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​DEMOCRATIZAÇÃO BRASILEIRA​: os diversos processos de transição

Larissa Souza Silva Lopes1


Júlio Cézar Gaudêncio da Silva 2

RESUMO
Este trabalho busca revisar os processos de transição política no Brasil tentando
compreender como eles afetaram direta e indiretamente a constituição da
democracia. Para isso vamos rever um histórico breve dos governos e como as
teorias atuais caracterizam a situação democrática do país.

Palavras-chave:​ Democracia, Processos de Transição, Governos, Consolidação;

ABSTRACT

This paper seeks to review the processes of political transition in Brazil trying to
understand how they directly and indirectly affected the constitution of democracy.
For this we will review a brief history of governments and how the current theories
characterize the democratic situation of the country.

Keywords: ​Democracy, Transition Processes, Governments, Consolidation;

INTRODUÇÃO

O objetivo desse artigo é analisar como se deu o processo de democratização


brasileiro, visto sob a ótica dos diversos processos de transição verificados durante
a história. Esses diversos processos de transição que citei, serão esmiuçados na
segunda parte deste trabalho. Antes disso, é necessário averiguar como a ideia de
democracia se constituiu dentro da teoria política. Os referenciais utilizados para
essa reflexão serão Robert Dahl (1997), com a tipificação do que seriam governos
democrático, e Guillermo O’Donnel (1991), com uma abordagem diferenciada sobre
democracia, voltada aos momentos de transição.

1
Graduanda em Ciências Sociais pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade Federal de
Alagoas. E-mail: ​larisslopes00@gmail.com

2
Prof.Dr. em Ciência Política do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Alagoas.
Partindo desse ponto, é fundamental situar o Brasil dentro dessas perspectivas
democráticas, buscando compreender como se estabeleceu, ou não, esse
processo no país. No segundo momento a abordagem dos processos de transição é
o foco, partindo desde a ditadura militar até os dias atuais*, mostrando como essas
transições influenciaram o estabelecimento e a perpetuação, ou não, dos governos.
Para concluir, trarei interpretações sobre a situação que se encontra o Brasil com
relação ao desenvolvimento e estabilização da situação democrática. Procurando
compreender de que forma essas intensas transformações alteraram ou trouxeram
consequências aos rumos da cena política brasileira. Para fazer esse balanço vou
utilizar as ideias de Jorge Zaverucha (2000) e Samuel Huntington (1994) que trazem
noções interessantes sobre as fases posteriores a essas transições e
transformações políticas.

1. O QUE É DEMOCRACIA?

Responder a essa pergunta não é uma tarefa fácil, pois teoricamente e


empiricamente o que se apresenta na maioria das vezes é uma forma aproximada
do que podemos chamar de democracia. Robert Dahl (1997) pensando os modelos
de democracia contemporânea, considerou que o que existiam de fato seriam
pobres aproximações de um ideal democrático. Para poder considerar as diversas
variações existentes dentro desse espectro, Dahl construiu a ideia de poliarquia,
que seria um regime/sistema baseado da liberalização e na inclusividade. Essa
concepção pode ser representada como dois eixos que se cruzam, os governos
alocados nos pontos mais elevados de liberalização e de inclusividade estão mais
próximos na “democracia”. É importante salientar que podemos categorizar os
governos como poliarquias, mesmo eles estando distante de grande liberalização
política e inclusividade. Fazer isso significa também identificar as incompletudes e
deficiências existentes nos governos, mesmo sabendo que eles cumprem um
requisito ou outro dentro do conceito de poliarquia.
Ainda sobre democracia, Guillermo O’Donnel (1991) percebeu a necessidade
de não mais falar de democracias representativas, mas sim de democracias
delegativas. O que ele chama de democracia delegativa são democracias
recém-instaladas, não institucionalizadas nem consolidadas, podendo ser
duradouras mesmo sem essas premissas importantes. Ele identifica o Brasil como
um dos tipos mais puros de democracia delegativa. Outro fator que O’Donnel
elenca, é o fato da herança histórica ser um fator crucial no futuro de países que
podem ser considerados democracias delegativas. Um passado autoritário, crises
políticas, problemas relacionados a equidade social, representatividade e
organização são alguns dos fatores que alteram de certa forma os rumos de uma
democracia plena.
Na democracia delegativa temos o presidente como figura principal, que após
ser eleito tem total autonomia para governar como quiser, nesse caso ele não tem
obrigação em prestar contas ou guiar o seu governo de forma transparente. Sua
responsabilidade é pelo todo. No contexto brasileiro vemos muitas dessas
características apresentadas. O conceito de accountability3 no Brasil é muito
recente, atualmente está representado por plataformas digitais que disponibilizam
dados sobre a atuação do governo. O fato é que não se tem real certeza se esses
dispositivos funcionam de maneira efetiva, de certo que estão disponíveis nas
plataformas digitais do governo, mas são acessados e se apresentam de forma
clara e elucidativa? Ainda não se sabe muito sobre.
O caso é que a situação mostrada por O’Donnell é realmente complicada,
pois se torna muito difícil de ser revertidas. Os governos se sucedem e as crises
econômicas, sociais e políticas continuam existindo. O autor comenta que

