-passe mensal equivalente a 60% do incen-
multiprofissional, os profissionais de saúde bucal: cirurgião den-
tivo financeiro referente a uma equipe de saúde da família.
tista generalista ou especialista em saúde da família, auxiliar e/ou
técnico em Saúde Bucal; Tendo em vista a presença do médico em horário parcial, o
II - o número de ACS deve ser suficiente para cobrir 100% da gestor municipal deve organizar os protocolos de atuação
população cadastrada, com um máximo de 750 pessoas por ACS da equipe, os fluxos e a retaguarda assistencial, para atender
e de 12 ACS por equipe de Saúde da Família, não ultrapassando a esta especificidade. Além disso, é recomendável que o nú-
o limite máximo recomendado de pessoas por equipe; mero de usuários por equipe seja próximo de 2.500 pessoas.
III - cada equipe de saúde da família deve ser responsável As equipes com esta configuração são denominadas Equi-
por, no máximo, 4.000 pessoas, sendo a média recomendada pes Transitórias, pois, ainda que não tenham tempo mínimo
de 3.000 pessoas, respeitando critérios de equidade para esta estabelecido de permanência neste formato, é desejável que
definição. Recomenda-se que o número de pessoas por equipe o gestor, tão logo tenha condições, transite para um dos for-
considere o grau de vulnerabilidade das famílias daquele territó- matos anteriores que prevêem horas de médico disponíveis
rio, sendo que quanto maior o grau de vulnerabilidade menor durante todo o tempo de funcionamento da equipe.
deverá ser a quantidade de pessoas por equipe; A quantidade de Equipes de Saúde da Família na moda-
IV - cadastramento de cada profissional de saúde em ape- lidade transitória ficará condicionada aos seguintes critérios:
nas 01 (uma) ESF, exceção feita somente ao profissional médico I - Município com até 20 mil habitantes e contando com
que poderá atuar em no máximo 02 (duas) ESF e com carga ho- 01 (uma) a 03 (duas) equipes de Saúde da Família, poderá ter
rária total de 40 (quarenta) horas semanais; e até 2 (duas) equipes na modalidade transitória;
V - carga horária de 40 (quarenta) horas semanais para to- II - Município com até 20 mil habitantes e com mais de
dos os profissionais de saúde membros da equipe de saúde da 03 (três) equipes poderá ter até 50% das equipes de Saúde
família, à exceção dos profissionais médicos, cuja jornada é des- da Família na modalidade transitória;
crita no próximo inciso. A jornada de 40 (quarenta) horas deve III - Municípios com população entre 20 e 50 mil habi-
observar a necessidade de dedicação mínima de 32 (trinta e tantes poderá ter até 30% (trinta por cento) das equipes de
duas) horas da carga horária para atividades na equipe de saúde Saúde da Família na modalidade transitória;
da família podendo, con-forme decisão e prévia autorização do IV - Município com população entre 50 e 100 mil habi-
gestor, dedicar até 08 (oito) horas do total da carga horária para tantes poderá ter até 20% (vinte por cento) das equipes de
prestação de serviços na rede de urgência do município ou para Saúde da Família na modalidade transitória; e
atividades de especialização em saúde da família, residência mul- V - Município com população acima de 100 mil habitan-
tiprofissional e/ou de medicina de família e de comunidade, bem tes poderá ter até 10% (dez por cento) das equipes de Saúde
como atividades de educação permanente e apoio matricial. da Família na modalidade transitória.

25
CONHECIMENTOS DO SUS

Em todas as possibilidades de inserção do profissio- Especificidades da Estratégia de Agentes Comuni-


nal médico descritas acima, considerando a importância de tários de Saúde
manutenção do vínculo e da longitudinalidade do cuidado, É prevista a implantação da estratégia de Agentes Co-
este profissional deverá ter usuários adscritos de modo que munitários de Saúde nas Unidades Básicas de Saúde como
cada usuário seja obrigatoriamente acompanhando por 1 uma possibilidade para a reorganização inicial da Aten-
(um) ACS (Agente Comunitário de Saúde), 1 (um) auxiliar ção Básica com vistas à implantação gradual da estratégia
ou técnico de enfermagem, 01 (um) enfermeiro e 01 (um) de saúde da família ou como uma forma de agregar os
médico e preferencialmente por 1 (um) cirurgião-dentista, agentes comunitários a outras maneiras de organização da
1 (um) auxiliar e/ou técnico em Saúde Bucal, sem que a atenção básica. São itens necessários à implantação desta
carga horária diferente de trabalho comprometa o cuidado estratégia:
e/ou processo de trabalho da equipe. I - a existência de uma Unidade Básica de Saúde, inscri-
Todas as equipes deverão ter responsabilidade sanitá- ta no sistema de Cadastro Nacional vigente que passa a ser
ria por um território de referência, sendo que nos casos
a UBS de referência para a equipe de agentes comunitários
previstos nos itens b e c, poderão ser constituídas equipes
de saúde;
com número de profissionais e população adscrita equi-
II - a existência de um enfermeiro para até no máximo
valentes a 2 (duas) e 3 (três) equipes de saúde da família,
12 ACS e no mínimo 04, constituindo assim uma equipe de
respectivamente.
As equipes de saúde da família devem estar devida- Agentes Comunitários de Saúde; e
mente cadastradas no sistema de cadastro nacional vigen- III - o cumprimento da carga horária integral de 40 ho-
te de acordo com conformação e modalidade de inserção ras semanais por toda a equipe de agentes comunitários,
do profissional médico. composta por ACS e enfermeiro supervisor.
O processo de trabalho, a combinação das jornadas Fica garantido o financiamento das equipes de agentes
de trabalho dos profissionais das equipes e os horários e comunitários de saúde já credenciadas em data anterior a
dias de funcionamento das UBS devem ser organizados de esta portaria que não estão adequadas ao parâmetro de
modo que garantam o maior acesso possível, o vínculo en- 01 enfermeiro para no máximo 12 ACS, porém extinta a
tre usuários e profissionais, a continuidade, coordenação e possibilidade de implantação de novas equipes com esta
longitudinalidade do cuidado. configuração a partir da publicação desta Portaria.
Especificidades dos profissionais de Saúde Bucal Cada ACS deve realizar as ações previstas nesta por-
das equipes de saúde da família taria e ter uma microárea sob sua responsabilidade, cuja
Os profissionais de saúde bucal que compõem as equi- população não ultrapasse 750 pessoas.
pes de saúde da família podem se organizar nas seguintes O enfermeiro da Estratégia Agentes Comunitários de
modalidades: Saúde, além das atribuições de atenção à saúde e de ges-
I - Cirurgião dentista generalista ou especialista em tão, comuns a qualquer enfermeiro da atenção básica des-
saúde da família e auxiliar em saúde bucal (ASB) ou técnico critas nesta portaria, a atribuição de planejar, coordenar e
em saúde bucal (TSB); e (Redação dada pela PRT GM/MS nº avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS, comum aos en-
3.012 de 26.12.2012). fermeiros da estratégia de saúde da família, e deve ainda
II - Cirurgião dentista generalista ou especialista em facilitar a relação entre os profissionais da Unidade Bási-
saúde da família, técnico em saúde bucal (TSB) e auxiliar ca de Saúde e os ACS contribuindo para a organização da
em saúde bucal (ASB) ou outro técnico em saúde bu- atenção à saúde, qualificação do acesso, acolhimento, vín-
cal (TSB). (Redação dada pela PRT GM/MS nº 3.012 de culo, longitudinalidade do cuidado e orientação da atua-
26.12.2012). ção da equipe da UBS em função das prioridades definidas
Os profissionais das modalidades I ou II podem desen-
equanimemente conforme critérios de necessidade de saú-
volver parte de suas atividades em Unidade Odontológica
de, vulnerabilidade, risco, entre outros.
Móvel (UOM).(Redação dada pela PRT GM/MS nº 3.012 de
Equipes de atenção básica para populações espe-
26.12.2012).
cíficas
Independente da modalidade adotado, recomenda-se
que os profissionais de Saúde Bucal, estejam vinculados a 1. Equipes do consultório na rua
uma ESF e compartilhem a gestão e o processo de trabalho A responsabilidade pela atenção à saúde da popula-
da equipe tendo responsabilidade sanitária pela mesma ção de rua, como de qualquer outro cidadão, é de todo e
população e território que a ESF à qual integra, e com jor- qualquer profissional do Sistema Único de Saúde com des-
nada de trabalho de 40 horas semanais para todos os seus taque especial para a atenção básica. Em situações especí-
componentes. ficas, com o objetivo de ampliar o acesso destes usuários
Cada Equipe de Saúde de Família que for implantada à rede de atenção e ofertar de maneira mais oportuna a
com os profissionais de saúde bucal ou quando se introdu- atenção integral à saúde, pode-se lançar mão das equipes
zir pela primeira vez os profissionais de saúde bucal numa dos consultórios na rua que são equipes da atenção básica,
equipe já implantada, modalidade I ou II, o gestor receberá compostas por profissionais de saúde com responsabilida-
do Ministério da Saúde os equipamentos odontológicos, de exclusiva de articular e prestar atenção integral à saúde
através de doação direta ou o repasse de recursos necessá- das pessoas em situação de rua.
rios para adquiri-los (equipo odontológico completo).

26
CONHECIMENTOS DO SUS

As equipes deverão realizar suas atividades, de forma I - Equipe de Saúde da Família Ribeirinhas (ESFR): equi-
itinerante desenvolvendo ações na rua, em instalações es- pes que desempenham a maior parte de suas funções em
pecíficas, na unidade móvel e também nas instalações de unidades básicas de saúde construídas/localizadas nas co-
Unidades Básicas de Saúde do território onde está atuan- munidades pertencentes à área adscrita e cujo acesso se dá
do, sempre articuladas e desenvolvendo ações em parce- por meio fluvial; e
ria com as demais equipes de atenção básica do território II -Equipes de Saúde da Família Fluviais (ESFF): equipes
(UBS e NASF), e dos Centros de Atenção Psicossocial, da que desempenham suas funções em Unidades Básicas de
Rede de Urgência e dos serviços e instituições componen- Saúde Fluviais (UBSF).
tes doSistema Único de Assistência Social entre outras ins- As Equipes de Saúde da Família Ribeirinhas e Fluviais
tituições públicas e da sociedade civil. deverão ser compostas, durante todo o período de atendi-
As equipes dos Consultórios na Rua deverão cumprir mento à população por, no mínimo: um (01) Médico gene-
a carga horária mínima semanal de 30 horas. Porém seu ralista ou especialista em saúde da família, ou medico de
família e comunidade, um (01) Enfermeiro generalista ou
horário de funcionamento deverá ser adequado às deman-
especialista em saúde da família; um (1) Técnico ou Auxiliar
das das pessoas em situação de rua, podendo ocorrer em
de Enfermagem e de Seis (06) a doze (12) Agentes Comu-
período diurno e/ou noturno em todos os dias da semana.
nitários de Saúde.
As equipes dos Consultórios na Rua podem estar vin-
As equipes de Saúde da Família Ribeirinhas devem
culadas aos Núcleos de Apoio à Saúde da Família e, respei- contar ainda com um (01) microscopista, nas regiões en-
tando os limites para vinculação, cada equipe será conside- dêmicas.
rada como uma equipe de saúde da família para vinculação As equipes de Saúde da Família Fluviais devem contar
ao NASF. ainda com um (01) técnico de laboratório e/ou bioquími-
Em Municípios ou áreas que não tenham consultórios co.Estas equipes poderão incluir na composição mínima
na rua, o cuidado integral das pessoas em situação de rua os profissionais de saúde bucal, um (1) cirurgião dentista
deve seguir sendo de responsabilidade das equipes de generalista ou especialista em saúde da família, e um (01)
atenção básica, incluindo os profissionais de saúde bucal e Técnico ou Auxiliar em Saúde Bucal, conforme modalidades
os núcleos de apoio a saúde da família (NASF) do território I e II descritas anteriormente.
onde estas pessoas estão concentradas. As Equipes de Saúde da Família Ribeirinha deverão
Para cálculo do teto das equipes dos consultórios na prestar atendimento à população por, no mínimo, 14 dias
rua de cada município, serão tomados como base os dados mensais (carga horária equivalente à 8h/dia) e dois dias
dos censos populacionais relacionados à população em si- para atividades de educação permanente, registro da pro-
tuação de rua realizados por órgãos oficiais e reconhecidos dução e planejamento das ações. Os Agentes Comunitários
pelo Ministério da Saúde. de Saúde deverão cumprir 40h/semanais de trabalhoe resi-
Caso seja necessário o transporte da equipe para a dir na área de atuação. É recomendável as mesmas condi-
realização do cuidado in loco, nos sítios de atenção da po- ções para os auxiliares e técnicos de enfermagem e saúde
pulação sem domicílio, o gestor poderá fazer a opção de bucal.
agregar ao incentivo financeiro mensal o componente de As Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF) devem:
custeio da Unidade Móvel. O gestor local que fizer esta op- I - funcionar, no mínimo, 20 dias/mês, com pelo menos
ção deverá viabilizar veículo de transporte com capacidade uma equipe de saúde da família fluvial. O tempo de fun-
de transportar os profissionais da equipe, equipamentos, cionamento destas unidades deve compreender o desloca-
materiais e insumos necessários para a realização das ati- mento fluvial até as comunidades e o atendimento direto
vidades propostas, além de permitir que alguns procedi- à população ribeirinha. Em uma UBSF pode atuar mais de
uma ESFF a fim de compartilhar o atendimento da popula-
mentos possam ser realizados no seu interior. Esta Unidade
ção e dividir e reduzir o tempo de navegação de cada equi-
Móvel deverá estar adequada aos requisitos pactuados e
pe. O gestor municipal deve prever tempo em solo, na sede
definidos nacionalmente, incluindo o padrão de identifica-
do município, para que as equipes possam fazer atividades
ção visual.
de planejamento e educação permanente junto com outros
O Ministério da Saúde publicará Portaria Específica e profissionais e equipes. Os Agentes Comunitários de Saúde
Manual Técnico disciplinando composição das equipes, deverão cumprir 40h/semanais e residir na área de atuação.
valor do incentivo financeiro, diretrizes de funcionamento, São recomendáveis as mesmas condições para os auxiliares
monitoramento e acompanhamento das equipes de con- e técnicos de enfermagem e saúde bucal;
sultório na rua entre outras disposições. II - nas situações nas quais for demonstrada a impos-
2. Equipes de saúde da família para o atendimento da sibilidade de funcionamento da Unidade Básica de Saúde
População Ribeirinha da Amazônia Legal e Pantanal Sul Fluvial pelo mínimo de 20 dias devido às características e
Matogrossense dimensões do território, deverá ser construída justificativa
Considerando as especificidades locais, os municípios e proposição alternativa de funcionamento, aprovada na
da Amazônia Legal e Mato Grosso do Sul podem optar en- Comissão Intergestores Regional - CIR e na Comissão Inter-
tre dois arranjos organizacionais para equipes Saúde da Fa- gestores Bipartite e encaminhada ao Ministério da Saúde
mília, além dos existentes para o restante do país: para avaliação e parecer redefinindo tempo mínimo de fun-
cionamento e adequação do financiamento, se for o caso;

27
CONHECIMENTOS DO SUS

III - adotar circuito de deslocamento que garanta o atendimento a todas as comunidades assistidas, ao menos até 60
(sessenta) dias, para assegurar a execução das ações de Atenção Básica pelas equipes visando minimamente a continui-
dade de pré-natal, puericultura e cuidado continuado de usuários com condições crônicas dentro dos padrões mínimos
recomendados;
IV - delimitar área de atuação com população adscrita, acompanhada por Agentes Comunitários de Saúde, compatível
com sua capacidade de atuação e considerando a alínea II;
V - as equipes que trabalharão nas UBSF deverão garantir as informações referentes à sua área de abrangência. No
caso de prestar serviços em mais de um município, cada município deverá garantir a alimentação das informações de suas
respectivas áreas de abrangência.
As Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF) deverão cumprir, cumulativamente, os seguintes requisitos:
I - quanto à estrutura física mínima, devem dispor de: Consultório médico; Consultório de enfermagem; Consultório
Odontológico; Ambiente para armazenamento e dispensação de medicamentos; Laboratório; Sala de vacina; Banheiros;
Expurgo; Cabines com leitos em número suficiente para toda a equipe; Cozinha; Sala de procedimentos; Identificação se-
gundo padrões visuais da Saúde da Família, estabelecidos nacionalmente; e
II - quanto aos equipamentos, devem dispor, no mínimo, de: Maca ginecológica; Balança Adulto; Balança Pediátrica;
Geladeira para vacinas; Instrumentos básicos para o laboratório: macro e microcentrífuga e microscópio binocular, contador
de células, espectrofotômetro e agitador de Kline, autoclave e instrumentais; Equipamentos diversos: sonar, esfignomanô-
metros, estetoscópios, termômetros, medidor de glicemia capilar, Equipo odontológico completo e instrumentais.
O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio das Equipes de Saúde da Família Ribeirinhas será publicado em
portaria específica e poderá ser agregado de um valor caso esta equipe necessite de transporte fluvial para a execução de
suas atividades.
O valor do o valor do incentivo mensal para custeio das Unidades Básicas de Saúde Fluviais será publicado em portaria
específica, com uma modalidade sem profissionais de saúde bucal e outra com estes profissionais.
Devido à grande dispersão populacional, os municípios poderão solicitar ampliação da composição mínima das equi-
pes de saúde da família fluviais e equipes de saúde da família ribeirinhas con-forme o quadro abaixo, fazendo jus a um
incentivo para cada agregação a ser definido em portaria específica:

Profissionais Critério para solicitação de ampliação da equipe Máximo


Agente Comunitário de Saúde trabalhador vinculado a no mínimo 100 pessoas 12 (doze)
Aux. ou Técnico de Enfermagem trabalhador vinculado a no mínimo 500 pessoas 04 (quatro)
Técnico em Saúde Bucal trabalhador vinculado a no mínimo 500 pessoas 01 (um)
Enfermeiro trabalhador vinculado a no mínimo 1.000 pessoas 02 (dois)

Para implantar Equipes de Saúde da Família Ribeirinhas nos Municípios onde o teto de cobertura de Equipes de Saúde
da Família já tenha sido atingido, estas devem ser substituídas pela nova modalidade de equipe mediante aprovação pelo
Conselho Municipal de Saúde (CMS), Comissão Intergestores Regional (CIR) e Comissão Intergestores Bipartite (CIB).
As Unidades Básicas de Saúde Fluviais e as Equipes de Saúde da Família para Populações Ribeirinhas poderão prestar
serviços a populações de mais de um Município, desde que celebrado instrumento jurídico que formalize a relação entre os
municípios, devidamente aprovado na respectiva Comissão Intergestores Regional - CIR e Comissão Intergestores Bipartite
- CIB.
Para implantação de Equipes de Saúde da Família Fluviais e Equipes de Saúde da Família para Populações Ribeirinhas,
os Municípios deverão seguir o fluxo previsto para a implantação de Equipes de Saúde da Família.
Núcleos de Apoio à Saúde da Família
Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família - NASF foram criados com o objetivo de ampliar a abrangência e o escopo das
ações da atenção básica, bem como sua resolubilidade.
Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família - NASF são constituídos por equipes compostas por profissionais de dife-
rentes áreas de conhecimento, que devem atuar de maneira integrada e apoiando os profissionais das Equipes Saúde da
Família, das Equipes de Atenção Básica para populações específicas (consultórios na rua, equipes ribeirinhas e fluviais, etc.)
e academia da saúde, compartilhando as práticas e saberes em saúde nos territórios sob responsabilidade destas equipes,
atuando diretamente no apoio matricial às equipes da(s) unidade(s) na(s) qual(is) o NASF está vinculado e no território
destas equipes.
Os NASF fazem parte da atenção básica, mas não se constituem como serviços com unidades físicas independentes ou
especiais, e não são de livre acesso para atendimento individual ou coletivo (estes, quando necessários, devem ser regula-
dos pelas equipes de atenção básica). Devem, a partir das demandas identificadas no trabalho conjunto com as equipes e/
ou Academia da saúde, atuar de forma integrada à Rede de Atenção à Saúde e seus serviços (ex.: CAPS, CEREST, Ambula-
tórios Especializados etc.) além de outras redes como SUAS, redes sociais e comunitárias.

28
CONHECIMENTOS DO SUS

A responsabilização compartilhada entre a equipe do O NASF 2 deverá ter uma equipe formada por uma
NASF e as equipes de saúde da família/equipes de atenção composição de profissionais de nível superior escolhidos
básica para populações específicas prevê a revisão da prá- dentre as ocupações listadas abaixo que reúnam as seguin-
tica do encaminhamento com base nos processos de refe- tes condições:
rência e contra-referência, ampliandoa para um processo I -a soma das cargas horárias semanais dos membros
de compartilhamento de casos e acompanhamento longi- da equipe deve acumular no mínimo 120 horas semanais;
tudinal de responsabilidade das equipes de atenção básica, II - nenhum profissional poderá ter carga horária sema-
atuando no fortalecimento de seus princípios e no papel nal menor que 20 horas; e
de coordenação do cuidado nas redes de atenção à saúde. III - cada ocupação, considerada isoladamente, deve
Os NASF devem buscar contribuir para a integralidade ter no mínimo 20 horas e no máximo 40 horas de carga
do cuidado aos usuários do SUS principalmente por inter- horária semanal.
médio da ampliação da clínica, auxiliando no aumento da Poderão compor os NASF 1 e 2 as seguintes ocupações
capacidade de análise e de intervenção sobre problemas e do Código Brasileiro de Ocupações - CBO: Médico Acu-
necessidades de saúde, tanto em termos clínicos quanto punturista; Assistente Social; Profissional/Professor de Edu-
sanitários. São exemplos de ações de apoio desenvolvidas cação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo;
pelos profissionais dos NASF: discussão de casos, atendi- Médico Ginecologista/Obstetra; Médico Homeopata; Nu-
mento conjunto ou não, interconsulta, construção conjunta tricionista; Médico Pediatra; Psicólogo; Médico Psiquiatra;
de projetos terapêuticos, educação permanente, interven- Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra; Médico Internista
ções no território e na saúde de grupos populacionais e (clinica médica), Médico do Trabalho, Médico Veterinário,
da coletividade, ações intersetoriais, ações de prevenção profissional com formação em arte e educação (arte edu-
e promoção da saúde, discussão do processo de trabalho cador) e profissional de saúde sanitarista, ou seja, profis-
das equipes e etc. sional graduado na área de saúde com pós-graduação em
Todas as atividades podem se desenvolvidas nas uni- saúde pública ou coletiva ou graduado diretamente em
dades básicas de saúde, academias da saúde ou em outros uma dessas áreas.
A composição de cada um dos NASF será definida
pontos do território. Os NASF devem utilizar as Academias
pelos gestores municipais, seguindo os critérios de prio-
da Saúde como espaços que ampliam a capacidade de in-
ridade identificados a partir dos dados epidemiológicos e
tervenção coletiva das equipes de atenção básica para as
das necessidades locais e das equipes de saúde que serão
ações de promoção de saúde, buscando fortalecer o prota-
apoiadas.
gonismo de grupos sociais em condições de vulnerabilida-
Os NASF1e2 devem funcionar em horário de trabalho
de na superação de sua condição.
coincidente com o das equipes de Saúde da Família e/ou
Quando presente no NASF, o profissional sanitarista
equipes de atenção básica para populações específicas que
pode reforçar as ações de apoio institucional e/ou matri-
apóiam.
cial, ainda que as mesmas não sejam exclusivas dele, tais
Os profissionais do NASF devem ser cadastrados em
como: análise e intervenção conjunta sobre riscos coleti- uma única unidade de saúde, localizada preferencialmente
vos e vulnerabilidades, apoio à discussão de informações dentro do território de atuação das equipes de Saúde da
e indicadores e saúde (bem como de eventos-sentinela e Família e/ou equipes de atenção básica para populações
casos-traçadores e analisadores), suporte à organização do específicas, às quais estão vinculados, não recomendado a
processo de trabalho (acolhimento, cuidado continuado/ existência de uma Unidade de Saúde ou serviço de saúde
programado, ações coletivas, gestão das agendas, articu- específicos para a equipe de NASF.
lação com outros pontos de atenção da rede, identificação A organização do trabalho do NASF deve seguir as
de necessidades de educação permanente, utilização de normas publicadas pelo Ministério da Saúde destacando
dispositivos de gestão do cuidado etc). os Cadernos de Atenção Básica/Primária que tratam do
Os NASF podem ser organizados em duas modali- tema, descrevendo as diretrizes, o processo de trabalho, as
dades, NASF 1 e NASF 2. A implantação de mais de uma principais ferramentas e as ações de responsabilidade de
modalidade de forma concomitante nos municípios e no todos os profissionais dos NASF a serem desenvolvidas em
Distrito Federal não receberá incentivo financeiro federal. conjunto com as equipes de Saúde da Família, equipes de
O NASF 1 deverá ter uma equipe formada por uma atenção básica para populações específicas e/ou academia
composição de profissionais de nível superior escolhidos da saúde.
dentre as ocupações listadas abaixo que reúnam as seguin- Define-se que cada NASF 1 realize suas atividades vin-
tes condições: culado a, no mínimo, 8 (oito) Equipes de Saúde da Família
I -a soma das cargas horárias semanais dos membros e no máximo 15 (quinze) equipes de Saúde da Família e/
da equipe deve acumular no mínimo 200 horas semanais; ou equipes de atenção básica para populações específicas.
II - nenhum profissional poderá ter carga horária sema- Excepcionalmente, nos Municípios com menos de 100.000
nal menor que 20 horas; e habitantes dos Estados da Amazônia Legal e Pantanal Sul
III - cada ocupação, considerada isoladamente, deve Matogrossense, cada NASF 1 poderá realizar suas ativida-
ter no mínimo 20 horas e no máximo 80 horas de carga des vinculado a, no mínimo, 5 (cinco) e no máximo 9 (nove)
horária semanal. equipes.

29
CONHECIMENTOS DO SUS

Define-se que cada NASF 2 realize suas atividades vin- II - promoção e prevenção que articulem práticas de
culado a, no mínimo, 3 (três) equipes de Saúde da Família e formação, educativas e de saúde visando a promoção da
no máximo 7 (sete) equipes de saúde da família. alimentação saudável, a promoção de práticas corporais e
OS NASF 3, que são suprimidos por essa portaria, se atividades físicas nas escolas, a educação para a saúde se-
tornarão automaticamente NASF 2, para isso os municí- xual e reprodutiva, a prevenção ao uso de álcool, tabaco e
pios com projetos de NASF 3 anteriormente enviados ao outras drogas, a promoção da cultura de paz e prevenção
Ministério da Saúde deverão enviar para CIB documento das violências, a promoção da saúde ambiental e desenvol-
que informa as alterações ocorridas. Fica garantido o finan- vimento sustentável; e
ciamento dos NASF intermunicipais já habilitados em data III - educação permanente para qualificação da atuação
anterior, porém extinta a possibilidade de implantação de dos profissionais da educação e da saúde e formação de
novos a partir da publicação desta portaria. jovens.
Cada NASF poderá ser vinculado a no máximo 03 (três) A Gestão do PSE é centrada em ações compartilhadas
pólos do Programa Academia da Saúde em seu território e coresponsáveis. A articulação intersetorial das redes pú-
de abrangência, independente do tipo de NASF e da mo- blicas de saúde, de educação e das demais redes sociais
dalidade do polo implantado. Para cada pólo vinculado à se dá por meio dos Grupos de Trabalho Intersetoriais (GTI)
equipe do NASF deverá existir pelo menos 1 (um) profis- (Federal, Estadual e Municipal) que são responsáveis pela
sional de saúde de nível superior com carga horária de 40 gestão do incentivo financeiro e material, pelo apoio insti-
horas semanais ou 2 (dois) profissionais de saúde de nível tucional às equipes de saúde e educação na implementa-
superior com carga horária mínima de 20 horas semanais ção das ações, pelo planejamento, monitoramento e ava-
cada, que será(ao) responsável(is) pelas atividades do Pro- liação do Pro-grama.
grama Academia da Saúde. Este(s) profissional(is) deve(m) Sobre o processo de implantação, credenciamento,
ter formação compatível e exercer função relacionada às cálculo dos tetos das equipes de atenção básica, e do fi-
atividades da academia da saúde. nanciamento do bloco de atenção básica:
Quanto ao NASF, compete as Secretarias de Saúde dos 1. Implantação e Credenciamento
Para implantação e credenciamento das equipes de
Municípios e do Distrito Federal:
atenção básica, descritas neste anexo, os municípios e o
I -definir o território de atuação de cada NASF de acor-
Distrito Federal deverão:
do com as equipes de Saúde da Família e/ou equipes de
I - realizar projeto(s) de implantação das equipes de
atenção básica para populações específicas às quais estes
saúde da Família, com ou sem os profissionais de saúde bu-
NASF estiverem vinculados; propiciar o planejamento das
cal, equipe de agentes comunitários de saúde, das equipes
ações que serão realizadas pelos NASF, de forma compar-
de atenção básica para populações específicas e do NASF.
tilhada entre os profissionais (Equipe NASF e Equipe SF e
Os itens que devem minimamente constar do projeto estão
Equipes de atenção básica para populações específicas);
descritos no anexo III desta portaria;
II - selecionar, contratar e remunerar os profissionais
II - aprovar o projeto elaborado nos Conselhos de Saú-
dos NASF, em conformidade com a legislação vigente nos de dos Municípios e encaminhá-lo à Secretaria Estadual de
municípios e Distrito Federal; e Saúde ou sua instância regional para análise. O Distrito Fe-
III - disponibilizar espaço físico adequado nas UBS, e deral, após a aprovação por seu Conselho de Saúde, deverá
garantir os recursos de custeio necessários ao desenvol- encaminhar sua proposta para o Ministério da Saúde;
vimento das atividades mínimas descritas no escopo de III - cadastrar os profissionais das equipes, previamen-
ações dos diferentes profissionais que comporão os NASF, te credenciadas pelo estado conforme decisão da CIB, no
não sendo recomendada estrutura física específica para a SCNES e alimentar os dados no sistema de informação que
equipe de NASF. comprove o início de suas atividades; para passar a rece-
ber o incentivo correspondente às equipes efetivamente
Programa Saúde na Escola implantadas; e
O Programa Saúde na Escola - PSE, instituído pelo De- IV - solicitar substituição, no SCNES, de categorias de
creto Presidencial nº 6.286 de 5 de dezembro de 2007, sur- profissionais colocados no projeto inicial caso exista a ne-
giu como uma política intersetorial entre os Ministérios da cessidade de mudança, sendo necessário o envio de um
Saúde e da Educação, na perspectiva da atenção integral oficio comunicando sobre a necessidade desta alteração ao
(promoção, prevenção, diagnóstico e recuperação da saú- Estado.
de e formação) à saúde de crianças, adolescentes e jovens Para Implantação e Credenciamento das referidas
do ensino público básico, no âmbito das escolas e unida- equipes as secretarias estaduais de saúde e o Distrito Fe-
des básicas de saúde, realizada pelas equipes de saúde da deral deverão:
atenção básica e educação de forma integrada, por meio I - analisar e encaminhar as propostas de implantação
de ações de: das equipes elaboradas pelos municípios e aprovadas pe-
I - avaliação clínica e psicossocial que objetivam identi- los Conselhos Municipais de à Comissão Intergestores Bi-
ficar necessidades de saúde e garantir a atenção integral às partite (CIB) no prazo máximo de 30 dias, após a data do
mesmas na rede de atenção à saúde; protocolo de entrada do processo na Secretaria Estadual
de Saúde ou na instância regional;

30
CONHECIMENTOS DO SUS

II - após aprovação na CIB, cabe à Secretaria de Saúde 3. Do Financiamento da Atenção Básica O financiamen-
dos Estados e do Distrito Federal informar ao Ministério to da Atenção Básica deve ser tripartite. No âmbito federal o
da Saúde, até o dia 15 de cada mês, o número de equipes, montante de recursos financeiros destinados à viabilização
suas diferentes modalidades e composições de profissio- de ações de Atenção Básica à saúde compõe o Bloco de fi-
nais com as respectivas cargas horárias, que farão jus ao nanciamento de Atenção Básica (Bloco AB) e parte do Bloco
recebimento de incentivos financeiros da atenção básica; de financiamento de investimento. Seus recursos deverão
III - submeter à CIB, para resolução, o fluxo de acompa- ser utilizados para financiamento das ações de Atenção Bá-
nhamento do cadastramento dos profissionais das equipes sica descritas na RENASES e nos Planos de Saúde do muni-
nos sistemas de informação nacionais, definidos para esse cípio e do Distrito Federal.
fim; Os repasses dos recursos do Bloco AB aos municípios
IV -submeter à CIB, para resolução, o fluxo de descre- são efetuados em conta aberta especificamente para este
denciamento e/ou o bloqueio de recursos diante de irregu- fim, de acordo com a normatização geral de transferências
laridades constatadas na implantação e no funcionamento de recursos fundo a fundo do Ministério da Saúde, com o
das equipes a ser publicado como portaria de resolução objetivo de facilitar o acompanhamento pelos Conselhos de
da CIB, visando à regularização das equipes que atuam de Saúde no âmbito dos municípios, dos estados e do Distrito
forma inadequada; e Federal.
V - responsabilizar-se perante o Ministério da Saúde O Ministério da Saúde definirá os códigos de lançamen-
pelo monitoramento, o controle e a avaliação da utilização tos, assim como seus identificadores literais, que constarão
dos recursos de incentivo destas equipes. nos respectivos avisos de crédito, para tornar claro o objeto
2. Cálculo do Teto das equipes de atenção básica de cada lançamento em conta. O aviso de crédito deverá
Para o cálculo do teto máximo de equipes de saúde da ser enviado ao Secretário de Saúde, ao Fundo de Saúde,
família, de agentes comunitários de saúde, de equipes de ao Conselho de Saúde, ao Poder Legislativo e ao Ministério
saúde bucal e dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família a Público dos respectivos níveis de governo.
fonte de dados populacionais utilizada será a mesma vi- Os registros contábeis e os demonstrativos gerenciais
mensais devidamente atualizados relativos aos recursos re-
gente para cálculo do recurso per capita definida pelo IBGE
passados a essas contas ficarão, permanentemente, à dis-
e publicada pelo Ministério da Saúde.
posição dos Conselhos responsáveis pelo acompanhamen-
A) Saúde da Família com ou sem os profissionais de
to, e a fiscalização, no âmbito dos Municípios, dos Estados,
saúde bucal: o número máximo de ESF com ou sem os pro-
do Distrito Federal e dos órgãos de fiscalização federais,
fissionais de saúde bucal pelas quais o município e o Dis-
estaduais e municipais, de controle interno e externo.
trito Federal podem fazer jus ao recebimento de recursos
Os municípios deverão remeter por via eletrônica o pro-
financeiros específicos será calculado pela fórmula: popu-
cessamento da produção de serviços referentes ao Bloco
lação/2400.
AB ao Ministério da Saúde ou à Secretaria Estadual de Saú-
B) Agentes Comunitários de Saúde: o número máximo
de, de acordo com cronograma pactuado. As Secretarias de
de ACS pelos quais o município e o Distrito Federal podem Saúde dos Estados e do Distrito Federal devem enviar as
fazer jus ao recebimento de recursos financeiros específi- informações ao DATASUS, observando cronograma estabe-
cos será calculado pela fórmula: população /400. Para mu- lecido pelo Ministério da Saúde.
nicípios dos estados da Região Norte, Maranhão e Mato De acordo com o artigo 6º, do Decreto nº 1.651/95,
Grosso, a fórmula será: população da área urbana/400 + a comprovação da aplicação dos recursos transferidos do
população da área rural/280. Fundo Nacional de Saúde para os Fundos Estaduais e Muni-
C) NASF - Núcleo de Apoio de Saúde da Família: o nú- cipais de Saúde, na forma do Decreto nº 1.232/94, que trata
mero máximo de NASF 1 aos quais os municípios e o Dis- das transferências, fundo a fundo, deve ser apresentada ao
trito Federal podem fazer jus para recebimento de recursos Ministério da Saúde e ao Estado, por meio de relatório de
financeiros específicos será calculado pelas fórmulas: gestão, aprovado pelo respectivo Conselho de Saúde.
I - para Municípios com menos de 100.000 habitantes Da mesma forma, a prestação de contas dos valores re-
de Estados da Amazônia Legal = número de ESF do Muni- cebidos e aplicados no período deve ser aprovada no Con-
cípio/5; e selho Municipal de Saúde e encaminhada ao Tribunal de
II - para Municípios com 100.000 habitantes ou mais da Contas do Estado ou Município e à Câmara Municipal.
Amazônia Legal e para Municípios das demais unidades da A demonstração da movimentação dos recursos de
Federação = número de ESF do Município/8. cada conta deverá ser efetuada, seja na Prestação de Con-
O número máximo de NASF 2 aos quais o município tas, seja quando solicitada pelos órgãos de controle, me-
pode fazer jus para recebimento de recursos financeiros diante a apresentação de:
específicos será de 1 (um) NASF 2. I - relatórios mensais da origem e da aplicação dos re-
D) O teto máximo de Equipes Saúde da Família Ribeiri- cursos;
nha e Fluvial e equipes de consultório na rua será avaliado II - demonstrativo sintético de execução orçamentária;
posteriormente, de acordo com cada projeto. III - demonstrativo detalhado das principais despesas; e
IV - relatório de gestão.

31
CONHECIMENTOS DO SUS

O Relatório de Gestão deverá demonstrar como a apli- Assim os municípios podem receber um recurso com-
cação dos recursos financeiros resultou em ações de saúde plementar aos demais componentes do Bloco de AB re-
para a população, incluindo quantitativos mensais e anuais lacionados ao enfrentamento de especificidades gerado-
de produção de serviços de Atenção Básica. ras de iniqüidade tais como: municípios mais pobres, com
O financiamento federal desta política é composto por: piores indicadores e maiores necessidades; municípios com
A) Recursos per capita; maiores dificuldades de atração e fixação de profissionais
B) Recursos para projetos específicos, tais como os re- e municípios isolados ou com dificuldade de acesso; qua-
cursos da compensação das especificidades regionais (CER), lificação da atenção a populações sazonais, rurais, qui-
do Programa de Requalificação das Unidades Básica de lombolas, tradicionais, assentadas, isoladas; projetos cuja
Saúde, Recurso de Investimento/ Estruturação e Recursos implantação se dá mediante adesão e estão ligados ao en-
de Estruturação na Implantação; frentamento da iniqüidade através de ações de educação
C) Recursos de investimento; permanente, fortalecimento, modernização e qualificação
D) Recursos que estão condicionados à implantação de da gestão, implantação de ações e alternativas que enfren-
estratégias e programas prioritários, tais como os recursos tem iniqüidades entre os municípios ligadas a qualquer um
específicos para os municípios que implantarem as Equipes dos temas citados ou outros.
de Saúde da Família, as Equipes de Saúde Bucal, de Agentes Programa de Requalificação das Unidades Básica de
Comunitários de Saúde, dos Núcleos de Apoio à Saúde da Saúde: Recursos destinados à estruturação da rede de ser-
Família, dos Consultórios na Rua, de Saúde da Família Flu- viços da atenção básica publicados em portaria específica
viais e Ribeirinhas, de Atenção Domiciliar, Programa Saúde com o montante disponibilizado por Unidade da Federa-
na Escola (PSE), microscopistas e a Academia da Saúde; ção e cuja aplicação dos critérios de decisão é objeto de
E) Recursos condicionados a resultados e avaliação do pactuação na CIT e nas CIB. Esses recursos serão transfe-
aces-so e da qualidade, tal como o do Programa Nacional ridos fundo a fundo aos municípios que se adequarem a
de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ); esses critérios, e depositados em conta específica.
A) Recurso per capita Recursos de Investimento/Estruturação: São recursos
O recurso per capita será transferido mensalmente, de destinados a estruturação dos serviços e ações da atenção
forma regular e automática, do Fundo Nacional de Saúde básica, que podem ser repassados aos municípios/ estados
aos Fundos Municipais de Saúde e do Distrito Federal com fundo a fundo ou através de convênio.
base num valor multiplicado pela população do Município. Recursos de Implantação: Na implantação das equipes
O recurso será calculado pela multiplicação da popu- de saúde da família, saúde bucal e dos NASF os municí-
lação de cada município e do Distrito Federal por um valor, pios e/ou o Distrito Federal receberão recursos específicos
fruto de pactuação tripartite e devidamente publicado em para estruturação das Unidades Básicas de Saúde, visando
portaria específica, levando em conta critérios de equidade. à melhoria da infra-estrutura física e de equipamentos para
A população de cada município e do Distrito Federal o trabalho das equipes. Esses recursos serão repassados
será a população definida pelo IBGE e publicada em porta- na competência financeira do mês posterior à implantação
ria específica pelo Ministério da Saúde. das equipes.
B) Recursos para Projetos específicos, que inclui os Em caso de redução do número de equipes, o municí-
recursos da Compensação das Especificidades Regionais pio ou o Distrito Federal não farão jus a novos recursos de
(CER), o Programa de Requalificação das Unidades Básica implantação até que seja alcançado o número de equipes
de Saúde e Recurso de Estruturação. já implantado anterior-mente.
Parte dos recursos do Bloco AB poderá ser repassado D) Os recursos que estão condicionados à implanta-
para implantação e execução de ações e programas especí- ção de estratégias e programas prioritários, tais como os
ficos definidos de maneira tripartite, entre eles: recursos específicos para os municípios que implantarem
Compensação de Especificidades Regionais: trata-se as equipes de Saúde da Família, equipes de Saúde Bucal,
de recursos transferidos com o objetivo de responder a es- de Agentes Comunitários de Saúde, dos Núcleos de Apoio
pecificidades de municípios, populações ou situações que à Saúde da Família, dos Consultórios na Rua, de Saúde da
exigem maior aporte de recursos, mas que não são devi- Família Fluviais e Ribeirinhas, de Atenção Domiciliar, Pro-
damente contempladas nos demais componentes do Blo- grama Saúde na Escola (PSE), microscopistas e a Academia
co AB. Os critérios de distribuição dos recursos e valores da Saúde
para cada Estado e para o Distrito Federal pactuados são 1. Equipes de Saúde da Família (SF): os valores dos in-
definidos em Portaria Ministerial especifica para este fim. centivos financeiros para as Equipes de Saúde da Família
A utilização dos recursos de Compensação de Especificida- implantadas serão transferidos a cada mês, tendo como
des Regionais é definida por cada CIB levando em conta base o número de Equipe de Saúde da Família (ESF) regis-
os objetivos deste componente e pactuando projeto com trados no sistema de Cadastro Nacional vigente no mês
finalidade, critérios, distribuição e utilização dos recursos, anterior ao da respectiva competência financeira. São esta-
monitoramento e avaliação dos resultados. O projeto, os belecidas duas modalidades de financiamento para as ESF:
critérios bem como a lista de municípios contemplados com 1.1. - Equipes de Saúde da família Modalidade 1: são as
seus respectivos valores deverão ser informados ao plenário ESF que atendem aos seguintes critérios:
da CIT. No caso do Distrito Federal, a proposta de aplicação I - estiverem implantadas em municípios com popu-
deste recurso deverá ser submetida à aprovação pelo Cole- lação de até 50 mil habitantes nos Estados da Amazônia
giado Gestor do Distrito Federal. Legal e até 30 mil habitantes nos demais Estados do País; e

32
CONHECIMENTOS DO SUS

II - estiverem implantadas em municípios não incluídos I - a modalidade específica dos profissionais de Saúde
no estabelecido na alínea I e atendam a população rema- Bucal (ESB) que compõem a equipe de saúde da família e
nescente de quilombos ou residente em assentamentos estão registrados no cadastro do SCNES no mês anterior ao
de no mínimo 70 (setenta) pessoas, respeitado o número da respectiva competência financeira; e
máximo de equipes por município, publicado em portaria II -a modalidade de toda a equipe de saúde da família,
específica. conforme descrito acima e relacionado às características
As equipes que na data de publicação desta Portaria dos municípios e da população atendida. Assim, se ela faz
recebem como modalidade 1 de financiamento, por qual- parte de uma equipe de saúde da família modalidade I tem
quer um dos motivos listados abaixo não terão decréscimo 50% de acréscimo no incentivo financeiro específico.
do recurso repassado atualmente, ainda que não enqua- 2. Equipes Saúde da Família comunidades Ribeirinhas
dradas nos critérios acima descritos: e Fluviais
I - pertencerem a municípios que integraram o Progra- 2.1 Equipes Saúde da Família Ribeirinhas; os valores
ma de Interiorização do Trabalho em Saúde (PITS);
dos incentivos financeiros para as Equipes de Saúde da
II -pertencerem a municípios que têm índice de Desen-
Família Ribeirinhas implantadas serão transferidos a cada
volvimento Humano (IDH) igual ou inferior a 0,7; e
mês, tendo como base o número de Equipe de Saúde da
III - estiverem nas áreas do Programa Nacional de Se-
Família Ribeirinhas (ESFR) registrados no sistema de Cadas-
gurança Pública com Cidadania - Pronasci.
1.2. Equipes de Saúde da família Modalidade 2: são as tro Nacional vigente no mês anterior ao da respectiva com-
ESF implantadas em todo o território nacional que não se petência financeira.
enquadram nos critérios da Modalidade 1. O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio
Quando um município, por aumento da população, das Equipes de Saúde da Família Ribeirinhas será publicado
deixar de ter direito ao valor da modalidade 1, deverá ser em portaria específica e poderá ser agregado um valor nos
realizada etapa de transição durante o ano da mudança casos em que a equipe necessite de transporte fluvial para
que busque evitar a perda nominal acentuada de recursos acessar as comunidades ribeirinhas adscritas para execu-
do Bloco de Atenção Básica. ção de suas atividades.
1.3. As equipes de Saúde da Família com diferentes in- 2.2. Equipes de Saúde da Família Fluviais: os valores dos
serções do profissional médico receberão recursos de acor- incentivos financeiros para as Equipes de Saúde da Família
do com sua modalidade e segundo a descrição abaixo: Fluviais implantadas serão transferidos a cada mês, tendo
1.3.1 2 (dois) médicos integrados a uma única equipe, como base o número de Unidades Básicas de Saúde Flu-
cumprindo individualmente carga horária semanal de 30 viais (UBSF) registrados no sistema de Cadastro Nacional
horas (equivalente a 01 (um) médico com jornada de 40 vigente no mês anterior ao da respectiva competência fi-
horas semanais), com repasse integral do financiamento nanceira.
para uma equipe de saúde da família modalidade I ou II. O valor do repasse mensal dos recursos para o custeio
1.3.2. 3 (três) médicos cumprindo individualmente car- das Unidades Básicas de Saúde Fluviais será publicado em
ga horária semanal de 30 horas (equivalente a 02 (dois) portaria específica, com uma modalidade sem profissionais
médicos com jornada de 40 horas, de duas equipes), com de saúde bucal e outra com estes profissionais. Os crité-
repasse integral do financiamento para duas equipes de rios mínimos para o custeio das Unidades preexistentes ao
saúde da família modalidade I ou II. Programa de Construção de Unidades Básicas de Saúde
1.3.3. 4 (quatro) médicos com carga horária semanal de Fluviais também serão publicados em portaria específica.
30 horas (equivalente a 03 (três) médicos com jornada de 3. Equipes Consultório na Rua
40 horas semanais, de 03 equipes), com repasse integral do Os valores do incentivo financeiro para as equipes dos
financiamento para três equipes de saúde da família mo-
Consultórios na Rua implantadas serão transferidos a cada
dalidade I ou II.
mês, tendo como base a modalidade e o número de equi-
1.3.4. 2 (dois) médicos integrados a uma equipe, cum-
pes cadastradas no sistema de Cadastro Nacional vigente
prindo individualmente jornada de 20 horas semanais, e
no mês anterior ao da respectiva competência financeira.
demais profissionais com jornada de 40 horas semanais,
com repasse de 85% do financiamento para uma equipe de Os valores do repasse mensal que as equipes dos Con-
saúde da família modalidade I ou II. sultórios na Rua farão jus será definido em portaria especí-
1.3.5. As equipes de Saúde da família na modalidade fica, conforme sua modalidade e a necessidade de custeio
transitória: 01 (um) médico cumprindo jornada de 20 horas para transporte da equipe de consultório de rua.
semanais e demais profissionais com jornada de 40 horas O início do repasse mensal do incentivo ocorrerá após
semanais, o município receberá repasse mensal equivalen- a publicação de portaria de habilitação ao custeio que será
te a 60% do valor do incentivo financeiro para uma equipe, emitida pelo Ministério da Saúde após a demonstração,
sendo vedada sua participação no Pro-grama de melhoria pelo Município, do cadastramento da equipe consultório
de acesso e da qualidade. de rua no sistema de Cadastro Nacional vigente e da ali-
Quando as Equipes de Saúde da Família forem com- mentação de dados no Sistema de Informação indicado
postas também por profissionais de Saúde Bucal, o incen- pelo Ministério da saúde que comprovem o início de suas
tivo financeiro será transferido a cada mês, tendo como atividades.
base:

33
CONHECIMENTOS DO SUS

4. Núcleo de Apoio de Saúde da Família (NASF) II - ausência, por um período superior a 60 dias, de
O valor do incentivo federal para o custeio de cada qualquer um dos profissionais que compõem as equipes
NASF, dependerá da sua categoria (1 ou 2) e será deter- descritas no item D, com exceção dos períodos em que a
minado em portaria específica. Os valores dos incentivos contratação de profissionais esteja impedida por legislação
financeiros para os NASF implantados serão transferidos a específica, e/ou;
cada mês, tendo como base o número de NASF cadastra- III - descumprimento da carga horária mínima prevista
dos no SCNES. O registro de procedimentos referentes à para os profissionais das equipes; e
produção de serviços realizada pelos profissionais cadas- IV - ausência de alimentação de dados no Sistema de
trados nos NASF deverá ser realizado no sistema indicado Informação definidos pelo Ministério da saúde que com-
pelo Ministério da Saúde, mas não gerarão créditos finan- provem o início de suas atividades.
ceiros. Especificamente para as equipes de saúde da família
5. Agentes Comunitários de Saúde (ACS) com os profissionais de saúde bucal:
Os valores dos incentivos financeiros para as equipes As equipes de Saúde da Família que sofrerem suspen-
de ACS implantadas são transferidos a cada mês, tendo são de recurso, por falta de profissional médico, enfermeiro
como base o número de Agentes Comunitários de Saúde ou técnico/auxiliar de enfermagem conforme previsto aci-
(ACS), registrados no sistema de Cadastro Nacional vigente ma, poderão manter os incentivos financeiros específicos
no mês anterior ao da respectiva competência financeira. para saúde bucal, conforme modalidade de implantação,
Será repassada uma parcela extra, no último trimestre de contanto que adotem procedimento do SCNES preconiza-
cada ano, cujo valor será calculado com base no número de dos pelo Ministério da Saúde.
Agentes Comunitários de Saúde, registrados no cadastro Especificamente para o NASF:
de equipes e profissionais do SCNES, no mês de agosto do I - inexistência de no mínimo 02 (duas) Equipes de Saú-
ano vigente. de da Família/Equipes de Atenção Básica para populações
6. Microscopistas, Programa Saúde na Escola (PSE), específicas, vinculadas ao NASF 1 para municípios com me-
Academia da Saúde e Atenção domiciliar nos de 100.000 hab. da Amazônia Legal ou;
O repasse do recurso para Microscopistas, Programa II - inexistência de no mínimo 04 (quatro) Equipes de
Saúde na Escola (PSE), Academia da Saúde e Atenção do- Saúde da Família/Equipes de Atenção Básica para popula-
miciliar, assim como seus respectivos valores serão defini- ções específicas, vinculadas ao NASF 1 no restante do País
dos em portarias específicas. ou; e
Sobre a efetivação do repasse dos recursos referentes III - inexistência de no mínimo 01 (uma) Equipes de
ao item D Saúde da Família/Equipes de Atenção Básica para popula-
A efetivação da transferência dos recursos financeiros ções específicas, vinculadas ao NASF 2.
descritos no item D tem por base os dados de alimentação Sendo consideradas para esse fim as Equipes comple-
obrigatória do Sistema de Cadastro Nacional de Estabeleci- tas de Saúde da Família/Equipes de Atenção Básica para
mentos de Saúde, cuja responsabilidade de manutenção e populações específicas, ou equipes incompletas por perío-
atualização é dos gestores dos estados, do Distrito Federal do de até 60 (sessenta) dias.
e dos municípios, estes devem : Especificamente para os Consultórios na Rua:
I - transferir os dados mensalmente, para o Departa- Ausência de vinculação a Equipe de Saúde Bucal ca-
mento de Informática do SUS - DATASUS, por via magnéti- dastrada para o trabalho das equipes;
ca, de acordo com o cronograma definido anualmente pelo Da solicitação de crédito retroativo dos recursos refe-
SCNES; e rentes ao item D
II -a transferência dos dados para a Base Nacional do Considerando a ocorrência de problemas na alimenta-
sistema de Cadastro Nacional vigente se dará após geração ção do SCNES, por parte dos estados, Distrito Federal e dos
do arquivo pelo sistema de informação definido pelo Mi- municípios na transferência dos arquivos, realizada pelos
nistério da Saúde para à Atenção Básica. municípios, o Distrito Federal e os estados, o Fundo Nacio-
Os valores dos componentes descritos acima serão de- nal de Saúde - FNS/SE/MS poderá efetuar crédito retroa-
finidos em portarias específicas pelo Ministério da Saúde. tivo dos incentivos financeiros deste recurso variável (C),
Sobre a suspensão do repasse dos recursos referentes com base em solicitação da Secretaria de Atenção à Saúde
ao item D - SAS/MS. Esta retroatividade se limitará aos seis meses an-
O Ministério da Saúde suspenderá os repasses dos in- teriores ao mês em curso.
centivos referentes às equipes e aos serviços citados acima, Para solicitar os créditos retroativos, os municípios e o
nos casos em que forem constatadas, por meio do monito- Distrito Federal deverão:
ramento e/ou da supervisão direta do Ministério da Saúde I - preencher a planilha constante do Anexo III a esta
ou da Secretaria Estadual de Saúde ou por auditoria do DE- Portaria, para informar o tipo de incentivo financeiro que
NASUS ou dos órgãos de controle competentes, qualquer não foi creditado no Fundo Municipal de Saúde ou do Dis-
uma das seguintes situações: trito Federal, discriminando a competência financeira cor-
I - inexistência de unidade básica de saúde cadastrada respondente e identificando a equipe, com os respectivos
para o trabalho das equipes e/ou; profissionais que a compõem;

34
CONHECIMENTOS DO SUS

II - imprimir o relatório de produção das equipes de O Ministério da Saúde suspenderá o repasse de recur-
atenção básica, referente à equipe e ao mês trabalhado que sos do Bloco da Atenção Básica aos municípios e ao Distrito
não geraram a transferência dos recursos; e Federal, quando:
III - enviar ofício à Secretaria de Saúde de seu estado, I - Não houver alimentação regular, por parte dos muni-
pleiteando a complementação de crédito, acompanhado cípios e do Distrito Federal, dos bancos de dados nacionais
da planilha referida no item I e do relatório de produção de informação, relacionados na portaria no. 3462 de 11 de
correspondente. No caso do Distrito Federal, o ofício de- novembro de 2010; e
verá ser encaminhado ao Departamento de Atenção Básica II-Forem detectados, por meio de auditoria federal ou
da SAS/MS. estadual, malversação ou desvio de finalidade na utilização
As Secretarias Estaduais de Saúde, após analisarem a dos recursos.
documentação recebida dos municípios, deverão enca- A suspensão será mantida até a adequação das irregu-
minhar ao Departamento de Atenção Básica da SAS/MS laridades identificadas.
solicitação de complementação de crédito dos incentivos ANEXO II
tratados nesta Portaria, acompanhada dos documentos re- O projeto de implantação das equipes de Saúde da Fa-
feridos nos itens I e II. mília e/ou equipes de saúde bucal, equipes de agentes co-
A Secretaria de Atenção à Saúde - SAS/MS, por meio munitários, das Equipes de atenção básica para populações
do Departamento de Atenção Básica, procederá à análise específicas e dos Núcleos de apoio a saúde da família deve
das solicitações recebidas, verificando a adequação da do- conter:
cumentação enviada, se houve suspensão do crédito em I - O território a ser coberto, com estimativa da popula-
virtude da constatação de irregularidade no funcionamen- ção residente, definição do número de equipes que deverão
to das equipes e se a situação de qualificação do município atuar e com o mapeamento das áreas;
ou do Distrito Federal, na competência reclamada, permite II - Infraestrutura incluindo área física, equipamentos e
o repasse dos recursos pleiteados. materiais disponíveis nas UBS onde atuarão as equipes, ex-
E) Recursos condicionados a resultados e avaliação do plicitando o número e o local das unidades onde irão atuar
cada uma das equipes;
aces-so e da qualidade, tal como o do Programa Nacional
III - O fluxo dos usuários para garantia da referência e
de Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ)
contra-referência e cuidado em outros pontos de atenção,
Há um esforço do Ministério da Saúde em fazer com
incluindo apoio diagnóstico laboratorial e de imagem, le-
que parte dos recursos induzam a ampliação do acesso, a
vando em conta os padrões mínimos de oferta de serviços
qualificação do serviço e a melhoria da atenção à saúde da
de acordo com RENASES e protocolos estabelecidos pelos
população. Estes recursos devem ser repassados em fun-
municípios, estados e pelo Ministério da Saúde;
ção de programas que avaliem a implantação de processos
IV - A proposta para garantia da assistência farmacêu-
e a melhoria de resultados como o Programa Nacional de tica básica;
Melhoria do Acesso e da Qualidade (PMAQ). V - Descrição das principais ações a serem desenvolvi-
O PMAQ tem como objetivo ampliar o acesso e a qua- das pelas equipes no âmbito da Atenção Básica, especial-
lidade do cuidado na atenção básica. Ele se dará através mente nas áreas prioritárias definidas no âmbito nacional;
de monitoramento e avaliação da atenção básica, e está VI - Processo de gerenciamento e apoio institucional ao
atrelado a um incentivo financeiro para as gestões munici- trabalho das equipes;
pais que aderirem ao programa. O incentivo de qualidade VII -A forma de recrutamento, seleção e contratação dos
é variável e dependente dos resultados alcançados pelas profissionais das equipes, contemplando o cumprimento da
equipes e pela gestão municipal. Este incentivo será trans- carga horária definida para cada profissional das equipes;
ferido a cada mês, tendo como base o número de equipes VIII - Implantação do sistema de Informação para aten-
cadastradas no programa e os critérios definidos em por- ção básica vigente no momento da implantação da equipe
taria específica do PMAQ. da Atenção Básica, incluindo recursos humanos e materiais
Requisitos mínimos para manutenção da transfe- para operá-lo;
rência dos recursos do Bloco da Atenção Básica. IX - Processo de avaliação do trabalho das equipes e
Os requisitos mínimos para a manutenção da transfe- a forma de acompanhamento dos indicadores da Atenção
rência do Bloco da Atenção Básica são aqueles definidos Básica;
pela legislação federal do SUS. X - A contrapartida de recursos dos municípios e do
O Plano de Saúde municipal ou do Distrito Federal, e Distrito Federal; e
a programação anual de saúde aprovado pelo respectivo XI - No caso das equipes do NASF: os profissionais que
Conselho de Saúde, deve especificar a proposta de organi- vão compor os NASF, incluindo as justificativas da escolha,
zação da Atenção Básica e explicitar como serão utilizados as identificação das Equipes que cada núcleo vai apoiar, o
os recursos do Bloco da Atenção Básica. planejamento e/ou a previsão de agenda compartilhada
O Relatório de Gestão deverá demonstrar como a apli- entre as diferentes equipes e a equipe dos NASF, que in-
cação dos recursos financeiros resultou em ações de saúde cluam ações individuais e coletivas, de assistência, de apoio
para a população, incluindo quantitativos mensais e anuais pedagógico tanto das equipes quanto da comunidade e as
de produção de serviços de Atenção Básica. ações de visita domiciliar, em qual(ais) UBS. O NASF será ca-
Da suspensão do repasse de recursos do Bloco da dastrado SCNES de acordo com o número de equipes que
Atenção Básica a ele está vinculado.

35
CONHECIMENTOS DO SUS

ANEXO III
SOLICITAÇÃO RETROATIVA DE COMPLEMENTAÇÃO DO REPASSE DOS INCENTIVOS FINANCEIROS
UF: __________MUNICÍPIO:__________________ CÓDIGO IBGE: _________________COMPETÊNCIA(S):____________TIPO DE IN-
CENTIVO:_______ESF ( )__________ACS ( )_____________ESB mod.___________I ( ) ___________II ( )____________UOM ( )____________ES-
FPR ( )____________ESFPRSB ( )____________ESFF ( )__________ESFFSB ( )__________NASF tipo___________I (
)_____________ II ( )
CÓDIGO DO CNES:____________________ IDENTIFICAÇÃO DA EQUIPE:________________________
MOTIVO DO NÃO CADASTRAMENTO NO SISTEMA:_______________________

NOME DOS PROFISSIONAIS CATEGORIA PROFISSIONAL CPF


 

IDENTIFICAÇÃO DA EQUIPE: Identificação da equipe através do nome por ela utilizado.


TIPO DE INCENTIVO: Marcar se é relativo à equipe de Saúde da Família, Agentes Comunitários de Saúde, equipe de
Saúde Bucal modalidade I ou II, Unidade Odontológica Móvel, equipe de Saúde da Familia População Ribeirinha, equipe de
Saúde da Família População Ribeirinha com Saúde Bucal, equipe de Saúde da Família Fluvial, equipe de Saúde da Família
Fluvial com Saúde Bucal ou Núcleo de Apoio à Saúde da Família tipo I ou II.
RELAÇÃO DE PROFISSIONAIS: Nome completo de cada profissional integrante da equipe, que não gerou incentivo.
CATEGORIA PROFISSIONAL: Identificar a categoria de cada profissional listado na coluna anterior.
CPF: Informar o CPF dos profissionais das Equipes que foram suspensas.
DATA: ___/___/__________________________________________________________
SECRETÁRIO MUNICIPAL DE SAÚDE:____________________ SECRETÁRIO DE SAÚDE DO ESTADO:

REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE E EM ESPECIAL


REDES DE ATENÇÃO PSICO-SOCIAL (RAPS),

A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) foi instituída pela Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011, que traz o mo-
delo de atenção em saúde mental a partir do acesso, na promoção de direitos das pessoas baseada na convivência dessas
pessoas dentro da sociedade.
Além de mais acessível, essa política apresenta melhores resultados, inclusive na promoção dos direitos das pessoas
que necessitam de cuidados de saúde mental. A Rede ainda tem como objetivo articular ações e serviços de saúde em
diferentes níveis de complexidade.
Todos os serviços da RAPS são públicos e ampliam o acesso da população à atenção psicossocial através do acolhimen-
to, acompanhamento contínuo e atenção às urgências e emergências, de forma a promover vínculos e garantir os direitos
das pessoas que precisam de tratamento.
Na Atenção Básica, aqueles que têm necessidade de atendimento devido a transtornos mentais e/ou uso decorrente
de álcool e outras drogas podem receber atendimento tanto nas Unidades Básicas de Saúde, como nos Núcleos de Apoio
à Saúde da Família e Consultórios na Rua. Isso permite um primeiro acesso ao sistema de saúde antes de um encaminha-
mento para os demais serviços que compõe a Rede de Atenção.
Centros de Atenção Psicosocial (CAPS)
Outra maneira possível para acessar a Rede de Atenção Psicossocial do SUS é através dos Centros de Atenção Psicosso-
cial (CAPS), que são locais destinados a prestar atenção diária a pessoas com transtornos mentais e/ou decorrentes do uso
de álcool e outras drogas, tanto em situações graves ou de crise, quanto em situações de reabilitação.
Os CAPS são substitutivos ao modelo de asilo e recolhimento e valorizam a reinserção social dos pacientes através do
trabalho, lazer, exercício dos direitos e fortalecimento dos laços familiares e comunitários. Para ser atendido nos Centros,
basta procurar o serviço ou ser encaminhado pela Atenção Básica. Assim como em outras situações, o paciente também
pode ir sozinho ou acompanhado. É importante procurar o serviço mais próximo e que atenda a região onde a pessoa vive.
Isso ajuda a criar um cuidado em conjunto com a família e amigos.
Urgência
Em situações de Emergência e Urgência, o SAMU 192, UPA 24 horas, Prontos Socorros e portas de urgência hospitalares
devem atender o paciente que possui transtornos mentais e/ou sofrimentos decorrentes do uso de álcool e outras drogas.
Nesse caso não é necessário que o serviço seja exclusivo para atendimento da RAPS. Isso significa que um hospital público
não pode recusar atendimento de emergência. Apesar das barreiras de acesso das pessoas com transtorno mental e/ou
usuário de drogas, todos têm direito ao acolhimento em sua integralidade.

36
CONHECIMENTOS DO SUS

Quando houver a necessidade de proteger o pacien-


te, existem Unidades de Acolhimento de caráter transitório REDES DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS E
capazes de tratar o indivíduo a partir das suas condições
EMERGÊNCIAS
clínicas, sem perder o estímulo a situações de convívio so-
cial, cultura, lazer, esporte, educação, entre outros. A Uni-
dade presta cuidados contínuos, 24h por dia. O período de
permanência pode ser de até seis meses, de acordo com o PORTARIA Nº 1.600, DE 7 DE JULHO DE 2011
projeto terapêutico singular desenvolvido e discutido com Reformula a Política Nacional de Atenção às Urgên-
o CAPS de referência. cias e institui a Rede de Atençãoàs Urgências no Siste-
A RAPS ainda conta com Hospitais Gerais parceiros, ma Único de Saúde (SUS).
que oferecem leitos para pessoas com sofrimento ou trans- O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atri-
torno mental e com necessidades decorrentes do uso de buições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo úni-
crack, álcool e outras drogas. Isso garante que o paciente co do art. 87 da Constituição, e
tenha acesso a tecnologias hospitalares, e ao melhor aten- Considerando o conceito da saúde como direito social
dimento possível. Nunca se esqueça de procurar serviços e de cidadania e como resultante das condições de vida da
que sejam geograficamente próximos e de fácil acesso. Os população, garantido mediante políticas sociais e econô-
leitos estão presentes em inúmeros municípios com pro- micas que visem à redução do risco de doença e de outros
postas de intervenções breves e acesso a recursos clínicos.
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e servi-
Pessoas que passaram um longo período em situação
ços, nos termos do que dispõe o artigo 196 da Constituição
de internação também não ficam sem amparo pela RAPS.
Federal;
Dispostas pela Lei da Reforma Psiquiátrica (Lei nº 10.216,
Considerando a necessidade de se trabalhar dentro de
de 2001), as Estratégias de Desinstitucionalização visam
elaborar maneiras de garantir os direitos da pessoa com um conceito amplo de saúde que direcione a intervenção e
sofrimento mental, em parceria com a promoção de auto- resposta às necessidades de saúde, atuando desde a pro-
nomia e progressiva inclusão social. moção e prevenção, passando pelo diagnóstico, monitora-
Por fim, empreendimentos solidários e cooperativas mento e tratamento, mas também recuperação conforme
sociais são opções para geração de renda, trabalho, e mo- dispõe o artigo 2º da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de
radia solidária desses pacientes, inserindo-os cada vez mais 1990;
na sociedade. É importante destacar que as ações devem Considerando que será necessária a decisão política do
estar articuladas às redes de saúde e de economia solidá- conjunto dos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS)
ria com os recursos disponíveis no território para garantir para estímulo à organização e à implantação das Redes de
ampliação da autonomia e inclusão social dos usuários da Atenção à Saúde (RAS), buscando um pacto cooperativo
rede e familiares. entre as instâncias de gestão e governança do sistema para
Mais informações sobre os serviços oferecidos pela garantir os investimentos e recursos necessários a esta mu-
Rede de Atenção Psicossocial do SUS podem ser encontra- dança;
das no site da Coordenação-geral de Saúde mental, álcool Considerando que o atendimento aos usuários com
e outras drogas. É importante lembrar que os hospitais psi- quadros agudos deve ser prestado por todas as portas de
quiátricos não fazem parte da Rede, tendo em vista que entrada dos serviços de saúde do SUS, possibilitando a re-
uma das diretrizes da Política Nacional de Saúde Mental solução integral da demanda ou transferindo-a, responsa-
diz respeito à redução gradual, pactuada e planejada dos velmente, para um serviço de maior complexidade, dentro
leitos em hospitais psiquiátricos. A atenção ofertada ante- de um sistema hierarquizado e regulado, organizado em
riormente pelos hospitais psiquiátricos deve ser substituída redes regionais de atenção às urgências enquanto elos de
pelos serviços da RAPS. uma rede de manutenção da vida em níveis crescentes de
complexidade e responsabilidade;
Fonte: http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/ Considerando que para organizar uma rede que atenda
saude-mental/acoes-e-programas-saude-mental/rede-de- aos principais problemas de saúde dos usuários na área de
-atencao-psicossocial-raps
urgência é necessário considerar o perfil epidemiológico
no Brasil, onde se evidencia, segundo dados da Secretaria
de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS),
uma alta morbimortalidade relacionada às violências e aci-
dentes de trânsito até os 40 (quarenta) anos e acima desta
faixa uma alta morbimortalidade relacionada às doenças
do aparelho circulatório;
Considerando o alto custo sócio-econômico, além dos
sofrimentos enfrentados pelas pessoas acometidas por aci-
dentes de trânsito, violências e doenças cardiovasculares
no Brasil e a necessidade de intervir de forma mais organi-
zada e efetiva sobre estas doenças e agravos;

37
CONHECIMENTOS DO SUS

Considerando a Portaria n° 737/GM/MS, de 16 de maio IV - humanização da atenção garantindo efetivação de


de 2001, que institui a Política Nacional de Redução da um modelo centrado no usuário e baseado nas suas neces-
Morbimortalidade por Acidentes e Violências; sidades de saúde;
Considerando a Portaria n° 344/GM/MS, de 19 de fe- V - garantia de implantação de modelo de atenção de
vereiro de 2002, que institui o Projeto de Redução da Mor- caráter multiprofissional, compartilhado por trabalho em
bimortalidade por Acidentes de Trânsito - Mobilizando a equipe, instituído por meio de práticas clinicas cuidadoras
Sociedade e Promovendo a Saúde; e baseado na gestão de linhas de cuidado;
Considerando a Portaria n° 2048/GM/MS, de 05 de no- VI - articulação e integração dos diversos serviços e
vembro de 2002, que regulamenta tecnicamente as urgên- equipamentos de saúde, constituindo redes de saúde com
cias e emergências; conectividade entre os diferentes pontos de atenção;
Considerando a Portaria n° 2.657/GM/MS, de 16 de de- VII - atuação territorial, definição e organização das
zembro de 2004, que estabelece as atribuições das centrais regiões de saúde e das redes de atenção a partir das ne-
de regulação médica de urgências e o dimensionamento cessidades de saúde destas populações, seus riscos e vul-
técnico para a estruturação e operacionalização das Cen- nerabilidades específicas;
trais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU VIII - atuação profissional e gestora visando o aprimo-
192); ramento da qualidade da atenção por meio do desenvol-
Considerando a Portaria n° 687/GM/MS, de 30 de mar- vimento de ações coordenadas, contínuas e que busquem
ço de 2006, que institui a Política Nacional de Promoção a integralidade e longitudinalidade do cuidado em saúde;
da Saúde; IX - monitoramento e avaliação da qualidade dos ser-
Considerando a Portaria n° 1.097/GM/MS, de 22 de viços através de indicadores de desempenho que investi-
maio de 2006, que define o processo da Programação Pac- guem a efetividade e a resolutividade da atenção;
tuada e Integrada da Assistência à Saúde no âmbito do Sis- X - articulação interfederativa entre os diversos gesto-
tema Único de Saúde (SUS); res desenvolvendo atuação solidária, responsável e com-
Considerando a Portaria n° 1.559/GM/MS, de 1º de partilhada;
XI - participação e controle social dos usuários sobre
agosto de 2008, que institui a Política Nacional de Regu-
os serviços;
lação do SUS;
XII - fomento, coordenação e execução de projetos
Considerando a Portaria n° 648/GM/MS, de 28 de mar-
estratégicos de atendimento às necessidades coletivas em
ço de 2006, que aprova a Política Nacional de Atenção Bá-
saúde, de caráter urgente e transitório, decorrentes de si-
sica;
tuações de perigo iminente, de calamidades públicas e de
Considerando o avanço nestes últimos anos no pro-
acidentes com múltiplas vítimas, a partir da construção de
cesso de implementação do SUS no Brasil, mas também a
mapas de risco regionais e locais e da adoção de protoco-
evidente necessidade de superar a fragmentação das ações los de prevenção, atenção e mitigação dos eventos;
e serviços de saúde e qualificar a gestão do cuidado, con- XIII - regulação articulada entre todos os componentes
forme caminho apontado na Portaria n° 4.279/GM/MS, de da Rede de Atenção às Urgências com garantia da equida-
30 de dezembro de 2010, que prioriza a organização e im- de e integralidade do cuidado; e
plementacão das RAS no país; e XIV - qualificação da assistência por meio da educação
Considerando o imperativo de prover a atenção qua- permanente das equipes de saúde do SUS na Atenção às
lificada à saúde de toda população brasileira, incluindo o Urgências, em acordo com os princípios da integralidade e
atendimento ágil e resolutivo das urgências e emergências, humanização.
resolve: Art. 3º Fica organizada, no âmbito do SUS, a Rede de
Art. 1° Esta Portaria reformula a Política Nacional de Atenção às Urgências.
Atenção às Urgências e institui a Rede de Atenção às Ur- § 1 º A organização da Rede de Atenção às Urgências
gências no Sistema Único de Saúde (SUS). tem a finalidade de articular e integrar todos os equipa-
CAPÍTULO I  mentos de saúde, objetivando ampliar e qualificar o acesso
DAS DIRETRIZES DA REDE DE ATENÇÃO ÀS URGÊN-  humanizado e integral aos usuários em situação de urgên-
CIAS cia e emergência nos serviços de saúde, de forma ágil e
Art. 2° Constituem-se diretrizes da Rede de Atenção às oportuna.
Urgências: § 2º A Rede de Atenção às Urgências deve ser imple-
I - ampliação do acesso e acolhimento aos casos agu- mentada, gradativamente, em todo território nacional,
dos demandados aos serviços de saúde em todos os pon- respeitando-se critérios epidemiológicos e de densidade
tos de atenção, contemplando a classificação de risco e populacional.
intervenção adequada e necessária aos diferentes agravos; § 3º O acolhimento com classificação do risco, a qua-
II - garantia da universalidade, equidade e integralida- lidade e a resolutividade na atenção constituem a base do
de no atendimento às urgências clínicas, cirúrgicas, gineco- processo e dos fluxos assistenciais de toda Rede de Aten-
-obstétricas, psiquiátricas, pediátricas e às relacionadas a ção às Urgências e devem ser requisitos de todos os pontos
causas externas (traumatismos, violências e acidentes); de atenção.
III - regionalização do atendimento às urgências com § 4º A Rede de Atenção às Urgências priorizará as li-
articulação das diversas redes de atenção e acesso regula- nhas de cuidados cardiovascular, cerebrovascular e trauma-
do aos serviços de saúde; tológica.

