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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

CENTRO TECNOLÓGICO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

ANÁLISE DE ONDAS VIAJANTES EM LINHAS DE


TRANSMISSÃO PARA LOCALIZAÇÃO DE FALTAS:
ABORDAGEM VIA TRANSFORMADA WAVELET

THIAGO BRITO PEREIRA DE SOUZA

DM ____/_____

UFPA / CT / PPGEE
Campus Universitário do Guamá
Belém-Pará-Brasil
2007
II
III

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


CENTRO TECNOLÓGICO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

THIAGO BRITO PEREIRA DE SOUZA

ANÁLISE DE ONDAS VIAJANTES EM LINHAS DE


TRANSMISSÃO PARA LOCALIZAÇÃO DE FALTAS:
ABORDAGEM VIA TRANSFORMADA WAVELET

DM ____/______

UFPA / CT / PPGEE
Campus Universitário do Guamá
Belém-Pará-Brasil
2007
IV

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


CENTRO TECNOLÓGICO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

THIAGO BRITO PEREIRA DE SOUZA

ANÁLISE DE ONDAS VIAJANTES EM LINHAS DE


TRANSMISSÃO PARA LOCALIZAÇÃO DE FALTAS:
ABORDAGEM VIA TRANSFORMADA WAVELET

Dissertação submetida à
Banca Examinadora do Programa
de Pós-Graduação em Engenharia
Elétrica da UFPA para a obtenção
do Grau de Mestre em Engenharia
Elétrica.

UFPA / CT / PPGEE
Campus Universitário do Guamá
Belém-Pará-Brasil
2007
V

_________________________________________________________________________

S729a Souza, Thiago Brito Pereira de


Análise de ondas viajantes em linhas de transmissão para localização de faltas :
abordagem via transformada wavelet / Thiago Pereira Brito de Souza; orientador, Ghendy
Cardoso Júnior – 2007.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Pará, Centro


Tecnológico, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, Belém,
2007.

1. Energia elétrica – transmissão. 2. Linhas elétricas. 3. Wavelets (Matemática). I.


Título.

CDD – 22. ed. 621.319


VI

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ


CENTRO TECNOLÓGICO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

ANÁLISE DE ONDAS VIAJANTES EM LINHAS DE TRANSMISSÃO PARA


LOCALIZAÇÃO DE FALTAS: ABORDAGEM VIA TRANSFORMADA WAVELET

AUTOR: THIAGO BRITO PEREIRA DE SOUZA:

Dissertação de mestrado submetida à avaliação da banca examinadora


aprovada pelo colegiado do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da
Universidade Federal do Pará e julgada adequada para obtenção do grau de Mestre
em Engenharia Elétrica na Área de sistemas de Energia Elétrica.

APROVADA EM: 03 / 02 / 2007

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr. Ghendy Cardoso Júnior


(ORIENTADOR – UFSM/ DESP)

Prof. Dr. Ubiratan Holanda Bezerra


(MEMBRO – UFPA)

Prof. Dr. Marcus Vinicius Alves Nunes


(MEMBRO – UFPA)

Prof. Dr. Raimundo Nonato das M. Machado


(MEMBRO – CEFET/ PA)

VISTO:

Prof. Dr. Evaldo Gonçalves Pelaes


(COORDENADOR DO PPGEE/CT/UFPA)

UFPA / CT / PPGEE
VII

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, que pela sua suprema


sabedoria, sua infinita bondade e justiça me proporciona esta nova chance para
continuar crescendo moralmente e intelectualmente.
À minha família, pelo carinho e pelo amor, meu pai Edmilson Costa Pereira de
Souza, minha mãe Maria das Graças Brito Pereira de Souza, que fizeram de tudo
para dar o melhor para seus filhos, meu irmão Bruno, minhas irmãs Thaís e Brenda,
que me deram sempre companhia e carinho.
Ao Prof. Dr. Ghendy Cardoso Júnior, pelo apoio, grande amizade e por toda a
paciência e compreensão na orientação deste trabalho.
A Naomi N. Hayashi, pelo carinho, compreensão e por ser uma companheira
amorosa, atenciosa e cheia de vida em todos os momentos.
A todos os amigos do Movimento Espírita Paraense com quem pude muito
aprender e compartilhar momentos de alegrias e reflexão. Eles também foram meus
professores e alunos que me auxiliaram muito nesta caminhada.
A todos os meus amigos e amigas que tive a oportunidade de conhecer na
realização deste trabalho, aos integrantes do GSEI – Grupo de Sistemas de Energia
e Instrumentação do Núcleo de Energia, Sistemas e Comunicação (NESC) da
UFPA, em especial ao Diego Augusto Rosal Batista, pela amizade, companheirismo
e cooperação.
Ao Departamento de Engenharia Elétrica e Computação (DEEC) da
Universidade Federal do Pará, ao programa de Pós-graduação em Engenharia
Elétrica (PPGEE), a todos seus professores e funcionários que estão sempre
dispostos a colaborar e fazem desta universidade um centro importantíssimo de
Ciência e Tecnologia para a Amazônia e para o Brasil.
A todos os verdadeiros amigos que encontrei nesta caminhada da vida e aos
colegas de trabalho da ELETRONORTE, em especial aos colaboradores do Centro
de Tecnologia da Eletronorte – LACEN pelo companheirismo e amizade.
A CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior,
pelo auxílio financeiro fornecido, sem o qual a realização deste trabalho não seria
possível.
VIII

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS.............................................................................................................. X
LISTA DE TABELAS.......................................................................................................... XII
RESUMO............................................................................................................................. XIII
ABSTRACT .........................................................................................................................XIV
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
1.1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
1.2. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA .................................................................... 2
1.3. OBJETIVOS ............................................................................................................. 6
1.4. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ...................................................................... 6
2. LOCALIZAÇÃO DE FALTAS – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................. 8
2.1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8
2.2. LOCALIZAÇÃO DE FALTAS COM A COMPONENTE DA FREQÜÊNCIA
FUNDAMENTAL................................................................................................................. 9
2.3. LOCALIZAÇÃO DE FALTAS COM COMPONENTES DE ALTA
FREQÜÊNCIA ................................................................................................................... 29
2.4. CONCLUSÕES....................................................................................................... 36
3. TRANSFORMADA WAVELET E ONDAS VIAJANTES ........................................ 37
3.1. INTRODUÇÃO A TRANSFORMADA WAVELET.......................................... 37
3.2. TRANSFORMADA WAVELET CONTÍNUA ................................................... 40
3.2.1 Escalamento...................................................................................................... 41
3.2.2 Translação......................................................................................................... 43
3.3. TRANSFORMADA WAVELET DISCRETA..................................................... 46
3.3.1 Filtragem e Análise de Multiresolução............................................................. 47
3.3.2 Análise de Multiresolução ................................................................................ 49
3.3.3 Reconstrução Wavelet ...................................................................................... 51
3.3.4 Coeficientes de Aproximação e Detalhes na Reconstrução ............................. 52
3.4. ONDAS VIAJANTES EM SISTEMAS DE TRANSMISSÂO........................... 54
3.4.1 Reflexão e Refração de Ondas Viajantes ......................................................... 55
3.4.2 Reflexões sucessivas e Diagrama Lattice......................................................... 56
3.4.3 Atenuação e Distorção em Ondas Viajantes..................................................... 57
3.5. CONCLUSÃO......................................................................................................... 57
IX

4. LOCALIZAÇÃO DE FALTAS – FORMULAÇÃO DO PROBLEMA .................... 58


4.1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 58
4.2. PRINCÍPIO BÁSICO DA LOCALIZAÇÃO DE FALTAS ............................... 58
4.3. ALGORITMO DE LOCALIZAÇÃO DE FALTAS ........................................... 60
4.3.1 Aquisição dos sinais ......................................................................................... 61
4.3.2 Tipos de Faltas.................................................................................................. 62
4.3.3 Transformação Modal....................................................................................... 65
4.3.4 Transformada Wavelet ..................................................................................... 69
4.3.5 Formulação para Localização de faltas ............................................................ 70
4.4. CONCLUSÕES....................................................................................................... 74
5. LOCALIZAÇÃO DE FALTAS – SIMULAÇÕES E RESULTADOS...................... 75
5.1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 75
5.2 SISTEMA ELÉTRICO ESTUDADO................................................................... 77
5.3 SIMULAÇÕES ....................................................................................................... 84
5.3.1. Aquisição dos sinais ......................................................................................... 84
5.3.2. Simulação dos arquivos no ATP e MatLab. ..................................................... 85
5.4 RESULTADOS ....................................................................................................... 87
5.4.1. Influência da variação da distância da falta...................................................... 87
5.4.2. Influência da resistência de falta. ..................................................................... 93
5.5 CONCLUSÕES....................................................................................................... 94
6. CONCLUSÕES............................................................................................................... 95
6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................. 95
6.2 CONTINUIDADE DA PESQUISA....................................................................... 96
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 97
ANEXO A – RESULTADOS COMPLETOS DOS TESTES........................................... 101
X

LISTA DE FIGURAS

1. INTRODUÇÃO

Figura 1.1: Acréscimo anual de linhas de transmissão em km. Fonte: ANEEL................................ 3

2. LOCALIZAÇÃO DE FALTAS – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Figura 2.1: Sistema com falta e sua decomposição equivalente: (a) sistema pós falta, (b) sistema
pré-falta e (c) sistema somente com a falta ............................................................................................. 10
Figura 2.2: Linha radial com uma falta.................................................................................................19
Figura 2.3: Linha de Transmissão com aquisição de dados em ambos terminais.................................22
Figura 2.4: Circuito equivalente de linhas de transmissão paralelas para: (a) seqüência positiva, (b)
seqüência negativa, (c) seqüência zero..................................................................................................... 27
Figura 2.5: Correlação de saída para uma falta monofásica, com ângulo de 90° a 280 km do ponto
de medição: (c.w) referência composta, (l.w) referência longa, (s.w) referência
curta............................................................................................................................................33
Figura 2.6: Localização de falta com o método de verrosimilhança. Falta monofásica com ângulo
de 90°.......................................................................................................................................... 34

3. TRANSFORMADA WAVELET E ONDAS VIAJANTES

Figura 3.1: Demonstração do fator de escala em função senóide...................................................... 42


Figura 3.2: Escalamento de uma função wavelet................................................................................ 42
Figura 3.3: Exemplo de uma função wavelet transladada................................................................. 43
Figura 3.4: Cálculo do fator C de relação entre a wavelet mãe e o sinal........................................... 44
Figura 3.5: Translação da wavelet mãe percorrendo todo o sinal....................................................... 44
Figura 3.6: Escalonamento da wavelet............................................................................................... 44
Figura 3.7: Gráfico dos coeficientes wavelet..................................................................................... 45
Figura 3.8: Gráfico dos coeficientes wavelet visto de perfil............................................................... 45
Figura 3.9: Processo de filtragem do sinal no primeiro nível........................................................... 48
Figura 3.10: Processo de diminuição do número de amostras do sinal (downsampling)................... 48
Figura 3.11: Exemplo de filtragem com downsampling de um sinal senoidal ruidoso...................... 49
Figura 3.12: Processo de decomposição de um sinal em AMR......................................................... 50
Figura 3.13: Processo de reconstrução de um sinal filtrado............................................................... 51
Figura 3.14: Reconstrução do sinal a partir de seus coeficientes de aproximação............................... 52
Figura 3.15: Reconstrução do primeiro nível de detalhes do sinal.................................................... 53
Figura 3.16: Reconstrução do sinal a partir de seus coeficientes....................................................... 53
XI

Figura 3.17: Representação tridimensional de uma onda viajante....................................................... 56

4. LOCALIZAÇÃO DE FALTAS – FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Figura 4.1: Linha de transmissão monofásica de comprimento l ...................................................... 58


Figura 4.2: Transitórios em uma linha de transmissão devido a uma falta.......................................... 59
Figura 4.3: Diagrama de blocos do algoritmo de localização de faltas.............................................. 61
Figura 4.4: Tensão no terminal local da linha de transmissão após uma falta FT (vermelha)........... 63
Figura 4.5: Tensão no terminal local da linha de transmissão após uma falta FFT........................... 63
Figura 4.6: Tensão no terminal local da linha de transmissão após uma falta trifásica .................... 64
Figura 4.7: Detalhes nível 1 da tensão-M0 nos terminais local e remoto da linha............................ 71
Figura 4.8: Zoom dos Detalhes nível 1 da tensão-M0 nos terminais local e remoto da linha .......... 72
Figura 4.9: Detalhes nível 1 da tensão-M1 nos terminais local e remoto da linha ........................... 72
Figura 4.10: Zoom dos Detalhes nível 1 da tensão-M1 nos terminais local e remoto da linha ............73

5. LOCALIZAÇÃO DE FALTAS – SIMULAÇÕES E RESULTADOS

Figura 5.1: Diagrama unifilar do sistema de transmissão estudado................................................... 78


Figura 5.2: Parte do sistema elétrico modelado no software ATP .......................................................80
Figura 5.3: Parâmetros da modelagem dos transformadores elevadores no software ATP .............. 81
Figura 5.4: Curva de saturação dos transformadores elevadores – corrente versus Fluxo ............... 82
Figura 5.5: Modelagem de um trecho da linha de transmissão por parâmetros distribuídos ............ 83
Figura 5.6: Linha modelada no ATP em que foram feitas às simulações de faltas ........................... 85
Figura 5.7: Histograma referente a faltas Fase-Terra .......................................................................... 88
Figura 5.8: Erro médio referente de acordo com a distância para faltas Fase-Terra ......................... 89
Figura 5.9: Histograma referente a faltas Fase-Fase-Terra ............................................................... 90
Figura 5.10: Erro médio referente de acordo com a distância para faltas Fase-Fase-Terra ................ 90
Figura 5.11: Histograma referente a faltas trifásicas ........................................................................... 91
Figura 5.12: Erro médio referente de acordo com a distância para faltas trifásicas ............................ 92
Figura 5.13: Erro médio de acordo com a distância para vários tipos de faltas ................................. 93
Figura 5.14: Erro médio acordo com a Resistência de falta para faltas monofásicas ........................ 94
XII

LISTA DE TABELAS

2. LOCALIZAÇÃO DE FALTAS – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Tabela 2.1: Par tensão-corrente escolhido para calculo da impedância aparente de falta em linhas... 22

5. LOCALIZAÇÃO DE FALTAS – SIMULAÇÕES E RESULTADOS

Tabela 5.1: Parâmetros usados na modelagem das máquinas síncronas no software ATP ............... 80
Tabela 5.2: Simulação de Faltas no sistema modelado no software ATP ........................................... 86
Tabela 5.3: Erros médios para faltas Fase-Terra de acordo coma distância de falta ......................... 87
Tabela 5.4: Erros médios para faltas Fase-Fase-Terra de acordo com a distância de falta ............... 89
Tabela 5.5: Erros médios para faltas trifásicas de acordo com a distância de falta ........................... 91
Tabela 5.6: Erros de localização de acordo com o tipo de falta. ....................................................... 95

ANEXO A

Tabela A.1: Resultados dos testes para faltas monofásicas .............................................................. 101
Tabela A.2: Resultados dos testes para faltas bifásicas ..................................................................... 106
Tabela A.3: Resultados dos testes para faltas trifásicas ................................................................... 111
XIII

RESUMO

Este trabalho apresenta os principais resultados obtidos com a aplicação de


uma poderosa ferramenta matemática, a Transformada Wavelet (TW), para analisar
os sinais transitórios originados por uma falta em uma linha de transmissão de
energia elétrica com o objetivo de determinar a precisa localização do ponto de falta
na linha. A Teoria Wavelet tem como idéia fundamental a análise do sinal de acordo
com uma escala. A transformada wavelet é uma ferramenta que decompõe dados ou
funções em componentes de freqüências diferentes, utilizando-se as escalas. Cada
escala da Transformada Wavelet representa um espaço de funções. Com isso, a TW
estuda cada componente com uma resolução casada com sua respectiva escala.
Isto se chama Análise de Multiresolução de uma função ou sinal.
A TW é uma transformação muito parecida com a transformada de Fourier,
com uma diferença: ela permite a localização no tempo de diferentes componentes
de freqüência de um dado sinal. Esta localização permite a detecção no tempo de
fenômenos abruptos nos sinais, tais como aqueles gerados por uma falta sustentada
na linha de transmissão. Os sinais de ondas viajantes gerados pela presença da
falta na linha são processados através da TW e com isso é possível determinar os
instantes de reflexão dos mesmos em ambos os terminais da linha de transmissão.
O localizador de faltas proposto no trabalho é implementado através de um
algoritmo computacional. O algoritmo contempla um localizador baseado em
detecção de sinais em ambos os terminais da linha de transmissão. Para testar e
validar o algoritmo implementado através da teoria de ondas viajantes utilizou-se
dados de sinais provenientes de faltas em linhas de transmissão obtidos por meio de
simulações no software ATP (Alternative Transient Program). Foram consideradas
as faltas monofásicas, trifásicas e bifásicas em diferentes posições da linha, com
diferentes resistências de falta e ângulos de incidência.
Os resultados alcançados pelo algoritmo são satisfatórios e demonstram uma
ótima precisão do sistema de localização de faltas proposto

PALAVRAS-CHAVES: Localização de Faltas, Linha de transmissão, Sistemas


Elétricos de Potência, Transformada wavelet, Teoria de Ondas Viajantes.
XIV

ABSTRACT

This work presents the application of a powerful mathematical tool, Wavelet


Transform (WT), to analyze transient signals originated by a fault in an electric
energy transmission line with the objective to decide the exact location of the fault
point in the transmission line. The Wavelet theory has the fundamental idea of
analyzes a signal according to a scale. The Wavelet Transform is a tool that slice
data or functions in components of different frequencies, using the wavelet scales.
Each scale of the Wavelet Transform represents a space of functions. Therefore, WT
studies each component with time resolution together with its scale. This is called WT
Multiresolution Analysis.
The WT is a transform very similar to the Fourier transform, with the
difference: it permits the location in time of different frequency signals components.
This location permits the detection in time of abrupt phenomena in the signal, such as
those generated by a fault in the transmission line. The traveling waves signals
generated by the fault in the line are analyzed through the WT and with this it is
possible to determine the instants of reflection of this signals in both line terminals.
The fault location system proposed in this work was implemented through a
computer algorithm. The algorithm is based in detection of signals in both the
terminals of the transmission line. To test and validate the fault location algorithm
implemented through the traveling waves theory was used fault signals obtained
through simulations in the software ATP (Alternative Transient Program), considering
single-phase, two-phase and three-phase faults in different transmission line
positions, with different fault resistances and incidence fault angles.
The results achieved by the algorithm are satisfactory and show a great
precision of fault location system proposed.

KEYWORDS: Fault Location, Transmission Line, Electric Power systems, Wavelet


Transform, Traveling Wave Theory.
XV

À minha família pelo carinho, a meus muitos


mestres e alunos pelas lições e amizade.
1. INTRODUÇÃO

1.1. INTRODUÇÃO

É impossível pensar em um mundo com desenvolvimento sem energia. A


energia elétrica é uma das principias formas de energia utilizada pelo homem. Para
o desenvolvimento da sociedade atual é indispensável o fornecimento de energia
suficiente para suprir todas as necessidades tecnológicas, industriais, comerciais e
de bem-estar dos indivíduos. Os Sistemas Elétricos de Potência (SEP) têm a função
de garantir que a energia gerada seja distribuída em diferentes pontos geográficos
para diferentes aproveitamentos e necessidades. Desta maneira um SEP deve
garantir confiabilidade no fornecimento de energia elétrica. Interrupções devem ter o
menor tempo de restabelecimento. É claro que interrupções sempre ocorrerão em
sistemas de energia devido principalmente aos fenômenos eletromagnéticos de
diferentes tipos, mas um sistema de monitoração, proteção e controle deve sempre
atuar de maneira rápida, segura e confiável de modo a manter a continuidade do
serviço.
Para organizar, coordenar e articular o sistema elétrico nacional existem
várias entidades governamentais que possuem prerrogativas para articular suas
funções dentro de um cenário de crescimento nacional do setor elétrico. Essas
entidades têm como principal função regular a produção, transmissão, distribuição e
comercialização da energia.
Com a nova estruturação do setor elétrico, o Operador Nacional do Sistema
1
(ONS ) possui a prerrogativa de aplicar multas elevadas aos Agentes de
Transmissão2 quando ocorrer indisponibilidade nos equipamentos ou linhas de
transmissão contratadas para operar na rede básica do Sistema Elétrico Brasileiro.
Essa indisponibilidade geralmente está associada a faltas nas linhas de transmissão
e essas multas podem acarretar em perdas econômicas significativas para esses
agentes.

1
Uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, criada em agosto de 1998, responsável pela coordenação
e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado
Nacional (SIN), sob a fiscalização e regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
2
Agentes detentores de concessão para transmissão de energia elétrica, com instalações na rede básica.
2

Neste panorama, soma-se além da conhecida necessidade de recompor a


carga suprida e do restabelecimento da confiabilidade do sistema, a nova e crítica
condição de sustentabilidade econômica das empresas de transmissão que podem
perder grande parte de sua receita permitida por reincidência ou atraso na
recomposição de sua linha ou equipamento defeituoso.
Devido a este cenário, nesses últimos anos, com o rápido avanço dos
microprocessadores e dos dispositivos de hardware novas soluções para problemas
dos sistemas elétricos devem ser tomadas, levando-se em conta a qualidade de
energia com soluções integradas de alto desempenho e pequenas taxas de erros,
como é o caso do problema de localização de faltas. Na localização de faltas
necessita-se de um sistema preciso e de equipamentos de coleta de dados que
trabalham com altas taxas de amostragem, maiores que as taxas dos registradores
digitais de perturbações utilizados atualmente em muitas subestações da rede
básica de transmissão.

1.2. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA

A Linha de Transmissão é o elemento mais suscetível a faltas em um sistema


de energia, devido principalmente a sua extensão e ao fato de estar localizada em
áreas abertas, ver Figura 1.1.
Estudos mostram que cerca de 80% das faltas ocorrem nas linhas e
geralmente são monofásicas, ou seja, ocorrem entre um só condutor e a terra.
Atualmente com a crescente complexibilidade dos sistemas de transmissão é de
suma importância um localizador de faltas, pois este permite reparos mais rápidos,
por meio do deslocamento de equipes de manutenção, além de detectar os pontos
de maior incidência de faltas no sistema.
Com relação às linhas de transmissão existem basicamente dois tipos de
faltas: As faltas permanentes e as transitórias. As permanentes, ou sustentadas, são
caracterizadas por problemas graves nas linhas, como a queda de cabos, quebra de
cadeias de isoladores ou até mesmo a queda de uma torre, e somente podem ser
eliminadas com intervenção das equipes de manutenção. As faltas mais graves são
geralmente mais visíveis mas a tarefa de percorrer centenas de quilômetros de linha
para achá-las pode levar várias horas causando indisponibilidade no sistema. Já as
3

faltas transitórias, que “desaparecem” quando a linha é desligada automaticamente,


são devidas principalmente às descargas atmosféricas, falhas temporárias de
isolação ou curtos-circuitos provocados por árvores ou animais. Nestes casos é
importante identificar suas origens o mais breve possível, de forma a eliminar a sua
possível reincidência, porém, a dificuldade está no fato deste tipo de problema não
ser facilmente visualizado.