“Estou descrevendo o que sinto ser um drama terrível. É o drama de países sem uma
tradição democrática, que — como ocorreu com todas as democracias novas — têm de lidar
com múltiplos legados negativos de seu passado autoritário, mas que, além disso, são
defrontados com uma crise econômica e social extraordinariamente profunda, algo de que as
democracias mais antigas, em sua maioria, estiveram livres (1991, p.39)”.

3
conceito Guillermo O’DONNELL.
2. TRANSIÇÕES POLÍTICAS

Na sessão anterior falamos de como o Brasil se coloca como uma


Democracia Delegativa. Para melhores conclusões sobre como essa designação é
feita, precisamos falar sobre as transições políticas que ocorreram no país. Elas
trazem informações importantes sobre como foram os períodos de governo. Essas
transições são basicamente a passagem de um governo para o outro, no caso do
Brasil há questões específicas a serem consideradas.
Começando a partir regime militar (1962-1989) temos a intervenção
permanente dos militares na cena política com o golpe de 64. Isso representava o
controle do executivo, do Estado e das instituições. Adriano Nervo Codato
(2005,p.88) admite que
Parece impossível, em todo caso, compreender a transição política e a consolidação
democrática independentemente do processo político concreto. Este depende, por sua vez,
da trajetória histórica nacional, assim como das condições históricas dadas em função dessa
trajetória ou, na falta de um nome melhor, dos “contextos” e da interação entre os “atores”:
no caso, as Forças Armadas (como agente político), o Estado (como organização
institucional) e a sociedade (como o conjunto de agentes sociais).

Consequentemente o regime militar produziu intensas transformações não só


no Estado e nas instituições, a sociedade como esse conjunto de agentes sociais,
sofre com o novo contexto. Nessa fase se alternava repressão com liberalização,
apesar do governo aparentemente está funcionando, a constituição era modificada,
direitos eram cerceados. A economia parecia bem e estável mas os movimentos
contra o governos apareciam cada vez mais. Essa fase complicada se prolongou
por quase duas décadas pois os militares apesar do declínio, visavam continuar
atuando, através de partidos.
Em 1985 com a nova república temos Tancredo Neves e José Sarney, o
governo que mal começara já sofria com problemas de governabilidade e
representatividade permanente, sem apoio popular e sendo pressionado pela crise
econômica que não para de se agravar, o governo se mostrava frágil e
deslegitimado. Com a eleição de 1989 temos Collor como nome principal, porém
tudo continuou igual. A atuação de Collor na presidência foi marcada pela tentativa
errônea de consertar os erros postos de forma precipitada. Com soluções baseados
no neo-liberalismo o governo Collor se afundava num terreno que ele mesmo estava
propondo mudar. Os resultados foram recessão, desemprego, inflação e
precariedades nos serviços públicos (2010, p.543). Com a impossibilidade de
perpetuação desse modo de governo, o impeachment aconteceu. Seu sucessor foi
Itamar Franco, que além de vice não era um representante de grande prestígio e
não se manteve por muito tempo no poder. Com um plebiscito em 1993 teve como
resultada a eleição de Fernando Henrique Cardoso que ao arquitetar o Plano Real
parecia trazer uma nova perspectiva ao país. O grande objetivo seria reverter a
situação econômica do país, o que alteraria de certa forma aspectos relacionados
ao mercado e o Estado em si. Essas modificações ficaram a cargo de alterações
constitucionais, concessões à iniciativa privada e leis que protegiam os setores mais
altos da economia. Porém o resultado não aconteceu com o esperado, a política de
estabilização desvalorizou a economia local e favoreceu as multinacionais com a
abertura das concessões. Segundo ( JR.BRASILIO, 1999, p.43)
(...) o governo Fernando Henrique não fez esforço para obter a contribuição positiva de
organizações societárias para a execução de seu programa. Quer dizer, não apenas
procurou desmobilizar a oposição mas desprezou a mobilização social em seu favor. Quase
sempre procurou aprisionar a política nas arenas institucional e de influência(...)
Talvez esse tenha sido o motivo para o seu descrédito político. O governo
Lula, que entrou no governo após sua saída,tinha uma proposta diferente sobre o
assunto. De Collor a FHC vimos como se deu a consolidação de um regime
liberal-democrático, e a tentativa de estabelecimento de um equilíbrio econômico e
social.
Após a aparente saída dos militares do poder, o país parecia se encaminhar
para o possível equilíbrio. As fases posteriores foram encaradas como um cenário
democrático convincente. Mas olhando de forma mais minuciosa podemos ver
talvez a situação não seja tão clara assim. Nessa última sessão, não irei me ater
aos governos pós FHC, acredito que seja uma análise muito recente a ser feita.
Desses só tratai alguns fatores que emergiram diante dos processos das transições
passadas.
3. FIM OU RECOMEÇO?

