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A Flauta Mágica:

Monostatos, O Mouro

Monostatos, o mouro “da mesma cor do que um fantasma negro”, como indica o libreto,
é um dos dois vilões da Ópera “A Flauta Mágica” de Wolfgang Amadeus Mozart. Esta
personagem tem uma posição social servil e de pouco prestigio, sendo capitão da guarda de
Sarastro, o grande Sábio desta ópera.
As melhores palavras para descreverem Monostatos são: hipocrisia, covardia,
ignorância e oportunismo.
Em romances literários contemporâneos, os mouros são retratados como sendo
preguiçosos e descuidados, são seres inerentes de fraqueza moral e por isso mesmo são
incapazes de executar tarefas que requerem habilidade. O negro da tez, do cabelo e dos seus
olhos medonhos são vistos como extensões das suas almas escuras. Estes são seres de pouca
confiança.
No entanto, esta personagem deve ser percebida contextualmente através da mente
Europeia de finais do séc. XVIII. Por esta altura, os mouros eram encontrados como servos, ou
até mesmo escravos, de famílias Europeias, especialmente em Portugal, Espanha e Itália. Deste
modo, estes eram considerados degenerados e retrógrados, humanos de dever servil e seres da
“escuridão”. Refletindo as mentes Europeias desta época, os mouros deveriam ser diferidos não
só pela sua aparência, mas também pela falta de virtudes morais do Cristianismo: caridade,
honestidade, lealdade, confiabilidade e pureza de pensamento.
Em relação ao contexto em que o compositor viveu, para Mozart os mouros eram seres
inferiores, não só por causa da sua religião, mas também pela fronteira social já criada pelos
Europeus que se definiam e se elevavam em comparação aos “selvagens”. É neste contexto
então que Monostatos vive e é criado, no que parece encaixar na perfeição a estes critérios.
Monostatos é, então, um “típico mouro”. As suas ações consistem maioritariamente na
sua duplicidade, hipocrisia e covardia.
Como capitão da guarda de Sarastro, este ordena os guardas para seu próprio proveito e
não para proveito do seu mestre, tanto que rapidamente este cria uma aliança com a Rainha da
Noite. Monostatos troca o seu mestre pela Rainha, quando esta o atrai prometendo-o a mão de
Pamina. A personagem mente repetidamente, especialmente ao seu mestre Sarastro, sobre o
bem-estar da princesa. As suas intenções para Pamina não são honestas, pois este não sente um
amor genuíno por ela, mas sim um desejo meramente sensual consequente da sua extrema
beleza.
Ambos Monostatos e Papageno são mentirosos e covardes, no entanto, ao contrário de
Monostatos, Papageno aprende a sua lição.
Como Monostatos, a Rainha da Noite também não aprende a sua lição, no entanto a
maldade proveniente de cada um difere. Enquanto a Rainha da Noite é uma vilã maligna,
Monostatos prova ser mais um bufo do que propriamente um vilão maligno. A maldade de
Monosatos é consequente da sua ignorância, destreza e estupidez. As suas motivações não são
diabólicas, mas sim meramente egoístas. Mesmo sendo conhecedor do templo e dos seres
ilustres que lá habitam, Monostatos não tem interesse nestes. Esta personagem escolhe seguir os
bens de segunda necessidade/intenção, em vez dos bens de primeira necessidade/intenção, que
são o conhecimento e a grande perceção do propósito e ordem da vida. Estes bens de primeira
necessidade são oferecidos por Sarastro, o que demonstra que é o próprio Monostatos que prova
o seu pouco sucesso ao não seguir o caminho da sabedoria, quando este caminho se encontra
mesmo à frente dos seus olhos.
Agora decifrando Monostatos abordando o lado alquimista desta ópera, este é
considerado uma simbologia ao ponto preto na metade branca do “yin” e “yang, este simboliza
o poder destrutivo do Sol ou ainda a “cabeça negra” dos alquimistas. Esta personagem tem
como função a mortificação de Pamina através da sua tentativa de avanço sexual,
desintegrando-se o sal. Também tem como função quebrar a ligação entre Pamina e a sua mãe, a
Rainha da Noite.
Concluindo, esta personagem pode servir como um aviso contra as consequências da
perseguição de bens de segunda necessidade, ao ter e ao obter, e aos pilares da vida moderna:
modismos e consumismo. Podemos ainda concluir que a vida de Monostatos é uma
demonstração de que permitir que a nossa vida moral decaia por causa de preconceito social,
leva a “morte” à nossa mente. É um aviso de que nenhuma circunstancia ou condição pode
justificar prevaricação moral ou ética, e que assim que escolhermos contrariar os nossos
princípios, perdemos inevitavelmente a nossa sensibilidade moral.

Bibliografia:

Candrall, David P. (2004). Monostatos, the Moor. Brigham Young University Studies, vol. 43,
nº3. obtido em www.jstor.org/stable/43044401

Jacobs, René. (2010). The chatacters of Die Zauberflote: thumbnail sketches. Obtido em:
http://magic-flute.harmoniamundi.com/?page_id=84

Rosa, António Chagas. (s.d.). A ópera romântica alemã: uma estrada de símbolos.

Ana Sofia Pereira e Cunha, nº 79736

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