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especial

Lighting design

Por Adriano Degra A prática do profissional de


e Erlei Gobi
iluminação fora do Brasil

A iluminação é um dos elementos essenciais para a indústria divulga muito a cultura de iluminação, porque quanto
arquitetura. Ela é determinante para ressaltar um objeto de mais lighting designers, mais projetos e mais lucro para ela. Além
destaque ou “esconder” uma área indesejada. A luz interfere disso, os clientes sabem da importância dos profissionais. Na
na produtividade de funcionários, na saúde do ser humano, Alemanha há muita informação sobre lighting design na televisão,
nas vendas de uma loja, no conforto visual e ambiental de uma coisa que nunca tinha visto antes”, contou.
residência, e em diversas outras situações cotidianas. Apesar Para Claudio Ramos, brasileiro morador dos Estados Unidos
dessa inegável importância da iluminação na vida moderna, a e sócio do escritório Banks|Ramos Architetural Lighting Design,
profissão de lighting designer ainda não é regulamentada em os americanos valorizam muito mais a mão de obra especiali-
todo o mundo. zada. “Trabalhei em um projeto de iluminação onde havia um
Exercer a atividade de lighting designer no Brasil não é profissional específico apenas para evitar que os pombos se
uma tarefa das mais fáceis. Os profissionais especializados na instalassem no local após a construção”, exemplificou. Essa
realização de projetos de iluminação precisam driblar diversas especialização também é vista nos casos dos profissionais que
dificuldades, como a pouca cultura de iluminação no país, a trabalham com iluminação. “Somos consultados e contratados
falta de reconhecimento da importância desta atividade; a con- pelos escritórios de arquitetura para desenvolver os projetos de
corrência de profissionais não especializados e de empresas e iluminação. Se por um lado a concorrência é grande em São
lojas de iluminação, que oferecem projetos luminotécnicos sem Francisco, por existir cerca de 14 escritórios de iluminação,
custos, entre outras. Porém, será que esses percalços também por outro acredito que existam em torno de 200 escritórios de
são encontrados pelos lighting designers que trabalham no arquitetura que precisam dos lighting designers para iluminarem
exterior? suas obras”, concluiu.
Magna Ferreira conta ainda que na Alemanha e na Europa,
Valorização em geral, todo profissional é muito especializado. “Os arquite-
tos querem ser os melhores na área deles, então não fazem os
Segundo Magna Ferreira Schulz, lighting designer brasileira projetos de iluminação, contratam especialistas para isso. Eles
residente na Alemanha, a cultura de iluminação está totalmente sabem que a iluminação valoriza muito a arquitetura, então
desenvolvida na Europa e isso valoriza muito a profissão. “Em acabam unindo o útil ao agradável: ter menos trabalho com
Londres, por exemplo, o mercado é ainda mais forte que na algo que eles não fazem com excelência, pois não têm essa
Alemanha e os escritórios de lighting designers têm parceria com especialização, e valorizar seu produto – a arquitetura – através
arquitetos, construtoras e com designer de interiores. A própria da iluminação”, disse.

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Os arquitetos querem ser os melhores na área deles, então não
fazem os projetos de iluminação, contratam especialistas para isso.
Eles sabem que a iluminação valoriza muito a arquitetura.
Magna Ferreira Schulz
Lighting designer – Alemanha