O título desta seção representa o que se achava ter conseguido, a


estabilização e uma suposta democracia consolidada, ou seja, o fim das transições.
E recomeço representa as diversas crises que o país passou e passa desde do
governo Lula até o atual “governo” Temer. Neste caso, não vou tratar
minuciosamente sobre as características desse panorama atual apenas falar
superficialmente sobre as recorrentes crises que se sucederam e como alguns
teóricos abordam o assunto.
Voltando um pouco ao período militar, a saída desse setor da cena política
não garantiu o seu afastamento das decisões governamentais segundo Jorge
Zaverucha (2000). Podemos perceber com a sessão anterior que muitos dos
governantes se preocupavam mais com a situação econômica ou com um
estabelecimento de um regime ideal segundo as suas concepções . Isso fez com
que os problemas sociais não se resolvessem, e os problemas políticos e
econômicos estivessem sempre saindo e entrando em cena.
Samuel Huntington (1994) quando trata dos problemas de consolidação de
governo, admite que existem dois problemas intrínsecos ao processo, os problemas
de transição e os problemas contextuais. Os primeiros elucidamos aqui
anteriormente, sobre os segundo ele fala nem foram resolvidos pelos governos
autoritários e nem serão pelos governos democráticos. Isso torna ainda mais difícil o
estabelecimento de uma consolidação. O que podemos concluir é que existem uma
série de problemas estruturais deixados pelos processos de transição que não
foram resolvidos. O que dificulta a progressão dos governos posteriores por estarem
sempre resolvendo questões passadas. As crises econômicas, sociais e políticas
vão e vem demonstrando que os problemas ainda são os mesmos. Isso porque
dentro do processo de democratização os problemas de transição se juntam com os
problemas contextuais formando uma bola de neve que alterna de tamanho de
acordo com o governo.
Até o presente momento continuamos com a impressão de um eterno período
de transição que não findou após governo FHC e que acaba de começar com o
governo Temer.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em suma, podemos perceber que as transições representam

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CODATO, Adriano Nervo​. Uma história política da transição brasileira: da ditadura


militar à democracia. Rev. Sociol. Polit. [online]. 2005, n.25, pp.83-106. ISSN
0104-4478. <​http://dx.doi.org/10.1590/S0104-44782005000200008​>

DAHL, R. A. Um prefácio à democracia econômica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar


Editores, 1990. ______. Poliarquia: participação e oposição. São Paulo: Edusp,
1997.

JR., Brasilio. O Brasil sob Cardoso: neoliberalismo e desenvolvimentismo. Tempo


Social; Rev. Sociol. USP, S. Paulo, 11(2): 23-47, out. 1999 (editado em fev. 2000)

HUNTINGTON, Samuel. A terceira onda. A democratização no final do séc.XX.


Tradução: Sergio Goes de Paula. Editora Ática S.A, São Paulo, 1994.

KECK, ME. PT – A lógica da diferença: o partido dos trabalhadores na construção


da democracia brasileira [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas
Sociais, 2010. pp. 37-63. A transição brasileira para a democracia.

O’DONNELL, Guillermo. Democracia Delegativa. Novos Estudos Cebrap. N. 31,


1991. ______. Accountability Horizontal e Novas Poliarquias. Lua Nova – Revista de
Cultura e Política, 1998, 45, p. 27-54.

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