Figura 1.1 – Acréscimo anual de linhas de transmissão em km. Fonte: ANEEL

Um localizador de faltas em uma linha de transmissão tem como finalidade


determinar a que distância de algum terminal da linha ocorreu a falta com exatidão
aceitável. Com uma determinação precisa do ponto de falta, o tempo de reparo e
manutenção torna-se menor no caso de faltas sustentadas. As faltas sustentadas
não permitem que o sistema seja religado antes que a equipe de manutenção de
linha atue sobre o defeito. Uma precisa localização da distância da falta é essencial
para um reparo rápido, principalmente se a linha de transmissão (LT) estiver
disposta em terrenos acidentados ou com rios transversos ao seu percurso.
Portanto, um localizador de faltas é essencial para que as equipes de
manutenção e reparos das linhas possam atuar de uma forma mais eficiente. No
caso de uma falta na linha, em alguns casos, é feita a inspeção aérea ou terrestre da
linha dependendo da gravidade do defeito. A inspeção aérea juntamente com a
4

inspeção terrestre, é um dos principais procedimentos para o diagnóstico de faltas


em linhas de transmissão, servindo para a programação das manutenções
preventivas e corretivas das mesmas. A inspeção aérea detalhada é a inspeção
realizada com helicóptero em velocidade reduzida (média de 60 km/h), para
observar todos os pontos de possíveis defeitos na linha. O vôo é feito ao longo da
linha.
Um localizador de faltas pode ser projetado e implementado de várias formas
dependendo do seu modo de operação (on line ou off line), método de localização,
componentes de freqüência analisados.
Os localizadores de faltas geralmente trabalham de modo a não atuar
diretamente nos sistemas de energia elétrica, como no caso de um relé digital. O
fato dos localizadores de falta trabalharem de modo off line permite o
desenvolvimento de algoritmos mais sofisticados em termos de precisão de
localização, apesar de mais lentos em tempos de processamento de informações do
que os algoritmos de relés digitais.
O projeto de localizadores de faltas em linhas de transmissão inclui o
planejamento de hardware e do método de localização que será utilizado para
computação dos sinais faltosos. Os métodos de localização têm sido classificados
em duas categorias distintas:
i) Métodos baseados na componente da freqüência fundamental do sistema;
ii) Métodos baseados nos componentes de alta freqüência, também
conhecidos na literatura como métodos de ondas viajantes.
Esses dois métodos de localização podem ainda ser classificados de acordo
com o modo de obtenção dos dados, ou seja, dos modos de obtenção dos sinais
provenientes das linhas de transmissão:
i) Sinais obtidos em um único terminal da linha (terminal local)
ii) Sinais obtidos de múltiplos terminais da linha de transmissão (para linha de
dois terminais: terminal local e remoto).
Os algoritmos de localização que utilizam dados de um terminal e que
trabalham apenas com a componente de freqüência fundamental dos sinais
baseiam-se no método de determinação da impedância aparente da linha, através
dos sinais de tensão e corrente, além dos parâmetros da LT. Esses algoritmos estão
sujeitos a erros elevados, principalmente devido ao efeito combinado da corrente de
carga, ângulo de incidência de falta, resistência de falta entre outros. Utilizando-se
5

algoritmos que consideram dados provenientes de múltiplos terminais da LT tem-se


uma melhora significativa na performance destes algoritmos. Assim, faz-se
necessário para isso uma medição sincronizada de fasores de tensão e corrente da
LT e um meio de comunicação contínuo entre as extremidades da LT.
Os localizadores de falta que utilizam os métodos baseados em componentes
de alta freqüência baseiam-se na teoria de ondas viajantes. Estas ondas são
geradas pelos distúrbios elétricos causados na linha, como uma falta, por exemplo.
Estes algoritmos têm a finalidade de determinar o tempo de viagem da onda viajante
do ponto de defeito até os terminais da linha de transmissão.
Conhecendo-se a velocidade de propagação dessas ondas, de acordo com
os parâmetros elétricos da linha e sabendo-se o tempo de propagação das ondas na
linha para cada terminal determina-se a distância da falta.
Apesar de sua grande precisão, esses algoritmos de localização encontram
uma limitação em relação as elevadas taxas de freqüência de amostragem dos
sinais de tensão da linha, mas o progresso da tecnologia dos conversores
analógico–digitais (A/D) com processadores de sinais de alta velocidade e alto
desempenho aliado aos novos transdutores óticos de tensão e corrente tem
possibilitado a realização dessas operações com elevadas taxas de amostragens
dos sinais de tensão e corrente das linhas de transmissão.
A principal característica da Transformada Wavelet que faz com que ela seja
adequada para o processamento de sinais elétricos de uma linha de transmissão
para localização de faltas é o fato desta transformada fazer a localização no tempo
das faixas de freqüência desejadas. Esta característica é denominada de localização
tempo-frequência da Transformada Wavelet. Isto permite que a análise Wavelet
localize com precisão os instantes de tempo de ocorrência de eventos e pontos de
descontinuidade na linha de transmissão, o que a torna muito adequada para a
aplicação na localização de distúrbios na linha, quando utilizada juntamente com os
métodos baseados em ondas viajantes.
Este trabalho, propõe a utilização da transformada wavelet para analisar os
transitórios elétricos de alta freqüência em uma linha de transmissão, provenientes
de um distúrbio elétrico causado por uma falta, a fim de determinar os instantes de
reflexão das ondas entre o ponto de falta e os terminais da linha e a partir disso
determinar a distância da ocorrência da falta na linha, melhorando assim a qualidade
6

do serviço de transmissão através de informações mais confiáveis que possibilitem


uma melhor atuação das equipes de manutenção e reparo das linhas.

1.3. OBJETIVOS

Este trabalho tem por objetivo discutir o problema de localização de faltas em


linhas de transmissão de energia elétrica através da implementação prática de um
algoritmo de localização de faltas baseado na Teoria de Ondas viajantes e com o
auxílio da transformada Wavelet. O algoritmo foi implementado no software Matlab
e posteriormente testado e validado usando o software ATP (Alternative Transient
Program). Com a determinação precisa do ponto de falta deseja-se diminuir o tempo
de reparo e manutenção das equipes de linhas de transmissão das empresas. Uma
precisa localização da distância da falta é essencial para um reparo rápido,
principalmente se a LT estiver disposta em terrenos de difícil acesso. Isso garante
uma maior produtividade das equipes de manutenção e reparos e aumenta a
confiabilidade dos serviços de manutenção. Nas simulações feitas no software ATP
foram consideradas situações de um sistema real de transmissão de energia elétrica
do Sistema Interligado Nacional (SIN) de 500 kV, com curvas de saturação dos
transformadores, modelamento baseado em condições reais das máquinas
síncronas do sistema, diferentes resistências de falta e ângulos de incidência de
falta. Os resultados apresentados evidenciarão a aplicabilidade, confiabilidade e
precisão do método proposto.

1.4. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho está dividido em seis capítulos. No Capítulo 2 é apresentada


uma revisão bibliográfica do assunto de localização de faltas em linhas de
transmissão de energia elétrica. Este capítulo aborda os diferentes métodos de
localização de faltas, considerando as componentes de freqüência utilizadas e
também os modos de obtenção dos sinais provenientes da falta.
7

No Capítulo 3 são abordados os princípios fundamentais da teoria de ondas


viajantes, Transformada Wavelet e suas aplicações em sistemas de transmissão de
energia elétrica.
No Capítulo 4 é abordada a formulação do problema de localização de faltas
em LT baseado em ondas viajantes, destacando-se a descrição do algoritmo de
localização de falta proposto.
Em seguida, no Capítulo 5 são apresentados o sistema elétrico utilizado no
estudo e os resultados dos testes obtidos pelo algoritmo no sistema de transmissão
modelado no software ATP.
As conclusões e sugestões para futuros trabalhos são apresentadas no
Capítulo 6.
8

2. LOCALIZAÇÃO DE FALTAS – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. INTRODUÇÃO

Em 1914, Charles Steinmetz apresentou um artigo intitulado “Recording


Devices” no qual afirmava que seria impossível analisar a performance de um
sistema de potência sem o uso dos oscilógrafos. Desde então esta atitude é comum
no monitoramento de sistemas de energia elétrica pois se sabe que a operação de
relés e disjuntores é muito rápida para que medidores de regime permanente
possam ser eficazes. Hoje em dia todas as subestações do sistema elétrico nacional
possuem registradores digitais de perturbações. Esses equipamentos estão
localizados dentro das subestações e transmitem seus dados através de unidades
terminais remotas até os centros de operação e controle locais e regionais das
empresas de transmissão.
Os primeiros sistemas de localização de faltas foram baseados em algoritmos
que utilizavam a componente da freqüência fundamental dos sinais de tensão
provenientes das faltas. Este método está baseado na determinação da impedância
aparente da linha de transmissão (LT) durante a falta. Esta impedância é obtida em
função dos parâmetros da LT e dos fasores de tensão e corrente extraídos dos
sinais registrados em um ou ambos os terminais da LT. Os algoritmos de localização
de faltas foram primeiramente implementados juntamente com os relés de distância,
que por sua vez utilizam a corrente e tensão da LT como sinais de entrada. Contudo,
um relé de distância não pode precisamente obter bons resultados pelas seguintes
razões:
• Os resultados são influenciados pelo fluxo de carga e pela resistência de
falta.
• Os resultados são também influenciados pela corrente que flui para outras
fases da linha da transmissão através das impedâncias mútuas.
Existem basicamente dois métodos principais para localização de faltas em
linhas de transmissão, aqueles que trabalham com sinais de baixa freqüência
provenientes da falta, ou seja, métodos baseados na componente fundamental de
9

freqüência fundamental e métodos baseados em componentes de alta freqüência


dos sinais provenientes das faltas.
Sistemas localizadores de falta que utilizam dados de apenas um terminal da
linha de transmissão, apenas do terminal local são geralmente mais atrativos em
relação ao lado operacional, visto que não precisam de um sistema de comunicação
em ambos extremos da linha, contabilizando assim também um menor custo de
instalação. Sistemas de localização de faltas que utilizam dados de ambos os
terminais da linha não requerem nenhuma informação da rede elétrica (sinais de
tensão ou corrente) fora dos dois terminais da linha da transmissão. Esses sistemas
são mais robustos e mais atrativos em relação a sua fácil aplicação, não
necessitando de muito tratamento para os sinais.

2.2. LOCALIZAÇÃO DE FALTAS COM A COMPONENTE DA FREQÜÊNCIA


FUNDAMENTAL

Dentre os algoritmos que utilizam a componente da freqüência fundamental


no processo de localização da falta alguns utilizam dados somente do terminal local
da linha e outros utilizam dados provenientes de múltiplos terminais da linha.
TAKAGI et al. (1981) apresentaram um sistema de localização de faltas
baseado em filtragem dos sinais de tensão e corrente de apenas um terminal através
da transformada discreta de Fourier (DFT), a fim de se obter uma medida dos
fasores de tensão e corrente em regime permanente. O algoritmo na verdade não
utiliza diretamente os sinais de tensão e corrente e sim faz uso de uma
transformação modal dos sinais das fases a fim de obter circuitos desacoplados.
Além disso, neste trabalho se faz uso de quadripólos e do método de Newton-
Raphson.
Os relés de distância eram bastante usados na localização de faltas, já que
eles medem diretamente uma impedância R + jX, até o ponto de falta. A reatância
medida corresponderia à distância até o ponto de falta, quando se tem uma falta
com resistência nula. A resistência de falta, contudo, não é nula em casos práticos,
fazendo com que a impedância R + jX se desloque de seu valor verdadeiro. Com
isso, os relés de distância digitais são suscetíveis a erros na medição da exata
impedância de falta.
10

A teoria de localização proposta por TAKAGI et al. (1981) considera a lei de


superposição de sistemas lineares separando o sistema sob falta em dois sistemas,
um pré-falta e um pós-falta, como mostrado na Figura 2.1.

Figura 2.1 – Sistema com falta e sua decomposição equivalente: (a) sistema pós falta, (b) sistema
pré-falta e (c) sistema somente com a falta

Considerando VF o vetor de tensão no ponto de falta F e I F sendo o vetor de

corrente e a resistência de falta RF , tem-se:

VF = RF I F = − RF ( I SF
''
+ I RF
''
) (2.1)

onde I FS
''
é a corrente de linha em F fluindo para o terminal S e I FR
''
é a corrente

fluindo para o terminal R (ver Figura 2.1), ambas definidas no circuito pós-falta.
Pode-se escrever também:
VF = − RF I FS
''
(1 + K ( d ) ) (2.2)

onde K ( d ) é dado por:


11

I ' 'FR
K (d ) = (2.3)
I ' 'FS

A razão K ( d ) é uma função da distância d ao ponto de falta. Os vetores VF

e I SF
''
são estimados por vetores medidos no terminal local da linha:

VF = A ( d ) VS − B ( d ) I S (2.4)

I FS
''
= C ( d ) VS'' − D ( d ) I S'' (2.5)

onde A ( d ) , B ( d ) , C ( d ) e D ( d ) são as constantes do quadripólo representativo da

linha de transmissão, e são definidas para um circuito de parâmetros distribuídos


por:
A ( d ) = D ( d ) = cosh ( λ d ) (2.6)

B ( d ) = Z 0 ⋅ senh ( λ d ) (2.7)

C ( d ) = senh ( λ d ) (2.8)

onde λ é a constante de propagação e Z 0 é a impedância característica da linha.

Os vetores VS e I S são diretamente medidos no terminal local S, enquanto

que os vetores VS'' e I S'' são computados como a diferença entre os vetores pré-falta

e os de falta da seguinte forma:

V ' 'S = VS − V 'S (2.9)

I ' 'S = I S − I ' S (2.10)

Portanto escrevendo-se a equação (2.2) com os vetores localmente


disponíveis, tem-se:

A ( d ) VS − B ( d ) I S = − RF 1 + K ( d )  C ( d ) VS'' − D ( d ) I S''  (2.11)

o que leva a:
12

A ( d ) VS − B ( d ) I S
RF 1 + K ( d )  = − (2.12)
( ) ( )
C d V ' − D d I ''
S S

O fato de a impedância de falta ser puramente resistiva RF , a razão K ( d ) ser

um número real para linhas sem perdas ôhmicas e também a impedância da fonte
em ambos os terminais ser puramente indutiva, o lado esquerdo da equação (2.12)
torna-se real. Portanto, o lado direito da equação 2.12 deve ser um número real
também, por conseguinte:

 A ( d ) VS − B ( d ) I S 
Im  '' 
=0 (2.13)
 C ( d ) VS − D ( d ) I S 
''

onde Im [ . ] indica a parte imaginária de uma variável complexa. A solução d da

equação (2.13) é a distância do terminal local ao ponto de falta na linha de


transmissão. Como a equação (2.13) é não linear é necessário uma técnica de
solução iterativa como o método de Newton-Raphson.
TAKAGI et al. (1982) continuando seus estudos sobre localização de faltas
apresenta um sistema de localização de faltas baseado no método da transformada
de Laplace. O princípio da superposição de sistemas lineares é usado para análise
de regime transitório de uma rede com uma falta, onde métodos iterativos são
necessários para a resolução da equação.
TAKAGI et al. (1982) desenvolve um método de localização de faltas
aproximado usando a representação de fasores de tensão e corrente em um
terminal da linha de transmissão, juntamente com a teoria de quadripólos.
O método calcula a distância ao ponto de falta baseado na seguinte equação,
que expressa a tensão no ponto de falta VF e a corrente I F :

VF = VS cosh ( γ d ) − Z S I S senh ( γ d ) (2.14)

I SF
''
= VS'' Z S senh ( γ d ) − I S'' cosh ( γ d ) (2.15)

Sabendo-se que VF = RF I SF
''
substituindo-se (2.15) em (2.14) tem-se que:
13

RF (VS'' Z S ) senh ( γ d ) − I S'' cosh ( γ d )  = VS cosh ( γ d ) − Z S I S senh ( γ d ) (2.16)

Dividindo (2.16) por cosh ( γ d ) tem-se:

 VS'' cosh ( γ d ) '' 


VS − I S ⋅ Z S tanh ( γ d ) = RF  − IS  (2.17)
 ZS 

Para as equações (2.14) e (2.15) duas aproximações são adotadas:


• tanh ( γ d ) = γ d , devido a linha ser suficientemente curta;

V ' 'S tanh (γd )


• << I ' 'S
ZS

Considerando-se essas aproximações e admitindo que a impedância de falta


é totalmente resistiva e que não existe diferença de fase entre as correntes de falta
isoladas da linha (corrente isolada seria a corrente de falta menos a corrente de pré-
falta), os valores de RF e K são números reais. Com isso pode-se obter a distância
de falta usando-se dados de um terminal pela seguinte expressão, sem a
necessidade de métodos iterativos de cálculo numérico.

d=
(
Im V 'S ⋅I ' '∗S ) (2.18)
(
Im Z ⋅ I 'S ⋅I ' '∗S )
onde:
• VS : Tensão no terminal S da linha

• I S : Corrente no terminal S da linha

• VF : Tensão no ponto de falta

• I F : Corrente de falta

• I S'' : Diferença de corrente entre a corrente pré-falta e pós-falta

• I SF
''
: Corrente de falta a partir do terminal S da linha

• Z S : Impedância de falta

• Z : Impedância da linha de transmissão por unidade de comprimento.


14

• γ : Constante de propagação da linha de transmissão

RICHARD et al. (1982) descreveram um método de localização de faltas que


utiliza um estimador de parâmetro dinâmicos com uma janela de dados de ¼ a 1
ciclo de dados em apenas um terminal da linha. Os autores classificam os métodos
existentes de localização de faltas em linhas de transmissão em duas categorias:
• Modelos de linhas com parâmetros distribuídos. A localização da falta é
feita analisando-se as ondas viajantes de tensão e corrente. A complexidade e
precisão desta solução dependem muito das simplificações feitas nos modelos e da
configuração do sistema elétrico.
• Modelos de linhas com parâmetros concentrados. Geralmente usada na
proteção de linhas, onde objetivo é encontrar uma impedância complexa de falta no
sistema de acordo com o lugar das medições de tensão e corrente. O conceito de
impedância complexa se refere somente as tensões e correntes na freqüência
fundamental as quais são extraídas usando-se filtros, com o auxílio da análise de
Fourier ou outros métodos capazes de remover as componentes de alta freqüência
além de componentes DC. Uma limitação comum destes métodos é a incapacidade
de calcular os efeitos de uma resistência de falta não nula.
O problema de localização de faltas é tratado como um problema de
estimação de um sistema dinâmico. Os valores instantâneos de tensão e corrente no
modelo serão comparados com aqueles observados no sistema real durante um
intervalo de falta de ¼ a 1 ciclo de onda na freqüência fundamental. Os parâmetros
do modelo são variados até que uma combinação adequada seja obtida com a
resposta física do sistema. O modelo do sistema inclui equivalentes de Thevenin
incluindo resistências e indutâncias em ambos extremos da linha, e uma resistência
de falta desconhecida. Os autores consideram um modelo de linha de transmissão
com parâmetros concentrados com impedância série e com admitância shunt. A
condutância shunt não é considerada devido a pequena contribuição para a
admitância shunt.

ERIKSON et al. (1985) descreveram uma técnica de localização usando um


fator FDC (Fator de Distribuição de Corrente). Este método apresenta vantagens
quando comparado com o método de TAKAGI (1982), pois considera a influência
15

introduzida pelo terminal remoto da linha, usando para isso, o modelo completo da
rede elétrica. Este método determina o ângulo da tensão no ponto de falta e a
distância de falta. Para compensar as variações nos ângulos das impedâncias e
determinar uma correta descrição da rede este método armazena valores
representativos para a impedância da fonte. O valor de RF , desconhecido, não é

necessário, sendo usado somente o ângulo de RF × I F , no ponto de falta.

O algoritmo de localização determina a impedância aparente da falta com


uma compensação para a queda de tensão na resistência de falta, eliminando assim
os erros existentes na medição do tipo à impedância, ou seja, aquela que considera
apenas a impedância aparente da linha. Como a impedância de seqüência positiva
não depende da resistência do pé de torre e nem da resistência do solo, as
componentes de corrente de seqüência zero foram eliminadas e somente as
componentes da corrente de seqüência positiva e negativa foram usadas. A partir de
alguns equacionamentos foi obtida a equação 2.19 onde foi introduzido o fator FDC:

I 
VS = I S p ⋅ Z L +  SF  RF , FDC = K P (2.19)
 KP 

onde I SF varia conforme o tipo de falta e representa a mudança na corrente

produzida pela falta, que é igual a atual corrente, menos a corrente de pré-falta. O
FDC (KP) é definido pela equação (2.20) como função da localização da falta dos
parâmetros de seqüência positiva da linha e das impedâncias das fontes (ZS e ZR):

KP =
(1 − p ) Z L + Z S (2.20)
ZR + ZL + ZR

onde ZL é a impedância da linha, p a distância da falta em percentagem e KP é o


Fator de Distribuição de Corrente.
Substituindo-se a equação (2.20) na equação (2.19) pode ser obtida a
expressão complexa (2.21) que contém as variáveis p e RF desconhecidas:
p 2 − pK1 + K 2 − K 3 RF (2.21)

onde:
16

VS Z
K1 = + R +1 (2.22)
IS ZL ZL

VS Z 
K2 = ⋅  R + 1 (2.23)
IS ZL  ZL 

I SF  Z + ZR 
K3 = ⋅ S + 1 (2.24)
IS ZL  ZL 

As equações deste algoritmo são resolvidas através de um método que


emprega valores de pico e posições de fase, obtidos por uma rotina baseada na
análise de Fourier.

LAWRENCE et al. (1988) descreveram uma técnica de localização de faltas


com dados de tensão e corrente de um terminal da linha. Esse método difere dos
demais apresentados anteriormente pelo fato de apresentar uma representação no
domínio do tempo em vez de uma representação no domínio da freqüência. A cada
ponto amostrado no tempo, uma nova estimativa da posição da falta é calculada. O
algoritmo de localização de faltas proposto neste artigo também difere dos demais
apresentados anteriormente, pois usa um modelo geral de fases, permitindo a
inclusão de impedâncias desbalanceadas devido a linhas transpostas.
O processo de análise do algoritmo de localização de faltas é baseado em
técnicas de transformada-Z para modelar a resposta do sistema à falta. O método
assume uma relação no domínio do tempo entre as amostras do sinal e os
parâmetros do sistema. Neste caso, o algoritmo faz uma relação entre as tensões e
correntes de fase medidas no sistema elétrico e os parâmetros do sistema,
resistências, capacitâncias e indutâncias.
A maioria das técnicas de localização desenvolvidas até os estudos de
LAWRENCE et al. (1988) basearam-se no uso da aproximação de relés de distância
as quais tem algumas limitações apontadas por TAKAGI (1982):
• Faltas de resistência não-nula e a influência produzida pelo terminal
remoto da linha não são consideradas;
• Efeitos indutivos mútuos de condutores adjacentes não são considerados.
Nos estudos de TAKAGI (1982), por exemplo, o algoritmo localizador de faltas
usa uma representação de fasores para tensão e corrente, a amostragem é feita a
17

cada ¼ de ciclo. Além disso, o algoritmo elimina o efeito da resistência de falta


desconhecida e assume que os ângulos da corrente total de falta e da contribuição
da corrente de falta do terminal remoto são iguais.
Nos estudos de SCHWEITZER et al. (1982) foi desenvolvido um método que
melhorou o algoritmo de TAKAGI (1982), onde uma solução iterativa calcula a
diferença entre a corrente total de falta e a contribuição de corrente de falta do
terminal remoto. Este método utiliza dados de ambos os terminais da linha. Já nos
estudos de RICHARD et al. (1982) foi desenvolvida uma aproximação de seqüência
de rede que trata a posição da falta e a resistência de falta ambas como grandezas
desconhecidas. Nestes estudos a reatância shunt não é modelada, limitando a
aplicação do algoritmo para linhas curtas.
No modelo proposto por LAWRENCE et al. (1988) as quantidades
desconhecidas são d, a distância do terminal local até a falta, Gfalta, a matriz de
condutâncias de falta e VR, a tensão do terminal remoto. As grandezas VS e IS são
adquiridas pelo registrador de faltas antes e durante o período de falta. A equação
expressa em termos funcionais, envolvendo d e Gfalta é dada por:

f ( Z , YS , YR , Z eq , VS , I S , VR , G falta , d , d 2 ) = 0 (2.25)

Escrevendo-se a equação no domínio da transformada de Laplace:

f ( R + Ls, CS s, CR s, Req + Leq s, VS ( s ) , I S ( s ) , VR ( s ) , G falta , d , d 2 ) = 0 (2.26)

A equação (2.26) contém dois termos desconhecidos, d e Gfalta, e é não-linear


em relação a d. Vista do domínio da freqüência a equação (2.26) é indeterminada.
Aplica-se a transformada-Z através do operador de Laplace s dado por:

2 (1 − z −1 )
s= (2.27)
T (1 + z −1 )

O algoritmo é resolvido para d e Rfalta com a equação:


 d 
[ A] ⋅  d 2  = [ 0] (2.28)
 R falta 
 
18

onde a matriz A contém os valores conhecidos e a equação (2.28) é resolvida de


maneira iterativa pelo método de Newton.

RANJBAR et al. (1992) desenvolveram um algoritmo de localização de faltas


baseado em modelos de linhas com parâmetros distribuídos afim de solucionar os
problemas encontrados com modelos com parâmetros concentrados que não
representavam a capacitância da linha, causando erros significantes na localização
precisa da falta. O algoritmo proposto considera então o efeito da capacitância e
baseia-se no cálculo da tensão ao longo da linha. Para determinar o perfil de tensão
ao longo da linha é usada uma função G(x).

t
2 2
G ( x ) = ∫ vx ( t ) dt (2.29)
∆t t1

onde vx ( t ) é o valor absoluto de vx ( t ) .