38
CONHECIMENTOS DO SUS

Art. 4º A Rede de Atenção às Urgências é constituída Parágrafo único. O Componente de que trata o caput
pelos seguintes componentes: deste artigo não se caracteriza como novo serviço de saú-
I - Promoção, Prevenção e Vigilância à Saúde; de para assistência a toda demanda espontânea, mas sim
II - Atenção Básica em Saúde; para garantir a disponibilidade de atendimento para esta-
III - Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU bilização dos agravos críticos à saúde.
192) e suas Centrais de Regulação Médica das Urgências; Art. 9º O Componente Força Nacional de Saúde do SUS
IV - Sala de Estabilização; objetiva aglutinar esforços para garantir a integralidade na
V - Força Nacional de Saúde do SUS; assistência em situações de risco ou emergenciais para po-
VI - Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h) e o pulações com vulnerabilidades específicas e/ou em regiões
conjunto de serviços de urgência 24 horas; de difícil acesso, pautando-se pela equidade na atenção,
VII - Hospitalar; e considerando-se seus riscos.
VIII - Atenção Domiciliar. Art. 10. O Componente Unidades de Pronto Atendi-
mento (UPA 24h) e o conjunto de serviços de urgência 24
CAPÍTULO II  horas está assim constituído:
DOS COMPONENTES DA REDE DE ATENÇÃO ÀS UR I -a Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24 h) é o
GÊNCIAS E SEUS OBJETIVOS estabelecimento de saúde de complexidade intermediária
entre as Unidades Básicas de Saúde/Saúde da Família e a
Art. 5º O Componente Promoção, Prevenção e Vigilân- Rede Hospitalar, devendo com estas compor uma rede or-
cia à Saúde tem por objetivo estimular e fomentar o de- ganizada de atenção às urgências; e
senvolvimento de ações de saúde e educação permanen- II - as Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24 h) e
te voltadas para a vigilância e prevenção das violências e o conjunto de Serviços de Urgência 24 Horas não hospita-
acidentes, das lesões e mortes no trânsito e das doenças lares devem prestar atendimento resolutivo e qualificado
crônicas não transmissíveis, além de ações intersetoriais, de aos pacientes acometidos por quadros agudos ou agudi-
participação e mobilização da sociedade visando a promo- zados de natureza clínica e prestar primeiro atendimento
ção da saúde, prevenção de agravos e vigilância à saúde. aos casos de natureza cirúrgica ou de trauma, estabilizando
Art. 6º O Componente Atenção Básica em Saúde tem os pacientes e realizando a investigação diagnóstica inicial,
por objetivo a ampliação do acesso, fortalecimento do vín- definindo, em todos os casos, a necessidade ou não, de
culo e responsabilização e o primeiro cuidado às urgências encaminhamento a serviços hospitalares de maior comple-
e emergências, em ambiente adequado, até a transferên- xidade.
cia/encaminhamento a outros pontos de atenção, quando Art. 11. O Componente Hospitalar será constituído pe-
necessário, com a implantação de acolhimento com avalia- las Portas Hospitalares de Urgência, pelas enfermarias de
ção de riscos e vulnerabilidades. retaguarda, pelos leitos de cuidados intensivos, pelos ser-
Art. 7º O Componente Serviço de Atendimento Móvel viços de diagnóstico por imagem e de laboratório e pelas
de Urgência (SAMU 192) e suas Centrais de Regulação Mé- linhas de cuidados prioritárias.
dica das Urgências tem como objetivo chegar precocemen- Art. 12. O Componente Atenção Domiciliar é com-
te à vítima após ter ocorrido um agravo à sua saúde (de na- preendido como o conjunto de ações integradas e articu-
tureza clínica, cirúrgica, traumática, obstétrica, pediátricas, ladas de promoção à saúde, prevenção e tratamento de
psiquiátricas, entre outras) que possa levar a sofrimento, doenças e reabilitação, que ocorrem no domicílio, consti-
sequelas ou mesmo à morte, sendo necessário, garantir tuindo-se nova modalidade de atenção à saúde que acon-
atendimento e/ou transporte adequado para um serviço tece no território e reorganiza o processo de trabalho das
de saúde devidamente hierarquizado e integrado ao SUS. equipes, que realizam o cuidado domiciliar na atenção pri-
Parágrafo único. O Componente de que trata o caput mária, ambulatorial e hospitalar.
deste artigo pode se referir a atendimento primário quan-
do o pedido de socorro for oriundo de um cidadão ou de CAPÍTULO III 
atendimento secundário quando a solicitação partir de um DA OPERACONALIZAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO 
serviço de saúde no qual o paciente já tenha recebido o ÀS URGÊNCIAS
primeiro atendimento necessário à estabilização do quadro
de urgência apresentado, mas que necessita ser conduzido Art. 13. A operacionalização da Rede de Atenção às Ur-
a outro serviço de maior complexidade para a continuida- gências dar-se-á pela execução de 5 (cinco) fases:
de do tratamento. I - Fase de Adesão e Diagnóstico:
Art. 8º O Componente Sala de Estabilização deverá a) apresentação da Rede de Atenção às Urgências nos
ser ambiente para estabilização de pacientes críticos e/ou Estados e no Distrito Federal;
graves, com condições de garantir a assistência 24 horas, b) realização de diagnóstico e aprovação da região ini-
vinculado a um equipamento de saúde, articulado e co- cial de implementação da Rede de Atenção às Urgências
nectado aos outros níveis de atenção, para posterior en- na Comissão Intergestores Bipartite (CIB) nos Estados e no
caminhamento à rede de atenção a saúde pela central de Colegiado de Gestão da Secretaria de Estado da Saúde do
regulação das urgências. Distrito Federal (CGSES/DF); e

39
CONHECIMENTOS DO SUS

c) instituição de Grupo Condutor Estadual da Rede de § 2º O Plano de Ação Regional e o Plano de Ação Municipal
Atenção às Urgências, formado pela Secretaria Estadual de serão os documentos orientadores para a execução das fases
Saúde (SES), Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de implementação da Rede de Urgência e Emergência, assim
(COSEMS) e apoio institucional do Ministério da Saúde, que como para o monitoramento e a avaliação da implementação
terá como atribuições: da Rede pelo Grupo Condutor Estadual e pelo Ministério da
1. mobilizar os dirigentes políticos do SUS em cada fase; Saúde.
2. apoiar a organização dos processos de trabalho vol- § 3º A contratualização dos Pontos de Atenção é o meio
tados a implantação/implementação da rede; pelo qual o gestor, seja ele o Município, o Estado, o Distrito Fe-
3. identificar e apoiar a solução de possíveis pontos crí- deral ou a União, estabelece metas quantitativas e qualitativas
ticos em cada fase; e do processo de atenção à saúde, com o(s) ponto(s) de atenção
4. monitorar e avaliar o processo de implantação/im- à saúde da Rede de Atenção às Urgências sob sua gestão, de
plementação da rede. acordo com o Plano de Ação Regional e os Planos de Ação
Municipais.
II - Fase do Desenho Regional da Rede:
a) realização de análise da situação dos serviços de
CAPÍTULO IV 
atendimento às urgências, com dados primários, incluindo
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
dados demográficos e epidemiológicos, dimensionamen-
to da demanda das urgências, dimensionamento da oferta Art. 14. Os Comitês Gestores de Atenção às Urgências já
dos serviços de urgência existentes e análise da situação existentes deverão ser mantidos e deverão ser apresentadas
da regulação, da avaliação, do controle, da vigilância epide- propostas de estruturação e funcionamento de novos Comi-
miológica, do apoio diagnóstico, do transporte para as ur- tês nos âmbitos Estadual, Regional e Municipal nos locais onde
gências, da auditoria e do controle externo, pela Comissão ainda não existem.
Intergestores Regional (CIR) e pelo CGSES/DF, com o apoio § 1º As Secretarias Municipais de Saúde deverão constituir
da Secretaria de Saúde; e coordenar Comitês Gestores Municipais da Rede de Atenção
b) elaboração da proposta de Plano de Ação Regional, às Urgências, garantindo a adequada articulação entre os entes
com detalhamento técnico de cada componente da Rede, gestores e os executores das ações e as Secretarias Estaduais
contemplando o desenho da Rede Atenção às Urgências, de Saúde deverão constituir e coordenar os Comitês Gestores
metas a serem cumpridas, cronograma de implantação, me- Estaduais e os Comitês Gestores Regionais do Sistema de Aten-
canismos de regulação, monitoramento e avaliação, o esta- ção às Urgências.
belecimento de responsabilidades e o aporte de recursos § 2º Os Comitês Gestores da Rede de Atenção às Urgências
pela União, Estado, Distrito Federal e Municípios envolvidos; representarão o espaço formal de discussão e implementação
c) aprovação do Plano de Ação Regional na CIR, no CG- das correções necessárias à permanente adequação do sistema
SES/DF e na CIB; e de atenção integral às urgências, dentro das diretrizes estabele-
d) elaboração dos Planos de Ação Municipais dos Mu- cidas pelos Planos de Atenção às Urgências, em suas instâncias
nicípios integrantes da CIR, em consonância com o Plano de de representação institucional que permitirão que os atores en-
Ação Regional; volvidos na estruturação da atenção às urgências possam dis-
III - Fase da Contratualização dos Pontos de Atenção: cutir, avaliar e pactuar as diretrizes e ações prioritárias, subordi-
a) contratualização pela União, pelo Estados, pelo Dis- nadas às estruturas de pactuação do SUS nos seus vários níveis.
trito Federal ou pelo Município dos pontos de atenção da § 3º Nos Comitês Gestores Estaduais da Rede de Atenção
Rede de Urgência e Emergência, observadas as responsabi- às Urgências, os indicadores deverão ser analisados segundo
critérios de regionalização, buscando-se construir um quadro
lidades definidas para cada Componente da Rede de Aten-
descritivo completo da atenção estadual às urgências, apon-
ção às Urgências no desenho regional; e
tando aspectos positivos, dificuldades, limites e necessidades
b) instituição do Grupo Condutor Municipal em cada
a serem enfrentadas no contexto da macro e micro regulação
Município que compõe a CIR, com apoio institucional da
(regional e local).
SES; § 4º O relatório da situação da atenção estadual às urgên-
IV - Fase da Qualificação dos Componentes: a qualifi- cias elaborado nos termos do parágrafo anterior será remetido
cação dos Componentes da Rede de Atenção às Urgências à Coordenação-Geral de Urgência e Emergência (CGUE/DAE/
será definida na portaria específica de cada um dos Compo- SAS/MS), onde comporá a base nacional de dados relativa à
nentes, onde constarão as responsabilidades que deverão atenção às urgências.
ser cumpridas e as ações que serão desenvolvidas; e § 5º Fica recomendado que os Comitês Gestores Estaduais
V - Fase da Certificação: a certificação será concedida da Rede de Atenção às Urgências sejam compostos pelo Coor-
pelo Ministério da Saúde aos gestores do SUS, após a etapa denador Estadual do Sistema de Atenção às Urgências, pelo
de qualificação dos Componentes da Rede de Atenção às COSEMS, representado por Coordenadores Municipais de
Urgências, com avaliação periódica. Atenção às Urgências, pela Defesa Civil Estadual, representantes
§ 1º O Grupo Condutor da Rede de Atenção às Urgên- do Corpo de Bombeiros, da Secretaria Estadual de Segurança
cias no Distrito Federal será composto pela Secretaria de Pública e da Polícia Rodoviária e do Conselho Estadual de Saú-
Saúde e pela CGSES/DF, com apoio institucional do Ministé- de, das empresas concessionárias de rodovias, com sugestão
rio da Saúde, e terá as mesmas atribuições do Grupo Con- de estudar a necessidade ou oportunidade de se incorporarem
dutor Estadual, descritas na alínea «c» do inciso I do art. 13. a eles representantes das Forças Armadas Brasileiras.

40
CONHECIMENTOS DO SUS

§ 6º Fica recomendado que os Comitês Gestores das Redes Considerando a Portaria nº 687/GM/MS, de 30 de mar-
Regionais de Atenção às Urgências, sob coordenação estadual e ço de 2006, que aprova a Política de Promoção da Saúde;
com fluxo operacional compatível e de acordo com a realidade Considerando a Portaria nº 971/GM/MS, de 3 de maio
regional, tenham a seguinte composição: de 2006, que aprova a Política Nacional de Práticas Integra-
I - Coordenador Regional da Rede de Atenção às Urgências tivas e Complementares (PNPIC) no SUS;
ou outro representante da SES que assuma tal função; Considerando a Portaria nº 2.583/GM/MS, de 10 de
II - Coordenadores Municipais da Atenção às Urgências; outubro de 2007, que define elenco de medicamentos e
III - representantes dos serviços de saúde (prestadores da insumos disponibilizados pelo SUS, nos termos da Lei nº
área das urgências); 11.347, de 2006, aos usuários portadores de diabetes mel-
IV - representante do Corpo de Bombeiros, Polícias Rodo- litus;
viária, Civil e Militar, onde essas corporações atuem na atenção Considerando a Portaria nº 1.559/GM/MS, de 1º de
às urgências; agosto de 2008, que institui a Política Nacional de Regu-
V - representante da Defesa Civil; lação do SUS;
VI - representante dos gestores municipais e estadual da Considerando a Portaria nº 992/GM/MS, de 13 de maio
área de trânsito e transportes; e de 2009, que institui a Política Nacional de Saúde Integral
VII -conforme a necessidade justificar, representantes da da População Negra;
Aeronáutica, Marinha e Exército brasileiros. Considerando a Portaria nº 4.279/GM/MS, de 30 de
§ 7º Fica recomendado que os Comitês Gestores das Redes dezembro de 2010, que estabelece diretrizes para a orga-
Municipais de Atenção às Urgências tenham a seguinte compo- nização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do SUS;
sição mínima: Considerando a Portaria nº 1.600/GM/MS, de 7 de ju-
I -Coordenador Municipal da Rede de Atenção às Urgên- lho de 2011, que reformula a Política Nacional de Atenção
cias; às Urgências e institui a Rede de Atenção às Urgências no
II - representantes dos serviços de saúde (prestadores da SUS;
área das urgências); Considerando a Portaria nº 2.488/GM/MS, de 21 de
III - representante do Conselho Municipal de Saúde;
outubro de 2011, que aprova a Política Nacional de Aten-
IV - representante do Corpo de Bombeiros, Polícias Rodo-
ção Básica (PNAB), estabelecendo a revisão de diretrizes e
viária, Civil e Militar, Guarda Municipal, onde essas corporações
normas para a organização da Atenção Básica, para a Es-
atuem na atenção às urgências;
tratégia Saúde da Família (ESF) e o Pro-grama de Agentes
V - representante da Defesa Civil Municipal;
Comunitários de Saúde (PACS);
VI - representante do gestor municipal da área de trânsito; e
Considerando a Portaria nº 2.715/GM/MS, de 17 de
VIII - conforme a necessidade justificar, representantes da
novembro de 2011, que atualiza a Política Nacional de Ali-
Aeronáutica, Marinha e Exército brasileiros.
Art. 15. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publi- mentação e Nutrição (PNAN);
cação. Considerando a Portaria nº 2.994/GM/MS, de 13 de
Art. 16. Fica revogada a Portaria nº 1863/GM/MS, de 29 de dezembro de 2011, que aprova a Linha de Cuidado do
setembro de 2003, publicada no Diário Oficial da União nº 193, Infarto Agudo do Miocárdio e o Protocolo de Síndromes
de 6 de outubro de 2003, Seção 1, p. 56. Coronarianas Agudas, cria e altera procedimentos na Ta-
bela de Procedimentos, Medicamentos,Órteses, Próteses e
Materiais Especiais do SUS;
Considerando a Portaria nº 665/GM/MS, de 12 de abril
REDES DE ATENÇÃO ÀS DOENÇAS CRÔNICAS.
de 2012, que dispõe sobre os critérios de habilitação dos
estabelecimentos hospitalares como Centro de Atendi-
mento de Urgência aos Pacientes com Acidente Vascular
PORTARIA Nº 483, DE 1º DE ABRIL DE 2014 Cerebral (AVC), no âmbito do SUS, institui o respectivo in-
Redefine a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas centivo financeiro e aprova a Linha de Cuidados em AVC;
com Doenças Crônicas no âmbito do Sistema Único de Considerando a Portaria nº 971/GM/MS, de 15 de maio
Saúde (SUS) e estabelece diretrizes para a organização de 2012, que dispõe sobre o Programa Farmácia Popular
das suas linhas de cuidado. do Brasil;
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atri- Considerando a Portaria nº 1.555/GM/MS, de 30 de ju-
buições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo úni- lho de 2013, que dispõe sobre as normas de financiamento
co do art. 87 da Constituição, e e de execução do Componente Básico da Assistência Far-
Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de macêutica no âmbito do SUS;
1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, Considerando que as doenças crônicas não transmissí-
proteção e recuperação da saúde, a organização e o fun- veis constituem o problema de saúde de maior magnitude
cionamento dos serviços correspondentes e dá outras pro- e corresponderam a 72% (setenta e dois por cento) das
vidências; causas de morte em 2007;
Considerando o Decreto nº 7.508, de 28 de junho de Considerando o Plano de Ações Estratégicas para o
2011,que dispõe sobre a organização do Sistema Único de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis
Saúde (SUS), o planejamento da saúde, a assistência à saú- (DCNT) no Brasil 2011-2022, em especial no seu eixo III,
de e a articulação interfederativa; que se refere ao cuidado integral das DCNT;

41
CONHECIMENTOS DO SUS

Considerando a transição demográfica e a maior pre- VIII - articulação interfederativa entre os diversos ges-
valência das doenças crônicas com o envelhecimento da tores de saúde, mediante atuação solidária, responsável e
população e seu alto impacto na saúde das pessoas idosas; compartilhada;
Considerando o aumento da prevalência do sobrepeso IX -participação e controle social dos usuários sobre
e da obesidade em crianças e adolescentes, que pode acar- os serviços;
retar o aumento de doenças crônicas na fase adulta; X - autonomia dos usuários, com constituição de estra-
Considerando o Documento de diretrizes para o cuida- tégias de apoio ao autocuidado;
do das pessoas com doenças crônicas nas Redes de Aten- XI - equidade, a partir do reconhecimento dos determi-
ção à Saúde e nas linhas de cuidado prioritárias do Minis- nantes sociais da saúde;
tério da Saúde de 2012, disponível no sítio eletrônico www. XII -formação profissional e educação permanente, por
saude.gov.br/sas; meio de atividades que visem à aquisição de conhecimen-
Considerando os referenciais dos Cadernos de Atenção tos, habilidades
Básica, do Guia Alimentar para a População Brasileira, do e atitudes dos profissionais de saúde para qualificação
Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional do cuidado, de acordo com as diretrizes da Política Nacio-
para as Políticas Públicas, dos materiais de apoio da Acade- nal de Educação
mia da Saúde e do Pro-grama Saúde na Escola para fortale- Permanente em Saúde; e
cimento da promoção à saúde e da prevenção dos fatores XIII - regulação articulada entre todos os componen-
de risco para doenças crônicas e qualificação do cuidado tes da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças
desses usuários no âmbito SUS; e Crônicas.
Considerando a necessidade de reorganizar a atenção Art. 4º São objetivos da Rede de Atenção à Saúde das
à saúde da pessoa com doenças crônicas, resolve: Pessoas com Doenças Crônicas:
I -realizar a atenção integral à saúde das pessoas com
CAPÍTULO I doenças crônicas, em todos os pontos de atenção, através
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS da realização de ações e serviços de promoção e proteção
da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento,
Art. 1º Esta Portaria redefine a Rede de Atenção à Saú-
reabilitação, redução de danos e manutenção da saúde; e
de das Pessoas com Doenças Crônicas no âmbito do Sis-
II - fomentar a mudança no modelo de atenção à saú-
tema Único de Saúde (SUS) e estabelece diretrizes para a
de, por meio da qualificação da atenção integral às pessoas
organização de suas linhas de cuidado.
com doenças crônicas e da ampliação das estratégias para
Art. 2º Para efeito desta Portaria, consideram-se doen-
promoção da saúde da população e para prevenção do de-
ças crônicas as doenças que apresentam início gradual,
senvolvimento das doenças crônicas e suas complicações.
com duração longa ou incerta, que, em geral, apresentam
Art. 5º São objetivos específicos da Rede de Atenção à
múltiplas causas e cujo tratamento envolva mudanças de
Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas:
estilo de vida, em um processo de cuidado contínuo que,
usualmente, não leva à cura. I - ampliar o acesso dos usuários com doenças crônicas
Art. 3º São princípios da Rede de Atenção à Saúde das aos serviços de saúde;
Pessoas com Doenças Crônicas: II - promover o aprimoramento da qualidade da aten-
I - acesso e acolhimento aos usuários com doenças ção à saúde dos usuários com doenças crônicas, por meio
crônicas em todos os pontos de atenção; do desenvolvimento de ações coordenadas pela atenção
II - humanização da atenção, buscando-se a efetivação básica, contínuas e que busquem a integralidade e longitu-
de um modelo centrado no usuário, baseado nas suas ne- dinalidade do cuidado em saúde;
cessidades de saúde; III -propiciar o acesso aos recursos diagnósticos e tera-
III - respeito às diversidades étnico-raciais, culturais, pêuticos adequados em tempo oportuno, garantindo-se a
sociais e religiosas e aos hábitos e cultura locais; integralidade do cuidado, conforme a necessidade de saú-
IV - modelo de atenção centrado no usuário e realiza- de do usuário;
do por equipes multiprofissionais; IV - promover hábitos de vida saudáveis com relação à
V - articulação entre os diversos serviços e ações de alimentação e à atividade física, como ações de prevenção
saúde, constituindo redes de saúde com integração e co- às doenças crônicas;
nectividade entre os diferentes pontos de atenção; V - ampliar as ações para enfrentamento dos fatores
VI - atuação territorial, com definição e organização da de risco às doenças crônicas, tais como o tabagismo e o
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crô- consumo excessivo de álcool;
nicas nas regiões de saúde, a partir das necessidades de VI - atuar no fortalecimento do conhecimento do usuá-
saúde das respectivas populações, seus riscos e vulnerabi- rio sobre suas doenças e ampliação da sua capacidade de
lidades específicas; autocuidado e autonomia; e
VII - monitoramento e avaliação da qualidade dos ser- VII - impactar positivamente nos indicadores relaciona-
viços por meio de indicadores de estrutura, processo e de- dos às doenças crônicas.
sempenho que investiguem a efetividade e a resolutividade
da atenção;

42
CONHECIMENTOS DO SUS

CAPÍTULO II IV - efetuar a habilitação dos estabelecimentos de saú-


DAS COMPETÊNCIAS DAS ESFERAS DE GESTÃO de que realizam ações de atenção às pessoas com doenças
crônicas, quando couber, de acordo com critérios técnicos
Art. 6º Compete ao Ministério da Saúde e às Secretarias estabelecidos em Portarias específicas;
de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, V - desenvolver e disponibilizar sistemas de informa-
em seus respectivos âmbitos de atuação: ção para os cuidados prestados às pessoas com doenças
I - garantir que todos os estabelecimentos de saúde crônicas, com a finalidade de obter informações que pos-
que prestam atendimento às pessoas com doenças crônicas sibilitem o planejamento, o monitoramento, a avaliação, o
possuam infraestrutura e tecnologias adequadas, recursos controle e a regulação das ações realizadas, garantindo-se
humanos capacitados e qualificados, recursos materiais, a interoperabilidade entre os sistemas;
equipamentos e insumos suficientes, de maneira a garantir VI - garantir o acesso aos insumos e medicamentos
o cuidado necessário; de compra centralizada, necessários para o tratamento
II - garantir o financiamento tripartite para o cuidado das doenças crônicas de acordo com a Relação Nacional
integral das pessoas com doenças crônicas, de acordo com de Medicamentos Essenciais (RENAME) e de acordo com o
suas responsabilidades; disposto em legislações específicas, no que couber; e
III - promover a formação e a qualificação dos profis- VII - publicar documentos de apoio para a organização
sionais e dos trabalhadores de saúde de acordo com as di- local das linhas de cuidado e para a elaboração de diretri-
retrizes da Política Nacional de Educação Permanente em zes clínicas regionais.
Saúde; Art. 8º Compete às Secretarias de Saúde dos Estados:
IV -utilizar os sistemas de informação vigentes para os I - prestar apoio institucional às Secretarias de Saúde
cuidados prestados às pessoas com doenças crônicas, com dos Municípios no processo de qualificação e de consoli-
a finalidade dação das ações voltadas à atenção às pessoas com doen-
de obter informações que possibilitem o planejamento, ças crônicas;
o monitoramento, a avaliação, o controle e a regulação das II - realizar a articulação interfederativa para pactuação
ações realizadas, garantindo-se a interoperabilidade entre
de ações e de serviços em âmbito regional ou inter-regional
os sistemas;
para garantia da equidade e da integralidade do cuidado;
V - adotar mecanismos de monitoramento, avaliação e
III - definir estratégias de articulação com as Secretarias
auditoria com vistas à melhoria da qualidade das ações e
Municipais de Saúde do seu Estado com vistas ao desen-
dos serviços ofertados, considerando-se as especificidades
volvimento de planos de ação regionais para elaboração
dos estabelecimentos de saúde e suas responsabilidades;
das linhas de cuidado;
VI - elaborar e divulgar protocolos clínicos e diretrizes
IV - acompanhar e apoiar a organização e a implemen-
terapêuticas para qualificar o cuidado das pessoas com
tação regional das linhas de cuidado que irão compor a
doenças crônicas;
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crô-
VII - elaborar, desenvolver estratégias de comunicação
e disponibilizar publicações, materiais didáticos, informati- nicas no âmbito do SUS, considerando todos os pontos
vos ou outros materiais de interesse da população e dos de atenção, bem como os sistemas logísticos e de apoio
profissionais de saúde relacionados às doenças crônicas e necessários para garantir o acesso às ações de promoção,
seus fatores de risco; prevenção, diagnóstico, tratamento e cuidados paliativos
VIII - estimular a participação popular e o controle social para o cuidado das pessoas com doenças crônicas;
visando à contribuição na elaboração de estratégias para V - organizar a referência e a contrarreferência esta-
implantação das linhas de cuidado das doenças crônicas; e duais e regionais por meio da regulação com definição de
IX - manter atualizado os dados dos profissionais e de critérios e do fluxo dos usuários entre os pontos de aten-
serviços de saúde, de acordo com o respectivo nível de ges- ção da rede, de acordo com as necessidades de saúde dos
tão, públicos e privados, que prestam serviço ao SUS, no usuários;
Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saú- VI - garantir o acesso aos insumos e medicamentos
de (SCNES). necessários para o tratamento das doenças crônicas de
Art. 7º Compete ao Ministério da Saúde: acordo com a RENAME e de acordo com o disposto em
I - definir diretrizes gerais para estruturação das linhas legislações específicas, no que couber; e
de cuidado e organização da Rede de Atenção à Saúde das VII - apoiar e organizar a implantação de sistemas de
Pessoas com Doenças Crônicas; informação vigentes, disponibilizados pelo Ministério da
II -prestar apoio institucional às Secretarias de Saúde Saúde, nos Municípios, e apoiar a utilização dos sistemas.
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios no pro- Art. 9º Compete às Secretarias de Saúde dos Municí-
cesso de consolidação e qualificação das ações voltadas à pios:
atenção às pessoas com doenças crônicas; I - planejar e programar as ações e os serviços neces-
III -realizar estudos no intuito de subsidiar e justificar a sários para o cuidado das pessoas com doenças crônicas,
incorporação de novas tecnologias ou novos usos de tecno- considerando-se os serviços disponíveis, a base territorial,
logias já existentes no SUS que possam ser utilizadas para o perfil e as necessidades de saúde locais;
qualificar o cuidado das pessoas com doenças crônicas;

43
CONHECIMENTOS DO SUS

II - organizar as linhas de cuidado que irão compor a III - encaminhar para a Atenção Especializada os casos
Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crô- diagnosticados para procedimentos clínicos ou cirúrgicos
nicas no âmbito do SUS, considerando todos os pontos em função de complicações decorrentes das doenças crô-
de atenção, bem como os sistemas logísticos e de apoio nicas, ou quando esgotadas as possibilidades terapêuticas
necessários para garantir o acesso às ações de promoção, na Atenção Básica, com base no controle dos fatores de
prevenção, diagnóstico, tratamento e cuidados paliativos risco e no acometimento de órgãos alvo, ou de acordo com
para o cuidado das pessoas com doenças crônicas; diretrizes clínicas, regulação e pactuação locais, conside-
III - pactuar as linhas de cuidado com os Municípios da rando-se as necessidades individuais;
respectiva região de saúde, garantindo a oferta de cuidado IV - coordenar o cuidado das pessoas com doenças
integral às pessoas com doenças crônicas; crônicas, mesmo quando referenciadas para outros pontos
IV - organizar e pactuar as diretrizes, o fluxo e a regu- da Rede de Atenção à Saúde;
lação intra e intermunicipal das ações e dos serviços da V - acionar a Academia da Saúde e/ou outros equipa-
rede de atenção à saúde, visando à garantia do acesso dos mentos disponíveis no território como forma de contribuir
usuários, de acordo com suas necessidades; para o cuidado das pessoas com doenças crônicas, de acor-
V - implantar sistemas de informação, disponibilizados do com as necessidades identificadas;
pelo Ministério da Saúde ou desenvolvidos localmente, VI - acionar as ferramentas de teleassistência, de te-
quando couber, e contribuir para sua utilização de forma a leducação e regulação vigentes ou outra estratégia local,
obter registros dos dados relativos ao cuidado das pessoas sempre que necessário, para qualificar a atenção presta-
com doenças crônicas atendidas nos serviços de saúde que da e o eventual direcionamento da demanda dos usuários
estão sob responsabilidade do Município; e com doenças crônicas aos demais componentes da Rede
VI - garantir o acesso aos insumos e medicamentos de Atenção à Saúde; e
necessários para o tratamento das doenças crônicas de VII - realizar ações de promoção da saúde e de pre-
acordo com a RENAME e de acordo com o disposto em venção das doenças crônicas de forma intersetorial e com
legislações específicas, no que couber. participação popular, considerando os fatores de risco mais
prevalentes na população.
Art. 10. Aplica-se à Secretaria de Estado de Saúde do
Art. 13. A Atenção Especializada constitui um conjunto
Distrito Federal o disposto nos arts. 8º e 9º.
de pontos de atenção com diferentes densidades tecnoló-
gicas para a realização de ações e serviços de urgência e
CAPÍTULO III
emergência e ambulatoriais especializados e hospitalares,
DOS COMPONENTES
apoiando e complementando os serviços da Atenção Bási-
ca de forma resolutiva e em tempo oportuno.
Art. 11. A Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com
Art. 14. O subcomponente ambulatorial especializado
Doenças Crônicas é estruturada pelos seguintes compo-
da Atenção Especializada constitui um conjunto de ações
nentes: e serviços eletivos de média e alta densidade tecnológica,
I - Atenção Básica; com a finalidade de propiciar a continuidade do cuidado.
II - Atenção Especializada, que se divide em: Parágrafo único. Além do disposto no art. 21, compete
a) ambulatorial especializado; ao subcomponente ambulatorial especializado da Atenção
b) hospitalar; e Especializada:
c) urgência e emergência; I - atuar de forma territorial, sendo referência para uma
III - Sistemas de Apoio; população definida, a partir do perfil epidemiológico das
IV - Sistemas Logísticos; doenças crônicas e das necessidades de saúde da popula-
V - Regulação; e ção de cada região, considerando-se os conceitos de esca-
VI - Governança. la, no que se refere à economia e à qualidade do cuidado;
Art. 12. A Atenção Básica constitui-se como o centro de II - prestar assistência ambulatorial eletiva de média e
comunicação da Rede de Atenção à Saúde, com papel cha- alta densidade tecnológica, de forma multiprofissional, a
ve na sua estruturação como ordenadora e coordenadora sua população adstrita que se enquadra nos critérios de
do cuidado, com a responsabilidade de realizar o cuidado encaminhamento para esse ponto de atenção, de acordo
integral e contínuo da população que está sob sua respon- com os protocolos e as diretrizes clínicas estabelecidas
sabilidade e de ser a porta de entrada prioritária para orga- pelo Ministério da Saúde ou elaboradas pelo nível local ou
nização do cuidado. regional;
Parágrafo único. Além do disposto no art. 21, compete III - prestar apoio matricial às equipes da Atenção Bá-
à Atenção Básica: sica, presencialmente ou por meio das ferramentas de te-
I - realizar o diagnóstico, o rastreamento e o tratamen- leassistência e de teleducação vigentes ou de outras estra-
to da sua população adstrita de acordo com os protocolos tégias locais, dedicando parte da carga horária dos profis-
e as diretrizes clínicas estabelecidas pelo Ministério da Saú- sionais especificamente para essas ações;
de ou elaboradas pelo nível local; IV - realizar contrarreferência em casos de alta para os
II - prevenir, diagnosticar e tratar precocemente as pos- serviços de Atenção Básica, bem como comunicar periodi-
síveis complicações decorrentes das doenças crônicas; camente os Municípios e as equipes de saúde acerca dos
usuários que estão em acompanhamento;

44
CONHECIMENTOS DO SUS

V - orientar o usuário com relação ao retorno à Atenção Art. 17. Os Sistemas de Apoio constituem sistemas de
Básica e/ ou ao acompanhamento neste ponto de atenção, apoio diagnóstico e terapêutico, tais como patologia clíni-
quando necessário; e ca e imagens e de assistência farmacêutica.
VI - encaminhar para o subcomponente hospitalar da Parágrafo único. Compete aos Sistemas de Apoio:
Atenção Especializada os casos diagnosticados para proce- I - realizar apoio diagnóstico e terapêutico das solicita-
dimentos clínicos ou cirúrgicos de diagnósticos ou interna- ções provenientes de todos os pontos de atenção, de acor-
ção, em função de complicações decorrentes das doenças do com as pactuações locais ou regionais definidas com
crônicas, quando esgotadas as possibilidades terapêuticas base nos protocolos e nas diretrizes clínicas estabelecidas
no subcomponente ambulatorial especializado da Atenção pelo Ministério da Saúde ou elaboradas pelo nível local ou
Especializada. regional; e
Art. 15. O subcomponente hospitalar da Atenção Espe- II - prestar assistência farmacêutica necessária ao trata-
cializada constitui o ponto de atenção estratégico voltado mento clínico das pessoas com doenças crônicas, conside-
para as internações eletivas e/ou de urgência de pacientes rando-se a forma de organização da gestão local e regio-
agudos ou crônicos agudizados. nal, as necessidades de saúde locais e a RENAME.
Parágrafo único. Além do disposto no art. 21, compete Art. 18. Os Sistemas Logísticos constituem soluções em
ao subcomponente hospitalar da Atenção Especializada: saúde, em geral relacionadas às tecnologias de informação,
I - realizar avaliação e tratamento dos casos referen- integradas pelos sistemas de identificação e de acompa-
ciados pela Atenção Básica ou pelo subcomponente am- nhamento dos usuários, o registro eletrônico em saúde, os
bulatorial especializado da Atenção Especializada para sistemas de transporte sanitários e os sistemas de informa-
procedimentos clínicos ou cirúrgicos de diagnósticos ou ção em saúde.
internação e tratamento das complicações decorrentes das Parágrafo único. Compete aos Sistemas Logísticos:
doenças crônicas; I - operacionalizar a implementação de sistemas de in-
II - prestar cuidado integral e multiprofissional às in- formação que permitam o acompanhamento do cuidado,
ternações eletivas ou de urgência de pessoas com doenças a gestão de casos, o apoio às decisões clínicas e a regula-
crônicas, encaminhadas ou não de outro ponto de atenção, ção do acesso aos serviços da Atenção Especializada, assim
conforme os protocolos e as diretrizes clínicas estabeleci- como o monitoramento e a avaliação das ações e serviços;
das pelo Ministério da Saúde ou elaboradas pelo nível local e
ou regional; II - organizar sistema de transporte sanitário, por meio
III - programar alta hospitalar com a participação da de pactuações nas Comissões Intergestores Regionais (CIR)
equipe multiprofissional, realizando orientações com foco e/ou nas Comissões Intergestores Bipartite (CIB) e no Co-
no autocuidado; legiado de Gestão da Secretaria de Estado de Saúde do
IV - realizar contrarreferência e orientar o retorno dos Distrito Federal (CGSES/DF), que permita o fluxo adequa-
usuários, em casos de alta, para os serviços da Atenção Bá- do dos usuários com doenças crônicas entre os pontos de
sica e/ou do subcomponente ambulatorial especializado atenção, tanto na urgência quanto nas ações eletivas, por
da Atenção Especializada, bem como comunicar periodi- meio de veículos adaptados, quando necessário.
camente os Municípios e as equipes de saúde acerca dos Art. 19. A Regulação constitui o componente de gestão
usuários que estão em acompanhamento; e para qualificar a demanda e a assistência prestada, otimizar
V - prestar apoio matricial às equipes de Atenção Bá- a organização da oferta e promover a equidade no acesso
sica, presencialmente ou por meio das ferramentas de te- às ações e serviços de saúde, especialmente os de maior
leassistência e de teleducação vigentes ou de outras estra- densidade tecnológica, e auxiliar no monitoramento e ava-
tégias locais, dedicando parte da carga horária dos profis- liação dos pactos intergestores.
sionais especificamente para essas ações. Parágrafo único. Compete à Regulação garantir o aces-
Art. 16. O subcomponente de urgência e emergência so às ações e aos serviços de saúde de média e de alta
da Atenção Especializada constitui o conjunto de ações e densidade tecnológica, necessários ao cuidado integral dos
serviços voltados aos usuários que necessitam de cuida- usuários com doenças crônicas, por meio das Centrais de
dos imediatos nos diferentes pontos de atenção, inclusive Regulação ou Complexos Reguladores ou de acordo com
de acolhimento aos pacientes que apresentam agudização a pactuação local, garantindo a equidade no acesso, em
das condições crônicas. tempo oportuno, independentemente da natureza jurídica
Parágrafo único. Compete ao subcomponente urgên- dos estabelecimentos de saúde, levando em consideração
cia e emergência da Atenção Especializada: a estratificação de risco e as diretrizes clínicas definidas
I - prestar assistência e o primeiro cuidado às urgências pela gestão federal, regional ou local.
e emergências, em ambiente adequado, até o encaminha- Art. 20. A Governança constitui a capacidade de inter-
mento dos indivíduos com complicações agudas decor- venção que envolve diferentes atores, mecanismos e pro-
rentes das doenças crônicas a outros pontos de atenção, cedimentos para a gestão regional compartilhada da Rede
quando necessário, com a implantação de acolhimento e de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas.
classificação de riscos e vulnerabilidades; e Art. 21. São competências comuns do componente da
II - realizar referência ou contrarreferência para os de- Atenção Básica e dos subcomponentes ambulatorial espe-
mais pontos de atenção à saúde, de acordo com cada caso. cializado e hospitalar da Atenção Especializada:

45
CONHECIMENTOS DO SUS

I - planejar o cuidado considerando a avaliação da vul- II - garantia da regionalização da atenção especializada


nerabilidade e da capacidade de autocuidado das pessoas de forma que esta trabalhe com abrangência territorial e po-
com doenças crônicas; pulacional, conforme pactuações loco-regionais;
II - organizar as ações que promovam os cuidados pa- III - caracterização dos pontos de atenção que confor-
liativos, quando couber, nas linhas de cuidado definidas mam a linha de cuidado por meio da definição mínima de
para cada doença crônica, apoiando o cuidado e articulan- competências e de responsabilidades de cada um deles e do
do com os demais pontos de atenção; estabelecimento de mecanismos de comunicação entre eles,
III - garantir o acesso aos medicamentos e insumos dentre outros dispositivos;
para o tratamento das doenças crônicas, de acordo com IV - garantia e articulação dos recursos existentes para
as atribuições do ponto de atenção e de acordo com a RE- operacionalização das linhas de cuidado, segundo o planeja-
NAME; mento de cada unidade federada;
IV - registrar as informações referentes às pessoas e V - garantia de acesso regulado à atenção especializada,
às ações relacionadas às doenças crônicas nos sistemas de ambulatorial e hospitalar;
informação vigentes, quando couber; VI - implementação de sistemas de informação que per-
V - manter comunicação com as equipes multiprofis- mitam o acompanhamento do cuidado, a gestão de casos, o
sionais dos demais pontos de atenção que compõem a li- apoio às decisões clínicas e a regulação do acesso aos servi-
nha de cuidado; ços de atenção especializada, assim como o planejamento, o
VI - realizar o primeiro atendimento de urgência e monitoramento e a avaliação das ações e serviços;
emergência e encaminhar os indivíduos com complicações VII - oferta de apoio diagnóstico e terapêutico adequa-
agudas a outros serviços e/ou pontos de atenção, confor- do para prevenção e tratamento das doenças crônicas, com
me necessidade individual; e efetivação de um modelo centrado no usuário, baseado nas
VII - oferecer acompanhamento multiprofissional e suas necessidades de saúde, respeitando-se as diversidades
programar a realização de consultas e de exames de acor- étnico-raciais, culturais, sociais e religiosas;
do com a necessidade individual, os protocolos e as di- VIII - garantia da avaliação e do acompanhamento perió-
dicos das pessoas que apresentam doenças crônicas de forma
retrizes clínicas estabelecidas pelo Ministério da Saúde ou
integral e criteriosa, considerando-se a totalidade dos fatores
elaboradas pelo nível local, noâmbito da sua atuação.
de risco a que estão sujeitas e não apenas o potencial isolado
Art. 22. Todos os pontos de atenção à saúde, em es-
de cada diagnóstico clínico ou laboratorial;
pecial os que integram os componentes da Rede de Aten-
IX - estabelecimento de estratégias para apoio ao au-
ção às Urgências e Emergências, prestarão o cuidado aos
tocuidado de maneira a garantir a autonomia do usuário, o
usuários com doenças crônicas agudizadas em ambiente
conhecimento sobre sua saúde e a corresponsabilização dos
adequado até a transferência ou encaminhamento dos
atores envolvidos;
usuários a outros pontos de atenção, quando necessário. X - articulação de ações intersetoriais para promoção da
saúde, incluindo incentivo à alimentação adequada e saudável
CAPÍTULO IV e às práticas corporais e atividade física, de forma a apoiar os
DAS LINHAS DE CUIDADO indivíduos, as famílias e a comunidade na adoção de modos
de vida saudáveis, respeitando-se hábitos e culturas locais; e
Art. 23. A implantação da Rede de Atenção à Saúde das XI - definição de indicadores e metas de acompanhamen-
Pessoas com Doenças Crônicas se dará por meio da organi- to e avaliação para as linhas de cuidado das doenças crônicas.
zação e operacionalização de linhas de cuidado específicas, Parágrafo único. A programação de cuidado, no que se
considerando os agravos de maior magnitude. refere-à definição da frequência de realização de consultas,
Art. 24. No âmbito da Rede de Atenção à Saúde das de grupos e de solicitação de exames, não se limitará ao crité-
Pessoas com Doenças Crônicas, as linhas de cuidado de- rio de estratificação de risco, devendo considerar:
verão: I - os princípios da Atenção Básica descritos na Política
I - expressar os fluxos assistenciais que precisam ser Nacional de Atenção Básica (PNAB);
garantidos ao usuário a fim de atender às necessidades de II - as necessidades individuais;
saúde relacionadas a uma condição crônica; e III - as diretrizes clínicas de cada doença crônica; e
II - definir as ações e os serviços que serão ofertados IV - os determinantes sociais da saúde.
por cada componente da Rede de Atenção à Saúde das
Pessoas com Doenças Crônicas, baseadas em diretrizes clí- CAPÍTULO V
nicas e de acordo com a realidade de cada região de saú- DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
de, sempre considerando as evidências científicas sobre o
tema de que trata. Art. 26. A Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com
Art. 25. As linhas de cuidado no âmbito da Rede de Doenças Crônicas será integrada ao Contrato Organizativo da
Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas ob- Ação Pública em Saúde (COAP).
servarão às seguintes diretrizes: Art. 27. Esta Portaria entra em vigor na data de sua pu-
I - definição no âmbito de 1 (uma) ou mais regiões de blicação.
saúde, de acordo com a pactuação realizada nas CIR e/ou Art. 28. Fica revogada a Portaria nº 252/GM/MS, de 19 de
CIB e no CGSES/DF, considerando-se as necessidades de fevereiro de 2013, publicada no Diário Oficial da União nº 34,
saúde das respectivas populações; Seção 1, do dia seguinte, p. 71.

46
CONHECIMENTOS DO SUS

RESPONSABILIDADES DE CADA ESFERA CONTROLE SOCIAL: CONSELHOS E


DE GOVERNO NA ESTRUTURA E CONFERÊNCIAS DE SAÚDE.
FUNCIONAMENTO DO SUS.

A lei 8142/90, determina duas formas de participação


da população na gestão do Sistema Único de Saúde – SUS:
Conferências de Saúde e Conselhos de Saúde. Conferências
O Sistema Único de Saúde (SUS) faz parte de um dos de Saúde – no artigo 1º da 8142/90 parágrafo 1º diz:
maiores sistemas públicos de saúde do mundo e é o único – A Conferência de Saúde reunir-se-á cada 4(quatro)
a garantir acesso integral, universal, igualitário e gratuito anos com a representação dos vários segmentos sociais,
para toda a população. O Sistema foi criado na Constitui- para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para
ção de 1988, quando a saúde se tornou direito do cidadão. a formulação da política de saúde nos níveis correspon-
Os gestores do SUS são o Ministro da Saúde, em nível dentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinaria-
nacional, o Secretário de Estado da Saúde, em nível regio- mente, por este ou pelo Conselho de Saúde.
nal, e o Secretário Municipal de Saúde. Eles podem dividir Conselhos de Saúde – no artigo 1º da 8142/90 pará-
funções, mas todos devem ser parceiros para garantir a grafo 2º diz:
saúde da população. – O Conselho de Saúde, é um órgão colegiado de
caráter permanente e deliberativo do Sistema Único de
Confira os compromissos de cada um: Saúde- SUS
União O colegiado do Conselho de Saúde é composto por:
É responsabilidade da União coordenar os sistemas de – 25% de representantes do governo e prestadores de
saúde de alta complexidade e de laboratórios públicos. Por serviços, 25% de profissionais de saúde e 50% de usuá-
meio do Ministério da Saúde, a União planeja e fiscaliza rios, atua na formulação e proposição de estratégias e no
o SUS em todo o País. O MS responde pela metade dos controle da execução das políticas de saúde, inclusive nos
recursos da área; a verba é prevista anualmente no Orça- aspectos econômicos e financeiros, cuja decisões serão ho-
mento Geral da União. mologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em
Estados cada esfera de governo.
É papel dos governos estaduais criar suas próprias po- A Resolução nº 333 de 04/11/2003, do Conselho Na-
líticas de saúde e ajudar na execução das políticas nacio- cional de Saúde aprova diretrizes para a Criação , refor-
nais aplicando recursos próprios (mínimo de 12% de sua mulação , estruturação e funcionamento dos Conselhos de
receita) além dos repassados pela União. Os Estados tam- Saúde.
bém repassam verbas aos municípios. Além disso, os esta- Direitos dos Usuários do SUS
dos coordenam sua rede de laboratórios e hemocentros, A “Carta dos Direitos dos Usuários da Saúde” traz in-
definem os hospitais de referência e gerenciam os locais de formações para que você conheça seus direitos na hora de
atendimentos complexos da região. procurar atendimento de saúde. Ela reúne os seis princí-
Municípios pios básicos de cidadania que asseguram ao brasileiro o
É dever do município garantir os serviços de atenção ingresso digno nos sistemas de saúde, seja ele público ou
básica à saúde e prestar serviços em sua localidade, com privado. A Carta é uma importante ferramenta para que
a parceria dos governos estadual e federal. As prefeituras você conheça seus direitos e, assim, ajude o Brasil a ter um
também criam políticas de saúde e colaboram com a apli- sistema de saúde ainda mais efetivo.
cação das políticas nacionais e estaduais, aplicando recur- Os princípios da Carta são:
sos próprios (mínimo de 15% de sua receita) e os repassa- 1. Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e or-
dos pela União e pelo estado. Igualmente os municípios ganizado aos sistemas de saúde
devem organizar e controlar os laboratórios e hemocen- 2. Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e
tros. Os serviços de saúde da cidade também são adminis- efetivo para seu problema
trados pelos municípios, mesmo aqueles mais complexos. 3. Todo cidadão tem direito ao atendimento humaniza-
Distrito Federal do, acolhedor e livre de qualquer discriminação
Em relação ao Distrito Federal, acumulam-se as com- 4. Todo cidadão tem direito a atendimento que respei-
petências estaduais e municipais, aplicando o mínimo de te a sua pessoa, seus valores e seus direitos
12% de sua receita, além dos repasses feitos pela União. 5. Todo cidadão também tem responsabilidades para
que seu tratamento aconteça da forma adequada
Fonte: http://www.brasil.gov.br/governo/2014/10/o- 6. Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos
-papel-de-cada-ente-da-federacao-na-gestao-da-saude- gestores da saúde para que os princípios anteriores sejam
-publica cumpridos.

Fonte: http://portalamm.org.br/controle-social-no-
-sus/

47
CONHECIMENTOS DO SUS

RESIDÊNCIAS EM SAÚDE NO SUS. POLÍTICAS DE SAÚDE; MODELOS DE ATENÇÃO


À SAÚDE;

As residências multiprofissionais em saúde e em área


profissional da saúde, existentes desde 1975, tiveram sua Políticas de Saúde do Brasil
regulamentação em 2005, com a Lei nº 11.129. São orien-
tadas pelos princípios e diretrizes do Sistema Único de Com o objetivo de apoiar os gestores de saúde do país,
Saúde (SUS), a partir das necessidades e realidades locais nesta seção estão disponíveis publicações sobre Políticas de
e regionais, e abrangem as profissões da área da saúde, Saúde Brasileiras produzidas pelo Ministério da Saúde do Bra-
a saber: Biomedicina, Ciências Biológicas, Educação Física, sil e instituições parceiras:
Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medi- • Conheça o SUS de A-Z. O SUS de A a Z foi elabo-
cina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Serviço rado de forma a permitir consultas práticas, abrangendo um
Social e Terapia Ocupacional (Resolução CNS nº 287/1998). universo amplo de assuntos relacionados às ações e servi-
Trata-se, assim, de uma cooperação entre os Ministé- ços de Saúde, no âmbito do SUS.Trata-se de uma publica-
rios da Saúde e da Educação concebida para favorecer a ção com foco voltado especificamente ao gestor municipal,
inserção qualificada de profissionais da saúde no SUS e, que encontrará nela apoio para sanar dúvidas e orientações
particularmente, em áreas prioritárias. preciosas que pretendem auxiliá-lo no encaminhamento de
No Ministério da Saúde, a Política da Gestão do Tra- soluções eficazes para os desafios enfrentados no cotidiano
balho e da Educação na Saúde possui como objeto as ne- da gestão da Saúde.
cessidades de saúde da população e tem como objetivo • Política Nacional de Informação e Informática em
a educação voltada para a transformação da realidade. Saúde. Este documento foi construído tendo como base a
Utiliza, dessa forma, estratégias de Educação Permanente PNIIS de 2004 e a revisão de documentos relevantes, tais como
como eixo transversal e transformador da realidade e a re- o Plano Nacional de Saúde 2011-16, a Política de e-GOV, a Po-
gulação da formação conforme a necessidade do SUS. lítica Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde, a
Nesse contexto, encontram-se os Programas da Resi- série de documentos do Observatório de e-Saúde, da Health
dência Multiprofissional em Saúde da Família, que devem Metrics Network da OMS e da recente resolução do Executive
ser orientados por estratégias pedagógicas capazes de Board da OMS sobre Padrões e Interoperablidade, bem como
utilizar e promover cenários de aprendizagem configura- documentos da comunidade europeia sobre e-Saúde.
dos nas Redes de Atenção à Saúde, tendo a atenção básica • Políticas e Diretrizes do Sistema Único de Saúde. Esta
como espaço privilegiado. Adota metodologias e disposi- seção reúne Políticas Nacionais, Programas Nacionais, Con-
tivos da gestão da clínica ampliada, de modo a garantir a ferências Nacionais de Saúde, Diretrizes do SUS, Encontros,
formação fundamentada na atenção integral, multiprofis- Convenções, Cartas e Declarações relacionadas à saúde.
sional e interdisciplinar.
Os Programas de Residência Multiprofissional em Saú- Fonte: http://brasil.bvs.br/vhl/diretorios-portais-e-servi-
de da Família podem contribuir com a revisão do modelo cos/politicas-de-saude-do-brasil-2/
assistencial, na medida em que formam um novo perfil do
profissional de saúde, humanizado e preparado para res-
ponder às reais necessidades de saúde dos usuários, famí-
lia e comunidade. Contribuem para a construção de novos DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE;
paradigmas de assistência à saúde, ampliando a resoluti-
vidade da Estratégia Saúde da Família e dos Núcleos de
Apoio à Saúde da Família. “De acordo com definição da Organização Mundial de
Para conhecer mais sobre as ações da Secretaria de Saúde (OMS), os determinantes sociais da saúde estão rela-
Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde voltadas cionados às condições em que uma pessoa vive e trabalha.
à Educação Superior, acesse o portal da saúde. Conheça Também podem ser considerados os fatores sociais, econô-
também a publicação do Ministério da Saúde que aborda micos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamen-
o tema, Residências Multiprofissionais em Saúde: experiên- tais que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e
cias, avanços e desafios. fatores de risco à população, tais como moradia, alimentação,
escolaridade, renda e emprego.
Fonte: http://dab.saude.gov.br/portaldab/residencia_ Estudos sobre determinantes sociais apontam que há dis-
multiprofissional.php tintas abordagens possíveis. Além disso, que há uma variação
quanto à compreensão sobre os mecanismos que acarretam
em iniquidades de saúde. Por isso, os determinantes sociais
não podem ser avaliados somente pelas doenças geradas,
pois vão além, influenciando todas as dimensões do processo
de saúde das populações, tanto do ponto de vista do indiví-
duo, quanto da coletividade na qual ele se insere.

48
CONHECIMENTOS DO SUS

Entre os desafios para entender a relação entre deter-


minantes sociais e saúde está o estabelecimento de uma NOÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA E VIGILÂNCIA À
hierarquia de determinações entre os fatores mais gerais SAÚDE;
de natureza social, econômica, política e as mediações
através das quais esses fatores incidem sobre a situação
de saúde de grupos e pessoas, não havendo uma simples
A Epidemiologia é a ciência que estuda os padrões da
relação direta de causa-efeito.
ocorrência de doenças em populações humanas e os fa-
tores determinantes destes padrões (Lilienfeld, 1980). En-
Daí a importância do setor saúde se somar aos demais
quanto a clínica aborda a doença em nível individual, a
setores da sociedade no combate às iniquidades. Todas as
epidemiologia aborda o processo saúde-doença em gru-
políticas que assegurem a redução das desigualdades so-
pos de pessoas que podem variar de pequenos grupos até
ciais e que proporcionem melhores condições de mobilida-
populações inteiras. O fato de a epidemiologia, por muitas
de, trabalho e lazer são importantes neste processo, além
vezes, estudar morbidade, mortalidade ou agravos à saúde,
da própria conscientização do indivíduo sobre sua parti-
deve-se, simplesmente, às limitações metodológicas da de-
cipação pessoal no processo de produção da saúde e da
finição de saúde.
qualidade de vida”.
Usos da Epidemiologia
Destaca-se a existência de um portal oficial na internet
exclusivamente focado nas determinantes sociais da saúde:
Por algum tempo prevaleceu a ideia de que a epide-
“O Portal sobre Determinantes Sociais da Saúde (DSS)
miologia restringia-se ao estudo de epidemias de doenças
tem por objetivo constituir-se num espaço aberto de infor-
transmissíveis. Hoje, é reconhecido que a epidemiologia
mação, referência, comunicação e diálogo entre os diver-
trata de qualquer evento relacionado à saúde (ou doença)
sos atores de governo e da sociedade civil encarregados de
da população.
definir e implementar políticas e programas de combate às
Suas aplicações variam desde a descrição das condições
iniquidades em saúde por meio da ação sobre os DSS. Suas
de saúde da população, da investigação dos fatores deter-
principais referências são o relatório da Comissão sobre
minantes de doenças, da avaliação do impacto das ações
DSS da OMS, o relatório da Comissão Nacional sobre DSS
para alterar a situação de saúde até a avaliação da utilização
e as conclusões e recomendações da Conferência Mundial
dos serviços de saúde, incluindo custos de assistência.
sobre DSS com centralidade em cinco eixos temáticos: Go-
Dessa forma, a epidemiologia contribui para o melhor
vernança para o enfrentamento das iniquidades em saúde;
entendimento da saúde da população - partindo do conhe-
Promoção da participação para a ação sobre os DSS; Pa-
cimento dos fatores que a determinam e provendo, conse-
pel do setor saúde na redução das iniquidades em saúde;
quentemente, subsídios para a prevenção das doenças.
Ações globais sobre os determinantes sociais e Monitora-
mento das iniquidades em saúde.
Saúde e Doença
Entre as fontes de informação do Portal se destaca o
Saúde e doença como um processo binário, ou seja,
Observatório sobre Iniquidades em Saúde dedicado a mo-
presença/ausência, é uma forma simplista para algo bem
nitorar suas tendências, apoiar estudos sobre as mesmas
mais complexo. O que se encontra usualmente, na clínica
e avaliar o impacto de intervenções para combatê-las. O
diária, é um processo evolutivo entre saúde e doença que,
Portal também inclui resumos e análises de pesquisas e
dependendo de cada paciente, poderá seguir cursos diver-
notícias recentes de interesse para os DSS, entrevistas com
sos, sendo que nem sempre os limites entre um e outro são
atores relevantes do governo e sociedade civil no campo
precisos.
dos DSS, coleção de experiências de ações sobre os DSS,
1. Evolução aguda e fatal . Exemplo: estima-se que cer-
opiniões de especialistas, entre outras fontes.
ca de 10% dos pacientes portadores de trombose venosa
O Portal sobre DSS se articula com a Biblioteca Virtual
profunda acabam apresentando pelo menos um episódio
em Saúde sobre DSS (http://bvsdss.icict.fiocruz.br/php/in-
de tromboembolismo pulmonar, e que 10% desses vão ao
dex.php) que registra a literatura científica, diversos diretó-
óbito (Moser, 1990).
rios e sites web relacionados com os DSS.
2. Evolução aguda, clinicamente evidente, com recupe-
O Portal sobre DSS é mantido por uma rede de colabo-
ração. Exemplo: paciente jovem, hígido, vivendo na comu-
radores promovida e coordenada pelo Centro de Estudos,
nidade, com quadro viral de vias aéreas superiores e que,
Políticas e Informação sobre Determinantes Sociais da Saú-
depois de uma semana, inicia com febre, tosse produtiva
de (CEPI-DSS) da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio
com expectoração purulenta, dor ventilatória dependente
Arouca (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)”
e consolidação na radiografia de tórax. Após o diagnóstico
de pneumonia pneumocócica e tratamento com beta-lac-
tâmicos, o paciente repete a radiografia e não se observa
sequela alguma do processo inflamatório-infeccioso ( já que
a definição de pneumonia implica recuperação do parên-
quima pulmonar).

49
CONHECIMENTOS DO SUS

3. Evolução subclínica. Exemplo: primo-infecção tubercu- Prevenção


losa: a chegada do bacilo de Koch nos alvéolos é reconhecida
pelos linfócitos T, que identificam a cápsula do bacilo como As ações primárias dirigem-se à prevenção das doenças
um antígeno e provocam uma reação específica com for- ou manutenção da saúde. Exemplo: a interrupção do fumo na
mação de granuloma; assim acontece o chamado complexo gravidez seria uma importante medida de ação primária, já que
primário (lesão do parênquima pulmonar e adenopatia). Na mães fumantes, no estudo de coorte de Pelotas de 1993, tiveram
maioria das pessoas, a primo-infecção tuberculosa adquire duas vezes maior risco para terem filhos com retardo de cresci-
uma forma subclínica sem que o doente sequer percebe sin- mento intrauterino e baixo peso ao nascer sendo esse um dos
tomas de doença. determinantes mais importantes de mortalidade infantil (Horta,
4. Evolução crônica progressiva com óbito em longo ou 1997). Após a instalação do período clínico ou patológico das
curto prazo. Exemplo: fibrose pulmonar idiopática que ge- doenças, as ações secundárias visam a fazê-lo regredir (cura),
ralmente tem um curso inexorável, evoluindo para o óbito ou impedir a progressão para o óbito, ou evitar o surgimento
por insuficiência respiratória e hipoxemia severa. As maiores de sequelas. Exemplo: o tratamento com RHZ para a tubercu-
séries da literatura (Turner-Warwick, 1980) relatam uma so- lose proporciona cerca de 100% de cura da doença e impede
brevida média, após o surgimento dos primeiros sintomas, sequelas importantes como fibrose pulmonar, ou cronicidade
inferior a cinco anos, sendo que alguns pacientes evoluem da doença sem resposta ao tratamento de primeira linha e a
para o óbito entre 6 e 12 meses (Stack, 1972). Já a DPOC ser- transmissão da doença para o resto da população. A prevenção
ve como exemplo de uma doença com evolução progressiva através das ações terciárias procura minimizar os danos já ocor-
e óbito em longo prazo, dependendo fundamentalmente da ridos com a doença. Exemplo: a bola fúngica que, usualmente
continuidade ou não do vício do tabagismo. é um resíduo da tuberculose e pode provocar hemoptises se-
5. Evolução crônica com períodos assintomáticos e exa- veras, tem na cirurgia seu tratamento definitivo (Hetzel, 2001).
cerbações. Exemplo: a asma brônquica é um dos exemplos
clássicos, com períodos de exacerbação e períodos assinto- Causalidade em Epidemiologia
máticos. Hoje, sabe-se que, apesar dessa evolução, a função
pulmonar de alguns pacientes asmáticos pode não retornar A teoria da multicausalidade ou multifatorialidade tem hoje
aos níveis de normalidade (Pizzichini, 2001). seu papel definido na gênese das doenças, em substituição à
Essa é a história natural das doenças, que, na ausência da teoria da unicausalidade que vigorou por muitos anos. A grande
interferência médica, pode ser subdividida em quatro fases: maioria das doenças advém de uma combinação de fatores que
a) Fase inicial ou de susceptibilidade. interagem entre si e acabam desempenhando importante papel
b) Fase patológica pré-clínica. na determinação das mesmas. Como exemplo dessas múltiplas
c) Fase clínica. causas chamadas causas contribuintes citaremos o câncer de
d) Fase de incapacidade residual. pulmão. Nem todo fumante desenvolve câncer de pulmão, o
que indica que há outras causas contribuindo para o apareci-
Na fase inicial, ainda não há doença, mas, sim, condições mento dessa doença. Estudos mostraram que, descendentes
que a favoreçam. Dependendo da existência de fatores de ris- de primeiro grau de fumantes com câncer de pulmão tiveram
co ou de proteção, alguns indivíduos estarão mais ou menos 2 a 3 vezes maior chance de terem a doença do que aqueles
propensos a determinadas doenças do que outros. Exemplo: sem a doença na família; isso indica que há uma suscetibilida-
crianças que convivem com mães fumantes estão em maior de familiar aumentada para o câncer de pulmão. Ativação dos
risco de hospitalizações por IRAS no primeiro ano de vida, do oncogenes dominantes e inativação de oncogenes supressores
que filhos de mães não-fumantes (Macedo, 2000). Na fase ou recessivos são lesões que têm sido encontradas no DNA de
patológica pré-clínica, a doença não é evidente, mas já há células do carcinoma brônquico e que reforçam o papel de de-
alterações patológicas, como acontece no movimento ciliar terminantes genéticos nesta doença (Srivastava, 1995).
da árvore brônquica reduzido pelo fumo e contribuindo, A determinação da causalidade passa por níveis hierárqui-
posteriormente, para o aparecimento da DPOC. A fase clíni- cos distintos, sendo que alguns desses fatores causais estão
ca corresponde ao período da doença com sintomas. Ainda mais próximos do que outros em relação ao desenvolvimento
no exemplo da DPOC, a fase clínica varia desde os primeiros da doença. Por exemplo, fatores biológicos, hereditários e so-
sinais da bronquite crônica como aumento de tosse e expec- cioeconômicos podem ser os determinantes distais da asma
toração até o quadro de cor pulmonale crônico, na fase final infantil são fatores a distância que, através de sua atuação em
da doença. outros fatores, podem contribuir para o aparecimento da doen-
Por último, se a doença não evoluiu para a morte nem ça. Por outro lado, alguns fatores chamados determinantes in-
foi curada, ocorrem as sequelas da mesma; ou seja, aquele termediários podem sofrer tanto a influência dos determinantes
paciente que iniciou fumando, posteriormente desenvolveu distais como estar agindo em fatores próximos à doença, como
um quadro de DPOC, evoluiu para a insuficiência respiratória seria o caso dos fatores gestacionais, ambientais, alérgicos e nu-
devido à hipoxemia e passará a apresentar severa limitação tricionais na determinação da asma; os fatores que estão próxi-
funcional fase de incapacidade residual. mos à doença os determinantes proximais, por sua vez, também
Conhecendo-se e atuando-se nas diversas fases da his- podem sofrer a influência daqueles fatores que estão em nível
tória natural da doença, poder-se-á modificar o curso da hierárquico superior (determinantes distais e intermediários) ou
mesma; isso envolve desde as ações de prevenção conside- agirem diretamente na determinação da doença. No exemplo
radas primárias até as terciárias, para combater a fase da in- da asma, o determinante proximal pode ser um evento infec-
capacidade residual. cioso prévio.

50
CONHECIMENTOS DO SUS

Determinação de causalidade na asma brônquica. Exemplo: nos países desenvolvidos, a prevalência de fumo au-
mentou significativamente durante a primeira metade do século,
Critérios de causalidade de Hill mas houve um lapso de vários anos até detectar-se o aumento do
número de mortes por câncer de pulmão. Nos EUA, por exemplo,
- Força da associação o consumo médio diário de cigarros, em adultos jovens, aumen-
- Consistência tou de um, em 1910, para quatro, em 1930, e 10 em 1950, sendo
- Especificidade que o aumento da mortalidade ocorreu após várias décadas.
- Sequência cronológica Padrão semelhante vem ocorrendo na China, particular-
- Efeito dose–resposta mente no sexo masculino, só que com um intervalo de tempo
- Plausibilidade biológica de 40 anos: o consumo médio diário de cigarros, nos homens,
- Coerência era um em 1952, quatro em 1972, atingindo 10 em 1992. As
- Evidências experimentais estimativas, portanto, são de que 100 milhões dos homens chi-
- Analogia neses, hoje com idade de 0-29 anos, morrerão pelo tabaco, o
Somente os estudos experimentais estabelecem defini- que implicará a três milhões de mortes, por ano, quando esses
tivamente a causalidade, porém a maioria das associações homens atingirem idades mais avançadas (Liu, 1998).
encontradas nos estudos epidemiológicos não é causal. O Efeito dose-resposta. O aumento da exposição causa um
Quadro mostra os nove critérios para estabelecer causali- aumento do efeito? Sendo positiva essa relação, há mais um
dade segundo trabalho clássico de Sir Austin Bradford Hill. indício do fator causal. Exemplo: os estudos prospectivos de
Força da associação e magnitude. Quanto mais elevada Doll e Hill (Doll, 1994) sobre a mortalidade por câncer de pul-
a medida de efeito, maior a plausibilidade de que a relação mão e fumo, nos médicos ingleses, tiveram um seguimento de
seja causal. Por exemplo: estudo de Malcon sobre fumo em 40 anos (1951-1991). As primeiras publicações dos autores já
adolescentes mostrou que a força da associação entre o mostravam o efeito dose-resposta do fumo na mortalidade por
fumo do adolescente e a presença do fumo no grupo de câncer de pulmão; os resultados finais desse acompanhamen-
amigos foi da magnitude de 17 vezes; ou seja, adolescen- to revelavam que fumantes de 1 a 14 cigarros/dia, de 15 a 24
cigarros/dia e de 25 ou mais cigarros/dia morriam 7,5 para 8
tes com três ou mais amigos fumando têm 17 vezes maior
vezes mais, 14,9 para 15 e 25,4 para 25 vezes mais do que os
risco para serem fumantes do que aqueles sem amigos fu-
não-fumantes, respectivamente.
mantes (Malcon, 2000).
Plausibilidade biológica. A associação é consistente com
Consistência da associação. A associação também é
outros conhecimentos? É preciso alguma coerência entre o
observada em estudos realizados em outras populações
conhecimento existente e os novos achados. A associação en-
ou utilizando diferentes metodologias? É possível que,
tre fumo passivo e câncer de pulmão é um dos exemplos da
simplesmente por chance, tenha sido encontrada deter-
plausibilidade biológica. Carcinógenos do tabaco têm sido en-
minada associação? Se as associações encontradas foram contrados no sangue e na urina de não-fumantes expostos ao
consequência do acaso, estudos posteriores não deverão fumo passivo.
detectar os mesmos resultados. Exemplo: a maioria, senão A associação entre o risco de câncer de pulmão em não-fu-
a totalidade dos estudos sobre câncer de pulmão, detectou mantes e o número de cigarros fumados e anos de exposição
o fumo como um dos principais fatores associados a esta do fumante é diretamente proporcional (efeito dose-resposta)
doença. Especificidade. A exposição está especificamente (Hirayama, 1981).
associada a um tipo de doença, e não a vários tipos (esse é Coerência. Os achados devem ser coerentes com as ten-
um critério que pode ser questionável). Exemplo: poeira da dências temporais, padrões geográficos, distribuição por sexo,
sílica e formação de múltiplos nódulos fibrosos no pulmão estudos em animais etc. Evidências experimentais. Mudanças
(silicose). na exposição resultam em mudanças na incidência de doença.
Sequência cronológica (ou temporalidade). A causa Exemplo: sabe-se que os alergênios inalatórios (como a poeira)
precede o efeito? A exposição ao fator de risco antecede o podem ser promotores, indutores ou desencadeantes da asma;
aparecimento da doença e é compatível com o respectivo portanto o afastamento do paciente asmático desses alergê-
período de incubação? Nem sempre é fácil estabelecer a nios é capaz de alterar a hiperresponsividade das vias aéreas
seqüência cronológica, nos estudos realizados quando o (HRVA), a incidência da doença ou a precipitação da crise.
período de latência é longo entre a exposição e a doença. Analogia. O observado é análogo ao que se sabe sobre
outra doença ou exposição. Exemplo: é bem reconhecido o
Critérios de causalidade de Hill fato de que a imunossupressão causa várias doenças; portanto
- Força da associação explica-se a forte associação entre AIDS e tuberculose, já que,
- Consistência em ambas, a imunidade está diminuída.
- Especificidade Raramente é possível comprovar os nove critérios para
- Sequência cronológica uma determinada associação. A pergunta-chave nessa questão
- Efeito dose–resposta da causalidade é a seguinte: os achados encontrados indicam
- Plausibilidade biológica causalidade ou apenas associação? O critério de temporalida-
- Coerência de, sem dúvida, é indispensável para a causalidade; se a causa
- Evidências experimentais não precede o efeito, a associação não é causal. Os demais cri-
- Analogia térios podem contribuir para a inferência da causalidade, mas
não necessariamente determinam a causalidade da associação.