Percalços Magna Ferreira conta que, assim como no


Brasil, os lighting designers independentes na
Apesar de o lighting design ser mais reco- Alemanha também sofrem com a concorrência
nhecido e valorizado no exterior, os profissionais de grandes fabricantes que oferecem projetos
também encontram dificuldades para exercer de iluminação aos seus clientes. “Aqui também
suas atividades. Nos Emirados Árabes Unidos, acontece isso e considero uma concorrência
por exemplo, os lighting designers precisam desleal, pois eles não cobram pelo projeto.
importar praticamente todas as lâmpadas Entretanto, o contratante sabe que essas em-
e luminárias, haja vista a baixa capacidade presas têm uma linha de conceito pré-estabe-
produtiva do país neste segmento. “Geralmente, lecidas e que não sairá muito daquela fórmula,
esperamos de seis a oito semanas para receber pois os produtos impõem essa condição. Já o
um produto, mas não temos alternativas, pois lighting designer faz um trabalho diferenciado”,
99,9% das peças especificadas vêm de fora. disse.
Importamos a maioria dos produtos da Euro- Já nossa vizinha Venezuela sofre com a
pa e algumas coisas dos Estados Unidos”, situação do mercado de iluminação, que é mui-
informou o lighting designer brasileiro Rodrigo to precária. De acordo com o lighting designer
Roveratti, que atua no Delta Lighting Solutions, Marco Eugênio Teran, da METF Iluminación,
em Dubai, há quase oito anos. Além disso, o existem apenas três profissionais atuando no
profissional afirmou que a concorrência no país país e quatro fora dele. “Não temos cultura de
aumentou significativamente nos últimos anos, iluminação e nosso mercado é muito pequeno.
o que obrigou os escritórios a diminuírem os Acredito que existam dez fábricas, 80 lojas de
preços dos projetos. “Há dez anos, eram raros iluminação e 200 lojas de materiais elétricos.
os projetos com lighting designer on board. Como os cursos de arquitetura e engenharia
Hoje, 90% dos projetos de arquitetura possuem elétrica não abordam o tema iluminação, os pro-
uma equipe de lighting designers. Cresceu de- fissionais se formam mal preparados e acabam
mais e a competição é intensa. Quando cheguei cometendo muitos erros no momento de atuar
aqui, havia apenas três escritórios de lighting na prática”, resumiu. Para o profissional, o fato
design, hoje tem dez. A concorrência hoje é de ter tão pouca informação sobre a área de
mundial, existem empresas dos Estados Unidos iluminação no país foi o fator motivacional para
e da Inglaterra realizando projetos em Dubai”, ele criar grupos relacionados à área nas redes
contou. sociais. “Criei grupos no Facebook e Linkedin

Temos um código de ética muito restrito. Nele, fica bem claro que se o
profissional recebe uma RT de um fabricante, não está trabalhando
em benefício do cliente.
Claudio Ramos
Banks|Ramos Architetural Lighting Design – EUA
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Há dez anos, eram raros os projetos com lighting designer
on board. Hoje, 90% dos projetos de arquitetura possuem
uma equipe de lighting designers.
Rodrigo Roveratti
Delta Lighting Solutions – Dubai/EAU

para propagar conhecimento sobre o ramo ‘da atrapalhando um pouco a criatividade, pois não
luz’ aos engenheiros, arquitetos, designer de há flexibilidade”, informou.
interiores, entre outros profissionais,” comple- Já nos Estados Unidos não existem nor-
tou. mas técnicas, e sim recomendações do IES
Claudio Ramos contou que uma das (Illuminating Engineering Society of North Ame-
principais dificuldades encontrada nos Estados rica). “Aqui, as normas de controle de energia
Unidos é o grande número de intermediários são muito mais rígidas do que no Brasil, e cada
entre o fabricante e o cliente final. “No Brasil, região tem suas próprias normas. Isso pode
o lighting designer atua com o fabricante e o parecer um complicador, quando na verdade é
consumidor final e tem mais liberdade, inclu- uma maneira de proteger os lighting designers;
sive para colocá-los em contato e aproximar afinal, fica mais difícil para profissionais de ou-
a relação. Já nos Estados Unidos, entre o tras áreas realizarem um projeto de iluminação
fabricante e o consumidor final existem diversas que seja aprovado”, explicou Claudio Ramos.
‘camadas’ para serem passadas e isso acaba No Oriente Médio, os lighting designers
interferindo no preço”, explicou. não possuem normas ou regras específicas
para exercer a profissão, os trabalhos são
Normas baseados nas exigências da IALD (International
Association of Lighting Designers) e da extinta
As normas técnicas exigidas ao redor do PLDA (Professional Association of Lighting De-
mundo parecem ser mais complexas do que signers). Entretanto, segundo Rodrigo Roveratti,
aquelas estabelecidas em nosso país. De acor- o British Standard é mais tradicional e existe há
do com Magna, na Alemanha são utilizadas as mais tempo, o que sugere ser mais completo
normas da DIN (Deutsche Institute für Normung que as normas brasileiras. “Acredito que para
- Instituto Alemão para Normalização). Porém, ser lighting designer em Dubai é preciso ter
cada estado pode requerer alguma outra uma bagagem técnica maior do que no Brasil.
norma técnica específica: “Em uma estação de Os brasileiros que desejam atuar na cidade
metrô que trabalhei, eles aplicaram uma norma precisam provar todos os seus diplomas,
para iluminação de acordo com a norma alemã com os carimbos da embaixada brasileira e
BOStrab (Operation of Light Rail Transit Syste- da embaixada dos países onde realizam seus
ms), conforme a German Federal Regulations mestrados ou especializações”, disse.
on the Construction. A quantidade de lux na
plataforma era ligeiramente diferente da norma Reserva Técnica
internacional padrão”.
A lighting designer ainda afirma que outro Falar sobre reserva técnica (RT) no ramo
ponto característico da Alemanha é o excesso da iluminação, sem polêmica, não é uma
de cálculos. “Até os projetos residenciais mais tarefa das mais fáceis. No Brasil, é comum os
simples possuem muitos cálculos. Os alemães profissionais receberem uma porcentagem de
prezam pela perfeição e isso irrita um pouco o determinado fabricante para especificar seus
brasileiro, pois ‘nós’ sempre queremos dar um produtos nas obras. Já em outros países essa
jeito e eles não aceitam; essa rigidez acaba prática não é vista com “bons olhos”. “Os escri-