Esta função possui um valor mínimo no ponto de falta e é proporcional a


integral do valor absoluto da tensão em um intervalo de tempo determinado. Com
este método a localização da falta pode ser feita para qualquer ângulo de incidência
de falta.
Usando-se a regra de integração trapezoidal pode-se calcular a função G(x):

N −2
G ( x ) = vx ( t1 ) + vx ( t2 ) + 2 ∑ vx ( t1 + n ∆t ) (2.30)
n =1

Através do uso desta função ao longo do intervalo de tempo (t2 – t1) igual a ¼
de ciclo, resultados com boa precisão podem ser obtidos. O erro máximo atingido foi
menor que Dx/2, onde Dx é a distância entre dois pontos adjacentes da linha sobre
os quais são calculadas as tensões com a função G(x). É importante salientar que o
método faz uso da teoria modal para a transformação das equações aplicadas à
faltas não simétricas.
19

GIRGIS et al. (1992) apresentam dois métodos de localização de faltas


baseados no conceito de impedância aparente e também nos fasores trifásicos de
tensão e correntes. Esses métodos não levaram em consideração a resistência de
falta assim como a corrente que flui através da resistência de falta (corrente de falta).
O primeiro método apresenta um localizador de faltas para um sistema radial
com múltiplas cargas de 69 kV com dados de tensão e corrente de apenas um lado
da linha, do terminal local. O outro método é desenvolvido para um sistema de
transmissão em loop com múltiplos tapes. Os dados de corrente para os ramos do
loop e os dados de tensão nas barras são fornecidos. Este método utiliza dados
obtidos por registradores digitais de faltas.
No método usado, na Figura 2.2, para uma linha radial com dados de tensão
e corrente de apenas um terminal o conceito de impedância aparente é usado. Esta
impedância é definida como a razão de uma tensão escolhida com uma corrente
escolhida baseada no tipo de falta e nas fases faltosas. As mudanças na magnitude
das correntes são usadas para classificar o tipo de falta e as fases atingidas pela
falta. A variação máxima na magnitude das correntes é usada como referência.
Razões da variação da magnitude de cada corrente de fase com a magnitude
de referência são então calculadas. Uma fase é definida como faltosa se a razão de
variação da sua corrente é maior ou igual a 0,75. Após a classificação do tipo de
falta, um par de corrente-tensão é escolhido para o cálculo da impedância aparente.

x
LT f
~
Z1 = Z2, Z0

Figura 2.2 – Linha Radial com uma falta

Usando as condições de contorno de falta e os parâmetros de seqüência da


linha, as tensões e correntes de seqüência no ponto de falta podem ser escritos por:

V1 f = V1 − I1Z1 , V2 f = V2 − I 2 Z 2 e V0 f = V0 − I 0 Z 0 (2.31)

V1 f + V2 f + V0 f = 3I 0 f R f (2.32)
20

onde:
• Vi – Tensão de seqüência i na barra X;

• I i – Corrente de seqüência i que flui da barra X para o ponto de falta;

• Z i – Impedância de seqüência i da seção de linha;

• Vif – Tensão de seqüência i no ponto de falta;

• i = 0, 1, 2 (seqüência zero, positiva e negativa)

Aplicando-se a transformação e relacionando-se as componentes de fase


com as componentes de seqüência e assumindo Z1 = Z 2 as equações (2.31) e (2.32)

tornam-se:
Va = ( I a + kI 0 ) Z1 + 3I 0 R f (2.33)

onde:
Z 0 − Z1
k= (2.34)
Z1
Então a impedância aparente pode ser definida como:

Vescolhida
Z ap = = Rap + jX ap (2.35)
I escolhida
Para uma falta fase-terra na fase A:

Vescolhido = Va
I escolhido = ( I a + kI 0 ) = I s1 + jI s 2
Fazendo-se substituições apropriadas na equação (2.35):

3I 0 R f
Z ap = Z1 + (2.36)
( I a + kI 0 )

Para compensar a resistência de falta desconhecida, a corrente que alimenta


a falta deve ser considerada. Para uma falta monofásica, a corrente de
compensação é proporcional a variação na corrente de seqüência zero na seção
21

faltosa da linha. A equação para a impedância aparente pode ser expressa então
por
3I comp R f
Z ap = d ⋅ z + (2.37)
( I a + kI 0 )
onde:
• I comp – Corrente de compensação;

• R f – Resistência de falta em Ω;

• z1 – Impedância de seqüência positiva da linha em Ω/km;

• d – Distância até o ponto de falta em km;

A equação (2.37) pode ser escrita em termos de parte real e imaginária na


forma matricial, como mostrada na equação 2.38:

 (I I + Iq I s2 ) 
d s1
 R1 
 Rap   I sm
2
 d 
X  =   
 ap   ( − I d I s 2 + I q I s1 )   R f  (2.38)

 X1 I sm
2 
 
onde:

• I comp = I d + jI q ,

• I sm
2
= I s21 + I s22

Eliminando-se a resistência de falta desconhecida Rf, a distância de falta d


pode ser expressa por:

d=
(R ap M − X ap L )
(2.39)
( R 1 M − X1L )
onde

L=
(I I + Iq Is2 )
d s1
e M=
( −I I + I q I s1 )
d s2
(2.40)
I sm
2
I sm
2
22

Essas equações foram desenvolvidas para uma falta fase-terra, mas podem
ser aplicadas para outros tipos de faltas escolhendo-se o par tensão-corrente
apropriado como mostra a Tabela 2.1.

Tabela 2.1 – Par tensão-corrente escolhido para cálculo da impedância aparente de falta em linhas
de transmissão
Tipo de Falta Vescolhido Iescolhido Icomp
Falta AT Va Ia+kI0 3I0
Falta BT Vb Ib+kI0 3I0
Falta CT Vc Ic+kI0 3I0
Falta AB ou ABT Va – Vb Ia – Ib ∆Ia – ∆Ib
Falta BC ou BCT Vb – Vc Ib – Ic ∆Ib – ∆Ic
Falta CA ou CAT Vc – Va Ic – Ia ∆Ic – ∆Ia
Falta ABC Va – Vb Ia – Ib ∆Ia – ∆Ib

No segundo método proposto pelos autores, usa-se dados trifásicos de mais


de um terminal ou em apenas um terminal em um sistema de transmissão em anel e
considerou-se o seguinte diagrama unifilar mostrado na Figura 2.2.

Vabc1 Vf Vabc2

Iabc1 Iabc2

Figura 2.3 – Linha de Transmissão com aquisição de dados em ambos terminais.

[Vabc1 ] = Vabcf  + p [ Z abc ][ I abc1 ] (2.41)

[Vabc 2 ] = Vabcf  + (1 − p ) [ Z abc ][ I abc 2 ] (2.42)

Para um sistema de transmissão em anel Vabc1 é igual a Vabc2. Considerando


este fato e eliminando Vabcf, a tensão no ponto de falta fica:

p [ Z abc ][ I abc1 ] = (1 − p ) [ Z abc ][ I abc 2 ] (2.43)


23

p [ Z abc ][ I abc1 + I abc 2 ] = [ Z abc ][ I abc 2 ] (2.44)

Obtem-se primeiramente uma aproximação para o valor de p. A estimativa


inicial deve ser melhorada usando-se as impedâncias trifásicas de cada seção de
linha e as correntes do barramento da respectiva linha.
Os métodos desenvolvidos pelos autores garantem uma localização de faltas
com erros próximos de 0,5% para os casos onde a distância de falta é conhecida.
Esses erros são devidos a imprecisão dos parâmetros da linha, carga do sistema e
comprimento da linha.

JOHNS et al. (1995) apresentaram um algoritmo de localização de faltas em


linhas de transmissão com dados de apenas um terminal. A linha considerada no
estudo apresenta distância de 100 km e tensão nominal de 400 kV. Segundo os
autores este método de localização de faltas é altamente insensível a variações da
impedância da fonte. Isto permite localizações precisas em várias condições de
operação.
O método utiliza componentes superpostos de tensão e corrente, pré-falta e
pós-falta (puramente) para modelar o sistema com a falta.

V L = V Lpós − V Lpré (2.45)

I L = I Lpós − I Lpré (2.46)

Assumindo-se que o comprimento da linha de transmissão é conhecido, as


grandezas desconhecidas são a posição da falta d, a impedância da fonte remota

Z sR
'
e a resistência de falta Rf.

No cálculo do algoritmo do localizador é ajustado uma impedância da fonte

remota de valor Z sR , o valor de resistência de falta é representado de uma maneira


'

mais geral por Zf (impedância de falta), e a tensão no ponto da falta E f pode ser

calculada com os valores de pré-falta para alguma posição d de falta considerada.

E f = −(V Lpré − dZ L I Lpré ) (2.47)


24

[E f ][
− V L + I L dZ L (1 − d )Z L + Z sR
'
]
Zf = (2.48)
(
V L − I L Z L + Z sR
'
)

O localizador trabalha com as tensões e correntes medidas no barramento


local na forma fasorial. Os seis sinais analógicos são armazenados por hardwares os
quais convertem os sinais em sinais discretos no domínio do tempo através de um
processo de amostragem usando-se um conversor analógico digital (CAD). No
processamento subseqüente o sinal discreto no tempo é convertido para a forma
fasorial usando-se a Transformada Discreta de Fourier (TDF). O algoritmo TDF é
calculado somente para a componente fundamental. Para um sinal v(t) a equação
usada é:

1 N −1
 − j 2πn 
V=
N
∑ v[nT ] exp
n =0 N 
 (2.49)

onde v[nT ] são os valores amostrados do sinal de tensão v(t ) e V é o fasor do sinal
v(t ) na freqüência fundamental do sistema (coordenadas retangulares).
Apenas um ciclo do sinal discreto no tempo é usado para o cálculo da TDF.
Investigando-se qual a melhor freqüência de amostragem o localizador utilizou uma
freqüência de 3 kHz juntamente com um conversor analógico digital de 16 bits.
O software de transitórios eletromagnéticos (EMTP) foi usado para simular as
faltas em uma linha de transmissão aérea com circuito simples de 100 km, com
tensão nominal de 400 kV. Um dos objetivos do localizador é apresentar alta
insensibilidade às condições de operação do sistema.

NARENDRANATH et al. (2000) propuseram a aplicação de RNAs (Redes


Neurais Artificiais) para localização de faltas, usando dados obtidos somente no
terminal local da linha ou até mesmo em ambos os terminais da linha. Foi
desenvolvida primeiramente uma rede Multilayer Percepton (MLP) convencional em
que as entradas definem dados de pré e pós-falta de corrente e pós-falta das
tensões trifásicas, medidas no terminal local, assim como o tipo de falta.
As saídas são a localização da falta e a resistência de falta envolvida.
Posteriormente desenvolveu-se uma rede baseada na técnica de correlação em
Cascata de Fahlman usando-se na entrada valores de seqüência positiva, negativa
25

e zero da tensão, medidos em ambos os terminais que também apresenta como


saída a distância e a resistência de falta. Ambas as redes são comparadas com três
métodos convencionais analíticos de localização de faltas apresentando resultados
satisfatórios.

PEREIRA & ZANETTA (2000) estabeleceram uma análise comparativa de


alguns algoritmos de localização de faltas em linhas de transmissão. Foram
considerados os métodos de Takagi, Quadripólo e Matriz série. O método de Takagi,
bem conhecido, utilizou dados apenas de um terminal da linha. O método usando
Quadripólos e o método que utiliza a matriz série utiliza valores de tensão e corrente
de dois terminais.
São analisados todos os tipos de faltas com alterações das variáveis
influentes no curto-circuito, como por exemplo, a distância da falta, a resistência de
falta e a impedância equivalente no terminal local, considerando-se linhas com
fontes em ambos terminais.
Para a filtragem dos sinais provenientes dos transitórios do curto-circuito
foram usados filtros seno e cosseno em série com um filtro passa-baixas de
Butterworth. A filtragem foi implementada utilizando-se o Método dos Mínimos
Quadrados (MMQ). Nos testes, tanto os algoritmos de localização de faltas e os
métodos de filtragem digital foram implementados através da linguagem MODELS
do ATP (Alternative Transient Program).
Com relação a distância da falta em relação ao terminal local o método
usando Quadripólos apresentou erro de localização praticamente nulo seja para
faltas monofásicas quanto para faltas trifásicas, mas requer dados de dois terminais
da linha adquiridos de forma sincronizada. O método de Takagi teve seu erro de
localização aumentado quando a distância aumenta, tanto para faltas monofásicas
quanto para faltas trifásicas. Já o método que utiliza a matriz série tem erro menor
para faltas localizadas no meio da linha em todos os casos.
Com relação a variação da resistência de falta (0 a 40 ohms) o método com
Quadripólos tem exatidão de localização muito boa independente da resistência de
falta, o que ocorre também com o método matricial apresentando localizações de
falta com erros pequenos. Entretanto o método de Takagi é mais impreciso quanto
maior a resistência de falta tanto em linhas longas como curtas seja para faltas
26

monofásicas ou trifásicas. De maneira geral, o método de Takagi apresenta mais


imprecisão para faltas trifásicas.
De uma forma geral o estudo dos autores mostraram que o método que utiliza
Quadripólos é bem mais preciso no processo de localização de faltas, contudo utiliza
correntes e tensões trifásicas como dados de entrada dos dois terminais da linha de
transmissão. O método de Takagi teve sua precisão prejudicada com faltas no final
da linha e com resistências de falta muito elevadas porém sua vantagem reside no
fato de utilizar dados de tensão e corrente provenientes apenas de um terminal da
linha. O método matricial teve maiores imprecisões no caso de linhas longas, pois
não considera o efeito capacitivo da linha. Todos os métodos foram analisados em
sistemas de transmissão com fontes em ambos os terminais.

SILVEIRA & PEREIRA (2001) desenvolveram um estudo de comparação de


algoritmos de localização de faltas. Os algoritmos utilizados foram: o algoritmo de
Takagi, o de algoritmo de Wiszniewski e o método RL série. Todos os métodos
foram executados por um software desenvolvido pelos autores chamado LDF-1.
Este software lê um arquivo ASCII de dados da forma de saída do EMTP
(Eletromagnetic Transient Program) ou da forma resultante da saída de um
registrador digital de perturbações (RDP). Após isso executa uma filtragem anti-
aliasing. Este pré-processamento permite que o sinal contínuo seja completamente
recuperado a partir do sinal discreto após o processamento. Em seguida é feita uma
filtragem para a estimação dos fasores fundamentais com um filtro de mínimos
quadrados, seguida da detecção do instante da falta, através de um operador que
acumula erros entre os sinais amostrados e estimados pelo filtro.
A identificação do tipo de falta é feita por uma unidade MHO. De acordo com
o tipo de falta o filtro de estimação utiliza tensões e correntes diferentes de acordo
com a fase ou as fases envolvidas. Finalmente é feita a localização da falta
utilizando-se os três algoritmos mencionados.
Nas simulações de ajuste com o EMTP foram testadas faltas fase-terra e
fase-fase, considerando que no instante de falta a tensão passava pelo valor
máximo e pelo zero, sendo utilizadas impedâncias de falta de zero e 30 ohms. As
simulações também levaram em consideração se as fontes equivalentes terminais,
em ambos os lados da linha, são ou não de mesma capacidade. A principal
vantagem do programa desenvolvido é o fato de utilizar algoritmos que utilizam
27

dados de apenas um terminal da linha, o que implica em alguns erros consideráveis


nas simulações nos três algoritmos utilizados, mostrando algumas limitações.
SAHA et al. (2001) desenvolveram um algoritmo de localização de faltas em
linhas de transmissão paralelas.
O algoritmo utiliza dados de corrente e tensão provenientes do terminal local.
Baseia-se em componentes simétricas e não necessita da impedância da fonte
equivalente para o barramento local e remoto, assim como não necessita dos sinais
pré-falta. O sistema de localização também é capaz de localizar faltas quando
ambas as linhas estão em operação e as incertezas com respeito a impedância de
seqüência zero da linha é parcialmente limitada, pois a queda de tensão gerada pela
falta ao longo da linha é calculada desprezando-se a componente de seqüência
zero.A Figura 2.4 representa os circuitos equivalentes para linhas de transmissão
paralelas estudas pelos autores de acordo com as seqüências simétricas. As
impedâncias da Figura 2.4 (b) de seqüência negativa são consideradas iguais as
impedâncias da Figura 2.4 (a) de seqüência positiva. Foi considerada uma falta na
linha de transmissão A, entre os terminais A e B da linha.

Figura 2.4 – Circuito equivalente de linhas de transmissão paralelas para: (a) seqüência positiva, (b)
seqüência negativa, (c) seqüência zero.
28

Um modelo geral para este circuito representado pela figura 2.4 é mostrado
na equação 2.50:

2
VAA _ p − d ⋅ Z1LA ⋅ I AA _ p − RF ⋅ ∑ aFi ⋅ I Fi = 0 (2.50)
i =0

onde:
• d – Distância de falta desconhecida;
• Z1LA – Impedância de seqüência positiva da linha sob falta;

• VAA _ p , I AA _ p – Tensão e Corrente de faltas calculadas de acordo com o tipo

de falta;
• RF – Resistência de falta;

• I Fi – Corrente total de falta de seqüência i;

• aFi – Coeficiente de peso calculado de acordo com o tipo de falta

• i = 0, 1, 2 (seqüência zero, positiva e negativa)

A equação que resume o algoritmo é dada por:

B2 d 2 − B1d + B0 = 0 (2.51)

onde:
B2 = Re ( A2 ) ⋅ Im ( A00 ) − Im ( A2 ) ⋅ Re ( A00 ) (2.52)

B1 = Re ( A1 ) ⋅ Im ( A00 ) − Im ( A1 ) ⋅ Re ( A00 ) (2.53)

B0 = Re ( A0 ) ⋅ Im ( A00 ) − Im ( A0 ) ⋅ Re ( A00 ) (2.54)

As quantidades complexas A2, A1, A0, A00 são obtidas de acordo de acordo
com as equações:
 Z Z 
A2 = Z1LA  a1 I AA1 + a2 I AA 2 + a0 0 LA I AA0 + a0 0 m I AB 0  (2.55)
 Z1LA Z1LA 

A1 = A2 + a1VAA1 + a2VAA 2 + a0VAA0 (2.56)

A0 = a1VAA1 + a2VAA 2 + a0VAA0 (2.57)


29

Outro detalhe do algoritmo desenvolvido é que apresenta compensação para


a capacitância shunt. Para modelagem do sistema foi usado o software EMTP/ATP
usando-se uma linha de 400kV de 300 km de extensão com representação pelo
modelo de Clarke. O modelo inclui os transformadores capacitivos de potencial
(CVTs – Capacitive Voltage Transformers) assim como os transformadores de
corrente (CTs – Current Transformers). Filtros analógicos foram implementados
usando-se um modelo de filtro de segunda ordem de Butterworth. Os fasores foram
estimados com o uso da Transformada de Fourier Discreta com 20 amostras por
ciclo. O algoritmo apresentou erros máximos de 2% se os modelos não
apresentarem a compensação para a capacitância shunt e 0,3% se apresentarem a
compensação.

2.3. LOCALIZAÇÃO DE FALTAS COM COMPONENTES DE ALTA


FREQÜÊNCIA

Dentre os algoritmos que utilizam componentes de alta freqüência no


processo de localização da falta alguns utilizam dados de apenas um terminal da
linha e outros utilizam dados provenientes de múltiplos terminais da linha.
Estes algoritmos são fundamentados nos métodos de ondas viajantes na
linha de transmissão e baseiam-se na determinação dos instantes de reflexão destas
ondas nos terminais da linha (BEWLEY, 1963).

GALE & CORY (1993) descreveram diversos equipamentos que foram


utilizados principalmente na década de 40 e 50, para localização de faltas. Estes
sistemas eram ainda limitados e seus custos operacionais, de manutenção e
instalação ainda eram relativamente altos. Esses tipos de localizadores foram
classificados de acordo com seu modo de operação em: Tipos A, B, C e D.
Como diferença básica os do tipo A e D não incluíam circuitos geradores de
pulso e os do tipo B e C necessitavam de um gerador de pulsos para localização das
faltas.
• Localizador de falta tipo A: estima o instante de tempo de viagem dos
transitórios gerados pela falta entre o ponto de falta e um terminal local.
30

• Localizador de faltas tipo B: utilizam dados provenientes de ambos os


terminais da linha de transmissão. Há três variações deste tipo de localizador, os
três tipos detectam a chegada do transitório em seus terminais. Quando a onda
viajante atinge o terminal mais próximo este ativa um contador eletrônico que será
parado por um sinal enviado do terminal remoto, quando a onda viajante atingi-lo.
 Tipo B1: utiliza pulso de rádio enviado por um canal de microondas
para envio de um sinal de sincronização para os detectores.
 Tipo B2: para transmissão do sinal de sincronização para os
detectores utiliza o sistema de transmissão carrier da linha de
transmissão.
 Tipo B3: utiliza um pulso de corrente contínua sobre a linha para
envio do sinal de sincronização.
• Localizador de falta tipo C: Opera com dados de apenas um terminal,
estima o tempo de viagem até o ponto de falta através de um pulso aplicado na linha
utilizando o princípio do radar.
• Localizador de falta tipo D: Esse método opera com sincronização de
sinais, utilizando dados de ambos terminais e detecta o tempo de chegada da
primeira onda viajante gerada por uma falta para o cálculo da distância da mesma.
Os localizadores de falta do tipo A, D e B3 foram implementados pelos
autores com utilização de tecnologias atuais (microprocessadores, GPS, etc),
mostrando-se que conceitos desenvolvidos anteriormente podem ser utilizados
atualmente com um certo número de restrições e utilizando-se tecnologias atuais.
Os autores também apresentam duas técnicas de localização por ondas
viajantes que faz uso de dois terminais da linha. Essas técnicas utilizam os modos
de operação B e D. Os autores ainda mostram que esses métodos podem ser
utilizados com tecnologias atuais como GPS, alcançando-se bons resultados.

CROSSLEY & MACLAREN (1983) apresentam um método de localização de


faltas baseado na determinação dos intervalos de tempo usando o princípio de
ondas viajantes. Este método apresenta uma função de correlação entre o sinal da
onda refletido no ponto de defeito após a primeira reflexão no ponto de falta. A
precisão deste método depende de fatores externos como: resistência de falta e
ângulo de incidência de falta. A localização é feita baseada no intervalo de tempo
entre a chegada da primeira onda no terminal local e a chegada da primeira reflexão
31

no terminal local, logicamente que isto depende do ponto de ocorrência da falta na


linha de transmissão. A onda refletida é reconhecida através da correlação cruzada
do sinal refletido contra o sinal inicial armazenado.

MACLAREN & RAJENDRA (1985) apresentam um estudo que se baseia no


proposto por CROSSLEY & MACLAREN (1983) com a diferença que sua aplicação
é ampliada a circuitos com derivação ou de três terminais. O método utiliza a
correlação cruzada entre uma seção da primeira onda viajante forward , detectada e
armazenada, e a segunda onda viajante backward que reflete no ponto de falta e
retorna ao ponto de medição. Assim, se consegue estimar o intervalo de viagem dos
transitórios, determinando-se assim a distância da falta.

SHEHAB-ELDIN & MACLAREN (1988), partindo do esquema de localização


de faltas de um terminal desenvolvido por CROSSLEY & MACLAREN (1983),
estudaram o problema de distinção entre as ondas refletidas no ponto da falta e as
ondas refletidas no terminal remoto da linha de transmissão através de uma função
de correlação composta examinando o comprimento da janela de dados na
influência da detecção da onda refletida. Um fator de correção é usado para
compensar a queda do nível do sinal em relação ao ângulo de incidência de falta
fazendo com que seja dependente somente da distância de falta, sendo
independente da resistência de falta.
Partindo-se das soluções das equações das linhas de transmissão, expressas
para uma linha monofásica sem perdas, tem-se:

V ( x, t ) = f1 ( x − ut ) + f 2 ( x + ut ) (2.58)
1
I ( x, t ) = ( f1 (x − ut ) + f 2 (x + ut )) (2.59)
Z0
onde:
• u – Velocidade da onda viajante;
• Z 0 – Impedância característica da linha;

• f1 – Função de onda viajante forward;


• f 2 – Função de onda viajante backward;
32

A partir das equações 2.58 e 2.59 as funções f1 e f 2 podem ser derivadas


por eliminação obtendo-se as equações 2.60 e 2.61:

2 f 2 (t ) = V (t ) − Z 0 I (t ) = s1 (t ) (2.60)

2 f1 (t ) = V (t ) + Z 0 I (t ) = s2 (t ) (2.61)

onde s1 (t ) e s2 (t ) são os sinais de ondas viajantes dos relés backward e forward,


respectivamente. Esses sinais somados aos sinais incrementais contêm toda a
informação sobre a localização da falta, tipo de falta e direção da falta. Na prática
esses sinais contêm muitos ruídos. Além disso, quando as frentes de ondas contidas
nestes sinais são refletidas em uma descontinuidade, as ondas refletidas contêm
informações que descrevem a natureza desta descontinuidade.
Os autores também propõem o uso de uma matriz de transformação modal,
mostrada na equação 2.62, para desacoplar os sinais das fases da linha nos seus
respectivos modos de propagação, isso devido, os sinais das fases da linha de
transmissão, que contém as informações das ondas viajantes, serem uma mistura
de diversos modos de propagação. Esses modos possuem velocidades diferentes e
atenuações diferentes causando dispersão das frentes de ondas e mudando a sua
forma, isso faz com que seja diminuída a habilidade do processo de correlação em
reconhecer uma frente de onda refletida.

 1 1 1 
= Q = ⋅ 3 2 0 − 3 2
−1 −11 
S (2.62)
3
1 2 − 1 1 2 

Uma parte do sinal de onda viajante s2 (t ) que contém a forma completa da


frente de onda forward é armazenado, para servir de referência, e correlacionado
com partes sucessivas do sinal de onda viajante s1 (t ) backward. O tamanho do

intervalo de tempo de armazenamento do sinal de referência s2 (t ) interfere na


habilidade de distinguir entre sinais refletidos em diferentes descontinuidades da
linha de transmissão e na operação devido ao esquema de localização de faltas.
33

A função de correlação de saída é extremamente afetada em termos de


magnitude e forma pela duração de armazenamento do sinal de referência s2 (t ) . Isso
faz com que seja criada uma correlação de referência composta, a qual inclui tanto
uma referência de curta duração quanto uma referência de longa duração.
Os autores estudaram duas configurações de sistemas, um sistema radial
com linhas duplas e fontes em ambos os lados e um sistema em anel com fontes em
várias barras. No estudo usou-se uma taxa de amostragem de 14,25 kHz e os
tempos de armazenamento do sinal de referência foram de L / 4u e L / u , onde L é o
comprimento da linha em km e u é a velocidade da onda viajante na linha em
km/ms.

Figura 2.5 – Correlação de saída para uma falta monofásica, com ângulo de 90° a 280 km do ponto
de medição: (c.w) referência composta, (l.w) referência longa, (s.w) referência curta.