51
CONHECIMENTOS DO SUS

Indicadores de Saúde Intervalo de tempo: é preciso especificar o tempo a que


se referem os coeficientes estudados. Nas estatísticas vitais,
Para que a saúde seja quantificada e para permitir compara- esse tempo é geralmente de um ano. Para a vigilância epide-
ções na população, utilizam-se os indicadores de saúde. Estes de- miológica (verificação contínua dos fatores que determinam a
vem refletir, com fidedignidade, o panorama da saúde populacio- ocorrência e a distribuição da doença e condições de saúde),
nal. É interessante observar que, apesar desses indicadores serem pode decidir-se por um período bem mais curto, dependendo
chamados “Indicadores de Saúde”, muitos deles medem doen- do objetivo do estudo.
ças, mortes, gravidade de doenças, o que denota ser mais fácil,
às vezes, medir doença do que medir saúde, como já foi mencio- Estabilidade dos coeficientes: quando se calcula um
nado anteriormente. Esses indicadores podem ser expressos em coeficiente para tempos curtos ou para populações reduzidas,
termos de frequência absoluta ou como frequência relativa, onde os coeficientes podem tornar-se imprecisos e não ser tão fide-
se incluem os coeficientes e índices. Os valores absolutos são os dignos. Gutierrez, no capítulo da epidemiologia da tuberculo-
dados mais prontamente disponíveis e, frequentemente, usados se, exemplifica de que forma o coeficiente de incidência para
na monitoração da ocorrência de doenças infecciosas; especial- tuberculose pode variar, conforme o tamanho da população.
mente em situações de epidemia, quando as populações envol- Para contornar esse problema, é possível aumentar o período
vidas estão restritas ao tempo e a um determinado local, pode de observação (por exemplo, ao invés de observar o evento
assumir-se que a estrutura populacional é estável e, assim, usar por um ano, observá-lo por dois ou três anos), aumentar o ta-
valores absolutos. Entretanto, para comparar a frequência de uma manho da amostra (observar uma população maior) ou utilizar
doença entre diferentes grupos, deve-se ter em conta o tamanho números absolutos no lugar de coeficientes.
das populações a serem comparadas com sua estrutura de idade
e sexo, expressando os dados em forma de taxas ou coeficientes. População em risco: refere-se ao denominador da fra-
Indicadores de saúde ção para o cálculo do coeficiente. Nem sempre é fácil saber o
- Mortalidade/sobrevivência número exato desse denominador e muitas vezes recorre-se a
- Morbidade/gravidade/incapacidade funcional estimativas no lugar de números exatos.
- Nutrição/crescimento e desenvolvimento
- Aspectos demográficos Morbidade
- Condições socioeconômicas
- Saúde ambiental A morbidade é um dos importantes indicadores de saúde,
- Serviços de saúde sendo um dos mais citados coeficientes ao longo desse livro.
Muitas doenças causam importante morbidade, mas baixa
Coeficientes (ou taxas ou rates). São as medidas básicas da mortalidade, como a asma. Morbidade é um termo genérico
ocorrência das doenças em uma determinada população e período. usado para designar o conjunto de casos de uma dada afecção
Para o cálculo dos coeficientes ou taxas, considera-se que o número ou a soma de agravos à saúde que atingem um grupo de indi-
de casos está relacionado ao tamanho da população que lhes deu víduos. Medir morbidade nem sempre é uma tarefa fácil, pois
origem. O numerador refere-se ao número de casos detectados são muitas as limitações que contribuem para essa dificuldade.
que se quer estudar (por exemplo: mortes, doenças, fatores de risco
etc.), e o denominador refere-se a toda população capaz de sofrer Medidas da morbidade
aquele evento - é a chamada população em risco. O denominador,
portanto, reflete o número de casos acrescido do número de pes- Para que se possa acompanhar a morbidade na popu-
soas que poderiam tornar-se casos naquele período de tempo. Às lação e traçar paralelos entre a morbidade de um local em
vezes, dependendo do evento estudado, é preciso excluir algumas relação a outros, é preciso que se tenha medidas-padrão de
pessoas do denominador. Por exemplo, ao calcular-se o coeficien- morbidade. As medidas de morbidade mais utilizadas são as
te de mortalidade por câncer de próstata, as mulheres devem ser que se seguem:
excluídas do denominador, pois não estão expostas ao risco de ad- - Medida da prevalência: a prevalência (P) mede o nú-
quirir câncer de próstata. Para uma melhor utilização desses coefi- mero total de casos, episódios ou eventos existentes em um
cientes, é preciso o esclarecimento de alguns pontos: determinado ponto no tempo. O coeficiente de prevalência,
- Escolha da constante (denominador). portanto, é a relação entre o número de casos existentes de
- Intervalo de tempo. uma determinada doença e o número de pessoas na popu-
- Estabilidade dos coeficientes. lação, em um determinado período. Esse coeficiente pode ser
- População em risco. multiplicado por uma constante, pois, assim, torna-se um nú-
mero inteiro fácil de interpretar (essa constante pode ser 100,
Escolha da constante: a escolha de uma constante serve 1.000 ou 10.000). O termo prevalência refere-se à prevalência
para evitar que o resultado seja expresso por um número de- pontual ou instantânea. Isso quer dizer que, naquele particu-
cimal de difícil leitura (por exemplo: 0,0003); portanto faz-se a lar ponto do tempo (dia, semana, mês ou ano da coleta, por
multiplicação da fração por uma constante (100, 1.000, 10.000, exemplo), a frequência da doença medida foi de 10%, por
100.000). A decisão sobre qual constante deve ser utilizada é exemplo. Na interpretação da medida da prevalência, deve ser
arbitrária, pois depende da grandeza dos números decimais; lembrado que a mesma depende do número de pessoas que
entretanto, para muitos dos indicadores, essa constante já está desenvolveram a doença no passado e continuam doentes no
uniformizada. Por exemplo: para os coeficientes de mortalidade presente. Assim, como já foi descrito no início do capítulo, o
infantil utiliza-se sempre a constante de 1.000 nascidos vivos. denominador é a população em risco.

52
CONHECIMENTOS DO SUS

Por exemplo, em uma população estudada de 1.053 A relação entre incidência e prevalência segue a seguin-
adultos da zona urbana de Pelotas, em 1991, detectaram-se te fórmula (Vaughan, 1992):
135 casos de bronquite crônica; portanto, a prevalência de
bronquite crônica, seguindo a equação abaixo, foi de (Me- Prevalência = Incidência X Duração Média da Doença
nezes, 1994):
Mortalidade
Medida da incidência: a incidência mede o número
de casos novos de uma doença, episódios ou eventos na O número de óbitos (assim como o número de nasci-
população dentro de um período definido de tempo (dia, mentos) é uma importante fonte para avaliar as condições
semana, mês, ano); é um dos melhores indicadores para de saúde da população.
avaliar se uma condição está diminuindo, aumentando ou
permanecendo estável, pois indica o número de pessoas da Medidas de Mortalidade. Os coeficientes de mortali-
população que passou de um estado de não-doente para dade são os mais tradicionais indicadores de saúde.
doente. O coeficiente de incidência é a razão entre o núme-
ro de casos novos de uma doença que ocorre em uma co- Principais coeficientes de mortalidade:
munidade, em um intervalo de tempo determinado, e a po- - Coeficiente de mortalidade geral
pulação exposta ao risco de adquirir essa doença no mesmo - Coeficiente de mortalidade infantil
período. A multiplicação por uma constante tem a mesma - Coeficiente de mortalidade neonatal precoce
finalidade descrita acima para o coeficiente de prevalência. - Coeficiente de mortalidade neonatal tardia
A incidência é útil para medir a frequência de doenças com - Coeficiente de mortalidade perinatal
uma duração média curta, como, por exemplo, a pneumo- - Coeficiente de mortalidade materna
nia, ou doença de duração longa. A incidência pode ser - Coeficiente de mortalidade específico por doença
cumulativa (acumulada) ou densidade de incidência.
Coeficiente de mortalidade geral. Obtido pela divisão
do número total de óbitos por todas as causas em um ano
Incidência Cumulativa (IC). Refere-se à população
pelo número da população naquele ano, multiplicado por
fixa, onde não há entrada de novos casos naquele determi-
1.000. Exemplo: no RS, houve 63.961 óbitos e a população
nando período. Por exemplo: em um grupo de trabalhado-
estimada era de 9.762.110; portanto o coeficiente de morta-
res expostos ao asbesto, alguns desenvolveram câncer de
lidade geral para o estado, foi de 6,55 (Estatísticas de Saúde).
pulmão em um período de tempo especificado. No deno-
minador do cálculo da incidência cumulativa, estão incluí-
Coeficiente de mortalidade específico por doenças
dos aqueles que, no início do período, não tinham a doença.
respiratórias. É possível obterem-se os coeficientes espe-
cíficos por determinada causa, como, por exemplo, o coe-
Exemplo: 50 pessoas adquiriram câncer de pulmão do ficiente por causas externas, por doenças infecciosas, por
grupo dos 150 trabalhadores expostos ao asbesto durante neoplasias, por AIDS, por tuberculose, dentre outros. Da
um ano. Incidência cumulativa = 50/150 = 0,3 = 30 casos mesma forma, pode-se calcular os coeficientes conforme a
novos por 100 habitantes em 1 ano. idade e o sexo. Estes coeficientes podem fornecer importan-
A incidência cumulativa é uma proporção, podendo ser tes dados sobre a saúde de um país, e, ao mesmo, tempo
expressa como percentual ou por 1.000, 10.000 etc. (o nu- fornecer subsídios para políticas de saúde. Exemplo: o coefi-
merador está incluído no denominador). A IC é a melhor ciente de mortalidade por tuberculose no RS foi de 51,5 por
medida para fazer prognósticos em nível individual, pois in- 100.000 habitantes.
dica a probabilidade de desenvolver uma doença dentro de
um determinado período. O coeficiente de mortalidade infantil refere-se ao
óbito de crianças menores de um ano e é um dos mais im-
Densidade de Incidência (DI). A densidade de inci- portantes indicadores de saúde.O coeficiente de mortali-
dência é uma medida de velocidade (ou densidade). Seu dade perinatal compreende os óbitos fetais (a partir de 28
denominador é expresso em população-tempo em risco. O semanas de gestação) mais os neonatais precoces (óbitos
denominador diminui à medida que as pessoas, inicialmen- de crianças de até seis dias de vida). Outro importante indi-
te em risco, morrem ou adoecem (o que não acontece com cador de saúde que vem sendo bastante utilizado, nos últi-
a incidência cumulativa). mos anos, é o coeficiente de mortalidade materna, que diz
respeito aos óbitos por causas gestacionais (Estatísticas de
Relação entre incidência e prevalência Saúde).

A prevalência de uma doença depende da incidência Letalidade


da mesma (quanto maior for a ocorrência de casos novos,
maior será o número de casos existentes), como também A letalidade refere-se à incidência de mortes entre por-
da duração da doença. A mudança da prevalência pode ser tadores de uma determinada doença, em um certo período
afetada tanto pela velocidade da incidência como pela mo- de tempo, dividida pela população de doentes. É importante
dificação da duração da doença. Esta, por sua vez, depende lembrar que, na letalidade, o denominador é o número de
do tempo de cura da doença ou da sobrevivência. doentes.

53
CONHECIMENTOS DO SUS

Padronização dos coeficientes Tipologia dos Estudos Epidemiológicos

Como, na maioria das vezes, a incidência ou prevalên- Os estudos epidemiológicos constituem um ótimo método
cia de uma doença varia com o sexo e o grupo etário, a para colher informações adicionais não-disponíveis a partir dos
comparação das taxas brutas de duas ou mais populações sistemas rotineiros de informação de saúde ou de vigilância. Os
só faz sentido se a distribuição por sexo e idade das mes- estudos descritivos são aqueles em que o observador descreve
mas for bastante próxima. Sendo essa uma situação ab- as características de uma determinada amostra, não sendo de
solutamente excepcional, o pesquisador frequentemente grande utilidade para estudar etiologia de doenças ou eficácia
vê-se obrigado a recorrer a uma padronização (ou ajusta- de um tratamento, porque não há um grupo-controle para per-
mento), a fim de eliminar os efeitos da estrutura etária ou mitir inferências causais. Como exemplo podem ser citadas as
do sexo sobre as taxas a serem analisadas. séries de casos em que as características de um grupo de pacien-
Para um melhor entendimento, examinemos, por exem- tes são descritas. Entretanto os estudos descritivos têm a vanta-
plo, os índices de mortalidade da França e do México. Caso gem de ser rápidos e de baixo custo, sendo muitas vezes o ponto
a análise limite-se à comparação das taxas brutas - 368 e de partida para um outro tipo de estudo epidemiológico. Sua
95 por 100.000 habitantes/ano, respectivamente, pode pa- grande limitação é o fato de não haver um grupo-controle, o que
recer que há uma grande diferença entre os padrões de impossibilita seus achados serem comparados com os de uma
mortalidade dos dois países. Entretanto, ao considerar-se a outra população. É possível que alguns desses achados aconte-
grande diferença na distribuição etária dos mesmos, com çam simplesmente por chance e, portanto, também acontece-
o predomínio no México de grupos com menor idade, tor- riam no grupo-controle.
na-se imprescindível a padronização. Uma vez efetuada a Já os estudos analíticos pressupõem a existência de um gru-
padronização por idade, o contraste entre os dois países po de referência, o que permite estabelecer comparações. Estes,
desaparece, resultando taxas de 164 e 163 por 100.000 ha- por sua vez, de acordo com o papel do pesquisador, podem ser:
bitantes/ano, respectivamente. - Experimentais (serão discutidos no capítulo epidemiologia
Esses índices ajustados são na verdade fictícios, pres- clínica).
tando-se somente para fins de comparação. Há duas ma- - Observacionais.
neiras de realizar-se a padronização. Nos estudos observacionais, a alocação de uma determina-
da exposição está fora do controle do pesquisador (por exemplo,
Método direto: este método exige uma população exposição à fumaça do cigarro ou ao asbesto). Eles compreen-
padrão que poderá ser a soma de duas populações a se- dem:
rem comparadas (A e B) ou uma população padrão. É ob- - Estudo transversal.
tido multiplicando-se a distribuição da população padrão - Estudo de coorte.
conforme a idade pelos coeficientes de mortalidade (por - Estudo de caso-controle.
exemplo) de cada uma das populações a serem estudadas - Estudo ecológico.
(A e B).
Método indireto: utiliza-se o método indireto quan- A seguir, cada um desses estudos serão abordados nos seus
do os coeficientes específicos por idade da população que principais pontos.
se quer estudar não são conhecidos, embora se saiba o
número total de óbitos. Empregando-se uma segunda po- Estudo Transversal (Cross-Sectional)
pulação (padrão) - semelhante à população que se quer es-
tudar - cujos coeficientes sejam conhecidos, multiplica-se o É um tipo de estudo que examina as pessoas em um deter-
coeficiente por idades da população padrão pelo número minado momento, fornecendo dados de prevalência; aplica-se,
de óbitos de cada categoria de idade, chegando, assim, ao particularmente, a doenças comuns e de duração relativamente
número de mortes que seria esperado na população que longa. Envolve um grupo de pessoas expostas e não expostas a
está sendo estudada. O número total de mortes esperado determinados fatores de risco, sendo que algumas dessas apre-
dessa população é confrontado com o número de mor- sentarão o desfecho a ser estudado e outras não. A ideia central
tes efetivamente ocorridas nessa população, resultando do estudo transversal é que a prevalência da doença deverá ser
no que se convencionou chamar de razão padronizada de maior entre os expostos do que entre os não-expostos, se for
mortalidade (RPM). verdade que aquele fator de risco causa a doença.
As vantagens do estudo transversal são a rapidez, o baixo
Rpm = Óbitos Observados/Óbitos Esperados custo, a identificação de casos e a detecção de grupos de risco.
Entretanto algumas limitações existem, como, por exemplo, a da
A RPM maior ou menor do que um indica que ocorre- causalidade reversa – exposição e desfecho são coletados simul-
ram mais ou menos mortes do que o esperado, respecti- taneamente e frequentemente não se sabe qual deles precedeu
vamente. Resumindo, as taxas brutas são facilmente calcu- o outro. Nesse tipo de estudo, episódios de doença com longa
ladas e rapidamente disponíveis; entretanto são medidas duração estão sobre-representados e doenças com duração cur-
difíceis de interpretar e de serem comparadas com outras ta estão sub-representadas (o chamado viés de sobrevivência).
populações, pois dependem das variações na composição Outra desvantagem é que se a prevalência da doença a ser ava-
da população. Taxas ajustadas minimizam essas limitações, liada for muito baixa, o número de pessoas a ser estudado preci-
entretanto são fictícias e sua magnitude depende da popu- sará ser grande. A medida de ocorrência dos estudos transversais
lação selecionada. é a medida da prevalência, expressa da seguinte maneira:

54
CONHECIMENTOS DO SUS

Doentes Sadios Total


POLÍTICAS E SISTEMAS DE SAÚDE NO BRASIL:
Expostos a b a+b RETROSPECTIVA HISTÓRICA; REFORMA
Não-expostos c d c+d SANITÁRIA; PROGRAMAS E POLÍTICAS
Total a+c b+d N NACIONAIS DE SAÚDE, ESPECIALMENTE
POLÍTICA DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS E
EMERGÊNCIAS,
Para obter-se uma melhor estimativa da medida da
prevalência, utiliza-se a medida do intervalo de confiança
de 95% (IC 95%). Ao estudar-se uma amostra da popula- Princípios do SUS: São conceitos que orientam o SUS,
ção, e, não todos os habitantes, a medida da prevalência previstos no artigo 198 da Constituição Federal de 1988 e no
pode ter uma variação. No exemplo da bronquite crônica, artigo 7º do Capítulo II da Lei n.º 8.080/1990. Os principais são:
essa prevalência pode variar de 13,9% a 17,1% dentro de
uma margem de 95% de certeza (ver fórmula abaixo para Universalidade: significa que o SUS deve atender a todos,
o cálculo do IC 95%). sem distinções ou restrições, oferecendo toda a atenção neces-
A medida de efeito comumente usada em estudos sária, sem qualquer custo;
transversais, é a razão de prevalências, ou seja, a expres- Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária à
são numérica da comparação do risco de adoecer entre um saúde da população, promovendo ações contínuas de preven-
grupo exposto a um determinado fator de risco e um gru- ção e tratamento aos indivíduos e às comunidades, em quais-
po não-exposto: quer níveis de complexidade;
Equidade: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços
Estudo de Coorte com justiça, de acordo com as necessidades de cada um, cana-
lizando maior atenção aos que mais necessitam;
É um tipo de estudo em que um grupo de pessoas com Participação social: é um direito e um dever da sociedade
alguma coisa em comum (nascimento, exposição a uma participar das gestões públicas em geral e da saúde pública em
gente, trabalhadores de uma indústria etc.) é acompanha- particular; é dever do Poder Público garantir as condições para
do ao longo de um período de tempo para observar-se a essa participação, assegurando a gestão comunitária do SUS; e
ocorrência de um desfecho. Por exemplo, uma coorte de Descentralização: é o processo de transferência de res-
nascimentos pode ser um grupo de pessoas que nasceram ponsabilidades de gestão para os municípios, atendendo às
no mesmo ano, e, a partir daí são acompanhadas por um determinações constitucionais e legais que embasam o SUS,
período para avaliar-se um desfecho como a mortalidade definidor de atribuições comuns e competências específicas à
infantil, as hospitalizações no primeiro ano de vida, a dura- União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios.
ção da amamentação ou outro desfecho qualquer. Sendo
a dimensão tempo a base do estudo de coorte, torna-se Principais leis
possível determinar a incidência de doenças. No início do
acompanhamento do estudo de coorte, os participantes Constituição Federal de 1988: Estabelece que “a saúde é
devem estar livres da doença ou do desfecho sob estudo, direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas
segundo os critérios empíricos usados para medir a doen- sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e
ça. O princípio lógico do estudo de coorte é a identificação de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
de pessoas sadias, a classificação das mesmas em expostas aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Deter-
e não-expostas ao fator de risco e o acompanhamento des- mina ao Poder Público sua “regulamentação, fiscalização e con-
tes dois grupos por um período de tempo suficientemente trole”, que as ações e os serviços da saúde “integram uma rede
longo para que haja o aparecimento da doença. A análise regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único”;
do estudo será a comparação da incidência da doença em define suas diretrizes, atribuições, fontes de financiamento e, ain-
estudo entre os indivíduos expostos e entre os não-expos- da, como deve se dar a participação da iniciativa privada.
tos. Esse tipo de coorte é a coorte prospectiva. A coorte
histórica ou retrospectiva é quando a exposição é medida Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei n.º 8.080/1990: Re-
através de informações colhidas do passado e o desfecho é gulamenta, em todo o território nacional, as ações do SUS, es-
medido daquele momento em diante. tabelece as diretrizes para seu gerenciamento e descentraliza-
ção e detalha as competências de cada esfera governamental.
Enfatiza a descentralização político-administrativa, por meio da
municipalização dos serviços e das ações de saúde, com redis-
tribuição de poder, competências e recursos, em direção aos
municípios. Determina como competência do SUS a definição
de critérios, valores e qualidade dos serviços. Trata da gestão
financeira; define o Plano Municipal de Saúde como base das
atividades e da programação de cada nível de direção do SUS e
garante a gratuidade das ações e dos serviços nos atendimen-
tos públicos e privados contratados e conveniados.

55
CONHECIMENTOS DO SUS

Lei n.º 8.142/1990: Dispõe sobre o papel e a participação Instâncias de Pactuação


das comunidades na gestão do SUS, sobre as transferências de
recursos financeiros entre União, estados, Distrito Federal e mu- São espaços intergovernamentais, políticos e técnicos
nicípios na área da saúde e dá outras providências. Institui as onde ocorrem o planejamento, a negociação e a implemen-
instâncias colegiadas e os instrumentos de participação social tação das políticas de saúde pública. As decisões se dão por
em cada esfera de governo. consenso (e não por votação), estimulando o debate e a nego-
ciação entre as partes.
Responsabilização Sanitária
Comissão Intergestores Tripartite (CIT): Atua na dire-
Desenvolver responsabilização sanitária é estabelecer cla- ção nacional do SUS, formada por composição paritária de 15
ramente as atribuições de cada uma das esferas de gestão da membros, sendo cinco indicados pelo Ministério da Saúde, cin-
saúde pública, assim como dos serviços e das equipes que co pelo Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde
(Conass) e cinco pelo Conselho Nacional de Secretários Muni-
compõem o SUS, possibilitando melhor planejamento, acom-
cipais de Saúde (Conasems). A representação de estados e mu-
panhamento e complementaridade das ações e dos serviços.
nicípios nessa Comissão é, portanto regional: um representante
Os prefeitos, ao assumir suas responsabilidades, devem estimu-
para cada uma das cinco regiões existentes no País.
lar a responsabilização junto aos gerentes e equipes, no âmbito
municipal, e participar do processo de pactuação, no âmbito Comissões Intergestores Bipartites (CIB): São constituí-
regional. das paritariamente por representantes do governo estadual,
indicados pelo Secretário de Estado da Saúde, e dos secretários
Responsabilização Macro sanitária municipais de saúde, indicados pelo órgão de representação
do conjunto dos municípios do Estado, em geral denominado
O gestor municipal, para assegurar o direito à saúde de seus Conselho de Secretários Municipais de Saúde (Cosems). Os se-
munícipes, deve assumir a responsabilidade pelos resultados, cretários municipais de Saúde costumam debater entre si os te-
buscando reduzir os riscos, a mortalidade e as doenças evitá- mas estratégicos antes de apresentarem suas posições na CIB.
veis, a exemplo da mortalidade materna e infantil, da hanseníase Os Cosems são também instâncias de articulação política entre
e da tuberculose. Para isso, tem de se responsabilizar pela oferta gestores municipais de saúde, sendo de extrema importância a
de ações e serviços que promovam e protejam a saúde das pes- participação dos gestores locais nesse espaço.
soas, previnam as doenças e os agravos e recuperem os doen-
tes. A atenção básica à saúde, por reunir esses três componen- Espaços regionais: A implementação de espaços regionais
tes, coloca-se como responsabilidade primeira e intransferível de pactuação, envolvendo os gestores municipais e estaduais, é
a todos os gestores. O cumprimento dessas responsabilidades uma necessidade para o aperfeiçoamento do SUS. Os espaços
exige que assumam as atribuições de gestão, incluindo: regionais devem-se organizar a partir das necessidades e das
- execução dos serviços públicos de responsabilidade mu- afinidades específicas em saúde existentes nas regiões.
nicipal;
- destinação de recursos do orçamento municipal e utiliza- Descentralização
ção do conjunto de recursos da saúde, com base em priorida-
des definidas no Plano Municipal de Saúde; O princípio de descentralização que norteia o SUS se dá,
- planejamento, organização, coordenação, controle e ava- especialmente, pela transferência de responsabilidades e recur-
liação das ações e dos serviços de saúde sob gestão municipal; e sos para a esfera municipal, estimulando novas competências e
capacidades político-institucionais dos gestores locais, além de
- participação no processo de integração ao SUS, em âmbi-
meios adequados à gestão de redes assistenciais de caráter re-
to regional e estadual, para assegurar a seus cidadãos o acesso a
gional e macro regional, permitindo o acesso, a integralidade da
serviços de maior complexidade, não disponíveis no município.
atenção e a racionalização de recursos. Os estados e a União de-
vem contribuir para a descentralização do SUS, fornecendo coo-
Responsabilização Micro sanitária peração técnica e financeira para o processo de municipalização.
É determinante que cada serviço de saúde conheça o ter- Regionalização: consensos e estratégias - As ações e os
ritório sob sua responsabilidade. Para isso, as unidades da rede serviços de saúde não podem ser estruturados apenas na es-
básica devem estabelecer uma relação de compromisso com a cala dos municípios. Existem no Brasil milhares de pequenas
população a ela adstrita e cada equipe de referência deve ter municipalidades que não possuem em seus territórios condi-
sólidos vínculos terapêuticos com os pacientes e seus familiares, ções de oferecer serviços de alta e média complexidade; por
proporcionando-lhes abordagem integral e mobilização dos outro lado, existem municípios que apresentam serviços de
recursos e apoios necessários à recuperação de cada pessoa. referência, tornando-se polos regionais que garantem o aten-
A alta só deve ocorrer quando da transferência do paciente a dimento da sua população e de municípios vizinhos. Em áreas
outra equipe (da rede básica ou de outra área especializada) e o de divisas interestaduais, são frequentes os intercâmbios de
tempo de espera para essa transferência não pode representar serviços entre cidades próximas, mas de estados diferentes. Por
uma interrupção do atendimento: a equipe de referência deve isso mesmo, a construção de consensos e estratégias regionais
prosseguir com o projeto terapêutico, interferindo, inclusive, nos é uma solução fundamental, que permitirá ao SUS superar as
critérios de acesso. restrições de acesso, ampliando a capacidade de atendimento
e o processo de descentralização.

56
CONHECIMENTOS DO SUS

O Sistema Hierarquizado e Descentralizado: As ações A atenção básica em saúde constitui o primeiro nível de
e serviços de saúde de menor grau de complexidade são co- atenção à saúde adotada pelo SUS. É um conjunto de ações
locadas à disposição do usuário em unidades de saúde loca- que engloba promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento
lizadas próximas de seu domicílio. As ações especializadas ou e reabilitação. Desenvolve-se por meio de práticas geren-
de maior grau de complexidade são alcançadas por meio de ciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob a forma
mecanismos de referência, organizados pelos gestores nas de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios
três esferas de governo. Por exemplo: O usuário é atendido delimitados, pelos quais assumem responsabilidade.
de forma descentralizada, no âmbito do município ou bair- Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa
ro em que reside. Na hipótese de precisar ser atendido com densidade, objetivando solucionar os problemas de saúde
um problema de saúde mais complexo, ele é referenciado, de maior frequência e relevância das populações. É o conta-
isto é, encaminhado para o atendimento em uma instância to preferencial dos usuários com o sistema de saúde. Deve
do SUS mais elevada, especializada. Quando o problema é considerar o sujeito em sua singularidade, complexidade,
mais simples, o cidadão pode ser contra referenciado, isto é, inteireza e inserção sociocultural, além de buscar a promo-
conduzido para um atendimento em um nível mais primário. ção de sua saúde, a prevenção e tratamento de doenças e a
redução de danos ou de sofrimentos que possam compro-
Plano de saúde fixa diretriz e metas à saúde muni- meter suas possibilidades de viver de modo saudável.
cipal As Unidades Básicas são prioridades porque, quando
as Unidades Básicas de Saúde funcionam adequadamente,
É responsabilidade do gestor municipal desenvolver o a comunidade consegue resolver com qualidade a maio-
processo de planejamento, programação e avaliação da saú- ria dos seus problemas de saúde. É comum que a primeira
de local, de modo a atender as necessidades da população preocupação de muitos prefeitos se volte para a reforma ou
de seu município com eficiência e efetividade. O Plano Mu- mesmo a construção de hospitais. Para o SUS, todos os ní-
nicipal de Saúde (PMS) deve orientar as ações na área, in- veis de atenção são igualmente importantes, mas a prática
cluindo o orçamento para a sua execução. Um instrumento comprova que a atenção básica deve ser sempre prioritá-
fundamental para nortear a elaboração do PMS é o Plano ria, porque possibilita melhor organização e funcionamento
Nacional de Saúde. Cabe ao Conselho Municipal de Saúde também dos serviços de média e alta complexidade.
estabelecer as diretrizes para a formulação do PMS, em fun- Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos pron-
ção da análise da realidade e dos problemas de saúde locais, tos socorros e hospitais, o consumo abusivo de medicamen-
assim como dos recursos disponíveis. No PMS, devem ser tos e o uso indiscriminado de equipamentos de alta tecnolo-
descritos os principais problemas da saúde pública local, suas gia. Isso porque os problemas de saúde mais comuns passam
causas, consequências e pontos críticos. Além disso, devem a ser resolvidos nas Unidades Básicas de Saúde, deixando os
ser definidos os objetivos e metas a serem atingidos, as ati- ambulatórios de especialidades e hospitais cumprirem seus
vidades a serem executadas, os cronogramas, as sistemáticas verdadeiros papéis, o que resulta em maior satisfação dos
de acompanhamento e de avaliação dos resultados. usuários e utilização mais racional dos recursos existentes.

Sistemas de informações ajudam a planejar a saúde: Saúde da Família: é a saúde mais perto do cidadão. É
O SUS opera e/ou disponibiliza um conjunto de sistemas de parte da estratégia de estruturação eleita pelo Ministério da
informações estratégicas para que os gestores avaliem e fun- Saúde para reorganização da atenção básica no País, com
damentem o planejamento e a tomada de decisões, abran- recursos financeiros específicos para o seu custeio. Cada
gendo: indicadores de saúde; informações de assistência à equipe é composta por um conjunto de profissionais (médi-
saúde no SUS (internações hospitalares, produção ambula- co, enfermeiro, auxiliares de enfermagem e agentes comuni-
torial, imunização e atenção básica); rede assistencial (hos- tários de saúde, podendo agora contar com profissional de
pitalar e ambulatorial); morbidade por local de internação e saúde bucal) que se responsabiliza pela situação de saúde
residência dos atendidos pelo SUS; estatísticas vitais (mortali- de determinada área, cuja população deve ser de no mínimo
dade e nascidos vivos); recursos financeiros, informações de- 2.400 e no máximo 4.500 pessoas. Essa população deve ser
mográficas, epidemiológicas e socioeconômicas. Caminha-se cadastrada e acompanhada, tornando-se responsabilidade
rumo à integração dos diversos sistemas informatizados de das equipes atendê-la, entendendo suas necessidades de
base nacional, que podem ser acessados no site do Datasus. saúde como resultado também das condições sociais, am-
Nesse processo, a implantação do Cartão Nacional de Saúde bientais e econômicas em que vive. Os profissionais é que
tem papel central. Cabe aos prefeitos conhecer e monitorar devem ir até suas casas, porque o objetivo principal da Saú-
esse conjunto de informações essenciais à gestão da saúde de da Família é justamente aproximar as equipes das comu-
do seu município. nidades e estabelecer entre elas vínculos sólidos.

Níveis de atenção à saúde: O SUS ordena o cuidado A saúde municipal precisa ser integral. O município é
com a saúde em níveis de atenção, que são de básica, média responsável pela saúde de sua população integralmente, ou
e alta complexidade. Essa estruturação visa à melhor progra- seja, deve garantir que ela tenha acessos à atenção básica e
mação e planejamento das ações e dos serviços do sistema aos serviços especializados (de média e alta complexidade),
de saúde. Não se deve, porém, desconsiderar algum desses mesmo quando localizados fora de seu território, controlan-
níveis de atenção, porque a atenção à saúde deve ser integral. do, racionalizando e avaliando os resultados obtidos.

57
CONHECIMENTOS DO SUS

Só assim estará promovendo saúde integral, como determi- Desafios públicos, responsabilidades compartilha-
na a legislação. É preciso que isso fique claro, porque muitas vezes das: A legislação brasileira – Lei de Responsabilidade Fiscal
o gestor municipal entende que sua responsabilidade acaba na (LRF) e legislação sanitária, incluindo as Leis n.º 8.080/1990
atenção básica em saúde e que as ações e os serviços de maior e 8.142/1990 – estabelece prerrogativas, deveres e obriga-
complexidade são responsabilidade do Estado ou da União – o ções a todos os governantes. A Constituição Federal define
que não é verdade. os gastos mínimos em saúde, por esfera de governo, e a
A promoção da saúde é uma estratégia por meio da qual os legislação sanitária, os critérios para as transferências in-
desafios colocados para a saúde e as ações sanitárias são pensa- tergovernamentais e alocação de recursos financeiros. Essa
dos em articulação com as demais políticas e práticas sanitárias e vinculação das receitas objetiva preservar condições míni-
com as políticas e práticas dos outros setores, ampliando as pos- mas e necessárias ao cumprimento das responsabilidades
sibilidades de comunicação e intervenção entre os atores sociais sanitárias e garantir transparência na utilização dos recursos
envolvidos (sujeitos, instituições e movimentos sociais). A promo- disponíveis. A responsabilização fiscal e sanitária de cada
ção da saúde deve considerar as diferenças culturais e regionais, gestor e servidor público deve ser compartilhada por todos
entendendo os sujeitos e as comunidades na singularidade de os entes e esferas governamentais, resguardando suas ca-
suas histórias, necessidades, desejos, formas de pertencer e se re- racterísticas, atribuições e competências. O desafio primor-
lacionar com o espaço em que vivem. Significa comprometer-se dial dos governos, sobretudo na esfera municipal, é avançar
com os sujeitos e as coletividades para que possuam, cada vez na transformação dos preceitos constitucionais e legais que
mais, autonomia e capacidade para manejar os limites e riscos constituem o SUS em serviços e ações que assegurem o di-
impostos pela doença, pela constituição genética e por seu con- reito à saúde, como uma conquista que se realiza cotidiana-
texto social, político, econômico e cultural. A promoção da saúde mente em cada estabelecimento, equipe e prática sanitária.
coloca, ainda, o desafio da intersetorialidade, com a convocação É preciso inovar e buscar, coletiva e criativamente, soluções
de outros setores sociais e governamentais para que considerem novas para os velhos problemas do nosso sistema de saúde.
parâmetros sanitários, ao construir suas políticas públicas especí- A construção de espaços de gestão que permitam a discus-
ficas, possibilitando a realização de ações conjuntas. são e a crítica, em ambiente democrático e plural, é condição
essencial para que o SUS seja, cada vez mais, um projeto que
Vigilância em saúde: expande seus objetivos. Em um país
defenda e promova a vida.
com as dimensões do Brasil, com realidades regionais bastante
Muitos municípios operam suas ações e serviços de saú-
diversificadas, a vigilância em saúde é um grande desafio. Apesar
de em condições desfavoráveis, dispondo de recursos finan-
dos avanços obtidos, como a erradicação da poliomielite, desde
ceiros e equipes insuficientes para atender às demandas dos
1989, e com a interrupção da transmissão de sarampo, desde
usuários, seja em volume, seja em complexidade – resultado
2000, convivemos com doenças transmissíveis que persistem ou
de uma conjuntura social de extrema desigualdade. Nessas
apresentam incremento na incidência, como a AIDS, as hepatites
virais, as meningites, a malária na região amazônica, a dengue, a situações, a gestão pública em saúde deve adotar condução
tuberculose e a hanseníase. Observamos, ainda, aumento da mor- técnica e administrativa compatível com os recursos exis-
talidade por causas externas, como acidentes de trânsito, conflitos, tentes e criativa em sua utilização. Deve estabelecer critérios
homicídios e suicídios, atingindo, principalmente, jovens e popu- para a priorização dos gastos, orientados por análises siste-
lação em idade produtiva. Nesse contexto, o Ministério da Saúde máticas das necessidades em saúde, verificadas junto à po-
com o objetivo de integração, fortalecimento da capacidade de pulação. É um desafio que exige vontade política, propostas
gestão e redução da morbimortalidade, bem como dos fatores de inventivas e capacidade de governo.
risco associados à saúde, expande o objeto da vigilância em saúde A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
pública, abrangendo as áreas de vigilância das doenças transmissí- compartilham as responsabilidades de promover a articula-
veis, agravos e doenças não transmissíveis e seus fatores de riscos; ção e a interação dentro do Sistema Único de Saúde – SUS,
a vigilância ambiental em saúde e a análise de situação de saúde. assegurando o acesso universal e igualitário às ações e ser-
viços de saúde.
Competências municipais na vigilância em saúde O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierarqui-
zado, que integra o conjunto das ações de saúde da União,
Compete aos gestores municipais, entre outras atribuições, as Estados, Distrito Federal e Municípios, onde cada parte cum-
atividades de notificação e busca ativa de doenças compulsórias, pre funções e competências específicas, porém articuladas
surtos e agravos inusitados; investigação de casos notificados em entre si, o que caracteriza os níveis de gestão do SUS nas três
seu território; busca ativa de declaração de óbitos e de nascidos esferas governamentais.
vivos; garantia a exames laboratoriais para o diagnóstico de doen- Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamen-
ças de notificação compulsória; monitoramento da qualidade tado pela Lei nº 8.080/90, conhecida como a Lei Orgânica
da água para o consumo humano; coordenação e execução das da Saúde, e pela Lei nº 8.142/90, que trata da participação
ações de vacinação de rotina e especiais (campanhas e vacinações da comunidade na gestão do Sistema e das transferências
de bloqueio); vigilância epidemiológica; monitoramento da mor- intergovernamentais de recursos financeiros, o SUS tem nor-
talidade infantil e materna; execução das ações básicas de vigilân- mas e regulamentos que disciplinam as políticas e ações em
cia sanitária; gestão e/ou gerência dos sistemas de informação cada Subsistema.
epidemiológica, no âmbito municipal; coordenação, execução e A Sociedade, nos termos da Legislação, participa do pla-
divulgação das atividades de informação, educação e comunica- nejamento e controle da execução das ações e serviços de
ção de abrangência municipal; participação no financiamento das saúde. Essa participação se dá por intermédio dos Conselhos
ações de vigilância em saúde e capacitação de recursos. de Saúde, presentes na União, nos Estados e Municípios.

58
CONHECIMENTOS DO SUS

Níveis de Gestão do SUS Considerando a Portaria nº 2.460/GM/MS, de 12 de de-


zembro de 2005, que instituiu o Grupo da Terra no Ministério
Esfera Federal - Gestor: Ministério da Saúde - Formu- da Saúde, com o objetivo de elaborar a Política Nacional de
lação da política estadual de saúde, coordenação e planeja- Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta, apro-
mento do SUS em nível Estadual. Financiamento das ações vada pelo Conselho Nacional de Saúde em 1º de agosto de
e serviços de saúde por meio da aplicação/distribuição de 2008;
recursos públicos arrecadados. Considerando a diretriz do Governo Federal de reduzir
as iniquidades por meio da execução de políticas de inclusão
Esfera Estadual - Gestor: Secretaria Estadual de Saúde social; e
- Formulação da política municipal de saúde e a provisão Considerando a natureza dos processos de saúde e doen-
das ações e serviços de saúde, financiados com recursos ça e sua determinação social, resolve:” (NR)
próprios ou transferidos pelo gestor federal e/ou estadual Art. 3º O art. 1º; o inciso XVI “caput” do art. 2º; os incisos
do SUS. II, III, IV, V, VI, VII, VIII, XI e o “caput” do art. 3º; os incisos II, III,
IV, VII, VIII, IX e X do “caput” do art. 4º; os incisos I, II, III, IV, V,
Esfera Municipal - Gestor: Secretaria Municipal de VI, VII, IX e X do “caput” do art. 5º; os incisos I, II, III, IV e V do
Saúde - Formulação de políticas nacionais de saúde, pla- “caput” do art. 6º; os incisos I, II, III, IV e V do “caput” do art. 7º
nejamento, normalização, avaliação e controle do SUS em e o “caput” do art. 8º, da Portaria nº 2.866/GM/MS, de 2011,
nível nacional. Financiamento das ações e serviços de saúde passam a vigorar com a seguinte redação:
por meio da aplicação/distribuição de recursos públicos ar- “Art. 1º Esta Portaria institui, no âmbito do Sistema Único
recadados. de Saúde (SUS), a Política Nacional de Saúde Integral das Po-
pulações do Campo, da Floresta e das Águas (PNSIPCFA), com
o objetivo de promover a saúde das populações do campo,
da floresta e das águas por meio de ações e iniciativas que
POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE INTEGRAL DAS reconheçam as especificidades de gênero, geração, raça, cor,
POPULAÇÕES DO CAMPO E DA NACIONAL DE etnia e orientação sexual, visando ao acesso aos serviços de
SAÚDE INTEGRAL DA POPULAÇÃO NEGRA saúde, à redução de riscos e agravos à saúde decorrente dos
processos de trabalho e das tecnologias agrícolas e à melho-
ria dos indicadores de saúde e da qualidade de vida.” (NR)
“Art. 2º ...................................................................................
PORTARIA Nº 2.311, DE 23 DE OUTUBRO DE 2014
XVI - populações do campo, da floresta e das águas: po-
Altera a Portaria nº 2.866/GM/MS, de 2 de dezem-
vos e comunidades que têm seus modos de vida, produção
bro de 2011, que institui, no âmbito do Sistema Único de
e reprodução social relacionados predominantemente com
Saúde (SUS), a Política Nacional de Saúde Integral das o campo, a floresta, os ambientes aquáticos, a agropecuária
Populações do Campo e da Floresta (PNSIPCF). e o extrativismo, como: camponeses; agricultores familiares;
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribui- trabalhadores rurais assalariados e temporários que residam
ções que lhe confere o inciso II do parágrafo único do art. ou não no campo; trabalhadores rurais assentados e acam-
87 da Constituição, e considerando a necessidade de con- pados; comunidades de quilombos; populações que habitam
templar expressamente a população “das águas” na Política ou usam reservas extrativistas; populações ribeirinhas; popu-
Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da lações atingidas por barragens; outras comunidades tradicio-
Floresta (PNSIPCF), instituída pela Portaria nº 2.866/GM/MS, nais; dentre outros;” (NR)
de 2 de dezembro de 2011, resolve: “Art. 3º A PNSIPCFA tem os seguintes objetivos específi-
Art. 1º A ementa da Portaria nº 2.866/GM/MS, de 2 de cos:
dezembro de 2011, passa a vigorar com a seguinte redação: ................................................................................................
“Institui, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a II - contribuir para a redução das vulnerabilidades em
Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Cam- saúde das populações do campo, da floresta e das águas, de-
po, da Floresta e das Águas (PNSIPCFA).” (NR) senvolvendo ações integrais voltadas para a saúde do idoso,
Art. 2º Os Considerandos da Portaria nº 2.866/GM/MS, da mulher, da pessoa com deficiência, da criança e do adoles-
de 2011, passam a vigorar com a seguinte redação: cente, do homem e do trabalhador, considerando a saúde se-
“Considerando os princípios do Sistema Único de Saú- xual e reprodutiva, bem como a violência sexual e doméstica;
de (SUS), especialmente a equidade, a integralidade e a III - reduzir os acidentes e agravos relacionados aos pro-
transversalidade, e o dever de atendimento das necessida- cessos de trabalho no campo, na floresta e nas águas, parti-
des e demandas em saúde das populações do campo, da cularmente o adoecimento decorrente do uso de agrotóxicos
floresta e das águas; e mercúrio, o advindo do risco ergonômico do trabalho no
Considerando o Decreto nº 7.508, de 28 de junho de campo, na floresta e nas águas e da exposição contínua aos
2011, que regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro e raios ultravioleta;
1990, e dispõe sobre a organização do SUS, o planejamento IV - contribuir para a melhoria da qualidade de vida das
da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfedera- populações do campo, da floresta e das águas, incluindo ar-
tiva, especialmente o disposto no art. 13 que assegura ao ticulações intersetoriais para promover a saúde, envolvendo
usuário o acesso universal, igualitário e ordenado às ações ações de saneamento e meio ambiente, especialmente para a
e serviços de saúde do SUS; redução de riscos sobre a saúde humana;

59
CONHECIMENTOS DO SUS

V - reconhecer e valorizar os saberes e as práticas tradi- V - incentivar e apoiar ações de educação em saúde para
cionais de saúde das populações do campo, da floresta e das os usuários e movimentos sociais, voltadas para as especifici-
águas, respeitando suas especificidades; dades de saúde das populações do campo, da floresta e das
VI - promover planejamentos participativos capazes de águas, com base em perspectivas educacionais críticas e par-
identificar as demandas de saúde das populações do campo, ticipativas no direito à saúde;
da floresta e das águas e definir metas, estratégias e ações VI - prestar apoio e cooperação técnica no desenvolvi-
específicas para sua atenção; mento de ações da PNSIPCFA;
VII - incluir no processo de educação permanente dos VII - fortalecer a intersetorialidade, mediante articulação
trabalhadores de saúde as temáticas e os conteúdos rela- com órgãos e entidades governamentais e não-governamen-
cionados às necessidades, demandas e especificidades das tais, para o estabelecimento de metas e prioridades referentes
populações do campo, da floresta e das águas, consideran- às ações transversais prioritárias para a saúde das populações
do a interculturalidade na atenção aos povos e comunidades do campo, da floresta e das águas, com especial articulação
tradicionais; com os Ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Defesa,
VIII - apoiar processos de educação e informação das do Trabalho e Emprego, da Previdência Social, do Meio Am-
populações do campo, da floresta e das águas, sobre o di- biente, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, da Educa-
reito à saúde; ção e da Pesca e Aquicultura, com as Secretarias Especiais de
................................................................................................... Políticas de Promoção da Igualdade Racial e de Políticas para
XI - incentivar a pesquisa e a produção de conhecimento as Mulheres da Presidência da República, com o Instituto Na-
sobre os riscos, a qualidade de vida e a saúde das populações cional de Colonização e Reforma Agrária e o Instituto Brasi-
campo, da floresta e das águas, respeitando as especificida- leiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis,
des de geração, raça/cor, gênero, etnia e orientação sexual; dentre outros;
e” (NR) ...................................................................................................
“Art. 4º ............................................................................ IX - estabelecer instrumentos e indicadores para acompa-
II - inclusão social, com garantia do acesso às ações e nhamento, monitoramento e avaliação da PNSIPCFA; e
serviços do SUS, da promoção da integralidade da saúde e X - fortalecer parcerias com organismos nacionais, inter-
da atenção às especificidades de geração, raça/cor, gênero, nacionais, governamentais e não governamentais e socieda-
etnia e orientação sexual das populações do campo, da flo- de civil organizada para o fortalecimento das ações de saúde
resta e das águas; para as populações do campo, da floresta e das águas” (NR)
III - transversalidade como estratégia política e a interse- “Art. 6º .............................................................................
torialidade como prática de gestão norteadoras da execução I - promover a implementação da PNSIPCFA;
das ações e serviços de saúde voltados às populações do II - promover a inclusão da PNSIPCFA no Plano Estadual
campo, da floresta e das águas; de Saúde;
IV - formação e educação permanente em saúde, con- III - incentivar a criação de espaços (comitês, áreas técni-
siderando as necessidades e demandas das populações do cas, grupo de trabalho, entre outros) de promoção da equida-
campo, da floresta e das águas, com valorização da educação de para implementação da PNSIPCFA de forma participativa;
em saúde, articulada com a educação fundamental e técnica; IV - produzir dados estratificados sobre as populações do
................................................................................................. campo, da floresta e das águas e manter atualizados os siste-
VII - apoio à produção sustentável e solidária, com reco- mas nacionais de informação em saúde;
nhecimento da agricultura familiar camponesa e do extrati- V - estabelecer instrumentos e indicadores para o acom-
vismo, considerando todos os sujeitos do campo, da floresta panhamento, monitoramento e avaliação da PNSIPCFA;” (NR)
e das águas; “Art. 7º .................................................................................
VIII - participação social com estímulo e qualificação da I - promover a implementação da PNSIPCFA;
participação e intervenção dos sujeitos do campo, da floresta II - promover a inclusão da PNSIPCFA no Plano Municipal
e das águas, nas instâncias de controle social em saúde; de Saúde;
IX - informação e comunicação em saúde considerando III - promover a criação de espaços (comitês, áreas técni-
a diversidade cultural do campo, da floresta e das águas, para cas, grupo de trabalho, entre outros) de promoção da equida-
a produção de ferramentas de comunicação; e de para implementação da PNSIPCFA de forma participativa;
X - produção de conhecimentos científicos e tecnológi- IV - produzir dados estratificados sobre as populações do
cos como aporte à implementação da PNSIPCFA.” (NR) campo, da floresta e das águas e manter atualizados os siste-
“Art. 5º .................................................................................. mas nacionais de informação em saúde; e
I - garantir a implementação da PNSIPCFA; V - estabelecer instrumentos e indicadores para o acom-
II - promover a inclusão no Plano Nacional de Saúde das panhamento e avaliação da PNSIPCFA;” (NR)
metas e prioridades para a organização das ações de saúde “Art. 8º À Secretaria de Gestão Estratégica e Participati-
para as populações do campo, da floresta e das águas; va do Ministério da Saúde (SGEP/MS) compete articular, no
III - apoiar a implementação da PNSIPCFA nos Estados, âmbito do Ministério da Saúde e junto aos demais órgãos
Distrito Federal e Municípios; e entidades governamentais, a elaboração de instrumentos
IV - incentivar o desenvolvimento das ações de educação com orientações específicas, que se fizerem necessários à im-
permanente para os trabalhadores de saúde, voltadas para plementação da PNSIPCFA.” (NR)
as especificidades de saúde das populações do campo, da Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publi-
floresta e das águas; cação.

60
CONHECIMENTOS DO SUS

CAPÍTULO I
DOS PRINCÍPIOS E DAS DIRETRIZES
POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DO
TRABALHADOR E DA TRABALHADORA Art. 5º A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e
da Trabalhadora observará os seguintes princípios e dire-
trizes:
PORTARIA Nº 1.823, DE 23 DE AGOSTO DE 2012 I - universalidade;
Institui a Política Nacional de Saúde do Trabalha- II - integralidade;
dor e da Trabalhadora. III - participação da comunidade, dos trabalhadores e
O MINISTRO DO ESTADO DA SAÚDE, no uso da atribui- do controle social;
ção que lhe confere o inciso II do parágrafo único art. 87 IV - descentralização;
da Constituição, e V - hierarquização;
Considerando que compete ao Sistema Único de Saú- VI - equidade; e
de (SUS) a execução das ações de saúde do trabalhador, VII - precaução.
conforme determina a Constituição Federal; Art. 6º Para fins de implementação da Política Nacio-
Considerando o papel do Ministério da Saúde de coor- nal de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, dever-se-á
denar nacionalmente a política de saúde do trabalhador, considerar a articulação entre:
conforme o disposto no inciso V do art. 16 da Lei nº 8.080, I - as ações individuais, de assistência e de recuperação
de 19 de setembro de 1990; dos agravos, com ações coletivas, de promoção, de preven-
Considerando o alinhamento entre a política de saúde ção, de vigilância dos ambientes, processos e atividades de
do trabalhador e a Política Nacional de Segurança e Saú- trabalho, e de intervenção sobre os fatores determinantes
de no Trabalho (PNSST), instituída por meio do Decreto nº da saúde dos trabalhadores;
7.602, de 7 de novembro de 2011; II - as ações de planejamento e avaliação com as prá-
Considerando a necessidade de implementação de ticas de saúde; e
III - o conhecimento técnico e os saberes, experiências
ações de saúde do trabalhador em todos os níveis de aten-
e subjetividade dos trabalhadores e destes com as respec-
ção do SUS; e
tivas práticas institucionais.
Considerando a necessidade da definição dos princí-
Parágrafo único. A realização da articulação tratada
pios, das diretrizes e das estratégias a serem observados
neste artigo requer mudanças substanciais nos processos
nas três esferas de gestão do SUS no que se refere à saúde
de trabalho em saúde, na organização da rede de atenção e
do trabalhador, resolve:
na atuação multiprofissional e interdisciplinar, que contem-
Art. 1º Fica instituída a Política Nacional de Saúde do
plem a complexidade das relações trabalho-saúde.
Trabalhador e da Trabalhadora. Art. 7º A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e
Art. 2º A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora deverá contemplar todos os trabalhadores
da Trabalhadora tem como finalidade definir os princípios, priorizando, entretanto, pessoas e grupos em situação de
as diretrizes e as estratégias a serem observados pelas três maior vulnerabilidade, como aqueles inseridos em ativida-
esferas de gestão do Sistema Único de Saúde (SUS), para des ou em relações informais e precárias de trabalho, em
o desenvolvimento da atenção integral à saúde do traba- atividades de maior risco para a saúde, submetidos a for-
lhador, com ênfase na vigilância, visando a promoção e a mas nocivas de discriminação, ou ao trabalho infantil, na
proteção da saúde dos trabalhadores e a redução da mor- perspectiva de superar desigualdades sociais e de saúde e
bimortalidade decorrente dos modelos de desenvolvimen- de buscar a equidade na atenção.
to e dos processos produtivos. Parágrafo único. As pessoas e os grupos vulneráveis de
Art. 3º Todos os trabalhadores, homens e mulheres, in- que trata o “caput” devem ser identificados e definidos a
dependentemente de sua localização, urbana ou rural, de partir da análise da situação de saúde local e regional e da
sua forma de inserção no mercado de trabalho, formal ou discussão com a comunidade, trabalhadores e outros ato-
informal, de seu vínculo empregatício, público ou privado, res sociais de interesse à saúde dos trabalhadores, consi-
assalariado, autônomo, avulso, temporário, cooperativa- derando-se suas especificidades e singularidades culturais
dos, aprendiz, estagiário, doméstico, aposentado ou de- e sociais.
sempregado são sujeitos desta Política.
Parágrafo único. A Política Nacional de Saúde do Tra- CAPÍTULO II
balhador e da Trabalhadora alinha-se com o conjunto de DOS OBJETIVOS
políticas de saúde no âmbito do SUS, considerando a trans-
versalidade das ações de saúde do trabalhador e o trabalho Art. 8º São objetivos da Política Nacional de Saúde do
como um dos determinantes do processo saúde-doença. Trabalhador e da Trabalhadora:
Art.4º Além do disposto nesta Portaria, a Política Na- I - fortalecer a Vigilância em Saúde do Trabalhador (VI-
cional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora reger- SAT) e a integração com os demais componentes da Vigi-
-se-á, de forma complementar, pelos elementos informati- lância em Saúde, o que pressupõe:
vos constantes do Anexo I a esta Portaria. a) identificação das atividades produtivas da popula-
ção trabalhadora e das situações de risco à saúde dos tra-
balhadores no território;

61
CONHECIMENTOS DO SUS

b) identificação das necessidades, demandas e proble- g) sistema de regulação do acesso;


mas de saúde dos trabalhadores no território; h) sistema de planejamento, monitoramento e avaliação
c) realização da análise da situação de saúde dos tra- das ações;
balhadores; i) sistema de auditoria; e
d) intervenção nos processos e ambientes de trabalho; j) promoção e vigilância à saúde, incluindo a vigilância à
e) produção de tecnologias de intervenção, de avalia- saúde do trabalhador;
ção e de monitoramento das ações de VISAT; IV - ampliar o entendimento de que de que a saúde do
f) controle e avaliação da qualidade dos serviços e pro- trabalhador deve ser concebida como uma ação transversal,
gramas de saúde do trabalhador, nas instituições e empre- devendo a relação saúde-trabalho ser identificada em todos
sas públicas e privadas; os pontos e instâncias da rede de atenção;
g) produção de protocolos, de normas técnicas e regu- V - incorporar a categoria trabalho como determinante
lamentares; e do processo saúde-doença dos indivíduos e da coletividade,
h) participação dos trabalhadores e suas organizações; incluindo-a nas análises de situação de saúde e nas ações de
II - promover a saúde e ambientes e processos de tra- promoção em saúde;
balhos saudáveis, o que pressupõe: VI - assegurar que a identificação da situação do trabalho
a) estabelecimento e adoção de parâmetros protetores dos usuários seja considerada nas ações e serviços de saúde
da saúde dos trabalhadores nos ambientes e processos de do SUS e que a atividade de trabalho realizada pelas pessoas,
trabalho; com as suas possíveis conseqüências para a saúde, seja con-
b) fortalecimento e articulação das ações de vigilância siderada no momento de cada intervenção em saúde; e
em saúde, identificando os fatores de risco ambiental, com VII - assegurar a qualidade da atenção à saúde do traba-
intervenções tanto nos ambientes e processos de trabalho, lhador usuário do SUS.
como no entorno, tendo em vista a qualidade de vida dos CAPÍTULO III
trabalhadores e da população circunvizinha; DAS ESTRATÉGIAS
c) representação do setor saúde/saúde do trabalhador Art. 9º São estratégias da Política Nacional de Saúde do
nos fóruns e instâncias de formulação de políticas setoriais Trabalhador e da Trabalhadora:
e intersetoriais e às relativas ao desenvolvimento econômi- I - integração da Vigilância em Saúde do Trabalhador
co e social; com os demais componentes da Vigilância em Saúde e com
d) inserção, acompanhamento e avaliação de indicado- a Atenção Primária em Saúde, o que pressupõe:
res de saúde dos trabalhadores e das populações circun- a) planejamento conjunto entre as vigilâncias, com elei-
vizinhas nos processos de licenciamento e nos estudos de ção de prioridades comuns para atuação integrada, com
impacto ambiental; base na análise da situação de saúde dos trabalhadores e da
e) inclusão de parâmetros de proteção à saúde dos população em geral, e no mapeamento das atividades pro-
trabalhadores e de manutenção de ambientes de traba- dutivas e com potencial impacto ambiental no território;
lho saudáveis nos processos de concessão de incentivos b) produção conjunta de protocolos, normas técnicas e
ao desenvolvimento, nos mecanismos de fomento e outros atos normativos, com harmonização de parâmetros e indica-
incentivos específicos; dores, para orientação aos Estados e Municípios no desen-
f) contribuição na identificação e erradicação de situa- volvimento das ações de vigilância, e especialmente como
ções análogas ao trabalho escravo; referência para os processos de pactuação entre as três esfe-
g) contribuição na identificação e erradicação de tra- ras de gestão do SUS;
balho infantil e na proteção do trabalho do adolescente; e c) harmonização e, sempre que possível, unificação dos
h) desenvolvimento de estratégias e ações de comu- instrumentos de registro e notificação de agravos e eventos
nicação de risco e de educação ambiental e em saúde do de interesse comum aos componentes da vigilância;
trabalhador; d) incorporação dos agravos relacionados ao trabalho,
III - garantir a integralidade na atenção à saúde do tra- definidos como prioritários para fins de vigilância, nas lista-
balhador, que pressupõe a inserção de ações de saúde do gens de agravos de notificação compulsória, nos âmbitos
trabalhador em todas as instâncias e pontos da Rede de nacional, estaduais e municipais, seguindo a mesma lógica e
Atenção à Saúde do SUS, mediante articulação e constru- fluxos dos demais;
ção conjunta de protocolos, linhas de cuidado e matricia- e) proposição e produção de indicadores conjuntos para
mento da saúde do trabalhador na assistência e nas es- monitoramento e avaliação da situação de saúde;
tratégias e dispositivos de organização e fluxos da rede, f) formação e manutenção de grupos de trabalho inte-
considerando os seguintes componentes: grados para investigação de surtos e eventos inusitados e de
a) atenção primária em saúde; investigação de situações de saúde decorrentes de poten-
b) atenção especializada, incluindo serviços de reabi- ciais impactos ambientais de processos e atividades produti-
litação; vas nos territórios, envolvendo as vigilâncias epidemiológica,
c) atenção pré-hospitalar, de urgência e emergência, e sanitária, em saúde ambiental, saúde do trabalhador e rede
hospitalar; de laboratórios de saúde pública;
d) rede de laboratórios e de serviços de apoio diag- g) produção conjunta de metodologias de ação, de in-
nóstico; vestigação, de tecnologias de intervenção, de avaliação e de
e) assistência farmacêutica; monitoramento das ações de vigilância nos ambientes e si-
f) sistemas de informações em saúde; tuações epidemiológicas;

62
CONHECIMENTOS DO SUS

h) incorporação, pelas equipes de vigilância sanitária dos 5. Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB);
Estados e Municípios, de práticas de avaliação, controle e vi- 6. Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP); e
gilância dos riscos ocupacionais nas empresas e estabeleci- 7. Registros de Câncer de Base Hospitalar (RCBH);
mentos, observando as atividades produtivas presentes no i) articulação e sistematização das informações das de-
território; mais bases de dados de interesse à saúde do trabalhador,
i) investimentos na qualificação e capacitação integradas como:
das equipes dos diversos componentes da vigilância em saú- 1. Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS);
de, com incorporação de conteúdos específicos, comuns e 2. Sistema Único de Benefícios (SUB);
afins, nos processos formativos e nas estratégias de educa- 3. Relação Anual de Informações Sociais (RAIS);
ção permanente de todos os componentes da Vigilância em 4. Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
Saúde; (CAGED);
j) investimentos na ampliação da capacidade técnica e 5. Sistema Federal de Inspeção do Trabalho (SFIT);
nas mudanças das práticas das equipes das vigilâncias, es- 6. Troca de Informação em Saúde Suplementar (TISS); e
pecialmente para atuação no apoio matricial às equipes de 7. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
referência dos municípios; 8. outros sistemas de informações dos órgãos e seto-
k) participação conjunta nas estratégias, fóruns e instân- res de planejamento, da agricultura, do meio ambiente, da
cias de produção, divulgação, difusão e comunicação de in- segurança pública, do trânsito, da indústria, comércio e
formações em saúde; mineração, das empresas, dos sindicatos de trabalhadores,
l) estímulo à participação dos trabalhadores e suas orga- entre outras;
nizações, sempre que pertinente, no acompanhamento das j) gestão junto a essas instituições para acesso às bases
ações de vigilância epidemiológica, sanitária e em saúde am- de dados de forma desagregada, conforme necessidades
biental, além das ações específicas de VISAT; e da produção da análise da situação de saúde nos diversos
m) atualização e ou revisão dos códigos de saúde, com níveis territoriais;
inserção de disposições sobre a vigilância em saúde do tra- k) produção e divulgação, periódicas, com acesso ao
balhador e atribuição da competência de autoridade sani- público em geral, de análises de situação de saúde, con-
tária às equipes de vigilância em saúde do trabalhador, nos siderando diversos níveis territoriais (local, municipal, mi-
Estados e Municípios; crorregional, macrorregional, estadual, grandes regiões,
II - análise do perfil produtivo e da situação de saúde dos nacional);
trabalhadores, o que pressupõe: l) estabelecimento da notificação compulsória e inves-
a) identificação das atividades produtivas e do perfil tigação obrigatória em todo território nacional dos aciden-
da população trabalhadora no território em conjunto com tes de trabalho graves e com óbito e das intoxicações por
a atenção primária em saúde e os setores da Vigilância em agrotóxicos, considerando critérios de magnitude e gravi-
Saúde; dade;
b) implementação da rede de informações em saúde do m) viabilização da compatibilização e/ou unificação
trabalhador; dos instrumentos de coleta de dados e dos fluxos de infor-
c) definição de elenco de indicadores prioritários para mações, em articulação com as demais equipes técnicas e
análise e monitoramento; das vigilâncias;
d) definição do elenco de agravos relacionados ao traba- n) gestão junto à Previdência Social para que a notifica-
lho de notificação compulsória e de investigação obrigatória ção dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho feito
e inclusão no elenco de prioridades, nas três esferas de ges- pelo SUS (Sinan) seja reconhecida, nos casos de trabalha-
tão do SUS; dores segurados pelo Seguro Acidente de Trabalho;
e) revisão periódica da lista de doenças relacionadas ao o) criação de sistemas e bancos de dados para regis-
trabalho; tro das informações contidas nos relatórios de inspeções e
f) realização de estudos e análises que identifiquem e mapeamento dos ambientes de trabalho realizados pelas
possibilitem a compreensão dos problemas de saúde dos equipes de Vigilância em Saúde;
trabalhadores e o comportamento dos principais indicadores p) definição de elenco básico de indicadores de morbi-
de saúde; mortalidade e de situações de risco para a composição da
g) estruturação das estratégias e processos de difusão e análise de situação de saúde dos trabalhadores, conside-
comunicação das informações; rando o conjunto dos trabalhadores brasileiros, incluindo
h) garantia, na identificação do trabalhador, do registro as parcelas inseridas em atividades informais, ou seja, o to-
de sua ocupação, ramo de atividade econômica e tipo de tal da População Economicamente Ativa Ocupada;
vínculo nos seguintes sistemas e fontes de informação em q) articulação intra e intersetorial para a implantação
saúde, aproveitando todos os contatos do/a trabalhador/a ou implementação de observatórios de saúde do traba-
com o sistema de saúde: lhador, em especial, articulando-se com o observatório de
1. Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM); violências e outros;
2. Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIHSUS); r) articulação, apoio e gestão junto à Rede Interagen-
3. Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Si- cial de Informações para a Saúde (RIPSA) para fins de am-
nan); pliação dos atuais indicadores de saúde do trabalhador
4. Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA- constantes das publicações dos Indicadores Básicos de
SUS); Saúde (IDB);

63
CONHECIMENTOS DO SUS

s) garantia da inclusão de indicadores de saúde do tra- 12. incorporação de conteúdos de saúde do trabalha-
balhador nas RIPSA estaduais, conforme necessidades e dor nas estratégias de capacitação e de educação permanen-
especificidades de cada Estado; te para as equipes da atenção primária em saúde;
t) produção de protocolos e manuais de orientação b) ações de saúde do trabalhador junto à urgência e
para os profissionais de saúde para a utilização da Classi- emergência:
ficação Brasileira de Ocupação e da Classificação Nacional 1. identificação e registro da situação de trabalho, da
de Atividades Econômicas; ocupação e do ramo de atividade econômica dos usuários
u) avaliação e produção de relatórios periódicos sobre dos pontos de atenção às urgências e emergências, nas redes
a qualidade dos dados e informações constantes nos siste- Estaduais e Municipais;
mas de informação de interesse à saúde do trabalhador; e 2. identificação da relação entre o trabalho e o acidente,
v) disponibilização e divulgação das informações em violência ou intoxicação exógena sofridos pelo usuário, com
meios eletrônicos, boletins, cartilhas, impressos, vídeos, rá- decorrente notificação do agravo no Sinan e adequado regis-
dio e demais instrumentos de comunicação e difusão; tro no SIH-SUS para os casos que requererem hospitalização;
III - estruturação da Rede Nacional de Atenção Integral 3. preenchimento do laudo de exame médico da CAT nos
à Saúde do Trabalhador (RENAST) no contexto da Rede de casos pertinentes;
Atenção à Saúde, o que pressupõe: 4. acompanhamento desses casos pelas equipes dos Nú-
a) ações de Saúde do Trabalhador junto à atenção pri- cleos de Vigilância Epidemiológica Hospitalar, onde houver;
mária em saúde: 5. encaminhamento para a rede de referência e contra
1. reconhecimento e mapeamento das atividades pro- referência, para fins de continuidade do tratamento, acompa-
dutivas no território; nhamento e reabilitação, seguindo os fluxos e instrumentos
2. reconhecimento e identificação da população traba- definidos para tal;
lhadora e seu perfil sócio ocupacional no território; 6. articulação com as equipes técnicas e os CEREST sem-
3. reconhecimento e identificação dos potenciais riscos pre que necessário para a prestação de retaguarda técnica
e impactos (perfil de morbi-mortalidade) à saúde dos tra- especializada, considerando seu papel no apoio matricial a
balhadores, das comunidades e ao meio ambiente, advin-
toda rede SUS;
dos das atividades produtivas no território;
7. harmonização dos conceitos dos eventos/agravos e
4. identificação da rede de apoio social aos trabalhado-
unificação das fichas de notificação dos casos de acidentes
res no território;
de trabalho, outros acidentes e violências;
5. inclusão, dentre as prioridades de maior vulnerabi-
8. incorporação de conteúdos de saúde do trabalhador
lidade em saúde do trabalhador, das seguintes situações:
nas estratégias de capacitação e de educação permanente
chefe da família desempregado ou subempregado, crian-
para as equipes dos pontos de atenção às urgências e emer-
ças e adolescentes trabalhando, gestantes ou nutrizes tra-
balhando, algum membro da família portador de algum gências; e
agravo à saúde relacionado com o trabalho (acidente ou 9. estabelecimento de parcerias intersetoriais e referência
doença) e presença de atividades produtivas no domicílio; e contra referencia com as unidades de atendimento e servi-
6. identificação e registro da situação de trabalho, da ços das Secretarias de Segurança Pública, Institutos Médico
ocupação e do ramo de atividade econômica dos usuários Legais, e setores/departamentos de trânsito e transporte;
das unidades e serviços de atenção primária em saúde; c) ações de saúde do trabalhador junto à atenção espe-
7. suspeita e ou identificação da relação entre o traba- cializada (ambulatorial e hospitalar):
lho e o problema de saúde apresentado pelo usuário, para 1. identificação e registro da situação de trabalho, da
fins de diagnóstico e notificação dos agravos relacionados ocupação e do ramo de atividade econômica dos usuários
ao trabalho; dos pontos de atenção especializada, nas redes estaduais e
8. notificação dos agravos relacionados ao trabalho no municipais;
Sinan e no SIAB e, emissão de relatórios e atestados médi- 2. suspeita ou identificação da relação entre o trabalho e
cos, incluindo o laudo de exame médico da Comunicação o agravo à saúde do usuário, com decorrente notificação do
de Acidente do Trabalho (CAT), nos casos pertinentes; agravo no Sinan;
9. subsídio à definição da rede de referência e contra 3. preenchimento do laudo de exame médico da CAT nos
referência e estabelecimento dos fluxos e instrumentos casos pertinentes;
para os encaminhamentos necessários; 4. encaminhamento para a rede de referência e contra
10. articulação com as equipes técnicas e os Centros referência, para fins de continuidade do tratamento, acompa-
de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) sempre nhamento e reabilitação, seguindo os fluxos e instrumentos
que necessário, para a prestação de retaguarda técnica es- definidos para tal;
pecializada, considerando seu papel no apoio matricial a 5. articulação com as equipes técnicas e os CEREST sem-
toda rede SUS; pre que necessário para a prestação de retaguarda técnica
11. definição e implantação de condutas e manejo as- especializada, considerando seu papel no apoio matricial a
sistenciais, de promoção e de vigilância em saúde do tra- toda rede SUS; e
balhador, mediante a aplicação de protocolos, de linhas de 6. incorporação de conteúdos de saúde do trabalhador
cuidado e de projetos terapêuticos para os agravos, e de nas estratégias de capacitação e de educação permanente
linhas guias para a vigilância de situações de riscos relacio- para as equipes dos pontos de atenção especializada;
nados ao trabalho; e

