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JOSÉ ROBERTO SEVERINO – jseverino@ufba.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA


PROGRAMA MULTIDISCIPLINAR DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CULTURA E
SOCIEDADE

FICHA DE LEITURA
Autor: Dipesh Chakrabarty
Título: Uma pequeña historia de los Estudios Subalternos
Palavras-chave: (3 a 5)
Subalternidade; estudos subalternos; nacionalismo; estudos pós-coloniais
Tema central:
O autor apresenta e analisa sistematicamente a série de estudos chamados Estudos
Subalternos, corrente de pensamento gesta por historiadores indianos a partir da década
de 1970, e sua contribuição para a formação de uma escrita historiográfica que
considere a participação de segmentos sociais subalternos à estrutura de dominação
sócio-política da Índia pós-independência, especificamente os campesinos, e como
esses segmentos contribuem no desenho de uma nacionalidade indiana.
Resumo do texto:
Dipesh Chakrabaty, apresenta neste ensaio o que ele mesmo indica ser uma “pequena”
história da série Estudos Subalternos. Pequena pela brevidade de informações e
também por conta do formato que escolhe para apresentar e discorrer criticamente
sobre esta produção.
No centro das discussões destacam-se os seguintes aspectos:
• A contribuição da historiografia marxista inglesa, da “historia escrita de baixo”,
para a produção acadêmica dos historiadores indianos (geração de 1970
adiante) na escrita de uma história pós-colonial;
• A hipótese de uma simples reprodução dessa escrita historiográfica inglesa nos
textos indianos, sem que tenha havido inovações quanto ao método, portanto,
com pouca contribuição nos estudos pós-coloniais;
• E, com centralidade, a participação dos campesinos nos movimentos de
independência da Índia e a reprodução e produção de uma historiografia que os
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assinalem enquanto protagonistas na efetivação de uma nacionalidade indiana;


Para discorrer sobre esses pontos centrais o ensaio divide-se nos seguintes tópicos:
1) Os Estudos Subalternos e os debates na história moderna da Índia;
2) Mudança de paradigma dos Estudos Subalternos, 1982 – 1987;
3) Estudos Subalternos e a reorientação da história;
4) Os Estudos Subalternos dede 1088: circuitos múltiplos;
Adiante discorreremos sobre os três pontos aqui elencados.
Segundo Chakrabarty o processo de descolonização da Índia suscita às elites já
estabelecidas a inclinação ao imperialismo e também ao nacionalismo, contudo, vê-se
no âmbito intelectual o desenvolver de forças antagônicas que reorientam a leitura dos
documentos oficiais e da participação das camadas populares neste contexto. Entre os
anos 1960 e 1970 o imperialismo e colonialismo eram os temas centrais de estudos
sobre a história da Índia, porém, na versão do historiador Anil Seal, estabelecido em de
Cambrige, na Inglaterra, no livro Emergence of Indian Nationalism, diz que o
nacionalismo emergiu na Índia como uma política sem idealismos, sem consciência
política. Essa visão é rechaçada pelo pensador indiano Bipan Chandra que questiona
inicialmente as próprias estruturas de poder na Índia e a participação da população
campesina no desenho desse nacionalismo embrionário. Para ele “os males sociais,
políticos e econômicos da Índia da pós-independência – incluindo os da pobreza
massiva e o conflito religioso e de casta – poderiam ser atribuídos a economia política
do colonialismo”. Esse argumento de Chandra apontava para o universo de conflitos de
interesse e ideológico que seriam, para ele, o cerne dos problemas no desenho
nacionalista para a Índia. Tal assertiva se confirma especialmente no comportamento
do partido Nacionalista que nas suas bases representativas, mantinha-se nas mãos das
elites que, motivada pelo sistema de castas, desconsideravam, por exemplo, o
movimento campesino na construção de um sentimento nacionalista do país.
Na tentativa de reorientar o pensamento sobre a história da Índia e sua caminhada para
a efetivação de um nacionalismo pós-colonial, os Estudos Subalternos começam, em
1982, a apresentar uma mudança de paradigmas frente à história nacionalista indiana
cunhada na Inglaterra, e propõe uma escrita “antielitista” e que considere a participação
popular como sujeitos da história em suas produções. Inspirada pelo pensamento
marxista e pela “história escrita de baixo” introduzida por Cristopher Hill,
E.P.Thompson, E.J. Hobsbw, entre outros dessa geração, os Estudos Subalternos se
encaminharam para a fuga do determinismo histórico e voltava-se para a produção
crítica de uma história com as vozes do povo. Nesse contextos, para o autor “ a
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historiografia subalterna implicava, necessariamente, uma relativa separação da história