A Figura 2.5 mostra o resultado do esquema de localização de faltas para


correlação de referência composta, de referência curta e de referência de longa
duração para uma falta monofásica a 280 km do ponto de medição com ângulo de
incidência de 90°. Neste caso o esquema de localização apresentou um erro de
1,67% aproximadamente.
34

ANCELL & PAHALAWATHTHA (1994) apresentaram um localizador de faltas


baseados em métodos de estimação de verossimilhança em comparação com os
métodos já desenvolvidos de correlação convencional. A performance dos métodos
de máxima verossimilhança e de correlação são comparados a transitórios em uma
linha de transmissão sem perdas. Notou-se uma melhor performance do método de
verrosimilhança como mostra a Figura 2.6. Os autores ainda constataram que o
método de verossimilhança apresenta erros para faltas com ângulo de incidência
nulos assim como os métodos desenvolvidos de correlação.

Figura 2.6 – Localização de falta com o método de verrosimilhança. Falta monofásica com ângulo de 90°

LEE & MOUSA (1996) descrevem a operação prática de um sistema de


localização baseado em ondas viajantes de dois terminais utilizando-se um sistema
de sincronização de dados baseado em GPS. Os autores utilizaram nos seus
estudos o sistema de 500 kV da Bristish Columbia Hydro (Burnaby, Bristish
Columbia, Canadá). Segundo os autores o método apresenta boa precisão de
localização na maioria dos casos estudados exceto em casos de descargas
atmosféricas nas linhas de transmissão apresentando algumas anomalias nos
resultados.
35

MAGNAGO & ABUR (1998) analisa o problema de localização de faltas


usando a teoria Wavelet juntamente com a teoria de ondas viajantes. Os sinais
analisados pelo algoritmo são os sinais modais dos sinais elétricos. São usados os
coeficientes dos detalhes de nível 1 e 2 dos sinais modais do modo aéreo 1 e do
modo terra. Os coeficientes do modo terra são usados para detecção de
envolvimento a terra das faltas e o modo 1 é usado para determinação dos intervalos
de reflexão das ondas viajantes nos terminais da linha. Este método proposto pelos
autores tem sua precisão proporcional a taxa de amostragem dos sinais e pode ser
aplicado em linhas de transmissão com compensação série.

JIAN et al. (1998) apresentam um método de localização de dois terminais


usando a Transformada Wavelet Contínua (TWC). O trabalho utilizou uma taxa de
amostragem dos sinais dos terminais da linha de 1 MHz e apresentou melhores
resultados que os métodos convencionais.

LIANG (2000) apresenta um método de localização baseado em correlação


não convencional. O autor usou a wavelet spline e uma função de correlação
wavelet que completa a detecção no domínio tempo-frequência. Este método
proposto, segundo o autor, apresenta boa capacidade de rejeição de ruído em
relação aos métodos já desenvolvidos anteriormente.

LAI (2000) apresenta um método de localização com o uso de redes neurais


artificiais (RNA’s) juntamente com o auxílio da transformada wavelet. O autor
desenvolveu dois padrões de treinamento diferentes para a rede neural baseados
em RBF (Radial Basis Function) usando duas wavelet-mãe (coif4 e bior4.4). O autor
apresentou somente testes com faltas fase-terra com baixas resistência de falta e o
método apresentou melhores resultados para treinamentos com a wavelet coif4.

ABUR & MAGNAGO (2000) apresentam um melhoramento do método


proposto por eles baseado na teoria de ondas viajantes e uso da transformada
wavelet. O novo método proposto utiliza o registro das faltas em apenas um terminal
da linha. O novo método faz o uso da diferença do modo terra e do modo aéreo para
determinar a localização de faltas aterradas na primeira metade da linha ou na
segunda. Neste método proposto a precisão não é afetada pela impedância da falta,
36

acoplamento mútuo, compensação série e transitórios representativos de eventos


que não são considerados faltas na linha de transmissão. A precisão é afetada pela
taxa de amostragem dos sinais utilizada.

SILVEIRA (2001) apresenta um método utilizando a transformada Wavelet


para localização de faltas. Os coeficientes wavelet dos detalhes são calculados com
os sinais de tensões e correntes normalizados. Os coeficientes são desacoplados
utilizando-se uma matriz de pesos modais obtendo-se através das saídas
correspondentes aos modos aéreos e ao modo terra. Estas saídas são comparadas
a limiares apropriados, detectando-se em caso de falta a primeira e segunda frentes
de ondas com seus devidos instantes de ocorrência. Este método apresentou
maiores erros de localização de faltas para faltas encontradas perto do terminal de
registro dos sinais da linha, cerca de 2,8%.

GALE et al. (2001) descrevem um método baseado na transformada Wavelet.


Os sinais sincronizados por GPS são amostrados em ambos os terminais da linha e
depois é aplicada a TW. Posteriormente os sinais processados com a TW são
transmitidos a um servidor principal onde é implementado o algoritmo de localização
de falta da linha. O trabalho apresenta também a viabilidade prática de
implementação do sistema proposto por meio de resultados experimentais.

2.4. CONCLUSÕES

A localização de faltas usando a teorias de processamento avançado de


sinais, como a transformada wavelet, é usada a cerca de alguns anos tanto para
localização como também para detecção e classificação de faltas em linhas de
transmissão, juntamente com técnicas de inteligência artificial. A Transformada
Wavelet também é muito usada em estudos de qualidade de energia elétrica para
classificação de distúrbios como, afundamentos de tensão, sobretensões, entre
outros. Estudos com técnicas de processamento de sinais também são feitos na
área de proteção de sistemas elétricos, para projeto e implementação de relés.
37

3. TRANSFORMADA WAVELET E ONDAS VIAJANTES

3.1. INTRODUÇÃO A TRANSFORMADA WAVELET

De uma maneira geral, a transformada wavelet é uma ferramenta que


decompõe dados ou funções ou operadores em diferentes componentes de
freqüência, e então estuda cada componente com uma resolução casada com sua
escala (DAUBECHIES, 1992).
Recentemente as wavelets se tornaram uma ferramenta muito útil na análise
dos mais variados problemas. É difícil apontar uma única origem para o surgimento
da teoria wavelet. Muitos campos da ciência plantaram as primeiras sementes para o
crescimento desta teoria. Estes campos incluem processamento de sinais, física,
matemática, astronomia, acústica e geofísica.
A teoria Wavelet não foi desenvolvida independentemente por matemáticos,
físicos, engenheiros, astrônomos e geólogos, mas sim com a colaboração de todos
estes campos da ciência principalmente durante a década de 80 do século XX para
análise dos mais variados problemas da ciência.
As Wavelets são funções que satisfazem certos requisitos matemáticos e são
usadas para representarem dados ou outras funções. Essa idéia não é nova.
Aproximação usando superposição de funções existe desde início do ano de 1800,
quando Joseph Fourier descobriu que outras funções poderiam ser representadas
por uma superposição de senos e cossenos. Entretanto, a análise wavelet processa
dados em diferentes escalas e resoluções. Ao olharmos o sinal (ou função) através
de uma janela “larga” (alta escala  baixa freqüência), teremos uma visão das
propriedades do sinal ampliado. Da mesma maneira, ao olharmos o sinal através de
uma “janela” pequena (baixa escala  alta freqüência), teremos uma visão das
propriedades intrínsecas do sinal. A finalidade da análise wavelet é enxergar tanto
as árvores de uma floresta assim como a própria floresta em si, por assim dizer.
Originariamente o termo wavelet foi introduzido pelo engenheiro J. Morlet,
sendo a base matemática de suas idéias formalizadas pelo físico teórico Alex
Grossmann. Os dados sísmicos estudados por Morlet exibiam conteúdos de
freqüência que mudavam rapidamente ao longo do tempo, para os quais a
38

transformada de Fourier não era adequada como ferramenta de análise


(DAUBECHIES, 1992).
A transformada de Fourier não permite analisar um conteúdo de freqüência
localizado no tempo. Isto é, componentes de mesma freqüência do sinal, mas que
venham a ocorrer em intervalos distintos de tempo, contribuem de maneira global
para a transformada, afetando a representação de uma forma geral.
Um requisito básico da serie de Fourier, é a periodicidade no tempo de todas
as funções envolvidas, o que significa que as funções base (ou seja, funções seno e
cosseno) usadas na análise de Fourier estão precisamente situadas na freqüência,
mas existem para todo o tempo. A informação em freqüência de um sinal calculado
pela Transformada de Fourier (TF) é medida durante todo o tempo do sinal. Assim,
se existe um sinal transitório local durante algum intervalo de tempo pequeno, o
transitório contribuirá para a TF (embora um pouco ineficiente), mas a sua
localização será perdida no tempo. A análise de Fourier não considera freqüências
que variam no tempo, ou seja, sinais não estacionários.
A equação (3.1) ilustra a transformada de Fourier de um sinal contínuo f (t ) . É
importante notar que a transformada de Fourier está baseada na integração de todo
o sinal para o calculo da função que representa o seu espectro de freqüência (F (u ))
(GROSSMANN, 1984).


F (u ) = ∫
−∞
f (t )e − i 2πt dt (3.1)

− i 2π t
onde e é a base da transformada de Fourier.
Com o objetivo de corrigir tal deficiência, Dennis Gabor a adaptou para
analisar apenas uma porção do sinal, originando a Short -Time Fourier Transform
(STFT), também conhecida como Transformada de Fourier Janelada (TFJ) que faz o
mapeamento de um sinal unidimensional em duas dimensões: tempo e freqüência
(GABOR, 1946 apud MISITI, 1997). No entanto, a precisão das informações obtidas
por esta forma de transformação é limitada, uma vez que esta utiliza uma “janela” de
dados fixa, isto é, o conteúdo de informação do sinal, amostrado seqüencialmente é
analisado em uma variação fixa de seu espaço de domínio. Com uma janela larga,
por exemplo, obtém-se uma boa resolução em freqüência, mas tem-se uma pobre
39

resolução no tempo, enquanto que com uma janela estreita será obtida uma boa
resolução no tempo, mas uma pobre resolução na freqüência. Deve ser mencionado
que a TFJ pode ser aplicada com uma seqüência de janelas de diferentes larguras
para conseguir mais detalhes na localização de transitórios do sinal analisado, ou
seja, com janelas mais curtas pode-se perceber mais detalhes dos transitórios e
janelas mais longas pode-se perceber comportamentos mais globais do sinal. A TFJ
com janelas variáveis é complexa e de grande esforço computacional (MISITI et al.
1997). Considerando j (t ) a função que cumpre o papel de janela e “b” o tamanho da
janela, pode-se definir a TFJ de um sinal contínuo como:

∫ j(t − b) f (t ).e
− i 2πt
F (u , b) = dt (3.2)
−∞

Muitos sinais requerem uma maior flexibilidade de aproximação,


necessitando-se variar o tamanho da janela para determinar com exatidão o tempo
ou a freqüência.
A Transformada Wavelet representa uma técnica de “janelamento” variável,
permitindo o uso de uma janela de tempo maior para analisar informações de baixa
freqüência de forma mais precisa, e de uma janela pequena para informações de
alta freqüência.
De forma geral, a família das funções é:

−1  x −b
ψ a , b ( x) = a 2
ψ  a, b ∈ ℜ, a ≠ 0, (3.3)
 a 

onde a variável x pode corresponder a tempo ou espaço. A família das funções

wavelets ψ a,b ( x ) é gerada a partir das operações de dilatação (fator de escala a)


e translação (fator b) de uma mesma função ψ (Wavelet mãe). (MISITI et al. 1997).
Existem muitos tipos de wavelets, que são selecionadas de acordo com o
sinal a ser representado. Uma vez que seja fixada uma “wavelet mãe” ψ (x) , pode-se
formar a base através de translações e dilatações definidas por:
40

  x −b 
ψ 
+
, (a, b) ∈ ℜ xℜ (3.4)
  a  

em que a e b são variáveis reais contínuas que para o caso discreto podem ser
escolhidas segundo a chamada “amostragem crítica” dada por a = 2 − j e b = k ⋅ 2 − j ,
com o intuito de resultar em base esparsa. A “wavelet mãe” ψ (x) é uma função
matemática com algumas características especiais. A “wavelet mãe” ψ (x) deve
oscilar e decair rapidamente, além disso deve obedecer a seguinte propriedade
matemática:

∫ψ (x )dx = 0
−∞
(3.5)

Como será visto, deve–se distinguir duas versões diferentes da Transformada


Wavelet (TW), a contínua e a discreta:
• A Transformada Wavelet Contínua (TWC) faz o mapeamento de uma
função de uma variável contínua em uma função de duas variáveis contínuas.
• A Transformada Wavelet Discreta (TWD) decompõe um sinal discretizado
(sinal amostrado) em diferentes níveis de resolução. Esta faz o mapeamento de uma
seqüência de números em outra seqüência de números (KIM e AGGARWAL, 2000).

3.2. TRANSFORMADA WAVELET CONTÍNUA

A análise wavelet emprega um protótipo de função chamado “Wavelet mãe”.


Esta função tem média zero e parte central oscilante, a qual decai para zero em
ambos os lados de sua trajetória. Matematicamente, a Transformada Wavelet
Contínua (TWC) de um dado sinal x (t ) com respeito à Wavelet mãe ψ (t ) é
genericamente definida pela equação 3.6.


1 t −b
TWC (a, b) =
a
∫ x(t )ψ 
−∞
dt
a 
(3.6)
41

Onde “a” é a dilatação ou fator de escala e “b” é o fator de translação, e


ambas as variáveis são contínuas. É claro que na equação (3.6) o sinal original no
domínio do tempo x (t ) , com uma dimensão, é mapeado para uma nova função no
espaço, de dimensão dois, através dos coeficientes de escala e translação – TWC
(a, b), representa quão bem o sinal original x (t ) e a Wavelet mãe escalada e
transladada se combinam. Então, o conjunto de todos os coeficientes TWC (a, b)

associados a um sinal particular é a representação do sinal original x(t ) com


respeito à Wavelet mãe ψ (t ) (KIM e AGGARWAL, 2000).
A Wavelet mãe pode ser visualizada como uma função janela. O fator de
escala “a” e o tamanho da janela são independentes, onde menores escalas
implicam em janelas menores. Pode-se obter todas as características de um
determinado sinal analisando-se componentes de bandas estreitas de freqüência de
um sinal com pequeno fator de escala e componentes de bandas largas de
freqüências com fatores de escala maiores.

3.2.1 Escalamento

Escalar uma Wavelet significa simplesmente dilatá-la ou comprimi-la. Para ir


além de descrições coloquiais tais como “dilatar”, é introduzido um fator de escala,
usualmente denotado pela letra “a”. O efeito é facilmente observado na Figura 3.1
através de senóides.
O fator de escala funciona de maneira exata com wavelets. Quanto menor o
fator de escala mais “comprimida” é a wavelet.
Na Figura 3.1 percebe-se que quanto menor o fator de escala, mais
comprimida fica a função seno. Nota-se que quando o fator de escala é dividido por
2, por exemplo, o comprimento de onda também fica dividido por este número,
fazendo a função seno apresentar uma freqüência maior.
42

Fig 3.1 – Demonstração do fator de escala em função senóide.

O fator de escala indica o comportamento da wavelet mãe. Quanto menor o


fator de escala mais “comprimida” será a wavelet. Analisando as Figuras 3.1 e 3.2,
fica claro que para uma senóide “sen (ωt)” o fator de escala a está relacionado
inversamente com a freqüência ω. Analogamente, na análise wavelet, a escala está
relacionada à freqüência do sinal.
Na análise wavelet, a escala é relacionada com a freqüência do sinal. O que
corresponde a:
• Baixo fator de escala a  wavelet comprimida  detalhes que mudam
rapidamente  alta freqüência w.
• Alto fator de escala a  wavelet dilatada  detalhes que mudam
vagarosamente  baixa freqüência w.

Fig 3.2 – Escalamento de uma função wavelet


43

3.2.2 Translação

Transladar uma wavelet significa deslocá-la no eixo do tempo, ou seja,


adianta-la ou atrasa-la em relação ao eixo das abscissas, é o que se faz
matematicamente quando se escreve f ( x − k ) como um atraso na função f de um
fator k, com k constante, conforme mostrada na Figura 3.3.

Fig. 3.3 – Exemplo de uma função wavelet transladada.

A Transformada Wavelet Contínua (TWC) é a integral em todo o intervalo de


definição do sinal multiplicado pelas versões de escala e translação da wavelet mãe.
Este processo produz coeficientes wavelet que são funções da posição e escala.
Para calcular-se a TWC pode-se proceder da seguinte forma:
1) Escolher uma wavelet mãe e compará-la com um trecho no começo do
sinal original. A escolha da wavelet mãe depende da sensibilidade do engenheiro em
relação ao problema analisado.
2) Calcular um número, “C”, que representa o quanto a wavelet e o trecho do
sinal estão intimamente relacionados, onde C = TWC ( a, b ) , a representa o fator de
escala e b o fator de translação. Quanto maior o “C” maior a semelhança. Mais
precisamente se as energias do sinal e da wavelet são iguais a um, “C” pode ser
interpretado como um coeficiente de correlação. Logicamente que os resultados
dependerão da forma da wavelet mãe escolhida. A Figura 3.4 mostra este passo.
3) Transladar a wavelet para direita e repetir o passo “2”, como na Figura 3.5
até que todo o sinal tenha sido coberto, ou seja, percorrer todo o sinal, transladando
a wavelet mãe.
44

Fig. 3.4 – Cálculo do fator C de relação entre a wavelet mãe e o sinal.

4) Dilatar a wavelet, e repetir os passos de “2” e “3”. Aplicar o fator de escala


na wavelet mãe, comprimindo-a e dilatando-a, a fim de obter resoluções de
diferentes freqüências do sinal analisado no estudo

Fig. 3.5 – Translação da wavelet mãe percorrendo todo o sinal.

5) Repetir os passos de “2” a “4” para todas as escalas que se deseja


analisar o sinal.

Fig. 3.6 – Escalonamento da wavelet.

Quando estiver terminado, obtem-se os coeficientes da TWC produzidos em


diferentes escalas, para diferentes trechos do sinal. Assim, têm-se os coeficientes
45

produzidos em diferentes escalas por diferentes secções do sinal. Os coeficientes


constituem os resultados da regressão do sinal devido à teoria wavelet.
Após calcular os coeficientes, pode-se fazer um gráfico, semelhante ao
mostrado na Figura 3.7, no qual o eixo-x representa a posição ao longo do sinal
(tempo), o eixo-y representa a escala, e a cor no ponto x-y a magnitude do
coeficiente wavelet “C”.

Fig. 3.7 – Gráfico dos coeficientes wavelet.

O gráfico desses coeficientes lembra uma superfície montanhosa vista de


cima, enquanto que o mesmo gráfico visto de lado, é mostrado na Figura 3.8.

Fig. 3.8– Gráfico dos coeficientes wavelet visto de perfil.


46

3.3. TRANSFORMADA WAVELET DISCRETA

A Transformada Wavelet Discreta (TWD) é uma versão digitalmente


implementável da Transforma Wavelet Contínua (TWC) e é definida de acordo com
a equação 3.7.

1  k − nb0 a 0m 
TWD (m, k ) = ∑n x(n)ψ  a m 
 (3.7)
a 0m  0 

onde ψ (.) é a Wavelet mãe e os parâmetros de escala e de translação a e b,


m
respectivamente, são funções de um parâmetro inteiro m, isto é, a = a 0 , e

b = nb0 a 0m , que permite uma expansão da família originada pela wavelet mãe,
gerando wavelets filhas. Nesta equação, k é uma variável inteira que se refere a um
número particular de amostras de um determinado sinal de entrada.
O parâmetro de escala permite o aumento da escala geométrica, isto é,
1 1
1, , , ... . A saída da TWD pode ser representada em duas dimensões de
a0 a02
maneira similar a Transformada Discreta Janelada de Fourier, mas com divisões
diferentes no tempo e na freqüência. Associado com a análise wavelet, ambas as
características em alta e baixa freqüência nos diferentes níveis de detalhes são
claramente evidenciadas. Isto pode ser obtido aplicando-se a TWD a um número
determinado de ciclos do transitório do sinal (KIM & AGGARWAL, 2000).
Se o sinal é uma seqüência de números (talvez amostras de alguma função)
ou é desejado representar a função de forma discretizada, pode-se representá-la
através da expansão em série:

f (t ) = ∑ a j ,k 2 j / 2ψ (2 j t − k ) (3.8)
j ,k

ou também, simplificando:
f (t ) = ∑ a j ,kψ j , k (t ) (3.9)
j ,k
47

onde o conjunto bidimensional de coeficientes a j ,k é chamado de Transformada

Wavelet Discreta (TWD). Uma forma mais específica, que indica como os
coeficientes a j ,k são calculados, pode ser escrita usando produto interno:

f (t ) = ∑ 〈ψ j ,k (t ), f (t )〉ψ j ,k (t ) (3.10)
j ,k

onde ψ j , k (t ) forma uma base ortonormal para o espaço de sinais de interesse. O

produto interno é usualmente definido como mostrado na equação a seguir, onde


x ∗ (t ) é o conjugado de x(t ) :

〈 x (t ), y (t )〉 = ∫ x ∗ (t ) y (t ) dt (3.11)

O objetivo de mais expansões de uma função (ou sinal) é ter o coeficiente de


expansão, a j ,k , apresentando mais informações úteis sobre o sinal, que são

diretamente obtidas do sinal original. Um segundo objetivo é ter a maior parte dos
coeficientes iguais a zero ou muitos pequenos. Isto é chamado de representação
esparsa e é extremamente importante em aplicações para detecção e estimação
estatística, compressão de dados, redução de ruídos e algoritmos rápidos.

3.3.1 Filtragem e Análise de Multiresolução

Filtrar consiste em passar algumas componentes de freqüência de um


determinado sinal e rejeitar outras. Na teoria de processamento de sinais, isso
implica em realizar uma convolução do sinal com a resposta ao impulso do filtro.
Na análise wavelet, fala-se usualmente em aproximação e detalhes. As
aproximações são as altas escalas, ou seja, as componentes de baixa freqüência do
sinal. Os detalhes são as baixas escalas, isto é, as componentes de alta freqüência
do sinal.
O processo de filtragem, em seu nível mais básico, está ilustrado na Figura
3.9, considerando-se somente o primeiro nível de filtragem.
48

Fig. 3.9 – Processo de filtragem do sinal no primeiro nível.

O sinal original S passa através de dois filtros complementares que fornecem


dois sinais na saída.
Ao se aplicar esse esquema a um sinal digital real, obteremos duas vezes
mais a quantidade de dados em relação aos dados iniciais. Por exemplo, considere
um sinal original S contendo 1000 amostras de dados. Sendo assim as versões
aproximadas (A) e detalhadas (D) do sinal original terão 1000 cada uma, totalizando
2000 amostras.
Para corrigir esse problema, foi introduzido um operador que reduz o número
de amostras que é chamado de operador downsampling. Esse operador considera
dados intercalados, ou seja, leva em consideração o primeiro dado e retira o
segundo, e assim por diante. Com isso é introduzido o fenômeno aliasing, ou
superposição de espectro, nas componentes do sinal, o que deverá ser levado em
conta em tratamentos posteriores (BURRUS et al., 1998). A Figura 3.10 mostra a
operação do operador downsampling representado pelo símbolo . Este operador
produz os coeficientes da TWD, denotados por cD e cA (ver Figura 3.10).

Fig. 3.10 – Processo de diminuição do número de amostras do sinal (downsampling).


49

A fim de se obter uma melhor visualização do processo de filtragem com a


diminuição do número de amostras do sinal, é apresentado na Figura 3.11 um
exemplo da TWD de um sinal. Neste caso, o sinal é uma senóide pura com ruído de
alta freqüência adicionado ao mesmo.

Fig. 3.11 – Exemplo de filtragem com downsampling de um sinal senoidal ruidoso.

Observa-se que na Figura 3.11 o coeficiente de detalhes (cD) apresenta as


componentes de alta freqüência do sinal, isto é, apenas o seu ruído, enquanto que
os coeficientes de aproximação (cA) apresentam as componentes de baixa
freqüência do sinal, eliminando-se o ruído do mesmo.

3.3.2 Análise de Multiresolução

A análise multiresolução (AMR) se refere ao procedimento para se obter as


aproximações, saídas dos filtros passa-baixa, e os detalhes, saídas dos filtros passa-
alta do sinal original. Uma aproximação é a representação em baixa resolução do
sinal original, enquanto um detalhe é a diferença entre duas sucessivas
representações em baixa resolução do sinal original. Uma aproximação contém as
baixas freqüências do sinal original, enquanto um detalhe representa o conteúdo de
altas freqüências do sinal original. Aproximações e detalhes são obtidos por meio de
um processo sucessivo de convoluções. O sinal original é dividido em diferentes
50

escalas de resolução, ao invés de ser dividido em diferentes freqüências, como é o


caso da análise de Fourier.
O algoritmo de decomposição de um sinal em AMR, ilustrado na figura 3.12,
apresenta três níveis de decomposição. Os detalhes e aproximações do sinal
amostrado original S são obtidos por meio de filtros, os quais consistem de filtros
passa-baixa h[n] e passa-alta g[n]. O filtro passa-baixa remove as componentes de
altas freqüências, enquanto o filtro passa-alta seleciona o conteúdo de altas
freqüências do sinal analisado (KIM & AGGARWAL, 2001).
Resumindo, o objetivo básico da AMR é dividir o espectro de um dado sinal
em sub-bandas de freqüência, através de bancos de filtros passa-alta e passa-baixa,
e então tratar individualmente cada uma das sub-bandas.