64
CONHECIMENTOS DO SUS

IV - fortalecimento e ampliação da articulação interseto- d) capacitação para aplicação de protocolos, linhas guias
rial, o que pressupõe: e linhas de cuidado em saúde do trabalhador, com ênfase à
a) aplicação de indicadores de avaliação de impactos à identificação da relação saúde-trabalho, ao diagnóstico e ma-
saúde dos trabalhadores e das comunidades nos processos nejo dos acidentes e das doenças relacionadas ao trabalho,
de licenciamento ambiental, de concessão de incentivos ao incluindo a reabilitação, à vigilância de agravos, de ambientes
desenvolvimento, mecanismos de fomento e incentivos es- e de processos de trabalho e à produção de análise da situa-
pecíficos; ção de saúde;
b) fiscalização conjunta onde houver trabalho em con- e) capacitação voltada à aplicação de medidas básicas de
dições insalubres, perigosas e degradantes, como nas car- promoção, prevenção e educação em saúde e às orientações
voarias, madeireiras, canaviais, construção civil, agricultura quanto aos direitos dos trabalhadores;
em geral, calcareiras, mineração, entre outros, envolvendo os f) estabelecimento de referências e conteúdos curricula-
Ministérios do Trabalho e Emprego, da Previdência Social e do res para a formação de profissionais em saúde do trabalhador,
Meio Ambiente, o SUS e o Ministério Público; e de nível técnico e superior;
c) compartilhamento e publicização das informações pro- g) produção de tecnologias mistas de educação presen-
duzidas por cada órgão e instituição, inclusive por meio da cial e a distância e publicização de tecnologias já existentes,
constituição de observatórios, de modo a viabilizar a adequa- com estabelecimento de processos e métodos de acompa-
da análise de situação, estabelecimento de prioridades, toma- nhamento, avaliação e atualização dessas tecnologias;
da de decisão e monitoramento das ações; h) articulação intersetorial com Ministérios e Secretarias
V - estímulo à participação da comunidade, dos trabalha- de Governo, especialmente com o Ministério da Educação,
dores e do controle social, o que pressupõe: para fins de inclusão de conteúdos temáticos de saúde do
a) acolhimento e resposta às demandas dos representan- trabalhador nos currículos do ensino fundamental e médio,
tes da comunidade e do controle social; da rede pública e privada, em
b) buscar articulação com entidades, instituições, organi- cursos de graduação e de programas específicos de pós-
zações não governamentais, associações, cooperativas e de- -graduação em sentido amplo e restrito, possibilitando a ar-
ticulação ensino / pesquisa / extensão, bem como nos cursos
mais representações de categorias de trabalhadores, presen-
voltados à qualificação profissional e empresarial;
tes no território, inclusive as inseridas em atividades informais
i) investimento na qualificação de todos os técnicos dos
de trabalho e populações em situação de vulnerabilidade;
CEREST, no mínimo, em nível de especialização;
c) estímulo à participação de representação dos trabalha-
j) integração com órgãos de fomento de pesquisa, na-
dores nas instâncias oficiais de representação social do SUS,
cionais e internacionais e com instituições responsáveis pelo
a exemplo dos conselhos e comissões intersetoriais, nas três
processo educativo como universidades, centros de pesquisa,
esferas de gestão do SUS; organizações sindicais, ONG, entre outras; e
d) apoiar o funcionamento das Comissões Intersetoriais k) apoio à capacitação voltada para os interesses do mo-
de Saúde do Trabalhador (CIST) dos Conselhos de Saúde, nas vimento social, movimento sindical e controle social, em con-
três esferas de gestão do SUS; sonância com as ações e diretrizes estratégicas do SUS e com
e) inclusão da comunidade e do controle social nos pro- a legislação de regência;
gramas de capacitação e educação permanente em saúde do VII - apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas,
trabalhador, sempre que possível, e inclusão de conteúdos de o que pressupõe:
saúde do trabalhador nos processos de capacitação perma- a) articulação estreita entre os serviços e instituições de
nente voltados para a comunidade e o controle social, incluin- pesquisa e universidades, com envolvimento de toda a rede
do grupos de trabalhadores em situação de vulnerabilidade, de serviços do SUS na construção de saberes, normas, pro-
com vistas às ações de promoção em saúde do trabalhador; tocolos, tecnologias e ferramentas, voltadas à produção de
f) transparência e facilitação do acesso às informações respostas aos problemas e necessidades identificadas pelos
aos representantes da comunidade, dos trabalhadores e do serviços, comunidade e controle social;
controle social; b) adoção de critérios epidemiológicos e de relevância
VI - desenvolvimento e capacitação de recursos huma- social para a identificação e definição das linhas de investi-
nos, o que pressupõe: gação, estudos e pesquisas, de modo a fornecer respostas e
a) adoção de estratégias para a progressiva desprecariza- subsídios técnico-científicos para o enfrentamento de proble-
ção dos vínculos de trabalho das equipes de saúde, incluindo mas prioritários no contexto da saúde do trabalhador;
os técnicos dos centros de referência e das vigilâncias, nas três c) desenvolvimento de projetos de pesquisa-intervenção
esferas de gestão do SUS, mediante concurso público; que possam ser estruturantes para a saúde do trabalhador no
b) inserção de especificação da atribuição de inspetor de SUS, que articulem as ações de promoção, vigilância, assistên-
vigilância aos técnicos em saúde do trabalhador nos planos cia, reabilitação e produção e comunicação de informações,
de carreira, cargos e vencimentos, nas esferas estadual e mu- e resultem em produção de tecnologias de intervenção em
nicipal; problemas prioritários em cada território;
c) inserção de conteúdos de saúde do trabalhador nos d) definição de linhas prioritárias de pesquisa para a pro-
diversos processos formativos e estratégias de educação dução de conhecimento e de respostas às questões teórico
permanente, cursos e capacitações, para profissionais de conceituais do campo da saúde do trabalhador, de modo a
nível superior e nível médio, com destaque àqueles desti- preencher lacunas e produzir modelos teóricos que contri-
nados às equipes de Vigilância em Saúde, à Saúde da Fa- buam para a melhoria da promoção, da vigilância e da aten-
mília e aos gestores; ção à saúde dos trabalhadores;

65
CONHECIMENTOS DO SUS

e) incentivo à pesquisa e aplicação de tecnologias limpas e/ III - considerar, sempre que possível, com graus de priori-
ou com reduzido impacto à saúde dos trabalhadores e ao meio dade distintos, as necessidades de outras instituições públicas
ambiente, bem como voltadas à produção de alternativas e e privadas - sindicatos de trabalhadores e patronais, organi-
substituição de produtos e processos já reconhecidos como da- zações nãogovernamentais (ONG) e empresas que atuam na
nosos à saúde, e formas de organização de trabalho saudáveis; área de modo interativo com o SUS, em consonância com a
f) estabelecimento de rede de centros de pesquisa cola- legislação de regência; e
boradores na construção de saberes, normas, protocolos, tec- IV - contemplar estratégias de articulação e de inserção
nologias e ferramentas, voltadas à produção de respostas aos de conteúdos de saúde do trabalhador nos diversos cursos de
problemas e necessidades identificadas pelos serviços, comuni- graduação das áreas de saúde, engenharias, ciências sociais,
dade e controle social; entre outros além de outros que apresentem correlação com
g) estabelecimento de mecanismos que garantam a partici- a área da saúde, de modo a viabilizar a preparação dos pro-
pação da comunidade e das representações dos trabalhadores fissionais desde a graduação, incluindo a oferta de vagas para
no desenvolvimento dos estudos e pesquisas, incluindo a divul- estágios curriculares e extra-curriculares.
gação e aplicação dos seus resultados; e
h) garantia, pelos gestores, da observância dos preceitos CAPÍTULO IV
éticos no desenvolvimento de estudos e pesquisas realizados DAS RESPONSABILIDADES
no âmbito da rede de serviços do SUS, mediante a participação Seção I
dos Comitês de Ética em Pesquisa nesses processos. Das Atribuições dos Gestores do SUS
§ 1º A análise da situação de saúde dos trabalhadores, de
que trata o inciso II do «caput», compreende o monitoramento Art. 10. São responsabilidades da União, dos Estados, do
contínuo de indicadores e das situações de risco, com vistas a Distrito Federal e dos Município, em seu âmbito administrati-
subsidiar o planejamento das ações e das intervenções em saú- vo, além de outras que venham a ser pactuadas pelas Comis-
de do trabalhador, de forma mais abrangente, no território na- sões Intergestores:
cional, no Estado, região, Município e nas áreas de abrangência I - garantir a transparência, a integralidade e a equidade
no acesso às ações e aos serviços de saúde do trabalhador;
das equipes de atenção à saúde.
II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos serviços de
§ 2º No que se refere à análise da situação de saúde dos
saúde do trabalhador;
trabalhadores, de que trata o inciso II do «caput», dever-se-á
III - monitorar o acesso às ações e aos serviços de saúde
promover a articulação das redes de informações, que se basea-
do trabalhador;
rá nos seguintes pressupostos:
IV - assegurar a oferta regional das ações e dos serviços
I - concepção de que as informações em saúde do traba-
de saúde do trabalhador;
lhador, presentes em diversas bases e fontes de dados, devem V - estabelecer e garantir a articulação sistemática entre os
estar em consonância com os princípios e diretrizes da Política diversos setores responsáveis pelas políticas públicas, para ana-
Nacional de Informações e Informática do SUS; lisar os diversos problemas que afetam a saúde dos trabalhado-
II - necessidade de estabelecimento de processos participa- res e pactuar uma agenda prioritária de ações intersetoriais; e
tivos nas definições e na produção de informações de interesse VI - desenvolver estratégias para identificar situações que
à saúde do trabalhador; resultem em risco ou produção de agravos à saúde, adotando
III - empreendimento sistemático e permanente de ações, com e ou fazendo adotar medidas de controle quando necessário.
vistas ao aprimoramento e melhoria da qualidade das informações; Art. 11. À direção nacional do SUS compete:
IV - compartilhamento de informações de interesse para a I - coordenar, em âmbito nacional, a implementação da
saúde do trabalhador, mediante colaboração intra e interseto- Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora;
rial, entre as esferas de governo, e entre instituições, públicas e II - conduzir as negociações nas instâncias do SUS, visan-
privadas, nacionais e internacionais; do inserir ações, metas e indicadores de saúde do trabalha-
V - necessidade de estabelecimento de mecanismos de publi- dor no Plano Nacional de Saúde e na Programação Anual de
cação e garantia de acesso pelos diversos públicos interessados; e Saúde, a partir de planejamento estratégico que considere a
VI - zelo pela privacidade e confidencialidade de dados in- Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora;
dividuais identificados, garantindo o acesso necessário às auto- III - alocar recursos orçamentários e financeiros para a im-
ridades sanitárias no exercício das ações de vigilância. plementação desta Política, aprovados no Conselho Nacional
§ 3º O processo de capacitação em saúde do trabalhador, de Saúde (CNS);
de que trata o inciso VI do caput, deverá: IV - desenvolver estratégias visando o fortalecimento da
I - contemplar as diversidades e especificidades loco-regio- participação da comunidade, dos trabalhadores e do controle
nais, incorporar os princípios do trabalho cooperativo, interdis- social, incluindo o apoio e fortalecimento da Comissão Inter-
ciplinar e em equipe multiprofissional e as experiências acumu- setorial de Saúde do Trabalhador (CIST) do CNS;
ladas pelos Estados e Municípios nessa área; V - apoiar tecnicamente as Secretarias de Saúde dos Estados,
II - abranger todos os profissionais vinculados ao SUS, in- do Distrito Federal e dos Municípios, na implementação e execução
dependente da especialidade e nível de atuação - atenção bá- da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora;
sica ou especializada, os inseridos em programas e estratégias VI - promover a incorporação de ações e procedimen-
específicos, como, por exemplo, agentes comunitários de saú- tos de vigilância e de assistência à saúde do trabalhador
de, saúde da família, saúde da mulher, saúde do homem, saúde junto à Rede de Atenção à Saúde, considerando os diferen-
mental, vigilância epidemiológica, vigilância sanitária e em saú- tes níveis de complexidade, tendo como centro ordenador
de ambiental, entre outros; a Atenção Primária em Saúde;

66
CONHECIMENTOS DO SUS

VII - monitorar, em conjunto com as Secretarias Esta- V - apoiar tecnicamente e atuar de forma integrada
duais e Municipais de Saúde, os indicadores pactuados para com as Secretarias Municipais de Saúde na implementação
avaliação das ações e serviços de saúde dos trabalhadores; das ações de saúde do trabalhador;
VIII - estabelecer rotinas de sistematização, processa- VI - organizar as ações de promoção, vigilância e assis-
mento, análise e divulgação dos dados gerados nos Mu- tência à saúde do trabalhador nas regiões de saúde, consi-
nicípios e nos Estados a partir dos sistemas de informação derando os diferentes níveis de complexidade, tendo como
em saúde, de acordo com os interesses e necessidades do centro ordenador a Atenção Primária em Saúde, definindo,
planejamento estratégico da Política Nacional de Saúde do em conjunto com os municípios, os mecanismos e os fluxos
Trabalhador e da Trabalhadora; de referência, contra-referência e de apoio matricial, além
IX - elaborar perfil produtivo e epidemiológico, a partir de outras medidas, para assegurar o desenvolvimento de
de fontes de informação existentes e de estudos específi- ações de promoção, vigilância e assistência em saúde do
cos, com vistas a subsidiar a programação e avaliação das trabalhador;
ações de atenção à saúde do trabalhador; VII - realizar a pactuação regional e estadual das ações
X - promover a articulação intersetorial com vistas à e dos indicadores de promoção, vigilância e assistência à
promoção de ambientes e processos de trabalho saudáveis saúde do trabalhador;
e ao acesso às informações e bases de dados de interesse à VIII - monitorar, em conjunto com as Secretarias Mu-
saúde dos trabalhadores; nicipais de Saúde, os indicadores pactuados para avaliação
XI - participar da elaboração de propostas normativas e das ações e serviços de saúde dos trabalhadores;
elaborar normas pertinentes à sua área de atuação, com a IX - regular, monitorar, avaliar e auditar as ações e a
participação de outros atores sociais como entidades repre- prestação de serviços em saúde do trabalhador, no âmbito
sentativas dos trabalhadores, universidades e organizações de sua competência;
não-governamentais; X - garantir a implementação, nos serviços públicos e
XII - promover a formação e a capacitação em saúde privados, da notificação compulsória dos agravos à saú-
do trabalhador dos profissionais de saúde do SUS, junto à de relacionados ao trabalho, assim como do registro dos
Política Nacional dados pertinentes à saúde do trabalhador no conjunto
de Educação Permanente em Saúde, bem como estimu- dos sistemas de informação em saúde, alimentando regu-
lar a parceria entre os órgãos e instituições pertinentes para larmente os sistemas de informações em seu âmbito de
formação e capacitação da comunidade, dos trabalhadores atuação, estabelecendo rotinas de sistematização, proces-
e do controle social, em consonância com a legislação de samento e análise dos dados gerados nos municípios, de
regência; acordo com os interesses e necessidades do planejamento
XIII - desenvolver estratégias de comunicação e elabo- desta Política;
rar materiais de divulgação visando disponibilizar informa- XI - elaborar, em seu âmbito de competência, perfil
ções do perfil produtivo e epidemiológico relativos à saúde produtivo e epidemiológico, a partir de fontes de informa-
dos trabalhadores; ção existentes e de estudos específicos, com vistas a sub-
XIV - conduzir a revisão periódica da listagem oficial sidiar a programação e avaliação das ações de atenção à
de doenças relacionadas ao trabalho no território nacional saúde do trabalhador;
e a inclusão do elenco prioritário de agravos relacionados XII - participar da elaboração de propostas normati-
ao trabalho na listagem nacional de agravos de notificação vas e elaborar normas técnicas pertinentes à sua esfera de
compulsória; e competência, com outros atores sociais como entidades
XV - regular, monitorar, avaliar e auditar as ações e ser- representativas dos trabalhadores, universidades e organi-
viços de saúde do trabalhador, no âmbito de sua compe- zações não governamentais;
tência. XIII - promover a formação e capacitação em saúde do
Art. 12. À direção estadual do SUS compete: trabalhador para os profissionais de saúde do SUS, inclu-
I - coordenar, em âmbito estadual, a implementação da sive na forma de educação continuada, respeitadas as di-
Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalha- retrizes da Política Nacional de Educação Permanente em
dora; Saúde, bem como estimular a parceria entre os órgãos e
II - conduzir as negociações nas instâncias estaduais do instituições pertinentes para formação e capacitação da
SUS, visando inserir ações, metas e indicadores de saúde do comunidade, dos trabalhadores e do controle social, em
trabalhador no Plano Estadual de Saúde e na Programação consonância com a legislação de regência;
Anual de Saúde, a partir de planejamento estratégico que XIV - desenvolver estratégias de comunicação e elabo-
considere a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da rar materiais de divulgação visando disponibilizar informa-
Trabalhadora; ções do perfil produtivo e epidemiológico relativos à saúde
III - pactuar e alocar recursos orçamentários e financei- dos trabalhadores;
ros, para a implementação da Política Nacional de Saúde do XV - definir e executar projetos especiais em questões
Trabalhador e da Trabalhadora, pactuados nas instâncias de de interesse loco-regional, em conjunto com as equipes
gestão e aprovados no Conselho Estadual de Saúde (CES); municipais, quando e onde couber; e
IV - desenvolver estratégias visando o fortalecimento XVI - promover, no âmbito estadual, a articulação inter-
da participação da comunidade, dos trabalhadores e do setorial com vistas à promoção de ambientes e processos
controle social, incluindo o apoio e fortalecimento da CIST de trabalho saudáveis e ao acesso às informações e bases
do CES; de dados de interesse à saúde dos trabalhadores.

67
CONHECIMENTOS DO SUS

Art. 13. Compete aos gestores municipais de saúde: XIII - capacitar, em parceria com as Secretarias Esta-
I - executar as ações e serviços de saúde do trabalha- duais de Saúde e com os CEREST, os profissionais e as equi-
dor; pes de saúde do SUS, para identificar e atuar nas situações
II - coordenar, em âmbito municipal, a implementação de riscos à saúde relacionados ao trabalho, assim como
da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Traba- para o diagnóstico dos agravos à saúde relacionados com
lhadora; o trabalho, em consonância com as diretrizes para imple-
III - conduzir as negociações nas instâncias munici- mentação da Política Nacional de Educação Permanente
pais do SUS, visando inserir ações, metas e indicadores de em Saúde, bem como estimular a parceria entre os órgãos
saúde do trabalhador no Plano Municipal de Saúde e na e instituições pertinentes para formação e capacitação da
Programação Anual de Saúde, a partir de planejamento es- comunidade, dos trabalhadores e do controle social, em
tratégico que considere a Política Nacional de Saúde do consonância com a legislação de regência; e
Trabalhador e da Trabalhadora; XIV - promover, no âmbito municipal, articulação inter-
IV - pactuar e alocar recursos orçamentários e financei- setorial com vistas à promoção de ambientes e processos
ros para a implementação da Política Nacional de Saúde do de trabalho saudáveis e ao acesso às informações e bases
Trabalhador e da Trabalhadora, pactuados nas instâncias de dados de interesse à saúde dos trabalhadores.
de gestão e aprovados no Conselho Municipal de Saúde
(CMS); Seção II
V - desenvolver estratégias visando o fortalecimento Das Atribuições dos CEREST e das Equipes Técnicas
da participação da comunidade, dos trabalhadores e do
controle social, incluindo o apoio e fortalecimento da CIST Art. 14. Cabe aos CEREST, no âmbito da RENAST:
do CMS; I - desempenhar as funções de suporte técnico, de
VI - constituir referências técnicas em saúde do traba- educação permanente, de coordenação de projetos de
lhador e/ou grupos matriciais responsáveis pela implemen- promoção, vigilância e
tação da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da assistência à saúde dos trabalhadores, no âmbito da
sua área de abrangência;
Trabalhadora;
II - dar apoio matricial para o desenvolvimento das
VII - participar, em conjunto com o Estado, da definição
ações de saúde do trabalhador na atenção primária em
dos mecanismos e dos fluxos de referência, contra-referên-
saúde, nos serviços especializados e de urgência e emer-
cia e de apoio matricial, além de outras medidas, para asse-
gência, bem como na promoção e vigilância nos diversos
gurar o desenvolvimento de ações de promoção, vigilância
pontos de atenção da Rede de Atenção à Saúde; e
e assistência em saúde do trabalhador;
III - atuar como centro articulador e organizador das
VIII - articular-se regionalmente para integrar a organi-
ações intra e intersetoriais de saúde do trabalhador, assu-
zação, o planejamento e a execução de ações e serviços de mindo a retaguarda técnica especializada para o conjunto
saúde quando da identificação de problemas e prioridades de ações e serviços da rede SUS e se tornando pólo irra-
comuns; diador de ações e experiências de vigilância em saúde, de
IX - regular, monitorar, avaliar e auditar as ações e a caráter sanitário e de base epidemiológica.
prestação de serviços em saúde do trabalhador, no âmbito § 1º As ações a serem desenvolvidas pelos CEREST se-
de sua competência; rão planejadas de forma integrada pelas equipes de saúde
X - implementar, na Rede de Atenção à Saúde do SUS, do trabalhador no âmbito das Secretarias Estaduais de Saú-
e na rede privada, a notificação compulsória dos agravos de (SES) e das Secretarias Municipais de Saúde (SMS), sob a
à saúde relacionados com o trabalho, assim como o regis- coordenação dos gestores.
tro dos dados pertinentes à saúde do trabalhador no con- § 2º Para as situações em que o Município não tenha
junto dos sistemas de informação em saúde, alimentando condições técnicas e operacionais, ou para aquelas definidas
regularmente os sistemas de informações em seu âmbito como de maior complexidade, caberá às SES a execução di-
de atuação, estabelecendo rotinas de sistematização, pro- reta de ações de vigilância e assistência, podendo fazê-lo, em
cessamento e análise dos dados gerados no Município, de caráter complementar ou suplementar, através dos CEREST.
acordo com os interesses e necessidades do planejamento § 3º O apoio matricial, de que trata o inciso II do caput,
da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Traba- será equacionado a partir da constituição de equipes mul-
lhadora; tiprofissionais e do desenvolvimento de práticas interdis-
XI - instituir e manter cadastro atualizado de empresas ciplinares, com estabelecimento de relações de trabalho
classificadas nas diversas atividades econômicas desenvol- entre a equipe de matriciamento e as equipes técnicas de
vidas no Município, com indicação dos fatores de risco que referência, na perspectiva da prática da clínica ampliada, da
possam ser gerados para os trabalhadores e para o contin- promoção e da vigilância em saúde do trabalhador.
gente populacional direta ou indiretamente a eles expos- Art. 15. As equipes técnicas de saúde do trabalhador,
tos, em articulação com a vigilância em saúde ambiental; nas três esferas de gestão, com o apoio dos CEREST, devem
XII - elaborar, em seu âmbito de competência, perfil garantir sua capacidade de prover o apoio institucional e o
produtivo e epidemiológico, a partir de fontes de informa- apoio matricial para o desenvolvimento e incorporação das
ção existentes e de estudos específicos, com vistas a sub- ações de saúde do trabalhador no SUS.
sidiar a programação e avaliação das ações de atenção à Parágrafo único. A execução do disposto no caput deste
saúde do trabalhador; artigo pressupõe, no mínimo:

68
CONHECIMENTOS DO SUS

I - a construção, em toda a Rede de Atenção à Saúde, de ca- IX - o monitoramento e avaliação dos indicadores de saúde do
pacidade para a identificação das atividades produtivas e do perfil trabalhador pactuados, bem como o acompanhamento da evolução
epidemiológico dos trabalhadores nas regiões de saúde definidas histórica e tendências dos indicadores de morbimortalidade, nas es-
pelo Plano Diretor de Regionalização e Investimentos (PDRI); e feras municipal, micro e macrorregionais, estadual e nacional.
II - a capacitação dos profissionais de saúde para a identi-
ficação e monitoramento dos casos atendidos que possam ter CAPÍTULO VI
relação com as ocupações e os processos produtivos em que DO FINANCIAMENTO
estão inseridos os usuários.
Art. 18. Além dos recursos dos fundos nacionais, estaduais e
CAPÍTULO V municipais de saúde, fica facultado aos gestores de saúde utilizar
DA AVALIAÇÃO E DO MONITORAMENTO outras fontes de financiamento, como:
I - ressarcimento ao SUS, pelos planos de saúde privados, dos
Art. 16. As metas e os indicadores para avaliação e moni-
valores gastos nos serviços prestados aos seus segurados, em decor-
toramento da Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da
rência de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho;
Trabalhadora devem estar contidos nos instrumentos de ges-
II - repasse de recursos advindos de contribuições para a segu-
tão definidos pelo sistema de planejamento do SUS:
I - Planos de Saúde; ridade social;
II - Programações Anuais de Saúde; e III - criação de fundos especiais; e
III - Relatórios Anuais de Gestão. IV - parcerias com organismos nacionais e internacionais para
§ 1º O planejamento estratégico deve contemplar ações, financiamento de projetos especiais, de desenvolvimento de tecno-
metas e indicadores de promoção, vigilância e atenção em saú- logias, máquinas e equipamentos com maior proteção à saúde dos
de do trabalhador, nos moldes de uma atuação permanente- trabalhadores, especialmente aqueles voltados a cooperativas, da
mente articulada e sistêmica. economia solidária e pequenos empreendimentos.
§ 2º As necessidades de saúde do trabalhador devem ser Parágrafo único. Além das fontes de financiamento previstas
incorporadas no processo geral do planejamento das ações de neste artigo, poderão ser pactuados, nas instâncias intergestores,
saúde, mediante a utilização dos instrumentos de pactuação do incentivos específicos para as ações de promoção e vigilância em
SUS, o qual é um processo dinâmico, contínuo e sistemático de saúde do trabalhador, a serem inseridos nos pisos variáveis dos com-
pactuação de prioridades e estratégias de saúde do trabalha- ponentes de vigilância e promoção da saúde e da vigilância sanitária.
dor nos âmbitos municipal, regional, estadual e federal, consi- Art. 19. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
derando os diversos sujeitos envolvidos neste processo.
Art. 17. A avaliação e o monitoramento da Política Nacional
de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, pelas três esferas
de gestão do SUS, devem ser conduzidos considerando-se: POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO POPULAR
I a inserção de ações de saúde do trabalhador, consideran- EM SAÚDE;
do objetivos, diretrizes, metas e indicadores, no Plano de Saú-
de, na Programação Anual de Saúde e no Relatório Anual de
Gestão, em cada esfera de gestão do SUS;
II - a definição de que as ações de saúde do trabalhador, PORTARIA Nº 2.761, DE 19 DE NOVEMBRO DE 2013
em cada esfera de gestão, devem expressar com clareza e Institui a Política Nacional de Educação Popular em Saúde
transparência, os mecanismos e as fontes de financiamento; no âmbito do SistemaÚnico de Saúde (PNEPS-SUS).
III - o estabelecimento de investimentos nas ações de vigi-
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso da atribuição que
lância, no desenvolvimento de ações na Atenção Primária em
lhe confere o inciso II do parágrafo único do art. 87 da Constituição, e
Saúde e na regionalização como eixos prioritários para a apli-
Considerando a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que
cação dos recursos de saúde do trabalhador;
IV - a definição de interlocutor para o tema saúde do tra- dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação
balhador nas três esferas de gestão do SUS; da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspon-
V - a inclusão na Relação Nacional de Ações e Serviços de dentes e dá outras providências;
Saúde (RENASES) de ações e serviços de saúde do trabalhador; Considerando o Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011, que
VI - a produção de protocolos, de linhas guias e linhas de regulamenta a Lei nº 8.080, de 1990, para dispor sobre a organização
cuidado em saúde do trabalhador, de acordo com os níveis de do Sistema Único de Saúde (SUS), o planejamento da saúde, a assis-
organização da vigilância e atenção à saúde; tência à saúde e a articulação interfederativa;
VII - a capacitação dos profissionais de saúde, visando à Considerando a Portaria nº 3.027/GM/MS, de 26 de novembro
implementação dos protocolos, das linhas guias e das linhas de de 2007, que aprova a Política Nacional de Gestão Estratégica e Par-
cuidado em saúde do trabalhador; ticipativa no SUS (PARTICIPASUS);
VIII - a definição dos fluxos de referência, contra-re- Considerando a Portaria nº 1.256/GM/MS, de 17 de ju-
ferência e de apoio matricial, de acordo com as diretrizes nho de 2009, que institui o Comitê Nacional de Educação
clínicas, as linhas de cuidado pactuadas na Comissão In- Popular em Saúde (CNEPS);
tergestores Regional (CIR) e na Comissão Intergestores Considerando as Conferências Nacionais de Saúde, em
Bipartite (CIB), garantindo a notificação compulsória dos especial a 12ª de 2004, a 13ª de 2008 e a 14ª de 2011, que
agravos relacionados ao trabalho; e expressam a demanda pela implementação da Política Na-
cional de Educação Popular em Saúde;

69
CONHECIMENTOS DO SUS

Considerando a diretriz do Governo Federal de reduzir § 6º O compromisso com a construção do projeto de-
as iniquidades em saúde por meio da execução de políticas mocrático e popular é a reafirmação do compromisso com
de inclusão social; a construção de uma sociedade justa, solidária, democrá-
Considerando a reunião do Conselho Nacional de Saú- tica, igualitária, soberana e culturalmente diversa que so-
de (CNS) ocorrida em 12 de julho de 2012, que aprovou a mente será construída por meio da contribuição das lutas
Política Nacional de Educação Popular em Saúde no âmbito sociais e da garantia do direito universal à saúde no Brasil,
do Sistema Único de Saúde, que visa colocar as práticas tendo como protagonistas os sujeitos populares, seus gru-
populares em saúde em um plano mais amplo, de forma pos e movimentos, que historicamente foram silenciados e
democrática e com participação social; e marginalizados.
Considerando a pactuação ocorrida na reunião da Co- Art. 4º São eixos estratégicos da PNEPS-SUS:
missão Intergestores Tripartite (CIT) de 28 de maio de 2013, I - participação, controle social e gestão participativa;
resolve: II - formação, comunicação e produção de conheci-
Art. 1º Esta Portaria institui a Política Nacional de Edu- mento;
cação Popular em Saúde no âmbito do Sistema Único de III - cuidado em saúde; e
Saúde (PNEPSSUS). IV - intersetorialidade e diálogos multiculturais.
Art. 2º A PNEPS-SUS reafirma o compromisso com a § 1º O eixo estratégico da participação, controle social
universalidade, a equidade, a integralidade e a efetiva parti- e gestão participativa tem por objeto fomentar, fortalecer
cipação popular no SUS, e propõe uma prática político-pe- e ampliar o protagonismo popular, por meio do desenvol-
dagógica que perpassa as ações voltadas para a promoção, vimento de ações que envolvam a mobilização pelo direito
proteção e recuperação da saúde, a partir do diálogo entre à saúde e a qualificação da participação nos processos de
a diversidade de saberes, valorizando os saberes populares, formulação, implementação, gestão e controle social das
a ancestralidade, o incentivo à produção individual e coleti- políticas públicas.
va de conhecimentos e a inserção destes no SUS. § 2º O eixo estratégico da formação, comunicação e
Art. 3º A PNEPS-SUS é orientada pelos seguintes prin- produção de conhecimento compreende a ressignificação
cípios: e a criação de práticas que oportunizem a formação de
I - diálogo; trabalhadores e atores sociais em saúde na perspectiva da
II - amorosidade; educação popular, a produção de novos conhecimentos e a
III - problematização; sistematização de saberes com diferentes perspectivas teó-
IV - construção compartilhada do conhecimento; ricas e metodológicas, produzindo ações comunicativas,
V - emancipação; e conhecimentos e estratégias para o enfrentamento dos de-
VI - compromisso com a construção do projeto demo- safios ainda presentes no SUS.
crático e popular. § 3º O eixo estratégico do cuidado em saúde tem por
§ 1º Diálogo é o encontro de conhecimentos construí- objeto fortalecer as práticas populares de cuidado, o que
dos histórica e culturalmente por sujeitos, ou seja, o en- implica apoiar sua sustentabilidade, sistematização, visibili-
contro desses sujeitos na intersubjetividade, que acontece dade e comunicação, no intuito de socializar tecnologias e
quando cada um, de forma respeitosa, coloca o que sabe perspectivas integrativas, bem como de aprimorar sua arti-
à disposição para ampliar o conhecimento crítico de am- culação com o SUS.
bos acerca da realidade, contribuindo com os processos de § 4º O eixo estratégico da intersetorialidade e diálogos
transformação e de humanização. multiculturais tem por objeto promover o encontro e a visi-
§ 2º Amorosidade é a ampliação do diálogo nas rela- bilidade dos diferentes setores e atores em sua diversidade,
ções de cuidado e na ação educativa pela incorporação das visando o fortalecimento de políticas e ações integrais e
trocas emocionais e da sensibilidade, propiciando ir além integralizadoras.
do diálogo baseado apenas em conhecimentos e argu- Art. 5º A PNEPS-SUS tem como objetivo geral imple-
mentações logicamente organizadas. mentar a Educação Popular em Saúde no âmbito do SUS,
§ 3º A problematização implica a existência de relações contribuindo com a participação popular, com a gestão
dialógicas e propõe a construção de práticas em saúde ali- participativa, com o controle social, o cuidado, a formação
cerçadas na leitura e na análise crítica da realidade. e as práticas educativas em saúde.
§ 4º A construção compartilhada do conhecimento Art. 6º São objetivos específicos da PNEPS-SUS:
consiste em processos comunicacionais e pedagógicos I - promover o diálogo e a troca entre práticas e sabe-
entre pessoas e grupos de saberes, culturas e inserções res populares e técnico-científicos no âmbito do SUS, apro-
sociais diferentes, na perspectiva de compreender e trans- ximando os sujeitos da gestão, dos serviços de saúde, dos
formar de modo coletivo as ações de saúde desde suas movimentos sociais populares, das práticas populares de
dimensões teóricas, políticas e práticas. cuidado e das instituições formadoras;
§ 5º A emancipação é um processo coletivo e compar- II - fortalecer a gestão participativa nos espaços do
tilhado no qual pessoas e grupos conquistam a superação SUS;
e a libertação de todas as formas de opressão, exploração, III - reconhecer e valorizar as culturas populares, espe-
discriminação e violência ainda vigentes na sociedade e cialmente as várias expressões da arte, como componentes
que produzem a desumanização e a determinação social essenciais das práticas de cuidado, gestão, formação, con-
do adoecimento. trole social e práticas educativas em saúde;

70
CONHECIMENTOS DO SUS

IV - fortalecer os movimentos sociais populares, os co- Art. 9º Compete às Secretarias Municipais de Saúde:
letivos de articulação social e as redes solidárias de cuidado I - garantir a inclusão da PNEPS-SUS nos respectivos Pla-
e promoção da saúde na perspectiva da mobilização popu- nos Municipal Plurianual de Saúde, em consonância com as
lar em defesa do direito universal à saúde; realidades, demandas e necessidades locais;
V - incentivar o protagonismo popular no enfrenta- II - estabelecer e implementar estratégias e ações de pla-
mento dos determinantes e condicionantes sociais de saú- nejamento, monitoramento e avaliação da PNEPS-SUS cons-
de; truídas de forma participativa com atores da sociedade civil
VI - apoiar a sistematização, a produção de conheci- implicados com a Educação Popular em Saúde;
mentos e o compartilhamento das experiências originárias III - implementar o Plano Operativo da PNEPS-SUS;
do saber, da cultura e das tradições populares que atuam IV - garantir financiamento solidário para a implantação da
na dimensão do cuidado, da formação e da participação PNEPS-SUS;
popular em saúde; V - promover a articulação intrasetorial permanente no
VII - contribuir com a implementação de estratégias e âmbito estadual para a implementação da PNEPS-SUS; e
ações de comunicação e de informação em saúde identi- VI - promover a intersetorialidade entre as políticas públi-
ficadas com a realidade, linguagens e culturas populares; cas que apresentam interface com a PNEPS-SUS.
VIII - contribuir para o desenvolvimento de ações inter- Art. 10. À Secretaria de Saúde do Distrito Federal compete
setoriais nas políticas públicas referenciadas na Educação as atribuições reservadas às Secretarias de Saúde dos Estados
Popular em Saúde; e dos Municípios.
IX - apoiar ações de Educação Popular na Atenção Pri- Art. 11. Compete às Comissões Intergestores Bipartite (CIB)
mária em Saúde, fortalecendo a gestão compartilhada en- e Comissões Intergestores Regional (CIR) avaliar e aprovar os
tre trabalhadores e comunidades, tendo os territórios de Planos Operativos da Educação Popular em Saúde, consideran-
saúde como espaços de formulação de políticas públicas; do as especificidades locais e a PNEPS-SUS.
X - contribuir com a educação permanente dos traba- Art. 12. A Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa
lhadores, gestores, conselheiros e atores dos movimentos (SGEP/MS) articulará, no âmbito do Ministério da Saúde a ela-
boração de instrumentos com orientações específicas que se
sociais populares, incorporando aos seus processos os
fizerem necessários à implementação da PNEPS-SUS.
princípios e as práticas da educação popular em saúde; e
Art. 13. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
XI - assegurar a participação popular no planejamento,
acompanhamento, monitoramento e avaliação das ações e
estratégias para a implementação da PNEPS-SUS.
Art. 7º Compete ao Ministério da Saúde: PROMOÇÃO DA SAÚDE E EDUCAÇÃO EM
I - implementar as ações da PNEPS-SUS, incorporando- SAÚDE.
-as no Plano Nacional de Saúde;
II - estabelecer estratégias e ações de planejamento,
monitoramento e avaliação da PNEPS-SUS construídas no
âmbito do Comitê Nacional de Educação Popular em Saú- Ações educativas aos usuários dos serviços de saúde
de (CNEPS);
III - garantir financiamento para implementação inte- Objetivos
gral da PNEPS-SUS;
IV - promover a articulação intrasetorial permanente - Relacionar a teoria da educação com a prática vivenciada;
para a implementação da PNEPS-SUS; - Relacionar os conceitos de comunicação e participação à
V - promover a intersetorialidade entre as políticas pú- prática educativa;
blicas que apresentam interface com a PNEPS-SUS; e - Refletir sobre onde estamos e o que esperamos da ação
VI - apoiar tecnicamente as Secretarias Estaduais de educativa;
Saúde na implementação da PNEPS-SUS. - Decidir qual é a educação que pretendemos praticar.
Art. 8º Compete às Secretarias Estaduais de Saúde: Repensando a Prática
I - garantir a inclusão da PNEPS-SUS nos respectivos
Planos Estadual e Plurianual de Saúde; Existem várias maneiras de entender e fazer educação.
II - estabelecer estratégias e ações de planejamento, Muitas vezes, na prática, a educação tem sido considerada
monitoramento e avaliação da PNEPS-SUS construídas de apenas como divulgação, transmissão de conhecimentos e in-
forma participativa com atores da sociedade civil implica- formações, de forma fragmentada e, muitas vezes, distante da
dos com a Educação Popular em Saúde; realidade de vida da população ou indivíduo.
III - apoiar tecnicamente as Secretarias Municipais de “É sempre bom lembrar que a atividade educativa não é
Saúde na implementação da PNEPS-SUS; um processo de condicionamento para que as pessoas acei-
IV - garantir financiamento complementar aos Municí- tem, sem perguntar, as orientações que lhes são passadas. A
pios para a implantação da PNEPS-SUS; simples informação ou divulgação ou transmissão de conheci-
V - promover a articulação intrasetorial permanente no mento, de como ter saúde ou evitar uma doença, por si só, não
âmbito estadual para a implementação da PNEPS-SUS; e vai contribuir para que uma população seja mais sadia e nem é
VI - promover a intersetorialidade entre as políticas pú- fator que possa contribuir para mudanças desejáveis para me-
blicas que apresentam interface com a PNEPS-SUS. lhoria da qualidade de vida da população”.

71
CONHECIMENTOS DO SUS

“As mudanças no sentido de ter, manter e reivindicar por “A ação educativa não implica somente na transformação
saúde ocorre quando o indivíduo, os grupos populares e a do saber, mas também na transformação dos sujeitos do pro-
equipe de saúde participam. A discussão, a reflexão crítica, a cesso, tanto dos técnicos quanto da população. O saber de
partir de um dado conhecimento sobre saúde/doença, suas transformação só pode produzir-se quando ambos os pólos
causas e consequências, permitem que se chegue a uma da relação dialógica também se transformam no processo.”
concepção mais elaborada acerca do que determina a exis- Cumpre, finalmente, lembrar que um processo educativo
tência de uma doença e como resolver os problemas para como o que se esboça acima supõe, também, por parte dos
modificar aquela realidade”. técnicos que dele participam competência técnica, no mais
amplo sentido da palavra, o que significa conhecimento não
Os Problemas e Desafios apenas dos aspectos meramente tecnológicos, mas também
conhecimento das estruturas e processos econômicos e polí-
Muitos daqueles que trabalham na área da Educação ticos da sociedade na qual se insere a sua prática social. “Por-
encontram dificuldades no seu dia-a-dia, como: tanto, boa vontade só não basta.”
- Recomendação de práticas diferentes por instituições
diferentes e relacionadas a uma mesma ação que se espera Comunicação
da população.
- Recomendação de práticas com barreiras socioeco- O mundo globalizado de hoje, exige profissionais cada
nômicas ou culturais que dificultam e/ou restringem a sua vez mais capacitados, principalmente, do ponto de vista tec-
execução. nológico, exigindo atributos e conhecimentos dos trabalha-
- Despreocupação com o universo conceitual da popu- dores para responder às demandas impostas pelas mudanças
lação, achando que tudo depende da transmissão do conhe- sociais e econômicas. Nesse contexto as interações pessoais
cimento técnico. acabam por assumir uma condição inferior. Estamos vivendo
num mundo de poucas palavras, onde a imagem predomina,
Cabe a nós propiciar condições para que o processo em uma cultura onde a razão se sobrepõe à emoção. A cada
educativo aconteça e, para isso, devemos ter muito claro o dia, visualizamos a valorização do ter e a deificação do ser.
que entendemos por educação. Englobado por essas reformulações econômicas, sociais
Uma maneira de perceber se uma atividade educativa e políticas, o setor saúde sofre os impactos dos ajustes ma-
está de acordo com uma proposta de educação transforma- croestruturais de busca da produtividade, tecnologia e qua-
dora é descobrir qual a sua utilidade. Analisando as ativida- lidade dos serviços, exigindo novos atributos de qualificação
des de Educação em Saúde desenvolvidas nos serviços de dos profissionais de saúde. É a partir dessa premissa, e diante
saúde, na escola, na comunidade. da nossa realidade enquanto atores do cenário do cuidado
físico e mental, que reforçamos a importância de que seja dis-
“A partir de Algumas das características do processo de cutido, entre os diversos profissionais de saúde ligados direta-
educação, partimos da admissão de que existe dois saberes: mente à assistência ao cliente, e aqui destacamos o enfermei-
o saber técnico e o saber popular, distintos, mas não essen- ro, o cuidado emocional, resultando na busca do bem estar e
cialmente opostos, e que a educação, como processo social, qualidade de vida do cliente.
exigirá o confronto e a superação desses dois saberes”. Nessa realidade o enfermeiro deve buscar conhecimen-
“Em seu dia-a-dia, a população desenvolve um saber tos e processo instrucional para encontrar uma maneira de
popular que chega a ser considerável. Embora a este saber ação que torne o cuidado de enfermagem mais humano. Pois,
falte uma sistematização coletiva, nem por isso é destituído como agente de mudança, o enfermeiro de amanhã será dife-
de validez e importância. Não pode, pois, ser confundido rente do de hoje, e o de hoje é diferente do de anos passados.
com ignorância e desprezado como mera superstição. Ele é Os novos horizontes da enfermagem exigem do profissional
o ponto de partida e sua transformação, mediante o apoio responsabilidade de elaboração de um cuidado holístico, de-
do saber técnico-científico, pode constituir-se num processo vendo estar motivado para acompanhar os conhecimentos e
educativo sobre o qual se assentará uma organização eficaz para aplicá-los.
da população, para a defesa dos seus interesses.” Uma das principais e mais comuns situações vivenciadas
“O saber técnico, ao se confrontar com o saber popular, por enfermeiros é o cuidado prestado ao cliente submetido
não pode dominá-lo, impor-se a ele. A relação entre estes à internação hospitalar. Embora possa ser o cotidiano de mi-
dois saberes não poderá ser a transmissão unidirecional, lhares de enfermeiros, a experiência da internação hospitalar
vertical, autoritária, mas deverá ser uma relação de diálogo, cria situações únicas de estresse não só para os clientes, mas
relação horizontal, bidirecional, democrática. Diálogo enten- também para suas famílias. Vários pesquisadores têm docu-
dido não como um simples falar sobre a realidade, mas como mentado a repercussão dos níveis de estresse, ansiedade e
um transformar-se conjunto dos dois saberes, na medida em angústia na evolução e prognóstico de um cliente, bem como
que a própria transformação da realidade é buscada.” no âmbito familiar. Na perspectiva do cliente que necessita de
“O conteúdo educativo deste processo de encontro e internação hospitalar esse processo é permeado pelo medo
confronto não será, portanto, predeterminado pelo pólo do desconhecido, como a utilização de recursos tecnológicos,
técnico. O confronto dar-se-á num processo de produção muitas vezes invasivos, linguagem técnica e rebuscada, pela
em que o conteúdo é o próprio saber popular que se trans- apreensão de estar em um ambiente estranho, e ainda pela
forma com a ajuda do saber técnico, enquanto instrumento preocupação com sua integridade física, em decorrência do
do próprio processo.” processo patológico, motivo de sua internação hospitalar.

72
CONHECIMENTOS DO SUS

Assim, ao considerarmos o enfermeiro o profissional Skilbeck & Payne conduziram uma revisão de literatu-
que permanece mais tempo ao lado do cliente, este deve ra objetivando compreender a definição de cuidado emo-
ser o facilitador na promoção do bem-estar bio-psico-só- cional e como enfermeiros e clientes podem interagir para
cio-espiritual e emocional do cliente, conduzindo-o às me- produzir relacionamentos de suporte emocional. As auto-
lhores formas de enfrentamento do processo de hospitali- ras relatam a ausência de uma definição clara do que venha
zação. Consideramos relevante realizar uma reflexão sobre a ser o cuidado emocional existindo variações na literatura
as interfaces do cuidado emocional ao cliente hospitaliza- quanto ao uso dessa terminologia ao referir-se como “cui-
do de forma a contribuir para a melhoria da qualidade da dado emocional e apoio”, “cuidado psicológico” e “cuidado
assistência de enfermagem, sob o prisma do processo de psicossocial”. Ao realizarem uma análise mais detalhada as
comunicação. autoras perceberam ainda que o cuidado emocional pode
ter vários significados quando visto sob o prisma de dife-
A comunicação e o cuidado emocional rente marcos teórico e contextos sociais, e, portanto a au-
sência de uma definição e significados próprios repercute
O termo comunicar provém do latim communicare que na prática assistencial do enfermeiro.
significa colocar em comum. A partir da etimologia da pa- Contudo, para a condução de nossa reflexão assumi-
lavra entendemos que comunicação é o intercâmbio com- mos que o cuidado emocional é a habilidade de perceber
preensivo de significação por meio de símbolos, havendo o imperceptível, exigindo alto nível de sensibilidade para as
reciprocidade na interpretação da mensagem verbal ou manifestações verbais e não verbais do cliente que possam
não verbal. Freire afirma que “o mundo social e humano, indicar ao enfermeiro suas necessidades individuais.
não existiria como tal, se não fosse um mundo de comuni- Portanto, consideramos que a promoção de um cuida-
cabilidade, fora do qual é impossível dar-se o conhecimen- do holístico que envolva as necessidades bio-psico-sócio-
to humano. A intersubjetividade ou a intercomunicação é a -espiritual e emocional perpassa por um processo comuni-
característica primordial deste mundo cultural e histórico”. cativo eficaz entre enfermeiro-cliente. Todavia entendemos
Partimos da premissa de que a comunicação é um dos que o processo de comunicação se constrói de diferentes
mais importantes aspectos do cuidado de enfermagem formas, e que para haver comunicação a expressão verbal
que vislumbra uma melhor assistência ao cliente e à sua (através do uso das palavras) ou não verbal (a postura, as
família que estão vivenciando ansiedade e estresse decor- expressões faciais, gestos, aparência e contato corporal) de
rentes do processo de hospitalização, especialmente em um dos sujeitos, tem que ser percebida dentro do universo
caso de longos períodos de internação ou quando se trata de significação comum ao outro.
de quadros de doença terminal. Portanto, a comunicação é Caso isso não aconteça, não haverá a compreensão de
algo essencial para se estabelecer uma relação entre pro- sinais entre os sujeitos, inviabilizando o processo comuni-
fissional, cliente e família. Algumas teorias afirmam que o cativo e consequentemente comprometendo o cuidado.
processo comunicativo é a forma de estabelecer uma rela- Waldow deixa claro que o cuidar se inicia de duas formas:
ção de ajuda ao indivíduo e à família. como um modo de sobreviver e como uma expansão de
Tratando-se do relacionamento enfermeiro-cliente, o interesse e carinho. Assim, o primeiro faz-se notar em todas
processo de comunicação precisa ser eficiente para viabili- as espécies animais e sexos, e o segundo ocorre exclusiva-
zar uma assistência humanística e personalizada de acordo mente entre os humanos, considerando sua capacidade de
com suas necessidades. Portanto, o processo de interação usar a linguagem, entre outras formas, para se comunicar
com o cliente se caracteriza não só por uma relação de com os outros.
poder em que este é submetido aos cuidados do enfermei- Para aperfeiçoar uma assistência mais holística a equi-
ro, mas, também por atitudes de sensibilidade, aceitação e pe de enfermagem pode estabelecer estratégias de cuida-
empatia entre ambos. dos para atingir seus objetivos. Contudo, ratificamos uma
O objeto de trabalho da enfermagem é o cuidado. vez mais que a comunicação é o elemento chave para a
Cuidado esse que deve ser prestado de forma humana e construção de qualquer estratégia que almeje o cuidado
holística, e sob a luz de uma abordagem integrada, não po- emocional. Alguns autores têm identificado que proble-
deríamos excluir o cuidado emocional aos nossos clientes, mas de comunicação ou comunicação insatisfatória entre
quando vislumbramos uma assistência de qualidade. Ao enfermeiro e cliente, especialmente quando relacionados
cuidarmos de alguém, utilizamos todos os nossos sentidos a clientes terminais, devido ao medo da morte, ansiedade
para desenvolvermos uma visão global do processo obser- do enfermeiro sobre a habilidade do cliente de enfrentar a
vando sistematicamente o ambiente e os clientes com o doença, falta de tempo, falta de treinamento de como inte-
intuito de promover a melhor e mais segura assistência. No ragir com estes clientes, e ansiedade sobre as consequên-
entanto, ao nos depararmos com as rotinas e procedimen- cias negativas para os clientes têm repercutido no estabe-
tos técnicos deixamos de perceber importantes necessida- lecimento de uma melhor interação enfermeiro-cliente.
des dos clientes (sentimentos, anseios, dúvidas) e prestar Portanto, se faz relevante que o enfermeiro possa sub-
um cuidado mais abrangente e personalizado que inclua o meter-se a treinamentos relacionados à habilidade de co-
cuidado emocional. municação.

73
CONHECIMENTOS DO SUS

Heaven & Maguire realizaram uma sondagem pré- A partir dessas evidências ratificamos a importância
-teste, concederam treinamento sobre habilidades comu- do cuidado emocional para a recuperação e sobrevida do
nicativas aos enfermeiros e realizaram um pós-teste. Ao cliente hospitalizado, todavia, não devemos nos esquecer
final do estudo os autores identificaram que a habilidade em momento algum o cuidado técnico-científico. Na reali-
de comunicação do enfermeiro melhorou de forma signi- dade, essas diferentes dimensões do cuidado devem cami-
ficativa após o treinamento. Wilkinson et al e Kruijver et nhar juntas, se complementando harmonicamente.
al encontraram que após um treinamento dessa natureza Para prestarmos o cuidado emocional é necessário ser-
as enfermeiras melhoraram a avaliação dos problemas do mos bons ouvintes, expressando um olhar atencioso, to-
cliente e do conteúdo emocional revelados pelo mesmo. cando e confortando os nossos clientes, e recuperando sua
Além de uma educação continuada relacionada à co- autoestima. Quanto aos efeitos comportamentais do tocar,
municação sugerimos a visita diária de enfermagem como olhar e do ouvir, estes apresentam contribuição essencial
um importante artifício para identificar o nível de neces- à segurança, proteção e autoestima de uma pessoa. Se-
gundo Montagu, o tocar desenvolve ostensivas vantagens
sidade de segurança, amor, autoestima, espiritualidade e
em termos de saúde física e mental. Tocar alguém com a
biofisiológico do cliente. É a partir da visita de enferma-
intenção de que essa pessoa se sinta melhor, por si só já é
gem que o enfermeiro estabelece um processo de comu-
terapêutico, portanto o ato de tocar alguém é confortável
nicação com o cliente possibilitando o esclarecimento de
e faz parte do cuidado emocional.
dúvidas quanto à evolução e prognóstico do cliente, aos Consideramos que o cuidado emocional ao cliente
procedimentos a serem realizados, normas e rotinas da hospitalizado se faz de suma importância para a melhoria
instituição ou unidade de internação e estrutura física hos- da qualidade de vida, não só do cliente, mas de sua família.
pitalar, desempenhando um importante papel na redução Enfatizamos a importância da visita de enfermagem com
dos quadros de tensão e ansiedade que repercutem no uma abordagem sistematizada visando um atendimento
quadro clínico do cliente. holístico como uma oportunidade de promover o cuidado
Do contrário uma inviabilização do processo comuni- emocional. Essa sistematização do cuidado deve estar re-
cativo na relação profissional-cliente, pode desencadear gistrada, de forma a proporcionar uma comunicação efeti-
situações de estresse. Santos refere que os diálogos ocor- va entre os membros da equipe de saúde e a avaliação da
ridos junto à cama do cliente, repletos de termos técnicos, eficácia do cuidado prestado ao cliente, contribuindo para
geralmente inacessíveis, são interpretados pelo cliente um melhor nível assistencial.
conforme seu conhecimento, e o impacto emocional da Devemos enxergar o cliente hospitalizado como um
postura silenciosa de enfermeiros e médicos, podem agra- ser complexo que possui necessidades no âmbito bio-psi-
var ainda mais o estado de ansiedade e tensão. Portanto, co-sócio-espiritual e emocional o qual se encontra fra-
atitudes como estas devem ser evitadas durante toda a gilizado pela doença. Porém, essa pessoa ainda mantém
internação, na tentativa de minimizar seu impacto na qua- a sua individualidade, e na maioria das vezes é capaz de
lidade assistencial do cliente no momento em que este se decidir e/ou opinar sobre o cuidado a ser prestado. E os
encontra mais fragilizado. enfermeiros devem estar sensibilizados para perceber essa
Destarte para uma melhor qualidade dos serviços de individualidade e as necessidades de cada um, facilitando
saúde é vital conhecer não só a visão do cliente, mas tam- assim seu processo de recuperação, diminuindo o tempo
bém da família de forma a estarmos sensíveis para ofere- da internação e consequentemente os índices de infecção
cer um cuidado que atenda às expectativas do cliente e da hospitalar.
família diminuindo a repercussão do estresse e ansiedade Nessa perspectiva esperamos que esta reflexão seja
no processo de hospitalização. mais um passo para a realização de muitas outras, além
de estudos mais detalhados que contemplem o cuidado
Segundo Wright & Leahey “a enfermagem tem um
emocional em enfermagem aos diferentes tipos de clien-
compromisso e obrigação de incluir as famílias nos cuida-
tes, contribuindo assim para a melhoria da qualidade da
dos de saúde. A evidência teórica, prática e investigacional
assistência de enfermagem.
do significado que a família dá para o bem-estar e a saúde
de seus membros bem como a influência sobre a doença, A Educação em Saúde: Planejando nossa Ação
obriga os enfermeiros a considerar o cuidado centrado na
família como parte integrante da prática de enfermagem”. Objetivos
A promoção do cuidado emocional tem alcançado
resultados positivos na sobrevida do cliente. McCorkle et - Discutir e analisar o conceito de planejamento, com
al realizaram um estudo correlacionando os sintomas de ênfase no planejamento participativo.
estresse e as intervenções de cuidado do emocional. Os - Identificar a relação existente entre o processo educa-
autores encontraram uma relação estatisticamente sig- tivo, a participação e o planejamento participativo.
nificante entre os sintomas e as intervenções revelando - Identificar as principais etapas do planejamento.
que os clientes que morreram mais precocemente foram - Identificar as fases do diagnóstico para a operaciona-
aqueles que receberam menos intervenções de cuidado lização das ações educativas.
emocional. - Refletir e decidir qual o papel da equipe e de cada
profissional no desempenho de sua função educativa.

74
CONHECIMENTOS DO SUS

Planejamento Neste processo, as respostas aos problemas não são


preparadas e decididas pelos técnicos, mas são buscadas,
Fazer planos é uma atividade conhecida do homem a partir da análise e reflexão, entre técnicos e população
desde que ele se descobriu com capacidade de pensar an- sobre a realidade concreta, seus problemas, suas necessi-
tes de agir. Mas foi com o desenvolvimento comercial e dades e interesses na área da saúde. Esta ação conjunta
industrial, ocorrido com o capitalismo, que surgiu a preo- pressupõe um processo dialógico, bidirecional e democrá-
cupação de planejar as ações antes que elas ocorressem. tico, que favorecerá não só a transformação da realidade,
Hoje, em todos os setores da atividade humana, fala-se mas também dos próprios técnicos e da população.
muito em planejamento, com maior ênfase na área gover-
namental. Atualmente ele é uma necessidade em todas as Etapas do Planejamento
áreas de atuação. Quanto maior a complexidade dos pro-
blemas, maior é a necessidade de planejar as ações para O planejamento, sendo um processo ordenado, pres-
supõe certos passos, momentos ou etapas básicas, esta-
garantir melhores resultados.
belecidos em uma ordem lógica. Para o planejamento do
Planejar, definindo de forma simples e comum, é não
componente educativo das ações de saúde, regra geral,
improvisar. É compatibilizar um conjunto diversificado de
seguem-se as seguintes etapas:
ações, de maneira que sua operacionalização possibilite o
- Diagnóstico, compreendendo a coleta de dados, a
alcance de um objetivo comum. É o processo de decidir o discussão, a análise e interpretação dos dados, e o estabe-
que fazer. É a escolha organizada dos melhores meios e lecimento de prioridades.
maneiras de se alcançar os objetivos propostos. Planejar - Plano de Ação, incluindo a determinação de objeti-
é preparar e organizar bem uma ação, decidir o que fazer vos, população-alvo, metodologia, recursos e cronograma
e acompanhar a sua execução, reformular as decisões to- de atividades.
madas, redirecionar a sua execução, se necessário, e avaliar - Execução, implicando na operacionalização do plano
os resultados ao seu término. Acompanhar a execução das de ação.
ações é importante para verificar se os objetivos pretendi- - Avaliação, incluindo a verificação de que os objetivos
dos estão sendo alcançados ou não. propostos foram ou não alcançados.
O processo de planejamento contempla pelo menos
três momentos em permanente interação: preparação, Um dos princípios do planejamento participativo é a fle-
acompanhamento e revisão crítica dos resultados, buscan- xibilidade, que permite a reformulação das ações planejadas
do-se sempre caminhos que facilitem a realização do que durante sua execução. A avaliação, nesta perspectiva, deve
foi previsto. Se em todos os setores da atividade humana o iniciar-se na etapa de diagnóstico e acompanhar todas as fa-
planejamento se reveste da maior importância para prever ses do planejamento. A avaliação realizada após a execução,
melhor as ações e seus efeitos, a área da Educação em Saú- além de identificar os resultados alcançados, também for-
de não pode fugir a esta premissa. nece subsídios para a reprogramação das ações, bem como
indica a necessidade de novas ações de diagnóstico.
A Educação para a participação e o Planejamento
Participativo O que entendemos por diagnóstico

Existem várias formas de fazer planejamento. “Quan- É uma leitura da realidade, que se aproxima o mais pos-
do apenas as equipes de saúde pensam e decidem o que sível da “verdadeira realidade”, permitindo a compreensão
deve ser feito, isto é um planejamento centralizado. Ele é e a sistematização dos problemas e necessidades de saú-
de de uma população, bem como o conhecimento de suas
mais rápido e permite o controle pelo gestor de saúde, e
características socioeconômicas e culturais. Deve permitir
atende às necessidades de natureza epidemiológica, mas,
também o conhecimento das causas (variáveis) e conse-
frequentemente não reflete as necessidades mais sentidas
quências de seus agravos de saúde, e como estes influen-
da população, e nem sempre permite a participação social
ciam e são influenciados por fatores econômicos, políticos
no controle e fiscalização das ações.” e de organização dos serviços de saúde e da sociedade.
Outra forma é a do planejamento participativo, onde a Ao pensar em uma ação educativa problematizadora,
população, junto com a equipe de saúde, discute seus pro- participativa e dialógica, com o propósito de intervenção
blemas e encontra as soluções para as suas reais necessida- para mudanças, pressupõe-se o desencadeamento de
des. Esta forma de planejar aproxima-se mais da proposta ações para o diagnóstico da situação.
da educação para a participação nas ações de saúde. “Como agir sobre uma realidade, para transformá-la,
Uma ação educativa problematizadora e participativa, sem conhecê-la? E como conhecê-la sem estudá-la? A ação
numa perspectiva mudança, pressupõe que a população participativa, portanto, se inicia e se fundamenta na inves-
compartilhe de forma real de todos os passos da ação: tigação da realidade feita pelos sujeitos dessa realidade. É,
planejamento, execução e avaliação. A população deverá pois, uma atividade coletiva, feita não pelos técnicos sobre
participar “tomando parte” nas decisões, assumindo as res- a população, mas pelos técnicos e a população sobre a rea-
ponsabilidades que lhe cabem, compreendendo as ações lidade compartilhada.”
de caráter técnicas realizadas ou indicadas.

75
CONHECIMENTOS DO SUS

O diagnóstico é o momento da identificação dos pro- Esses fatores direcionam para um diagnóstico descriti-
blemas, suas causas e consequências, e principais caracte- vo/analítico e/ou participativo. Quando definimos qual será
rísticas. É o momento em que também se buscam explica- nossa prática a partir de um modelo de pensamento uni
ções para os problemas identificados. casual, além de podermos incorrer no equívoco de colocar
em execução um plano de ação baseado em prioridades e
Fases do Diagnóstico objetivos que dificilmente terão como produto final a reso-
lução do problema, ainda corremos o risco de dirigir recur-
Coleta de Dados: A coleta de dados deve propiciar a sos, profissionais e ações para áreas que extrapolam o nosso
leitura da realidade concreta, a sua compreensão, a iden- poder de decisão.
tificação dos problemas e necessidades de saúde de de- Essa forma de diagnóstico pode também levar o pro-
terminados grupos e/ou população. Deve também obter fissional de saúde a uma falsa percepção de suas possibi-
dados para o conhecimento de suas características socioe- lidades de ação. Pode também, ingenuamente, achar que
somente com ações educativas irá resolver os problemas
conômicas, culturais e epidemiológicas, entre outras. Dire-
relacionados à saúde coletiva.
ta ou indiretamente, fornece subsídios sobre as principais
Uma nova forma de interpretação e análise dos dados:
causas dos agravos de saúde e sua inter-relação com os
“Neste modelo, o pressuposto é de um conjunto de variá-
fatores relacionados à organização de serviços de saúde
veis, que se relacionam e determinam entre si, produzindo
e outros, mostrando, também, como todos os envolvi- um efeito. Há variáveis que têm um peso maior na produção
dos agem e reagem frente aos problemas identificados. do efeito, assim como há outras que atuam mais ou menos
As fontes de dados podem ser boletins epidemiológicos, diretamente sobre ele.” Procura saber “o quê influi em quê”,
relatórios, planilhas, fichas, prontuários, artigos científicos, e descobre que as prioridades para a solução do problema
livros de atas, e outros à disposição. Neste caso, podemos envolvem ações educativas, de reorganização do Posto de
utilizá-los selecionando os dados que sejam úteis para o Saúde, de treinamento dos profissionais de saúde, além da
diagnóstico pretendido. A este tipo de dados damos o dificuldade econômica da família, das condições de trabalho,
nome de “secundários”. da falta de creche, pré-escola e outras. Este modelo ou for-
Os dados chamados “primários” são aqueles que ne- ma de análise e interpretação dos dados coletados define:
cessitam ser coletados, no momento do diagnóstico, junto Múltiplas causas - de diferentes naturezas, mas com pesos
ao grupo ou população. Podem ser recolhidos por meio iguais, e um efeito - ida ao Pronto-Socorro. É a interpretação
de diferentes instrumentos e/ou técnicas (questionário, “Multicausal”.
formulário, ficha de observação, entrevista, observação A partir dessa análise e interpretação, a equipe e de-
participante, dramatização e outros). A sua adequação de- mais envolvidos podem estabelecer prioridades, no seu nível
verá ser constantemente avaliada, permitindo que os da- de resolutividade, para atenuar o problema da família e de
dos colhidos se aproximem o mais possível da realidade outras com problemas semelhantes e, assim, contribuir para
concreta. uma melhoria nas condições de saúde. Neste caso, o grupo
É comum, num diagnóstico, utilizarmos dados primá- responsável pela intervenção consegue identificar o ponto-
rios e secundários para o conhecimento mais global da -chave do problema, encontrar estratégias de ação que via-
problemática da saúde/doença de uma determinada po- bilizam intervenções sucessivas e complementares, ao mes-
pulação-alvo. Existem formas diferentes de se colher da- mo tempo em que permite um trabalho interinstitucional,
dos para o diagnóstico de uma situação. com a participação dos profissionais de saúde, usuários e
grupos interessados. Neste caso, pode haver confronto, con-
Discussão, Análise e Interpretação dos Dados: Vá- flito, pessimismo, otimismo, consenso, mas não imobilismo.
As ações educativas previstas são partes do processo de
rios fatores influenciam a definição da forma de coletar
Ação - Análise - Reflexão - Decisão - Ação. Esta forma de
dados, assim como os instrumentos e técnicas a serem uti-
interpretação define: múltiplas causas - de diferentes natu-
lizados. Esta definição também influi na análise e interpre-
rezas e com diferentes pesos, e vários efeitos - interdepen-
tação de dados ou fatos, nas relações de causa-e-efeito,
dentes.
assim como nas propostas de intervenção.
Entre outros, temos: Estabelecimento de Prioridades: É a última fase do
- a postura e visão daqueles que são os responsáveis diagnóstico. Neste momento, equipe de saúde, grupos e
pelo desencadeamento das ações de diagnóstico de uma população interessada definem, entre os problemas identi-
dada situação problema; ficados, aqueles que são passíveis de intervenção, no nível
- o tipo de dados a serem coletados; da organização de serviços, de socialização do conhecimen-
- a situação-problema ser ou não emergencial; to científico atual, da participação da população, em nível
- a postura e visão da população a ser envolvida; individual e/ou coletivo, que contribuirão para a melhoria
- o compromisso com a participação real. da saúde da comunidade. A partir dessa decisão, o próximo
passo é a elaboração do Plano de Ação, detalhando as ati-
vidades que deverão ser desenvolvidas, definindo: objetivos,
população-alvo, recursos humanos, materiais e financeiros
necessários, estratégias de execução e critérios de avaliação.

76
CONHECIMENTOS DO SUS

EXERCÍCIO R: E. O Estatuto Social da EBSERH prevê: “Art. 12. O


órgão de orientação superior da EBSERH é o Conselho de
1. (INSTITUTO AOCP/2017 - EBSERH - Analista Admi- Administração, composto por nove membros, nomeados
nistrativo - Administração - HUJB – UFCG) De acordo com o pelo Ministro de Estado da Educação, obedecendo a se-
Regimento Interno da EBSERH, estabelecer estratégias com o guinte composição: [...]”.
objetivo de avaliar a legalidade e acompanhar os resultados
da gestão orçamentária, financeira, patrimonial e de recursos 4. (INSTITUTO AOCP/2017 - EBSERH - Assistente Admi-
humanos da Sede e filiais compete nistrativo - Administração - HUJB – UFCG) De acordo com o
a) ao Conselho de Gestão Orçamentária. estabelecido na Lei 12.550/2011, compete à EBSERH
b) ao Conselho Fiscal. a) prestar serviços de apoio à geração do conhecimen-
c) à Direção Executiva. to em pesquisas avançadas, clínicas e aplicadas, somente
d) ao Conselho Consultivo. nos hospitais universitários federais.
b) prestar serviços de apoio à geração do conhecimen-
e) à Auditoria Interna.
to em pesquisas básicas, clínicas e aplicadas, somente nos
hospitais universitários estaduais.
R: E. Assim prevê o Regimento: “Art. 19. Compete à Au-
c) prestar serviços de apoio ao processo de gestão dos
ditoria Interna: I - estabelecer estratégias com o objetivo de
hospitais universitários e estaduais, com implementação
avaliar a legalidade e acompanhar os resultados a gestão or- de sistema de gestão múltiplo com geração de indicado-
çamentária, financeira, patrimonial e de recursos humanos da res quantitativos e qualitativos para o estabelecimento de
Sede e filiais”. metas.
d) prestar serviços de apoio ao processo de gestão or-
2. (INSTITUTO AOCP/2017 - EBSERH - Analista Adminis- çamentária dos hospitais universitários federais e particula-
trativo - Administração - HUJB – UFCG) Em relação à persona- res conveniados, com implementação de sistema de gestão
lidade jurídica, à vinculação e ao prazo de duração da EBSERH, único para o cumprimento de metas pré-estabelecidas.
assinale a alternativa correta de acordo com o que estabelece e) administrar unidades hospitalares, bem como pres-
a Lei 12.550/2011. tar serviços de assistência médico-hospitalar, ambulatorial
a) Tem personalidade jurídica de direito privado, é vincula- e de apoio diagnóstico e terapêutico à comunidade, no
da ao Ministério da Saúde e tem prazo de duração de 20 anos. âmbito do SUS.
b) Tem personalidade jurídica de direito público, é vincu-
lada ao Ministério da Educação e tem prazo de duração inde- R: E. A Lei nº 12.550/2011 prevê: “Art. 4º Compete à
terminado. EBSERH: I - administrar unidades hospitalares, bem como
c) Tem personalidade jurídica de direito privado, é vincu- prestar serviços de assistência médico-hospitalar, ambula-
lada ao Ministério da Educação e tem prazo de duração inde- torial e de apoio diagnóstico e terapêutico à comunidade,
terminado. no âmbito do SUS; [...]”.
d) Tem personalidade jurídica de direito público, é vincula-
da ao Ministério da Saúde e tem prazo de duração de 20 anos. 5. (INSTITUTO AOCP/2017 - EBSERH - Assistente Admi-
e) Tem personalidade jurídica de direito privado, é vincu- nistrativo - Administração - HUJB – UFCG) De acordo com o
lada ao Ministério da Saúde e tem prazo de duração indeter- que estabelece o Decreto 7.661/2011, assinale a alternativa
minado. correta.
a) A EBSERH tem sede e foro em Brasília, Distrito Fede-
ral, e atuação em todo o território nacional, podendo criar
R: C. Preconiza a lei que criou a EBSERH: “Art. 1º Fica o
subsidiárias, sucursais, filiais ou escritórios e representa-
Poder Executivo autorizado a criar empresa pública unipessoal,
ções no país.
na forma definida no inciso II do art. 5o do Decreto-Lei no 200,
b) A EBSERH sujeitar-se-á ao regime jurídico dos entes
de 25 de fevereiro de 1967, e no art. 5o do Decreto-Lei no 900,
públicos, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis,
de 29 de setembro de 1969, denominada Empresa Brasileira comerciais, trabalhistas e tributários.
de Serviços Hospitalares - EBSERH, com personalidade jurídica c) A EBSERH tem sede e foro em Brasília, Distrito Fe-
de direito privado e patrimônio próprio, vinculada ao Ministé- deral, e atuação em todo o território nacional, vedada a
rio da Educação, com prazo de duração indeterminado”. criação de subsidiárias, sucursais, filiais ou escritórios e re-
presentações no país.
3. (INSTITUTO AOCP/2017 - EBSERH - Analista Adminis- d) A EBSERH sujeitar-se-á ao regime jurídico próprio
trativo - Administração - HUJB – UFCG) De acordo com o que das empresas privadas, exceto quanto aos direitos e obri-
estabelece o Decreto 7.661/2011, o órgão de orientação supe- gações trabalhistas e tributárias.
rior da EBSERH, composto por nove membros, nomeados pelo e) A EBSERH tem sede e foro em Brasília, Distrito Fe-
Ministro de Estado da Educação, é deral, sendo sujeita à supervisão do Ministério da Saúde.
a) a Diretoria Executiva.
b) o Conselho Fiscal. R: A. A Lei nº 12.550/2011 prevê: “Art. 2º A EBSERH tem
c) Auditoria Interna. sede e foro em Brasília, Distrito Federal, e atuação em todo
d) a Presidência. o território nacional, podendo criar subsidiárias, sucursais,
e) o Conselho de Administração. filiais ou escritórios e representações no país”.

