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FICHA DE LEITURA
Autor: Dipesh Chakrabarty
Título: Uma pequeña historia de los Estudios Subalternos
Palavras-chave: (3 a 5)
Subalternidade; estudos subalternos; nacionalismo; estudos pós-coloniais
Tema central:
O autor apresenta e analisa sistematicamente a série de estudos chamados Estudos
Subalternos, corrente de pensamento gesta por historiadores indianos a partir da década
de 1970, e sua contribuição para a formação de uma escrita historiográfica que
considere a participação de segmentos sociais subalternos à estrutura de dominação
sócio-política da Índia pós-independência, especificamente os campesinos, e como
esses segmentos contribuem no desenho de uma nacionalidade indiana.
Resumo do texto:
Dipesh Chakrabaty, apresenta neste ensaio o que ele mesmo indica ser uma “pequena”
história da série Estudos Subalternos. Pequena pela brevidade de informações e
também por conta do formato que escolhe para apresentar e discorrer criticamente
sobre esta produção.
No centro das discussões destacam-se os seguintes aspectos:
• A contribuição da historiografia marxista inglesa, da “historia escrita de baixo”,
para a produção acadêmica dos historiadores indianos (geração de 1970
adiante) na escrita de uma história pós-colonial;
• A hipótese de uma simples reprodução dessa escrita historiográfica inglesa nos
textos indianos, sem que tenha havido inovações quanto ao método, portanto,
com pouca contribuição nos estudos pós-coloniais;
• E, com centralidade, a participação dos campesinos nos movimentos de
independência da Índia e a reprodução e produção de uma historiografia que os
JOSÉ ROBERTO SEVERINO – jseverino@ufba.br
burguesia em falar sobre o país criando a áurea de uma nação unitária quando esta não
existe. Portanto, para o autor, essa forma de escrever história pós-colonial é também
pós-nacionalista.
O autor volta a afirmar que a produção de documentos sobre a as insurgências
campesinas na Índia continua fadada a parcialidade das instituições anti-insurgentes
que mantem os principais arquivos e centros de documentação. Assim, sugere ao
historiador, com a ênfase no método, a leitura dos documentos aproximando-se das
estruturas de pensamento da teoria literária e dos estudos sobre a narrativa.
Por fim destaque que mesmo os Estudos subalternos não estão presentes a preocupação
com duas questões atuais: não há um estudo relativo à gênero e também é frágil a
relação entre os sujeitos (o povo, a subalternidade), e outras questões contemporâneas.
É destacado pelo autor a grande contribuição dos Estudos Subalternos par os estudos
pós-coloniais , sobre tudo no estudo do “fragmento” (especificidade) ao invés do
estudo do todo (generalismo), e encerra o texto dizendo “pode-se ver, em retrospectiva,
que Estudos Subalternos foi um projeto democrático cujo objetivo foi produzi uma
genealogia do campesino como cidadão na modernidade política contemporânea.”(p.
47).
Observações pessoais sobre o texto:
O autor discorre sobre a série Estudos Subalternos e as principais contribuições dos
pensadores indianos na efetivação de uma historiografia dos sujeitos que estiveram à
margem da história política oficial. Com uma linguagem narrativa, mas rebuscada e
crítica, o autor direciona o olhar do leitor para perceber especialmente a dimensão das
estruturas de dominação frente as estruturas de poder, esta última instalada sob
parâmetros em uma sociedade eu ainda mantém estruturas de dominação
horizontalizadas e alheias às estruturas políticas.
É, sem dúvida, uma leitura imprescindível para compreensão dos estudos sobre
subalternidades, pós-colonilidade e temas voltados às estruturas sociais e sua
organização interna. Porém, recomendo que além da apresentação histórica e
cronológica presente nesse texto que seja recomendado uma leitura complementar
sobre subalternidade trazendo elementos mais contemporâneos e mais voltados sobre
as suas bases epistemológicas e metodológicas.