Fig. 3.12 – Processo de decomposição de um sinal em AMR.


51

Para se conseguir uma representação não redundante e uma reconstrução


única do sinal original, são necessários bancos de filtros ortogonais. A Transformada
Wavelet e a AMR estão estreitamente relacionadas.
O número máximo de níveis de decomposição wavelet é determinado pelo
comprimento do sinal original, pela wavelet mãe selecionada e pelo nível de detalhe
exigido. Os filtros passa-alta e passa-baixa são determinados respectivamente pela
função escala e função wavelet (KIM & AGGARWAL, 2001).
As famílias wavelets freqüentemente usadas no processamento de sinais são
as wavelets Daubechies (dB), Morlets, Coiflets (coif), Symlets (sym). Estas wavelets
exibem diferentes atributos e critérios de performance quando utilizadas em
aplicações específicas, tais como: detecção de transitórios, compressão de sinais e
filtragem de ruídos. Apesar de não existir um critério definido para a escolha das
wavelets, a melhor escolha é uma wavelet que melhor caracteriza o fenômeno ou o
problema a ser estudado (KIM & AGGARWAL, 2001).

3.3.3 Reconstrução Wavelet

Foi visto que a TWD pode ser usada para analisar, ou decompor sinais. A
próxima etapa é saber como as componentes podem ser reagrupadas para montar o
sinal original, sem perda de informações. Essa operação que efetua a síntese é
chamada de Transformada Wavelet Discreta Inversa (TWDI).
O sinal é reconstruído a partir dos coeficientes wavelet, como mostrado na
Figura 3.13:

Fig. 3.13 – Processo de reconstrução de um sinal filtrado.


52

A análise wavelet envolve filtragem e diminuição do número de amostras, a


reconstrução wavelet (TWDI) consiste em aumentar o número de amostras e
filtragem. Aumentar o número de amostras é o processo de aumentar uma
componente do sinal pela inserção de zeros entre amostras.

3.3.4 Coeficientes de Aproximação e Detalhes na Reconstrução

Podem ser construídas as aproximações e detalhes em si, a partir dos vetores


de coeficientes wavelets. Mostra-se como reconstruir o primeiro nível de
aproximação A1, do vetor dos coeficientes cA1 (cA1 – coeficientes wavelets de
aproximação de 1º nível).
O mesmo processo usado para reconstruir o sinal original é utilizado para o
vetor dos coeficientes cA1. Contudo, ao invés de combiná-los com o 1º nível de
detalhes cD1, alimenta-se com um vetor de zeros no lugar dos detalhes, como
indicado na Figura 3.14. Na figura 3.14 tem-se o exemplo de um vetor de 500
coeficientes de aproximação.

Fig. 3.14 – Reconstrução do sinal a partir de seus coeficientes de aproximação.

Este processo mostrado na figura 3.14 produz a reconstrução do sinal de


aproximação A1, que possui o mesmo tamanho que o sinal original S, sendo uma
aproximação real. Similarmente constrói-se o primeiro nível de detalhe D1, usando o
processo análogo, como na Figura 3.15.
Na figura 3.15 tem-se o exemplo de um vetor de 500 coeficientes de detalhes.
53

Fig. 3.15 – Reconstrução do primeiro nível de detalhes do sinal.

Os detalhes e as aproximações reconstruídos são constituintes do sinal


original, o que pode ser comprovado a ao se combinar A1 + D1 = S .
Os vetores dos coeficientes cA1 e cD1, por serem produzidos pela diminuição
do número de amostras, contêm distorção aliasing, e suas dimensões são somente
a metade da dimensão do sinal original. Sendo assim não podem ser combinados
diretamente para reproduzir o sinal original. Sendo necessário reconstruir as
aproximações e detalhes antes de combiná-los.
Fazendo a extensão desta técnica para uma análise considerando vários
níveis encontram-se relações similares para todo o sinal construído, conforme
mostra a Figura 3.16.

Fig. 3.16 – Reconstrução do sinal a partir de seus coeficientes.


54

3.4. ONDAS VIAJANTES EM SISTEMAS DE TRANSMISSÂO

Assim que ocorrem distúrbios em uma linha de transmissão de energia


elétrica provocados por uma diversidade de fenômenos eletromagnéticos como, por
exemplo, descargas atmosféricas, acontecem bruscas mudanças nas condições dos
circuitos elétricos que compõem o sistema de transmissão fazendo com que ocorra
uma redistribuição de energia com a finalidade de se encontrar um novo ponto de
equilíbrio. Assim, as ondas viajantes se referem a propagação de energia sobre um
sistema. Energia esta que está distribuída pelo sistema em seus elementos de
circuito, capacitores e indutores.
A propagação de ondas viajantes sempre se dá na direção de todos os
terminais da linha de transmissão e provoca os transitórios elétricos percebidos
pelos relés de proteção e outros dispositivos de automação e controle localizados
nos centros de operação do sistema.
Se uma variação qualquer ocorre em um terminal de uma linha de
transmissão de energia o outro terminal só irá sentir a variação ocorrida quando a
onda percorrer todo o comprimento da linha (HEDMAN, 1978).
O terminal remoto da linha de transmissão não pode influenciar nas decisões
sobre o sistema, até que a onda tenha viajado da fonte do terminal local ao terminal
remoto, onde, através da interação deste com a linha de transmissão, seja produzida
uma resposta que viaja de volta para a fonte local. Desta maneira, os sinais elétricos
tendem a se propagar para frente e para trás, como ondas viajantes, normalmente
dissipando energia com perdas no material (HEDMAN, 1978).
A teoria de ondas viajantes permite que sejam definidos os coeficientes de
reflexão e refração da onda viajante em descontinuidades, a velocidade de
propagação da onda e a impedância de surto da linha de transmissão. Vale ressaltar
que, durante a propagação ao longo da linha, as ondas viajantes são atenuadas
principalmente por perdas resistivas e por corrente de fuga e ainda podem sofrer
distorções na sua forma de onda (NAIDU, 1985).
Como foi dito anteriormente qualquer distúrbio na linha de transmissão de
energia elétrica que cause alteração nas condições de regime permanente dá
origem a ondas viajantes.
55

Para que o comportamento transitório de uma onda eletromagnética sobre


uma linha de transmissão possa ser representado de forma adequada, é necessário
que os parâmetros da linha estejam distribuídos uniformemente sobre seu
comprimento, pois somente essa representação permite que a teoria das ondas
viajantes seja utilizada para analisar a propagação destes fenômenos
eletromagnéticos na mesma (GREENWOOD, 1991).
É importante evidenciar que modelos de linhas de transmissão em que os
parâmetros são constantes não são adequados para simular a resposta da linha de
transmissão sobre uma grande escala de freqüências que estão presente nos sinais
durante condições transitórias (MARTI, 1982). Apesar disso, na prática, os modelos
de linhas com parâmetros distribuídos com freqüência constante fornecem
resultados satisfatórios e são utilizados em vários estudos de transitórios em
sistemas de potência, de acordo com o Alternative Transient Program – Rule Book.
O objetivo deste trabalho é apenas fornecer os fundamentos sobre a teoria de
ondas viajantes em linhas de transmissão de energia elétrica, para informações mais
aprofundadas sobre o assunto recomenda-se consultar obras como: GRENNWOOD
(1991), NAIDU (1985) e MARTI (1982).

3.4.1 Reflexão e Refração de Ondas Viajantes

As reflexões e refrações das ondas que viajam sobre as linhas de


transmissão são resultado de descontinuidades no percurso da onda. Estas
descontinuidades podem sem causadas por impedâncias terminais, curtos-circuitos
ou abertura de circuitos.
Quando uma onda viajante atinge uma descontinuidade, ou seja, um ponto de
transição no qual há uma súbita mudança nos parâmetros do circuito, tais como um
terminal aberto ou em curto-circuito, uma junção com outra linha de transmissão, um
enrolamento de uma máquina ou transformador, etc, uma parte da onda é refletida
de volta, e uma parte da onda é transmitida para a outra sessão do circuito. A onda
que chega na descontinuidade é chamada de onda incidente e as duas ondas
oriundas da descontinuidade são chamadas de ondas refletidas e refratadas
(transmitida), respectivamente. Tais ondas formadas no ponto de transição seguem
as leis de Kirchhoff. Elas satisfazem as equações diferenciais da linha de
56

transmissão, e são condizentes com os princípios de conservação de energia


(BEWLEY, 1963).

3.4.2 Reflexões sucessivas e Diagrama Lattice

Partindo do pressuposto de que as linhas de transmissão de energia elétrica


são finitas, então se faz necessário levar em consideração as reflexões das ondas
viajantes nas descontinuidades existentes nas linhas de transmissão, assim como as
ondas transmitidas por refração. A fim de tornar mais prático o acompanhamento
das ondas que viajam na linha, incidentes, refletidas e refratadas tem-se o Diagrama
Lattice.
Este diagrama facilita o cálculo da forma de todas as ondas presentes na
linha de transmissão, dando uma visão completa da história passada de cada onda.
Conhecendo-se também as funções de atenuação e distorção das ondas viajantes,
tais efeitos também podem ser incluídos no diagrama Lattice (NAIDU, 1985).
Considerando a propagação de uma onda de tensão ao longo de uma linha
de transmissão. O fenômeno pode ser claramente visto em um sistema de
coordenadas tridimensionais com distância e tempo como variáveis independentes,
e a tensão como variável dependente, como mostrado na Figura 3.17.

Fig. 3.17– Representação tridimensional de uma onda viajante.


57

3.4.3 Atenuação e Distorção em Ondas Viajantes

As ondas viajantes em uma linha de transmissão são passíveis de sofrerem


três diferentes alterações:
a) o valor de pico da onda diminui em amplitude, ou seja, atenuação;
b) as ondas mudam de forma, tornam-se mais alongadas, suas
irregularidades são alisadas e sua inclinação é reduzida
c) os términos das ondas de tensão e corrente tornam-se similares.
As mudanças ocorridas nos itens b e c acontecem juntas e são chamadas de
distorções. Atenuação e distorção das ondas viajantes são causadas por perdas de
energia, e estas perdas são devidas a resistência elétrica da linha, ao efeito skin
(pelicular), à dispersão sobre isoladores, às perdas dielétricas e principalmente ao
efeito corona (BEWLEY, 1963).
Quando as perdas resistivas são iguais às perdas por corrente de fuga, a
relação entre tensão e corrente na linha de transmissão é mantida constante, não
havendo, portanto distorção das formas dessas ondas viajantes. Porém quando
essas perdas não são iguais essas formas de onda sofrem distorção e são
atenuadas por uma taxa inferior a impedância de surto da linha de transmissão
(GREENWOOD, 1991).

3.5. CONCLUSÃO

Na última década foram apresentados diversos trabalhos com aplicações da


Transformada Wavelet em sistemas elétricos de potência. Aliada a teoria de ondas
viajantes a Transformada Wavelet é uma ferramenta matemática de poderoso
alcance para o tratamento dos sinais provenientes dos transitórios de faltas em
linhas de transmissão. Juntas, essas duas teorias serão o alicerce deste trabalho.
58

4. LOCALIZAÇÃO DE FALTAS – FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

4.1. INTRODUÇÃO

Neste capítulo será apresentada a abordagem teórica do localizador de faltas


implementado para linhas de transmissão de energia elétrica fundamentado na
teoria de ondas viajantes e na Transformada Wavelet Discreta (TWD). O algoritmo
de localização utiliza dados de dois terminais da linha de transmissão. No decorrer
do capítulo será apresentado o fluxograma do algoritmo, assim como suas partes
mais importantes

4.2. PRINCÍPIO BÁSICO DA LOCALIZAÇÃO DE FALTAS

O princípio básico da localização de faltas em linhas de transmissão de


energia elétrica se baseia na injeção de um sinal de corrente no ponto onde ocorreu
a falta, provocando distúrbios eletromagnéticos, resultando em transitórios nos sinais
de tensão e corrente da linha de transmissão. Considere uma linha monofásica de
transmissão de comprimento l conectada entre duas barras A e B de um sistema de
energia elétrica, com uma impedância característica ZC e seu respectivo diagrama
Lattice, como mostra a Figura 4.1.

Fig 4.1 – Linha de transmissão monofásica de comprimento l.


59

Uma falta a uma distância d da barra A, baseando-se na teoria de ondas


viajantes (BEWLEY, 1963), aparecerá como uma abrupta injeção de corrente e
tensão no ponto de falta. Esta injeção se somará aos sinais já presentes na linha de
transmissão se sobrepondo aos mesmos gerando ondas que se propagarão em
ambas as direções da linha de transmissão. De acordo com o Capítulo 3, estas
ondas se refletirão em descontinuidades gerando ondas refletidas que continuarão a
se propagar na linha até que se estabeleça um regime permanente devido a
atenuação dos transitórios.
Os transitórios de falta gerados, como mostra a Figura 4.2, são registrados
nos terminais da linha de transmissão e conterão mudanças abruptas nos instantes
em que as ondas viajantes atingem os terminais da linha.

Tensão trifásica em uma linha com Falta Fase-Terra - Fase A


500
[kV]

280

60

-160

-380

-600
0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 [s] 0.18
(file TUVC-FT-150k-01R-45gr.pl4; x-var t) v:VC500A v:VC500B v:VC500C

Fig 4.2 – Transitórios em uma linha de transmissão devido a uma falta.

Para a localização com um bom grau de exatidão do ponto de falta é


necessário determinar o intervalo de tempo dos sinais entre o ponto de falta e o
terminal ou os terminais de referência e saber a velocidade de propagação da onda
na linha, a qual é função de parâmetros da linha em questão, com isso, é só aplicar
os conceitos de cinemática clássica para encontrar a distância de ocorrência do
defeito na linha de transmissão.
O algoritmo de localização utiliza componentes de alta freqüência dos sinais
de tensão ou corrente pós-falta, neste caso sinais de tensão, não necessitando de
60

pré-filtragem de sinais. Esta técnica de localização também utiliza os sinais modais


de tensão ou correntes, ao invés dos valores de fase, os quais são decompostos em
quatro níveis pela Análise de Multiresolução Wavelet. O número de níveis escolhido
baseou-se na possível necessidade de análise de sinais em diferentes escalas de
freqüência para uma melhor decisão do algoritmo.

4.3. ALGORITMO DE LOCALIZAÇÃO DE FALTAS

O algoritmo de localização de faltas desenvolvido neste trabalho utiliza a


determinação dos instantes de reflexão das ondas viajantes de tensão nos terminais
da linha de transmissão baseado em componentes de alta freqüência.
Para determinação destes instantes aplica-se a transformada Wavelet e a
análise de multiresolução dos sinais em quatro níveis de decomposição, utilizando-
se somente o primeiro e segundo nível de detalhes da análise. A escolha de quatro
níveis na análise de multiresolução foi tomada como medida de precaução para
posteriores avanços do algoritmo. Uma vez determinados os instantes de reflexão
das ondas de tensão nos terminais da linha, a localização da falta pode ser
calculada em função destes instantes e da velocidade de propagação das ondas na
linha.
O algoritmo de localização utiliza a opção de sinais provenientes de ambos os
terminais da linha, ou seja, os sinais das ondas de tensão que viajam na linha de
transmissão devido aos transientes são detectados em ambos os terminais da linha.
A Figura 4.3 exibe o diagrama de blocos do algoritmo localizador de faltas. O
primeiro bloco representa os sinais que serão usados em todo o processamento do
algoritmo. Estes sinais são provenientes de um sistema de detecção de faltas que
acionará a partida do sistema de localização de faltas para aquisição dos sinais
trifásicos de tensão em ambos os terminais da linha de transmissão.
O segundo estágio do diagrama de blocos mostrado na Figura 4.3 mostra a
obtenção dos dados digitalizados de tensão registrados em ambos os terminais da
linha de transmissão. Nota-se a necessidade de registradores digitais de alta
freqüência, no caso 250 kHz, acima dos usados atualmente no sistema elétrico
nacional. Cabe ressaltar também a necessidade dos sinais digitalizados em ambos
os terminais da linha estarem sincronizados e também um meio de comunicação de
61

dados com um canal para transmissão de dados do terminal remoto para um


concentrador de dados localizado no terminal local, onde será feito o processamento
para a localização da distância do defeito na linha.

Sinais de Conversor AD Sistema de Transformada


Tensão 250 kHz Comunicação Modal
trifásicos GPS (Clarke)

Determinação Transformada
Localização da dos instantes de Wavelet
Falta reflexão (Daubechies)
PROCESSAMENTO
DIGITAL DE SINAIS

Fig 4.3 – Diagrama de blocos do algoritmo de localização de faltas.

Após a etapa de condicionamento de sinais, os sinais são tratados com o


bloco de processamento de sinais que compreende uma primeira transformação
modal e posteriormente a aplicação da transformada Wavelet para que seja feita a
determinação dos instantes de reflexão e posterior localização da falta. Esses blocos
serão melhores descritos a seguir.

4.3.1 Aquisição dos sinais

O algoritmo desenvolvido neste trabalho necessita de um meio de


comunicação entre ambos os terminais da linha de transmissão para que sejam
enviados os sinais digitalizados do terminal remoto até o terminal local onde será
feito seu processamento. Estes sinais devem estar em sincronismo, ou seja, seus
valores no tempo não podem estar defasados ou adiantados.
A comunicação dos sinais de ambos os terminais da linha pode ser feita via
rádio, satélite, modem ou microondas. Pode-se empregar um meio que não exija
tanta velocidade, mas com sinais contínuos já que o localizador desenvolvido no
trabalho não opera em tempo real. Muitas empresas de transmissão de energia
elétrica já possuem sistemas de comunicação por fibra óptica e muitas delas
possuem estes sistemas atuando de forma ociosa podendo ser uma boa opção para
62

a transmissão de sinais para o localizador de faltas. A utilização de cabos OPGW


(do inglês, fiber optic overhead ground wire) garantem alta velocidade de
transmissão e certa imunidade às interferências eletromagnéticas que causam
ruídos nos sinais elétricos transmitidos.
Como foi visto anteriormente, outro requisito fundamental para o adequado
funcionamento do localizador de faltas proposto é um sistema preciso de
sincronismo no tempo dos sinais. Para que não haja falta de sincronismo um sistema
baseado em GPS (Global Positioning Satellite) é proposto em KIM et. al., 2001, no
qual um sinal de referência de tempo, transmitido via satélite, fica disponível em
diversos pontos da rede elétrica, permitindo que os sinais sejam sincronizados
considerando qualquer esquema de comunicação de dados digitais entre os
terminais da linha. Em cada terminal poderá ser armazenado, para cada amostra
dos sinais, uma informação com o tempo real em que ela foi obtida, informação esta
proveniente do sistema GPS. Segundo a literatura, o GPS possui uma exatidão de 1
µs, podendo inserir nos sinais uma informação com erro máximo de 1 µs, o que
corresponderia a um erro de aproximadamente 300 metros, considerando a
velocidade de propagação da onda de 300.000 km/s, na localização da falta.
Os dados obtidos para uso no sistema de localização de faltas descrito neste
trabalho, tanto na fase de projeto, análise e validação, foram obtidos através de
simulações computacionais. É importante dizer que os sinais obtidos via simulações
não necessitam passar por pré-filtragem já que o sistema de localização de faltas é
baseado em componentes de alta freqüência. Primeiramente, os sinais elétricos
simulados foram amostrados a uma taxa de 125kHz, mas essa taxa possibilitou
erros de localização maiores que 1% do comprimento da linha de transmissão, em
fases de projeto do algoritmo. Depois disso optou-se por uma taxa de 200kHz o que
ainda não proporcionou resultados satisfatórios então finalmente optou-se por uma
taxa de amostragem de 250 kHz.

4.3.2 Tipos de Faltas

O sistema de localização de faltas baseado em dois terminais não necessita


de um sistema preliminar de classificação de faltas. O sistema possibilita a
localização de qualquer tipo de falta. Nas análises feitas o algoritmo trabalhou com
63

faltas do tipo fase-terra, bifásica-terra e trifásicas. As Figuras 4.4, 4.5 e 4.6 mostram
sinais trifásicos de tensão de simulações feitas no sistema de transmissão analisado.
Os dados dos sinais faltosos foram obtidos utilizando-se o software ATP, levando-se
em conta vários tipos de faltas em diferentes localizações ao longo de uma linha de
transmissão de 500 kV que interliga a Usina de Tucuruí até a subestação Vila do
Conde, com diferentes ângulos de incidência e resistência de falta.

500
[kV]
375

250

125

-125

-250

-375

-500
0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18 [s] 0.20
(file TUVC-FT-010k-01R-90gr.pl4; x-var t) v:TU500A v:TU500B v:TU500C

Fig 4.4 – Tensão no terminal local da linha de transmissão após uma falta FT (vermelha).

500
[kV]
375

250

125

-125

-250

-375

-500
0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18 [s] 0.20
(file TUVC-FFT-055k-00R-90gr.pl4; x-var t) v:TU500A v:TU500B v:TU500C

Fig 4.5 – Tensão no terminal local da linha de transmissão após uma falta FFT.
64

500
[kV]
375

250

125

-125

-250

-375

-500
0.08 0.10 0.12 0.14 0.16 0.18 [s] 0.20
(file TUVC-FFF-025k-01R-45gr.pl4; x-var t) v:TU500A v:TU500B v:TU500C

Fig 4.6 – Tensão no terminal local da linha de transmissão após uma falta trifásica.

Considerando os diferentes tipos de faltas que podem ocorrer nas linhas de


transmissão de energia elétrica, foram analisadas neste trabalho as seguintes
possibilidades:
a) tipos de faltas aplicadas:
• Fase-terra (A-terra, B-terra, C-terra);
• Bifásica-terra (AB-terra, BC-terra, CA-terra);
• Trifásica (ABC)
b) Distância em que as faltas foram aplicadas entre os barramentos:
• 3, 10, 25, 55, 100, 11150, 164, 200, 280, 315 e 325 km (referência –
barramento Tucuruí)
c) Ângulos de incidência de falta:
• 0, 45 e 90 graus
d) Resistências de falta consideradas:
• 0%, 1%, 5%, 15%, 30%, 50% e 100% da impedância de seqüência
positiva da linha.
No ATP foram simulados cada situação de falta considerando-se as variações
do tipo de falta, da distância, do ângulo de incidência e resistência de falta obtendo-
se os valores de tensão e corrente trifásicos amostrados em relação a ambos os
barramentos da linha de transmissão estudada. O arquivo de dados descrevendo
65

cada situação de falta é apresentado pelo ATP a um intervalo de amostragem de


4µs, o que corresponde a uma freqüência amostral de 250 kHz.

4.3.3 Transformação Modal

Linhas de transmissão de energia elétrica trifásica são mutuamente acopladas


e por isso perturbações provenientes das faltas, por exemplo, em uma das fases da
linha podem aparecer em outras fases também desta mesma linha de transmissão.
Analisando-se a Figura 4.4, mostrada anteriormente, nota-se que a falta ocorreu na
fase A (vermelha), mas perturbações de alta freqüência apareceram nas fases não
faltosas da linha de transmissão, evidenciando que as fases de uma linha de
transmissão possuem acoplamentos. Isso faz com que seja necessário um
processamento para desacoplamento de sinais nas linhas antes que seja aplicado o
método de ondas viajantes.
A transformação modal decompõe os sinais no domínio do tempo em
componentes desacoplados, permitindo que o sistema de transmissão trifásico seja
tratado como um sistema com três circuitos monofásicos independentes,
desacoplados. Os valores de fase são transformados em três modos desacoplados:
um modo terra (modo 0) e dois modos aéreos (modo α e modo β), também
conhecidos como modo aéreo 1 e modo aéreo 2. O modo zero apresenta
impedância característica e velocidade de propagação distinta em relação aos
modos aéreos.
Sabendo-se que na modelagem do sistema elétrico de potência no software
de simulação (ATP – Alternative Transient Program) as linhas de transmissão são
transpostas pode-se utilizar a transformada modal de Clarke. Neste trabalho foi
usada então a transformação dada pela equação 4.1 (CLARKE, 1943):

1 1 1 
1 
T = ⋅ 2 −1 − 1  (4.1)
3
0 3 − 3 
66

Os sinais de tensão e corrente trifásicos provenientes dos terminais da linha


de transmissão são transformados em seus componentes modais através do uso da
matriz de transformação de Clarke T.

V0  Va 
   
Vα  = T ⋅ Vb  (4.2)
Vβ  Vc 
 

1 1 1 
 3  Va 
V0   3 3
  2
−  ⋅ Vb 
1 1
Vα  =  3 −
3 3  (4.3)
Vβ  
  3 − 3  Vc 
0 
 3 3 

Nas equações 4.2 e 4.3 tem-se que:


• V0 : Tensão modal de modo terra da linha

• Vα : Tensão modal de modo α da linha

• V β : Tensão modal de modo β da linha

• Va : Tensão elétrica da fase A da linha

• Vb : Tensão elétrica da fase B da linha

• Vc : Tensão elétrica da fase C da linha

As equações para a transformada de Clarke são obtidas a partir das


componentes simétricas. Desenvolvendo as equações a partir do teorema
fundamental de componentes simétricas mostrado na equação 4.4 (ROBBA, 1973).