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Não temos cultura de iluminação e nosso mercado é muito
pequeno. Acredito que existam dez fábricas, 80 lojas de
iluminação e 200 lojas de materiais elétricos.

Marco Eugênio Teran


METF Iluminación – Caracas/Venezuela

tórios europeus são totalmente independentes, vistados pela Lume Arquitetura não pensam
não existe RT. Os profissionais escolhem uma em voltar ou iniciar a atuação no Brasil, pelo
luminária para um projeto hoje e outra peça menos por enquanto. “Acredito que o mercado
para outro trabalho amanhã. Temos muitas de iluminação brasileiro vem se desenvolven-
opções de produtos na Europa, o que dificulta do nos últimos anos, porém o processo é um
escolher uma luminária que seja adequada e pouco demorado. Outro ponto preocupante
com bom preço”, esclareceu Magna. é com relação às peças oferecidas; creio que
Ainda segundo Magna, o que existe na faltam fabricantes com produtos especializa-
Europa são escritórios que possuem parceiros, dos, ou seja, que tenham componentes óticos
mas que deixam isso muito claro em seus web- mais complexos para o profissional desenhar a
sites. “Tenho para mim que estes escritórios até luz propriamente. Com isso, o lighting designer
devem receber alguma comissão ou desconto seria obrigado a importar as peças desejadas e
nas luminárias destes parceiros. Porém, eles isso deixaria o projeto inviável financeiramente”,
são vistos pelo mercado de uma forma negati- ressaltou Claudio Ramos.
va e acabam perdendo prestígio por não serem Magna acredita que o mercado alemão
independentes”, disse. consome bem o lighting design, até por isso
“Sou membro do IES e temos um código é sede de uma das mais importantes feiras
de ética muito restrito. Nele, fica bem claro que do setor: “O arquiteto faz a arquitetura, o
se o profissional recebe uma RT de um fabri- engenheiro faz a engenharia e nós fazemos o li-
cante, não está trabalhando em benefício do ghting design. Essa segmentação que faz parte
cliente; portanto, não é permitido. Agora, claro da cultura alemã em tudo, não só nestas áreas,
que existem profissionais que não são associa- contribui muito para que seja um mercado mais
dos e não posso afirmar como eles trabalham”, fácil de trabalhar”.
destacou Claudio Ramos. “No Oriente Médio é mais fácil trabalhar
Rodrigo Roveratti reforça as informações como lighting designer. Os clientes sabem o
dos lighting designers brasileiros sobre as que você faz e já são educados para contratar
reservas técnicas e também afirma que isso seu trabalho. No Brasil, não. É preciso educar
não ocorre no país em que atua. “Em minha o cliente primeiro para ele o contratar. Hoje, já
opinião, a pior coisa que acontece no merca- é muito melhor do que há 10 anos; a profissão
do brasileiro é uma empresa pagar o lighting está crescendo, mas ainda não é o ideal”,
designer para especificar suas luminárias. Essa explicou Rodrigo Roveratti.
prática acaba com o conceito do projeto”, justi- Mesmo Marco Eugênio Teran, que vive em
ficou. um país com uma economia mais fraca e mais
fechada, acredita que é mais fácil ser lighting
Escolha designer onde reside. “Ser lighting designer
na Venezuela é mais fácil, afinal, temos a
Apesar de todos os entraves encontrados liberdade de fazer tudo o que queremos. Desde
pelos lighting designers para exercerem a que sejamos corretos em todo o processo”,
profissão fora do país, os profissionais entre- finalizou.

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