do poder de qualquer história universalista do capital/ se constituía como uma crítica da
nação como forma e uma interrogação a relação entre o poder e o conhecimento (é
dizer, do mesmo arquivo e da história como uma forma de conhecimento).”(p.31).
Essa mudança de pensamento era acompanhada ainda pela conversão do sentido da
palavra “político”, que representava apenas as estruturas formais de gorno, e para
Ranajit Guha amplia-se também para as estruturas e organização do povo. Outro
avanço foi considerar a sinonímia povo e classe subalterna, ampliando a percepção
acerca das estruturas de dominação quando usa dessa classificação para diferenciar o
povo das elites dominantes, sejam elas da Índia ou estrangeiras.
O que Guha revela é que há uma movimentação social vertical na estrutura
colonialistas, herda na estrutura capitalista, enquanto o povo indiano se move também
no sentido horizontal (intra-familiar, em castas, etc.), fomentando outras estruturas de
dominação e exercício do poder. Nesse cenário Guha refuta a análise marxista e
determinista de Hobbsbawn que atribui ao povo indiano o conceito de pré-político, e
afirma que, sobre tudo os campesinos, e suas estruturas de organização, são peças
fundamentais de resistência aos modelos sociais e econômicos modernos, redefinindo
assim as próprias estruturas de dominação neste cenário pós-independência.
Os Estudos Subalternos apresentam, portanto, que nesse complexo arranjo das
estruturas hierárquicas há duas estruturas de exercício de dominação e opressão direta:
1) meios simbólicos ideológicos (lógica liberal britânica com sua estrutura política), 2)
e a força física, pautada na dominação dentre das estruturas religiosas e familiares. Ou
seja, a estrutura capitalista de dominação existe, porém de modo incompatível ao
exercício da subordinação indiana. Frente a esta problemática Chakabrarthy afirma que
“ os textos de Guha contribuem para que se revele um interessante problema na história
global da modernidade e da cidadania” (p.37). Ainda, Guha acrescenta dois termos
chave nos estudos sobre subalternidade – dominação e subordinação. Na visão de Guha
o poder e a dominação são distintos e intercambiáveis, e no caso da Índia as estruturas
de subordinação se mantiveram mesmo com a independência e coexistem com as
estruturas de poder da modernidade.
Encerrando o texto o autor reafirma a contribuição dos Estudos Subalternos como
“experimento” de historiografia pós-colonial que apresenta uma apurada crítica à
história do país. Afima ainda que tal reorientação de paradigmas parte de duas
constatações: a oposição dos Estudos Subalternos aos nacionalistas e aos líderes desse
movimento (considerado elitista como vimos no início do ensaio); e pelo fracasso da
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burguesia em falar sobre o país criando a áurea de uma nação unitária quando esta não
existe. Portanto, para o autor, essa forma de escrever história pós-colonial é também
pós-nacionalista.
O autor volta a afirmar que a produção de documentos sobre a as insurgências
campesinas na Índia continua fadada a parcialidade das instituições anti-insurgentes
que mantem os principais arquivos e centros de documentação. Assim, sugere ao
historiador, com a ênfase no método, a leitura dos documentos aproximando-se das
estruturas de pensamento da teoria literária e dos estudos sobre a narrativa.
Por fim destaque que mesmo os Estudos subalternos não estão presentes a preocupação
com duas questões atuais: não há um estudo relativo à gênero e também é frágil a
relação entre os sujeitos (o povo, a subalternidade), e outras questões contemporâneas.
É destacado pelo autor a grande contribuição dos Estudos Subalternos par os estudos
pós-coloniais , sobre tudo no estudo do “fragmento” (especificidade) ao invés do
estudo do todo (generalismo), e encerra o texto dizendo “pode-se ver, em retrospectiva,
que Estudos Subalternos foi um projeto democrático cujo objetivo foi produzi uma
genealogia do campesino como cidadão na modernidade política contemporânea.”(p.
47).
Observações pessoais sobre o texto:
O autor discorre sobre a série Estudos Subalternos e as principais contribuições dos
pensadores indianos na efetivação de uma historiografia dos sujeitos que estiveram à
margem da história política oficial. Com uma linguagem narrativa, mas rebuscada e
crítica, o autor direciona o olhar do leitor para perceber especialmente a dimensão das
estruturas de dominação frente as estruturas de poder, esta última instalada sob
parâmetros em uma sociedade eu ainda mantém estruturas de dominação
horizontalizadas e alheias às estruturas políticas.
É, sem dúvida, uma leitura imprescindível para compreensão dos estudos sobre
subalternidades, pós-colonilidade e temas voltados às estruturas sociais e sua
organização interna. Porém, recomendo que além da apresentação histórica e
cronológica presente nesse texto que seja recomendado uma leitura complementar
sobre subalternidade trazendo elementos mais contemporâneos e mais voltados sobre
as suas bases epistemológicas e metodológicas.

Salvador, 18 de julho de 2017


Alunos: Nivia Santana, Zulu Araujo, Marina Martinelli, Marcelo Renan Souza.

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