Va  1 1 1  V0 
V  = 1 α 2 α  ⋅ V1 
 b  (4.4)
Vc  1 α α 2  V2 

Desenvolvendo a equação 4.4, obtem-se as seguintes equações:


67

Va = V0 + V1 + V2
Vb = V0 + α 2V1 + αV2 (4.5)
Vc = V0 + αV1 + αV2
onde:
• V0 : Tensão de seqüência zero

• V1 : Tensão de seqüência positiva


• V2 : Tensão de seqüência negativa

• α 2 = 1 ∠120°

Substituindo-se os valores de α2 e α na forma binomial e fatorando a parte


real e imaginária da equação 4.5, obtem-se a equação matricial mostrada na
equação 4.6.

Va  1 1 0   V0 
V  = 1 − 1 2 3 2  ⋅  V1 + V2 
 b  (4.6)
Vc  1 − 1 2 − 3 2 (V1 − V2 ) j 

Fazendo-se na equação 4.6:


V1 + V 2 = Vα
j (V1 − V 2 ) = V β

resulta:

Va  1 1 0  V0 
V  = 1 − 1 2 3 2  ⋅ V 
  
b   α (4.7)
Vc  1 − 1 2 − 3 2 Vβ 

1 1 0 

TC = 1 − 1 2 3 2  (4.8)
1 − 1 2 − 3 2
68

As seqüências V0 , Vα e Vβ representam as componentes de Clarke. Para

demonstrar sua unicidade é suficiente verificar que a matriz de transformação TC é

não singular, ou seja, a matriz tem determinante diferente de zero que vale 3. 3 2 .

Logo a matriz TC admite inversa:

1 1 1 
1 
− 1 − 1 
−1
TC = T = ⋅ 2 (4.9)
3
0 3 − 3 

Para as correntes tem-se:

I0  I a 
   
Iα  = T ⋅ I b  (4.10)
I β   I c 
 

 I0  1 1 1  Ia 
  1
 Iα  = 3  2 − 1 − 1  ⋅  I b  (4.11)
I β  0 3 − 3   I c 
 

Nas equações 4.10 e 4.11 tem-se que:


• I 0 : Corrente modal de modo terra da linha

• Iα : Corrente modal de modo α da linha

• I β : Corrente modal de modo β da linha

• I a : Corrente elétrica da fase A da linha

• I b : Corrente elétrica da fase B da linha

• I c : Corrente elétrica da fase C da linha

A velocidade de propagação do modo terra ( v0 ) e do modo α, ou modo aéreo

1 ( v1 ) são dadas respectivamente por:


69

1
v0 = (4.12)
(L0 ⋅ C0 )
1
v1 = (4.13)
(L1 ⋅ C1 )

Nas equações 4.10 e 4.11 tem-se que:


• L0 : Indutância de seqüência zero da linha de transmissão

• C0 : Capacitância de seqüência zero da linha de transmissão

• L1 : Indutância de seqüência positiva da linha de transmissão


• C1 : Capacitância de seqüência positiva da linha de transmissão

No algoritmo de localização desenvolvido a transformação modal é utilizada


para desacoplar o sinal trifásico de tensão. Uma vez feito isso, os sinais de modo
aéreo 1 (M1) são usados pelo algoritmo de localização e os sinais de modo terra
(M0) são também calculados no algoritmo para eventuais analises adicionais. Como
os sinais de modo aéreo 1 (M1) estão presentes em todos os tipos de faltas, este
será essencialmente utilizado pelo algoritmo para determinação dos instantes de
reflexão das ondas e conseqüentemente para o cálculo da distância de falta.
O sinal de modo terra (M0) só aparece em faltas com envolvimento a terra e
pode ser usado para eventuais analises de determinação do instante inicial da falta,
ou até classificação de faltas, mas esse não foi o objeto principal do trabalho. Na
fase de desenvolvimento do algoritmo o modo terra também foi usado para o cálculo
da distância de falta em situações que envolveram uma conexão a terra. Estes
testes, porém, demonstraram resultados insatisfatórios se comparados com o modo
aéreo 1 (M1), pois estes sinais não caracterizavam com detalhes suficientes a
chegadas das ondas viajantes nos terminais da linha de transmissão.

4.3.4 Transformada Wavelet

Como mostrado na Figura 4.3, antes de se aplicar a transformada Wavelet


nos sinais correspondentes às tensões medidas em ambos terminais da linha de
transmissão, este devem passar por uma transformação modal descrita com mais
detalhes no item 4.3.3. Considerando-se a ótima capacidade da transformada
70

Wavelet de detectar com boa exatidão descontinuidades nos sinais ela se torna
adequada para localização de faltas em sistemas elétricos.
Os sinais modais de tensão, modo aéreo 1 (M1) e os sinais de modo terra
(M0), descritos na seção 4.3.3, são decompostos em 4 níveis com a análise
multiresolução Wavelet, descrita no Capítulo 3, sendo utilizada como wavelet-mãe a
Daubechies8 (db8).
Após a decomposição dos sinais modais, foram utilizados pelo algoritmo de
localização de faltas os coeficientes wavelets dos detalhes, referentes ao modo
aéreo 1 (M1) e ao modo terra (M0). Estes sinais compreendem a faixa de freqüência
de 62,5 kHz até 125 kHz. Estes sinais contêm os instantes de reflexão das ondas
viajantes do ponto de falta aos barramentos da linha de transmissão, pois todo
transitório pós-falta está armazenado nesses sinais elétricos. É importante lembrar
que, para o cálculo da distância da falta, será primordialmente usado o tempo de
reflexão das ondas obtido através dos detalhes wavelets dos modos aéreo 1 e modo
terra. Durante os testes preliminares do algoritmo também foi usado o sinal modal de
modo aéreo 2 (M2), entretanto não foram obtidos resultados satisfatórios logo nas
primeiras etapas do algoritmo, devido principalmente estes sinais conterem uma
faixa de freqüência inadequada para tal propósito.
Além disso, os coeficientes wavelet obtidos com a análise de multiresolução
em todos os níveis de resolução são elevados ao quadrado em uma transformação
para que seja minimizado o efeito de ruídos nos sinais. Esta transformação foi
proposta por SANTOSO (1996).
Portanto, depois de definida a técnica de localização de faltas, obtidos os
dados através de sistemas sincronizados, desacoplados os sinais trifásicos de
tensão em ambos os terminais da linha de transmissão com a transformação modal
(Transformada de Clarke) e finalmente decompostos os sinais modais (modo aéreo
1 e modo terra) em coeficientes de aproximação e detalhes Wavelets pelo uso da
análise de multiresolução, segue-se agora com a etapa de localização.

4.3.5 Formulação para Localização de faltas

Se todos os passos para a localização de falta em uma linha de transmissão


foram executados os sinais com os detalhes do nível 1 dos coeficientes wavelets do
71

modo M1 e M0 referentes ao terminal local e remoto da linha de transmissão, serão


obtidos. Juntamente com os coeficientes de detalhes de nível 1 são determinados os
instantes de reflexão da primeira onda viajante originada pela falta em ambos os
terminais, possibilitando localizar a falta na linha de transmissão. Estes estágios são
descritos com mais detalhes adiante e não possuem cálculos complicados.
Analisando-se os coeficientes de detalhes wavelet percebe-se que os
instantes de reflexão das ondas viajantes nos terminais da linha são caracterizados
por picos presentes nos mesmos, como mostram as Figuras 4.7, 4.8, 4.9 e 4.10. A
fim de evitar dados empíricos, o instante de reflexão foi determinado com o valor
máximo deste pico nos sinais com os coeficientes wavelet.

Fig 4.7 – Detalhes nível 1 da tensão-M0 nos terminais local e remoto da linha.

As figuras 4.7 e 4.8 mostram os detalhes wavelets de nível 1 do modo terra


(M0) das tensões em ambos terminais da linha calculados pelo algoritmo para uma
falta monofásica simulada no sistema de transmissão. A curva em azul representa
os detalhes no terminal local da linha e a em vermelho no terminal remoto. Os
primeiros máximos destes sinais representam os instantes de reflexão das ondas
viajantes nos terminais da linha de transmissão. É importante lembrar que estes
sinais foram transformados pelo uso de uma transformação quadrática para efeito de
eliminação de ruídos.
72

Fig 4.8 – Zoom dos Detalhes nível 1 da tensão-M0 nos terminais local e remoto da linha.

As figuras 4.9 e 4.10 mostram os detalhes wavelets de nível 1 do modo aéreo


1 (M1) das tensões em ambos os terminais da linha calculados pelo algoritmo. As
cores das curvas obedecem ao mesmo critério das figuras 4.7 e 4.8.

Fig 4.9 – Detalhes nível 1 da tensão-M1 nos terminais local e remoto da linha.
73

Considerando-se que tA e tB correspondem ao tempo dos picos iniciais dos


coeficientes wavelets de detalhe nível 1, para os sinais registrados nos terminais
local e remoto da linha respectivamente, pode-se calcular o atraso entre os tempos
de detecção das faltas em ambos os terminais da linha por:

td = tB – tA (4.14)

Fig 4.10 – Zoom dos Detalhes nível 1 da tensão-M1 nos terminais local e remoto da linha.

Uma vez determinado td, a distância entre o ponto de falta e o terminal local é
calculado pela seguinte equação:

l − v1 ⋅ td
d= (4.15)
2

Na equação 4.15 tem-se que:


• l : Comprimento da linha de transmissão (km)
• v1 : Velocidade de propagação modo M1 (km/s), dado pela equação 4.13

• d : Distância da falta em relação ao barramento local.


74

Nas figuras 4.9 e 4.10 tem-se que tTU = 98,760 ms e que tVC = 99,816 ms.
Analisando-se estes valores tem-se que a onda viajante chegou primeiramente no
terminal TU da linha (terminal local), logo se pode afirmar que a falta ocorreu na
primeira metade da linha de transmissão. O atraso entre os tempos de detecção é
calculado então pela equação 4.14 que representa diferença entre os tempos de
reflexão nos terminais da linha de transmissão

4.4. CONCLUSÕES

Neste capítulo foram apresentados os detalhes do algoritmo de localização de


faltas desenvolvido. O algoritmo de localização trabalha com sinais de tensão
provenientes de ambos terminais da linha e utiliza sincronismo de dados com taxas
de amostragem de sinais de 250 kHz. O algoritmo trabalha com a análise de
multiresolução Wavelet com os sinais modais de tensão (modo aéreo 1 e modo
terra) e utiliza para análise e processamento de informação o nível 1 de detalhes
Wavelet. Nas etapas de projeto e planejamento do algoritmo também foram usados
os níveis 2 de detalhes Wavelets, que por sua vez não apresentou resultado
satisfatório.
No capítulo 5 serão abordados os resultados obtidos com a aplicação deste
algoritmo em sinais simulados em software de transitórios eletromagnéticos assim
como o sistema elétrico utilizado no estudo.
75

5. LOCALIZAÇÃO DE FALTAS – SIMULAÇÕES E RESULTADOS

5.1 INTRODUÇÃO

O sistema elétrico usado para teste e validação do algoritmo de localização foi


implementado no software ATP. O algoritmo de localização de faltas foi elaborado no
software Matlab, através de rotinas que fazem a leitura dos sinais gerados pelas
faltas simuladas nas linhas de transmissão.
O EMTP (Electromagnetic Transients Program) foi desenvolvido por Herman
W. Dommel na década de 60 do século passado, com base no trabalho de Frey e
Althammer em Munique, na Alemanha. A partir de 1973 Dommel foi para a
Universidade de British Columbia (UBC) e Scott Meyer assumiu a coordenação do
EMTP. Em 1984 o Electric Power Research Institute – EPRI resolveu investir no
EMTP e foi criado o grupo de desenvolvimento do EMTP, com a participação de
várias empresas, com a finalidade de melhorar os modelos existentes, criar novos e
melhorar a documentação existente.
Divergências entre Scott Meyer e EPRI levaram a criação de uma nova
versão do EMTP, a qual foi enviada para Bélgica, onde foi instalado o Leuven EMTP
Center (LEC). A nova versão foi denominada ATP (Alternative Transient Program).
O ATP permite a representação de não-linearidades, elementos com
parâmetros concentrados, com parâmetros distribuídos, chaves, transformadores,
reatores e cargas. Como programa digital, não permite obter uma solução contínua
no tempo, por isso são calculados valores a intervalos de tempo discretos
(ALTERNATIVE TRANSIENT PROGRAM – Rule Book, 1987).
No sistema elétrico modelado foram simulados três tipos de faltas entre os
barramentos da usina hidrelétrica de Tucuruí e da subestação de Vila do Conde. No
decorrer das simulações foram testadas diferentes freqüências de amostragem dos
sinais escolhendo-se depois a freqüência que melhores resultados apresentou. Foi
avaliada também a influência das resistências de faltas assim como o ângulo de
incidência de falta.
76

O sistema elétrico estudado será descrito no item 5.2. Este sistema apresenta
para o modo aéreo 1 (M1) uma velocidade de propagação de ondas viajantes, de
acordo com a equação 4.13:

1
v1 = = 2,92326 ⋅105 km / s (5.1)
L1C1

Para o modo terra (M0), de acordo com a equação 4.12:

1
v0 = = 1,7714243 ⋅ 10 5 km / s (5.2)
L0 C 0

Essas velocidades de propagação foram calculadas usando-se os parâmetros


da linha de transmissão estudada.
A taxa de amostragem utilizada foi inicialmente de 125 kHz, com passo de
amostragem de 8 µs. Posteriormente utilizou-se uma taxa de amostragem de 250
kHz (passo de amostragem de 4 µs) o que trouxe melhores resultados.
No algoritmo de localização de faltas os sinais do modo terra (M0) e do modo
aéreo 1 (M1) são decompostos em quatro níveis de resolução wavelet (Análise de
Multiresolução) usando-se a wavelet-mãe a Daubechies-8 (db8). Na verdade, cada
nível de resolução wavelet corresponde a um sinal de detalhes e um sinal de
aproximação wavelet. O algoritmo usou para testes efetivamente o nível 1 de
resolução, os níveis 2 e 3 foram usados nas fases preliminares de testes para efeitos
de comparação com o nível 1, obtendo-se melhores resultados com o nível 1 devido
a faixa de freqüência compreendida nele.
Os resultados apresentados conforme a técnica de localização de faltas de
dois terminais serão ilustrados através de gráficos e tabelas. Cabe ressaltar que o
erro percentual relativo apresentado é calculado em relação ao comprimento total da
linha de transmissão (328,7 km), sendo expresso pela equação:

d calculada − d real
ε REL (% ) = ⋅100% (5.3)
l LINHA
77

Em cada simulação o algoritmo calcula a distância de falta com base nas


tensões dos terminais da linha de transmissão e compara com a distância real
simulada no software ATP.
Os cálculos do erro absolutos e do erro médio total são expressos conforme
as equações 5.4 e 5.5, respectivamente:

ε ABS (km ) = d calculado − d real (5.4)

∑ ε (% )
1
REL
ε médio = (5.5)
N

onde N é o número de simulações realizadas (neste trabalho foram consideradas


693 situações, 231 para cada tipo de falta simulada), d calculado é a distância calculada

pelo algoritmo, d real é a distância da falta e lLINHA é o comprimento da linha de

transmissão entre os terminais considerados.

5.2 SISTEMA ELÉTRICO ESTUDADO

Com a finalidade de testar e validar a aplicabilidade do algoritmo de


localização de faltas proposto utilizou-se uma simulação de um sistema real de
transmissão de energia elétrica sob condições de falta.
O circuito de transmissão utilizado nos estudos e simulado no software ATP é
de propriedade da Eletronorte (Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A) que
atualmente opera com as linhas em paralelo. No terminal local da linha de
transmissão fica a ligação com a usina hidrelétrica (UHE) Tucuruí (maior usina
genuinamente brasileira e a quarta maior em operação no mundo).
Com uma potência de 8.370 MW ao final de 2006, Tucuruí possui 12 turbinas
tipo Francis, com queda nominal de aproximadamente 81 metros e com capacidade
nominal de 330 MW (1ª etapa). Nas obras de expansão que terminaram no final de
2006, a usina recebeu mais 11 turbinas, tipo Francis, de 382 MW cada.
78

No terminal remoto da linha fica a subestação de Vila do Conde que possui


três autotransformadores de 750 MVA que atendem as cargas do consumidor
industrial Albrás (fabricação de alumínio) com cerca de 700 MW e as linhas de
transmissão em 230kV para a subestação do Guamá que supre as cargas de Belém
e região Guajarina (com cerca de 750 MW) e como fonte de curto no terminal de Vila
do Conde na barra de 230 kV estão dois síncronos com potencia de 150MVAr cada.
A Figura 5.1 apresenta o diagrama unifilar simplificado deste sistema.
Este diagrama mostra apenas uma pequena parte do sistema que foi
modelada. A Figura 5.1 mostra mais precisamente a localização das linhas de
transmissão do sistema que foram usadas no estudo de localização de faltas.
A seguir serão mostrados, de uma forma simplificada, como foram modelados
os componentes elétricos deste sistema.

Fig 5.1 – Diagrama unifilar do sistema de transmissão estudado.

Na modelagem do sistema elétrico no software ATP os geradores foram


modelados como máquinas síncronas, ligadas em estrela aterrada, com os
seguintes parâmetros:

• f n - Freqüência elétrica da máquina em regime;

• Np - Número de pólos;
79

• S MVA - Potência aparente;

• VL - Tensão de linha;
• RA - Resistência de armadura;
• X A - Reatância de armadura;

• X d - Reatância síncrona do eixo d;

• X q - Reatância síncrona do eixo q;

• X 'd - Reatância transitória do eixo d;

• X 'q - Reatância transitória do eixo q;

• X ' 'd - Reatância subtransitória do eixo d;

• X ' 'q - Reatância subtransitória do eixo q;

• T 'd 0 - Constante de tempo transitória do eixo d;

• T 'q 0 - Constante de tempo transitória do eixo q;

• T ' 'd 0 - Constante de tempo subtransitória do eixo d;

• T ' 'q 0 - Constante de tempo subtransitória do eixo q;

• X 0 - Reatância de seqüência zero;

• RN - Resistência de aterramento de neutro;

• X N - Reatância de aterramento de neutro;

• H - Momento de inércia da máquina.

A Tabela 5.1 mostra valores correspondentes aos parâmetros usados na


modelagem das máquinas síncronas do sistema elétrico.
Para simplificação da modelagem do sistema foram usados modelos de
máquinas síncronas que representam vários geradores do sistema elétrico real em
paralelo. A Figura 5.2 mostra uma parte do sistema elétrico modelado, com os
geradores de 1 a 12 da usina hidrelétrica. Note que a figura mostra apenas a
modelagem de três geradores, isto se deve ao fato de em alguns casos o modelo
dos geradores representa mais de uma máquina da usina através de uma
modelagem de geradores em paralelo.
80

Tabela 5.1 – Parâmetros usados na modelagem das máquinas síncronas no software ATP.

Modelagem do gerador síncrono

f n = 60 Hz Np = 88 S MVA = 350MVA

VL = 13,8kV RA = 0,00294 pu X A = 0,12 pu

X d = 0,79 pu X q = 0,61 pu X 'd = 0,25 pu

X 'q = 0,50 pu X ' 'd = 0,17 pu X ' 'q = 0,19 pu

T 'd 0 = 5,50s T 'q 0 = 1,99 s T ' 'd 0 = 0,08s

T ' 'q 0 = 0,081s RN = 1000 pu X N = 0 pu

X 0 = 0,12 pu H = 8459,63 ⋅ 106 kg / m 2

Os transformadores elevadores localizados entre as máquinas síncronas e o


barramento de saída da subestação, simbolizados pela sigla TRTU-01 na figura 5.2,
foram modelados aplicando-se os modelos de transformadores trifásicos, ligação
delta-estrela, com saturação do software ATP.

Fig 5.2 – Parte do sistema elétrico modelado no software ATP.


81

A figura 5.3 mostra valores correspondentes aos parâmetros usados na


modelagem destes transformadores e a figura 5.4 mostra a modelagem da curva de
saturação destes transformadores com um gráfico baseado em dados reais
informados pelo operador do sistema.

Na Figura 5.3 têm-se os seguintes parâmetros:


• I 0 - Corrente de magnetização em regime (A);

• F0 - Fluxo de magnetização em regime (Wb-espira);

• Rm - Resistência de magnetização (Ω);

• R p - Resistência do enrolamento primário (Ω);

• L p - Indutância do enrolamento primário (Ω);

• Vrp - Tensão de linha no enrolamento primário (kV);

• Rs - Resistência do enrolamento secundário (Ω);

• Ls - Indutância do enrolamento secundário (Ω);

• Vrs - Tensão de linha no enrolamento secundário (kV);

Fig 5.3 – Parâmetros da modelagem dos transformadores elevadores no software ATP.


82

Com respeito aos transformadores de corrente (TC) e potencial (TP), não se


considerou uma precisa modelagem dos mesmos, isto é, não foi feita uma
modelagem em relação ao efeito de saturação dos mesmos.

Fig 5.4 – Curva de saturação dos transformadores elevadores – corrente versus Fluxo.

Neste trabalho a linha de transmissão foi modelada com parâmetros


distribuídos e constantes em relação à freqüência, utilizando-se para isso o modelo
de linhas trifásicas transpostas de Clarke. Para obter-se um alto grau de precisão do
modelo de uma linha de transmissão deve-se considerar o fato de que os
parâmetros da linha não estão concentrados em um único ponto, e sim,
uniformemente distribuídos ao longo de sua extensão. Optou-se pelo modelo de
linhas transpostas, devido a compensação dos campos magnéticos entre fases e
cabo de cobertura.
A modelagem não se utilizou dos parâmetros físicos da estrutura das linhas
de transmissão e sim foi modelada diretamente com os valores dos parâmetros
elétricos de acordo com dados que simulam os parâmetros elétricos reais das linhas
de transmissão. A Figura 5.5 mostra um esquema monofásico representando um
pequeno trecho ∆l de uma linha de transmissão, sendo os parâmetros elétricos (R, L
e C) constantes e modelados de acordo com os parâmetros reais fornecidos da linha
de transmissão.
83

R∆l L∆l

C∆l

Fig 5.5 – Modelagem de um trecho da linha de transmissão por parâmetros distribuídos.

A linha de transmissão em que foram realizados os testes tem circuito duplo e


comprimento de 328,7 km. Abaixo se têm os valores dos parâmetros usados na
modelagem desta linha de transmissão:

a) Resistência por comprimento:

Seqüência positiva: r1 = 0,0258Ω / km (5.6)

Seqüência zero: r0 = 0,3880Ω / km (5.7)

b) Indutância por comprimento:

Seqüência positiva: L1 = 8,6554 ⋅ 10−4 H / km = 0,86554mH / km (5.8)

Seqüência zero: L0 = 3,6340 ⋅ 10 −4 H / km = 3,6340mH / km (5.9)

c) Capacitância por comprimento:

Seqüência positiva: C1 = 5,097 ⋅ 10−6 mho / km = 1,3520 ⋅ 10−8 F / km (5.10)

Seqüência zero: C0 = 3,306 ⋅ 10 −6 mho / km = 8,7694 ⋅ 10 −9 F / km (5.11)

d) Impedância Característica:

L 8, 6554 ⋅10−4
Z= = = 253, 0202Ω
C 1,3520 ⋅10−8 (5.12)
e) Impedância de seqüência positiva:

Z1 = (8, 48046 + j107, 25481)Ω ⇔ Z1 = 107,589556∠85, 48º (5.13)


84

f) Impedância por unidade de comprimento:

Z1 = (0,0258 + j 0,3263)Ω / km (5.14)

Foram também modelados os reatores terminais da linha de transmissão.


Para isto utilizou-se um modelo de parâmetros concentrados trifásico baseados em
um circuito RL série. As principais cargas do sistema foram modeladas com
parâmetros de impedância constante e no estudo não foram consideradas variações
de cargas.

5.3 SIMULAÇÕES

As simulações do algoritmo de localização foram feitas considerando


sincronismo de dados por meio de um sistema GPS em ambos os terminais da linha
de transmissão.

5.3.1. Aquisição dos sinais

A rotina de simulação dos arquivos de uma maneira geral, desde sua criação
no software ATP até a obtenção de resultados no MATLAB é feita da seguinte
maneira:
a) Simula-se o sistema elétrico no software ATP.
b) O software ATP cria um banco de dados com os valores de todas as
variáveis (correntes e tensões) em todos os pontos medidos. Para isso
utiliza-se, no ATP, as chamadas probes, para especificar os pontos de
medição de tensão e corrente.
c) Utilizando-se um subprograma do software ATP chamado GTPPLOT,
cria-se um banco de dados das variáveis num arquivo de extensão
“mat” (arquivo de dados do programa MatLab).
d) O arquivo é carregado no MatLab para o processamento do algoritmo
de localização de faltas.
85

5.3.2. Simulação dos arquivos no ATP e MatLab.

Os sinais de tensão e corrente foram calculados pelo ATP utilizando-se


probes que informam os pontos do sistema onde o software calculará as grandezas
elétricas desejadas pelo tipo de probe utilizado. A Figura 5.6 mostra com mais
detalhes os modelos utilizados e as probes usadas para aquisição dos sinais de
tensão e corrente. A simulação é feita da seguinte maneira:

Fig.5.6 – Linha modelada no ATP em que foram feitas às simulações de faltas

Para executar o arquivo no ATP basta selecionar a opção ATP na barra de


ferramentas e depois selecionar a opção run ATP, ou simplesmente apertar a tecla
de atalho F2. Depois de executar este procedimento utiliza-se o subprograma do
ATP, GTPPLOT para transferir os valores das variáveis do ATP para o MATLAB.
Pode-se executar o GTPPLOT clicando em ATP na barra de ferramentas ou
acionando a tecla de atalho “Ctrl+Alt+1”.
No GTPPLOT pode-se executar o comando choice, para listar todas as
variáveis solicitadas durante a simulação. Assim, escolhe-se as variáveis que
deverão fazer parte do arquivo de extensão mat e executa-se o comando para
criação destes arquivos, usando-se o comando go que cria o arquivo desejado.
Após esta etapa executa-se o algoritmo de localização de faltas. Utilizando
somente os sinais de tensão, contidos no arquivo de extensão mat, provenientes das
faltas simuladas na linha de transmissão este algoritmo calcula, utilizando a análise
de multiresolução wavelet, o ponto de falta na linha de transmissão, com referência
86

ao terminal local escolhido. O algoritmo também possui uma rotina que calcula os
erros da estimação. As faltas simuladas no ATP são mostradas de uma forma
simplificada na Tabela 5.2, evidenciando-se as resistências de falta, as distâncias e
os ângulos de incidência modelados no ATP.