77
CONHECIMENTOS DO SUS

6. (UEM/2017 - UEM - Técnico Administrativo) Assinale a


alternativa incorreta. ANOTAÇÕES
a) O atendimento pré-natal será realizado por profissionais
da atenção primária.
b) Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegu- ___________________________________________________
rarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos, alta hospi-
talar responsável e contrarreferência na atenção primária, bem ___________________________________________________
como o acesso a outros serviços e a grupos de apoio à ama-
mentação. ___________________________________________________
c) Incumbe ao poder público proporcionar assistência psi-
___________________________________________________
cológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclu-
sive como forma de prevenir ou minorar as consequências do ___________________________________________________
estado puerperal.
d) O direito a acompanhante durante o trabalho de parto e ___________________________________________________
do pós-parto é garantia exclusiva das gestantes atendidas pelo
sistema de saúde suplementar. ___________________________________________________
e) A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante
___________________________________________________
que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem
como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. ___________________________________________________
R: D. Preconiza a Lei nº 8.080: “Art. 19-J. Os serviços de saúde ___________________________________________________
do Sistema Único de Saúde - SUS, da rede própria ou convenia-
da, ficam obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, ___________________________________________________
de 1 (um) acompanhante durante todo o período de trabalho
de parto, parto e pós-parto imediato”. ___________________________________________________

___________________________________________________
7. (FUNDATEC/2017 - FHGV - Assistente Administrativo) Em
cumprimento às determinações da Lei nº 8.080/1990, inclui-se ___________________________________________________
ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde a exe-
cução de ações de: ___________________________________________________
I. Vigilância sanitária.
II. Assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica. ___________________________________________________
III. Conscientização contra violência contra crianças, adoles- ___________________________________________________
centes e idosos.
Quais estão corretas? ___________________________________________________
a) Apenas I.
b) Apenas II. ___________________________________________________
c) Apenas III.
d) Apenas I e II. ___________________________________________________
e) I, II e III. ___________________________________________________
R: D. Prevê a Lei nº 8.080/90: “Art. 6º Estão incluídas ainda ___________________________________________________
no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS): I - a
execução de ações: a) de vigilância sanitária; [...] d) de assistência ___________________________________________________
terapêutica integral, inclusive farmacêutica; [...]”.
___________________________________________________
7. (FUNRIO/2017 - SESAU-RO - Técnico em Enfermagem) “A ___________________________________________________
saúde é um direito ___ do ser humano, devendo o Estado prover
as condições ___ ao seu pleno exercício.” (Art. 2º, Lei 8080/90) ___________________________________________________
As lacunas ficam corretamente preenchidas respectiva-
mente por: ___________________________________________________
a) fundamental / dispensáveis.
b) fundamental / indispensáveis. ___________________________________________________
c) irrelevante / dispensáveis.
___________________________________________________
d) relevante / possíveis.
e) irrelevante / indispensáveis. ___________________________________________________

R: B. Dispõe a Lei nº 8.080/90 em seu artigo 2º: “A saúde é ___________________________________________________


um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado pro-
ver as condições indispensáveis ao seu pleno exercício”. ___________________________________________________

78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
Atividades específicas teóricas inerentes ao cargo; ................................................................................................................................... 01
Boas Maneiras; Comportamento no ambiente de trabalho; .................................................................................................................. 01
Organização do local de trabalho; .................................................................................................................................................................... 01
Noções básicas de preparação de alimentos; Coleta e armazenamento e tipos de recipientes;.............................................. 02
Materiais utilizados na limpeza em geral; ..................................................................................................................................................... 13
Trabalho de Cozinha: preparo de café, lanches e refeições em geral; ................................................................................................ 14
Guarda e conservação de alimentos e medicamentos; ............................................................................................................................ 15
Controle de Estoque de Material de Limpeza, de cozinha e de medicamentos; Higiene Pessoal, ambiental e de materiais
de consumo; .............................................................................................................................................................................................................. 25
Noções básicas de cuidados com a pessoa humana. ............................................................................................................................... 29
Relações de afetividade da família. .................................................................................................................................................................. 33
Higiene da criança. ................................................................................................................................................................................................. 34
Cuidados essenciais. Prevenção de acidentes. ............................................................................................................................................. 35
Cuidar e Educar. ....................................................................................................................................................................................................... 36
Higiene.......................................................................................................................................................................................................................... 38
Prevenção.................................................................................................................................................................................................................... 38
Rotina. .......................................................................................................................................................................................................................... 38
Alimentos: importância dos alimentos para saúde, contaminação (microorganismos, doenças e intoxicações), rotulagem
de produtos nutrientes, medidas caseiras)..................................................................................................................................................... 38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
As relações entre indivíduo e organização podem ser
ATIVIDADES ESPECÍFICAS TEÓRICAS compreendidas como uma troca.
INERENTES AO CARGO; Os objetivos individuais e organizacionais são
particulares e decorrentes de tal relação.
Existe, nesse caso, uma relação de troca, e a gestão de
pessoas é parte fundamental nesta troca. São as políticas
Orientar e estimular as rotinas das atividades diárias de gestão de pessoas que irão garantir que, para ambas as
da residência terapêutica; Orientar cuidados com higiene partes, as relações sejam satisfatórias.
pessoal como: banho, alimentação e necessidades
fisiológicas; Acompanhar as(os) residentes em atividades Entre os Níveis de Estudos dos Comportamentos
sociais e culturais planejando e fazendo passeios; Manter Organizacionais, destacamos:
o lazer e a recreação no dia a dia; Educar as(os) residentes
sobre deveres e direitos na casa; Promover momentos Nível Individual – Estuda as expectativas, motivações,
de acolhimento e escuta; Estimular a independência e as habilidades e competências que cada colaborador
autonomia dos residentes; Estimular as(os) residentes na demonstra individualmente através de seu trabalho.
participação e elaboração do cardápio; Realizar outras Nível Grupal – Estuda a formação das equipes, grupos,
atividades afins. as funções desempenhadas por estes, a comunicação e
interação uns com os outros, além da influência e o poder
do líder neste contexto.

BOAS MANEIRAS; COMPORTAMENTO NO


AMBIENTE DE TRABALHO; ORGANIZAÇÃO DO LOCAL DE TRABALHO;

Comportamento Organizacional “é um campo de A divisão do trabalho é a definição das tarefas que


estudo que investiga o impacto que indivíduos, grupos cada indivíduos deve fazer para cumprir as atribuições de
e a estrutura têm sobre o comportamento dentro das seu cargo. Ela corresponde à soma dos atributos de cada
organizações com o propósito de aplicar este conhecimento um na organização. A consequência da Divisão do Trabalho
em prol do aprimoramento da eficácia de uma organização.” é a especialização do operário, onde cada um deve fazer
Visa trazer maior entendimento sobre as lacunas as suas tarefas de maneira mais eficiente e eficaz possível.
empresariais para o desenvolvimento contínuo e assertivo A divisão corresponde ao que fazer enquanto a
de soluções, afim de: reter talentos, evitar o turnover e especialização determina como fazer, partindo-se do
promover engajamento e harmonia entre os stakeholders. pressuposto de fazer cada vez melhor, independente de ser
Entender o comportamento organizacional é no sentido qualitativo quanto qualitativo. A questão é que
fundamental na dinâmica de manutenção e melhoria da a divisão do trabalho e a consequente especialização do
gestão de pessoas, pois baliza o trabalho dos líderes e operário acarreta efeitos colaterais sérios às organizações.
confere a estes a possibilidade de prever, e especialmente Não que seja algo negativo nas organizações mas ela não
evitar problemas individuais ou coletivos entre os pode ocasionar uma acomodação dos ocupantes dos
colaboradores. cargos.
Comportamento organizacional refere-se a Imagine uma partida de futebol onde o atacante em
comportamentos relacionados a cargos, trabalho, determinado momento do jogo está na grande área do seu
absenteísmo, rotatividade no emprego, produtividade, time enquanto o time adversãrio cobra um escanteio e esse
desempenho humano e gerenciamento. atacante simplesmente não desvia uma bola adversária em
Também inclui motivação, liderança, poder, direção ao gol e seu time perde a partida por 1 a 0. Após a
comunicação interpessoal, estrutura e processos de grupo, partida, esse atacante respondendo aos questionamentos
aprendizagem, desenvolvimento e percepção de atitude, dos repórteres afirma que a divisão do trabalho que estava
processo de mudanças, conflitos. determinada a ele era fazer gols e ele fazia de várias
As organizações possuem aspectos formais, as maneiras. Certamente esse atacante seria penalizado por
pessoas, porém, são complexas, pouco previsíveis, e seus seu clube de futebol.
comportamentos são influenciados por uma infinidade de Agora, por analogia quantas informações são negadas
variáveis. aos clientes internos e externos da empresa pelo simples
É este o objeto de estudo do comportamento fato de “esse não é meu setor”, ou “encarregado por essa
organizacional: a dinâmica da organização e suas influências informação foi levar a filha mais nova ao médico e só volta
sobre o comportamento humano. amanhã”, e muitas outras maneiras de se fechar e proteger
Daí o processo de reciprocidade: a organização dentro das descrições de cargos. Cabe aos gerentes criarem
espera que as pessoas realizem suas tarefas e oferece-lhes funcionários capazes de, em momentos emergenciais,
incentivos e recompensas, enquanto as pessoas oferecem suprirem a falta de um indivíduo da organização.
suas atividades e trabalho esperando obter certas Fonte: http://www.administradores.com.br/artigos/
satisfações pessoais. negocios/divisao-do-trabalho-e-especializacao/12675/

1
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
- Utilizar somente tábuas plásticas ou de vidro, no
entanto troque-as sempre que estiverem muito riscadas;
NOÇÕES BÁSICAS DE PREPARAÇÃO DE - Limpar sempre a geladeira e/ou freezer (No mínimo,
ALIMENTOS; COLETA E ARMAZENAMENTO E uma vez por semana e o freezer uma vez por mês);
TIPOS DE RECIPIENTES; - Evite manipular muito os alimentos cozidos;
- Não fumar na área destinada a manipulação de
alimentos;
MANIPULAÇÃO, ESTOCAGEM E CONSERVAÇÃO DE - Todo alimento pronto para o consumo deverá ficar
ALIMENTOS protegido de poeira e outros contaminantes com tampa ou
filme plástico transparente.
O que é Manipulação de Alimentos? - Lavar bem os Legumes, Verduras e Frutas;
De acordo, a Resolução-RDC ANVISA nº 216/04 (Dispõe - Não utilizar e comprar produtos com embalagens
sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços amassadas, enferrujadas, rasgadas ou qualquer outro tipo
de Alimentação), as boas práticas são procedimentos que de defeito;
devem ser adotados por serviços de alimentação a fim de - Evitar o uso de pulseiras, anéis, aliança, relógio,
garantir a qualidade higiênico-sanitária e a conformidade colares, brincos e maquiagem;
dos alimentos com a legislação sanitária. - O manipulador deve manter o uniforme sempre limpo,
Além disso, define o termo manipulação de alimentos conservado e somente utilizá-lo no ambiente destinado ao
como todas as operações efetuadas sobre a matéria- preparo dos alimentos;
prima para obtenção e entrega ao consumo do alimento - Armazenar os alimentos a serem transportados
preparado, envolvendo as etapas de preparação, em recipientes bem fechados. No caso, do transporte
embalagem, armazenamento, transporte, distribuição e demorado de alimentos utilizar caixas térmicas adequadas.
exposição à venda. As vantagens das Boas práticas na Manipulação de
De acordo, ao subitem 2.1 da Resolução RDC nº Alimentos
216/ 2004 os alimentos preparados são os alimentos - A correta manipulação dos alimentos traz algumas
manipulados e preparados em serviços de alimentação, vantagens, tais como:
expostos à venda embalados ou não, subdividindo-se em - A eliminação das Doenças Transmitidas por Alimentos
três categorias: – DTA;
a) Alimentos cozidos, mantidos quentes e expostos ao - Aproveitamento do máximo de nutrientes presentes
consumo; no alimento;
b) Alimentos cozidos, mantidos refrigerados, - Garantir as condições higiênico-sanitárias do
congelados ou à temperatura ambiente, que necessitam alimento preparado e a conformidade dos alimentos com
ou não de aquecimento antes do consumo; a legislação sanitária;
c) Alimentos crus, mantidos refrigerados ou à - Satisfação dos clientes;
temperatura ambiente, expostos ao consumo. - Garantia de qualidade dos alimentos;
- Maximização dos lucros;
Boas práticas de Manipulação de Alimentos - Garantir o bem-estar no ambiente de trabalho.
Primeiramente, é importante salientar que para a Fonte: http://blog.inbep.com.br/boas-praticas-na-
implantação das boas práticas é necessário algumas manipulacao-de-alimentos/
adaptações e a manutenção das instalações.
Por exemplo: Garantir qualidade da água e o controle A Diretora Técnica do Centro de Vigilância Sanitária da
de pragas; Garantir a limpeza e a higiene do local de Secretaria de Estado da Saúde, considerando:
trabalho; Não ter banheiros e vestiários unidos às áreas de - A Lei 10083 de 23 de Setembro de 1998;
preparo e de armazenamento dos alimentos; Estabelecer - A Lei 8080/90 de 19 de setembro de 1990;
cuidados com o lixo, pois atrai insetos, roedores e outros - A Portaria MS-1428 de 26 de novembro de 1993;
animais, etc. - A Portaria MS-326 de 30 de julho de 1997;
Além disso, podemos citar alguns cuidados na - A Resolução SS-38 de 27/02/96 e
manipulação dos alimentos, tais como: - A Portaria CVS - 1 DITEP de 13/01/98, resolve:
- Sempre lavar as mãos antes de preparar os alimentos, Artigo 1º - Aprovar o presente “Regulamento Técnico,
assim como depois de usar o banheiro, atender ao telefone que estabelece os Parâmetros e Critérios para o Controle
e/ou abrir alguma porta; Higiênico-Sanitário em Estabelecimentos de Alimentos”,
- Não secar as mãos no uniforme; constante no Anexo Único.
- Sempre utilizar os cabelos presos e cobertos com Artigo 2º - Para os parâmetros/critérios não previstos
redes ou toucas, assim como não use barba ou bigode; neste Regulamento deve ser obedecida a legislação
- Tomar banho diariamente; vigente ou serem submetidos a parecer do CVS - Centro de
- Evitar o uso de perfume; Vigilância Sanitária.
- Manter as unhas sempre limpas, curtas e sem esmalte; Artigo 3º - Ficam alterados os itens 13 e 14 do Artigo
- Não utilizar tábuas de madeira, pois absorvem 2º da Portaria CVS-15 de 07/11/91, referentes ao transporte
umidade e bactérias. de alimentos quentes, refrigerados e congelados.

2
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
Artigo 4º - Esta Portaria entra em vigor na data de sua 4. CONTROLE DE SAÚDE DOS FUNCIONÁRIOS
publicação. Existem dois tipos de controle de saúde que devem ser
Anexo Único realizados para os funcionários dos estabelecimentos:
Regulamento técnico sobre os parâmetros e critérios 1 - O Ministério do Trabalho através da NR-7 determina
para o controle higiênico-sanitário em estabelecimentos a realização do PCMSO - Programa de Controle Médico
de alimentos de Saúde Ocupacional, cujo objetivo é avaliar e prevenir as
doenças adquiridas no exercício de cada profissão, ou seja,
1. OBJETIVO problemas de saúde consequentes da atividade profissional.
O presente Regulamento estabelece os critérios de
Este controle deve ser realizado por um profissional
higiene e de boas práticas operacionais para alimentos
médico especializado em medicina do trabalho, devendo
produzidos/fabricados/industrializados/manipulados
ser realizado exame médico admissional, periódico,
e prontos para o consumo, para subsidiar as ações da
Vigilância Sanitária e a elaboração dos Manuais de Boas demissional, de retorno ao trabalho e na mudança de
Práticas de Manipulação e Processamento. função.
2 - O controle de saúde clínico exigido pela Vigilância
2. ÂMBITO DE APLICAÇÃO Sanitária, que objetiva a saúde do trabalhador e a sua
O presente regulamento se aplica a todos os condição para estar apto para o trabalho, não podendo ser
estabelecimentos nos quais sejam realizadas algumas portador aparente ou inaparente de doenças infecciosas
das seguintes atividades: produção, industrialização, ou parasitárias.
fracionamento, armazenamento e transporte de alimentos. Para isso devem ser realizados os exames médicos
admissionais, periódicos, dando ênfase aos parâmetros
3. RESPONSABILIDADE TÉCNICA preconizados neste regulamento, acompanhados das
Os estabelecimentos devem ter um responsável técnico análises laboratoriais como: hemograma, coprocultura,
de acordo com a Portaria CVS-1-DITEP de 13/01/98. Este coproparasitológico e VDRL, devendo ser realizadas outras
profissional deve estar regularmente inscrito no órgão análises de acordo com avaliação médica.
fiscalizador de sua profissão. A periodicidade dos exames médico-laboratoriais deve
Para que o Responsável Técnico (RT) possa exercer a ser anual. Dependendo das ocorrências endêmicas de certas
sua função:
doenças, a periodicidade pode ser reduzida de acordo com
• Deve ter autoridade e competência para:
os serviços de Vigilância Sanitária e Epidemiológica locais.
* - capacitação de Pessoal;
Qualquer tipo de controle de saúde do trabalhador
* - elaborar o Manual de Boas Práticas de Manipulação;
* - responsabilizar-se pela aprovação ou rejeição de que contemple o controle de saúde clínico e desde que
matérias-primas, insumos, produtos semielaborados, comprovado com os respectivos laudos, estará de acordo
produtos terminados, procedimentos, métodos ou técnicas, com este Regulamento, não sendo necessária, neste caso,
equipamentos e utensílios, de acordo com o manual a Carteira de Saúde.
elaborado; Deve-se enfatizar que, o que garante a segurança do
* - supervisionar os princípios ou metodologias que produto são os procedimentos adequados pertinentes aos
embasem o manual de boas práticas de manipulação e itens 15 a 26 deste manual.
processamento; Não devem manipular alimentos, os funcionários que
* - recomendar o destino final de produtos. apresentarem feridas, lesões, chagas ou cortes nas mãos e
• Os estabelecimentos que: braços, ou grastrenterites agudas ou crônicas (diarreia ou
a) fabricam, manipulam, embalam, importam: aditivos, disenteria), assim como, os que estiverem acometidos de
complementos nutricionais, alimentos para fins especiais, infecções pulmonares ou faringites.
embalagens; A gerência deve garantir que os funcionários nessas
b) as cozinhas industriais e Unidade de Alimentação e situações, sejam afastados para outras atividades, sem
Nutrição (UAN) Unidade de Nutrição e Dietética (UND );só prejuízo de qualquer natureza.
podem funcionar sob a responsabilidade de um técnico
legalmente habilitado.
5. CONTROLE DA ÁGUA PARA CONSUMO
Para a responsabilidade técnica é considerada a
A água utilizada para o consumo direto ou no preparo
regulamentação profissional de cada categoria.
Para os demais estabelecimentos, a responsabilidade dos alimentos deve ser controlada independente das
pela elaboração, implantação e manutenção das boas rotinas de manipulação dos alimentos.
práticas de produção pode estar a cargo do proprietário É obrigatório a existência de reservatório de água.
do estabelecimento ou de um funcionário capacitado que O reservatório deve estar isento de rachaduras e sempre
trabalhe efetivamente no local e conheça e aplique as tampado, devendo ser limpo e desinfetado nas seguintes
condutas e critérios do presente regulamento e acompanhe situações:
inteiramente o processo de produção. * quando for instalado
Todos os funcionários devem receber treinamento * a cada 6 meses
constante em relação à higiene e técnicas corretas de * na ocorrência de acidentes que possam contaminar a
manipulação. água (animais, sujeira, enchentes).

3
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
A água para consumo deve ser límpida, transparente, 9. ESTRUTURA / EDIFICAÇÃO
insípida e inodora. 9.1. LOCALIZAÇÃO:
As águas de poços, minas e outras fontes alternativas Área livre de focos de insalubridade, ausência de
só devem ser usadas desde que não exista risco de lixo, objetos em desuso, animais, insetos e roedores.
contaminação (fossa, lixo, pocilga) e quando submetidas Acesso direto e independente, não comum a outros usos
a tratamento de desinfecção. Após a desinfecção da água (habitação). As áreas circundantes não devem oferecer
deve ser realizada análise bacteriológica em laboratório condições de proliferação de insetos e roedores.
próprio ou terceirizado. A utilização de sistema alternativo
de abastecimento de água deve ser comunicada à 9.2. PISO:
Autoridade Sanitária. Material liso, resistente, impermeável, lavável, de cores
O gelo para utilização em alimentos deve ser fabricado claras e em bom estado de conservação, antiderrapante,
com água potável, de acordo com os Padrões de Identidade resistente ao ataque de substâncias corrosivas e que seja de
e Qualidade vigentes. fácil higienização (lavagem e desinfecção), não permitindo
O vapor, quando utilizado em contato com produtos o acúmulo de alimentos ou sujidades.
ou superfícies que entram em contato com alimentos, não Deve ter inclinação suficiente em direção aos ralos,
pode representar riscos de contaminação. não permitindo que a água fique estagnada. Em áreas
Para higiene (lavagem e desinfecção) dos reservatórios, que permitam existência, os ralos devem ser sifonados,
devem ser utilizadas metodologias oficiais. e as grelhas devem possuir dispositivos que permitam o
fechamento.
6. CONTROLE DAS MATÉRIAS-PRIMAS E
FORNECEDORES: 9.3. PAREDES
É importante uma avaliação das condições operacionais Acabamento liso, impermeável, lavável, de cores
dos estabelecimentos fornecedores de matérias-primas, claras, isento de fungos (bolores) e em bom estado de
conservação. Se for azulejada deve respeitar a altura
produtos semi elaborados ou produtos prontos, através de
mínima de 2 metros. Deve ter ângulos arredondados no
visita técnica, como subsidio para a qualificação e triagem
contato com o piso e teto.
dos fornecedores. Para controle de matéria prima deve ser
obedecido o item 19.1 - Recebimento.
9.4. FORROS E TETOS:
Acabamento liso, impermeável, lavável, de cores claras
7. CONTROLE INTEGRADO DE PRAGAS
e em bom estado de conservação. Deve ser isento de
Devem ser implantados procedimentos de boas
goteiras, vazamentos, umidade, trincas, rachaduras, bolor e
práticas de modo a prevenir ou minimizar a presença de
descascamento. Se houver necessidade de aberturas para
insetos e roedores.
ventilação, esta deve possuir tela com espaçamento de 2
A aplicação de produtos só deve ser realizada quando mm e removíveis para limpeza. O pé direito no mínimo de
adotadas todas as medidas de prevenção, só podendo ser 3 m no andar térreo e 2,7 m em andares superiores.
utilizados produtos registrados no Ministério da Saúde.
9.5. PORTAS E JANELAS:
8. VISITANTES As portas devem ter superfície lisa, de cores claras,
Todas as pessoas que não fazem parte da equipe de de fácil limpeza, ajustadas aos batentes, de material não
funcionários da área de manipulação ou elaboração de absorvente, com fechamento automático (mola ou similar)
alimentos, são consideradas visitantes, podendo constituir e protetor no rodapé. As entradas principais e os acessos às
focos de contaminação durante o preparo dos alimentos. câmaras devem ter mecanismos de proteção contra insetos
Portanto, são considerados visitantes os supervisores, e roedores.
consultores, fiscais, auditores e todos aqueles que Janelas com telas milimétricas limpas, sem falhas de
necessitem entrar nestas dependências. revestimento e ajustadas aos batentes. As telas devem
Para proceder às suas funções, os visitantes devem ter malha de 2 mm e serem de fácil limpeza e em bom
estar devidamente paramentados com uniforme fornecido estado de conservação. As janelas devem estar protegidas
pela empresa, como: avental, rede ou gorro para proteger de modo a não permitir que os raios solares incidam
os cabelos e se necessário, botas ou protetores para os pés. diretamente sobre os alimentos ou equipamentos mais
Os visitantes não devem tocar nos alimentos, sensíveis ao calor.
equipamentos, utensílios ou qualquer outro material 9.6. ILUMINAÇÃO:
interno do estabelecimento. Não devem comer, fumar, O ambiente deve ter iluminação uniforme, sem
mascar goma (chiclete) durante a visita. ofuscamentos, sem contrastes excessivos, sombras e cantos
Não devem entrar na área de manipulação de escuros. A lâmpadas e luminárias devem estar limpas
alimentos, os visitantes que estiverem com ferimentos protegidas contra explosão e quedas acidentais e em bom
expostos, gripes, ou qualquer outro quadro clínico que estado de conservação, sendo que não deve alterar as
represente risco de contaminação. características sensoriais dos alimentos.

4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
9.7. VENTILAÇÃO: 9.12.ÁREAS PARA PREPARAÇÃO DE ALIMENTOS
Deve garantir o conforto térmico, a renovação do ar 9.12.1. ÁREA PARA ARMAZENAMENTO EM
e que o ambiente fique livre de fungos, gases, fumaça, TEMPERATURA AMBIENTE (ESTOQUE):
gordura e condensação de vapores. Esta área destina-se a armazenamento de alimentos à
A circulação de ar na cozinha, deve ser feita com ar temperatura ambiente. Os alimentos devem ser separados
insuflado e controlado através de filtros ou através de por grupos, sacarias sobre estrados fixos com altura mínima
exaustão com equipamentos devidamente dimensionados. de 25 cm, separados da parede e entre pilhas no mínimo
A direção do fluxo de ar nas áreas de preparo dos alimentos 10 cm e distante do forro 60 cm. Prateleiras com atura de
deve ser direcionado da área limpa para a suja. 25 cm do piso.
Não devem ser utilizados ventiladores nem aparelhos Não deve existir entulho ou material tóxico no estoque,
de ar condicionado nas áreas de manipulação. sendo o material de limpeza armazenado separadamente
O conforto térmico pode ser assegurado por aberturas dos alimentos. Ventilação adequada. Os alimentos
de paredes que permitam a circulação natural do ar, com devem ser proporcionados com utensílios exclusivos e
área equivalente a 1/10 da área do piso. após sua utilização, as embalagens devem ser fechadas
adequadamente.
9.8. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS: Embalagens íntegras com identificação visível (nome
Devem existir banheiros separados para cada sexo, em do produto, nome do fabricante, endereço, número de
bom estado de conservação, constituído de vaso sanitário, registro, prazo de validade, etc). Em caso de transferência de
pia e mictório para cada 20 funcionários, dispostos de bacia produtos de embalagens originais para outras embalagens
com tampa, papel higiênico, lixeira com tampa acionada de armazenamento, transferir também o rótulo do produto
por pedal, mictórios com descarga, pias para lavar as mãos, original ou desenvolver um sistema de etiquetagem (vide
sabonete líquido ou sabão antisséptico, toalha de papel, de item 22) para permitir uma perfeita rastreabilidade dos
cor clara, não reciclado. produtos desde a recepção das mercadorias até o preparo
Nas instalações sanitárias exclusivas para funcionários final. No estoque não devem existir equipamentos que
das empresas produtoras de alimentos fica proibido o propiciem condições que interfiram na qualidade e nas
descarte de papel higiênico em lixeira, devendo ser este condições sensoriais dos alimentos.
diretamente no vaso sanitário.
As instalações sanitárias devem ser bem iluminadas, 9.12.2.ÁREA PARA ARMAZENAMENTO EM
paredes e piso de cores claras, de material liso, resistente e TEMPERATURA CONTROLADA:
impermeável, portas com molas, ventilação adequada com Esta área destina-se ao armazenamento de alimentos
janelas teladas. Não devem se comunicar diretamente com perecíveis ou rapidamente deterioráveis. Os equipamentos
a área de manipulação de alimentos ou refeitórios. de refrigeração e congelamento, devem ser de acordo com
a necessidade e tipos de alimentos a serem produzidos/
9.9. VESTIÁRIO: armazenados.
Separado para cada sexo, devendo possuir armários No caso de possuir apenas uma geladeira ou
individuais e chuveiro para cada 20 funcionários, com câmara, o equipamento deve estar regulado para o
paredes e pisos de cores claras, material liso, resistente e alimento que necessitar de menor temperatura. Se forem
impermeável, portas com molas, ventilação adequada e instaladas câmaras, estas devem apresentar as seguintes
janelas teladas. características:
* antecâmara para proteção térmica;
9.10. LIXO: * revestimento com material lavável e resistente;
Deve estar disposto adequadamente em recipientes * nível do piso igual ao da área externa;
com tampas, constituídos de material de fácil higiene. O * termômetro permitindo a leitura pelo lado externo;
lixo fora da cozinha deve ficar em local fechado, isento de * interruptor de segurança localizado na parte externa
moscas, roedores e outros animais. da câmara, com lâmpada piloto indicadora “ligado -
O lixo não deve sair da cozinha pelo mesmo local onde desligado”;
entram as matérias primas. * prateleiras em aço inox ou outro material apropriado;
Na total impossibilidade de áreas distintas, determinar * porta que permita a manutenção da temperatura
horários diferenciados. interna;
O lixo deve estar devidamente acondicionado, de * dispositivo de segurança que permita abri-la por
modo que não represente riscos de contaminação. dentro, quando utilizar porta hermética.

9.11. ESGOTAMENTO SANITÁRIO: 9.12.3. ÁREA PARA HIGIENE/GUARDA DOS UTENSÍLIOS


Ligado à rede de esgoto, ou quando necessário tratado DE PREPARAÇÃO:
adequadamente para ser eliminado através de rios ou Local separado e isolado da área de processamento,
lagos. contendo água quente e fria, além de espaço suficiente
Não deverá existir dentro das áreas de preparo de para guardar peças de equipamentos e utensílios limpos.
alimentos, caixa de gordura ou de esgoto. O retorno de utensílios sujos não deve oferecer risco de
contaminação aos que estão guardados.

5
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
9.12.4. ÁREA PARA HIGIENE/GUARDA DOS UTENSÍLIOS 9.12.11. SALA DA ADMINISTRAÇÃO:
DE MESA: A área deve estar localizada acima do piso da área total
Esta área deve ser adjacente ao refeitório, comunicando- da cozinha, com visor que facilite a supervisão geral do
se com este através de guichê para recepção do material ambiente e das operações de processamento.
usado.
s utensílios de mesa já higienizados não devem entrar 9.12.12.ÁREA PARA GUARDA DE BOTIJÕES DE GÁS:
em contato com os sujos. De acordo com a ABNT deve existir área exclusiva para
armazenamento de recipientes de GLP e seus acessórios. A
9.12.5. ÁREA PARA RECEPÇÃO DE MERCADORIAS: delimitação desta área deve ser com tela, grades vazadas
Área para recepção das matérias primas, contendo ou outro processo construtivo que evite a passagem de
quando possível, pia para pré-higiene dos vegetais e outros pessoas estranhas à instalação e permita uma constante
produtos. ventilação.
9.12.13. ÁREA PARA HIGIENIZAÇÃO E GUARDA DE
9.12.6. ÁREA PARA PREPARO DE CARNES, AVES E MATERIAL DE LIMPEZA AMBIENTAL:
PESCADOS: Esta área é exclusiva para higienização de material de
Área para manipulação (pré-preparo) de carnes, aves limpeza e deve ter tanque provido de água fria e quente.
e pescados, sem cruzamento de atividades. Deve ter
bancadas, equipamentos e utensílios de acordo com as 9.12.14. ÁREA/LOCAL PARA HIGIENE DAS MÃOS:
preparações. Deve existir lavatórios exclusivos para higiene das
Quando for climatizado deve manter temperatura mãos.
entre 12 e 18 º C. Quando não houver separação de áreas deve existir
pelo menos uma pia para higiene das mãos, em posição
9.12.7. PREPARO DE HORTIFRUTI: estratégica em relação ao fluxo de preparações dos
Área para manipulação com bancadas e cubas de alimentos, torneiras dos lavatórios aciona das sem contato
material liso, resistente, e de fácil higienização, para manual.
manipulação dos produtos vegetais. Não deve existir sabão antisséptico para higiene das
mãos nas pias utilizadas para manipulação e preparo dos
9.12.8. ÁREA PARA PREPARO DE MASSAS ALIMENTÍCIAS alimentos, devido ao alto risco de contaminação química
E PRODUTOS DE CONFEITARIA: dos alimentos.
Deve ter bancadas e cubas de material liso, impermeável
e de fácil higienização. 10. DESENHO (LAYOUT)
Configuração das áreas de preparação dos alimentos,
9.12.9.ÁREA PARA COCÇÃO/REAQUECIMENTO: de modo que o fluxo seja linear, sem cruzamento de
Área para cocção com equipamentos que se destinem atividades entre os vários gêneros de alimentos. Se não
ao preparo de alimentos quentes. Não deve existir nesta houver áreas separadas para os vários gêneros, deve existir
área equipamentos refrigeradores ou congeladores porque no mínimo um local para pré-preparo (produtos crus) e
o calor excessivo compromete os motores dos mesmos. local para preparo final (cozinha quente e cozinha fria),
além das áreas de retorno de bandejas sujas e lavagem
9.12.10. ÁREA DE CONSUMAÇÃO: de utensílios, evitando a contaminação cruzada, devendo
A área de consumação ou refeitório deve ter as o manual de boas práticas garantir a qualidade higiênico-
mesmas características das áreas de preparo dos alimentos. sanitária das alimentos.
Podem permanecer no refeitório os equipamentos para
distribuição de alimentos, como o balcão térmico, balcão 11. EQUIPAMENTOS
refrigerado, refresqueiras, bebedouros , utensílios de mesa, O dimensionamento dos equipamentos deve ter
geladeira para bebidas. O balcão térmico deve estar limpo, relacionamento direto com o volume de produção, tipos de
com água tratada e limpa, trocada diariamente, mantido a produtos ou padrão de cardápio e sistema de distribuição/
temperatura de 80 a 90º C. Estufa ou pass trough limpos venda. Os equipamentos devem ser dotados de superfície
mantidos à temperatura de 65º C. Balcão frio, regulado de lisa, de fácil limpeza e desinfecção, bem conservados, com
mo do a manter os alimentos no máximo a 10º C (vide item pinturas claras, sem gotejamento de graxa, acúmulo de
19.13. Distribuição). gelo e com manutenção constante.
Os ornamentos e plantas não devem propiciar
contaminação dos alimentos. As plantas não devem ser 12. UTENSÍLIOS
adubadas com adubo orgânico e não devem estar entre Utensílios de mesa em quantidade igual ou maior que
o fluxo de ar e os alimentos, nem sobre os balcões de o número provável de consumidores, lavados manualmente
distribuição. No refeitório é permitida a existência de ou à máquina. Utensílios de preparação suficientes, bem
ventiladores de teto ou chão, desde que o fluxo de ar não conservados, sem crostas, limpos e sem resíduos.
incida diretamente sobre os ornamentos, as plantas e os Armazenados, após a lavagem e desinfecção, de forma
alimentos. ordenada e protegidos contra sujidades e insetos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
13. MÓVEIS * enxaguar bem as mãos e antebraços;
Mesas, bancadas e prateleiras em número suficiente, * secar as mãos com papel toalha descartável não
de material liso, resistente, impermeável, e de fácil limpeza. reciclado, ar quente ou qualquer outro procedimento
apropriado;
14. SISTEMA DE EXAUSTÃO/SUCÇÃO * aplicar antisséptico, deixando secar naturalmente ao
Com coifa, de material liso, resistente, de fácil limpeza ar, quando não utilizado sabonete antisséptico.
e sem gotejamento de gordura. * pode ser aplicado o antisséptico com as mão úmidas.
Os antissépticos permitidos são: álcool 70%, soluções
15. HIGIENE PESSOAL iodadas, iodóforo, clorohexidina ou outros produtos
15.1. ESTÉTICA E ASSEIO: aprovados pelo Ministério da Saúde para esta finalidade.
* banho diário;
* cabelos protegidos; 15.4. HIGIENE OPERACIONAL (hábitos):
* barba feita diariamente e bigode aparado; Os itens relacionados a seguir não são permitidos
* unhas curtas, limpas, sem esmalte ou base; durante a manipulação dos alimentos:
* uso de desodorante inodoro ou suave sem utilização * falar, cantar, assobiar, tossir, espirrar, cuspir, fumar;
de perfumes; * mascar goma, palito, fósforo ou similares, chupar
* maquiagem leve; balas, comer;
* não utilização de adornos (colares, amuletos, pulseiras * experimentar alimentos com as mãos;
ou fitas, brincos, relógio e anéis, inclusive alianças); * tocar o corpo;
15.2. UNIFORMIZAÇÃO: * assoar o nariz, colocar o dedo no nariz ou ouvido,
* uniformes completos, de cor clara, bem conservados mexer no cabelo ou pentear-se;
e limpos e com troca diária e utilização somente nas * enxugar o suor com as mãos, panos ou qualquer peça
dependências internas do estabelecimento; da vestimenta;
* os sapatos devem ser fechados, em boas condições * manipular dinheiro;
de higiene e conservação. Devem ser utilizadas meias; * fumar;
* o uso de avental plástico deve ser restrito às atividades * tocar maçanetas com as mãos sujas;
onde há grande quantidade de água, não devendo ser * fazer uso de utensílios e equipamentos sujos;
utilizado próximo ao calor; * trabalhar diretamente com alimento quando
* não utilizar panos ou sacos plásticos para proteção apresentar problemas de saúde, por exemplo, ferimentos
do uniforme; e/ou infecção na pele, ou se estiver resfriado ou com
* não carregar no uniforme: canetas, lápis, batons, gastrenterites;
escovinhas, cigarros, isqueiros, relógios e outros adornos; * circular sem uniforme nas áreas de serviço.
* nenhuma peça do uniforme deve ser lavada dentro
da cozinha. 16. HIGIENE AMBIENTAL
A higienização do local, equipamentos e utensílios são
15.3. HIGIENE DAS MÃOS: de suma importância, porém além desta rotina deve-se
15.3.1. FREQUÊNCIA: também:
Os funcionários devem lavar as mãos sempre que: * remover o lixo diariamente, quantas vezes necessário,
* chegar ao trabalho; em recipientes apropriados, devidamente tampados e
* utilizar os sanitários; ensacados, tomando-se medidas eficientes para evitar a
* tossir, espirrar ou assoar o nariz; penetração de insetos, roedores ou outros animais;
* usar esfregões, panos ou materiais de limpeza; * impedir a presença de animais domésticos no local
* fumar; de trabalho;
* recolher o lixo e outros resíduos; * seguir um programa de controle integrado de pragas.
* tocar em sacarias, caixas, garrafas e sapatos;
* tocar em alimentos não higienizados ou crus; 16.1. PERIODICIDADE DE LIMPEZA:
* pegar em dinheiro; • Diário:
* houver interrupção do serviço; * pisos, rodapés e ralos; todas as áreas de lavagem e de
* iniciar um novo serviço; produção; maçanetas; lavatórios (pias); sanitários; cadeiras
* tocar em utensílios higienizados; e mesas (refeitório); monoblocos e recipientes de lixo.
* colocar luvas; • Diário ou de acordo com o uso:
* equipamentos; utensílios; bancadas; superfícies de
15.3.2. TÉCNICA: manipulação e saboneteiras; borrifadores.
* umedecer as mãos e antebraços com água; • Semanal:
* lavar com sabonete líquido, neutro, inodoro. Pode * paredes; portas e janelas; prateleiras (armários); coifa;
ser utilizado sabonete líquido antisséptico, neste caso, geladeiras; câmaras e “freezers”.
massagear as mãos e antebraços por pelo menos 1 minuto;

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
• Quinzenal: 17. HIGIENE DOS ALIMENTOS
* estoque; estrados. 17.1. HIGIENE DE HORTIFRUTIGRANJEIROS:
• Mensal: A pré-lavagem de hortifruti, quando existente, deve ser
* luminárias; interruptores; tomadas; telas. feita em água potável e em local apropriado.
• Semestral: Para o preparo destes gêneros, deve ser realizada a
* reservatório de água. higienização completa que compreende :
OBS: * lavagem criteriosa com água potável;
* teto ou forro; caixa de gordura; filtro de ar * desinfecção: imersão em solução clorada por 15 a 30
condicionado, de acordo com a necessidade ou minutos;
regulamentação específica. * enxágue com água potável.
• Não necessitam de desinfecção:
16.2. ETAPAS OBRIGATÓRIAS NO PROCESSO DE * frutas não manipuladas;
HIGIENIZAÇÃO AMBIENTAL: * frutas, cujas cascas não são consumidas, tais como:
* lavagem com água e sabão ou detergente; laranja, mexirica, banana e outras, exceto as que serão
* enxágue; utilizadas para suco;
* desinfecção química: deixar o desinfetante em * frutas, legumes e verduras que irão sofrer ação do
contato mínimo de 15 minutos; calor, desde que a temperatura no interior atinja no mínimo
* enxágue; 74°C;
• No caso de desinfecção pelo calor: * ovos inteiros, tendo em vista que devem ser
* imergir por 15 minutos em água fervente ou no consumidos após cocção atingindo 74°C no interior.
mínimo a 80ºC; 17.2. PRODUTOS PERMITIDOS PARA DESINFECÇÃO
* não há necessidade de enxágue. DOS ALIMENTOS:
• No caso de utilização de máquina de lavar louça, PRINCÍPIO ATIVO CONCENTRAÇÃO
devem ser respeitados os critérios: Hipoclorito de Sódio a 2,0 - 2,5% 100 a 250 ppm
Hipoclorito de Sódio a 1% 100 a 250 ppm
* lavagem: 55 a 65ºC;
Cloro orgânico 100 a 250 ppm
* enxágue: 80 a 90ºC.
OBS: quando utilizar álcool 70%, não enxaguar e deixar
18. DILUIÇÕES
secar ao ar.
* solução clorada a 200-250 ppm:
16.3. NÃO É PERMITIDO NOS PROCEDIMENTOS DE
- 10 ml (1 colher de sopa rasa) de água sanitária para
HIGIENE
uso geral a 2,0 - 2,5% em 1 litro de água ou 20 ml (2
* varrer a seco nas áreas de manipulação;
colheres de sopa rasas) de hipoclorito de sódio a 1% em
* fazer uso de panos para secagem de utensílios e
1 litro de água.
equipamentos;
* álcool a 70%:
* uso de escovas, esponjas ou similares de metal, lã, - 250 ml de água (de preferência destilada) em 750 ml
palha de aço, madeira, amianto e materiais rugosos e de álcool 92,8 INPM ou 330 ml de água em 1 litro de álcool.
porosos; A solução deve ser trocada a cada 24 horas.
* reaproveitamento de embalagens de produtos de
limpeza;
* usar nas áreas de manipulação, os mesmos utensílios 19 - PRODUÇÃO / MANIPULAÇÃO DEFINIÇÕES
e panos de limpeza utilizados em banheiros e sanitários. DAS ETAPAS BÁSICAS DOS FLUXOS DE OPERAÇÕES EM
ESTABELECIMENTOS PRODUTORES/FORNECEDORES DE
16.4. PRODUTOS PERMITIDOS PARA DESINFECÇÃO ALIMENTOS
AMBIENTAL:
PRINCÍPIO ATIVO CONCENTRAÇÃO 19.1. RECEBIMENTO:
Hipoclorito de Sódio: 100 - 250 ppm Etapa onde se recebe o material entregue por um
Cloro orgânico: 100 - 250 ppm fornecedor, avaliando-o qualitativa e quantitativamente,
Quaternário de amônio: 200 ppm segundo critérios pré-definidos para cada produto.
Iodóforos: 25 ppm * observar data de validade e fabricação;
Álcool 70% * fazer avaliação sensorial (características
Outros produtos aprovados pelo M.S. para essa organolépticas, cor, gosto, odor, aroma, aparência, textura,
finalidade. sabor, e cinestesia). Esta avaliação deve estar baseada nos
O tempo de contato deve ser no mínimo de 15 critérios definidos pela ABNT Associação Brasileira de
minutos, com exceção do álcool 70%, ou de acordo com Normas Técnicas - ANÁLISE SENSORIAL DE ALIMENTOS E
recomendações constante do rótulo. BEBIDAS - NBR 12806 - 02/93;
* observar as condições das embalagens: devem
estar limpas, íntegras e seguir as particularidades de cada
alimento;

8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
* alimentos não devem estar em contato direto com * alimentos ou recipientes com alimentos não devem
papel não adequado (reciclado, jornais, revistas e similares), estar em contato com o piso, e sim apoiados sobre estrados
papelão ou plástico reciclado; ou prateleiras das estantes. Respeitar o espaçamento
* observar as condições do entregador: deve estar mínimo necessário que garanta a circulação de ar (10 cm);
com uniforme adequado e limpo, avental, sapato fechado, * alimentos que necessitem serem transferidos de
proteção para o cabelo ou mãos (rede, gorro ou luvas) suas embalagens originais devem ser acondicionados de
quando necessário; forma que se mantenham protegidos, devendo serem
* conferir a rotulagem: deve constar nome e composição acondicionados em contentores descartáveis ou outro
do produto, lote, data de fabricação e validade, número de
adequado para guarda de alimentos, devidamente
registro no órgão oficial, CGC, endereço do fabricante e
higienizados. Na impossibilidade de manter o rótulo
distribuidor, condições de armazenamento e quantidade
original do produto, as informações devem ser transcritas
(peso);
* observar o certificado de vistoria do veículo de em etiqueta apropriada (vide sistema de etiquetagem);
transporte; * produtos destinados à devolução devem ser
* realizar controle microbiológico e físico-químico identificados por fornecedor e colocados em locais
quando necessário, através de laboratório próprio ou apropriados separados da área de armazenamento e
terceirizado; manipulação;
* medir as temperaturas, as quais devem estar * nunca utilizar produtos vencidos;
adequadas e serem registradas no ato do recebimento. * quando houver necessidade de armazenar diferentes
Os perecíveis devem cumprir os seguintes critérios de gêneros alimentícios em um mesmo equipamento
temperatura: refrigerador, respeitar: alimentos prontos para consumo
congelados: -18ºC com tolerância até -12ºC; dispostos nas prateleiras superiores; os semi prontos e/ou
resfriados: 6 a 10ºC, ou conforme a especificação do pré-preparados nas prateleiras do meio e o s produtos crus
fabricante; nas prateleiras inferiores, separados entre si e dos demais
refrigerados: até 6ºC com tolerância até 7ºC. produtos;
* as embalagens individuais de leite, ovo pasteurizado
19.2. ARMAZENAMENTO: e similares podem ser armazenadas em geladeiras ou
Etapa envolvendo 3 procedimentos básicos:
câmaras, devido seu acabamento ser liso, impermeável e
* armazenamento sob congelamento: etapa onde
lavável;
os alimentos são armazenados à temperatura de 0ºC ou
* podem ser armazenados no mesmo equipamento
menos, de acordo com as recomendações dos fabricantes
constantes na rotulagem ou dos critérios de uso; para congelamento (“freezer”) tipos diferentes de alimentos,
* armazenamento sob refrigeração: etapa onde os desde que devidamente embalados e separados.
alimento são armazenados à temperatura de 0ºC a 10ºC, de
acordo com as recomendações dos fabricantes constantes 19.3. CONGELAMENTO:
na rotulagem ou dos critérios de uso; Etapa onde os alimentos passam da temperatura
* estoque seco: etapa onde os alimentos são original para faixas de temperaturas abaixo de 0ºC em 6
armazenados à temperatura ambiente, segundo horas ou menos.
especificações no próprio produto e recomendações dos
fabricantes constantes na rotulagem. 19.4. DESCONGELAMENTO DE CARNES, AVES E
• Disposição e controle no armazenamento: PESCADOS:
* a disposição dos produtos deve obedecer a data Etapa onde os alimentos passam da temperatura
de fabricação, sendo que os produtos de fabricação mais de congelamento para até 4ºC, sob refrigeração ou em
antiga são posicionados a serem consumidos em primeiro condições controladas.
lugar (PEPS - primeiro que entra primeiro que sai ou pode- Requisitos para descongelamento seguro:
se utilizar o conceito PVPS - primeiro que vence primeiro 1) em câmara ou geladeira a 4ºC;
que sai);
2) em forno de convecção ou micro-ondas;
* todos os produtos devem estar adequadamente
3) em água com temperatura inferior a 21ºC por 4
identificados e protegidos contra contaminação;
horas;
* alimentos não devem ficar armazenados junto a
produtos de limpeza, químicos, de higiene e perfumaria; 4) em temperatura ambiente, em local sem
* produtos descartáveis também devem ser mantidos contaminação ambiental (vento, pó, excesso de pessoas,
separados dos itens citados anteriormente. utensílios, etc.), monitorando a temperatura superficial,
* é proibido a entrada de caixas de madeira dentro da sendo que ao atingir 3 a 4ºC deve-se continuar o degelo
área de armazenamento e manipulação; na geladeira a 4ºC;
* caixas de papelão não devem permanecer nos locais 5) utilização de peças cárneas ou filetadas de até 2 kg,
de armazenamento sob refrigeração ou congelamento, a embaladas por peças ou em suas embalagens originais;
menos que haja um local exclusivo para produtos contidos 6) após o descongelamento o produto deve ficar na
nestas embalagens (exemplo: freezer exclusivo ou câmara geladeira a 4ºC, conforme critérios de uso.
exclusiva);

9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
19.5. ESPERA PÓS-COCÇÃO: * alimentos industrializados que não tenham sido
Etapa onde os alimentos que sofreram cocção devem utilizados totalmente, e que necessitem serem retirados da
atingir 55ºC em sua superfície, para serem levados à embalagem original, devem ser retirados da embalagem
refrigeração. original, colocados em embalagens adequadas e
identificados por etiquetas, respeitando os critérios de uso.
19.6. REFRIGERAÇÃO:
Etapa onde os alimentos passam da temperatura 19.8.2.DESSALGUE:
original ou pós-cocção (55ºC), para a temperatura Etapa onde as carnes salgadas são submetidas à
específica de cada produto de acordo com os requisitos retirada do sal sob condições seguras:
estabelecidos abaixo: * trocas de água no máximo a 21ºC ou a cada 4 horas;
* em água sob refrigeração até 10ºC;
19.6.1. REQUISITOS PARA REFRIGERAÇÃO SEGURA DE * através de fervura.
ALIMENTOS QUE SOFRERAM COCÇÃO
55ºC – 21ºC a 4ºC de 2 horas a 6 horas
19.9. COCÇÃO:
No resfriamento forçado até 21ºC e consequente
Etapa onde os alimentos devem atingir no mínimo
refrigeração até 4ºC, pode ser utilizado: imersão em gelo,
74ºC no seu centro geométrico ou combinações de tempo
freezer (-18ºC), geladeira (2 a 3ºC) ou equipamento para
refrigeração rápida. e temperatura como 65ºC por 15 minutos ou 70ºC por 2
minutos.
19.6.2. REQUISITOS PARA REFRIGERAÇÃO DE Entre os diversos métodos de cocção, ressalta-se
ALIMENTOS QUE NÃO SOFRERAM COCÇÃO: a cocção por fritura, que deve atender aos seguintes
Os alimentos que não sofreram cocção, ou que foram requisitos:
manipulados em temperatura ambiente, devem atingir * os óleos e gorduras utilizados nas frituras não devem
a temperatura recomendada (vide critérios de uso) em 6 ser aquecidos a mais de 180ºC;
horas. * o óleo deve ser desprezado sempre que houver
alteração de qualquer uma das seguintes características:
19.7. RECONSTITUIÇÃO: sensoriais (cor, odor, sabor, etc.) ou Físico-Químicas (ponto
Etapa onde os alimentos a serem reconstituídos de fumaça, pH, peroxidase, etc.). Podem ser utilizados
recebem a adição de água própria para consumo e, após testes físico-químicos comerciai s rápidos, desde que
esta reconstituição, devem ser consumidos imediatamente comprovada a sua qualidade e eficácia;
ou aquecidos ou refrigerados, conforme critérios de uso. * a reutilização do óleo só pode ser realizada
quando este não apresentar quaisquer alterações das
19.8. PRÉ-PREPARO / PREPARAÇÃO: características físico-químicas ou sensoriais. O óleo deve
Etapa onde os alimentos sofrem tratamento ou ser filtrado em filtros próprios ou pano branco fervido por
modificações através de higienização, tempero, corte, 15 minutos. Quando utilizar fritadeiras com filtro, seguir as
porcionamento, seleção, escolha, moagem e/ou adição de recomendações do fabricante e observar as características
outros ingredientes. físico-químicas ou sensoriais.
* lavar em água potável as embalagens impermeáveis,
antes de abri-las; 19.10. REAQUECIMENTO:
* tempo de manipulação de produtos perecíveis em Etapa onde os alimentos que já sofreram cocção inicial
temperatura ambiente não deve exceder a 30 minutos por devem atingir novamente a temperatura de segurança no
lote e a 2 horas em área climatizada entre 12ºC e 18ºC.
centro geométrico.
19.8.1. ARMAZENAMENTO PÓS-MANIPULAÇÃO:
19.11. ESPERA PARA FORNECIMENTO/DISTRIBUIÇÃO:
* todos os alimentos que foram descongelados para
Etapa onde os alimentos quentes devem ser mantidos
serem manipulados, não devem ser recongelados crus;
* todos os alimentos pré-preparados ou prontos a 65ºC ou mais, até o momento da distribuição; e os
mantidos em armazenamento, devem ser devidamente alimentos frios devem ser mantidos abaixo de 10ºC até o
identificados por etiquetas; momento da distribuição, temperaturas estas, medidas no
* alimentos prontos congelados que foram centro geométrico dos alimentos.
descongelados não devem ser recongelados;
* alimentos crus semi prontos preparados com carnes 19.12. PORCIONAMENTO:
descongeladas podem ser congelados desde que sejam Etapa onde os alimentos prontos para consumo sofrem
utilizados diretamente na cocção, atingindo no mínimo manipulação com a finalidade de se obter porções menores.
74ºC no centro geométrico; Nesta etapa a manipulação deve ser realizada
* alimentos que foram retirados da embalagem original, observando-se procedimentos que evitem a
manipulados e armazenados crus sob refrigeração, devem recontaminação ou a contaminação cruzada.
ser devidamente identificados por etiquetas, respeitando
os critérios de uso;

10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
19.13. DISTRIBUIÇÃO: * após atingirem 55ºC devem ser resfriados a 21ºC
Etapa onde os alimentos estão expostos para o em 2 horas e atingirem 4ºC em mais 6 horas, devendo ser
consumo imediato, porém sob controle de tempo e mantidos nesta temperatura para reaproveitamento, como
temperatura para não ocorrer multiplicação microbiana pratos quentes, por no máximo 24 horas;
e protegidos de novas contaminações, devendo serem * no reaproveitamento citado anteriormente, as sobras
seguidas as seguintes condutas e critérios para distribuição também podem ser congeladas, segundo os critérios de
de alimentos quentes e frios: uso para congelamento.
• Alimentos quentes:
* podem ficar na distribuição ou espera a 65ºC ou 20. CRITÉRIOS DE USO
mais por no máximo 12 h ou a 60ºC por no máximo 6 h ou Para produtos industrializados em suas embalagens
abaixo de 60ºC por 3 h; originais observar as informações do fornecedor.
* os alimentos que ultrapassarem os prazos estipulados Para produtos manipulados e/ou embalagens de
devem ser desprezados. produtos industrializados abertos, seguir os critérios
• Alimentos frios: abaixo:
Alimentos frios potencialmente perigosos que
favorecem uma rápida multiplicação microbiana: 20.1.CONGELAMENTO:
* devem ser distribuídos no máximo a 10ºC por até 4 Temperatura Tempo máximo de armazenamento
horas; 0 a -5ºC 10 dias
* quando a temperatura estiver entre 10ºC e 21ºC, só -5 a -10ºC 20 dias
podem permanecer na distribuição por 2 horas; -10 a -18ºC 30 dias
* alimentos frios que ultrapassarem os critérios de < -18ºC 90 dias
tempo e temperatura estabelecidos devem ser desprezados.
20.2.REFRIGERAÇÃO:
19.14. SOBRAS: pescados e seus produtos manipulados crus: até 4ºC
São alimentos prontos que não foram distribuídos ou por 24 horas;
que ficaram no balcão térmico ou refrigerado. Somente carne bovina, suína, aves e outras e seus produtos
podem ser utilizadas sobras que tenham sido monitoradas. manipulados crus: até 4ºC por 72 horas;
Alimentos prontos que foram servidos não devem ser hortifruti: até10ºC por 72 horas;
reaproveitados. alimentos pós-cocção: até 4ºC por 72 horas;
pescados pós-cocção: até 4ºC por 24 horas;
19.14.1. REQUISITOS PARA REAPROVEITAMENTO DE sobremesas, frios e laticínios manipulados: até 8ºC por
SOBRAS 24 horas,
• Sobras quentes: até 6ºC por 48 horas ou
Sobras que ficaram sob requisitos de segurança, devem até 4ºC por 72 horas;
ser: maionese e misturas de maionese com outros
* reaquecidas a 74ºC e mantidas a 65ºC ou mais para alimentos: até 4ºC por 48 horas ou até 6ºC por 24 horas.
serem servidas, por no máximo 12 horas; OBS: Outras preparações podem seguir outros critérios,
* reaquecidas a 74ºC e quando atingirem 55ºC na desde que sejam observados: o tipo de alimento e suas
superfície devem ser resfriadas a 21ºC em 2 horas, devendo características intrínsecas (Aa, pH, etc.), procedendo-se ao
atingir 4ºC em mais 6 horas, para serem reaproveitadas no estudo da “vida de prateleira” através de análise sensorial,
máximo em 24 horas; microbiológica seriada e se necessário físico-química.
* na conduta acima, após atingirem 55ºC, podem ser
congeladas, devendo serem seguidos os critérios de uso 21. GUARDA DE AMOSTRAS
para congelamento; A guarda de amostra deve ser realizada com o
* alimentos que sofreram tratamento térmico e que objetivo de esclarecimento de ocorrência de enfermidade
serão destinados à refrigeração devem ser armazenados transmitida por alimentos prontos para o consumo.
em volumes ou utensílios com altura máxima de 10 cm, • As amostras que devem ser colhidas são:
devendo serem cobertos quando atingirem a temperatura * componentes do cardápio da refeição servida , na
de 21º C ou menos. distribuição, 1/3 do tempo antes do término da mesma.
• Sobras frias: • Técnica de colheita:
Sobras de alimentos que ficaram sob requisitos de * identificar as embalagens ou sacos esterilizados ou
segurança, devem ser: desinfetados com nome do local, data, horário, produto e
* refrigerados de modo que a temperatura interna do nome do responsável pela colheita;
alimento atinja 4ºC em 4 horas, podendo ser utilizados por * proceder a higienização das mãos;
no máximo 24 horas; * abrir a embalagem ou o saco sem tocá-lo internamente
* também podem ser reaproveitados para pratos nem soprá-lo;
quentes, devendo ser levados à cocção a 74ºC e mantidos * colocar a amostra do alimento;
a 65ºC para distribuição por no máximo 12 horas; * retirar o ar e vedar.

11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
• Utensílios utilizados para colheita: 24. TRANSPORTE
* utilizar os mesmos utensílios da distribuição (um Requisitos para o transporte de alimentos:
para cada tipo de alimento). Podem ser utilizados também * os meios de transporte de alimentos destinados ao
utensílios desinfetados com álcool 70%, fervidos por 10- consumo humano, refrigerados ou não, devem garantir a
15 minutos ou flambados, ou qualquer outro método de integridade e a qualidade a fim de impedir a contaminação
desinfecção próprio para esta finalidade. e deterioração dos produtos;
• Quantidade da amostra: * é proibido manter no mesmo continente ou
* mínimo de 100 g transportar no mesmo compartimento de um veículo,
• Armazenamento: alimentos prontos para o consumo, outros alimentos
* por 72 horas sob refrigeração até 4ºC ou sob e substâncias estranhas que possam contaminá-los ou
congelamento a -18ºC. Líquidos só podem ser armazenados corrompê-los;
por 72 horas sob refrigeração até 4ºC. * excetuam-se da exigência do item anterior, os
alimentos embalados em recipientes hermeticamente
22. SISTEMA DE ETIQUETAS DE IDENTIFICAÇÃO
fechados, impermeáveis e resistentes, salvo com produtos
As etiquetas devem ser colocadas em cada alimento
tóxicos;
embalado ou nos lotes de monoblocos, assadeiras ou
* não é permitido transportar alimentos conjuntamente
gastronormes com os alimentos não embalados.
Fornecedor N.º de Registro N.º da Nota Fiscal Produto com pessoas e animais;
Marca Origem Conservação Prazo de Validade * Utilizar até ** * a cabine do condutor deve ser isolada da parte que
* de acordo com a rotulagem contém os alimentos, e esta deve ser revestida de material
** a data estabelecida deve estar de acordo com os liso, resistente, impermeável, atóxica e lavável;
critérios de uso * no transporte de alimentos deve constar nos lados
direito e esquerdo, de forma visível, dentro de um retângulo
23. UTILIZAÇÃO DE OVOS de 30 cm de altura por 60 cm de comprimento, os dizeres:
Os ovos podem estar contaminados com Salmonella transporte de alimentos, nome, endereço e telefone da
sp. tanto na casca como na gema. Existem medidas de empresa, produto perecível (quando for o caso);
controle que devem ser realizadas na indústria, porém a * os veículos de transporte de alimentos devem possuir
qualidade sanitária das preparações à base de ovos nas certificado de vistoria, de acordo com a legislação vigente;
empresas fornecedoras de alimentos pode ser garantida * os métodos de higiene e desinfecção devem ser
com os seguintes procedimentos: adequados às características dos produtos e dos veículos
de transportes;
23.1. NA COMERCIALIZAÇÃO E NA COMPRA: * quando a natureza do alimento assim o exigir deve ser
* é proibida a venda de ovos com a casca rachada; colocado sobre prateleiras e estrados, quando necessários
* verificar se os ovos estão estocados em local arejado, removíveis, de forma a evitar danos e contaminação;
limpo e fresco, longe de fontes de calor; * os materiais utilizados para proteção e fixação da
* conferir o prazo de validade. carga (cordas, encerados, plásticos e outros) não devem
constituir fonte de contaminação ou dano para o produto,
23.2. NA UTILIZAÇÃO devendo os mesmos serem desinfetados juntamente com
* armazenar os ovos de acordo com as instruções do o veículo de transporte;
fornecedor; * a carga e/ou descarga não devem representar risco
* não utilizar ovos com a casca rachada; de contaminação, dano ou deterioração do produto e/ou
* evitar misturar a casca com o conteúdo do ovo;
matéria-prima alimentar;
* não reutilizar as embalagens de ovos, nem utilizá-las
* nenhum alimento deve ser transportado em contato
para outras finalidades.
direto com o piso do veículo ou embalagens ou recipientes
abertos;
23.3. NA PREPARAÇÃO
* não oferecer para consumo ovos crus; * os equipamentos de refrigeração não devem
* não oferecer para consumo alimentos preparados apresentar risco de contaminação para o produto e deve
onde os ovos permaneçam crus; garantir, durante o transporte, temperatura adequada para
* preparações sem cocção (cremes, mousses, o mesmo;
maioneses, etc.) utilizar: * os alimentos perecíveis crus ou prontos para o
• ovos pasteurizados consumo devem ser transportados em veículo fechado,
• ovos desidratados dependendo da natureza sob:
• ovos cozidos • refrigeração ao redor de: 4ºC, com tolerância até 7ºC;
* preparações quentes; • resfriamento ao redor de: 6ºC, não ultrapassando
* ovos cozidos por 7 minutos em fervura, no mínimo; 10ºC ou conforme especificação do fabricante expressa na
* ovos fritos com a gema dura; rotulagem;
* omeletes, empanados, milanesa, bolos, doces, etc., • aquecimento com tolerância até: 60ºC;
atingir 74ºC no centro geométrico. • congelamento com tolerância até: -12ºC.

12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
* os veículos de transporte que necessitem controle químicos necessitam de baixas temperaturas para que não
de temperatura devem ser providos permanentemente de ocorram explosões. Existe também o risco de intoxicação
termômetros calibrados e de fácil leitura; por ingestão ou inalação de produtos químicos, muitas
* os critérios de temperaturas fixados são para os vezes são confundidos com alguma bebida. Casos assim
produtos e não para os veículos; acontecem normalmente quando se retira o conteúdo de
* a exigência de veículos frigoríficos fica na dependência sua embalagem original armazenando em garrafas, copos
do mecanismo de transporte e das características do entre outros. Para que fatos desse tipo não ocorram, deixe
produto. o produto em sua própria embalagem e jamais as reutilize
para outros fins. Para evitar esse outros acidentes, além
25. USO DE TERMÔMETROS de garantir a eficácia do produto sempre consulte o ró-
Os termômetros devem ser periodicamente aferidos, tulo, nele estão contidas a instruções do fabricante para
através de equipamentos próprios ou de empresas armazenamento e utilização. Em caso de uso de produ-
especializadas. tos concentrados, deve-se analisar a diluição informada
Quando usados, não devem propiciar risco de pelo fabricante, garantindo assim os resultados na hora
contaminação. da limpeza. Procure adquirir produtos químicos de empre-
Suas hastes devem ser lavadas e desinfetadas antes e sas certificadas pela ANVISA, essa informação consta no
depois de cada uso. rótulo dos produtos, bem como, o número de notificação
ou registro que garante que as informações contidas no
26. REGISTRO DAS MEDIÇÕES REALIZADAS rótulo são verdadeiras, nele também é possível identificar
Deve ser mantido registro das medições efetuadas em o número do centro de intoxicações em caso de dúvidas
planilhas próprias. ou de acidentes.

Cuidados com a data de validade:


Na gestão do estoque de produtos químicos de lim-
MATERIAIS UTILIZADOS NA LIMPEZA EM peza tenha atenção a data de validade dos produtos, pois
GERAL; utilizá-los vencidos pode causar alergias, contaminações e
lembrando que sua eficácia e qualidade são comprometi-
das após seu vencimento. Além de não correr o risco de
Para organizar seu estoque de produtos químicos de perder dinheiro por  ter que jogar esses produtos fora por
limpeza é necessário que ele seja armazenado em um local estarem vencidos.
seguro, longe do alcance de crianças e animais.
A praticidade de utilizar uma planilha:
Cuidados com crianças e animais: Já aconteceu com você de comprar algum material de
Procure colocar os produtos todos em um único cô- limpeza e gostar muito dele, porém não lembrar mais onde
modo, tenha preferência pela área de serviços, afinal é um ele foi comprado ou mesmo o valor pago? Problemas as-
local que crianças e animais não costumam frequentar. sim podem ser solucionados criando uma planilha. Nela
Caso você os armazene em armários, se eles ficarem na você terá todo o controle financeiro, acompanhamento
parte de baixo utilize travas para evitar acidentes. das datas de compra e vencimento, utilidade do produto,
quantidade em estoque, código e preço. Pensando nisso
Como organizar seu estoque: criamos uma planilha com todas essas informações. 
Uma dica para facilitar a organização é usar cestas, Fonte; http://www.goedert.com.br/blog/cuidados-no-
elas podem ser separadas por categorias, como por exem- -estoque-de-produtos-quimicos-de-limpeza-com-plani-
plo ”produtos de limpeza pra casa”, ”produtos para lava- lha-de-controle/
gem de roupa”, ”produtos para louça” e “panos de lim-
peza”. Você pode colar etiquetas para nomear as cestas,
assim será mais fácil para achar. A utilização desse tipo
de organizador é muito prática, principalmente quando for
fazer uma limpeza no local, não havendo a necessidade de
retirar produto por produto.

A importância de ler o rótulo para evitar acidentes:


Os produtos devem ser armazenados com seguran-
ça, tenha um cuidado especial com os químicos, já que
acidentes podem causar uma explosão ou mesmo gerar
gases tóxicos e inflamáveis. Armazene os produtos em lo-
cais bem ventilados e iluminados, mas lembre-se que não
se deve deixar a luz solar incidir diretamente neles. Alguns

13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
-Outras recomendações interessantes são: colocar os
alimentos em recipientes redondos no microondas facilita
TRABALHO DE COZINHA: PREPARO DE CAFÉ,
o cozimento, pois as ondas do aparelho penetram nelas
LANCHES E REFEIÇÕES EM GERAL; pelo lado, por cima e por baixo. É sempre bom lembrar
que se as travessas forem em formato de retângulo ou
quadrangular as bordas ficarão cozidas mais rápido do
Para aquelas pessoas que costumam usar o aparelho de que a parte central do alimento.
microondas como um aliado no preparo de seus alimentos
deve ter algumas informações básicas sobre como este Importância de cobrir os alimentos
eletrodoméstico atua no preparo da comida. De acordo com Cobrir os alimentos no momento em que eles estão
especialistas, o forno micro-ondas nem sempre cozinha o sendo preparados é antes de tudo uma medida de higiene,
alimento por igual, apesar de ter um processo muito rápido pois dependendo do local onde o alimento é produzido,
de cozimento. Isto acontece devido as ondas de calor principalmente se for em restaurantes ou lanchonetes
emitidas pelo micro-ondas serem direcionadas da borda pode haver algum tipo de contaminação se não forem
para o centro do aparelho, por isso as bordas da comida efetivas algumas normas de limpeza.
que está sendo preparada podem ficar muito cozidas ou Outra razão interessante para que as pessoas cubram
até mesmo queimadas, enquanto que o alimento no centro seus alimentos é que quando for utilizado o microondas,
pode ficar quase sem cozimento, ou seja, praticamente cru. os que estão cobertos cozinham com mais uniformidade e
Essa é uma das desvantagens da utilização do aparelho mais rápido, pois absorvem o vapor na hora do cozimento.
de forno micro-ondas. Outro ponto que merece destaque é
Para cobrir os alimentos no microondas é necessário uma
a composição dos alimentos que estão sendo submetidos a
tampa apropriada.
um cozimento no microondas. Fatores como temperatura,
Alguns objetos mais  utilizados e mais eficientes  para
espessura, formato, tamanho, densidade, gorduras e até
cobrir a comida são: filme plástico, tampa refratária, papel
mesmo a quantidade de água presente nestes alimentos
toalha ou manteiga, entre outros.
podem influenciar no resultado final do cozimento, pois
Orientações gerais sobre o congelamento dos
as micro-ondas são atraídas pela  água, sendo por isso
alimentos
dispensável a adição deste líquido em alimentos que já são
Para conseguir um bom congelamento dos alimentos 
ricos nele, como por exemplo, o tomate quando estiver no
uma sugestão é acondicioná-los em embalagens
micro-ondas.
Assim como a água, o açúcar e as gorduras também adequadas para tal finalidade. Os alimentos uma vez
atraem as micro-ondas, por isso no caso dos queijos congelados não devem sofrer este processo novamente;
gordurosos e leite, eles derretem bem rápido mas tem um a separação da comida nos recipientes próprios facilita o
cozimento bem mais longo. Já o açúcar que é utilizado em congelamento. Alguns alimentos como maionese, pudins,
tortas e bolos, consegue alcançar temperaturas bem mais gelatinas, queijos tipo ricota, folhas verdes, ovos crus
altas se comparadas com a massa dos doces preparados. ou cozidos, batata crua entre outros, de preferência não
As carnes com ossos que produzem mais calor, assam bem devem ser congelados.
mais rápido do que as partes que são desossadas. O mais importante quando a pessoa for elaborar as
Alguns alimentos que possuem membranas, películas refeições que deseja servir, é levar em consideração os
ou cascas como por exemplo fígado de galinha, as ostras, nutrientes presentes no alimento  e o tempo de preparo
as gemas dos ovos, as salsichas,  os  pimentões, tomates e que será necessário.
batatas, para que não estourem pelo armazenamento de
vapor devem ser perfuradas antes de levados ao micro- Fonte: https://nutricaoemfoco.com/alimentos/
ondas. O tempo ideal para cozinhar um alimento vai tecnicas-de-preparo-de-alimentos/
depender única e exclusivamente da temperatura que foi
utilizado inicialmente, ou seja, os que estavam à temperatura
ambiente, os enlatados ou os mais frescos cozinham bem
mais depressa do que os que estavam congelados.
Sugestões para cozinhar melhor e mais depressa
No mundo moderno em que vivemos, onde sobra muito
pouco tempo disponível para atitudes antes consideradas
normais ou imprescindíveis como cozinhar para  a família
por exemplo, as pessoas devem estar sempre atentas
a algumas orientações que profissionais especializados
costumam dar. Entre algumas delas estão:
-No momento de cozer os alimentos eles devem
ser arranjados em recipientes adequados em tamanho
e formato para que o cozimento se processe mais
rapidamente.