Tabela 5.2 – Simulação de Faltas no sistema modelado no software ATP.

A teoria de ondas viajantes afirma que um curto-circuito em uma linha de


transmissão cria ondas de tensão que vão se propagando a partir do ponto de falta,
nos dois sentidos da linha. Uma onda em um determinado sentido vai anulando a
tensão ao longo da linha à medida que se propaga. Ao encontrar uma
descontinuidade a onda se reflete e retorna ao ponto de falta, onde haverá uma
nova reflexão, caso haja a permanência da falta, e assim por diante.
A distância do terminal local até o ponto de falta depende da velocidade do
modo de onda, e dos tempos de reflexão das ondas nos terminais local e remoto da
linha de transmissão, como mostrado na equação 4.15. O tempo td nesta equação é
a diferença entre os tempos de reflexão em cada terminal da linha das duas ondas
produzidas pela falta (no sentido do ponto de falta para o terminal local e outra no
sentido do ponto de falta para o terminal remoto), de modo sempre a obtermos um td
positivo.
87

5.4 RESULTADOS

5.4.1. Influência da variação da distância da falta.

Nas Tabelas 5.3 a 5.5 são mostrados os resultados obtidos pelo algoritmo de
localização frente as diferentes situações de faltas simuladas. O histograma das
faltas é mostrado nas Figuras 5.7, 5.8 e 5.9.
Estas tabelas estão organizadas de acordo com o tipo de falta (Faltas Fase-
Terra, Faltas Fase-Fase-Terra e Faltas Trifásicas) e fornecem o erro médio de
localização, calculado de acordo com a equação 5.5, assim como o desvio padrão,
para faltas localizadas em diferentes distâncias da linha de transmissão.
Ao final de cada tabela é mostrado o erro médio total para cada tipo de falta
estudado. É importante ressaltar que as Tabelas 5.3, 5.4 e 5.5 representam os erros
médios de acordo coma distância de falta considerando todas as resistências de
faltas e todos os ângulos de incidência de falta simulados, de acordo com a Tabela
5.2, mostrada anteriormente.

Tabela 5.3 – Erros médios para faltas Fase-Terra de acordo coma distância de falta.

Tipo de Falta Distância Real Erro médio (%) Desvio Padrão (%)
FT 3 km 0,523 0,206
FT 10 km 0,015 0,000
FT 25 km 0,294 0,000
FT 55 km 0,176 0,006
FT 100 km 0,300 0,161
FT 150 km 0,140 0,086
FT 164 km 0,131 0,086
FT 200 km 0,176 0,004
FT 280 km 0,381 0,086
FT 315 km 0,298 0,000
FT 325 km 0,158 0,086
Erro médio (%) 0,234
88

110,0%
140
100,0%
120 90,0%
80,0%
100
70,0%
Freqüência

80 60,0%
50,0%
60
40,0%
40 30,0%
20,0%
20
10,0%
0 ,0%
0,25 0,5 0,75 Mais
Bloco

Freqüência % cumulativo

Fig.5.7 – Histograma referente a faltas Fase-Terra.

Pode-se perceber que pelos resultados da Tabela 5.3 apresentados para


faltas monofásicas, fase-terra, que o algoritmo de localização apresentou uma ótima
exatidão, com erro médio de localização de aproximadamente 0,23%, o que
corresponde a um erro absoluto de 770 m em uma linha de 328,7 km. Pode-se
observar no histograma da Figura 5.7 que aproximadamente 58% dos casos
apresentaram erros inferiores a 0,25% e que aproximadamente 89% dos casos
apresentam erros inferiores a 0,5%.
O gráfico da Figura 5.8 mostra o erro médio de localização de acordo com a
distância de falta, para faltas monofásicas. Por este gráfico percebe-se um erro de
localização maior perto das extremidades da linha de transmissão.
Na Tabela 5.4 são apresentados os resultados do algoritmo para faltas fase-
fase-terra. O erro médio de localização para faltas bifásicas foi de aproximadamente
0,225%, o que corresponde a um erro absoluto de 740 m, em uma linha de 328,7
km. Nota-se que o erro médio total neste caso ficou bem perto do erro médio para
faltas monofásicas.
O histograma da Figura 5.9 mostra que aproximadamente 61% dos casos de
faltas bifásicas simuladas apresentaram erros inferiores a 0,25% e que todos os
casos de faltas bifásicas apresentam erros inferiores a 0,75%.
89

O gráfico da Figura 5.10 mostra o erro médio de localização de acordo com a


distância de falta, para faltas bifásicas. Por este gráfico percebe-se também um erro
de localização maior perto das extremidades da linha de transmissão.

Erro M édio (%) para faltas FT

0,6
0,5
0,4
0,3

0,2
0,1
0
3 10 25 55 100 150 164 200 280 315 325
Distância (km)

Fig.5.8 – Erro médio referente de acordo com a distância para faltas Fase-Terra.

Tabela 5.4 – Erros médios para faltas Fase-Fase-Terra de acordo com a distância de falta.

Tipo de Falta Distância Real Erro médio (%) Desvio Padrão (%)
FFT 3 km 0,411 0,172
FFT 10 km 0,001 0,000
FFT 25 km 0,294 0,000
FFT 55 km 0,176 0,006
FFT 100 km 0,300 0,161
FFT 150 km 0,140 0,086
FFT 164 km 0,131 0,086
FFT 200 km 0,176 0,004
FFT 280 km 0,390 0,089
FFT 315 km 0,298 0,000
FFT 325 km 0,158 0,086
Erro médio (%) 0,225

Na Tabela 5.5 são apresentados os resultados do algoritmo para faltas


trifásicas. O erro médio de localização para faltas trifásicas foi de aproximadamente
0,233%, o que corresponde a um erro absoluto de 765 m, em uma linha de 328,7
90

km. Nota-se que o erro médio total para faltas trifásicas ficou bem perto do erro
médio para os outros tipos de faltas simuladas.

110,0%
140
100,0%
120 90,0%
80,0%
100
70,0%
Freqüência

80 60,0%
50,0%
60
40,0%
40 30,0%
20,0%
20
10,0%
0 ,0%
0,25 0,5 0,75 Mais
Bloco

Freqüência % cumulativo

Fig.5.9 – Histograma referente a faltas Fase-Fase-Terra.

Erro Médio (%) para Faltas FFT

0,6
0,5
0,4
0,3

0,2
0,1
0
3 10 25 55 100 150 164 200 280 315 325
Distância (km)

Fig.5.10 – Erro médio referente de acordo com a distância para faltas Fase-Fase-Terra.
91

O histograma da Figura 5.11 mostra que aproximadamente 58% dos casos de


faltas trifásicas apresentaram erros inferiores a 0,25% e que todos os casos de faltas
trifásicas apresentam erros inferiores a 0,75%.

Tabela 5.5 – Erros médios para faltas trifásicas de acordo com a distância de falta.

Tipo de Falta Distância Real Erro médio (%) Desvio Padrão (%)
FFF 3 km 0,462 0,171
FFF 10 km 0,040 0,130
FFF 25 km 0,289 0,024
FFF 55 km 0,192 0,076
FFF 100 km 0,288 0,153
FFF 150 km 0,140 0,085
FFF 164 km 0,134 0,078
FFF 200 km 0,192 0,071
FFF 280 km 0,372 0,083
FFF 315 km 0,286 0,056
FFF 325 km 0,164 0,084
Erro médio (%) 0,233

110,0%
140
100,0%
120 90,0%
80,0%
100
70,0%
Freqüência

80 60,0%
50,0%
60
40,0%
40 30,0%
20,0%
20
10,0%
0 ,0%
0,25 0,5 0,75 Mais
Bloco

Freqüência % cumulativo

Fig.5.11 – Histograma referente a faltas trifásicas.


92

O gráfico da Figura 5.12 mostra o erro médio de localização de acordo com a


distância de falta, para faltas trifásicas. Assim como nos tipos de faltas monofásicas
e bifásicas à terra percebe-se um erro de localização maior perto das extremidades
da linha de transmissão.

Erro Médio (%) para Faltas FFF

0,6
0,5
0,4
0,3

0,2
0,1
0
3 10 25 55 100 150 164 200 280 315 325
Distância (km)

Fig.5.12 – Erro médio referente de acordo com a distância para faltas trifásicas.

De modo a analisar a influência da variação da distância da falta, no


desempenho do algoritmo de localização, foram simuladas diversas situações de
faltas em diversas posições da linha de transmissão, conforme a Tabela 5.2.
Observando novamente as Figuras 5.8, 5.10 e 5.12 é possível verificar que a
distância de falta não tem tanta influência na precisão do algoritmo de localização,
não influenciando muito no seu desempenho. Para uma melhor visualização destes
resultados o gráfico da Figura 5.13 mostra os resultados do algoritmo para cada tipo
de falta em um mesmo sistema de coordenadas.
No gráfico da Figura 5.13 a linha em azul representa as faltas monofásicas, a
linha verde as faltas fase-fase-terra e a vermelha as faltas trifásicas. Nota-se que
para as faltas monofásicas o algoritmo apresenta um erro ligeiramente maior em
uma das extremidades da linha.
Como característica geral o algoritmo de localização apresenta menores erros
para faltas localizadas no meio da linha e maiores erros para falta localizadas em
suas extremidades, independente do tipo de falta.
93

Os valores utilizados para compor as Tabelas 5.3, 5.4 e 5.5 são mostrados no
anexo deste trabalho.

0,55
0,5
0,45
0,4
0,35
0,3
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
3 10 25 55 100 150 164 200 280 315 325
Distância (km)

Fig.5.13 – Erro médio de acordo com a distância para vários tipos de faltas.

5.4.2. Influência da resistência de falta.

Devido ao fato da predominância de faltas monofásicas em um sistema de


transmissão, foi verificada a influência da resistência de falta para faltas
monofásicas, Para isso, foram analisados os valores de resistência de falta
mostrados na Tabela 5.2, mas para efeito de análise serão mostrados nos gráficos
apenas os resultados referentes aos valores de 0%, 5%, 30% e 100% da
impedância de seqüência positiva da linha de transmissão, o que já nos permite
analisar o comportamento do algoritmo.
Nestes testes foi verificada a influência da resistência de falta no erro do
algoritmo ao longo da linha de transmissão, considerando-se três ângulos de
incidência de falta, 0°, 45° e 90°, como mostrado na Figura 5.14.
No geral percebe-se que a resistência de falta não influencia no desempenho
do algoritmo, os erros médios do algoritmo são iguais para a mesma distância de
falta independente da resistência associada à falta.
Nota-se algumas diferenças de desempenho do algoritmo apenas em uma
extremidade da linha de transmissão. Neste caso o algoritmo apresentou um erro
94

mais elevado para faltas de alta resistência. Cabem aqui estudos mais avançados
para poder diagnosticar melhor este comportamento.

Erro médio de acordo com a Resistência de Falta (%)


Falta Fase-Terra

0,70

0,60
Erro
0,50 médio R00
Erro
0,40 médio R05

0,30 Erro
médio R30
0,20 Erro
médio R100
0,10

0,00
3 10 25 55 100 150 164 200 280 315 325
Distância (km)

Fig.5.14 – Erro médio acordo com a Resistência de falta para faltas monofásicas.

5.5 CONCLUSÕES

Neste capítulo foram apresentados os detalhes das simulações feitas para


validação do algoritmo de localização de faltas desenvolvido. Foram mostrados os
parâmetros utilizados para modelagem dos componentes elétricos no software ATP.
Foram apresentadas as equações de erros usadas para calcular os desvios de
localização apresentados pelo algoritmo assim como os resultados obtidos por este
algoritmo.
É importante ressaltar que embora os resultados deste trabalho tenham sido
promissores, os testes realizados ainda são iniciais e é necessário ainda o
aprimoramento das rotinas do algoritmo, a fim de garantir um alto grau de
confiabilidade do algoritmo do localizador como um todo.
No capítulo 6 são abordadas as conclusões finais do trabalho e apresentados
propostas para continuidade da pesquisa..
95

6. CONCLUSÕES

6.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A estimação da distância de falta em uma linha de transmissão é de suma


importância, pois acelera o processo de restauração da mesma. Com o aumento do
nível de exigência do padrão de conformidade e confiabilidade do fornecimento de
energia elétrica, uma rápida e precisa localização do ponto de falta assume um
papel importante para uma operação econômica e confiável do sistema elétrico de
potência como um todo.
Este trabalho apresentou a formulação e implementação computacional,
através de simulações, de um algoritmo de localização de faltas baseado na teoria
de ondas viajantes e na utilização da Análise de Multiresolução. O algoritmo de
localização trabalha com sinais de tensão provenientes de ambos terminais da linha
e utiliza sincronismo de dados com taxas de amostragem dos sinais de 250 kHz. O
algoritmo trabalha com os sinais modais de tensão (modo aéreo 1 e modo terra) e
utiliza para análise e processamento de informação o nível 1 de detalhes Wavelet.
A Tabela 5.6 apresenta os resultados gerais obtidos pelo algoritmo de
localização de acordo com os diversos tipos de falta simulados.

Tabela 5.6 – Erros de localização de acordo com o tipo de falta.

Erro relativo Erro absoluto Desvio


Tipo de Falta
médio (%) médio (m) Padrão (%)
FT 0,2344 770,42 0,165
FFT 0,2250 739,44 0,146
FFF 0,2328 765,12 0,151

Pelos testes constatou-se que a técnica utilizada é muito precisa e confiável


apresentando erros de localização menores que 0,5% do comprimento da linha para,
aproximadamente, 90% dos casos simulados. Os resultados também atestam que a
técnica não é influenciada de maneira significativa pelo tipo de falta e nem pela
resistência de falta.
96

Por fim, pode-se dizer que a aplicação deste algoritmo é bastante propícia
para o uso em dispositivos de localização de faltas em linhas de alta tensão.

6.2 CONTINUIDADE DA PESQUISA

Tendo em vista o aperfeiçoamento contínuo do algoritmo proposto, propõe-se


a realização de novas simulações considerando-se a utilização de novas funções
wavelets-mãe de outras famílias, tais como, as wavelets da família symlet e da
família Harr. Propõe-se também a utilização de sistemas de amostragem dos sinais
com taxas mais elevadas, da ordem de 1MHz e da ordem de 10 MHz, a fim de ter-se
intervalos de amostragem da ordem de microssegundos.
Outras propostas interessantes são a aplicação deste algoritmo em sistemas
de distribuição, considerando-se todas as características que estes sistemas
possuem e a aplicação também em sistemas com linhas de múltiplos terminais, por
estes serem economicamente viáveis e de difícil proteção e localização de faltas.
97

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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101

ANEXO A – RESULTADOS COMPLETOS DOS TESTES

Este anexo tem como objetivo apresentar os resultados completos dos testes
realizados com o algoritmo de localização de faltas proposto por este trabalho
separados em tabelas de acordo com o tipo de falta simulado.

Tabela A.1 – Resultados dos testes para faltas monofásicas.

Resistência Ângulo de
Distância Tipo de Erro Absoluto Erro Relativo
Falta (% de Incidência
Real (km) Falta (km) Percentual (%)
Z1 linha) (graus)
3 0 0 FT 0,014 0.0042
3 0 45 FT 1,740 0.5294
3 0 90 FT 1,740 0.5294
3 1 0 FT 1,740 0.5294
3 1 45 FT 1,740 0.5294
3 1 90 FT 1,740 0.5294
3 5 0 FT 0,014 0.0042
3 5 45 FT 1,740 0.5294
3 5 90 FT 1,740 0.5294
3 15 0 FT 2,353 0.7157
3 15 45 FT 1,740 0.5294
3 15 90 FT 1,740 0.5294
3 30 0 FT 1,740 0.5294
3 30 45 FT 1,740 0.5294
3 30 90 FT 1,740 0.5294
3 50 0 FT 2,937 0.8936
3 50 45 FT 1,740 0.5294
3 50 90 FT 1,740 0.5294
3 100 0 FT 2,937 0.8936
3 100 45 FT 1,740 0.5294
3 100 90 FT 1,740 0.5294
10 0 0 FT 0,002 0,0006
10 0 45 FT 0,002 0,0006
10 0 90 FT 0,002 0,0006
10 1 0 FT 0,002 0,0006
10 1 45 FT 0,002 0,0006
10 1 90 FT 0,002 0,0006
10 5 0 FT 0,002 0,0006
10 5 45 FT 0,002 0,0006
10 5 90 FT 0,002 0,0006
10 15 0 FT 0,002 0,0006
10 15 45 FT 0,002 0,0006
10 15 90 FT 0,002 0,0006
10 30 0 FT 0,002 0,0006
102

Resistência Ângulo de
Distância Tipo de Erro Absoluto Erro Relativo
Falta (% de Incidência
Real (km) Falta (km) Percentual (%)
Z1 linha) (graus)
10 30 45 FT 0,002 0,0006
10 30 90 FT 0,002 0,0006
10 50 0 FT 0,002 0,0006
10 50 45 FT 0,002 0,0006
10 50 90 FT 0,002 0,0006
10 100 0 FT 0,002 0,0006
10 100 45 FT 0,002 0,0006
10 100 90 FT 0,002 0,0006
25 0 0 FT 0,966 0.2940
25 0 45 FT 0,966 0.2940
25 0 90 FT 0,966 0.2940
25 1 0 FT 0,966 0.2940
25 1 45 FT 0,966 0.2940
25 1 90 FT 0,966 0.2940
25 5 0 FT 0,966 0.2940
25 5 45 FT 0,966 0.2940
25 5 90 FT 0,966 0.2940
25 15 0 FT 0,966 0.2940
25 15 45 FT 0,966 0.2940
25 15 90 FT 0,966 0.2940
25 30 0 FT 0,966 0.2940
25 30 45 FT 0,966 0.2940
25 30 90 FT 0,966 0.2940
25 50 0 FT 0,966 0.2940
25 50 45 FT 0,966 0.2940
25 50 90 FT 0,966 0.2940
25 100 0 FT 0,966 0.2940
25 100 45 FT 0,966 0.2940
25 100 90 FT 0,966 0.2940
55 0 0 FT 0,605 0.1840
55 0 45 FT 0,565 0.1718
55 0 90 FT 0,565 0.1718
55 1 0 FT 0,605 0.1840
55 1 45 FT 0,565 0.1718
55 1 90 FT 0,565 0.1718
55 5 0 FT 0,605 0.1840
55 5 45 FT 0,565 0.1718
55 5 90 FT 0,565 0.1718
55 15 0 FT 0,605 0.1840
55 15 45 FT 0,565 0.1718
55 15 90 FT 0,565 0.1718
55 30 0 FT 0,605 0.1840
55 30 45 FT 0,565 0.1718
55 30 90 FT 0,565 0.1718
55 50 0 FT 0,605 0.1840
55 50 45 FT 0,565 0.1718
103

Resistência Ângulo de
Distância Tipo de Erro Absoluto Erro Relativo
Falta (% de Incidência
Real (km) Falta (km) Percentual (%)
Z1 linha) (graus)
55 50 90 FT 0,565 0.1718
55 100 0 FT 0,605 0.1840
55 100 45 FT 0,565 0.1718
55 100 90 FT 0,565 0.1718
100 0 0 FT 1,716 0.5220
100 0 45 FT 0,623 0.1895
100 0 90 FT 0,623 0.1895
100 1 0 FT 1,716 0.5220
100 1 45 FT 0,623 0.1895
100 1 90 FT 0,623 0.1895
100 5 0 FT 1,716 0.5220
100 5 45 FT 0,623 0.1895
100 5 90 FT 0,623 0.1895
100 15 0 FT 1,716 0.5220
100 15 45 FT 0,623 0.1895
100 15 90 FT 0,623 0.1895
100 30 0 FT 1,716 0.5220
100 30 45 FT 0,623 0.1895
100 30 90 FT 0,623 0.1895
100 50 0 FT 1,716 0.5220
100 50 45 FT 0,623 0.1895
100 50 90 FT 0,623 0.1895
100 100 0 FT 1,716 0.5220
100 100 45 FT 0,623 0.1895
100 100 90 FT 0,623 0.1895
150 0 0 FT 0,851 0.2589
150 0 45 FT 0,266 0.0810
150 0 90 FT 0,266 0.0810
150 1 0 FT 0,851 0.2589
150 1 45 FT 0,266 0.0810
150 1 90 FT 0,266 0.0810
150 5 0 FT 0,851 0.2589
150 5 45 FT 0,266 0.0810
150 5 90 FT 0,266 0.0810
150 15 0 FT 0,851 0.2589
150 15 45 FT 0,266 0.0810
150 15 90 FT 0,266 0.0810
150 30 0 FT 0,851 0.2589
150 30 45 FT 0,266 0.0810
150 30 90 FT 0,266 0.0810
150 50 0 FT 0,851 0.2589
150 50 45 FT 0,266 0.0810
150 50 90 FT 0,266 0.0810
150 100 0 FT 0,851 0.2589
150 100 45 FT 0,266 0.0810
150 100 90 FT 0,266 0.0810
104

Resistência Ângulo de
Distância Tipo de Erro Absoluto Erro Relativo
Falta (% de Incidência
Real (km) Falta (km) Percentual (%)
Z1 linha) (graus)
164 0 0 FT 0,819 0.2493
164 0 45 FT 0,235 0.0714
164 0 90 FT 0,235 0.0714
164 1 0 FT 0,819 0.2493
164 1 45 FT 0,235 0.0714
164 1 90 FT 0,235 0.0714
164 5 0 FT 0,819 0.2493
164 5 45 FT 0,235 0.0714
164 5 90 FT 0,235 0.0714
164 15 0 FT 0,819 0.2493
164 15 45 FT 0,235 0.0714
164 15 90 FT 0,235 0.0714
164 30 0 FT 0,819 0.2493
164 30 45 FT 0,235 0.0714
164 30 90 FT 0,235 0.0714
164 50 0 FT 0,819 0.2493
164 50 45 FT 0,235 0.0714
164 50 90 FT 0,235 0.0714
164 100 0 FT 0,819 0.2493
164 100 45 FT 0,235 0.0714
164 100 90 FT 0,235 0.0714
200 0 0 FT 0,598 0.1821
200 0 45 FT 0,571 0.1737
200 0 90 FT 0,571 0.1737
200 1 0 FT 0,598 0.1821
200 1 45 FT 0,571 0.1737
200 1 90 FT 0,571 0.1737
200 5 0 FT 0,598 0.1821
200 5 45 FT 0,571 0.1737
200 5 90 FT 0,571 0.1737
200 15 0 FT 0,598 0.1821
200 15 45 FT 0,571 0.1737
200 15 90 FT 0,571 0.1737
200 30 0 FT 0,598 0.1821
200 30 45 FT 0,571 0.1737
200 30 90 FT 0,571 0.1737
200 50 0 FT 0,598 0.1821
200 50 45 FT 0,571 0.1737
200 50 90 FT 0,571 0.1737
200 100 0 FT 0,598 0.1821
200 100 45 FT 0,571 0.1737
200 100 90 FT 0,571 0.1737
280 0 0 FT 1,643 0.4998
280 0 45 FT 1,058 0.3219
280 0 90 FT 1,058 0.3219
280 1 0 FT 1,643 0.4998
105

Resistência Ângulo de
Distância Tipo de Erro Absoluto Erro Relativo
Falta (% de Incidência
Real (km) Falta (km) Percentual (%)
Z1 linha) (graus)
280 1 45 FT 1,058 0.3219
280 1 90 FT 1,058 0.3219
280 5 0 FT 1,643 0.4998
280 5 45 FT 1,058 0.3219
280 5 90 FT 1,058 0.3219
280 15 0 FT 1,643 0.4998
280 15 45 FT 1,058 0.3219
280 15 90 FT 1,058 0.3219
280 30 0 FT 1,643 0.4998
280 30 45 FT 1,058 0.3219
280 30 90 FT 1,058 0.3219
280 50 0 FT 1,643 0.4998
280 50 45 FT 1,058 0.3219
280 50 90 FT 1,058 0.3219
280 100 0 FT 1,643 0.4998
280 100 45 FT 1,058 0.3219
280 100 90 FT 1,058 0.3219
315 0 0 FT 0,979 0.2979
315 0 45 FT 0,979 0.2979
315 0 90 FT 0,979 0.2979
315 1 0 FT 0,979 0.2979
315 1 45 FT 0,979 0.2979
315 1 90 FT 0,979 0.2979
315 5 0 FT 0,979 0.2979
315 5 45 FT 0,979 0.2979
315 5 90 FT 0,979 0.2979
315 15 0 FT 0,979 0.2979
315 15 45 FT 0,979 0.2979
315 15 90 FT 0,979 0.2979
315 30 0 FT 0,979 0.2979
315 30 45 FT 0,979 0.2979
315 30 90 FT 0,979 0.2979
315 50 0 FT 0,979 0.2979
315 50 45 FT 0,979 0.2979
315 50 90 FT 0,979 0.2979
315 100 0 FT 0,979 0.2979
315 100 45 FT 0,979 0.2979
315 100 90 FT 0,979 0.2979
325 0 0 FT 0,129 0.0393
325 0 45 FT 0,714 0.2172
325 0 90 FT 0,714 0.2172
325 1 0 FT 0,129 0.0393
325 1 45 FT 0,714 0.2172
325 1 90 FT 0,714 0.2172
325 5 0 FT 0,129 0.0393
325 5 45 FT 0,714 0.2172
106

Resistência Ângulo de
Distância Tipo de Erro Absoluto Erro Relativo
Falta (% de Incidência
Real (km) Falta (km) Percentual (%)
Z1 linha) (graus)
325 5 90 FT 0,714 0.2172
325 15 0 FT 0,129 0.0393
325 15 45 FT 0,714 0.2172
325 15 90 FT 0,714 0.2172
325 30 0 FT 0,129 0.0393
325 30 45 FT 0,714 0.2172
325 30 90 FT 0,714 0.2172
325 50 0 FT 0,129 0.0393
325 50 45 FT 0,714 0.2172
325 50 90 FT 0,714 0.2172
325 100 0 FT 0,129 0.0393
325 100 45 FT 0,714 0.2172
325 100 90 FT 0,714 0.2172

Tabela A.2 – Resultados dos testes para faltas bifásicas.