14
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
* - responsabilizar-se pela aprovação ou rejeição de
GUARDA E CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS E matérias-primas, insumos, produtos semielaborados,
produtos terminados, procedimentos, métodos ou técnicas,
MEDICAMENTOS;
equipamentos e utensílios, de acordo com o manual
elaborado;
* - supervisionar os princípios ou metodologias que
A Diretora Técnica do Centro de Vigilância Sanitária da embasem o manual de boas práticas de manipulação e
Secretaria de Estado da Saúde, considerando: processamento;
- A Lei 10083 de 23 de Setembro de 1998; * - recomendar o destino final de produtos.
- A Lei 8080/90 de 19 de setembro de 1990; • Os estabelecimentos que:
- A Portaria MS-1428 de 26 de novembro de 1993; a) fabricam, manipulam, embalam, importam: aditivos,
- A Portaria MS-326 de 30 de julho de 1997; complementos nutricionais, alimentos para fins especiais,
- A Resolução SS-38 de 27/02/96 e embalagens;
- A Portaria CVS - 1 DITEP de 13/01/98, resolve: b) as cozinhas industriais e Unidade de Alimentação e
Artigo 1º - Aprovar o presente “Regulamento Técnico, Nutrição (UAN) Unidade de Nutrição e Dietética (UND );só
que estabelece os Parâmetros e Critérios para o Controle podem funcionar sob a responsabilidade de um técnico
Higiênico-Sanitário em Estabelecimentos de Alimentos”, legalmente habilitado.
constante no Anexo Único. Para a responsabilidade técnica é considerada a
Artigo 2º - Para os parâmetros/critérios não previstos regulamentação profissional de cada categoria.
neste Regulamento deve ser obedecida a legislação Para os demais estabelecimentos, a responsabilidade
vigente ou serem submetidos a parecer do CVS - Centro de pela elaboração, implantação e manutenção das boas
Vigilância Sanitária. práticas de produção pode estar a cargo do proprietário
Artigo 3º - Ficam alterados os itens 13 e 14 do Artigo do estabelecimento ou de um funcionário capacitado que
2º da Portaria CVS-15 de 07/11/91, referentes ao transporte trabalhe efetivamente no local e conheça e aplique as
de alimentos quentes, refrigerados e congelados. condutas e critérios do presente regulamento e acompanhe
Artigo 4º - Esta Portaria entra em vigor na data de sua inteiramente o processo de produção.
publicação. Todos os funcionários devem receber treinamento
Anexo Único constante em relação à higiene e técnicas corretas de
Regulamento técnico sobre os parâmetros e critérios manipulação.
para o controle higiênico-sanitário em estabelecimentos
de alimentos 4. CONTROLE DE SAÚDE DOS FUNCIONÁRIOS
Existem dois tipos de controle de saúde que devem ser
1. OBJETIVO realizados para os funcionários dos estabelecimentos:
O presente Regulamento estabelece os critérios de 1 - O Ministério do Trabalho através da NR-7 determina
higiene e de boas práticas operacionais para alimentos a realização do PCMSO - Programa de Controle Médico
produzidos/fabricados/industrializados/manipulados de Saúde Ocupacional, cujo objetivo é avaliar e prevenir as
e prontos para o consumo, para subsidiar as ações da doenças adquiridas no exercício de cada profissão, ou seja,
Vigilância Sanitária e a elaboração dos Manuais de Boas problemas de saúde consequentes da atividade profissional.
Práticas de Manipulação e Processamento. Este controle deve ser realizado por um profissional
médico especializado em medicina do trabalho, devendo
2. ÂMBITO DE APLICAÇÃO ser realizado exame médico admissional, periódico,
demissional, de retorno ao trabalho e na mudança de
O presente regulamento se aplica a todos os
função.
estabelecimentos nos quais sejam realizadas algumas
2 - O controle de saúde clínico exigido pela Vigilância
das seguintes atividades: produção, industrialização,
Sanitária, que objetiva a saúde do trabalhador e a sua
fracionamento, armazenamento e transporte de alimentos.
condição para estar apto para o trabalho, não podendo ser
portador aparente ou inaparente de doenças infecciosas
3. RESPONSABILIDADE TÉCNICA ou parasitárias.
Os estabelecimentos devem ter um responsável técnico Para isso devem ser realizados os exames médicos
de acordo com a Portaria CVS-1-DITEP de 13/01/98. Este admissionais, periódicos, dando ênfase aos parâmetros
profissional deve estar regularmente inscrito no órgão preconizados neste regulamento, acompanhados das
fiscalizador de sua profissão. análises laboratoriais como: hemograma, coprocultura,
Para que o Responsável Técnico (RT) possa exercer a coproparasitológico e VDRL, devendo ser realizadas outras
sua função: análises de acordo com avaliação médica.
• Deve ter autoridade e competência para: A periodicidade dos exames médico-laboratoriais deve
* - capacitação de Pessoal; ser anual. Dependendo das ocorrências endêmicas de certas
* - elaborar o Manual de Boas Práticas de Manipulação; doenças, a periodicidade pode ser reduzida de acordo com
os serviços de Vigilância Sanitária e Epidemiológica locais.

15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
Qualquer tipo de controle de saúde do trabalhador 7. CONTROLE INTEGRADO DE PRAGAS
que contemple o controle de saúde clínico e desde que Devem ser implantados procedimentos de boas
comprovado com os respectivos laudos, estará de acordo práticas de modo a prevenir ou minimizar a presença de
com este Regulamento, não sendo necessária, neste caso, insetos e roedores.
a Carteira de Saúde. A aplicação de produtos só deve ser realizada quando
Deve-se enfatizar que, o que garante a segurança do adotadas todas as medidas de prevenção, só podendo ser
produto são os procedimentos adequados pertinentes aos utilizados produtos registrados no Ministério da Saúde.
itens 15 a 26 deste manual.
Não devem manipular alimentos, os funcionários que 8. VISITANTES
apresentarem feridas, lesões, chagas ou cortes nas mãos e Todas as pessoas que não fazem parte da equipe de
braços, ou grastrenterites agudas ou crônicas (diarreia ou funcionários da área de manipulação ou elaboração de
disenteria), assim como, os que estiverem acometidos de alimentos, são consideradas visitantes, podendo constituir
infecções pulmonares ou faringites. focos de contaminação durante o preparo dos alimentos.
A gerência deve garantir que os funcionários nessas Portanto, são considerados visitantes os supervisores,
situações, sejam afastados para outras atividades, sem consultores, fiscais, auditores e todos aqueles que
prejuízo de qualquer natureza. necessitem entrar nestas dependências.
Para proceder às suas funções, os visitantes devem
5. CONTROLE DA ÁGUA PARA CONSUMO estar devidamente paramentados com uniforme fornecido
A água utilizada para o consumo direto ou no preparo pela empresa, como: avental, rede ou gorro para proteger
dos alimentos deve ser controlada independente das os cabelos e se necessário, botas ou protetores para os pés.
rotinas de manipulação dos alimentos. Os visitantes não devem tocar nos alimentos,
É obrigatório a existência de reservatório de água. equipamentos, utensílios ou qualquer outro material
O reservatório deve estar isento de rachaduras e sempre interno do estabelecimento. Não devem comer, fumar,
tampado, devendo ser limpo e desinfetado nas seguintes mascar goma (chiclete) durante a visita.
situações: Não devem entrar na área de manipulação de
* quando for instalado alimentos, os visitantes que estiverem com ferimentos
* a cada 6 meses expostos, gripes, ou qualquer outro quadro clínico que
* na ocorrência de acidentes que possam contaminar a represente risco de contaminação.
água (animais, sujeira, enchentes).
A água para consumo deve ser límpida, transparente, 9. ESTRUTURA / EDIFICAÇÃO
insípida e inodora. 9.1. LOCALIZAÇÃO:
As águas de poços, minas e outras fontes alternativas Área livre de focos de insalubridade, ausência de
só devem ser usadas desde que não exista risco de lixo, objetos em desuso, animais, insetos e roedores.
contaminação (fossa, lixo, pocilga) e quando submetidas Acesso direto e independente, não comum a outros usos
a tratamento de desinfecção. Após a desinfecção da água (habitação). As áreas circundantes não devem oferecer
deve ser realizada análise bacteriológica em laboratório condições de proliferação de insetos e roedores.
próprio ou terceirizado. A utilização de sistema alternativo
de abastecimento de água deve ser comunicada à 9.2. PISO:
Autoridade Sanitária. Material liso, resistente, impermeável, lavável, de cores
O gelo para utilização em alimentos deve ser fabricado claras e em bom estado de conservação, antiderrapante,
com água potável, de acordo com os Padrões de Identidade resistente ao ataque de substâncias corrosivas e que seja de
e Qualidade vigentes. fácil higienização (lavagem e desinfecção), não permitindo
O vapor, quando utilizado em contato com produtos o acúmulo de alimentos ou sujidades.
ou superfícies que entram em contato com alimentos, não Deve ter inclinação suficiente em direção aos ralos,
pode representar riscos de contaminação. não permitindo que a água fique estagnada. Em áreas
Para higiene (lavagem e desinfecção) dos reservatórios, que permitam existência, os ralos devem ser sifonados,
devem ser utilizadas metodologias oficiais. e as grelhas devem possuir dispositivos que permitam o
fechamento.
6. CONTROLE DAS MATÉRIAS-PRIMAS E
FORNECEDORES: 9.3. PAREDES
É importante uma avaliação das condições operacionais Acabamento liso, impermeável, lavável, de cores
dos estabelecimentos fornecedores de matérias-primas, claras, isento de fungos (bolores) e em bom estado de
produtos semi elaborados ou produtos prontos, através de conservação. Se for azulejada deve respeitar a altura
visita técnica, como subsidio para a qualificação e triagem mínima de 2 metros. Deve ter ângulos arredondados no
dos fornecedores. Para controle de matéria prima deve ser contato com o piso e teto.
obedecido o item 19.1 - Recebimento.

16
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
9.4. FORROS E TETOS: As instalações sanitárias devem ser bem iluminadas,
Acabamento liso, impermeável, lavável, de cores claras paredes e piso de cores claras, de material liso, resistente e
e em bom estado de conservação. Deve ser isento de impermeável, portas com molas, ventilação adequada com
goteiras, vazamentos, umidade, trincas, rachaduras, bolor e janelas teladas. Não devem se comunicar diretamente com
descascamento. Se houver necessidade de aberturas para a área de manipulação de alimentos ou refeitórios.
ventilação, esta deve possuir tela com espaçamento de 2
mm e removíveis para limpeza. O pé direito no mínimo de 9.9. VESTIÁRIO:
3 m no andar térreo e 2,7 m em andares superiores. Separado para cada sexo, devendo possuir armários
individuais e chuveiro para cada 20 funcionários, com
9.5. PORTAS E JANELAS: paredes e pisos de cores claras, material liso, resistente e
As portas devem ter superfície lisa, de cores claras, impermeável, portas com molas, ventilação adequada e
de fácil limpeza, ajustadas aos batentes, de material não janelas teladas.
absorvente, com fechamento automático (mola ou similar)
e protetor no rodapé. As entradas principais e os acessos às 9.10. LIXO:
câmaras devem ter mecanismos de proteção contra insetos Deve estar disposto adequadamente em recipientes
e roedores. com tampas, constituídos de material de fácil higiene. O
Janelas com telas milimétricas limpas, sem falhas de lixo fora da cozinha deve ficar em local fechado, isento de
revestimento e ajustadas aos batentes. As telas devem moscas, roedores e outros animais.
ter malha de 2 mm e serem de fácil limpeza e em bom O lixo não deve sair da cozinha pelo mesmo local onde
estado de conservação. As janelas devem estar protegidas entram as matérias primas.
de modo a não permitir que os raios solares incidam Na total impossibilidade de áreas distintas, determinar
diretamente sobre os alimentos ou equipamentos mais horários diferenciados.
sensíveis ao calor. O lixo deve estar devidamente acondicionado, de
9.6. ILUMINAÇÃO: modo que não represente riscos de contaminação.
O ambiente deve ter iluminação uniforme, sem
9.11. ESGOTAMENTO SANITÁRIO:
ofuscamentos, sem contrastes excessivos, sombras e cantos
Ligado à rede de esgoto, ou quando necessário tratado
escuros. A lâmpadas e luminárias devem estar limpas
adequadamente para ser eliminado através de rios ou
protegidas contra explosão e quedas acidentais e em bom
lagos.
estado de conservação, sendo que não deve alterar as
Não deverá existir dentro das áreas de preparo de
características sensoriais dos alimentos.
alimentos, caixa de gordura ou de esgoto.
9.7. VENTILAÇÃO:
9.12.ÁREAS PARA PREPARAÇÃO DE ALIMENTOS
Deve garantir o conforto térmico, a renovação do ar 9.12.1. ÁREA PARA ARMAZENAMENTO EM
e que o ambiente fique livre de fungos, gases, fumaça, TEMPERATURA AMBIENTE (ESTOQUE):
gordura e condensação de vapores. Esta área destina-se a armazenamento de alimentos à
A circulação de ar na cozinha, deve ser feita com ar temperatura ambiente. Os alimentos devem ser separados
insuflado e controlado através de filtros ou através de por grupos, sacarias sobre estrados fixos com altura mínima
exaustão com equipamentos devidamente dimensionados. de 25 cm, separados da parede e entre pilhas no mínimo
A direção do fluxo de ar nas áreas de preparo dos alimentos 10 cm e distante do forro 60 cm. Prateleiras com atura de
deve ser direcionado da área limpa para a suja. 25 cm do piso.
Não devem ser utilizados ventiladores nem aparelhos Não deve existir entulho ou material tóxico no estoque,
de ar condicionado nas áreas de manipulação. sendo o material de limpeza armazenado separadamente
O conforto térmico pode ser assegurado por aberturas dos alimentos. Ventilação adequada. Os alimentos
de paredes que permitam a circulação natural do ar, com devem ser proporcionados com utensílios exclusivos e
área equivalente a 1/10 da área do piso. após sua utilização, as embalagens devem ser fechadas
adequadamente.
9.8. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS: Embalagens íntegras com identificação visível (nome
Devem existir banheiros separados para cada sexo, em do produto, nome do fabricante, endereço, número de
bom estado de conservação, constituído de vaso sanitário, registro, prazo de validade, etc). Em caso de transferência de
pia e mictório para cada 20 funcionários, dispostos de bacia produtos de embalagens originais para outras embalagens
com tampa, papel higiênico, lixeira com tampa acionada de armazenamento, transferir também o rótulo do produto
por pedal, mictórios com descarga, pias para lavar as mãos, original ou desenvolver um sistema de etiquetagem (vide
sabonete líquido ou sabão antisséptico, toalha de papel, de item 22) para permitir uma perfeita rastreabilidade dos
cor clara, não reciclado. produtos desde a recepção das mercadorias até o preparo
Nas instalações sanitárias exclusivas para funcionários final. No estoque não devem existir equipamentos que
das empresas produtoras de alimentos fica proibido o propiciem condições que interfiram na qualidade e nas
descarte de papel higiênico em lixeira, devendo ser este condições sensoriais dos alimentos.
diretamente no vaso sanitário.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
9.12.2.ÁREA PARA ARMAZENAMENTO EM 9.12.8. ÁREA PARA PREPARO DE MASSAS ALIMENTÍCIAS
TEMPERATURA CONTROLADA: E PRODUTOS DE CONFEITARIA:
Esta área destina-se ao armazenamento de alimentos Deve ter bancadas e cubas de material liso, impermeável
perecíveis ou rapidamente deterioráveis. Os equipamentos e de fácil higienização.
de refrigeração e congelamento, devem ser de acordo com
a necessidade e tipos de alimentos a serem produzidos/ 9.12.9.ÁREA PARA COCÇÃO/REAQUECIMENTO:
armazenados. Área para cocção com equipamentos que se destinem
No caso de possuir apenas uma geladeira ou ao preparo de alimentos quentes. Não deve existir nesta
câmara, o equipamento deve estar regulado para o área equipamentos refrigeradores ou congeladores porque
alimento que necessitar de menor temperatura. Se forem o calor excessivo compromete os motores dos mesmos.
instaladas câmaras, estas devem apresentar as seguintes
características: 9.12.10. ÁREA DE CONSUMAÇÃO:
* antecâmara para proteção térmica; A área de consumação ou refeitório deve ter as mesmas
* revestimento com material lavável e resistente; características das áreas de preparo dos alimentos. Podem
* nível do piso igual ao da área externa; permanecer no refeitório os equipamentos para distribuição
* termômetro permitindo a leitura pelo lado externo; de alimentos, como o balcão térmico, balcão refrigerado,
* interruptor de segurança localizado na parte externa refresqueiras, bebedouros , utensílios de mesa, geladeira
da câmara, com lâmpada piloto indicadora “ligado - para bebidas. O balcão térmico deve estar limpo, com água
desligado”; tratada e limpa, trocada diariamente, mantido a temperatura
* prateleiras em aço inox ou outro material apropriado; de 80 a 90º C. Estufa ou pass trough limpos mantidos à
* porta que permita a manutenção da temperatura temperatura de 65º C. Balcão frio, regulado de mo do a
interna; manter os alimentos no máximo a 10º C (vide item 19.13.
* dispositivo de segurança que permita abri-la por Distribuição).
dentro, quando utilizar porta hermética. Os ornamentos e plantas não devem propiciar
contaminação dos alimentos. As plantas não devem
9.12.3. ÁREA PARA HIGIENE/GUARDA DOS UTENSÍLIOS ser adubadas com adubo orgânico e não devem estar
DE PREPARAÇÃO: entre o fluxo de ar e os alimentos, nem sobre os balcões
Local separado e isolado da área de processamento, de distribuição. No refeitório é permitida a existência de
contendo água quente e fria, além de espaço suficiente ventiladores de teto ou chão, desde que o fluxo de ar não
para guardar peças de equipamentos e utensílios limpos. incida diretamente sobre os ornamentos, as plantas e os
O retorno de utensílios sujos não deve oferecer risco de alimentos.
contaminação aos que estão guardados.
9.12.11. SALA DA ADMINISTRAÇÃO:
9.12.4. ÁREA PARA HIGIENE/GUARDA DOS UTENSÍLIOS A área deve estar localizada acima do piso da área total
DE MESA: da cozinha, com visor que facilite a supervisão geral do
Esta área deve ser adjacente ao refeitório, comunicando- ambiente e das operações de processamento.
se com este através de guichê para recepção do material
usado. 9.12.12.ÁREA PARA GUARDA DE BOTIJÕES DE GÁS:
s utensílios de mesa já higienizados não devem entrar De acordo com a ABNT deve existir área exclusiva para
em contato com os sujos. armazenamento de recipientes de GLP e seus acessórios. A
delimitação desta área deve ser com tela, grades vazadas ou
9.12.5. ÁREA PARA RECEPÇÃO DE MERCADORIAS: outro processo construtivo que evite a passagem de pessoas
Área para recepção das matérias primas, contendo estranhas à instalação e permita uma constante ventilação.
quando possível, pia para pré-higiene dos vegetais e outros 9.12.13. ÁREA PARA HIGIENIZAÇÃO E GUARDA DE
produtos. MATERIAL DE LIMPEZA AMBIENTAL:
Esta área é exclusiva para higienização de material de
9.12.6. ÁREA PARA PREPARO DE CARNES, AVES E limpeza e deve ter tanque provido de água fria e quente.
PESCADOS:
Área para manipulação (pré-preparo) de carnes, aves 9.12.14. ÁREA/LOCAL PARA HIGIENE DAS MÃOS:
e pescados, sem cruzamento de atividades. Deve ter Deve existir lavatórios exclusivos para higiene das mãos.
bancadas, equipamentos e utensílios de acordo com as Quando não houver separação de áreas deve existir
preparações. pelo menos uma pia para higiene das mãos, em posição
Quando for climatizado deve manter temperatura estratégica em relação ao fluxo de preparações dos
entre 12 e 18 º C. alimentos, torneiras dos lavatórios aciona das sem contato
manual.
9.12.7. PREPARO DE HORTIFRUTI: Não deve existir sabão antisséptico para higiene das
Área para manipulação com bancadas e cubas de mãos nas pias utilizadas para manipulação e preparo dos
material liso, resistente, e de fácil higienização, para alimentos, devido ao alto risco de contaminação química
manipulação dos produtos vegetais. dos alimentos.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
10. DESENHO (LAYOUT) * não utilizar panos ou sacos plásticos para proteção do
Configuração das áreas de preparação dos alimentos, uniforme;
de modo que o fluxo seja linear, sem cruzamento de * não carregar no uniforme: canetas, lápis, batons,
atividades entre os vários gêneros de alimentos. Se não escovinhas, cigarros, isqueiros, relógios e outros adornos;
houver áreas separadas para os vários gêneros, deve existir * nenhuma peça do uniforme deve ser lavada dentro da
no mínimo um local para pré-preparo (produtos crus) e cozinha.
local para preparo final (cozinha quente e cozinha fria),
além das áreas de retorno de bandejas sujas e lavagem 15.3. HIGIENE DAS MÃOS:
de utensílios, evitando a contaminação cruzada, devendo 15.3.1. FREQUÊNCIA:
o manual de boas práticas garantir a qualidade higiênico- Os funcionários devem lavar as mãos sempre que:
sanitária das alimentos. * chegar ao trabalho;
* utilizar os sanitários;
11. EQUIPAMENTOS * tossir, espirrar ou assoar o nariz;
O dimensionamento dos equipamentos deve ter * usar esfregões, panos ou materiais de limpeza;
relacionamento direto com o volume de produção, tipos de * fumar;
produtos ou padrão de cardápio e sistema de distribuição/ * recolher o lixo e outros resíduos;
venda. Os equipamentos devem ser dotados de superfície * tocar em sacarias, caixas, garrafas e sapatos;
lisa, de fácil limpeza e desinfecção, bem conservados, com * tocar em alimentos não higienizados ou crus;
pinturas claras, sem gotejamento de graxa, acúmulo de * pegar em dinheiro;
gelo e com manutenção constante. * houver interrupção do serviço;
* iniciar um novo serviço;
12. UTENSÍLIOS * tocar em utensílios higienizados;
Utensílios de mesa em quantidade igual ou maior que * colocar luvas;
o número provável de consumidores, lavados manualmente
15.3.2. TÉCNICA:
ou à máquina. Utensílios de preparação suficientes, bem
* umedecer as mãos e antebraços com água;
conservados, sem crostas, limpos e sem resíduos.
* lavar com sabonete líquido, neutro, inodoro. Pode ser
Armazenados, após a lavagem e desinfecção, de forma
utilizado sabonete líquido antisséptico, neste caso, massagear
ordenada e protegidos contra sujidades e insetos.
as mãos e antebraços por pelo menos 1 minuto;
* enxaguar bem as mãos e antebraços;
13. MÓVEIS
* secar as mãos com papel toalha descartável não reciclado,
Mesas, bancadas e prateleiras em número suficiente,
ar quente ou qualquer outro procedimento apropriado;
de material liso, resistente, impermeável, e de fácil limpeza.
* aplicar antisséptico, deixando secar naturalmente ao ar,
quando não utilizado sabonete antisséptico.
14. SISTEMA DE EXAUSTÃO/SUCÇÃO * pode ser aplicado o antisséptico com as mão úmidas.
Com coifa, de material liso, resistente, de fácil limpeza Os antissépticos permitidos são: álcool 70%, soluções
e sem gotejamento de gordura. iodadas, iodóforo, clorohexidina ou outros produtos aprovados
pelo Ministério da Saúde para esta finalidade.
15. HIGIENE PESSOAL
15.1. ESTÉTICA E ASSEIO: 15.4. HIGIENE OPERACIONAL (hábitos):
* banho diário; Os itens relacionados a seguir não são permitidos durante
* cabelos protegidos; a manipulação dos alimentos:
* barba feita diariamente e bigode aparado; * falar, cantar, assobiar, tossir, espirrar, cuspir, fumar;
* unhas curtas, limpas, sem esmalte ou base; * mascar goma, palito, fósforo ou similares, chupar balas,
* uso de desodorante inodoro ou suave sem utilização comer;
de perfumes; * experimentar alimentos com as mãos;
* maquiagem leve; * tocar o corpo;
* não utilização de adornos (colares, amuletos, pulseiras * assoar o nariz, colocar o dedo no nariz ou ouvido, mexer
ou fitas, brincos, relógio e anéis, inclusive alianças); no cabelo ou pentear-se;
* enxugar o suor com as mãos, panos ou qualquer peça
15.2. UNIFORMIZAÇÃO: da vestimenta;
* uniformes completos, de cor clara, bem conservados * manipular dinheiro;
e limpos e com troca diária e utilização somente nas * fumar;
dependências internas do estabelecimento; * tocar maçanetas com as mãos sujas;
* os sapatos devem ser fechados, em boas condições * fazer uso de utensílios e equipamentos sujos;
de higiene e conservação. Devem ser utilizadas meias; * trabalhar diretamente com alimento quando apresentar
* o uso de avental plástico deve ser restrito às atividades problemas de saúde, por exemplo, ferimentos e/ou infecção
onde há grande quantidade de água, não devendo ser na pele, ou se estiver resfriado ou com gastrenterites;
utilizado próximo ao calor; * circular sem uniforme nas áreas de serviço.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
16. HIGIENE AMBIENTAL * uso de escovas, esponjas ou similares de metal, lã,
A higienização do local, equipamentos e utensílios são palha de aço, madeira, amianto e materiais rugosos e
de suma importância, porém além desta rotina deve-se porosos;
também: * reaproveitamento de embalagens de produtos de
* remover o lixo diariamente, quantas vezes necessário, limpeza;
em recipientes apropriados, devidamente tampados e * usar nas áreas de manipulação, os mesmos utensílios
ensacados, tomando-se medidas eficientes para evitar a e panos de limpeza utilizados em banheiros e sanitários.
penetração de insetos, roedores ou outros animais;
* impedir a presença de animais domésticos no local 16.4. PRODUTOS PERMITIDOS PARA DESINFECÇÃO
de trabalho; AMBIENTAL:
* seguir um programa de controle integrado de pragas. PRINCÍPIO ATIVO CONCENTRAÇÃO
Hipoclorito de Sódio: 100 - 250 ppm
Cloro orgânico: 100 - 250 ppm
16.1. PERIODICIDADE DE LIMPEZA:
Quaternário de amônio: 200 ppm
• Diário:
Iodóforos: 25 ppm
* pisos, rodapés e ralos; todas as áreas de lavagem e de
Álcool 70%
produção; maçanetas; lavatórios (pias); sanitários; cadeiras
Outros produtos aprovados pelo M.S. para essa
e mesas (refeitório); monoblocos e recipientes de lixo. finalidade.
• Diário ou de acordo com o uso: O tempo de contato deve ser no mínimo de 15
* equipamentos; utensílios; bancadas; superfícies de minutos, com exceção do álcool 70%, ou de acordo com
manipulação e saboneteiras; borrifadores. recomendações constante do rótulo.
• Semanal:
* paredes; portas e janelas; prateleiras (armários); coifa; 17. HIGIENE DOS ALIMENTOS
geladeiras; câmaras e “freezers”. 17.1. HIGIENE DE HORTIFRUTIGRANJEIROS:
• Quinzenal: A pré-lavagem de hortifruti, quando existente, deve ser
* estoque; estrados. feita em água potável e em local apropriado.
• Mensal: Para o preparo destes gêneros, deve ser realizada a
* luminárias; interruptores; tomadas; telas. higienização completa que compreende :
• Semestral: * lavagem criteriosa com água potável;
* reservatório de água. * desinfecção: imersão em solução clorada por 15 a 30
OBS: minutos;
* teto ou forro; caixa de gordura; filtro de ar * enxágue com água potável.
condicionado, de acordo com a necessidade ou • Não necessitam de desinfecção:
regulamentação específica. * frutas não manipuladas;
* frutas, cujas cascas não são consumidas, tais como:
16.2. ETAPAS OBRIGATÓRIAS NO PROCESSO DE laranja, mexirica, banana e outras, exceto as que serão
HIGIENIZAÇÃO AMBIENTAL: utilizadas para suco;
* lavagem com água e sabão ou detergente; * frutas, legumes e verduras que irão sofrer ação do
* enxágue; calor, desde que a temperatura no interior atinja no mínimo
* desinfecção química: deixar o desinfetante em 74°C;
contato mínimo de 15 minutos; * ovos inteiros, tendo em vista que devem ser
consumidos após cocção atingindo 74°C no interior.
* enxágue;
17.2. PRODUTOS PERMITIDOS PARA DESINFECÇÃO
• No caso de desinfecção pelo calor:
DOS ALIMENTOS:
* imergir por 15 minutos em água fervente ou no
PRINCÍPIO ATIVO CONCENTRAÇÃO
mínimo a 80ºC;
Hipoclorito de Sódio a 2,0 - 2,5% 100 a 250 ppm
* não há necessidade de enxágue. Hipoclorito de Sódio a 1% 100 a 250 ppm
• No caso de utilização de máquina de lavar louça, Cloro orgânico 100 a 250 ppm
devem ser respeitados os critérios:
* lavagem: 55 a 65ºC; 18. DILUIÇÕES
* enxágue: 80 a 90ºC. * solução clorada a 200-250 ppm:
OBS: quando utilizar álcool 70%, não enxaguar e deixar - 10 ml (1 colher de sopa rasa) de água sanitária para
secar ao ar. uso geral a 2,0 - 2,5% em 1 litro de água ou 20 ml (2
colheres de sopa rasas) de hipoclorito de sódio a 1% em
16.3. NÃO É PERMITIDO NOS PROCEDIMENTOS DE 1 litro de água.
HIGIENE * álcool a 70%:
* varrer a seco nas áreas de manipulação; - 250 ml de água (de preferência destilada) em 750 ml
* fazer uso de panos para secagem de utensílios e de álcool 92,8 INPM ou 330 ml de água em 1 litro de álcool.
equipamentos; A solução deve ser trocada a cada 24 horas.

20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
19 - PRODUÇÃO / MANIPULAÇÃO DEFINIÇÕES • Disposição e controle no armazenamento:
DAS ETAPAS BÁSICAS DOS FLUXOS DE OPERAÇÕES EM * a disposição dos produtos deve obedecer a data
ESTABELECIMENTOS PRODUTORES/FORNECEDORES DE de fabricação, sendo que os produtos de fabricação mais
ALIMENTOS antiga são posicionados a serem consumidos em primeiro
lugar (PEPS - primeiro que entra primeiro que sai ou pode-
19.1. RECEBIMENTO: se utilizar o conceito PVPS - primeiro que vence primeiro
Etapa onde se recebe o material entregue por um que sai);
fornecedor, avaliando-o qualitativa e quantitativamente, * todos os produtos devem estar adequadamente
segundo critérios pré-definidos para cada produto. identificados e protegidos contra contaminação;
* observar data de validade e fabricação; * alimentos não devem ficar armazenados junto a
* fazer avaliação sensorial (características produtos de limpeza, químicos, de higiene e perfumaria;
organolépticas, cor, gosto, odor, aroma, aparência, textura, * produtos descartáveis também devem ser mantidos
sabor, e cinestesia). Esta avaliação deve estar baseada nos
separados dos itens citados anteriormente.
critérios definidos pela ABNT Associação Brasileira de
* é proibido a entrada de caixas de madeira dentro da
Normas Técnicas - ANÁLISE SENSORIAL DE ALIMENTOS E
área de armazenamento e manipulação;
BEBIDAS - NBR 12806 - 02/93;
* caixas de papelão não devem permanecer nos locais
* observar as condições das embalagens: devem
estar limpas, íntegras e seguir as particularidades de cada de armazenamento sob refrigeração ou congelamento, a
alimento; menos que haja um local exclusivo para produtos contidos
* alimentos não devem estar em contato direto com nestas embalagens (exemplo: freezer exclusivo ou câmara
papel não adequado (reciclado, jornais, revistas e similares), exclusiva);
papelão ou plástico reciclado; * alimentos ou recipientes com alimentos não devem
* observar as condições do entregador: deve estar estar em contato com o piso, e sim apoiados sobre estrados
com uniforme adequado e limpo, avental, sapato fechado, ou prateleiras das estantes. Respeitar o espaçamento
proteção para o cabelo ou mãos (rede, gorro ou luvas) mínimo necessário que garanta a circulação de ar (10 cm);
quando necessário; * alimentos que necessitem serem transferidos de
* conferir a rotulagem: deve constar nome e composição suas embalagens originais devem ser acondicionados de
do produto, lote, data de fabricação e validade, número de forma que se mantenham protegidos, devendo serem
registro no órgão oficial, CGC, endereço do fabricante e acondicionados em contentores descartáveis ou outro
distribuidor, condições de armazenamento e quantidade adequado para guarda de alimentos, devidamente
(peso); higienizados. Na impossibilidade de manter o rótulo
* observar o certificado de vistoria do veículo de original do produto, as informações devem ser transcritas
transporte; em etiqueta apropriada (vide sistema de etiquetagem);
* realizar controle microbiológico e físico-químico * produtos destinados à devolução devem ser
quando necessário, através de laboratório próprio ou identificados por fornecedor e colocados em locais
terceirizado; apropriados separados da área de armazenamento e
* medir as temperaturas, as quais devem estar manipulação;
adequadas e serem registradas no ato do recebimento. * nunca utilizar produtos vencidos;
Os perecíveis devem cumprir os seguintes critérios de * quando houver necessidade de armazenar diferentes
temperatura: gêneros alimentícios em um mesmo equipamento
congelados: -18ºC com tolerância até -12ºC; refrigerador, respeitar: alimentos prontos para consumo
resfriados: 6 a 10ºC, ou conforme a especificação do
dispostos nas prateleiras superiores; os semi prontos e/ou
fabricante;
pré-preparados nas prateleiras do meio e o s produtos crus
refrigerados: até 6ºC com tolerância até 7ºC.
nas prateleiras inferiores, separados entre si e dos demais
produtos;
19.2. ARMAZENAMENTO:
Etapa envolvendo 3 procedimentos básicos: * as embalagens individuais de leite, ovo pasteurizado
* armazenamento sob congelamento: etapa onde e similares podem ser armazenadas em geladeiras ou
os alimentos são armazenados à temperatura de 0ºC ou câmaras, devido seu acabamento ser liso, impermeável e
menos, de acordo com as recomendações dos fabricantes lavável;
constantes na rotulagem ou dos critérios de uso; * podem ser armazenados no mesmo equipamento
* armazenamento sob refrigeração: etapa onde os para congelamento (“freezer”) tipos diferentes de alimentos,
alimento são armazenados à temperatura de 0ºC a 10ºC, de desde que devidamente embalados e separados.
acordo com as recomendações dos fabricantes constantes
na rotulagem ou dos critérios de uso; 19.3. CONGELAMENTO:
* estoque seco: etapa onde os alimentos são Etapa onde os alimentos passam da temperatura
armazenados à temperatura ambiente, segundo original para faixas de temperaturas abaixo de 0ºC em 6
especificações no próprio produto e recomendações dos horas ou menos.
fabricantes constantes na rotulagem.

21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
19.4. DESCONGELAMENTO DE CARNES, AVES E * lavar em água potável as embalagens impermeáveis,
PESCADOS: antes de abri-las;
Etapa onde os alimentos passam da temperatura * tempo de manipulação de produtos perecíveis em
de congelamento para até 4ºC, sob refrigeração ou em temperatura ambiente não deve exceder a 30 minutos por
condições controladas. lote e a 2 horas em área climatizada entre 12ºC e 18ºC.
Requisitos para descongelamento seguro:
1) em câmara ou geladeira a 4ºC; 19.8.1. ARMAZENAMENTO PÓS-MANIPULAÇÃO:
2) em forno de convecção ou micro-ondas; * todos os alimentos que foram descongelados para
3) em água com temperatura inferior a 21ºC por 4 serem manipulados, não devem ser recongelados crus;
horas; * todos os alimentos pré-preparados ou prontos
4) em temperatura ambiente, em local sem mantidos em armazenamento, devem ser devidamente
contaminação ambiental (vento, pó, excesso de pessoas, identificados por etiquetas;
utensílios, etc.), monitorando a temperatura superficial, * alimentos prontos congelados que foram
sendo que ao atingir 3 a 4ºC deve-se continuar o degelo descongelados não devem ser recongelados;
na geladeira a 4ºC; * alimentos crus semi prontos preparados com carnes
5) utilização de peças cárneas ou filetadas de até 2 kg, descongeladas podem ser congelados desde que sejam
embaladas por peças ou em suas embalagens originais; utilizados diretamente na cocção, atingindo no mínimo
6) após o descongelamento o produto deve ficar na 74ºC no centro geométrico;
geladeira a 4ºC, conforme critérios de uso. * alimentos que foram retirados da embalagem original,
manipulados e armazenados crus sob refrigeração, devem
19.5. ESPERA PÓS-COCÇÃO: ser devidamente identificados por etiquetas, respeitando
Etapa onde os alimentos que sofreram cocção devem os critérios de uso;
atingir 55ºC em sua superfície, para serem levados à * alimentos industrializados que não tenham sido
refrigeração. utilizados totalmente, e que necessitem serem retirados da
embalagem original, devem ser retirados da embalagem
original, colocados em embalagens adequadas e
19.6. REFRIGERAÇÃO:
identificados por etiquetas, respeitando os critérios de uso.
Etapa onde os alimentos passam da temperatura
19.8.2.DESSALGUE:
original ou pós-cocção (55ºC), para a temperatura
Etapa onde as carnes salgadas são submetidas à
específica de cada produto de acordo com os requisitos
retirada do sal sob condições seguras:
estabelecidos abaixo:
* trocas de água no máximo a 21ºC ou a cada 4 horas;
* em água sob refrigeração até 10ºC;
19.6.1. REQUISITOS PARA REFRIGERAÇÃO SEGURA DE
* através de fervura.
ALIMENTOS QUE SOFRERAM COCÇÃO
55ºC – 21ºC a 4ºC de 2 horas a 6 horas 19.9. COCÇÃO:
No resfriamento forçado até 21ºC e consequente Etapa onde os alimentos devem atingir no mínimo
refrigeração até 4ºC, pode ser utilizado: imersão em gelo, 74ºC no seu centro geométrico ou combinações de tempo
freezer (-18ºC), geladeira (2 a 3ºC) ou equipamento para e temperatura como 65ºC por 15 minutos ou 70ºC por 2
refrigeração rápida. minutos.
Entre os diversos métodos de cocção, ressalta-se
19.6.2. REQUISITOS PARA REFRIGERAÇÃO DE a cocção por fritura, que deve atender aos seguintes
ALIMENTOS QUE NÃO SOFRERAM COCÇÃO: requisitos:
Os alimentos que não sofreram cocção, ou que foram * os óleos e gorduras utilizados nas frituras não devem
manipulados em temperatura ambiente, devem atingir ser aquecidos a mais de 180ºC;
a temperatura recomendada (vide critérios de uso) em 6 * o óleo deve ser desprezado sempre que houver
horas. alteração de qualquer uma das seguintes características:
sensoriais (cor, odor, sabor, etc.) ou Físico-Químicas (ponto
19.7. RECONSTITUIÇÃO: de fumaça, pH, peroxidase, etc.). Podem ser utilizados
Etapa onde os alimentos a serem reconstituídos testes físico-químicos comerciai s rápidos, desde que
recebem a adição de água própria para consumo e, após comprovada a sua qualidade e eficácia;
esta reconstituição, devem ser consumidos imediatamente * a reutilização do óleo só pode ser realizada
ou aquecidos ou refrigerados, conforme critérios de uso. quando este não apresentar quaisquer alterações das
características físico-químicas ou sensoriais. O óleo deve
19.8. PRÉ-PREPARO / PREPARAÇÃO: ser filtrado em filtros próprios ou pano branco fervido por
Etapa onde os alimentos sofrem tratamento ou 15 minutos. Quando utilizar fritadeiras com filtro, seguir as
modificações através de higienização, tempero, corte, recomendações do fabricante e observar as características
porcionamento, seleção, escolha, moagem e/ou adição de físico-químicas ou sensoriais.
outros ingredientes.

22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
19.10. REAQUECIMENTO: * reaquecidas a 74ºC e quando atingirem 55ºC na
Etapa onde os alimentos que já sofreram cocção inicial superfície devem ser resfriadas a 21ºC em 2 horas, devendo
devem atingir novamente a temperatura de segurança no atingir 4ºC em mais 6 horas, para serem reaproveitadas no
centro geométrico. máximo em 24 horas;
* na conduta acima, após atingirem 55ºC, podem ser
19.11. ESPERA PARA FORNECIMENTO/DISTRIBUIÇÃO: congeladas, devendo serem seguidos os critérios de uso
Etapa onde os alimentos quentes devem ser mantidos para congelamento;
a 65ºC ou mais, até o momento da distribuição; e os * alimentos que sofreram tratamento térmico e que
alimentos frios devem ser mantidos abaixo de 10ºC até o serão destinados à refrigeração devem ser armazenados
momento da distribuição, temperaturas estas, medidas no em volumes ou utensílios com altura máxima de 10 cm,
centro geométrico dos alimentos. devendo serem cobertos quando atingirem a temperatura
de 21º C ou menos.
19.12. PORCIONAMENTO: • Sobras frias:
Etapa onde os alimentos prontos para consumo sofrem Sobras de alimentos que ficaram sob requisitos de
manipulação com a finalidade de se obter porções menores. segurança, devem ser:
Nesta etapa a manipulação deve ser realizada * refrigerados de modo que a temperatura interna do
observando-se procedimentos que evitem a alimento atinja 4ºC em 4 horas, podendo ser utilizados por
recontaminação ou a contaminação cruzada. no máximo 24 horas;
* também podem ser reaproveitados para pratos
19.13. DISTRIBUIÇÃO: quentes, devendo ser levados à cocção a 74ºC e mantidos
Etapa onde os alimentos estão expostos para o a 65ºC para distribuição por no máximo 12 horas;
consumo imediato, porém sob controle de tempo e * após atingirem 55ºC devem ser resfriados a 21ºC
temperatura para não ocorrer multiplicação microbiana em 2 horas e atingirem 4ºC em mais 6 horas, devendo ser
e protegidos de novas contaminações, devendo serem mantidos nesta temperatura para reaproveitamento, como
seguidas as seguintes condutas e critérios para distribuição pratos quentes, por no máximo 24 horas;
de alimentos quentes e frios: * no reaproveitamento citado anteriormente, as sobras
• Alimentos quentes: também podem ser congeladas, segundo os critérios de
* podem ficar na distribuição ou espera a 65ºC ou uso para congelamento.
mais por no máximo 12 h ou a 60ºC por no máximo 6 h ou
abaixo de 60ºC por 3 h; 20. CRITÉRIOS DE USO
* os alimentos que ultrapassarem os prazos estipulados Para produtos industrializados em suas embalagens
devem ser desprezados. originais observar as informações do fornecedor.
• Alimentos frios: Para produtos manipulados e/ou embalagens de
Alimentos frios potencialmente perigosos que produtos industrializados abertos, seguir os critérios
favorecem uma rápida multiplicação microbiana: abaixo:
* devem ser distribuídos no máximo a 10ºC por até 4
horas; 20.1.CONGELAMENTO:
* quando a temperatura estiver entre 10ºC e 21ºC, só Temperatura Tempo máximo de armazenamento
podem permanecer na distribuição por 2 horas; 0 a -5ºC 10 dias
* alimentos frios que ultrapassarem os critérios de -5 a -10ºC 20 dias
tempo e temperatura estabelecidos devem ser desprezados. -10 a -18ºC 30 dias
< -18ºC 90 dias
19.14. SOBRAS:
São alimentos prontos que não foram distribuídos ou 20.2.REFRIGERAÇÃO:
que ficaram no balcão térmico ou refrigerado. Somente pescados e seus produtos manipulados crus: até 4ºC
podem ser utilizadas sobras que tenham sido monitoradas. por 24 horas;
Alimentos prontos que foram servidos não devem ser carne bovina, suína, aves e outras e seus produtos
reaproveitados. manipulados crus: até 4ºC por 72 horas;
hortifruti: até10ºC por 72 horas;
19.14.1. REQUISITOS PARA REAPROVEITAMENTO DE alimentos pós-cocção: até 4ºC por 72 horas;
SOBRAS pescados pós-cocção: até 4ºC por 24 horas;
• Sobras quentes: sobremesas, frios e laticínios manipulados: até 8ºC por
Sobras que ficaram sob requisitos de segurança, devem 24 horas,
ser: até 6ºC por 48 horas ou
* reaquecidas a 74ºC e mantidas a 65ºC ou mais para até 4ºC por 72 horas;
serem servidas, por no máximo 12 horas; maionese e misturas de maionese com outros
alimentos: até 4ºC por 48 horas ou até 6ºC por 24 horas.

23
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
OBS: Outras preparações podem seguir outros critérios, 23.2. NA UTILIZAÇÃO
desde que sejam observados: o tipo de alimento e suas * armazenar os ovos de acordo com as instruções do
características intrínsecas (Aa, pH, etc.), procedendo-se ao fornecedor;
estudo da “vida de prateleira” através de análise sensorial, * não utilizar ovos com a casca rachada;
microbiológica seriada e se necessário físico-química. * evitar misturar a casca com o conteúdo do ovo;
* não reutilizar as embalagens de ovos, nem utilizá-las
21. GUARDA DE AMOSTRAS para outras finalidades.
A guarda de amostra deve ser realizada com o
objetivo de esclarecimento de ocorrência de enfermidade 23.3. NA PREPARAÇÃO
transmitida por alimentos prontos para o consumo. * não oferecer para consumo ovos crus;
• As amostras que devem ser colhidas são: * não oferecer para consumo alimentos preparados
* componentes do cardápio da refeição servida , na onde os ovos permaneçam crus;
distribuição, 1/3 do tempo antes do término da mesma.
* preparações sem cocção (cremes, mousses,
• Técnica de colheita:
maioneses, etc.) utilizar:
* identificar as embalagens ou sacos esterilizados ou
• ovos pasteurizados
desinfetados com nome do local, data, horário, produto e
• ovos desidratados
nome do responsável pela colheita;
* proceder a higienização das mãos; • ovos cozidos
* abrir a embalagem ou o saco sem tocá-lo internamente * preparações quentes;
nem soprá-lo; * ovos cozidos por 7 minutos em fervura, no mínimo;
* colocar a amostra do alimento; * ovos fritos com a gema dura;
* retirar o ar e vedar. * omeletes, empanados, milanesa, bolos, doces, etc.,
• Utensílios utilizados para colheita: atingir 74ºC no centro geométrico.
* utilizar os mesmos utensílios da distribuição (um
para cada tipo de alimento). Podem ser utilizados também 24. TRANSPORTE
utensílios desinfetados com álcool 70%, fervidos por 10- Requisitos para o transporte de alimentos:
15 minutos ou flambados, ou qualquer outro método de * os meios de transporte de alimentos destinados ao
desinfecção próprio para esta finalidade. consumo humano, refrigerados ou não, devem garantir a
• Quantidade da amostra: integridade e a qualidade a fim de impedir a contaminação
* mínimo de 100 g e deterioração dos produtos;
• Armazenamento: * é proibido manter no mesmo continente ou
* por 72 horas sob refrigeração até 4ºC ou sob transportar no mesmo compartimento de um veículo,
congelamento a -18ºC. Líquidos só podem ser armazenados alimentos prontos para o consumo, outros alimentos
por 72 horas sob refrigeração até 4ºC. e substâncias estranhas que possam contaminá-los ou
corrompê-los;
22. SISTEMA DE ETIQUETAS DE IDENTIFICAÇÃO * excetuam-se da exigência do item anterior, os
As etiquetas devem ser colocadas em cada alimento alimentos embalados em recipientes hermeticamente
embalado ou nos lotes de monoblocos, assadeiras ou fechados, impermeáveis e resistentes, salvo com produtos
gastronormes com os alimentos não embalados. tóxicos;
Fornecedor N.º de Registro N.º da Nota Fiscal Produto * não é permitido transportar alimentos conjuntamente
Marca Origem Conservação Prazo de Validade * Utilizar até com pessoas e animais;
**
* a cabine do condutor deve ser isolada da parte que
* de acordo com a rotulagem
contém os alimentos, e esta deve ser revestida de material
** a data estabelecida deve estar de acordo com os
liso, resistente, impermeável, atóxica e lavável;
critérios de uso
* no transporte de alimentos deve constar nos lados
23. UTILIZAÇÃO DE OVOS direito e esquerdo, de forma visível, dentro de um retângulo
Os ovos podem estar contaminados com Salmonella de 30 cm de altura por 60 cm de comprimento, os dizeres:
sp. tanto na casca como na gema. Existem medidas de transporte de alimentos, nome, endereço e telefone da
controle que devem ser realizadas na indústria, porém a empresa, produto perecível (quando for o caso);
qualidade sanitária das preparações à base de ovos nas * os veículos de transporte de alimentos devem possuir
empresas fornecedoras de alimentos pode ser garantida certificado de vistoria, de acordo com a legislação vigente;
com os seguintes procedimentos: * os métodos de higiene e desinfecção devem ser
adequados às características dos produtos e dos veículos
23.1. NA COMERCIALIZAÇÃO E NA COMPRA: de transportes;
* é proibida a venda de ovos com a casca rachada; * quando a natureza do alimento assim o exigir deve ser
* verificar se os ovos estão estocados em local arejado, colocado sobre prateleiras e estrados, quando necessários
limpo e fresco, longe de fontes de calor; removíveis, de forma a evitar danos e contaminação;
* conferir o prazo de validade.

24
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
* os materiais utilizados para proteção e fixação da
carga (cordas, encerados, plásticos e outros) não devem CONTROLE DE ESTOQUE DE MATERIAL DE
constituir fonte de contaminação ou dano para o produto,
LIMPEZA, DE COZINHA E DE MEDICAMENTOS;
devendo os mesmos serem desinfetados juntamente com
HIGIENE PESSOAL, AMBIENTAL E DE
o veículo de transporte;
MATERIAIS DE CONSUMO;
* a carga e/ou descarga não devem representar risco
de contaminação, dano ou deterioração do produto e/ou
matéria-prima alimentar;
* nenhum alimento deve ser transportado em contato A Organização e o Controle do Estoque dos Alimentos
direto com o piso do veículo ou embalagens ou recipientes e Insumos
abertos; • O estoque de alimentos é o local de armazenamento
* os equipamentos de refrigeração não devem das matérias-primas que são utilizadas na elaboração das
apresentar risco de contaminação para o produto e deve refeições. 
garantir, durante o transporte, temperatura adequada para • Os alimentos são armazenados de acordo com as
o mesmo; suas características organolépticas. O local deve ter estra-
* os alimentos perecíveis crus ou prontos para o dos e estantes apropriados para armazenar os alimentos
consumo devem ser transportados em veículo fechado, não perecíveis, câmara fria (ou geladeira industrial e free-
dependendo da natureza sob: zer) para armazenar os alimentos perecíveis e os semipere-
cíveis e adega para os vinhos. 
• refrigeração ao redor de: 4ºC, com tolerância até 7ºC;
• As condições físicas e estruturais do local devem estar
• resfriamento ao redor de: 6ºC, não ultrapassando
de acordo com a organização, limpeza, higiene e o trabalho
10ºC ou conforme especificação do fabricante expressa
dos funcionários.
na rotulagem;
• As orientações atuais são de manter o estoque de
• aquecimento com tolerância até: 60ºC; produtos armazenados baixo e uma alta frequência de re-
• congelamento com tolerância até: -12ºC. posição e rotatividade.
* os veículos de transporte que necessitem controle • Os cuidados são relacionados com a logística do for-
de temperatura devem ser providos permanentemente de necedor na entrega e na disponibilidade dos produtos ad-
termômetros calibrados e de fácil leitura; quiridos para o restaurante, o que garante a possibilidade
* os critérios de temperaturas fixados são para os de diversificar os produtos com maior frequência e apro-
produtos e não para os veículos; veitar melhor as ofertas apresentadas.
* a exigência de veículos frigoríficos fica na dependência • As compras dos produtos alimentícios in natura de-
do mecanismo de transporte e das características do vem apresentar padronização. É importante, também, veri-
produto. ficar se as caixas de transporte são de polipropileno, mate-
rial passível de lavagem e esterilização.
25. USO DE TERMÔMETROS
Os termômetros devem ser periodicamente aferidos, Nos produtos industrializados devem ser verificados:
através de equipamentos próprios ou de empresas • Os registros de acordo com a Vigilância Sanitária;
especializadas. • As rotulagens que devem apresentar nome da marca,
Quando usados, não devem propiciar risco de identificação da origem, tipo de conteúdo, lote, preparo e
contaminação. instruções de uso, lista dos ingredientes, declaração dos
Suas hastes devem ser lavadas e desinfetadas antes e nutrientes e prazo de validade;
depois de cada uso. • Verificar se as embalagens estão íntegras e não apre-
sentam amassados, rasgados, trincas, ferrugem, furos, va-
26. REGISTRO DAS MEDIÇÕES REALIZADAS zamentos, abertos ou outros problemas;
Deve ser mantido registro das medições efetuadas em • Verificar as condições de sanidade de todos os pro-
planilhas próprias. dutos, as datas de validade, o peso e a integridade das em-
balagens. 
• Fazer aferição da temperatura dos produtos refrigera-
dos e congelados antes de armazená-los; 
• São recomendações da ANVISA que as embalagens
devem ser limpas antes de serem armazenadas e lavadas
antes de utilizadas (latas, vidros, caixas tipo longa vida, gar-
rafas plásticas, etc.). 
• O profissional responsável pelo recebimento dos pro-
dutos – o estoquista – deve ter informações sobre a mer-
cadoria adquirida e verificar se estão dentro das exigências
legais para recebimento.

25
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
O Fornecedor Produtos congelados.
Para escolha e seleção dos fornecedores de produtos
alimentícios e insumos, devem ser analisadas se as condi- Alimentos não perecíveis: 
ções técnicas estão de acordo com as exigências da AN- Podem ser armazenados em temperatura ambiente,
VISA.  apresentam estabilidade na sua conservação e possui baixa
ou nenhuma umidade. 
Por meio de visitas técnicas, devem observar: Apresentam características microbiológicas e físico-
• Se a empresa apresenta licença da ANVISA; -químicas garantidas até o prazo de validade, desde que
• Se as condições ambientais são adequadas ao armaze- conservados no local adequado. 
namento dos produtos; São submetidos a processos de conservação para au-
• A qualidade da matéria-prima oferecida; mentar a vida útil por meio de técnicas de conservação e
• A qualificação dos funcionários; das embalagens, como os enlatados, em vidros, desidrata-
• O atendimento ao cliente.
dos, etc.
São exemplos de alimentos não perecíveis:
Para a logística da entrega dos produtos, conside-
rar: 
• Grãos secos: arroz, milho, feijão, soja, amendoim,
• Responsabilidade no cumprimento dos prazos de en-
trega; grão-de-bico, lentilha.
• As condições físicas do veículo de transporte; • As farinhas: de trigo, de milho, de mandioca.
• A oferta de variadas formas de pagamento e os custos • Os cereais matinais.
na negociação; • Subprodutos de farinhas: massas, biscoito, bolachas,
• O prazo para pedidos com antecedência e de paga- pães, bolos.
mentos; • Enlatados: ervilhas, milho verde, palmito, molhos
• As formas ofertadas para as solicitações e compras, prontos (condimentados).
por exemplo: através de telefone, internet ou visita no local, • Carnes desidratadas ou salgadas.
terceirização, etc. • Produtos pasteurizados: sucos, molhos (in natura),
geleias.
O Armazenamento dos Alimentos • Doces industrializados: enlatados, em vidro ou secos.
Para manter a qualidade e integridade dos alimentos
armazenados no estoque, são necessários que vários pré-
-requisitos sejam respeitados para evitar perdas ou riscos Alimentos semiperecíveis
na utilização de produtos com data de validade vencida ou São produtos com umidade relativa e devem ser man-
estragados por armazenamentos inadequados.  tidos sob refrigeração. Exemplos de alimentos semipere-
cíveis:
Observar nos produtos armazenados a data de aquisi-
ção e de validade e priorizar o uso dos que já se encontram Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/
armazenados quando houver a compra de novos.  artigos/idiomas/a-organizacao-e-o-controle-do-estoque-
-dos-alimentos-e-insumos/65382
Primeiro que vence – Primeiro que sai.
PV - PS Armazenamento de Medicamentos, Produtos de
Saúde e Dispositivos Médicos
Para manter a integridade, os alimentos são classifica-
dos em:
Armazenamento Geral
Devem ser criadas as condições necessárias de arma-
zenamento de fármacos de modo a garantir uma correta
Alimentos perecíveis:
São alimentos que apresentam rápida multiplicação conservação. O espaço de armazenamento de fármacos
microbiana. Têm características microbiológicas, sensoriais, será influenciado por múltiplos e diversos fatores.
nutricionais e físico-químicas com prazo de validade menor Deve ter-se em conta:
que os demais produtos. − Superfície e prestação de serviço da Unidade
− Unidade de Saúde é ou não abastecida por Serviço
Devem ser armazenada em baixa temperatura na câ- Farmacêutico Centralizado.
mara fria, geladeira ou congelados (em freezer). São exem- − Número de camas.
plos de alimentos perecíveis: − Tempo de internamento (Unidade de curta/ média /
longa duração)
• Carnes: bovinos, peixes, aves, suínos, vísceras, embu- − Local de acesso fácil para comunicação externa (re-
tidos. cepção do medicamento), e comunicação interna (distri-
• Laticínios: leite, iogurte, manteiga, alguns queijos. buição do medicamento).
• Ovos.

26
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
Armazém – Estrutura Física Armazenamento Especial
a. Área de armazenamento deverá ser desenhada ou Deve contemplar todas as recomendações descritas no
adaptada de modo a assegurar boas condições de armaze- armazenamento geral com as particularidades seguintes:
namento;
b. Área adequada aos produtos farmacêuticos; Estrutura física/ Equipamento
c. Dotada de ventilação, proteção da luz solar direta, ilu- Inflamáveis:
minação, temperatura e humidade controladas. (temperatu- a. Local individualizado do restante armazém, a sua di-
ra abaixo dos 25ºC, humidade inferior a 60%); mensão vai estar dependente do número e da variedade
d. Facilidade de limpeza; das especialidades a armazenar.
e. Fechadura exterior que permita encerramento; b. Espaço com detector de fumos
f. Janelas se existirem devem ser protegidas contra in- c. Sistema de ventilação
trusão; d. Chuveiro de deflagração.
g. Portas largas onde possam circular palhetes no casos e. Instalação eléctrica do tipo anti-deflagrante
de um armazém de injetáveis de grandes volumes;
h. Proximidade com elevador / monta cargas; Gases Medicinais: área separada do restante armazém
i. Dimensões adequadas á instalação de suportes para
armazenagem de medicamentos e/ou soluções injetáveis de Estupefacientes e Psicotrópicos:
grande volume, como estantaria de metal ou prateleiras; a. Local reservado com fechadura de segurança
j. Nenhum produto deverá assentar diretamente no b. Prateleiras que permitam a arrumação dos medica-
chão, estando devidamente espaçado de modo a permitir mentos estupefacientes/psicotrópicos de forma correta.
limpeza e inspeção;
k. A arrumação dos medicamentos deve ser feita por Citotóxicos:
ordem alfabética do nome genérico, por especialidade far- a. Armazenamento em local seguro, armário especifico
macêutica, devidamente identificadas com o código do pro- e separado dos outros medicamentos.
duto; b. Estojo de Emergência e local seguro e assinalado.
l. Deve permitir rotação adequada dos stocks garantin-
do que sejam utilizados em primeiro lugar os medicamentos Medicamentos e Reagentes que necessitam refrige-
de menor prazo de validade, ou mantendo o princípio: pri- ração:
meiro entrado/ primeiro saído; a. Refrigeração
m. Produtos farmacêuticos e fármacos danificados ou b. Temperaturas entre 2-8ºC
partidos devem ser retirados do restante stock existente; c. Sistema de controle e registo da temperatura.
n. Os prazos de validade devem estar devidamente veri- A refrigeração que contenham quantidades signifi-
ficados e controlados, preferencialmente por via informática. cativas de produtos farmacêuticos, devem estar sempre
equipadas com sistema de controle e registo da tempera-
Equipamento tura máxima e mínima e, alarme permanentemente ativado
a. Mobiliário adequado para acondicionamento de fár- para avisar sempre que ocorra uma alteração anormal da
macos, (estantes fechadas e de fácil acesso e higienização). temperatura.
b. Paletes para injetáveis de grande volume em material A conservação correta dos medicamentos é um fator
apropriado (ex: poliestireno expandido). crítico para garantir a sua qualidade, eficácia e segurança,
c. Bancada de trabalho. pelo que é imprescindível a implementação de procedi-
d. Para registo de temperatura e humidade: termo – hi- mentos de trabalho que asseguram essa conservação.
grómetro
e. Lavatório para lavagem de mãos. Condições de Armazenamento-Monitorização
Como controlar a temperatura adequadamente:
Equipamento de Segurança a. Criar um registo diário da temperatura máxima /mí-
a. Extintor nima, sendo registadas as ações que foram tomadas em
b. Sistema de Alarme caso de anomalia; esses registos devem ficar arquivados
c. Estojo de primeiros socorros em local bem assinalado para posterior comprovação.
d. Sinalética adequada b. No momento da recepção de medicamentos termo
lábeis deve verificar-se se a cadeia de frio se manteve; caso
Recursos Humanos não se verifique os produtos devem ser devolvidos ao for-
a. Os recursos humanos que desempenhem funções nas necedor.
áreas de armazenamento, devem receber formação própria, c. Os medicamentos que se encontrem alterados ou
relativamente a normas de correto armazenamento, regula- que ofereçam dúvidas sobre o seu estado e qualidade de
mentação, procedimentos e segurança. conservação deverão ser registados e devolvidos ao forne-
b. Os recursos humanos que desempenhem funções nas cedor, ou destruídos , caso não for possível.
áreas de armazenamento, deverão ter vestuário apropriado d. Os equipamentos de monitorização devem ser cali-
à atividade desenvolvida brados com um regularidade predefinida.

27
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
Rotação de Estoque- Controle Medicamentos de Geladeiras- geladeira ou câmara
a. Inventários periódicos deverão ser executados de frigorífica; Temperatura entre 2- 8ºC; Local isento de con-
modo a fazer-se a comparação entre o stock real atual e o densação de humidade; Controlo e registo da temperatura;
stock em registo informático. Alarme automático.
b. Todas as discrepâncias de stock deverão ser regista-
das e verificadas novamente de modo a corrigir a situação. Medicamentos que necessitam de congelação- Exis-
tência de arcas congeladoras com controlo e registo per-
Estoque devolvido- Devoluções manente da temperatura.
a. Todo o material devolvido ao armazém de fármacos A arrumação deve ser feita imediatamente após recep-
e consumíveis, deve ser registado como devolução. ção e de acordo com as seguintes prioridades:
b. Todos os produtos farmacêuticos e fármacos dos − Medicamentos que necessitam de refrigeração.
utentes, não deverão voltar a fazer parte do stock. Devem − Medicamentos Estupefacientes/Psicotrópicos e Ben-
ser destruídos. zodiazepinas e Citotóxicos.
− Outros.
Armazenamento de Fármacos A arrumação deve ser feita no local próprio de cada
Condições Gerais medicamento, colocando sempre à frente o prazo de vali-
Área- adequada aos produtos farmacêuticos. dade curto.

Medicamentos arrumados por ordem alfabética de Referências:


nome genérico por especialidade farmacêutica , em pra- “Boas Práticas da Farmácia Hospitalar”- Ordem dos Far-
teleiras ou gavetas devidamente identificados, (nunca em macêuticos
contato com o chão) de modo a haver circulação de ar en- “Manual da Farmácia Hospitalar”- Infarmed
tre eles.
Higiene: pessoal, ambiental e dos alimentos.
Facilidade de limpeza
Fechadura exterior que permita o fechamento. Conceito de higiene?
Higiene refere-se a uma ciência que estuda formas e
regras para preservar os indivíduos e os animais de doen-
Permitir condições de rotação de stock- primeiro en-
ças e para manter a saúde. A palavra higiene se origina da
trado/primeiro saído, exceto nos casos em que o prazo de
deusa “Hygia”, da  mitologia grega, filha de Esculápio e
validade ou produto em causa o determine.
irmã de Panacéia. De acordo com a mitologia, Panacéia se
dedicava ao ajudar o pai na colheita de ervas medicinais e
Janelas, se existirem, devidamente protegidas.
tratamento das enfermidades, enquanto Hygia preocupa-
va-se em ensinar o povo os meios de conservar a saúde,
Portas largas onde possam circular paletes no caso de
evitando-se a utilização de medicamentos, e priorizando a
armazém de injetáveis de grande volume.
adoção de medidas preventivas, para melhorar a qualidade
de vida.
Dimensões adequadas à instalação de suportes para Ao falar sobre higiene devemos levar em consideração
armazenamento de medicamentos e/ ou soluções de gran- que em  Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) a
de volume como prateleiras e/ou armários, para que ne- mesma engloba três aspectos: higiene pessoal, higiene do
nhum produto assente diretamente no chão. ambiente e higiene dos alimentos.
Condições ambientais- Temperatura máxima 25ºc; Higiene pessoal
Humidade inferior a 60%; Luz- Proteção solar direta. Pensar a  higiene corporal  é pensar numa condição
de vida saudável. Para isso, é necessária que se adquiram
Condições Especiais hábitos de higiene corporal desde a infância, como práti-
Estupefacientes, Psicotrópicos e Benzodiazepinas- ca sistemática. De acordo com a Organização Mundial da
Local reservado, com fechadura de segurança. Saúde (OMS), higiene se refere ao campo de conhecimento
Prateleiras que permitam a arrumação destes medica- que trata de evitar doenças e de promover a saúde. A hi-
mentos separados e identificados. giene do corpo compreende a higiene da pele, boca, ouvi-
Injetáveis de grande volume- Espaço próprio ade- dos, pés, olhos cabelos e mãos.
quado a grandes volumes Na higiene corporal devemos ter uma maior atenção
Citotóxicos- Armazenamento em local seguro. Exis- com as mãos, pois utilizando-se delas é que os indivíduos
tência de um kit de emergência em local visível. realizam suas atividades, e nela encontramos a maior fonte
Inflamáveis- Espaço com detector de fumos, sistema de contaminação. Então através do simples ato de lavar
de ventilação, chuveiro de deflagração automática de acor- as mãos  com água e sabão, é que conseguimos fazer a
do com a legislação vigente. remoção das  bactérias  transitórias e algumas residentes,
Gases Medicinais- Área separada do restante arma- como também células descamativas, pêlos, suor, sujidades
zém. e oleosidade da pele.

28
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
Higiene do ambiente por alimentos contaminados constituem um dos proble-
Para garantir a saúde humana e a qualidade total do mas sanitários mais difundidos no mundo de hoje. Em fun-
alimento, é necessário que o ambienteesteja organizado ção disso, essa mesma entidade elaborou as chamadas Re-
e livre de lixo, entulhos e materiais em desuso. Algumas gras de Ouro para a preparação higiênica de alimentos,
regras  são importantes para se manter a  sanidade am- as quais seriam:
biental e a segurança dos alimentos.  Escolher alimentos tratados de forma higiênica;
 Produtos alimentícios  devem ser separados  Cozinhar bem os alimentos;
dos  produtos químicos  (desinfetantes, cloro, inseticidas  Consumir imediatamente os alimentos cozidos;
etc.); estes não podem estar ao alcance das crianças.  Armazenar cuidadosamente os alimentos cozidos;
 Quando necessário embrulhar alimentos em plás-  Reaquecer bem os alimentos cozidos;
tico de 1º uso transparente (Ex: ao cortar uma fruta);  Reaquecer bem os alimentos cozidos;
 Elaborar alimentos em pequenas porções e man-  Lavar as mãos constantemente;
tê-los criteriosamente acondicionado caso o mesmo não  Manter escrupulosamente limpas todas as super-
seja totalmente consumido; fícies da cozinha;
 Não  descongelar  alimentos expondo-os à  tem-  Manter os alimentos fora do alcance de insetos,
peratura ambiente. O descongelamento deve ser feito à
roedores e outros animais;
temperatura de refrigeração ou com o alimento acondicio-
 Utilizar água de boa qualidade.
nado sob água corrente em local criteriosamente limpo e
desinfetado;
 Utilizar imediatamente o alimento que foi descon- Fonte: http://mcnutrir.com.br/artigos/higiene-pessoal-
gelado e não recongelá-lo; -ambiental-e-dos-alimentos/
 Alimentos como (massas, carne, recheios de san-
duíches, etc), devem ser mantidos acondicionados, pois, de
acordo com sua natureza necessitam de proteção contra NOÇÕES BÁSICAS DE CUIDADOS COM A
insetos, poeiras e outros agentes nocivos;
PESSOA HUMANA.
 As  lixeiras  utilizadas no ambiente devem ser
com pedal, tampa e sacolas plásticas para manter pragas
(ratos, baratas, etc.) distantes;
 Bagaços e resíduos devem estar acondicionados Higiene
e armazenados em local apropriado para a sua remoção
final. Higiene – Em um sentindo mais simples é limpeza, as-
seio. Agora em uma forma mais abrangente é um conjunto
Higiene dos alimentos de conhecimentos (métodos e técnicas de desinfecção, de
Os alimentos em geral são fonte de prazer e de saú- esterilização, etc…) que, quando aplicados, previnem con-
de quando ingeridos nas quantidades corretas e prepara- tra doenças, promovendo o bem-estar físico e mental. Pro-
dos de forma atrativa e saborosa. Porém, também podem longando assim, a vida e conservando a saúde.
ser fonte de  doenças se cuidados higiênicos  forem es- A higiene (gr. hygieinós, pelo fr. hygiène) é então, uma
quecidos durante o preparo das refeições. prática de grande importância pelos benefícios proporcio-
Embora possam parecer simples, pequenos cuidados nados.
são responsáveis em evitar que os alimentos se tornem veí- No âmbito hospitalar, ela é considerada como um con-
culos de transmissão de agentes patogênicos  para a junto de procedimentos que tem a finalidade de assegurar
nossa saúde, esses pequenos cuidados são de fundamental a proteção e bem-estar físico e psicológico dos pacientes,
importância. evitando enfermidades.
Através de alguns estudos sobre o assunto, a Organiza-
Profilaxia – Em um sentindo mais simples é a preven-
ção Mundial de Saúde (OMS) identificou os principais erros
ção de doenças. Em uma forma mais complexa, podemos
ou práticas diárias que geram  contaminações alimenta-
definir como a aplicação de métodos e técnicas, de forma
res, conforme o que se segue:
individual e coletiva, com a intenção de manter e restaurar
 Preparação dos alimentos muito tempo antes do
consumo; a saúde.
 Alimentos prontos deixados por muito tempo A sua prática é feita por todos que através do uso do
em temperatura ambiente (sobre o fogão ou dentro do conhecimento promovem a saúde, evitam doenças ou in-
forno, por exemplo); capacidades e também prolongam a vida pessoal ou alheia.
 Cozimento insuficiente; A profilaxia tem como foco a prevenção de doença em
 Contaminação cruzada  (mistura de alimentos nível populacional através de várias medidas que vão des-
crus com cozidos. Ex: utilizar o mesmo vasilhame ou a mes- de procedimentos mais simples, como o uso de medica-
ma faca para cortar dois alimentos diferentes, etc.); mentos, até aos mais complexos.
 Pessoas contaminadas manipulando alimentos. Um exemplo de profilaxia é a vacina, que faz com que
Essas seriam as principais causas das contaminações o sistema imune reconheça os elementos externos que po-
alimentares. Segundo a OMS, as enfermidades causadas dem atingi-lo e assim desencadeiam uma reação de defesa.

29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
A profilaxia (gr. prophýlaxis = precaução) é então,  diversas medidas como lavar as mãos ou até usos de antibióticos e
medicamentos.
O técnico em enfermagem deve preparar-se para ministrar tratamentos adequados e orientar a prevenção para evitar
novas contaminações.
Fonte: http://www.tecnicoemenfermagem.net.br/o-que-e-higiene-e-profilaxia/

Nutrição

O alimento e a água são condições essenciais para a manutenção da vida. Sem alimento, em quantidade e qualidade
adequadas, elevam-se os riscos do desenvolvimento de doenças em nosso organismo.
Fatores como preferências, hábitos familiares e culturais, custos e disponibilidade dos alimentos afetam o consumo
alimentar de um indivíduo.
Ter uma alimentação balanceada e equilibrada aliada a bons hábitos, como a prática regular de atividade física, contri-
bui para a melhoria da saúde e da qualidade de vida em qualquer idade.
ALIMENTAÇÃO
É a base da vida e dela depende a saúde do homem.
A falta de alimentos, os tabus e crenças alimentares e a diminuição de poder aquisitivo, são fatores que levam à nutrição
inadequada.
Uma dieta saudável pode ser resumida por três palavras: variedade, moderação e equilíbrio.
A alimentação deve ser fornecida em quantidade e qualidade suficientes e estar adequada à necessidade do indivíduo.
Para entendermos melhor o que significa uma alimentação adequada, precisamos saber a diferença existente entre
alimentos e nutrientes.
ALIMENTOS: são substâncias que visam promover o crescimento e a produção de energia necessária para as diversas
funções do organismo.
ALIMENTAR-SE: ATO VOLUNTÁRIO E CONSCIENTE.
NUTRIENTES: substâncias que estão presentes nos alimentos, e são utilizadas pelo organismo. Os nutrientes são: pro-
teínas, carboidratos, gorduras, vitaminas e sais minerais
NUTRIR-SE: ATO INVOLUNTÁRIO E INCONSCIENTE.
FUNÇÃO DOS NUTRIENTES
PLÁSTICA OU CONSTRUTORA (PROTEÍNAS)
São importantes para a construção do organismo, como os nossos ossos, pele e músculos.
ENERGÉTICOS (CARBOIDRATOS E GORDURAS)
Fornecem energia para as atividades do dia-a-dia.
REGULADORES (VITAMINAS E SAIS MINERAIS)
São necessários ao bom funcionamento do organismo, auxiliando na prevenção de doenças e no crescimento.
EM UMA DIETA SAUDÁVEL NÃO PODE FALTAR NENHUM DELES.
FUNÇÃO DOS NUTRIENTES
NO PLANEJAMENTO DO CARDÁPIO LEVE EM CONSIDERAÇÃO A OFERTA DE CORES, POIS QUANTO MAIS COLORIDA
MAIS ATRATIVA E NUTRITIVA SERÁ A REFEIÇÃO.
PROTEÍNA (PLÁSTICOS OU CONSTRUTORES)
Carne (boi, porco, aves, peixes), ovos, leite e derivados.
CARBOIDRATOS (ENERGÉTICOS)
Cereais, pães, massas, bolo, batatas, açúcar.
GORDURAS (EXTRA-ENERGÉTICOS)
Óleos, gorduras, margarinas.

30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
PIRÂMIDE DE ALIMENTOS
A Pirâmide dos Alimentos é um guia, e não uma prescrição rígida. Para uma vida saudável, ela ajuda na escolha dos
alimentos que devem ser consumidos para se obter os nutrientes necessários e, ao mesmo tempo, a quantidade ideal de
calorias para se manter um peso adequado.