Resistência Ângulo de
Distância Tipo de Erro Absoluto Erro Relativo
Falta (% de Incidência
Real (km) Falta (km) Percentual (%)
Z1 linha) (graus)
3 0 0 FFT 0,571 0.1736
3 0 45 FFT 1,740 0.5294
3 0 90 FFT 1,740 0.5294
3 1 0 FFT 0,571 0.1736
3 1 45 FFT 1,740 0.5294
3 1 90 FFT 1,740 0.5294
3 5 0 FFT 0,571 0.1736
3 5 45 FFT 1,740 0.5294
3 5 90 FFT 1,740 0.5294
3 15 0 FFT 0,571 0.1736
3 15 45 FFT 1,740 0.5294
3 15 90 FFT 1,740 0.5294
3 30 0 FFT 0,571 0.1736
3 30 45 FFT 1,740 0.5294
3 30 90 FFT 1,740 0.5294
3 50 0 FFT 0,571 0.1736
3 50 45 FFT 1,740 0.5294
3 50 90 FFT 1,740 0.5294
3 100 0 FFT 0,571 0.1736
3 100 45 FFT 1,740 0.5294
3 100 90 FFT 1,740 0.5294
10 0 0 FFT 0,002 0,0006
10 0 45 FFT 0,002 0,0006
10 0 90 FFT 0,002 0,0006
10 1 0 FFT 0,002 0,0006
107

Resistência Ângulo de
Distância Tipo de Erro Absoluto Erro Relativo
Falta (% de Incidência
Real (km) Falta (km) Percentual (%)
Z1 linha) (graus)
10 1 45 FFT 0,002 0,0006
10 1 90 FFT 0,002 0,0006
10 5 0 FFT 0,002 0,0006
10 5 45 FFT 0,002 0,0006
10 5 90 FFT 0,002 0,0006
10 15 0 FFT 0,002 0,0006
10 15 45 FFT 0,002 0,0006
10 15 90 FFT 0,002 0,0006
10 30 0 FFT 0,002 0,0006
10 30 45 FFT 0,002 0,0006
10 30 90 FFT 0,002 0,0006
10 50 0 FFT 0,002 0,0006
10 50 45 FFT 0,002 0,0006
10 50 90 FFT 0,002 0,0006
10 100 0 FFT 0,002 0,0006
10 100 45 FFT 0,002 0,0006
10 100 90 FFT 0,002 0,0006
25 0 0 FFT 0,966 0.2940
25 0 45 FFT 0,966 0.2940
25 0 90 FFT 0,966 0.2940
25 1 0 FFT 0,966 0.2940
25 1 45 FFT 0,966 0.2940
25 1 90 FFT 0,966 0.2940
25 5 0 FFT 0,966 0.2940
25 5 45 FFT 0,966 0.2940
25 5 90 FFT 0,966 0.2940
25 15 0 FFT 0,966 0.2940
25 15 45 FFT 0,966 0.2940
25 15 90 FFT 0,966 0.2940
25 30 0 FFT 0,966 0.2940
25 30 45 FFT 0,966 0.2940
25 30 90 FFT 0,966 0.2940
25 50 0 FFT 0,966 0.2940
25 50 45 FFT 0,966 0.2940
25 50 90 FFT 0,966 0.2940
25 100 0 FFT 0,966 0.2940
25 100 45 FFT 0,966 0.2940
25 100 90 FFT 0,966 0.2940
55 0 0 FFT 0,605 0.1840
55 0 45 FFT 0,565 0.1718
55 0 90 FFT 0,565 0.1718
55 1 0 FFT 0,605 0.1840
55 1 45 FFT 0,565 0.1718
55 1 90 FFT 0,565 0.1718
55 5 0 FFT 0,605 0.1840
55 5 45 FFT 0,565 0.1718
108

Resistência Ângulo de
Distância Tipo de Erro Absoluto Erro Relativo
Falta (% de Incidência
Real (km) Falta (km) Percentual (%)
Z1 linha) (graus)
55 5 90 FFT 0,565 0.1718
55 15 0 FFT 0,605 0.1840
55 15 45 FFT 0,565 0.1718
55 15 90 FFT 0,565 0.1718
55 30 0 FFT 0,605 0.1840
55 30 45 FFT 0,565 0.1718
55 30 90 FFT 0,565 0.1718
55 50 0 FFT 0,605 0.1840
55 50 45 FFT 0,565 0.1718
55 50 90 FFT 0,565 0.1718
55 100 0 FFT 0,605 0.1840
55 100 45 FFT 0,565 0.1718
55 100 90 FFT 0,565 0.1718
100 0 0 FFT 1,716 0.5220
100 0 45 FFT 0,623 0.1895
100 0 90 FFT 0,623 0.1895
100 1 0 FFT 1,716 0.5220
100 1 45 FFT 0,623 0.1895
100 1 90 FFT 0,623 0.1895
100 5 0 FFT 1,716 0.5220
100 5 45 FFT 0,623 0.1895
100 5 90 FFT 0,623 0.1895
100 15 0 FFT 1,716 0.5220
100 15 45 FFT 0,623 0.1895
100 15 90 FFT 0,623 0.1895
100 30 0 FFT 1,716 0.5220
100 30 45 FFT 0,623 0.1895
100 30 90 FFT 0,623 0.1895
100 50 0 FFT 1,716 0.5220
100 50 45 FFT 0,623 0.1895
100 50 90 FFT 0,623 0.1895
100 100 0 FFT 1,716 0.5220
100 100 45 FFT 0,623 0.1895
100 100 90 FFT 0,623 0.1895
150 0 0 FFT 0,851 0.2589
150 0 45 FFT 0,266 0.0810
150 0 90 FFT 0,266 0.0810
150 1 0 FFT 0,851 0.2589
150 1 45 FFT 0,266 0.0810
150 1 90 FFT 0,266 0.0810
150 5 0 FFT 0,851 0.2589
150 5 45 FFT 0,266 0.0810
150 5 90 FFT 0,266 0.0810
150 15 0 FFT 0,851 0.2589
150 15 45 FFT 0,266 0.0810
150 15 90 FFT 0,266 0.0810
109

Resistência Ângulo de
Distância Tipo de Erro Absoluto Erro Relativo
Falta (% de Incidência
Real (km) Falta (km) Percentual (%)
Z1 linha) (graus)
150 30 0 FFT 0,851 0.2589
150 30 45 FFT 0,266 0.0810
150 30 90 FFT 0,266 0.0810
150 50 0 FFT 0,851 0.2589
150 50 45 FFT 0,266 0.0810
150 50 90 FFT 0,266 0.0810
150 100 0 FFT 0,851 0.2589
150 100 45 FFT 0,266 0.0810
150 100 90 FFT 0,266 0.0810
164 0 0 FFT 0,819 0.2493
164 0 45 FFT 0,235 0.0714
164 0 90 FFT 0,235 0.0714
164 1 0 FFT 0,819 0.2493
164 1 45 FFT 0,235 0.0714
164 1 90 FFT 0,235 0.0714
164 5 0 FFT 0,819 0.2493
164 5 45 FFT 0,235 0.0714
164 5 90 FFT 0,235 0.0714
164 15 0 FFT 0,819 0.2493
164 15 45 FFT 0,235 0.0714
164 15 90 FFT 0,235 0.0714
164 30 0 FFT 0,819 0.2493
164 30 45 FFT 0,235 0.0714
164 30 90 FFT 0,235 0.0714
164 50 0 FFT 0,819 0.2493
164 50 45 FFT 0,235 0.0714
164 50 90 FFT 0,235 0.0714
164 100 0 FFT 0,819 0.2493
164 100 45 FFT 0,235 0.0714
164 100 90 FFT 0,235 0.0714
200 0 0 FFT 0,598 0.1821
200 0 45 FFT 0,571 0.1737
200 0 90 FFT 0,571 0.1737
200 1 0 FFT 0,598 0.1821
200 1 45 FFT 0,571 0.1737
200 1 90 FFT 0,571 0.1737
200 5 0 FFT 0,598 0.1821
200 5 45 FFT 0,571 0.1737
200 5 90 FFT 0,571 0.1737
200 15 0 FFT 0,598 0.1821
200 15 45 FFT 0,571 0.1737
200 15 90 FFT 0,571 0.1737
200 30 0 FFT 0,598 0.1821
200 30 45 FFT 0,571 0.1737
200 30 90 FFT 0,571 0.1737
200 50 0 FFT 0,598 0.1821
110

Resistência Ângulo de
Distância Tipo de Erro Absoluto Erro Relativo
Falta (% de Incidência
Real (km) Falta (km) Percentual (%)
Z1 linha) (graus)
200 50 45 FFT 0,571 0.1737
200 50 90 FFT 0,571 0.1737
200 100 0 FFT 0,598 0.1821
200 100 45 FFT 0,571 0.1737
200 100 90 FFT 0,571 0.1737
280 0 0 FFT 1,643 0.4998
280 0 45 FFT 1,058 0.3219
280 0 90 FFT 1,058 0.3219
280 1 0 FFT 1,643 0.4998
280 1 45 FFT 1,058 0.3219
280 1 90 FFT 1,058 0.3219
280 5 0 FFT 1,643 0.4998
280 5 45 FFT 1,058 0.3219
280 5 90 FFT 1,058 0.3219
280 15 0 FFT 1,643 0.4998
280 15 45 FFT 1,058 0.3219
280 15 90 FFT 1,058 0.3219
280 30 0 FFT 1,643 0.4998
280 30 45 FFT 1,058 0.3219
280 30 90 FFT 1,643 0.4998
280 50 0 FFT 1,643 0.4998
280 50 45 FFT 1,058 0.3219
280 50 90 FFT 1,058 0.3219
280 100 0 FFT 1,643 0.4998
280 100 45 FFT 1,058 0.3219
280 100 90 FFT 1,058 0.3219
315 0 0 FFT 0,979 0.2979
315 0 45 FFT 0,979 0.2979
315 0 90 FFT 0,979 0.2979
315 1 0 FFT 0,979 0.2979
315 1 45 FFT 0,979 0.2979
315 1 90 FFT 0,979 0.2979
315 5 0 FFT 0,979 0.2979
315 5 45 FFT 0,979 0.2979
315 5 90 FFT 0,979 0.2979
315 15 0 FFT 0,979 0.2979
315 15 45 FFT 0,979 0.2979
315 15 90 FFT 0,979 0.2979
315 30 0 FFT 0,979 0.2979
315 30 45 FFT 0,979 0.2979
315 30 90 FFT 0,979 0.2979
315 50 0 FFT 0,979 0.2979
315 50 45 FFT 0,979 0.2979
315 50 90 FFT 0,979 0.2979
315 100 0 FFT 0,979 0.2979
315 100 45 FFT 0,979 0.2979
111

Resistência Ângulo de
Distância Tipo de Erro Absoluto Erro Relativo
Falta (% de Incidência
Real (km) Falta (km) Percentual (%)
Z1 linha) (graus)
315 100 90 FFT 0,979 0.2979
325 0 0 FFT 0,129 0.0393
325 0 45 FFT 0,714 0.2172
325 0 90 FFT 0,714 0.2172
325 1 0 FFT 0,129 0.0393
325 1 45 FFT 0,714 0.2172
325 1 90 FFT 0,714 0.2172
325 5 0 FFT 0,129 0.0393
325 5 45 FFT 0,714 0.2172
325 5 90 FFT 0,714 0.2172
325 15 0 FFT 0,129 0.0393
325 15 45 FFT 0,714 0.2172
325 15 90 FFT 0,714 0.2172
325 30 0 FFT 0,129 0.0393
325 30 45 FFT 0,714 0.2172
325 30 90 FFT 0,714 0.2172
325 50 0 FFT 0,129 0.0393
325 50 45 FFT 0,714 0.2172
325 50 90 FFT 0,129 0.0393
325 100 0 FFT 0,714 0.2172
325 100 45 FFT 0,714 0.2172
325 100 90 FFT 0,714 0.2172

Tabela A.3 – Resultados dos testes para faltas trifásicas.

Resistência Ângulo de
Distância Tipo de Erro Absoluto Erro Relativo
Falta (% de Incidência
Real (km) Falta (km) Percentual (%)
Z1 linha) (graus)
3 0 0 FFF 1,740 0.5294
3 0 45 FFF 1,740 0.5294
3 0 90 FFF 1,740 0.5294
3 1 0 FFF 0,014 0,0042
3 1 45 FFF 1,740 0.5294
3 1 90 FFF 1,740 0.5294
3 5 0 FFF 0,571 0.1736
3 5 45 FFF 1,740 0.5294
3 5 90 FFF 1,740 0.5294
3 15 0 FFF 1,740 0.5294
3 15 45 FFF 1,740 0.5294
3 15 90 FFF 1,740 0.5294
3 30 0 FFF 1,740 0.5294
3 30 45 FFF 1,740 0.5294
3 30 90 FFF 1,740 0.5294
3 50 0 FFF 1,740 0.5294
112

Resistência Ângulo de
Distância Tipo de Erro Absoluto Erro Relativo
Falta (% de Incidência
Real (km) Falta (km) Percentual (%)
Z1 linha) (graus)
3 50 45 FFF 1,740 0.5294
3 50 90 FFF 1,740 0.5294
3 100 0 FFF 1,740 0.5294
3 100 45 FFF 1,740 0.5294
3 100 90 FFF 1,740 0.5294
10 0 0 FFF 0,002 0,0006
10 0 45 FFF 0,002 0,0006
10 0 90 FFF 0,002 0,0006
10 1 0 FFF 1,752 0.5330
10 1 45 FFF 0,002 0,0006
10 1 90 FFF 0,002 0,0006
10 5 0 FFF 0,002 0,0006
10 5 45 FFF 0,002 0,0006
10 5 90 FFF 0,002 0,0006
10 15 0 FFF 0,002 0,0006
10 15 45 FFF 0,002 0,0006
10 15 90 FFF 0,002 0,0006
10 30 0 FFF 0,002 0,0006
10 30 45 FFF 0,002 0,0006
10 30 90 FFF 0,002 0,0006
10 50 0 FFF 0,002 0,0006
10 50 45 FFF 0,002 0,0006
10 50 90 FFF 0,002 0,0006
10 100 0 FFF 0,002 0,0006
10 100 45 FFF 0,002 0,0006
10 100 90 FFF 0,002 0,0006
25 0 0 FFF 0,966 0.2940
25 0 45 FFF 0,966 0.2940
25 0 90 FFF 0,966 0.2940
25 1 0 FFF 0,966 0.2940
25 1 45 FFF 0,966 0.2940
25 1 90 FFF 0,966 0.2940
25 5 0 FFF 0,966 0.2940
25 5 45 FFF 0,966 0.2940
25 5 90 FFF 0,966 0.2940
25 15 0 FFF 0,966 0.2940
25 15 45 FFF 0,966 0.2940
25 15 90 FFF 0,966 0.2940
25 30 0 FFF 0,966 0.2940
25 30 45 FFF 0,966 0.2940
25 30 90 FFF 0,966 0.2940
25 50 0 FFF 0,966 0.2940
25 50 45 FFF 0,966 0.2940
25 50 90 FFF 0,966 0.2940
25 100 0 FFF 0,966 0.2940
25 100 45 FFF 0,966 0.2940
113

Resistência Ângulo de
Distância Tipo de Erro Absoluto Erro Relativo
Falta (% de Incidência
Real (km) Falta (km) Percentual (%)
Z1 linha) (graus)
25 100 90 FFF 0,966 0.2940
55 0 0 FFF 0,605 0.1840
55 0 45 FFF 0,565 0.1718
55 0 90 FFF 0,565 0.1718
55 1 0 FFF 0,605 0.1840
55 1 45 FFF 0,565 0.1718
55 1 90 FFF 0,565 0.1718
55 5 0 FFF 0,605 0.1840
55 5 45 FFF 0,565 0.1718
55 5 90 FFF 0,565 0.1718
55 15 0 FFF 0,605 0.1840
55 15 45 FFF 0,565 0.1718
55 15 90 FFF 0,565 0.1718
55 30 0 FFF 0,605 0.1840
55 30 45 FFF 0,565 0.1718
55 30 90 FFF 0,565 0.1718
55 50 0 FFF 0,605 0.1840
55 50 45 FFF 0,565 0.1718
55 50 90 FFF 0,565 0.1718
55 100 0 FFF 0,605 0.1840
55 100 45 FFF 0,565 0.1718
55 100 90 FFF 0,565 0.1718
100 0 0 FFF 1,716 0.5220
100 0 45 FFF 0,623 0.1895
100 0 90 FFF 0,623 0.1895
100 1 0 FFF 1,716 0.5220
100 1 45 FFF 0,623 0.1895
100 1 90 FFF 0,623 0.1895
100 5 0 FFF 1,716 0.5220
100 5 45 FFF 0,623 0.1895
100 5 90 FFF 0,623 0.1895
100 15 0 FFF 1,716 0.5220
100 15 45 FFF 0,623 0.1895
100 15 90 FFF 0,623 0.1895
100 30 0 FFF 1,716 0.5220
100 30 45 FFF 0,623 0.1895
100 30 90 FFF 0,623 0.1895
100 50 0 FFF 1,716 0.5220
100 50 45 FFF 0,623 0.1895
100 50 90 FFF 0,623 0.1895
100 100 0 FFF 1,716 0.5220
100 100 45 FFF 0,623 0.1895
100 100 90 FFF 0,623 0.1895
150 0 0 FFF 0,851 0.2589
150 0 45 FFF 0,266 0.0810
150 0 90 FFF 0,266 0.0810
114

Resistência Ângulo de
Distância Tipo de Erro Absoluto Erro Relativo
Falta (% de Incidência
Real (km) Falta (km) Percentual (%)
Z1 linha) (graus)
150 1 0 FFF 0,851 0.2589
150 1 45 FFF 0,266 0.0810
150 1 90 FFF 0,266 0.0810
150 5 0 FFF 0,851 0.2589
150 5 45 FFF 0,266 0.0810
150 5 90 FFF 0,266 0.0810
150 15 0 FFF 0,851 0.2589
150 15 45 FFF 0,266 0.0810
150 15 90 FFF 0,266 0.0810
150 30 0 FFF 0,851 0.2589
150 30 45 FFF 0,266 0.0810
150 30 90 FFF 0,266 0.0810
150 50 0 FFF 0,851 0.2589
150 50 45 FFF 0,266 0.0810
150 50 90 FFF 0,266 0.0810
150 100 0 FFF 0,851 0.2589
150 100 45 FFF 0,266 0.0810
150 100 90 FFF 0,266 0.0810
164 0 0 FFF 0,819 0.2493
164 0 45 FFF 0,235 0.0714
164 0 90 FFF 0,235 0.0714
164 1 0 FFF 0,819 0.2493
164 1 45 FFF 0,235 0.0714
164 1 90 FFF 0,235 0.0714
164 5 0 FFF 0,819 0.2493
164 5 45 FFF 0,235 0.0714
164 5 90 FFF 0,235 0.0714
164 15 0 FFF 0,819 0.2493
164 15 45 FFF 0,235 0.0714
164 15 90 FFF 0,235 0.0714
164 30 0 FFF 0,819 0.2493
164 30 45 FFF 0,235 0.0714
164 30 90 FFF 0,235 0.0714
164 50 0 FFF 0,599 0.1821
164 50 45 FFF 0,571 0.1737
164 50 90 FFF 0,571 0.1737
164 100 0 FFF 0,819 0.2493
164 100 45 FFF 0,235 0.0714
164 100 90 FFF 0,235 0.0714
200 0 0 FFF 0,598 0.1821
200 0 45 FFF 0,571 0.1737
200 0 90 FFF 0,571 0.1737
200 1 0 FFF 0,598 0.1821
200 1 45 FFF 0,571 0.1737
200 1 90 FFF 0,571 0.1737
200 5 0 FFF 0,598 0.1821
115

Resistência Ângulo de
Distância Tipo de Erro Absoluto Erro Relativo
Falta (% de Incidência
Real (km) Falta (km) Percentual (%)
Z1 linha) (graus)
200 5 45 FFF 0,571 0.1737
200 5 90 FFF 0,571 0.1737
200 15 0 FFF 0,598 0.1821
200 15 45 FFF 0,571 0.1737
200 15 90 FFF 0,571 0.1737
200 30 0 FFF 0,598 0.1821
200 30 45 FFF 0,571 0.1737
200 30 90 FFF 0,571 0.1737
200 50 0 FFF 0,598 0.1821
200 50 45 FFF 0,571 0.1737
200 50 90 FFF 0,571 0.1737
200 100 0 FFF 0,598 0.1821
200 100 45 FFF 0,571 0.1737
200 100 90 FFF 0,571 0.1737
280 0 0 FFF 1,643 0.4998
280 0 45 FFF 1,058 0.3219
280 0 90 FFF 1,058 0.3219
280 1 0 FFF 1,643 0.4998
280 1 45 FFF 1,058 0.3219
280 1 90 FFF 1,058 0.3219
280 5 0 FFF 1,643 0.4998
280 5 45 FFF 1,058 0.3219
280 5 90 FFF 1,058 0.3219
280 15 0 FFF 1,643 0.4998
280 15 45 FFF 1,058 0.3219
280 15 90 FFF 1,058 0.3219
280 30 0 FFF 1,643 0.4998
280 30 45 FFF 1,058 0.3219
280 30 90 FFF 1,058 0.3219
280 50 0 FFF 1,643 0.4998
280 50 45 FFF 1,058 0.3219
280 50 90 FFF 1,058 0.3219
280 100 0 FFF 1,643 0.4998
280 100 45 FFF 1,058 0.3219
280 100 90 FFF 1,058 0.3219
315 0 0 FFF 0,979 0.2979
315 0 45 FFF 0,979 0.2979
315 0 90 FFF 0,979 0.2979
315 1 0 FFF 0,979 0.2979
315 1 45 FFF 0,979 0.2979
315 1 90 FFF 0,979 0.2979
315 5 0 FFF 0,979 0.2979
315 5 45 FFF 0,979 0.2979
315 5 90 FFF 0,979 0.2979
315 15 0 FFF 0,979 0.2979
315 15 45 FFF 0,979 0.2979
116

Resistência Ângulo de
Distância Tipo de Erro Absoluto Erro Relativo
Falta (% de Incidência
Real (km) Falta (km) Percentual (%)
Z1 linha) (graus)
315 15 90 FFF 0,979 0.2979
315 30 0 FFF 0,979 0.2979
315 30 45 FFF 0,979 0.2979
315 30 90 FFF 0,979 0.2979
315 50 0 FFF 0,979 0.2979
315 50 45 FFF 0,979 0.2979
315 50 90 FFF 0,979 0.2979
315 100 0 FFF 0,979 0.2979
315 100 45 FFF 0,979 0.2979
315 100 90 FFF 0,979 0.2979
325 0 0 FFF 0,129 0.0393
325 0 45 FFF 0,714 0.2172
325 0 90 FFF 0,714 0.2172
325 1 0 FFF 0,129 0.0393
325 1 45 FFF 0,714 0.2172
325 1 90 FFF 0,714 0.2172
325 5 0 FFF 0,129 0.0393
325 5 45 FFF 0,714 0.2172
325 5 90 FFF 0,714 0.2172
325 15 0 FFF 0,129 0.0393
325 15 45 FFF 0,714 0.2172
325 15 90 FFF 0,714 0.2172
325 30 0 FFF 0,129 0.0393
325 30 45 FFF 0,714 0.2172
325 30 90 FFF 0,714 0.2172
325 50 0 FFF 0,129 0.0393
325 50 45 FFF 0,714 0.2172
325 50 90 FFF 0,129 0.0393
325 100 0 FFF 0,714 0.2172
325 100 45 FFF 0,714 0.2172
325 100 90 FFF 0,714 0.2172

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