Grupo 5 - CONSTRUTOR
Grupo 1 - ENERGÉTICO
Leguminosos - 1 Porção diária.
Pães, cereais e massas, outros grãos, raízes e tubérculos.
Grupo 6 - CONSTRUTOR
Grupo 2 - REGULADOR
Carnes e ovos - 2 Porções diárias.
Legumes e verduras - 3 Porções diárias.
Grupo 7 - EXTRA-ENERGÉTICO
Grupo 3 - REGULADOR
Óleos e gorduras - 2 Porções diárias.
Frutas e sucos de frutas - 3 Porções diárias.
Grupo 8 - EXTRA-ENERGÉTICO
Grupo 4 - CONSTRUTOR
Açucares, balas, chocolate, salgadinhos - 2 Porções
Leite e derivados - 3 Porções diárias.
diária.

31
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
Para garantirmos que todos os nutrientes essenciais ao organismo estejam presentes na dieta diária, é recomendado o
consumo das porções de alimentos que compõe a pirâmide de alimentos, conforme indica o quadro a seguir.

ALIMENTOS PORÇÃO/DIA EQUIVALENTE A UMA PORÇÃO SUGESTÃO DE


Café da manhã: cereal
½ xícara arroz cozido ou integral.
8 porções
massa; 30g cereais, 50g de Lanche: pão.
Energéticos pães, cereais, massas e
pão; 3-5 biscoitos água e sal; 2 Almoço: arroz e batata.
tubérculos
xícaras de pipoca. Lanche: torrada.
Jantar: macarrão.
Café da manhã: banana.
1 fruta; ½ copo suco de
Lanche: suco de cenoura e
laranja; 1 tomate, 1 cenoura, 1
laranja.
Hortaliças = 3 porções abobrinha;
Reguladores Almoço: salada de alface e
Frutas = 3 porções ½ xícara de legumes picados
tomate.
e cozidos; 1 xícara de vegetais
Lanche: maçã.
folhosos crus.
Jantar: brócolis.
60-90g carne (1 bife, ou 2 col.
Café da manhã: leite.
Carnes e ovos = 2 porções sopa de carne moída, ou 1
Almoço: bife e feijão.
Construtores Leguminosas = 1 porção coxa de frango); 1 ovo =1bife;
Lanche: queijo.
Leite e derivados = 3 porções 1 xícara de leite = 200ml; 2
Jantar: frango.
colheres de sopa de requeijão.
1colher chá margarina;
Óleos e gorduras = 2 porções 1 colher sopa maionese; 6
Extra-energéticos
Açúcares = 2 porções colheres chá açúcar; 1 colher
de chá geleia de frutas.

FONTES DOS NUTRIENTES NOS ALIMENTOS


VITAMINAS (REGULADORES)
VITAMINA A
É importante para o bom desempenho da visão, para o crescimento, para a vitalidade da pele e cabelo. Para que seja
bem absorvida pelo organismo, é necessário consumir alimentos que contenham gorduras.
A falta da vitamina A pode causar cegueira noturna (maior dificuldade de adaptação da visão no escuro), secura da pele
e maior risco de contrair infecções.
FONTES DE ORIGEM ANIMAL: fígado, gema de ovo, leite integral e derivados, óleo de fígado de alguns peixes, como
bacalhau.
FONTES DE ORIGEM VEGETAL: margarina, óleo de dendê e do buriti, frutas e hortaliças de cor amarelo alaranjada, como
cenoura, morango, abóbora madura, manga e mamão ou de cor verde-escura: mostarda, couve, agrião e almeirão etc.

FONTES DOS NUTRIENTES NOS ALIMENTOS


VITAMINAS DO COMPLEXO B
Ajudam na manutenção da pele, colaboram no crescimento e deixam os cabelos mais saudáveis e brilhantes.
FONTES: batata, banana, legumes e alguns tipos de carne (boi, frango, peixe), miúdos em geral (coração, fígado etc),
levedo de cerveja, gema do ovo, germe de trigo, músculo de boi, pão integral e abacate.

VITAMINA E
Retarda o envelhecimento e auxilia no aproveitamento da vitamina A.
FONTES: Germe de trigo, amêndoas e avelãs. Encontram-se em óleos vegetais, como os de germe de trigo, girassol,
caroço de algodão, dendê, amendoim milho e soja.

VITAMINA K
Ajuda na cicatrização e evita sangramentos.
FONTES: Leite e derivados, carnes, ovos, sardinha, amêndoa, semente de gergelim e hortaliças verdes.

VITAMINA C
Aumenta a resistência do organismo evitando gripes e resfriados, protege a gengiva e aumenta a absorção do ferro.
FONTES: É amplamente encontrada nas frutas cítricas e folhas de vegetais crus. As melhores fontes são: acerola, laranja,
limão, morango, brócolis, repolho e espinafre.

32
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
VITAMINA D Comendo poucas fibras pode-se ter doenças como:
Essencial para a formação dos ossos e dentes, deixan- hipertensão, colesterol alto, obesidade, inflamação da he-
do-os mais resistentes. Sua ausência pode provocar raqui- morroida e câncer de intestino.
tismo e amolecimento dos ossos (osteomalácea). FONTES: Pão integral, frutas com casca, vegetais crus,
FONTES: Gema de ovo, fígado, manteiga e pescados grãos, leguminosas e cereais integrais.
gordos (arenque e cavala). Encontra-se teores de vitamina
D nas sardinhas e no atum. Esta vitamina é formada pelos ÁGUA
raios ultravioletas do sol. A água também regula nosso organismo e nos hidrata.
O corpo perde água naturalmente, através da pele com a
SAIS MINERAIS (REGULADORES) transpiração, dos rins com a urina e pelo intestino com as
CÁLCIO fezes.
Importante na formação e manutenção dos ossos e Por isso, devemos repor líquidos, preferencialmente,
dentes, evitando a fragilidade dos mesmos. Sua ausência através da ingestão de água; e também através de frutas
pode provocar deformidades ósseas. como melancia e melão (que possuem 80 e 60% de água
respectivamente).
FONTES: Leite, queijo, gema de ovo, carnes (como A reposição de água deve ser de 2,5 litros/dia, ou de 8
boi,peixes e aves), cereais de trigo integral, legumes e cas- a 10 copos/dia.
tanha.
DICAS ÚTEIS
FÓSFORO PREPARE OS LEGUMES NO VAPOR, A FIM DE PRE-
Ajuda na memória e contribui para a formação dos os- SERVAR OS NUTRIENTES DESSES ALIMENTOS. QUANTO
sos e dentes. MAIOR O CONTATO COM A ÁGUA, MAIOR SERÁ A PERDA
FONTES: Nozes, legumes e grãos. DE NUTRIENTES.
CONSUMA LEGUMES E FRUTAS COM A CASCA, SEM-
SÓDIO PRE QUE POSSÍVEL, PARA APROVEITAR AS FIBRAS CONTI-
Evita fraqueza e desidratação. DAS NA CASCA.
FONTES: Cloreto de sódio ou sal de cozinha. Alimentos CONSUMA OS SUCOS DE FRUTAS LOGO APÓS SEU
protéicos contêm mais sódio que outros tipos de alimen- PREPARO, POIS A AÇÃO DO AR E DA LUZ ALTERAM SEU
tos, portanto, geralmente não é necessário o acréscimo de VALOR NUTRITIVO.
sal em algumas preparações. PARA ADICIONAR SABOR E REDUZIR O USO DE GOR-
A quantidade necessária de sal por pessoa é de ¼ de DURA E SAL UTILIZE CONDIMENTOS COMO ALHO, PI-
colher de chá por dia. MENTA, GENGIBRE, ORÉGANO, CEBOLINHA, SALSINHA, DE
PREFERÊNCIA, AO FINAL DA PREPARAÇÃO.
FERRO PREPARE AS REFEIÇÕES UTILIZANDO POUCO ÓLEO:
Importante na formação das células vermelhas, preve- TIRE AS GORDURAS MAIS VISÍVEIS DA CARNE; REMOVA
nindo a anemia. Quando fornecido pelas carnes, este mine- AS PELES DE AVES E PEIXES; COZINHE, ASSE, GRELHE, AO
ral é melhor absorvido do que os de origem vegetal. INVÉS DE FRITAR.
A falta de ferro é a mais comum de todas as deficiên- PROCURE FAZER SEIS REFEIÇÕES POR DIA, DESSA FOR-
cias nutricionais, principalmente para crianças menores de MA PODE-SE VARIAR BASTANTE OS ALIMENTOS, ALÉM DE
2 anos, meninas adolescentes, grávidas e idosos. QUANTIFICÁ-LOS MELHOR.
COM A ÁGUA DE VERDURAS E LEGUMES VOCÊ PODE
FONTES: Fígado, carnes, gema de ovo, feijão, frutas se- PREPARAROUTROS PRATOS, COMO RISOTOS, SOPAS ETC.
cas, cereais, lentilha, folhas verde-escuras e beterraba. Fonte: Mesa Brasil SESC.
Os refrigerantes a base de cola reduzem a absorção do
ferro se consumidos durante a refeição.
PARA MELHORAR A ABSORÇÃO CONSUMA ALIMEN-
TOS RICOS EM FERRO JUNTO COM OUTROS RICOS EM RELAÇÕES DE AFETIVIDADE DA FAMÍLIA.
VITAMINA C.

POTÁSSIO Quais laços formam uma família? Quais relações


Evita a fraqueza muscular e controla os batimentos do são construídas no seio familiar?
coração. Uma família é formada não apenas pela relação de san-
FONTES: Frutas, leite, carnes, cereais, vegetais e legu- gue que os membros têm, mas sim pelos laços de amor,
mes. carinho que se estabelece entre eles.
As relações que são construídas pelas pessoas nesse
FIBRAS ambiente devem ser pautadas na confiança, mais do que
Sua função é estimular o funcionamento intestinal. Ab- isso, devem ser estabelecidas por meio da conversa, do
sorvem líquidos e ligam substâncias, por isso previnem a toque, do abraço, das demonstrações de afeto, da troca
prisão de ventre, eliminando também elementos tóxicos do de experiências e da aprendizagem que se dá entre essas
organismo. ligações.

33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
É na família que surgem os primeiros aprendizados e
é dela que recebemos os exemplos para nosso comporta- HIGIENE DA CRIANÇA.
mento e atitudes.
Ela promove a educação das gerações mais novas, das
suas tradições, cultura e valores, transmite posicionamen-
tos, opiniões e reflexões sobre o mundo e a sociedade em É durante a infância que se deve aprender a  cuidar do
que vive. próprio corpo. A responsabilidade de ensinar é dos pais, em
A  personalidade  de cada indivíduo recebe forte in- primeiro lugar, mas a escola também tem a obrigação de apoiar
fluência da sua família. Todos somos parte de uma família, essa fase tão importante da formação das crianças.
e todos carregamos em nós não apenas o DNA dela, mas Em princípio, os pequenos devem conhecer o próprio
um pouco do que ela é. corpo para entender a importância de cada hábito higiêni-
A relação pais e filhos co que vão adquirir. Os pais devem criar uma rotina, como:
Desenvolver relações saudáveis entre pais e filhos é es- antes de se sentar-se à mesa, devem lavar as mãos; antes de
sencial dentro do ambiente familiar. se deitar-se, devem escovar os dentes e usar o fio dental.
A preocupação maior dos pais deve ser desenvolver re- Com o tempo, eles vão se acostumar a essas atividades e vão
lações de amizade com seus filhos, de tornarem-se amigos fazê-las sem pensar.
e com isso despertar a admiração entre ambos. Porém, eles devem entender o motivo de todas essas
Pais que despertam encantamento em seus filhos con- coisas. Os pais têm que conversar com seus filhos e esclare-
seguem estabelecer relação de respeito  e deixar marca cer as razões dessas obrigações com a limpeza corporal, de
eterna em seu ser. forma simples e usando uma linguagem que eles entendam.
A família é como uma planta, necessita ser regada, nu- É preciso dizer, por exemplo, que lavar e pentear os cabe-
trida constantemente. Invista em tempo diário para o con- los não permite que os piolhos se proliferem ou ainda que
vívio familiar. as cáries danificam os dentes. Então, devemos escová-los e
A  presença  nos momentos importantes, o acompa- usar fio dental várias vezes ao dias para evitar problemas.
nhamento no cotidiano escolar, o auxílio nas lições de casa, Se na escola as crianças recebem apoio de maneira mais
o passeio no parque, as brincadeiras nos tempos livres são descontraída, ouvindo historinhas e assistindo a teatro de
atitudes que nutrem a família e que são parte das tarefas fantoches, elas captam a mensagem com mais precisão. Por
diárias de pais ídolos de seus filhos. isso os métodos pedagógicos devem chamar bastante aten-
Os erros e as experiências de vida são outros aspec- ção, nesse sentido.
tos a serem compartilhados entre os membros da família. O que a criança deve aprender sobre higiene pessoal:
Pais não devem sentir-se envergonhados ao pedir descul- • Escovar os dentes. Os pais devem explicar a ma-
pas pelos seus erros, ou mesmo assumi-los frente aos seus neira correta de fazê-lo, como escovar a língua e de que for-
filhos. ma usa-se o fio dental. Atenção: nos primeiros dias, fique
Compartilhar  as próprias experiências e incentivar olhando para ver se seu filho faz certo; depois o deixe fazer
que seus filhos façam o mesmo contribuem para o forta- sozinho, mas fiscalize, veja se está bem feito. Depois de um
lecimento das crianças frente aos desafios que surgirão ao tempo, quando vir que ele desempenha bem essa função,
longo da vida. pode deixá-lo fazer totalmente sozinho.
A importância do legado familiar • Lavar as mãos antes das refeições, depois de usar
O legado que pais devem deixar para seus filhos está o banheiro e quando chegar da rua. Até os quatro anos, os
longe das questões financeiras, de posses, valores, bens, pais devem levar a criança para lavar as mãos. Depois dessa
mas próximo da educação que deixarão com eles. idade, podem apenas reforçar o recado, mas deixando que
Ensine seus filhos a desenvolver habilidades socioemo- o façam. Lembre-se de ensinar cada passo – água, sabão,
cionais, a desenvolver as funções nobres da mente, a falar enxáguar e enxugar.
sobre seus medos e não viver na escuridão de si mesmo, • Pentear os cabelos.  Para os meninos, essa tarefa
a expor suas ideias e conviver em harmonia com o outro, é mais fácil; as meninas precisam de mais atenção, até pelo,
a ser  empático  e carismático em suas relações, a pensar menos sete ou oito anos de idade para lavá-los e penteá-los.
antes de agir, a enfrentar os desafios de forma inteligente e O importante é ensinar desde cedo a pentear o cabelo ao
aprender com seus próprios erros. acordar e depois do banho.
A família é o  berço do amor, da compreensão, do • Tomar banho. É preciso que a criança tenham uma
afeto, é o lugar onde as pessoas devem encontrar apoio, hora marcada para tomar o banho e seus utensílios (sabo-
lições e aprendizados, mas que acima de tudo, as relações netes, xampu, condicionador e toalhas) devem estar sempre
sejam saudáveis e de convivência harmônica. ao seu alcance quando estão aprendendo a tomar banho
Os filhos não precisam de pais gigantes, mas de seres sozinhas. Os pais devem mostrar a maneira certa de lavar as
humanos que falem a sua linguagem e sejam capazes de partes íntimas, os pés e todo o corpo. Elas precisam de auxí-
penetrar-lhes o coração. lio até uns seis anos, quando podem exercer essa atividade
Augusto Cury totalmente sozinhas.

Fonte: https://escoladainteligencia.com.br/familia-u- Fonte: http://higiene-pessoal.info/higiene-pessoal-in-


niao-feita-por-afeto-confianca-e-respeito/ fantil.html

34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
des (DDS ou similar) e, apesar de terem disponibilizados os
CUIDADOS ESSENCIAIS. PREVENÇÃO DE EPI exigidos, costumam não utilizá-los e nem serem fiscali-
ACIDENTES. zados ou punidos quando não utilizam, o que conduz a um
maior número de acidentes, na prática.
A cultura de prevenção de acidentes no trabalho, as-
sim, é algo mais efetiva e permanente. É resultado da co-
Como implantar uma cultura de prevenção de aciden- municação direta entre o clima, comportamento e o siste-
tes no trabalho ma de gestão de segurança do trabalho.
No Brasil, o número de acidentes ocorridos no trabalho Em uma cultura de prevenção, não pode existir jeiti-
é alarmante. Mais de 700 mil casos são registrados por ano, nhos, gambiarras ou by-pass temporário em sistemas de
sendo o setor da construção civil responsável pela maioria segurança. Tudo deve ser voltado a vida e segurança do
dos casos. A legislação é rigorosa ao editar normas regu- operador e dos envolvidos, e a produção é uma conse-
ladoras das condições de trabalho: o que falta, na maioria quência deste trabalho, não o inverso.
dos casos, é cumprimento e fiscalização para prevenção de A empresa, como proprietária do parque fabril e das
acidentes. máquinas lá existentes tem a responsabilidade de pro-
O país ainda está distante de uma cultura de preven- ver recursos para adequação e adapatação das máquinas
ção de acidentes no trabalho. Você sabe como adotar es- para serem mais seguras, e também atender as legisla-
tratégias que eliminem a ocorrência de imprevistos no seu ções vigentes, como a NR12 que determina sistemas de
negócio? Acompanhe nosso post e conheça todas as dicas segurança para redução do risco de acidentes
para erradicar de vez os acidentes no ambiente empresarial
e tornar os atos de prevenção uma prática comum! Como abordar a prevenção de acidentes no am-
biente corporativo
A ausência de uma cultura de prevenção de aciden- Os conhecimentos sobre riscos, estratégias e requisi-
tes no trabalho tos básicos sobre segurança do trabalho estão atualmente
Atualmente, o que temos em nosso país são regras rí- concentrados nas mãos de especialistas, como técnicos,
gidas e 36 NR’s (Normas Regulamentadoras) criadas desde engenheiros e médicos do trabalho.
1978 para reger a prevenção de acidentes no ambiente de
É essencial, assim, a disseminação dos conceitos so-
trabalho. Elas dispõem sobre os equipamentos obrigató-
bre segurança do trabalho que envolvem as atividades que
rios para a segurança dos colaboradores e até mesmo so-
estão relacionadas ao seu trabalho, assim deve ser para
bre as condições de iluminação e temperatura exigidas nas
todos os colaboradores de uma empresa, com o cons-
empresas.
tante incentivo e acompanhamento. A melhoria sempre
Ainda assim, não se vê no Brasil uma verdadeira cultura
é constante, pois a tecnologia de processo e segurança
que pregue e dissemine a segurança como essencial para o
passa por mudanças a cada ano, aumentando a eficiência
desempenho das tarefas dos empregados, sendo que mui-
produtiva e reduzindo o risco na operação da máquina.
tas vezes nem mesmo os EPI (Equipamentos de Proteção
Para a Empresa: Forneça treinamentos, ensine a fun-
Individual) são disponibilizados nas organizações.
ção de cada EPI, mostre a importância da prevenção para
Quando uma pessoa atua por um longo tempo expos- a saúde do próprio funcionário. E, o mais importante: fis-
to ao perigo, sem causar qualquer acidente, mentalmente calize os trabalhadores e coloque-se à disposição no caso
este perigo deixa pouco a pouco de ser um verdadeiro ris- de surgirem dúvidas.
co, até que o perigo seja completamente ignorado tanto Para o Funcionário: Obedeça às orientações da em-
pelo profissional envolvido como também para a empresa. presa. Utilize os EPIs, sabemos que incomoda e nem sem-
Isso muda quando um acidente acontece. Mas já é tarde. pre é confortável. Não faça improvisos para reduzir eta-
A frase: “Isso nunca aconteceu” é o maior argumento pas. Ande das áreas permitidas e demarcadas. Alerte os
da falta de cultura de prevenção, pois para que o acidente seus colegas de trabalho caso eles estejam fazendo algo
aconteça, basta uma vez. inseguro tanto para ele quanto para quem está próximo.
“A segurança de cada um depende de todos que es-
A diferença entre a implantação da cultura e sim- tão em volta, inclusive de você.” Douglas Custodio
ples alertas
É necessária uma mudança radical na ótica do brasilei- A prevenção como fator essencial para o aumento
ro no que diz respeito às normas de segurança, estabele- da lucratividade das empresas
cendo real cultura de prevenção de acidentes no trabalho. Criar uma cultura de prevenção de acidentes de tra-
As atitudes a serem tomadas nas empresas devem ir além balho é essencial para que o nível de produtividade e lu-
dos meros alertas. A proteção deve ser preocupação não cratividade de uma empresa mantenha-se o mesmo (ou
apenas dos empresários, mas também dos empregados. aumente), já que os funcionários manterão sua saúde
O que se vê na realidade das empresas nos dias de hoje em dia, sendo plenamente capazes de exercer suas fun-
é a emissão de meros alertas de curta duração. Os funcio- ções com satisfação, e não serão afastados por motivo de
nários são vagamente orientados no início de suas ativida- doença.

35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
É interessante começar a abordagem  adequando- E, finalmente, o ato de educar nega propostas edu-
-se à NR12. Realize o diagnóstico do negócio, criando cacionais que optam por estabelecer currículos prontos
um  checklist  e fazendo o trabalho de um auditor, verifi- e estereotipados, visando apenas resultados acadêmicos
cando suas máquinas uma a uma. Planeje mudanças e al- que dificilmente conseguem atender a especificidade dos
terações, modificando processos. Por fim, faça o escopo do bebês e das crianças bem pequenas como sujeitos sociais,
trabalho e comece a agir! históricos e culturais, que têm direito à educação e ao bem-
Fonte: https://www.nr12semsegredos.com.br/implan- -estar.
tar-cultura-prevencao-de-acidentes-trabalho/ Porém, os consensos apontam também para algumas
críticas ao uso do binômio educar e cuidar. Se insistirmos
na afirmação das duas palavras, sugerimos que essas ações
sejam separadas e possam ser cumpridas por diferentes
CUIDAR E EDUCAR.
profissionais, legitimando a existência de um professor e
um auxiliar. Os professores, ocupados com o caráter ins-
trucional: contar histórias, fazer trabalhos, enquanto, no
Indissociabilidade entre educar, cuidar brincar1 âmbito da assistência, o auxiliar envolvido com as trocas de
roupa, a alimentação e a saúde.
A reivindicação pela articulação da educação e do cui-
Há, ainda, no debate em torno do binômio educar/
dado na educação infantil caracteriza-se como um proces-
cuidar, uma disputa pela obtenção da hegemonia entre
so histórico que visou garantir, enquanto afirmação con-
os dois termos. A ascendência do termo cuidado sobre o
ceitual, um lugar para além da guarda e assistência social.
A intenção foi demarcar o caráter educativo, legalmente termo educação surge principalmente dos argumentos da
legitimado pela Constituição de 1988, a qual consolidou a filosofia, os quais defendem que todas as relações e in-
importância social e política da educação infantil ao deter- terações entre os sujeitos pressupõem o cuidado. O cui-
minar o caráter educativo das instituições voltadas para a dado, como modalidade específica das relações entre os
atenção às crianças de zero a seis anos e onze meses. humanos, é necessário para à sobrevivência. Assim, todas
No momento em que a educação infantil passou a ser as práticas cotidianas são cuidados (os cuidados básicos, os
considerada a primeira etapa da Educação Básica, integran- cuidados com os ambientes coletivos físico, natural e so-
do-se aos sistemas, através da LDBEN de 1996, foi neces- cial). Por outro lado, alguns autores afirmam que os proces-
sário interrogar e pensar sua especificidade. Para demarcar sos educacionais sempre implicam a dimensão do cuidado.
sua “identidade”, seu lugar nas políticas públicas e na Edu- Esse debate está apenas começando e as argumentações
cação Básica brasileira, e para retirar a creche da assistência de ambos os lados são pertinentes e consistentes.
social e a pré-escola da “preparação para o ensino funda- Alguns autores sugerem que, talvez, o uso da expres-
mental”, foi necessário sublinhar e insistir na indissociabi- são “cuidados educacionais” ponha sob melhor foco o en-
lidade do educar/cuidar, enquanto estratégia política para tendimento da indissociabilidade dessas dimensões. Ações
aproximá-los, redimensionando a educação da infância. como banhar, alimentar, trocar, ler histórias, propor jogos e
A recorrente presença desse binômio na educação in- brincadeiras e projetos temáticos para se conhecer o mun-
fantil, ao longo dos últimos vinte anos, promoveu tanto a do são proposições de cuidados educacionais, ou ainda
consolidação de algumas concepções, quanto constituiu significam uma educação cuidadosa.
disputas e também problematizações. Podemos apontar
alguns consensos em relação à indissociabilidade da ex- Brincadeira
pressão educar/cuidar.
Em primeiro lugar, o ato de cuidar ultrapassa processos O respeito incondicional ao brincar e à brincadeira é
ligados à proteção e ao atendimento das necessidades físi- uma das mais importantes funções da educação infantil,
cas de alimentação, repouso, higiene, conforto e prevenção não somente por ser no tempo da infância que essa prática
da dor. Cuidar exige colocar-se em escuta às necessidades,
social se apresenta com maior intensidade mas, justamen-
aos desejos e inquietações, supõe encorajar e conter ações
te, por ser ela a experiência inaugural de sentir o mundo e
no coletivo, solicita apoiar a criança em seus devaneios e
experimentar-se, de aprender a criar e inventar linguagens
desafios, requer interpretação do sentido singular de suas
conquistas no grupo, implica também aceitar a lógica das através do exercício lúdico da liberdade de expressão. As-
crianças em suas opções e tentativas de explorar movimen- sim, não se trata apenas de um domínio da criança, mas de
tos no mundo. uma expressão cultural que especifica o humano.
Em segundo lugar, cuidar e educar significa afirmar na São as primeiras experiências de cuidado corporal
educação infantil a dimensão de defesa dos direitos das que desencadeiam os processos de criação do campo da
crianças, não somente aqueles vinculados à proteção da confiança. Essa confiabilidade se manifesta na presença de
vida, à participação social, cultural e política, mas também cuidados atentos e seguros, que protegem o bebê, assim
aos direitos universais de aprender a sonhar, a duvidar, a como na proposição de um ambiente que favorece o êxi-
pensar, a fingir, a não saber, a silenciar, a rir e a movimen- to das ações desencadeadas por ele, proporcionado pela
tar-se. constante proximidade do adulto que responde às solicita-
1 Texto adaptado de BARBOSA, M. C. S. Práticas ções de interação e segue o ritmo do bebê. O importante
Cotidianas na Educação Infantil é que o bebê possa conduzir e o adulto se deixe conduzir,

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
estabelecendo seu direito a uma atitude pessoal desde o criança e cada grupo de crianças em um contexto cultural
começo. É esse o princípio da autonomia, porém o adulto, dado por suas tradições e sistemas de significações que
ou qualquer outro interlocutor, também pode, e deve, ofe- tem que ser interpretados, ressignificados, re-arranjados,
recer complementos e desafios. Nessa perspectiva, apren- re-criados, incorporados pelas crianças que nesse contexto
der a “estar só” é uma conquista da criança, baseada na chegam.
confiabilidade e no ambiente favorável no qual possa se Para a constituição de contextos lúdicos é necessário
manifestar. Desafiando os limites da segurança, gradual- considerar que as crianças ouvem música e cantam, pin-
mente ela encontra nessa confiança a necessária sustenta- tam, desenham, modelam, constroem objetos, vocalizam
ção para abandonar o conforto da proteção e se lançar em poemas, parlendas e quadrinhas, manuseiam livros e re-
sua aventura com o mundo. vistas, ouvem e contam histórias, dramatizam e encenam
Antes de brincar com objetos, o bebê brinca consigo situações, para brincar e não para comunicar “ideias”. Brin-
mesmo, com a mãe, o pai, os irmãos e outras pessoas. An- cando com tintas, cores, sons, palavras, pincéis, imagens,
tes de poder segurar algo nas mãos, já brinca de abrir e rolos, água, exploram não apenas o mundo material e cul-
fechar os olhos, fazendo o mundo aparecer e desapare- tural à sua volta, mas também expressam e compartilham
cer. O bebê, desde suas primeiras experiências lúdicas de imaginários, sensações, sentimentos, fantasias, sonhos,
explorações e experimentações sensoriais e motoras, nos ideias, através de imagens e palavras. A compreensão do
mostra uma das mais importantes características do brin- mundo da criança pequena se faz por meio de relações
car e das brincadeiras: as crianças brincam porque gostam que estabelece com as pessoas, os objetos, as situações
de brincar, e é precisamente no divertimento que reside que vivencia, pelo uso de diferentes linguagens expressi-
sua liberdade e seu caráter profundamente estético. Esse vas (o movimento, o gesto, a voz, o traço, a mancha co-
divertimento resiste a toda análise e interpretação lógicas, lorida). Nesse processo, as escolhas de materiais, objetos
porque se ancora na dinâmica de valorar e significar o vivi- e ferramentas que o adulto alcança promovem diferenças
do através da imaginação, mostrando que somos mais do no repertório e no vocabulário, na cultura material e ima-
que simples seres racionais. terial na qual a criança está inserida.
Brincar, jogar e criar estão intimamente relacionados, Garantir contextos que ofereçam e favoreçam oportu-
pois iniciam juntos. O brincar é sempre uma experiência nidades para cada criança e o grupo explorarem diferen-
criativa, uma experiência que consome um espaço e um tes materiais e instrumentos através de suas brincadeiras
tempo, configurando uma forma básica de viver. Um mo- exige dos estabelecimentos educacionais planejamento e
mento significativo no brincar é aquele da admiração, no organização de espaços e tempos que disponibilizem ma-
qual a criança surpreende a si mesma. teriais lúdicos. Assim é necessária a presença de brinque-
Nas práticas culturais que definem a atividade lúdica dos, de objetos e materialidades que possam ser transfor-
em cada grupo social, e em cada brincadeira em particular, mados, e também áreas externas destinadas a atividades,
a criança pequena apreende brincando, brincando as com- lugares desafiadores para o desenvolvimento de brinca-
plexifica e brincando as utiliza em novos contextos, sozinha deiras, bem como, de um modo geral, a preparação de um
ou com outras crianças. A presença de uma cultura lúdica ambiente físico que convide ao lúdico, às descobertas e à
preexistente torna possível o brincar como uma atividade diversidade, e que seja ao mesmo tempo seguro, limpo e
cultural que supõe aprendizagens de repertórios e voca- confortável, propiciando atividade e o descanso, o movi-
bulários que a criança opera de modo singular em suas mento e a exploração minuciosa.
brincadeiras e jogos. Assim, os repertórios e o vocabulário Nosso país, além de ter um patrimônio histórico e um
de jogo disponíveis para os participantes em um determi- patrimônio humano tem também muitas manifestações
nado grupo social compõem a cultura lúdica desse grupo culturais que são nosso patrimônio imaterial. A tradição
e os repertórios e o vocabulário que um indivíduo conhece oral brasileira é rica em lendas, contos, personagens, jogos
compõem sua própria cultura lúdica. de rua, brinquedos e artefatos feitos com matérias natu-
Os artefatos e as brincadeiras ensinadas pelos adultos, rais, simples, que se encontram no cotidiano e oferecem
e observadas, imitadas e transformadas pelas crianças, tor- traços culturais importantes na construção do pertenci-
nam-se o repertório inicial. Assim como a geração adulta é mento social.
importante na transmissão cultural, as crianças mais velhas Porém, não bastam espaços, materiais e repertórios
também são importantes agentes de divulgação da cultura adequados, há a necessidade da presença de adultos sen-
lúdica ao apresentarem outros repertórios e outros voca- síveis, atentos para transformar o ambiente institucional
bulários. em um local onde predomina a ludicidade. É necessário
A brincadeira é a cultura da infância, produzida por que o profissional que atua diretamente com a criança
aqueles que dela participam e acionada pelas próprias pequena tenha conhecimento sobre a “cultura lúdica”, um
atividades lúdicas. As crianças aprendem a constituir sua amplo repertório que possa ser oferecido às crianças nas
cultura lúdica brincando. Toda cultura é processo vivo de diversas circunstâncias e, principalmente, compartilhe a
relações, interações e transformações. Isso significa que a alegria, a beleza e a ficção da brincadeira. O adulto, ao ser
experiência lúdica não é transferível, não pode ser simples- tocado em seu poder de reaprender a espantar-se e ma-
mente adquirida, fornecida através de modelos prévios. ravilhar-se, torna este momento de aprendizado, um mo-
Tem que ser vivida, interpretada, co-constituída, por cada mento de regozijo entre ele e as crianças.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
Tal compreensão implica abandonar práticas habituais
em educação, romper com a concepção de educação como
“fabricação” - dizendo às crianças como devem ser, pen-
sar, agir e o que devem saber. É o desafio de abandonar a
idéia de educação como “formatação”, previamente defi-
nindo os caminhos para as crianças. A compreensão de que
a dinâmica do mundo contemporâneo nos propõe muitas
incertezas para o futuro, e que estas somente podem ser
parcialmente solucionadas, torna-se importante pensar a
ação educativa em sua dinâmica contraditória e viva, pois
imersa na cultura. Esta situação exige um grupo de adultos
– pais, professores, gestores e profissionais – atualizados e
atentos às suas opções, escolhas e decisões.

HIGIENE. PREVENÇÃO. ROTINA.

Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já


foi abordado em tópicos anteriores

ALIMENTOS: IMPORTÂNCIA DOS


ALIMENTOS PARA SAÚDE, CONTAMINAÇÃO
(MICROORGANISMOS, DOENÇAS E
INTOXICAÇÕES), ROTULAGEM DE PRODUTOS
NUTRIENTES, MEDIDAS CASEIRAS).

Para entendermos melhor essa diferença, vamos come-


çar com o significado da palavra alimentação. A alimenta- O Sistema digestório é formado por um conjunto de ór-
ção é um ato voluntário e consciente. Ela depende total- gãos que tem o papel de realização da digestão. Ele é res-
mente da vontade do indivíduo e é o homem quem es- ponsável por processar os alimentos que nós comemos para
colhe o alimento para o seu consumo. A alimentação está disponibilizar os nutrientes necessários às diferentes funções
relacionada com as práticas alimentares, que envolvem do nosso corpo, como o crescimento, a obtenção de energia
opções e decisões quanto à quantidade; o tipo de alimento para as atividades do dia a dia, entre outros. Os órgãos que
que comemos; quais os que consideramos comestíveis ou formam o sistema digestório são: boca, faringe, esôfago, es-
aceitáveis para nosso padrão de consumo; a forma como tômago, intestino delgado, intestino grosso e o reto.
adquirimos, conservamos e preparamos os alimentos; além Os nutrientes são componentes dos alimentos que
dos horários, do local e com quem realizamos nossas re- consumimos e estão divididos em macro nutrientes (car-
feições. boidratos, proteínas e gorduras) e micronutrientes (vitami-
Agora que já entendemos o que é alimentação, vamos nas e minerais). Apenas os macro nutrientes são responsá-
explicar o que é nutrição. A nutrição é um ato involuntário, veis pelo fornecimento de energia, que às vezes é indicada
uma etapa sobre a qual o indivíduo não tem controle. Co- como “caloria” do alimento.
meça quando o alimento é levado à boca. A partir desse Os carboidratos estão presentes nos pães, cereais, bis-
momento, o sistema digestório entra em ação, ou seja, a coitos, frutas, massas, tubérculos e raízes. Além desses ali-
boca, o estômago, o intestino e outros órgãos desse sis- mentos, os carboidratos também estão presentes em pro-
tema começam a trabalhar em processos que vão desde a dutos como: açúcar refinado, chocolates, doces em geral,
trituração dos alimentos até a absorção dos nutrientes, que mas não são considerados tão saudáveis quanto aqueles
são os componentes dos alimentos que consumimos e são que estão presentes em cereais, frutas, massas, etc.
muito importantes para a nossa saúde. A principal função do carboidrato é fornecer energia
para o corpo humano, sendo, na sua maioria, transformado
em glicose. A glicose é um açúcar, que é considerado o
carboidrato mais simples que existe. É uma das principais
fontes de energia do nosso corpo.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
As proteínas são nutrientes que podem ser de origem Com isso, só confirmamos a ideia de que uma alimen-
animal e de origem vegetal. As proteínas de origem animal tação saudável deve ser estimulada em todos os lugares,
são encontradas principalmente nas carnes (aves, bovino, principalmente na escola. E para que isso aconteça, você
suíno, pescado e outros animais); ovos; leite e seus deriva- poderá colaborar incentivando o consumo de frutas, ver-
dos, como queijo, requeijão, iogurte e outros produtos. As duras e legumes, por exemplo, e diminuindo a oferta de
proteínas de origem vegetal são encontradas nos diversos alimentos ricos em açúcar, gordura e sal.
tipos de feijões, soja, lentilha e grão-de-bico. Todas as pro- A Obesidade é o acumulo excessivo de gordura corpo-
teínas são chamadas de nutrientes construtores, pois são ral, sendo normalmente causada pelo consumo exagerado
responsáveis pela formação dos músculos e tecidos (como de comida e falta de atividade física.
pele, olhos, nervos, glândulas e outras estruturas); além de A desnutrição é uma doença causada por alimenta-
regularem outras funções importantes no nosso corpo. ção inadequada e insuficiente, com baixa quantidade de
As gorduras animais (presentes em todo tipo de carne) energia e proteína; também pode ser causada por má-ab-
e os óleos vegetais (soja, milho, girassol, canola e outros) sorção, anorexia ou falta de apetite. Pode ter influência de
são os nutrientes mais calóricos. Por isso, devemos con- fatores sociais, e nesse caso, acomete principalmente indi-
sumir com moderação os alimentos que nos fornecem as víduos de classe social mais desfavorecida. Também pode
gorduras. Entretanto, elas são importantes, pois mesmo em estar relacionada a problemas psiquiátricos ou a alguma
pequena quantidade, fornecem ácidos graxos indispensá- outra doença.
veis à manutenção da saúde, além de facilitarem a utiliza-
ção de vitaminas importantes pelo corpo. Significados da alimentação
Os micronutrientes exercem outras funções no orga- Como explicamos anteriormente, a alimentação não se
nismo, tão importantes quanto as que são realizadas pe- resume aos nutrientes. O ato de comer é influenciado por
los macro nutrientes, conforme já visto. As vitaminas (A, diversos fatores como os valores culturais, sociais, afetivos
D, E, K, C e todas as vitaminas chamadas do complexo B) e sensoriais.
e minerais (cálcio, ferro, potássio, fósforo e outros) estão Dessa forma, as pessoas, diferentemente dos animais,
presentes nas frutas, verduras e legumes. Tanto as vita- ao se alimentarem, não buscam exclusivamente preencher
minas quanto os minerais, são essenciais na digestão, na suas necessidades de energia e nutrientes, mas querem ali-
circulação sanguínea e no funcionamento intestinal, além mentos com cheiro, sabor, cor e textura. Além disso, o co-
de fortalecerem o sistema imunológico, responsável pela nhecimento científico, as religiões e a condição econômica
defesa do nosso corpo contra invasores como vírus, bacté- do indivíduo também influenciam nos hábitos alimentares.
Algumas religiões, por exemplo, costumam criar proi-
rias e parasitas.
bições para o consumo de alguns alimentos, que são
Hortaliças é o nome técnico dado às verduras e aos
considerados culturalmente nocivos. As grandes religiões
legumes, que são plantas ou parte de plantas que servem
sempre se preocuparam, em seus livros sagrados, em es-
para consumo humano.
tabelecer proibições, mostrando o que os fiéis podem ou
Chama-se “verdura” quando a parte comestível do ve-
não comer.
getal são as folhas, flores, botões ou hastes, como acelga,
Essas proibições são chamadas de tabus alimentares,
agrião, aipo, alface, almeirão, brócolis, chicória, couve, cou-
que são crenças e superstições relacionadas ao consumo
ve-flor, escarola, espinafre, mostarda, repolho, rúcula, salsa
de alguns alimentos ou à combinação deles, que seriam
e salsão. prejudiciais à saúde. Muitos folcloristas chamam estes ta-
Chama-se “legume” quando as partes comestíveis do bus de faz mal.
vegetal são os frutos, sementes ou as partes que se de- Você já deve ter conhecido alguma pessoa que não
senvolvem na terra, como cenoura, beterraba, abobrinha, come carne de porco ou que não misture manga e leite,
abóbora, pepino e cebola. não é?
Como você pode ver, os alimentos fornecem nutrien- Várias religiões proíbem o consumo de certos tipos de
tes muito importantes para nossa saúde. Somente uma carnes.
alimentação adequada em termos quantitativos e quali- Por exemplo, o judeu e o muçulmano não comem car-
tativos pode fornecer esses nutrientes. Por outro lado, o ne de porco. A proibição do consumo de alguns animais
consumo inadequado de alimentos pode trazer danos para pode ser também pelo fato dele ser criado em casa, como
a saúde das pessoas. Por exemplo, o excesso de alimentos bicho de estimação. Já em outros locais, alguns tipos de
pode causar a obesidade e a deficiência pode causar a des- carne são proibidas por não serem consideradas comida,
nutrição. não necessariamente porque tem o sabor ou o aroma ruins.
O consumo de alimentos com alta quantidade de gor- Por exemplo, algumas culturas comem certos tipos de ga-
dura, açúcar e sal (seja por quantidades erradas adicionadas fanhotos, e em outras, comer gafanhoto é nojento. Outros
no preparo dos alimentos ou pela frequência de consumo insetos, como larvas, são associadas à comida estragada.
de produtos industrializados que tenham alto teor de sal), Em alguns países do oriente, porém, é comum comer gri-
pode causar muitos problemas à saúde, como obesidade, los, gafanhotos, lagartas e formigas. Em algumas regiões
diabetes, cárie dental, hipertensão (pressão alta), altera- rurais do Brasil, costuma-se comer içá (a parte traseira de
ções ortopédicas (relativa aos ossos), aumento dos níveis algumas formigas)
de colesterol e triglicerídeos e doenças cardíacas.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador

O tabu alimentar também pode ser criado e mantido por razão de saúde. Na maioria das culturas, o alimento sempre
foi relacionado à saúde e isso acontece não apenas porque o excesso ou a falta de alimentos coloca em risco a sobrevivên-
cia dos homens, mas, também, pelas instruções dadas por alguns profissionais de saúde, que influenciam o tipo de dieta,
visto que alguns alimentos podem piorar a saúde ou atrapalhar algum tratamento. Por exemplo, comer carne de porco mal
cozida pode levar à teníase ou comer alimentos ricos em sal pode piorar a saúde de quem tem pressão alta.
Já no cristianismo, a cerimônia mais sagrada ocorre em torno da ingestão do pão e do vinho, simbolizando o corpo e
o sangue de Cristo. Ser hinduísta é ser vegetariano. Com esses exemplos, queremos mostrar que é importante você des-
cobrir se existe na sua escola alguma criança que siga algum tabu alimentar, a fim de criar alternativas para os lanches que
possuam algum alimento proibido para eles.
Os vegetarianos são aquelas pessoas que seguem uma dieta baseada exclusivamente em alimentos de origem vegetal.
Eles excluem da sua dieta carne, ovos e leite, assim como os produtos derivados deles. Os ovo lacto vegetarianos não con-
somem carne, mas consomem ovos e leite, e os lacto-vegetarianos, incluem apenas o leite e derivados.
O conhecimento científico que você encontra em alguns jornais e revistas, por exemplo, também influencia na escolha
dos alimentos, pois por meio dessas informações as pessoas passam a conhecer quais alimentos são considerados saudá-
veis e como eles podem ser utilizados da melhor forma.
Contudo, não basta ter acesso a esses conhecimentos para mudar o hábito alimentar, pois normalmente as pessoas
levam em consideração os prazeres propiciados pela comida, além dos vários fatores que interferem na formação do cos-
tume alimentar.
O significado da alimentação também muda de acordo com a condição econômica da pessoa. Para a população de bai-
xa renda, em geral, os alimentos são classificados entre os alimentos “fortes” e os “fracos”. Os alimentos fortes são aqueles
que sustentam, como o arroz, feijão e carne, enquanto que os fracos são as frutas, verduras e legumes, que servem somente
para “tapear a fome”.
Quando essas pessoas dividem os alimentos em fortes e fracos, elas não se baseiam no valor nutritivo dos alimentos,
mas sim na capacidade que eles têm de matar a fome, como é o caso dos alimentos fortes, que dão a sensação de “barriga
cheia”, pois são mais gordurosos e mais difíceis para digerir.
Normalmente, eles sabem que as frutas, verduras e legumes são ricos em vitaminas e minerais, mas seu consumo deixa
a “sensação” de fome. Porém, isso torna a alimentação repetitiva e pobre em vitaminas e minerais, o que pode prejudicar a
saúde dessas pessoas, principalmente das crianças.
Sabe-se que as crianças se acostumam aos hábitos alimentares da família. Por outro lado, em situações onde a alimen-
tação não é variada, elas poderão preferir alimentos como doces, bolachas, guloseimas e refrigerantes, pois esses alimentos
são considerados mais saborosos. Para os pais, muitas vezes dar esses alimentos para os seus filhos é uma forma de de-
mostrar afeto. Porém, é importante lembrar que o consumo excessivo desses alimentos pode causar danos à saúde, como
obesidade, diabetes, pressão alta, entre outros.
E, por último, vamos falar do caráter social da alimentação, presente desde o nascimento. Normalmente, nossas atitu-
des em relação à comida são aprendidas cedo, desde a amamentação.
O leite materno é o primeiro alimento oferecido à criança e sua ingestão envolve o contato com a mãe. Com isso, desde
o início da vida, a alimentação está ligada ao afeto e proteção quanto à presença feminina.
Por exemplo, o momento de afeto na alimentação pode ser visto nos encontros familiares, que são momentos de con-
versação e de troca de informações. A hora de comer é um momento de socialização entre as pessoas. Todos se sentam à
mesa para comer, beber e celebrar o momento em que estão juntos. Esse processo é chamado comensalidade.
Vamos entender o que significa comensalidade. Comensalidade é a prática de comer junto, dividindo a comida, mesmo
que de forma desigual. A mesa, ao redor da qual ocorre a comensalidade, é um dos símbolos das trocas familiares. É o local
onde se divide o alimento e a alegria dos encontros, as opiniões sobre os acontecimentos do mundo, sem a preocupação
de agradar, sem precisar disfarçar que se está bem.
Porém, hoje as refeições costumam ser feitas com os colegas de trabalho, amigos ou até desconhecidos que se sentam
à mesma mesa. No caso de desconhecidos, não existe uma socialização, mas pode surgir uma conversa, mesmo que seja
apenas naquele momento.
Como você pode ver, os alimentos possuem vários significados de acordo com a religião, cultura ou condição econô-
mica.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
Quadro nutricional brasileiro Os nutrientes cuja deficiência contribuem mais para
a situação de fome oculta, são: o ferro, a vitamina A, o
Assim como em outros países do mundo, o Brasil vem iodo e o zinco.
passando por diversas mudanças na forma como a popu- As deficiências de ferro, vitamina A e iodo são consi-
lação se comporta, principalmente em relação aos hábitos deradas problemas de saúde pública, isso significa que um
alimentares e à prática de exercício físico. número muito grande de pessoas possui problemas rela-
Quanto à alimentação, o que podemos observar, desde cionados a essas deficiências.
as últimas décadas, é uma diminuição no consumo dos ali- No Brasil, as pesquisas feitas para verificar o número de
mentos característicos de cada região (frutas, verduras e le- pessoas que têm anemia, doença causada pela deficiência
gumes), aumento no consumo de alimentos com altas quan- de ferro, revelam que este número está aumentando e que
tidades de açúcar simples, de gordura e de sal. Isso pode a doença afeta principalmente crianças menores de dois
ter ocorrido por vários motivos, entre eles: a migração, ou anos de idade e mulheres grávidas.
seja, a mudança de um número muito grande de pessoas Em relação à vitamina A, existe pouca informação no
do ambiente rural para a cidade, o aumento da variedade de Brasil, mas alguns estudos pontuais revelaram existência da
produtos industrializados (que em sua maioria apresentam deficiência de vitamina A em vários estados.
altas quantidades de açúcar, gorduras e sal) e o aumento das Já com relação ao iodo, estudos nacionais demonstra-
propagandas desses produtos. ram que ocorreu o controle dessa deficiência, e 76% dos
Em relação ao hábito da prática de atividade física regu- municípios brasileiros não apresentaram sinais da carência
lar, também ocorreram alterações com a migração para as ci- deste nutriente.
dades, pois, em muitos casos, as pessoas que passavam o dia Nos próximos tópicos, iremos conhecer um pouco
cuidando da terra ou fazendo atividades pesadas passaram mais sobre os nutrientes cujas deficiências mais têm afeta-
a trabalhar com atividades mais leves. Além disso, o avan- do a população brasileira.
ço da tecnologia tem facilitado muito a vida do homem. Por
exemplo, com o carro, ônibus ou metrô não é preciso andar Ferro
muito, com o telefone em casa e até mesmo com o celular, O ferro é um nutriente fundamental para o bom fun-
não é preciso ir ao orelhão (telefone público) para ligar para cionamento do corpo. Isso porque ele é essencial para a
um amigo, com o controle remoto da televisão não é preciso fabricação das células vermelhas do sangue, que têm a
nem mesmo levantar-se para trocar de canal. Muitas facilida- função de transportar oxigênio para todas as células do
des, não é mesmo? Mas todas elas contribuem para que a organismo.
população faça menos atividade física. O ferro faz parte da hemoglobina, uma proteína neces-
Todas essas mudanças que vêm ocorrendo afetaram a sária para que células vermelhas do sangue, também cha-
saúde da população, já que o número de doenças relacio- madas de hemácias, possam ser formadas. Como falamos,
nadas ao excesso do consumo de alimentos aumentou de as hemácias têm a função de transportar oxigênio para as
forma alarmante. Esses são problemas que fazem parte da células do corpo.
realidade brasileira há muito tempo e que, apesar de terem Isto é importante porque o oxigênio respirado por nós
diminuído, ainda afetam parte da população. é usado pelo organismo para produzir a energia que faz
A fome oculta ocorre quando não há sensação de fome, cada um dos nossos órgãos funcionar, dando-nos, assim,
mas o corpo está mal alimentado. É isso mesmo, ela acontece condições para fazermos todas as nossas atividades como
quando a alimentação consumida é inadequada e gera uma andar, mastigar, pensar etc. Essa energia é fabricada nas
carência de vitaminas e minerais, ou seja, a fome neste caso é células que possuímos e, para isso, é preciso que o oxigê-
oculta (escondida), porque não se manifesta como uma sen- nio chegue em cada uma delas. É aí que o ferro entra, é
sação, mas causa prejuízos para a saúde. A fome oculta pode isso mesmo, como vimos antes, ele é essencial para que a
ser causada pela deficiência de um ou mais nutrientes. hemácia possa fazer o transporte do oxigênio.
Este tipo de fome ocorre por vários fatores e um dos A anemia ferropriva é causada pela falta de ferro no
que vem se destacando é a troca do consumo de alimentos corpo humano, porém, a falta de outros nutrientes como
(frutas, verduras e legumes) característicos de cada região, cobre, vitamina B12, proteínas e folatos também pode levar
que são ricos em vitaminas e minerais, pelo consumo de ali- a anemia (que nestes casos não se chama ferropriva).
mentos industrializados ricos em açúcares, gorduras e sal. Ela Neste módulo estudaremos apenas a anemia ferropri-
também é considerada oculta porque no início não apresen- va por ser ela a que ocorre com maior frequência.
ta nenhum sintoma, fazendo com que a pessoa não perceba
que está com uma carência de nutrientes. Porém, com o pas- A anemia acontece quando há pouca hemoglobina no
sar do tempo, se a alimentação permanecer inadequada, os sangue, o que ocorre devido à falta de vários nutrientes,
sintomas começam a aparecer, mas a situação já pode estar principalmente o ferro. Quando a anemia é causada pela
muito grave. falta de ferro é chamada de anemia ferropriva. Ela pode
Homem gabiru: esta expressão refere-se a homens que, ocorrer por causa do consumo de alimentos pobres nesse
como o gabiru, uma espécie de rato, vivem do lixo que sobra nutriente ou por causa da dificuldade do organismo em
dos consumidores. Como não têm uma alimentação ade- absorver o ferro. Pessoas que têm anemia podem apresen-
quada, eles têm seu crescimento prejudicado pela falta de tar cansaço, palidez, falta de apetite, maior chance de ter
nutrientes, principalmente de energia, e chegam no máxi- infecções, fraqueza e, nos casos mais graves, sangramento
mo a 1,6 metros de altura. nas gengivas e palpitações no coração.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
Nas crianças ela pode ter sérias consequências além das citadas acima, podendo comprometer o desenvolvimento
motor, o desenvolvimento da coordenação, da linguagem e da aprendizagem.
O ferro pode ser encontrado em alimentos de origem animal como as carnes de vaca, galinha, peixe e porco, e também
pode ser obtido em alimentos de origem vegetal, como as leguminosas e folhas verdes escuras. O ferro encontrado nos
produtos de origem animal é aproveitado pelo organismo de maneira mais fácil. Uma dica importante para melhor absor-
ver o ferro de origem vegetal é comer esses alimentos junto de frutas cítricas, que são ricas em vitamina C. Essa vitamina
ajuda na absorção do ferro!

Vitamina A
A vitamina A possui várias funções no organismo, entre elas a de contribuir para que a visão e os tecidos epiteliais
estejam normais e para que o sistema de defesa do corpo realize suas funções adequadamente. A maioria dos problemas
relacionados à falta de vitamina A ocorre na visão.
Com a falta desse nutriente o processo de adaptação que ocorre quando vamos de um local muito claro para um local
escuro fica atrasado, é o que se chama de cegueira noturna.
A deficiência também pode causar a diminuição das lágrimas (que ajudam a limpar o olho), favorecendo infecções que,
se não forem tratadas, podem causar manchas nos olhos, chamadas Mancha de Bitot. Os casos mais graves podem afetar
a córnea causando cegueira parcial ou total. Essa cegueira pode ser em algumas situações irreversível, ou seja, a pessoa
perderá a visão!

Iodo
O iodo é um nutriente de grande importância, pois é necessário para formar os hormônios da tireoide, sendo sua in-
gestão diária essencial para que a glândula funcione da maneira correta.
A tireoide é uma glândula do nosso corpo que produz os hormônios responsáveis pelo crescimento, a manutenção do
calor do corpo e o funcionamento de vários órgãos como o coração, fígado, rins, ovários e outros.
A deficiência no consumo do iodo pode causar o bócio (também conhecido como papo), que é uma forma do orga-
nismo tentar compensar a falta de iodo por meio do aumento do volume da glândula tireoide. Esta doença pode levar
a problemas respiratórios, dificuldade para engolir alimentos e dor. Além do bócio, a deficiência pode levar ao atraso do
crescimento e da capacidade de aprendizagem, podendo acarretar até retardo mental, quando ocorrer na vida intrauterina,
ou seja, dentro do útero. Nessa situação, pode levar ao cretinismo, que é uma doença onde a falta de iodo compromete o
desenvolvimento do sistema nervoso, causando retardo mental irreversível.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
O iodo pode ser encontrado principalmente em ali- A ausência de zinco pode ser ainda mais prejudicial
mentos vindos do mar como peixes, ostras e moluscos. para as crianças já que causa problemas no crescimento
Além disso, também existe no leite e seus derivados, e ovos e desenvolvimento que podem deixar marcas para toda a
de regiões onde os animais são alimentados com rações vida. Além disso, pode ocasionar várias doenças, pois deixa
enriquecidas com iodo ou consomem alimentos plantados o sistema de defesa prejudicado e, assim, o corpo fica me-
em terras com grandes quantidades de iodo. nos resistente às doenças e infecções.
A deficiência desse nutriente ocorre principalmente nas O zinco pode ser encontrado principalmente em car-
regiões montanhosas, já que grande parte do iodo se con- nes vermelhas, fígado, miúdos, ovos, mariscos e ostras.
centra no mar ou nas áreas que passam por inundações fre-
quentes, o que retira o iodo do solo. Para diminuir os casos Ações para a prevenção e o controle das carências
de deficiência na população brasileira, principalmente da- de ferro, vitamina A e iodo
queles que vivem em lugares de maior risco (onde há me-
nos disponibilidade de iodo), existem, já há várias décadas, Vitamina A: para ajudar a combater, ou seja, evitar a
leis que obrigam os fabricantes de sal a adicionarem iodo deficiência de vitamina A, que pode até causar cegueira,
ao sal de cozinha, o chamado sal iodado. Assim, o consumo como vimos antes, você pode incentivar as crianças a co-
diário de sal iodado é capaz de suprir as necessidades do merem alimentos de cor amarelo alaranjada e verde es-
organismo para este nutriente, prevenindo o surgimento de curas ( já que eles são ricos em vitamina A), aproveite os
qualquer dos distúrbios causados pela deficiência de iodo. momentos em que você estiver próximo(a) às crianças e
fale que comer estes alimentos ajuda a crescer com saúde
e até a enxergar melhor! Essas informações você também
pode compartilhar com seus colegas de trabalho e fami-
liares, quanto mais pessoas souberem melhor! Nas regiões
onde existe a suplementação da vitamina A, você também
pode orientar e estimular a questão da suplementação de
vitamina A, recomendando a população que procure a Uni-
dade Básica de Saúde.

Ferro: para evitar problemas como a anemia, é preciso


incentivar crianças e adultos a comerem alimentos ricos em
ferro. Você conheceu alguns desses alimentos nos Saiba
Mais, quando falamos do ferro. Além disso, você pode dar
dicas sobre como podemos ajudar o nosso corpo a usar o
ferro que comemos, absorvendo-o melhor. Procure relem-
brar quais são os alimentos fontes de ferro e quais são as
dicas para aproveitá-lo melhor, assim você poderá contar
para todos a importância deles.

Iodo: os problemas da deficiência de iodo podem ser


evitados com medidas simples. Você poderá conversar
com as pessoas sobre a importância de consumir o sal de
cozinha que tenha iodo adicionado, e sobre os cuidados a
serem tomados para cuidar do sal e do iodo que está nele.
Mas é fundamental que você fale para as pessoas que não
é necessário consumir muito sal! A quantidade que usamos
para temperar a comida sem que ela fique muito salgada é
suficiente. Não esqueça de falar sobre isso, afinal um con-
sumo muito grande de sal pode fazer mal a saúde. Para não
Zinco esquecer quais são os cuidados a serem tomados com o
O zinco é um mineral que possui diversas funções de sal, você pode reler o Saiba Mais referente ao iodo.
grande importância para a saúde do corpo humano. Ele
ajuda as crianças a terem um bom crescimento e desenvol- Zinco: você pode estimular o consumo de alimentos
vimento, e ajuda o sistema de defesa do corpo e a visão a que tenham este nutriente e falar sobre a importância de
funcionarem adequadamente. consumi-lo, principalmente para o bom crescimento e de-
Quando o zinco não é consumido em boas quantida- senvolvimento das crianças.
des, pode ocorrer a deficiência desse mineral no corpo e
podem acontecer vários problemas como queda de cabelo, Fonte: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pro-
diarreia, lesões na pele, problemas no sistema de defesa, func/aliment.pdf
atraso no crescimento e no desenvolvimento, cicatrização
lenta, dentre outros.

43
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
Rotulagem Nutricional Obrigatória Os regulamentos estão disponíveis nas páginas
eletrônicas: http://e-legis.bvs.br/leisref/public/sho-
Apresentação wAct.php?id =9059 e http://e-legis.bvs.br/leisref/
A importância da rotulagem nutricional dos ali- public/showAct.php?id =9058.
mentos para a promoção da alimentação saudável é O presente manual, tomando como base a legisla-
destacada em grande parte dos estudos e pesquisas ção vigente, descreve de forma deta- lhada como de-
que envolvem a área da nutrição e sua relação com es- vem ser obtidos os dados para a informação nutricional,
tratégias para a redução do risco de doenças crônicas. sua forma de apresentação nos rótulos e por fim, um
O uso das informações nutricionais obrigatórias nos conjunto de dúvidas mais freqüentes com suas respec-
rótulos dos alimentos e bebidas embaladas está regu- tivas respostas.
lamentado no Brasil desde 2001.
O propósito foi elaborar um regulamento único Como saber se o produto precisa apresentar
que atendesse aos países integrantes do Mercado Co- informação nutricional?
mum do Sul - Mercosul tornou imprescindível a revisão A rotulagem nutricional se aplica a todos os alimen-
das normas brasileiras e sua adequação com relação ao tos e bebidas produzidos, comercial- izados e emba-
avanço deste tema no contexto mundial. lados na ausência do cliente e prontos para oferta ao
A publicação da nova regulamentação, sobre Ro- consumidor.
tulagem Nutricional de Alimentos Embalados, traz a Os produtos que estão dispensados da rotulagem
expectativa de orientar o setor produtivo quanto às in- nutricional obrigatória são:
formações relevantes, possibilitar a revisão das formu- • As águas minerais e demais águas destinadas ao
lações e informar o consumidor sobre a com- posição consumo humano;
do alimento favorecendo escolhas que promovam o • As bebidas alcoólicas;
consumo de uma dieta mais equilibrada e saudável. • Os aditivos alimentares e coadjuvantes de tecno-
A demanda crescente da sociedade por informa- logia;
ções confiáveis acerca dos produtos exige esforço do • As especiarias, como pimenta do reino, cominho,
governo e setor produtivo para implantação de uma noz moscada, canela e outros;
efetiva rotulagem nutri- cional de alimentos. • Os vinagres;
• O sal (cloreto de sódio);
Introdução • Café, erva mate, chá e outras ervas sem adição de
As indústrias fabricantes de alimentos e bebidas outros ingredientes;
embalados prontos para oferta ao con- sumidor es- • Os alimentos preparados e embalados em restau-
tão se adequando à nova legislação que determina rantes e estabelecimentos comerciais, prontos para o
a declaração de informa- ção nutricional obrigatória
consumo, como por exemplo, sanduíches embalados,
de valor energético, carboidratos, proteínas, gordu-
sobremesas do tipo flan ou mousses ou saladas de frutas
ras totais, gorduras saturadas, gorduras trans, fibra
e outras semelhantes.
alimentar e sódio, nos rótulos de alimentos e bebidas
• Os produtos fracionados nos pontos de venda a
embalados. As informações nutricionais referem-se ao
varejo, comercializados como pré-medidos. Alimentos
produto na forma como está exposto à venda e devem
fatiados como queijos, presuntos, salames, mortadelas,
ser apresentadas em porções, e medidas caseiras cor-
entre outros.
respondentes, devendo conter ainda o percentual de
valores diários para cada nutriente declarado, exceto • As frutas, vegetais e carnes in natura, refrigerados
no caso dos ácidos graxos trans, cujo percentual de va- ou congelados;
lor diário não deve ser declarado. • Produtos que possuem embalagens com menos
A Resolução ANVISA RDC 360/03 - REGULAMENTO TÉC- de 100 cm2 (esta dispensa não se aplica aos alimen-
NICO SOBRE ROTULAGEM NUTRICIONAL DE ALIMENTOS EM- tos para fins especiais ou que apresentem declarações
BALADOS torna obrigatória a rotulagem nutricional ba- de propriedades nutricionais).
seada nas regras estabelecidas com o objetivo principal
de atuar em benefício do con- sumidor e ainda evitar
obstáculos técnicos ao comércio.
As porções indicadas nos rótulos de alimentos e
bebidas embalados foram determinadas com base em
uma dieta de 2000 kcal considerando uma alimentação
saudável e foram harmonizadas com os outros países
do Mercosul. Elas estão publicadas na Resolução ANVI-
SA RDC 359/03 - REGULAMENTO TÉCNICO DE PORÇÕES DE
ALIMENTOS EMBALA- DOS PARA FINS DE ROTULAGEM NUTRI-
CIONAL.

44
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
Que informações devem constar obrigatoriamente nos rótulos?
Temos aqui o modelo vertical do rótulo, nele estão descritas na primeira coluna todas as informações nutricionais
obrigatórias.

MODELO DE RÓTULO

INFORMAÇÃO NUTRICIONAL
Porção de...... g ou mL (medida caseira)
Quantidade por porção %VD(*)

Valor Energético kcal e kJ %

Carboidratos g %

Proteínas g %

Gorduras Totais gg %
g
Gorduras Saturadas %

Gorduras Trans -
Fibra Alimentar g %

Sódio mg %

Outros minerais (1) mg ou mcg

Vitaminas (1) mg ou mcg

(*)% Valores Diários de referência com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8400 kJ.
Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades
energéticas.
(1) Quando declarados.

Obs: “Outros minerais” e “vitaminas” farão parte do quadro obrigatoriamente quando se fizer uma declaração
de propriedades nutricionais ou outra declaração que faça refer- ência à estes nutrientes. Optativamente, podem
ser declarados vitaminas e minerais quando estiverem presentes em quantidade igual ou maior a 5% da Ingestão
Diária Recomendada (IDR) por porção indicada no rótulo.
A ANVISA INCENTIVA OS FABRICANTES DE ALIMENTOS E BEBIDAS A DISPOR NOS RÓTULOS AS INFORMAÇÕES RE-
FERENTES AO CONTEÚDO DE COLESTEROL, CÁLCIO E FERRO, COM O OBJETIVO DE AUMENTAR O NÍVEL DE CONHECIMENTO
DO CONSUMIDOR, DESDE QUE O PRODUTO APRE- SENTE QUANTIDADE IGUAL OU SUPERIOR A 5% DA IDR.

Como conhecer o tamanho da porção e a medida caseira correspondente?


Os tamanhos das porções estão indicados nas Tabelas de Referência de Porções de Ali- mentos e Bebi-
das Embalados. Os produtos foram agrupados dessa maneira considerando sua similaridade. Isto é, cada nível
agrupa alimentos com características parecidas entre si. O nível 1 agrupa os alimentos ricos em carboidratos,
o 2 alimentos ricos em vitaminas e minerais, já o 3 alimentos ricos em proteínas, e por último o 4 alimentos
com a densidade energética alta.
1) Considerou-se como base para uma alimentação diária 2000 kcal ou 8400 kJ. Além da determinação
da energia, todos os alimentos foram classificados em níveis e grupos de alimentos, determinando-se o valor
energético médio que contém cada grupo. Assim, o número de porções recomendadas é o VALOR ENERGÉ-
TICO MÉDIO que corresponder para cada porção.
2) Para os alimentos de consumo ocasional como sorvetes, balas, pirulitos (GRUPO VII), não foi conside-
rado o valor energético médio estabelecido para o grupo
3) Os produtos alimentícios que não estão dispostos nos 4 (quatro) níveis da tabela abaixo,estão incluídos
no GRUPO VIII – molhos, temperos prontos, caldos, sopas e pratos preparados.

45
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador

Nível Grupos de alimentos Valor energético Nº de Valor energético


médio (VE) porções médio por porção
kcal kJ kcal kJ
1 I – Produtos de panificação, 900 3800 6 150 630
cereais, leguminosas, raízes,
tubérculos e seus derivados

3
2 II – Verduras, hortaliças e 300 1260 30 125
con- servas vegetais 3
III – Frutas, sucos, néctars e 70 295
refrescos de frutas
2
3 IV – Leites de derivados 500 2100 2 125 525
V – Carnes e ovos 125 525

4 VI – Óleos e gorduras e 300 1260 2 100 420


sementes oleaginosas
VII – Açúcares e produtos 1 100 420
que fornecem energia
provenien- tes de
carboidratos e gorduras
VIII – Molhos, temperos
pron- tos, caldos, sopas e
pratos preparados.

Caso você fabricante de alimentos não encontre o seu produto indicado na Tabela de Referência de Porções
de Alimentos e Bebidas Embalados, você deverá seguir o método utilizado para o estabelecimento das porções, como
demonstrado em 3.1.

Siga os passos:

1. I dentifique em que nível seu produto se encaixa considerando suas carac terísticas.

Cada nível apresenta o valor energético médio. A soma dos quatro níveis totaliza as 2.000 calorias ou
8.400 quilojoules. Esse valor energético é dis- tribuído através das porções nos grupos alimentares.

46
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
2. I dentifique o valor energético médio por porção do seu produto.

3. É o momento de se utilizar regra de três para determinar a porção do seu produto. Veja como, no
exemplo abaixo !

Exemplo do cálculo da porção:


Considere que você fabricante de alimentos produz um tipo de queijo que não está indicado na Tabela de Refe-
rência de Porções de Alimentos e Bebidas Embalados. Seguindo os passos indicados, você já conseguiu identificar que o seu
produto se encaixa no grupo alimentar IV (leite e derivados) – nível 3. Esse deve apresentar em média 125 Kcal ou 525 kJ.

Assim, se 100 gramas do meu produto apresenta 625 kcal, quantos gramas irá apresentar
125 kcal?
100 g – 625 kcal x g – 125 kcal
x = 100 x 125/625 x = 20 gramas
A porção do seu produto é 20 gramas.

Exemplo para determinação da medida caseira:


A declaração da medida caseira agora é obrigatória. Para facilitar sua declaração estabe- leceu-se sua relação
com a porção correspondente em gramas ou mililitros a partir dos utensílios caseiros que são geralmente utilizados
conforme a tabela abaixo:

Medida caseira Capacidade ou dimensão

Xícara de chá 200 ml

Copo 200 ml

Colher de sopa 10 ml

Colher de chá 5 ml

Prato raso 22 cm de diâmetro

Prato fundo 250ml

Como o seu produto não está listado na Tabela de Referência de Porções de Alimentos e Bebidas Embalados, para
encontrar a medida caseira deve-se utilizar a similaridade. Dessa forma, como no grupo IV, de leites e derivados, consta,
para “outros queijos (ricota, semi- duros, branco, requeijão, queijo cremoso, fundidos e em pasta)”, como medida
caseira, colheres/fatias que correspondam, diante disso podemos escolher o melhor termo para indicar a medida.
É importante notar que podem ser usadas outras formas de declaração de medidas casei- ras apropriadas para o
produto e de fácil entendimento dos consumidores como fatia, rodela, fração ou unidade e essas devem ser utiliza-
das quando forem consideradas ade- quadas. As tabelas constantes no Regulamento Técnico de Porções indicam
a medida caseira utilizada por tipo de produto.

47
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
Como ter acesso às tabelas para o cálculo das informações nutricionais?
Para fazer o cálculo das Informações Nutricionais você precisa consultar mais de uma fonte:

1) A Tabela de Valores de Referência para Porções de Alimentos e Bebidas Embalados para Fins de Rotulagem Nu-
tricional. Você pode acessá-la no endereço: http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2003/rdc/359_03rdc.pdf

2) Uma Tabela de Composição Química de Alimentos, um Banco de Dados de Alimentos ou o laudo de análise
físico-química do seu produto.

Para ter acesso e consultar uma Tabela de Composição Química de Alimentos ou Banco de Dados de Alimentos,
procure:
• Tabela Brasileira de Composição de Alimentos – Nepa/Unicamp/ MS/MDS (http://portalweb01.saude.gov.br/
alimentacao/documentos/ tab_bras_de_comp_de_alim_tab1.pdf )
• U.S. Department of Agriculture, Agricultural Research Service. 1999. USDA Nutrient Database for Standard Reference,
Release 13. Nutrient Data Laboratory Home Page. http\: www.nal.usda.gov/fnic/foodcomp
• Tabela de Composição de Alimentos do ENDEF, IBGE.
• Tabela de Composição de Alimentos: Suporte para Decisão Nutricional, Sonia Tucunduva Philippi, 2001.
• Software Virtual Nutri, Universidade de São Paulo, 1996.
• Demais tabelas ou bancos de dados disponíveis.
• Na página da ANVISA, na internet, está disponível um programa para cálculo das informações nutricionais que
devem constar dos rótulos de alimentos.

A fonte da tabela de composição ou do banco de dados de alimentos utilizada para o cálculo das informações
nutricionais não precisa constar no rótulo do seu produto. Mas, tal informação pode ser solicitada pelo órgão de vi-
gilância sanitária.

Cálculo das informações nutricionais passo a passo


Agora que sabemos onde encontrar as ferramentas básicas para o cálculo dos valores nutricionais: Tabela de
Valores de Referência para Porções de Alimentos e Bebidas Embalados para Fins de Rotulagem Nutricional – RDC no.
359/03, tabela de composição química dos alimentos ou banco de dados ou laudo de análise físico-química do pro-
duto, vejam os passos que devem ser seguidos.

Vamos pegar como exemplo ingredientes para a produção de 10 (dez) bolos, de 425 gramas cada::
ex Produto: Bolo
Ingredientes:
1000 g de farinha de trigo;
800 g de açúcar refinado;
800 g de água;
500 g de ovos (10 unidades);
300 g de gordura vegetal hidrogenada;
200 g de coco ralado e
60 g de fermento em pó.

PASSO 1
Identifique a Porção de Referência do alimento a partir da consulta na Tabela de Valores de Referência para Porções
de Alimentos e Bebidas Embalados para Fins de Rotulagem Nutricional

ALIMENTO Porção (g) Medida caseira (g)


Bolo 60 g 1 fatia

O valor de referência (a porção) do bolo é de 60 g equivalente a uma fatia.

48
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
PASSO 2
Consulte uma Tabela de Composição Química de Alimentos, Banco de Dados de Alimen- tos ou usar o laudo de
análise Físico-Química.

Obs: A água não foi contabilizada porque não contém calorias. O dado da gordura trans foi proveniente de análi-
se físico-química.
O valor energético não consta nesta tabela, pois será calculado utilizando fatores de conversão.

OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:
Os produtos que apresentem, na sua composição, gordura trans devem pro- ceder à análise físico-
-química enquanto este dado não estiver disponível em tabelas de composição de alimentos.

A seguinte situação:
O alimento não apresenta gordura trans: neste caso não é necessário proceder à análise físico-química.

Exemplos:
• O alimento apresenta gordura trans: neste caso é necessário proceder à análise físico- química para a quantifi-
cação da gordura trans no produto. Exemplo: gordura hidroge- nada, margarina.
• O produto utiliza em sua formulação ingrediente(s) com gorduras trans: é necessário proceder à análise físico-
-química para a quantificação da gordura trans no alimento final ou pode-se realizar a análise apenas no(s) ingre-
diente(s). Ex: biscoitos amanteigados, tortas.
• Podem ocorrer transformações durante o processamento do produto que resultem em gorduras trans, neste
caso, é necessário laudo do produto final para quantificação.

Obs: Lembrar que alimentos elaborados com gordura vegetal hidrogenada, margarinas ou com gorduras prove-
nientes de animais ruminantes contém ácido graxo trans.

49
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
PASSO 3
Cálculo da Informação Nutricional em relação à porção de referência do produto

COMO CALCULAR A QUANTIDADE DE CARBOIDRATOS:


Com os dados de cada ingrediente da tabela nutricional teórica, temos condições de cal- cular a quantidade total
de carboidratos do produto final.
Inicialmente realiza-se uma regra de três com os dados para o teor de carboidrato de cada ingrediente, conforme
segue abaixo:

Farinha de trigo Açúcar refinado Ovos


(1000 gramas) (800 gramas) (500 gramas)

100 g – 77,7 g 100 g – 99,9 g 100 g – 1,23 g


1000 g – x 800 g – x 500 g–x
x = (1000 x 77,7)÷100 x = 777 x = (800 x 99,9)÷100 x = x = (500 x 1,23)÷100 x =
g 799,2 g 6,15 g

Gordura vegetal hidrogenada Coco ralado Fermento em pó


(300 gramas) (200 gramas) (60 gramas)

100 g – 0 g 100 g – 15,2 g 100 g – 37,8 g


300 g – x 200 g – x 60 g – x
x = (300 x 0)÷100 x = 0 g x = (200 x 15,2)÷100 x = x = (60 x 37,8)÷100 x =
30,4 g 22,68 g

total 1635,43 g

* a água não foi contabilizada porque não apresenta carboidratos.

Considerando que:
- A porção do bolo é de 60 g
- O rendimento total da receita é 10 bolos de 425 gramas = 4250 gramas
- A quantidade total de carboidratos da receita é de 1635,43 gramas
Se 10 bolos de 425 gramas cada apresentam 1635,43 gramas de carboidratos
Em 60 g (porção do bolo) apresentará x g x = 1635,43 x 60÷4250 = 23,088 g
(Portanto: A porção de 60 g de bolo = 23,088 g de carboidratos)

COMO CALCULAR A QUANTIDADE DE PROTEÍNAS:


Com os dados de cada ingrediente da tabela nutricional teórica, temos condições de cal- cular a quantidade total
de proteínas do produto final.
Inicialmente realiza-se uma regra de três para cada ingrediente, conforme segue abaixo:

Farinha de trigo Açúcar refinado Ovos


(1000 gramas) (800 gramas) (500 gramas)

100 g – 9,4 g 100 g – 0 g 100 g – 12,5 g


1000 g – x 800 g – x 500 g – x
x = (1000 x 9,4)÷100 x = 94 g x = (800 x 0)÷100 x = 0 g x = (500 x 12,5)÷100 x =
62,5 g

50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador

Gordura vegetal hidrogenada Coco ralado Fermento em pó


(300 gramas) (200 gramas) (60 gramas)

100 g – 0 g 100 g – 3,34 g 100 g – 5,2 g


300 g – x 200 g – x 60 g – x
x = (300 x 0)÷100 x = 0 g x = (200 x 3,34)÷100 x = x = (60 x 5,2)÷100 x = 3,12
6,68 g g

total 166,30 g

* a água não foi contabilizada porque não apresenta proteínas.

Considerando que:
- A porção do bolo é de 60 g
- O rendimento total da receita é 10 bolos de 425 gramas = 4250 gramas
- A quantidade total de proteínas da receita é de 166,30 gramas

Se 10 bolos de 425 gramas cada apresentam 166,30 gramas de proteínas


Em 60 g (porção do bolo) apresentará X g
X = 166,30 x 60/ 4250 = 2,348 g

(Portanto: A porção de 60 g de bolo = 2,348 g de proteínas)

COMO CALCULAR A QUANTIDADE DE GORDURAS TOTAIS:


Com os dados de cada ingrediente da tabela nutricional teórica, temos condições de cal- cular a quantidade de
gorduras totais do produto final.
Inicialmente realiza-se uma regra de três para cada ingrediente, conforme segue abaixo:

x Farinha de trigo Açúcar refinado Ovos


(1000 gramas) (800 gramas) (500 gramas)

100 g – 1,3 g 100 g – 0 g 100 g – 10 g


1000 g – x 800 g – x 500 g – x
x = (1000 x 1,3)÷100 x = 13 g x = (800 x 0)÷100 x = 0 g x = (500 x 10)÷100 x = 50 g

Gordura vegetal hidrogenada Coco ralado Fermento em pó


(300 gramas) (200 gramas) (60 gramas)

100 g – 100 g 100 g – 33,5 g 100 g – 0 g


300 g – x 200 g – ? 60 g – x
x = (300 x 100)÷100 x = 300 x = (200 x 33,5)÷100 x = x = (60 x 0)÷100 x = 0 g
g 67 g

total 430 g

* a água não foi contabilizada porque não apresenta gorduras.

Considerando que:
- A porção do bolo é de 60 g
- O rendimento total da receita é 10 bolos de 425 gramas = 4250 gramas
- A quantidade total de gorduras da receita é de 430 gramas

51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
Se 10 bolos de 425 gramas cada apresentam 430 gramas de gorduras totais
Em 60 g (porção do bolo) apresentará X g
X = 430 x 60÷4250 = 6,070 g

(Portanto: A porção de 60 g de bolo = 6,070 g de gorduras totais)

COMO CALCULAR A QUANTIDADE DE GORDURAS SATURADAS:


Com os dados de cada ingrediente da tabela nutricional teórica, temos condições de cal- cular a quantidade de
gorduras saturadas do produto final.

Inicialmente realiza-se uma regra de três para cada ingrediente, conforme segue abaixo:

Farinha de trigo Açúcar refinado Ovos


(1000 gramas) (800 gramas) (500 gramas)

100 g – 0,2 g 100 g – 0 g 100 g – 3,1 g


1000 g – x 800 g – x 500 g – x
x = (1000 x 0,2)÷100 x = 2 g x = (800 x 0)÷100 x = 0 g x = (500 x 3,1)÷100 x = 15,5
g

Gordura vegetal hidrogenada Coco ralado Fermento em pó


(300 gramas) (200 gramas) (60 gramas)

100 g – 23,3 g 100 g – 29,7 g 100 g – 0 g


300 g – x 200 g – x 60 g – x
x = (300 x 23,3)÷100 x = 69,9 x = (200 x 29,7)÷100 x = x = (60 x 0)÷100 x = 0 g
g 59,4 g

total 146,8 g

* a água não foi contabilizada porque não apresenta gorduras saturadas.

Considerando que:
- A porção do bolo é de 60 g
- O rendimento total da receita é 10 bolos de 425 gramas = 4250 gramas
- A quantidade total de gorduras saturadas da receita é de 146,8 gramas

Se 10 bolos de 425 gramas cada apresentam 146,8 gramas de gorduras saturadas


Em 60 g (porção do bolo) apresentará X g
X= 146,8 x 60/ 4250 = 2,072g

(Portanto: A porção de 60 g de bolo = 2,072 g de gorduras saturadas)

COMO CALCULAR A QUANTIDADE DE GORDURAS TRANS:


Considere que você tenha enviado o ingrediente (gordura vegetal hidrogenada) para a análise físico-
-química para um laboratório.
E segundo o laudo técnico hipotético 100 gramas de gordura vegetal hidroge- nada apresentam 22
gramas de gordura trans.

De acordo com a receita do bolo:


Gordura vegetal hidrogenada
(300 gramas)

100 g – 22 g
300 g – x
x = (300 x 22)÷100 x = 66 g

52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
Considerando que:
- A porção do bolo é de 60 g
- O rendimento total da receita é 10 bolos de 425 gramas = 4250 gramas
- A quantidade total de gorduras trans da receita é de 66 gramas

Se 10 bolos de 425 gramas cada apresentam 66 gramas de gorduras trans


Em 60 g (porção do bolo) apresentará X g
X= 66 x 60/ 4250 = 0,932 g

(Portanto: A porção de 60 g de bolo = 0,932 g de gorduras trans)

COMO CALCULAR A QUANTIDADE DE FIBRA ALIMENTAR:


Com os dados de cada ingrediente da tabela nutricional teórica, temos condições de cal- cular a quantidade de
fibra alimentar do produto final.
Inicialmente realiza-se uma regra de três para cada ingrediente, conforme segue abaixo:

Farinha de trigo Açúcar refinado Ovos


(1000 gramas) (800 gramas) (500 gramas)

100 g – 3,6 g 100 g – 0 g 100 g – 0 g


1000 g – x 800 g – x 500 g – x
x = (1000 x 3,6)÷100 x = 36 g x = (800 x 0)÷100 x = 0 g x = (500 x 0)÷100 x = 0 g

Gordura vegetal hidrogenada Coco ralado Fermento em pó


(300 gramas) (200 gramas) (60 gramas)

100 g – 0 g 100 g – 9,4 g 100 g – 0 g


300 g – x 200 g – x 60 g – x
x = (300 x 0)÷100 x = 0 g x = (200 x 9,4)÷100 x = 18,8 x = (60 x 0)÷100 x = 0 g
g

total 54,8 g

* a água não foi contabilizada porque não apresenta fibras alimentares.

Considerando que:
- A porção do bolo é de 60 g
- O rendimento total da receita é 10 bolos de 425 gramas = 4250 gramas
- A quantidade total de fibras da receita é de 54,8 gramas

Se 10 bolos de 425 gramas cada apresentam 54,8 gramas de fibras


Em 60 g (porção do bolo) apresentará X g
X= 54,8 x 60/ 4250 = 0,774 g

(Portanto: A porção de 60 g de bolo = 0,774 g de fibra alimentar)

53
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
COMO CALCULAR A QUANTIDADE DE SÓDIO:
Com os dados de cada ingrediente da tabela nutricional teórica, temos condições de cal- cular a quantidade de
sódio do produto final.
Inicialmente realiza-se uma regra de três para cada ingrediente, conforme segue abaixo:

Farinha de trigo Açúcar refinado Ovos


(1000 gramas) (800 gramas) (500 gramas)

100 g – 3 mg 100 g – 1 mg 100 g – 126 mg


1000 g – x 800 g – x 500 g – x
x = (1000 x 3)÷100 x = 30 mg x = (800 x 1)÷100 x = 8 mg x = (500 x 126)÷100 x = 630 mg

Gordura vegetal hidrogenada Coco ralado Fermento em pó


(300 gramas) (200 gramas) (60 gramas)

100 g – 0 mg 100 g – 20mg 100 g – 11800mg


300 g – x 200 g – x 60 g – x
x = (300 x 0)÷100 x = 0 mg x = (200 x 20)÷100 x = 40 x = (60 x 11800)÷100 x = 7080 mg
mg

total 7788mg

* a água não foi contabilizada porque não apresenta sódio.

Considerando que:
- A porção do bolo é de 60 g
- O rendimento total da receita é 10 bolos de 425 gramas = 4250 gramas
- A quantidade total de sódio da receita é de 7788 miligramas

Se 10 bolos de 425 gramas cada apresentam 7788 miligramas


Em 60 g (porção do bolo) apresentará X g
X= 7788 x 60/ 4250 = 109,948 mg

(Portanto: A porção de 60 g de bolo = 109,948 mg de sódio)

COMO CALCULAR O VALOR ENERGÉTICO:


Como anteriormente citado, a quantidade do valor energético a ser declarada deve ser calculada utilizando os
seguintes fatores de conversão:
Carboidratos (exceto polióis) fornecem 4 kcal/g - 17 kJ/g
Proteínas fornecem 4 kcal/g - 17 kJ/g
Gorduras fornecem 9 kcal/g - 37 kJ/g

Como já temos os dados referentes aos carboidratos, proteínas e gorduras (nutrientes presentes no nosso
exemplo que serão fonte de calorias) podemos calcular o valor ener- gético da porção.
Para isso, multiplicamos a quantidade de cada nutriente pelo seu respectivo fator de con- versão, conforme segue abaixo:

Nutrientes 1 porção de bolo(60 Fator de Conversão(kcal/g) Kcal por porção


g)
Carboidratos 23,088 g 4 23,088 x 4 = 92,352

Proteínas 2,348 g 4 2,348 x 4 = 9,392

G o r d u r a s 6,070 g 9 6,070 x 9 =54,630


totais
Total de kcal por porção de 60 g de bolo =156,374

54
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
Portanto, em 60 g (uma porção do bolo) haverá 156,374 kcal. E, considerando que 1 kcal equivale a 4,2 kJ, temos:
156,374 kcal – x
1 kcal – 4,2 kJ
x = 656,7708 kJ

(Portanto: A Porção de 60 g de bolo = 156,374 kcal = 656,7708 kJ de valor energético)

A ANVISA INCENTIVA OS FABRICANTES DE ALIMENTOS E BEBIDAS A DISPOR NOS RÓTULOS DOS PRODUTOS OS VALO-
RES DE COLES- TEROL, CÁLCIO E FERRO COM O OBJETIVO DE AMPLIAR O NÍVEL DE INFORMAÇÃO DO CONSUMIDOR, DESDE
QUE O PRODUTO APRE- SENTA QUANTIDADE IGUAL OU SUPERIOR A 5% DA IDR.

Regras para declaração e arredondamento dos resultados


Nem sempre os valores obtidos dos diversos cálculos feitos para a obtenção dos valores nutricionais são números
redondos. Decorrente dessa constatação padronizamos a forma de aproximação dos valores para a declaração da
informação nutricional.

DECLARAÇÃO E ARREDONDAMENTO DE NUTRIENTES


A informação nutricional será expressa como “zero” ou “0” ou “não contém” para os valores encontrados em ta-
belas nutricionais ou laudos de análise de valor energético e ou nutrientes quando o alimento contiver quantidades
menores ou iguais às estabelecidas como “não significativas” de acordo com a tabela:

Valor energético / nutriente Quantidades não significativas por porção


(expressa em g ou ml)
Valor energético Menor ou igual a 4 kcal / Menor que 17 kJ
Carboidratos Menor ou igual a 0,5 g
Proteínas Menor ou igual a 0,5 g
Gorduras totais (*) Menor ou igual a 0,5 g
Gorduras saturadas Menor ou igual a 0,2 g
Gorduras trans Menor ou igual a 0,2 g
Fibra alimentar Menor ou igual a 0,5 g
Sódio Menor ou igual a 5 mg

(*) Será declarado como “zero”, “0” ou “não contém” quando a quantidade de gorduras totais, gorduras satu-
radas e gorduras trans atendam a condição de quantidades não significativas e nenhum outro tipo de gordura seja
declarado com quantidades superiores a zero.

Os itens (valor energético ou nutrientes) cujos valores não atenderem à regra acima serão declarados de acordo
com o estabelecido na tabela a seguir.

Regras Exemplos

Valores maiores ou guais a Serão declarados em números 357,59 358


100 inteiros com três cifras

Valores menores que 100 e Serão declarados em números


maiores ou iguais a 10 inteiros 26,24 26
com duas cifras

55
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador

Valores menores que 10 e Serão declarados com uma cifra 7,5 7,5
maiores ou iguais a 1 decimal

Valores menores que 1 Para vitaminas e minerais: 0,783 0,78


declarar com duas cifras decimais
Demais nutrientes: declarar com
uma cifra decimal 0,783 0,8

Os números decimais devem ser arredondados da seguinte forma: de um a cinco para zero e acima de cinco para
o numeral inteiro seguinte.
O Valor Energético e o Percentual de Valor Diário (%VD) devem ser declarados sempre em números inteiros.
Agora voltando ao nosso exemplo do bolo, vamos fazer os arredondamentos dos valores encontra-
dos obecendo a regra estabelecida.

Quantidade Valores
Regra de arredondamento
por porção Arredondados

Os valores energéticos sempre serão 156 kcal =


156,374 kcal =
Valor Energético declarados em números inteiros. 657 kJ
656,7708 kJ
Valores menores que 100 e maiores
ou iguais a 10. Pela regra serão
23,088 g
Carboidratos declarados em 23 g
números inteiros com duas cifras
Valores menores que 10 e maio- res
ou iguais a 1.
Proteínas 2,347 g Pela regra serão declarados com uma 2,3 g
cifra decimal.
Valores menores que 10 e maio- res
ou iguais a 1.
Gorduras Totais 6,070 g Pela regra serão declarados com uma 6,1 g
cifra decimal.
Valores menores que 10 e maio- res
ou iguais a 1.
G o r d u r a s
2,072 g Pela regra serão declarados com uma 2,1 g
Saturadas
cifra decimal.
Valores menores que 1.
Pela regra demais nutrientes (gor- dura
Gorduras Trans 0,931g 0,9
trans) declarar com uma cifra decimal
Valores menores que 1. Pela regra
demais nutrientes (fibra alimentar)
Fibra Alimentar 0,8 g 0,8 g
declarar com uma cifra decimal
Valor maior ou igual a 100.
Pela regra serão declarados em
Sódio 110 mg 110 mg
números inteiros com três cifras

Como calcular os percentuais de Valores


Diários (%VD) e arredondar os resultados

A declaração no rótulo do Valor Energético e do conteúdo de nutrientes deve ser feita também em % de Valores
Diários (%VD), como já foi dito anteriormente. A Tabela abaixo descreve a quantidade dos Valores Diários de Referência
para uma dieta de 2000 kcal.

56
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
VALORES DIÁRIOS DE REFERÊNCIA DE NUTRIENTES DE DECLARAÇÃO OBRIGATÓRIA

Valor Energético 2000 kcal ou 8400 kJ

Carboidratos 300 gramas


Proteínas 75 gramas
Gorduras Totais 55 gramas
Gorduras Saturadas 22 gramas
Fibra Alimentar 25 gramas
Sódio 2400 miligramas

É importante que as informações referentes a Colesterol, Cálcio, e Ferro estejam dis- poníveis para o consumi-
dor, mesmo que não sejam de declaração obrigatória.
Os Valores Diários de Referência para estes nutrientes constam da tabela abaixo:

OUTRAS INFORMAÇÕES IMPORTANTES:


1. De acordo com a norma para Rotulagem Nutricional é obrigatória a aplicação da regra de arredondamento de
nutrientes na declaração da informação nutricional.
2. Os Valores Diários devem ser declarados com números inteiros.
3. Não são estabelecidos valores diários de referência para gordura trans. Fica excluída a declaração de gordura
trans em porcentagem de valor diário (%VD) uma vez que não é recomendada a ingestão de gordura trans, mesmo
que em quantidades mínimas. Nesse caso, pode constar na coluna do % VD correspondente a gorduras trans: “VD não
esta- belecido” ou “Valor Diário não estabelecido”.
4. Deve ser incluída como parte da informação nutricional a seguinte frase: “Seus valores diários podem ser maio-
res ou menores, dependendo das suas necessidades energé- ticas”.

CÁLCULO DO % VD
Exemplo baseado no cálculo da informação nutricional do bolo

Quantidade Cálculo do %VD


por porção

Valor Energético 156 kcal 2000 kcal – 100%


156 kcal – x %
x = 100 x 156/2000 x %
= 7,80 % 8%

657 kJ 8400 kJ – 100%


657 kJ – x %
x = 100 x 657 /8400 x %
= 7,82%

57
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador

Carboidratos 23 g 300g – 100%


23g – x % 8%
x = 100 x 23/300 x %=
7,67%

Proteínas 2,3 g 75g – 100%


2,3g – x % 3%
x = 100 x 2,3/75 x % =
3,07

Gorduras Totais 6,1 g 55g – 100%


6,1g – x % 11%
x = 100 x 6,1/55 x % =
11,09

Gorduras Saturadas 2,1g 22g – 100%


2,1g - x% 10%
x = 100 x 2,1/22 x% =
9,55

Gorduras Trans 0,9g “VD não estabelecido”


ou “Valor Diário não
estabelecido”

Fibra Alimentar 0,8 g 25g – 100%


0,8 – x % 3%
x = 100 x 0,8/25 x% =
3,2

110 mg 2400 mg – 100%


Sódio 110mg – x% 5%
x% = 100 x 110/2400
x% = 4,58

Por fim a informação nutricional

INFORMAÇÃO NUTRICIONAL
Porção de 60g (1 fatia)
Quantidade por porção %VD(*)

Valor Energético 156 kcal = 657 kJ 8

Carboidratos 23 g 8

Proteínas 2,3 g 3

58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador

Gorduras Totais 6,1 g 11

Gorduras Saturadas 2,1 g 10

Gorduras Trans 0,9 g “VD não


estabelecido”
Fibra Alimentar 0,8 g 3

Sódio 110 mg 5

(*)% Valores Diários de referência com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8.400 kJ.
Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades
energéticas.

Obs: Veja que na coluna de “%VD” para “gorduras trans” existe a informação padrão “Valor diário não estabele-
cido” ou “VD não estabelecido”. Esta situação é valida para todos os produtos.

E a declaração simplificada, quando e como utilizá-la?


A Declaração Simplificada de Nutrientes pode ser utilizada quando o alimento apresentar QUANTIDADES NÃO SIGNI-
FICATIVAS segundo a tabela da página 24. Para tanto, a decla- ração de valor energético e ou conteúdo de nutrientes
de quantidade não significativa será substituída pela seguinte frase:
“Não contém quantidade(s) significativa(s) de... (valor energético e ou nome(s) do(s)
nutrientes(s))”.
Assim, para efeito de ilustração, tomemos como exemplo o produto “amido de milho”. Feito todos os passos an-
teriores descritos a tabela de informação nutricional pode ser apresentada de duas formas:

DECLARAÇÃO COMPLETA DE NUTRIENTES DO AMIDO DE MILHO

INFORMAÇÃO NUTRICIONAL
Porção de 20 g (1 colher de sopa)
Quantidade por porção %VD(*)

Valor Calórico 70 kcal = 294 kJ 3%

Carboidratos 18g 6%

Proteínas 0g 0%!

Gorduras Totais 0g 0%!

Gorduras Saturadas 0g 0%!

Gorduras Trans 0g 0%!


Fibra Alimentar 0g 0%!

Sódio 0mg 0%!

(*)% Valores Diários de referência com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8400 kJ.
Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades
energéticas.

59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
! 6 itens com QUANTIDADES NÃO SIGNIFICATIVAS segundo a tabela que esta- belece esses valores.

DECLARAÇÃO SIMPLIFICADA DE NUTRIENTES DO AMIDO DE MILHO

INFORMAÇÃO NUTRICIONAL
Porção de 20 g (1 colher de sopa)
Quantidade por porção %VD(*)

Valor Calórico 70 kcal = 294 kJ 3%

Carboidratos 18g 6%

Não contém quantidades significativas de proteínas, gorduras totais, gorduras


saturadas, gorduras trans, fibra alimentar e sódio.

(*)% Valores Diários de referência com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8400 kJ.
Seus valores diários podem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades
energéticas.

Apresentação da informação nutricional


Tão importante quanto a informação nutricional, a forma de sua apresentação nos rótu- los permite uma facilidade do
consumidor a se habituar na busca dessas informações.
Destacamos as regras estabelecidas na legislação e os modelos de apresentações que devem estar dispostas nos
rótulos:

REGRAS:
• A informação nutricional deve ser apresentada em um mesmo local, estruturada em forma de tabela (horizontal ou
vertical conforme o tamanho do rótulo) e, se o espaço não for suficiente, pode ser utilizada a forma linear.
• Todo os nutrientes devem ser declarados da mesma forma (tamanho e destaque).
• A declaração da medida caseira é obrigatória.
• A informação nutricional deve estar no idioma oficial do país de consumo do alimento em lugar visível, com letras
legíveis, que não possam ser apagadas ou rasuradas, e em cor contrastante com o fundo onde estiver impressa.
Abaixo estão os três modelos de informação nutricional que podem ser apresentados nos rótulos.

MODELO VERTICAL A

60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
MODELO VERTICAL B

MODELO LINEAR

Informação Nutricional: Porção ___ g ou m (medida caseira); Valor energético.... kcal


=…….kJ (...%VD); Carboidratos ...g (...%VD); Proteínas ...g(...%VD); Gorduras totais
........g (...%VD); Gorduras saturadas.....g (%VD); Gorduras trans...g (VD não estabelecido); Fibra alimentar ...g (%VD);
Sódio ..mg (%VD). *% Valores Diários com base em uma dieta de 2.000 kcal ou 8.400 kJ. Seus valores diários po-
dem ser maiores ou menores dependendo de suas necessidades energéticas.

OUTRAS INFORMAÇÕES IMPORTANTES:

1. É obrigatório declarar a quantidade de qualquer nutriente sobre o qual se faça uma declaração de proprieda-
des nutricionais (informação nutricional complementar). A decla- ração de propriedades nutricionais nos rótulos dos
alimentos é facultativa e não deve substituir, mas ser adicional à declaração de nutrientes.

2. Quando for realizada uma declaração de propriedades nutricionais sobre o tipo ou a quantidade de
carboidratos deve ser indicada a quantidade de açúcares e do(s) carboidrato(s) sobre o qual se faça declaração de
propriedades.

3. A quantidade de açúcares, polióis, amido e outros carboidratos pode ser indicada também como porcen-
tagem do total de carboidratos.

4. Quando for realizada uma declaração de propriedades nutricionais sobre o tipo ou a quantidade de gor-
duras e ou ácidos graxos e ou colesterol deve ser indicada a (s) quantidade(s) de gorduras saturadas, trans, monoin-
saturadas, poliinsaturadas e coles- terol.

5. Valores de Ingestão Diária Recomendada de Nutrientes (IDR) de Declaração Voluntária

61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
- Vitaminas e Minerais

Critérios para o estabelecimento do tamanho das porções e declaração de medida caseira em


casos específicos

DECLARAÇÃO DA MEDIDA CASEIRA


Como já foi dito a declaração da medida caseira também é obrigatória e seus valores estão padronizados nas
tabelas do anexo da Resolução ANVISA RDC 359/03.
Os valores da porção de cada alimento devem vir acompanhados dos valores da medida caseira.
Para os alimentos não previstos na tabela as medidas caseiras a serem utilizadas devem ser as mais apropriadas
para o tipo de alimento.
A legislação também estabelece regras para o arredondamento dos valores das medidas caseiras.

EMBALAGENS NÃO INDIVIDUALIZADAS


Transcrevemos abaixo nas tabelas o percentual de variação das medidas caseiras e a forma que deve ser
indicado no rótulo dos alimentos:
1. Para valores de medidas caseiras menores ou iguais que a unidade de medida caseira:

62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
Exemplo: Atum em conserva drenado

Porção estabelecida na Tabela de Referência = 60 g


1 lata de atum = 140 g x latas de atum = 60 g

x = 1 x 60g/140 gramas x = 43% da lata de atum

A declaração deve ser feita da seguinte forma:


Porção de 60 g (1/2 lata de atum)

2. Para valores maiores que a unidade de medida caseira:

Observação Importante: Até 30% podemos utilizar a fração de 1/2. Acima de 30 % a variação deve ser indicada
de 1/2 em 1/2.

Exemplo: Biscoito Integral


Porção estabelecida na Tabela de Referência = 30 gramas
1 biscoito = 5,7 gramas x biscoitos = 30 gramas

x = 1 biscoito x 30 gramas / 5,7 gramas x = 5,26 biscoitos

1 biscoito --> 100% da medida caseira


5,26 biscoitos --> y% da medida caseira

y = 100 % x 5,26 biscoitos / 1 biscoito = 526 %

Correlacionando o dado 526% com a tabela acima, chegamos à conclusão de que a porção caseira será de
5 biscoitos.

Portanto, a declaração deve ser feita da seguinte forma:


Porção de 30 g (5 biscoitos)

EMBALAGENS INDIVIDUALIZADAS
São aquelas em que os alimentos são expostos a venda em embalagens cujo conteúdo corresponde a porções
usualmente consumidas de uma só vez.
Como existe uma variação de conteúdos dessas embalagens foi estabelecido um percen- tual de tolerância de
+ ou - 30% em relação à porção padronizada para o alimento conforme anexo da Resolução ANVISA RDC 359/03.
Nessa faixa declara-se sempre uma porção.
Para as embalagens que ultrapassarem essa tolerância transcrevemos abaixo as possíveis situações de variação
percentual do conteúdo da embalagem em relação ao padronizado e a forma que deve ser declarada as medidas
caseiras correspondentes.

63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador

Conteúdo inferior ou igual a 70% da porção estabelecida

Quando o conteúdo líquido for inferior a 30%, será declarado 1/4 (um quarto)
seguido da medida caseira correspondente.

Quando o conteúdo líquido estiver entre 31% e 70% será declarado 1/2 (meia)
seguido da medida caseira correspondente.

Conteúdo entre 71% e 130% da porção estabelecida

Quando o conteúdo líquido estiver entre 71 e 130% deve ser declarada 1 (uma)
porção seguida da medida caseira

Conteúdo entre 131% e 170% da porção estabelecida

Quando o conteúdo líquido estiver entre 131% e 170% deve ser declarada 1 1/2 (uma
e meia) porção seguida da medida caseira correspondente.

EM TODOS OS CASOS DE EMBALAGENS INDIVIDUAIS A DECLARAÇÃO DA INFORMAÇÃO NUTRICIONAL DEVE


CORRESPONDER AO CONTEÚDO LÍQUIDO DA EMBALAGEM.
Os exemplos abaixo mostram como aplicar as regras de adequação das porções:

Produtos
Barra de cereal

Tabela no qual o produto deve ser Tabela I


classificado (RDC no. 359)

Porção (g/ml) prevista na tabela 30g

Conteúdo líquido apresentado na 25g


embalagem

% variação 30 g – 100%
25 g – x
x = 100 x 25/30 x = 83,3%

Forma de declaração na embalagem Porção: 25g (1 barra)

64
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador

Produtos
Leite fermentado

Tabela no qual o produto deve ser Tabela IV


classificado (RDC no. 359)

Porção (g/ml) prevista na tabela 200 g

Conteúdo líquido apresentado na 80 g


embalagem

% variação Porção prevista (200 g) – 100% Conteúdo da


embalagem (80 g) – x x = 100 x 80 ÷ 200
x = 40%

Forma de declaração na embalagem Porção 80 g


(aproximadamente 1/2 copo*)

Observação: (*) aproximadamente 1/2 copo, considerando a porção de referência estabelecida na Tabela IV para leite
fermentado: (1 copo).

Produtos
Molho para salada

Tabela no qual o produto deve ser Tabela VI


classificado (RDC no. 359)

Porção (g/ml) prevista na tabela 13 ml

Conteúdo líquido apresentado na 18 ml


embalagem

% variação Porção prevista (13 ml) – 100% Conteúdo da


embalagem (18 ml) – x X = 100 x 18 ÷ 13
X= 138%

Forma de declaração na embalagem Porção: 18 ml (1 e 1/2 colher de sopa)

Obs: Embalagens cuja porção supere a variação de 170% não são consideradas individuais e devem declarar a porção
conforme estabelecido na Tabela de Porções de Referência.

65
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
PRODUTOS APRESENTADOS EM UNIDADES DE CONSUMO OU FRACIONADOS
Aplica-se aos produtos comercializados em embalagens contendo várias unidades de consumo ou previamente
fracionados, como por exemplo: pães e bolos embalados e fatiados, torradas, biscoitos, embalagens de salsichas ou
hambúrgueres. Para esses tipos de produtos são aceitas variações máximas de mais ou menos 30% com relação
aos valores em gramas ou mililitros estabelecidos para a porção de alimentos para os quais a medida foi estabelecida
como “X unidades correspondentes” ou “fração correspon- dente”.

Exemplos de Produtos
Bolo Queijo fatiado
Tabela no qual o produto deve ser Tabela I Tabela IV
classificado (RDC nº 359)
Porção (g/ml) prevista na tabela de 60g 30g
porções
% de variação. O peso de cada fatia ou 30% de 60 gramas =? 30% de 30 gramas =?
unidade da embalagem pode variar 30÷100 x 60 = 18g 30÷100 x 30 = 9g
30% a mais ou a menos 60 – 18 = 42 30 – 9 = 21
60 + 18 = 78 30 + 9 = 39

Variação do peso em gramas O peso de cada fatia O peso de cada fatia


de bolo contida na de queijo contida na
embalagem pode embalagem pode
variar entre 42g a 78 g. variar entre 21 a 39g.

O QUE É ROTULAGEM NUTRICIONAL?


É toda descrição destinada a informar o consumidor sobre as propriedades nutricionais do alimento.

O QUE É DECLARAÇÃO DE NUTRIENTES?


É uma relação ou enumeração padronizada do conteúdo de nutrientes de um alimento.

O QUE É DECLARAÇÃO DE PROPRIEDADES NUTRICIONAIS (informação nutricio- nal complementar)?


É qualquer representação que afirme, sugira ou implique que um produto possui proprie- dades nutricionais par-
ticulares, especialmente, mas não somente, em relação ao seu valor energético e conteúdo de proteínas, gorduras,
carboidratos e fibra alimentar, assim como ao seu conteúdo de vitaminas e minerais.

O QUE É NUTRIENTE?
É qualquer substância química consumida normalmente como componente de um ali- mento, que propor-
ciona energia, é necessária ou contribui para o crescimento, desen- volvimento e manutenção da saúde e da vida, ou
cuja carência possa ocasionar mudanças químicas ou fisiológicas características.

O QUE SÃO CARBOIDRATOS?


São todos os mono, di e polissacarídeos, incluídos os polióis presentes no alimento, que são digeridos, absorvidos
e metabolizados pelo ser humano.

O QUE SÃO AÇÚCARES?


São todos os monossacarídeos e dissacarídeos presentes em um alimento que são dige- ridos, absorvidos e me-
tabolizados pelo ser humano. Não se incluem os polióis.

O QUE É FIBRA ALIMENTAR?


É qualquer material comestível que não seja hidrolisado pelas enzimas endógenas do trato digestivo hu-
mano.

O QUE SÃO GORDURAS?


São substâncias de origem vegetal ou animal, insolúveis em água, formadas de triglic- erídeos e pequena
quantidades de não glicerídeos, principalmente fosfolipídeos;

66
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
O QUE SÃO GORDURAS SATURADAS?
São os triglicerídeos que contém ácidos graxos sem duplas ligações, expressos como ácidos graxos livres.

O QUE SÃO GORDURAS MONOINSATURADAS?


São os triglicerídeos que contém ácidos graxos com uma dupla ligação cis, expressos como ácidos graxos livres.

O QUE SÃO GORDURAS POLIINSATURADAS?


São os triglicerídeos que contém ácidos graxos com duplas ligações cis-cis separadas por grupo metileno, expres-
sos como ácidos graxos livres.

O QUE SÃO GORDURAS TRANS (OU ÁCIDOS GRAXOS TRANS)?


São os triglicerídeos que contém ácidos graxos instaurados com uma ou mais duplas ligações trans, expressos
em ácidos graxos livres. São formadas quando se adiciona hidrogênio ao óleo vegetal, num processo conhecido como
hidrogenação. São encontra- das nas margarinas, cremes vegetais, biscoitos, snacks (salgadinhos prontos), produtos
de panificação e, alimentos fritos e lanches salgados que utilizam as gorduras hidrogenadas na sua preparação. Gor-
duras provenientes de animais ruminantes também apresentam teores de gorduras trans.

O QUE SÃO PROTEÍNAS?


São polímeros de aminoácidos ou compostos que contém polímeros de aminoácidos.

O QUE SÃO ALIMENTOS PARA FINS ESPECIAIS?


São os alimentos processados especialmente para satisfazer necessidades particulares de alimentação determi-
nadas por condições físicas ou fisiológicas particulares e ou transtor- nos do metabolismo e que se apresentem como
tais. Incluí-se os alimentos destinados aos lactentes e crianças de primeira infância. A composição desses alimentos
deverá ser essencialmente diferente da composição dos alimentos convencionais de natureza similar, caso existam.

NUTRIENTES COMO COLESTEROL, CÁLCIO E FERRO PODEM CONTINUAR SENDO DECLARADOS NA TABELA DE INFORMA-
ÇÃO NUTRICIONAL?
Sim. Esses nutrientes podem continuar a serem declarados.

O QUE SÃO PORÇÕES DE ALIMENTOS?


É a quantidade média do alimento que deveria ser usualmente consumida por pessoas sadias, maiores de 36
meses, em bom estado nutricional, em cada ocasião de consumo, para compor uma alimentação saudável.

O QUE É MEDIDA CASEIRA?


Medida caseira é a forma de medir os alimentos sem o uso de balanças ou qualquer tipo de utensílio que se faça
uma mensuração exata. Por exemplo: em fatias, biscoitos, pote, xícaras, copos, colheres de sopa entre outros.

EXISTE OBRIGATORIEDADE DA DECLARAÇÃO DE MEDIDA CASEIRA?


Sim. A Informação nutricional obrigatoriamente deve apresentar além da quantidade da porção do alimento
em gramas ou mililitros, o correspondente em medida caseira, utili- zando utensílios domésticos como colher, xícara,
dentre outros.

O NÚMERO DE PORÇÕES CONTIDO NA EMBALAGEM DO ALIMENTO DEVE SER DECLARADO NO RÓTULO?


Não. Caso seja declarado, pode constar na tabela de informação nutricional ou em local próxima à mesma.

O QUE SÃO VALORES DIÁRIOS (VD)?


Valores Diários são as quantidades dos nutrientes que a população deve consumir para ter uma alimentação
saudável. Para cada nutriente temos um valor diário diferente.

QUAIS SÃO VALORES DIÁRIOS (VD)?


Carboidratos – 300 gramas Proteínas – 75 gramas Gorduras totais – 55 gramas
Gorduras saturadas – 22 gramas
Colesterol – 300 miligramas Fibra alimentar –25 gramas Cálcio – 1000 miligramas Ferro – 14 miligramas
Sódio – 2400 miligramas
Outros minerais e vitaminas (quando declarados): Regulamento Técnico de Ingestão
Diária Recomendada.

67
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador
E QUAIS SÃO OS VALORES DIÁRIOS (VDs) PARA GOR- A PARTIR DA AGORA OS LAUDOS DE ANÁLISE DEVEM
DURA Trans? PASSAR A INFORMAR A COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA
Não existe um valor de ingestão diária recomendada DO ALIMENTO POR PORÇÃO?
para esse tipo de gordura. Não. Os laudos de análise continuam trazendo a
composição físico-química do alimento por 100g ou
COMO DEVE SER DEECLARADO O PERCENTUAL DE VA- 100ml. A empresa deve proceder à conversão de valores
LORES DIÁRIOS PARA DETERMINADOS NUTRIENTES COMO para a porção do alimento, aplicando uma regra de três
GORDURA TRANS, MONOINSATURADAS E POLINSATURA- simples.
DAS?
Não são estabelecidos valores diários de referên- PORQUE OS PRODUTOS QUE APRESENTAM EM SUA
cia para esses nutrientes. Nesse caso, pode constar a COMPOSIÇÃO GORDURA TRANS PRECISAM PROCEDER A
seguinte frase no rótulo do alimento: “Valor Diário não ANÁLISE FÍSICO QUÍMICA?
estabelecido” ou “VD não estabelecido”. Não é possível utilizar as informações nutricionais
disponíveis em tabelas de alimentos por três grandes ra-
O QUE SÃO OS PERCENTUAIS DE VALORES DIÁRIOS zões:
(%VD)? - O perfil dos ácidos graxos trans de alimentos si-
É o número, em percentual, que representa o valor milares, como é o caso da batata frita de diferentes
energético e de nutrientes em uma dieta diária de 2000 marca, pode variar consideravelmente devido ao tipo
kcal. E é este número que deve vir indicado no Rótulo Nu- de gordura adicionada, bem como a tecnologia de pro-
tricional.
cessamento do produto em questão;
- O perfil dos ácidos graxos de alimentos tipo “in-
COMO OS VALORES DIÁRIOS FORAM ESTABELECIDOS?
gredientes” de produtos citados acima, como é o caso
Foram utilizados os valores da Ingestão Diária Reco-
de margarinas e gorduras hidrogenadas pode também
mendada (IDR) para vitaminas, min- erais e os Valores Diá-
variar enormemente também em função do tipo e quali-
rios de Referência (VDRs) para os demais nutrientes.
dade de gordura adicionada ao produto, bem como a
tecnologia de processamento;
QUAL É A DIFERENÇA ENTRE CALORIAS E KCAL?
Energia, na nutrição, refere-se à maneira pela qual o - O perfil dos ácidos graxos de alimentos que são
organismo utiliza a energia existente nas ligações quí- matérias-primas para os ingredientes e produtos, como
micas do alimento. A unidade padrão de energia é a é o caso dos óleos e gordura animal também podem
caloria, que é a quantidade de energia térmica neces- variar, mas em proporções menores que dos outros pro-
sária para se elevar a temperatura de 1ºC. Devido ao fato dutos.
da quantidade de energia envolvida no metabolismo Tais razões inviabilizam o uso de informações nutri-
dos gêneros alimentícios ser muito alta, a quilocaloria, cionais de gordura trans provenientes de tabelas de ali-
igual a 1000 calorias, é comumente utilizada. Uma con- mentos.
ven- ção permite a adoção dos termos kcal e calorias para Assim, para prover informação fidedigna ao usuário,
expressar a quantidade de energia envolvida no metabo- em um primeiro momento, é necessária a análise das
lismo de alimentos. amostras de todos os tipos de alimentos. Tanto aque-
les que são considerados os ingredientes mais básicos,
O QUE É QUILOJOULES? como os óleos e gordura animal, aqueles que já são
O quilojoule (kJ), assim como a quilocaloria, é uma unida- processados, como é o caso das margarinas e gordu-
de de energia usada para medir calor. Cada quilojoule cor- ras hidrogenadas e por último, aqueles produtos os
responde a aproximadamente 4,2 quilocalorias. A caloria é quais são elaborados a partir dos óleos vegetais, gordu-
uma medida mais conhecida da população e usada com ra animal, margarinas e gordura hidrogenada, como
freqüência (kcal). Desse modo, basta converter as medidas é o caso dos sorvetes, panificações, bolos, salgadinhos
em quilojoules para calorias dividindo o primeiro por 4,2. de pacote entre outros. E, em um segundo momento,
quando grandes empresas, como é o caso das marga-
NO RÓTULO PRECISO COLOCAR A QUANTIDADE EM rinas e gorduras hidrogenadas, tiverem disponíveis nos
GRAMAS OU MILILITROS E A MEDIDA CASEIRA? rótulos dos seus produtos as informações de ácido graxo
Sim, é obrigatório expressar a porção de alimentos em trans, mediante análise do produto, indústrias de mé-
gramas ou mililitros e medida caseira correspondente. dio e pequeno porte que utilizem tais alimentos como
ingredi- entes poderão se utilizar dessas informações
A ROTULAGEM NUTRICIONAL É OBRIGATÓRIA TAMBÉM para o cálculo das informações dos seus produtos.
PARA PRODUTOS A GRANEL E OU PESADOS À VISTA DO
CONSUMIDOR? Fonte: http://portal.anvisa.gov.br/docu-
A Resolução n.º 360 de 2003 não se aplica aos pro- ments/33916/389979/Rotulagem+Nutricional+O-
dutos vendidos a granel ou pesados à vista do consu- brigat%C3%B3ria+Manual+de+Orienta%C3%A7%-
midor. No entanto, caso haja interesse do fabricante, C3%A3o+%C3%A0s+Ind%C3%BAstrias+de+Alimen-
as informações nutri- cionais devem atender à referida tos/ae72b30a-07af-42e2-8b76-10ff96b64ca4
resolução.

68
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador

ANOTAÇÕES

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69
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Cuidador

ANOTAÇÕES

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70
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

EXERCÍCIOS COMPLEMENTES (C) Um levantamento mostrou que os adolescentes


SOBRE: LÍNGUA PORTUGUESA americanos consomem, em média, 357 calorias diárias des-
sa fonte.
1-) (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC/ (D) Um levantamento, (X) mostrou que os adolescentes
SP – ADMINISTRADOR - VUNESP/2013) Assinale a al- americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias
ternativa correta quanto à concordância, de acordo diárias dessa fonte.
com a norma-padrão da língua portuguesa. (E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias
social está no centro dos debates atuais. diárias, (X) dessa fonte.
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge em re-
lação aos efeitos da desigualdade social. RESPOSTA: “C”.
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
mais pobres é um fenômeno crescente. 3-) (TRT/RO E AC – ANALISTA JUDICIÁRIO –
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito FCC/2011) Estão plenamente observadas as normas de
criticado por alguns teóricos. concordância verbal na frase:
(E) Os debates relacionado à distribuição de rique- a) Destinam-se aos homens-placa um lugar visível
zas não são de exclusividade dos economistas. nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é suprimida a
visibilidade social.
Realizei a correção nos itens: b) As duas tábuas em que se comprimem o famige-
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade so- rado homem-placa carregam ditos que soam irônicos,
cial está = estão como “compro ouro”.
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge = diver- c) Não se compara aos vexames dos homens-placa
gem a exposição pública a que se submetem os guardadores
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos de carros.
mais pobres é um fenômeno crescente.
d) Ao se revogarem o emprego de carros-placa na
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito criti-
propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma de-
cado = criticada
monstração de mau gosto.
(E) Os debates relacionado = relacionados
e) Não sensibilizavam aos possíveis interessados
em apartamentos de luxo a visão grotesca daqueles ve-
RESPOSTA: “C”.
lhos carros-placa.
2-) (COREN/SP – ADVOGADO – VUNESP/2013) Se-
guindo a norma-padrão da língua portuguesa, a frase Fiz as correções entre parênteses:
– Um levantamento mostrou que os adolescentes ame- a) Destinam-se (destina-se) aos homens-placa um lu-
ricanos consomem em média 357 calorias diárias dessa gar visível nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é supri-
fonte. – recebe o acréscimo correto das vírgulas em: mida a visibilidade social.
(A) Um levantamento mostrou, que os adolescentes b) As duas tábuas em que se comprimem (comprime)
americanos consomem em média 357 calorias, diárias o famigerado homem-placa carregam ditos que soam irô-
dessa fonte. nicos, como “compro ouro”.
(B) Um levantamento mostrou que, os adolescentes c) Não se compara aos vexames dos homens-placa a
americanos consomem, em média 357 calorias diárias exposição pública a que se submetem os guardadores de
dessa fonte. carros.
(C) Um levantamento mostrou que os adolescentes d) Ao se revogarem (revogar) o emprego de carros-
americanos consomem, em média, 357 calorias diárias -placa na propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma
dessa fonte. demonstração de mau gosto.
(D) Um levantamento, mostrou que os adolescentes e) Não sensibilizavam (sensibilizava) aos possíveis in-
americanos, consomem em média 357 calorias diárias teressados em apartamentos de luxo a visão grotesca da-
dessa fonte. queles velhos carros-placa.
(E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
americanos, consomem em média 357 calorias diárias, RESPOSTA: “C”.
dessa fonte.
4-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011)
Assinalei com um “X” onde há pontuação inadequada Assinale a palavra que tenha sido acentuada seguindo
ou faltante: a mesma regra que distribuídos.
(A) Um levantamento mostrou, (X) que os adolescentes (A) sócio
americanos consomem (X) em média (X) 357 calorias, (X) (B) sofrê-lo
diárias dessa fonte. (C) lúcidos
(B) Um levantamento mostrou que, (X) os adolescentes (D) constituí
americanos consomem, em média (X) 357 calorias diárias (E) órfãos
dessa fonte.

1
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

Distribuímos = regra do hiato (...) O uso do pronome de tratamento Vossa Senhoria


(A) sócio = paroxítona terminada em ditongo (abreviado V. Sa.) para vereadores está correto, sim. Numa
(B) sofrê-lo = oxítona (não se considera o pronome Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência para o seu
oblíquo. Nunca!) presidente, de acordo com o Manual de Redação da Presi-
(C) lúcidos = proparoxítona dência da República (1991).
(D) constituí = regra do hiato (diferente de “constitui” (Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece-de-
– oxítona: cons-ti-tui) tail.php?id=393)
(E) órfãos = paroxítona terminada em “ão”
RESPOSTA: “E”.
RESPOSTA: “D”.
7-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
5-) (TRT/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012) ... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
A concordância verbal está plenamente observada na
ciedade como tais.
frase:
Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo
(A) Provocam muitas polêmicas, entre crentes e
passará a ser, corretamente,
materialistas, o posicionamento de alguns religiosos
(A) perceba.
e parlamentares acerca da educação religiosa nas es-
colas públicas. (B) foi percebido.
(B) Sempre deverão haver bons motivos, junto (C) tenham percebido.
àqueles que são contra a obrigatoriedade do ensino (D) devam perceber.
religioso, para se reservar essa prática a setores da ini- (E) estava percebendo.
ciativa privada.
(C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do ... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
texto, contra os que votam a favor do ensino religioso ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te-
na escola pública, consistem nos altos custos econô- remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e
micos que acarretarão tal medida. princípios...
(D) O número de templos em atividade na cidade
de São Paulo vêm gradativamente aumentando, em RESPOSTA: “A”
proporção maior do que ocorrem com o número de
escolas públicas. 8-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação concordância verbal e nominal está inteiramente corre-
como a regulação natural do mercado sinalizam para ta na frase:
as inconveniências que adviriam da adoção do ensino (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e
religioso nas escolas públicas. valores que determinam as escolhas dos governantes,
para conferir legitimidade a suas decisões.
(A) Provocam = provoca (o posicionamento) (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes
(B) Sempre deverão haver bons motivos = deverá ha- devem ser embasados na percepção dos valores e prin-
ver cípios que regem a prática política.
(C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do texto, (C) Eleições livres e diretas é garantia de um verda-
contra os que votam a favor do ensino religioso na escola deiro regime democrático, em que se respeita tanto as
pública, consistem = consiste. liberdades individuais quanto as coletivas.
(D) O número de templos em atividade na cidade de
(D) As instituições fundamentais de um regime de-
São Paulo vêm gradativamente aumentando, em propor-
mocrático não pode estar subordinado às ordens indis-
ção maior do que ocorrem = ocorre
criminadas de um único poder central.
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação como
(E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados
a regulação natural do mercado sinalizam para as incon-
veniências que adviriam da adoção do ensino religioso para o momento eleitoral, que expõem as diferentes
nas escolas públicas. opiniões existentes na sociedade.

RESPOSTA: “E”. Fiz os acertos entre parênteses:


6-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
Segundo o Manual de Redação da Presidência da Repú- que determinam as escolhas dos governantes, para confe-
blica, NÃO se deve usar Vossa Excelência para rir legitimidade a suas decisões.
(A) embaixadores. (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de-
(B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais. vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
(C) prefeitos municipais. valores e princípios que regem a prática política.
(D) presidentes das Câmaras de Vereadores. (C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
(E) vereadores. dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.

2
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

(D) As instituições fundamentais de um regime demo- 11-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010)
crático não pode (podem) estar subordinado (subordina- A pontuação está inteiramente adequada na frase:
das) às ordens indiscriminadas de um único poder central. a) Será preciso, talvez, redefinir a infância já que as
(E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol- crianças de hoje, ao que tudo indica nada mais têm a
tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem ver com as de ontem.
(expõe) as diferentes opiniões existentes na sociedade. b) Será preciso, talvez redefinir a infância: já que
as crianças, de hoje, ao que tudo indica nada têm a ver,
RESPOSTA: “A”. com as de ontem.
c) Será preciso, talvez: redefinir a infância, já que
9-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) as crianças de hoje ao que tudo indica, nada têm a ver
A frase que admite transposição para a voz passiva é: com as de ontem.
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sa- d) Será preciso, talvez redefinir a infância? - já que
grado. as crianças de hoje ao que tudo indica, nada têm a ver
(B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma com as de ontem.
grande diversidade de fenômenos. e) Será preciso, talvez, redefinir a infância, já que
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da so- as crianças de hoje, ao que tudo indica, nada têm a ver
ciedade, a própria sociedade e seu instrumento de uni- com as de ontem.
ficação.
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto Devido à igualdade textual entre os itens, a apresenta-
da vida (...). ção da alternativa correta indica quais são as inadequações
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar ilu- nas demais.
dido e da falsa consciência.
RESPOSTA: “E”.
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagra-
do. 12-) (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE –
(B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma ALUNO SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012)
grande diversidade de fenômenos. No trecho: “O crescimento econômico, se associado à
- Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e ampliação do emprego, PODE melhorar o quadro aqui
explicada pelo conceito... sumariamente descrito.”, se passarmos o verbo desta-
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda- cado para o futuro do pretérito do indicativo, teremos
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação. a forma:
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da A) puder.
vida (...). B) poderia.
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido C) pôde.
e da falsa consciência. D) poderá.
E) pudesse.
RESPOSTA: “B”.
Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do
10-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRA- Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós pode-
TIVO - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias, ríamos, vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração é
vê dezenas de caminhões parados”, revelou o analista crescimento econômico (singular), portanto, terceira pes-
ambiental Geraldo Motta. soa do singular (ele) = poderia.
Substituindo-se Quando por Se, os verbos subli-
nhados devem sofrer as seguintes alterações: RESPOSTA: “B”.
(A) entrar − vira
(B) entrava − tinha visto 13-) (TRE/AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011)
(C) entrasse − veria Entre as frases que seguem, a única correta é:
(D) entraria − veria a) Ele se esqueceu de que?
(E) entrava − teria visto b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para dis-
tribui-lo entre os presentes.
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve- c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas
ria = entrasse / veria. críticas.
d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindica-
RESPOSTA: “C”. ções dos funcionários.
e) Não sei por que ele mereceria minha conside-
ração.

3
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

(A) Ele se esqueceu de que? = quê? (A) … soubemos respeitar os mais velhos! / E quan-
(B) Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu para do eles falaram nós calamos a boca!
distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes. (B) … saberíamos respeitar os mais velhos! / E quan-
(C) Embora devêssemos (devêssemos) , não fomos ex- do eles falassem nós calaríamos a boca!
cessivos nas críticas. (C) … soubéssemos respeitar os mais velhos! / E
(D) O juíz ( juiz) nunca (se) negou a atender às reivindi- quando eles falassem nós calaríamos a boca!
cações dos funcionários. (D) … saberemos respeitar os mais velhos! / E quan-
(E) Não sei por que ele mereceria minha consideração. do eles falarem nós calaremos a boca!
(E) … sabemos respeitar os mais velhos! / E quando
RESPOSTA: “E”. eles falam nós calamos a boca!

14-) (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINIS- No presente: nós sabemos / eles falam.
TRATIVO - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as fra-
RESPOSTA: “E”.
ses do texto:
I, Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota ne-
16-) (UNESP/SP - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINIS-
gativa...
TRATIVO - VUNESP/2012) A correlação entre as formas
II,... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior clas- verbais está correta em:
sificação do continente americano (2,0)... (A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o
Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases planeta não resistiu.
I e II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem (B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
dos exemplos, em: poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um co-
(A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o lapso.
próximo ano. Será que alguém tem opinião diferente (C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebi-
da maioria? da, o do jogo, o do sexo e o do consumo não conheces-
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas ju- se distorções patológicas, não haverá vícios.
ninas. Vêm pessoas de muito longe para brincar de qua- (D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tor-
drilha. nado tão eficientes, talvez as coisas não ficaram tão
(C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. baratas.
Quase todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia. (E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons-
(D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia.
mas também existem umas que não merecem nossa
atenção. Fiz as correções necessárias:
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam. (A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o plane-
ta não resistiu = resistirá
Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos (B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
aos itens: poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso.
(A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém (C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida,
tem (singular) o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis-
(B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural) torções patológicas, não haverá = haveria
(C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quise- (D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado
tão eficientes, talvez as coisas não ficaram = ficariam (ou
ram (plural)
teriam ficado)
(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem
(E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons-
umas (plural)
cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia =
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas
crescerá
as formas estão no plural)
RESPOSTA: “B”.
RESPOSTA: “A”.
17-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ-
15-) (CETESB/SP - ANALISTA ADMINISTRATIVO - RIA – VUNESP/2010) Assinale a alternativa que preen-
RECURSOS HUMANOS - VUNESP/2013 - ADAPTADA) che adequadamente e de acordo com a norma culta a
Considere as orações: … sabíamos respeitar os mais lacuna da frase: Quando um candidato trêmulo ______ eu
velhos! / E quando eles falavam nós calávamos a boca! lhe faria a pergunta mais deliciosa de todas.
Alterando apenas o tempo dos verbos destacados (A) entrasse
para o tempo presente, sem qualquer outro ajuste, (B) entraria
tem-se, de acordo com a norma-padrão da língua por- (C) entrava
tuguesa: (D) entrar
(E) entrou

4
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

O verbo “faria” está no futuro do pretérito, ou seja, in- (B) inferência = paroxítona terminada em ditongo / pro-
dica que é uma ação que, para acontecer, depende de ou- vável = paroxítona terminada em “l” / saída = regra do hiato
tra. Exemplo: Quando um candidato entrasse, eu faria / Se (C) óbvio = paroxítona terminada em ditongo / após =
ele entrar, eu farei / Caso ele entre, eu faço... oxítona terminada em “o” + “s” / países = regra do hiato
(D) islâmico = proparoxítona / cenário = paroxítona ter-
RESPOSTA: “A”. minada em ditongo / propôs = oxítona terminada em “o” +
“s”
18-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ- (E) república = proparoxítona / empresária = paroxítona
RIA – VUNESP/2010 - ADAPTADA) terminada em ditongo / graúda = regra do hiato
Assinale a alternativa de concordância que pode ser
considerada correta como variante da frase do texto – RESPOSTA: “E”.
A maioria considera aceitável que um convidado che-
gue mais de duas horas ... 20-) (POLÍCIA CIVIL/SP – AGENTE POLICIAL - VU-
(A) A maioria dos cariocas consideram aceitável NESP/2013) De acordo com a norma- padrão da
que um convidado chegue mais de duas horas... língua portuguesa, o acento indicativo de crase está cor-
(B) A maioria dos cariocas considera aceitáveis que retamente empregado em:
um convidado chegue mais de duas horas... (A) A população, de um modo geral, está à espera de
(C) As maiorias dos cariocas considera aceitáveis que, com o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes.
que um convidado chegue mais de duas horas... (B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à re-
(D) As maiorias dos cariocas consideram aceitáveis pensarem a sua postura.
que um convidado chegue mais de duas horas... (C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à
(E) As maiorias dos cariocas consideram aceitável punições muito mais severas.
que um convidado cheguem mais de duas horas... (D) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a
vida dos demais motoristas e de pedestres.
(E) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimen-
Fiz as indicações:
to da nova lei para que ela possa funcionar.
(A) A maioria dos cariocas consideram (ou considera,
tanto faz) aceitável que um convidado chegue mais de
(A) A população, de um modo geral, está à espera (dá
duas horas...
para substituir por “esperando”) de que
(B) A maioria dos cariocas considera (ok) aceitáveis
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repen-
(aceitável) que um convidado chegue mais de duas horas...
sarem (antes de verbo)
(C) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas considera (ok)
(C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à pu-
aceitáveis (aceitável) que um convidado chegue mais de
nições (generalizando, palavra no plural)
duas horas... (D) À ninguém (pronome indefinido)
(D) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas consideram (E) Cabe à todos (pronome indefinido)
(ok) aceitáveis (aceitável) que um convidado chegue mais
de duas horas... RESPOSTA: “A”.
(E) As (A) maiorias (maioria) dos cariocas consideram
(ok) aceitável que um convidado cheguem (chegue) mais (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
de duas horas... - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 -
ADAPTADO) Leia o texto, para responder às questões de
RESPOSTA: “A”. números 21 e 22.

19-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ- Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de deux”
RIA – VUNESP/2010) Assinale a alternativa em que as (*): sentado, ao fundo do restaurante, o cliente paulista
palavras são acentuadas graficamente pelos mesmos acena, assovia, agita os braços num agônico polichinelo;
motivos que justificam, respectivamente, as acentua- encostado à parede, marmóreo e impassível, o garçom
ções de: década, relógios, suíços. carioca o ignora com redobrada atenção. O paulista estre-
(A) flexíveis, cartório, tênis. bucha: “Amigô?!”, “Chefê?!”, “Parceirô?!”; o garçom boce-
(B) inferência, provável, saída. ja, tira um fiapo do ombro, olha pro lustre.
(C) óbvio, após, países. Eu disse “cliente paulista”, percebo a redundância: o
(D) islâmico, cenário, propôs. paulista é sempre cliente. Sem querer estereotipar, mas já
(E) república, empresária, graúda. estereotipando: trata-se de um ser cujas interações sociais
terminam, 99% das vezes, diante da pergunta “débito ou
Década = proparoxítona / relógios = paroxítona termi- crédito?”.[...] Como pode ele entender que o fato de es-
nada em ditongo / suíços = regra do hiato tar pagando não garantirá a atenção do garçom carioca?
(A) flexíveis e cartório = paroxítonas terminadas em Como pode o ignóbil paulista, nascido e criado na crua
ditongo / tênis = paroxítona terminada em “i” (seguida batalha entre burgueses e proletários, compreender o dis-
de “s”) creto charme da aristocracia?

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EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

Sim, meu caro paulista: o garçom carioca é antes (A) príncipes e princesas constitui uma referência
de tudo um nobre. Um antigo membro da corte que em sentido não literal.
esconde, por trás da carapinha entediada, do descaso (B) reis e rainhas constitui uma referência em sen-
e da gravata borboleta, saudades do imperador. [...] tido não literal.
Se deixou de bajular os príncipes e princesas do século (C) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma
19, passou a servir reis e rainhas do 20: levou gim tô- referência em sentido não literal.
nicas para Vinicius e caipirinhas para Sinatra, uísques (D) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma
para Tom e leites para Nelson, recebeu gordas gorjetas referência em sentido literal.
de Orson Welles e autógrafos de Rockfeller; ainda hoje (E) reis e rainhas constitui uma referência em sen-
fala de futebol com Roberto Carlos e ouve conselhos de tido literal.
João Gilberto. Continua tão nobre quanto sempre foi,
seu orgulho permanece intacto. Pela leitura do texto infere-se que os “reis e rainhas”
do século 20 são as personalidades da mídia, os “famosos”
Até que chega esse paulista, esse homem bidimen-
e “famosas”. Quanto a príncipes e princesas do século 19,
sional e sem poesia, de camisa polo, meia soquete e
esses eram da corte, literalmente.
sapatênis, achando que o jacarezinho de sua Lacoste é
um crachá universal, capaz de abrir todas as portas. Ah,
RESPOSTA: “B”.
paulishhhhta otááário, nenhum emblema preencherá o
vazio que carregas no peito - pensa o garçom, antes de 23-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
conduzi-lo à última mesa do restaurante, a caminho do PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
banheiro, e ali esquecê-lo para todo o sempre. NESP/2013) O sentido de marmóreo (adjetivo) equiva-
Veja, veja como ele se debate, como se debaterá le ao da expressão de mármore. Assinale a alternativa
amanhã, depois de amanhã e até a Quarta-Feira de Cin- contendo as expressões com sentidos equivalentes, res-
zas, maldizendo a Guanabara, saudoso das várzeas do pectivamente, aos das palavras ígneo e pétreo.
Tietê, onde a desigualdade é tão mais organizada: “Ô, (A) De corda; de plástico.
companheirô, faz meia hora que eu cheguei, dava pra (B) De fogo; de madeira.
ver um cardápio?!”. Acalme-se, conterrâneo. (C) De madeira; de pedra.
Acostume-se com sua existência plebeia. O garçom (D) De fogo; de pedra.
carioca não está aí para servi-lo, você é que foi ao res- (E) De plástico; de cinza.
taurante para homenageá-lo.
(Antonio Prata, Cliente paulista, garçom carioca. Folha Questão que pode ser resolvida usando a lógica ou as-
de S.Paulo, 06.02.2013) sociação de palavras! Veja: a ignição do carro lembra-nos
fogo, combustão... Pedra, petrificado. Encontrou a resposta?
(*) Um tipo de coreografia, de dança.
RESPOSTA: “D”.
21-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU- (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
NESP/2013) Assinale a alternativa contendo passagem - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 -
em que o autor simula dialogar com o leitor. ADAPTADO) Para responder às questões de números 24
(A) Acalme-se, conterrâneo. Acostume-se com sua e 25, considere a seguinte passagem: Sem querer este-
existência plebeia. reotipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas
interações sociais terminam, 99% das vezes, diante da
(B) Ô, companheiro, faz meia hora que eu cheguei...
pergunta “débito ou crédito?”.
(C) Veja, aí estão eles, a bailar seu diabólico “pas de
deux”.
24-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
(D) Sim, meu caro paulista...
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
(E) Ah, paulishhhhta otááário... NESP/2013) Nesse contexto, o verbo estereotipar tem
sentido de
Em “meu caro paulista”, o autor está dirigindo-se a nós, (A) considerar ao acaso, sem premeditação.
leitores. (B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido
dela.
RESPOSTA: “D”. (C) adotar como referência de qualidade.
(D) julgar de acordo com normas legais.
22-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO (E) classificar segundo ideias preconcebidas.
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
NESP/2013) O contexto em que se encontra a passa- Classificar conforme regras conhecidas, mas não con-
gem – Se deixou de bajular os príncipes e princesas do firmadas se verdadeiras.
século 19, passou a servir reis e rainhas do 20 (2.º pará-
grafo) – leva a concluir, corretamente, que a menção a RESPOSTA: “E”.

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EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

25-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO A conjunção destacada pode ser substituída por
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU- A) portanto.
NESP/2013) Nessa passagem, a palavra cujas tem sen- (B) como.
tido de (C) no entanto.
(A) lugar, referindo-se ao ambiente em que ocorre a (D) porque.
pergunta mencionada. (E) ou.
(B) posse, referindo-se às interações sociais do pau-
lista. O “mas” é uma conjunção adversativa, dando a ideia de
(C) dúvida, pois a decisão entre débito ou crédito oposição entre as informações apresentadas pelas orações, o
ainda não foi tomada. que acontece no enunciado da questão. Em “A”, temos uma
(D) tempo, referindo-se ao momento em que ter- conclusiva; “B”, comparativa; “C”, adversativa; “D”, explicativa;
minam as interações sociais. “E”, alternativa.
(E) condição em que se deve dar a transação finan-
RESPOSTA: “C”.
ceira mencionada.
28-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
O pronome “cujo” geralmente nos dá o sentido de pos-
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013)
se: O livros cujas folhas (lê-se: as folhas dos livros). Assinale a alternativa contendo palavra formada por
prefixo.
RESPOSTA: “B”. (A) Máquina.
(B) Brilhantismo.
26-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO (C) Hipertexto.
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU- (D) Textualidade.
NESP/2013) Assinale a alternativa em que a oração (E) Arquivamento.
destacada expressa finalidade, em relação à outra que
compõe o período. A – Máquina = sem acréscimo de afixos (prefixo ou su-
(A) Se deixou de bajular os príncipes e princesas do fixo)
século 19, passou a servir reis e rainhas do 20... B - Brilhantismo. = acréscimo de sufixo (ismo)
(B) Pensa o garçom, antes de conduzi-lo à última C – Hipertexto = acréscimo de prefixo (hiper)
mesa do restaurante... D – Textualidade = acréscimo de sufixo (idade)
(C) Você é que foi ao restaurante para homenageá- E – Arquivamento = acréscimo de sufixo (mento)
-lo.
(D) ... nenhum emblema preencherá o vazio que RESPOSTA: “C”.
carregas no peito ...
(E) O garçom boceja, tira um fiapo do ombro... (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
- ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 -
Vamos às análises: ADAPTADA) Para responder a esta questão, considere as
A - Se deixou de bajular os príncipes e princesas do palavras destacadas nas seguintes passagens do texto:
século 19 = a conjunção inicial é condicional. Desde o surgimento da ideia de hipertexto...
B - antes de conduzi-lo à última mesa do restaurante = ... informações ligadas especialmente à pesquisa
conjunção temporal (dá-nos noção de tempo) acadêmica,
... uma “máquina poética”, algo que funcionasse por
C - para homenageá-lo = nessa oração temos a noção
analogia e associação...
do motivo (qual a finalidade) da ação de “ter ido ao restau-
Quando o cientista Vannevar Bush [...] concebeu a
rante”, segundo o texto
ideia de hipertexto...
D - que carregas no peito – o “que” funciona como
... 20 anos depois de seu artigo fundador...
pronome relativo (podemos substituí-lo por “o qual” car-
regas no peito) 29-) As palavras destacadas que expressam ideia de
E - tira um fiapo do ombro – temos aqui uma oração tempo são:
assindética (sem conjunção “final”) (A) algo, especialmente e Quando.
(B) Desde, especialmente e algo.
RESPOSTA: “C”. (C) especialmente, Quando e depois.
(D) Desde, Quando e depois.
27-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO (E) Desde, algo e depois.
PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
NESP/2011) Em – A falta de modos dos homens da Casa As palavras que nos dão a noção, ideia de tempo são:
de Windsor é proverbial, mas o príncipe Edward dizen- desde, quando e depois.
do bobagens para estranhos no Quirguistão incomo-
dou a embaixadora americana. RESPOSTA: “D”.

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EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

30- (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- 32-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
Assinale a alternativa contendo frase com redação de acor- NESP/2013) Na passagem – Nesse contexto, governos e
do com a norma-padrão de concordância. empresas estão fechando o cerco contra a corrupção e a
(A) Pensava na necessidade de ser substituído de ime- fraude, valendo-se dos mais variados mecanismos... – a
diato os métodos existentes. oração destacada expressa, em relação à anterior, sen-
(B) Substitui-se os métodos de recuperação de infor- tido que responde à pergunta:
mações que se ligava especialmente à pesquisa acadêmica. (A) “Quando?”
(C) No hipertexto, a textualidade funciona por sequên- (B) “Por quê?”
cias fixas que se estabeleceram previamente. (C) “Como?”
(D) O inventor pensava em textos que já deveria estar (D) “Para quê?”
disponíveis em rede. (E) “Onde?”
(E) Era procurado por ele máquinas com as quais pu-
desse capturar o brilhantismo anárquico da imaginação hu- Questão que envolve conhecimento de coesão e coe-
mana. rência. Se perguntássemos à primeira oração “COMO o
governo está fechando o cerco contra a corrupção?”, ob-
Coloquei entre parênteses a correção: teríamos a resposta apresentada pela oração em destaque.
(A) Pensava na necessidade de ser substituído (serem subs-
tituídos) de imediato os métodos existentes. RESPOSTA: “C”.
(B) Substitui-se (substituem-se) os métodos de recuperação
de informações que se ligava (ligavam) especialmente à pesqui- 33-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO
sa acadêmica. PAULO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VU-
(C) No hipertexto, a textualidade funciona por sequências NESP/2013) Assinale a alternativa em que todos os ver-
fixas que se estabeleceram previamente. bos estão empregados de acordo com a norma-padrão.
(D) O inventor pensava em textos que já deveria (deveriam)
(A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes
estar disponíveis em rede.
da impressão definitiva.
(E) Era procurado (eram procuradas) por ele máquinas com
(B) Não haverá prova do crime se o réu se manter
as quais pudesse capturar o brilhantismo anárquico da imagi-
em silêncio.
nação humana.
(C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem a
trabalhar no feriado.
RESPOSTA: “C”.
(D) Ficarão surpresos quando o verem com a toga...
31-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- (E) Se você quer a promoção, é necessário que a re-
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) quera a seu superior.
Assinale a alternativa com as palavras acentuadas segundo Realizei a correção entre parênteses:
as regras de acentuação, respectivamente, de intercâmbio e (A) Enviaram o texto, para que o revíssemos antes da
antropológico. impressão definitiva.
(A) Distúrbio e acórdão. (B) Não haverá prova do crime se o réu se manter
(B) Máquina e jiló. (mantiver) em silêncio.
(C) Alvará e Vândalo. (C) Vão pagar horas-extras aos que se disporem (dispu-
(D) Consciência e características. serem) a trabalhar no feriado.
(E) Órgão e órfãs. (D) Ficarão surpresos quando o verem (virem) com a
toga...
Para que saibamos qual alternativa assinalar, primeiro temos (E) Se você quer a promoção, é necessário que a reque-
que classificar as palavras do enunciado quanto à posição de sua ra (requeira) a seu superior.
sílaba tônica:
Intercâmbio = paroxítona terminada em ditongo; Antropo- RESPOSTA: “A”.
lógico = proparoxítona (todas são acentuadas). Agora, vamos à
análise dos itens apresentados:
(A) Distúrbio = paroxítona terminada em ditongo; acórdão =
paroxítona terminada em “ão”
(B) Máquina = proparoxítona; jiló = oxítona terminada em “o”
(C) Alvará = oxítona terminada em “a”; Vândalo = proparo-
xítona
(D) Consciência = paroxítona terminada em ditongo; caracte-
rísticas = proparoxítona
(E) Órgão e órfãs = ambas: paroxítona terminada em “ão” e
“ã”, respectivamente.

RESPOSTA: “D”.

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