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● Às vezes, a gente fica se perguntando: se todo mundo sabe que as drogas são
prejudiciais à saúde,e ntão por quê tanta gente usa? Parece uma pergunta tão
simples de responder e de repente percebemos que é justamente o contrário. Para
começo de conversa, é bom saber que, historicamente, a humanidade sempre
procurou por substâncias que produzissem algum tipo de alteração em seu humor,
em suas percepções, em suas sensações. Em segundo lugar, não é possível
determinar um único porquê. Os motivos que levam algumas pessoas a se
utilizarem de drogas variam muito. Cada pessoa tem necessidades, impulsos ou
objetivos que as fazem agir de uma forma ou de outra e a fazer escolhas
diferentes. Se fôssemos fazer uma lista, de acordo com o que os especialistas
dizem sobre o que motiva as pessoas ao uso da droga, veríamos que as razões são
muitas e que nossa lista ainda ficaria incompleta. Quer ver?
● Curiosidade;
● Para esquecer problemas, frustrações ou insatisfações;
● Para fugir do tédio;
● Para escapar da timidez e da insegurança;
● Por acreditar que certas drogas aumentam a criatividade, a sensibilidade e a potência
sexual;
● Insatisfação com a qualidade de vida;
● Saúde deficiente;
● Busca do prazer;
● Enfrentar a morte, correr riscos;
● Necessidade de experimentar emoções novas e diferentes;
● Ser “do contra”;
● Procura pelo sobrenatural;
● “[D]esenvolvimento de uma síndrome reversível específica de determinada substância que ocorreu devido a
sua recente ingestão (Critério A).
● “Os sintomas não são atribuíveis a outra condição médica nem são mais bem explicados por outro
transtorno mental (Critério D).
● A intoxicação por substância é comum entre pessoas com transtorno por uso de substância, mas também
ocorre com frequência em indivíduos sem esse transtorno.
● “Existem padrões individuais de consumo que variam de intensidade, ou seja, variam em forma de
um continuum.
● Por isso, deve-se avaliar não só se existe consumo de alguma substância, mas também a
intensidade dos sintomas presentes e seus diferentes níveis de gravidade.” (Malbergier e Amaral,
2013)
● Sou advogado, tenho 45 anos, sou casado e tenho dois filhos. Usei álcool pela primeira
vez aos 12 anos, quando meu pai me ofereceu uma taça de champanhe no Natal. Assim
que entrei na faculdade, após as aulas, eu e meus colegas nos reuníamos e bebíamos até
altas horas. No início era apenas às sextas-feiras. Depois, quintas e, depois, todo dia. A
sensação de relaxamento e descontração era ótima. Aos 25 anos, depois de uma
decepção amorosa passei a beber diariamente. Quando eu me casei com a minha ex-
mulher eu já bebia bastante e isso foi deixando ela muito incomodada. Com o fim do
meu casamento, o meu comportamento de beber piorou.
● Hoje em dia só bebo pinga. A minha vida hoje se restringe ao álcool. Deixei de
trabalhar. A “caninha” não me sai da cabeça. Parece que tenho um “encosto” que me
faz beber, parece que já não sou dono de mim mesmo. Estou hoje aqui, com vocês, não
conheço ninguém e vocês não me conhecem. Estou há dois dias sem beber, sem dormir,
com o corpo todo tremendo e, às vezes, parece que tem uns bichos percorrendo o meu
corpo. Por vezes, perco a noção do tempo e de onde estou. Acho que o álcool está me
fazendo falta…
●
F10 - transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso de álcool;
● F11 - transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso de opioides;
● F12 - transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso de canabinoides (maconha);
●
F13 - transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso de sedativos e hipnóticos;
●
F14 - transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso de cocaína;
● F15 - transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso de outros estimulantes, incluindo a cafeína;
● F16 - transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso de alucinógenos;
●
F17 - transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso de fumo (tabaco);
● F18 - transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso de solventes voláteis;
● F19 - transtornos mentais e comportamentais decorrentes do uso de múltiplas drogas e do uso de outras substâncias
psicoativas.
● “Uma síndrome manifestada por um padrão comportamental no qual ao uso de uma certa
droga psicoativa, ou de uma classe de drogas, é dado muito maior prioridade do que a outros
comportamentos que ora tinha maior valor.
● Nenhum ponto de corte definido pode ser identificado que distingua dependência do uso não-
dependente mas recorrente. Ao extremo, a síndrome de dependência está associada com o
'comportamento de uso compulsivo de drogas'” (OMS, 1981)
● Um diagnóstico definitivo de dependência só pode ser feito se três ou mais dos seguintes
critérios tiverem sido detalhados ou exibidos em algum momento dos últimos 12 meses:
1) Forte desejo ou senso de compulsão para consumir a substância.
2). Dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substância, em termos de início,
término e níveis de consumo.
3) Estado de abstinência fisiológica quando o uso da substância cessou ou foi reduzido, evidenciado
pela síndrome de abstinência de uma substância específica, ou quando faz-se o uso da mesma
substância com a intenção de aliviar ou evitar sintomas de abstinência.
4) Evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância psicoativa são requeridas
para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas.
5) Abandono progressivo de prazeres e interesses alternativos, em favor do uso da substância
psicoativa. Aumento, também, da quantidade de tempo necessário para obter ou ingerir a
substância, assim como para se recuperar de seus efeitos.
6) Persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara de consequências nocivas, tais
como: danos ao fígado, por consumo excessivo de bebidas alcoólicas, estados de humor depressivos,
períodos de consumo excessivo da substância, comprometimento do funcionamento cognitivo etc.
Nesse caso, deve-se fazer esforço para determinar se o usuário estava realmente (ou se poderia
esperar que estivesse) consciente da natureza e extensão do dano.
● "A “caninha” não me sai da cabeça. Parece que tenho um “encosto” que me faz
beber, parece que já não sou dono de mim mesmo" → F10.1
● “Por vezes, perco a noção do tempo e de onde estou. Acho que o álcool está me
fazendo falta". → F10.1
● "Estou hoje aqui, com vocês, não conheço ninguém e vocês não me conhecem.
Estou há dois dias sem beber, sem dormir, com o corpo todo tremendo e, às vezes,
parece que tem uns bichos percorrendo o meu corpo" → F10.3
● Dificuldades na distinção clínica das síndromes (p. ex., alguns clínicos consideravam o abuso
como pródromo da dependência, mas estudos prospectivos mostraram que isso não é
verdade)
● A divisão levou a “órfãos diagnósticos” → uma pessoa poderia alcançar dois critérios para
dependência e nenhum para abuso, ficando sem diagnóstico
● Baixo controle
– O indivíduo pode consumir a substância em quantidades maiores ou ao longo de um período
maior de tempo do que pretendido originalmente (Critério 1).
– O indivíduo pode expressar um desejo persistente de reduzir ou regular o uso da substância e pode
relatar vários esforços malsucedidos para diminuir ou descontinuar o uso (Critério 2).
– O indivíduo pode gastar muito tempo para obter a substância, usá-la ou recuperar-se de seus efeitos
(Critério 3).
– A fissura (Critério 4) se manifesta por meio de um desejo ou necessidade intensos de usar a droga
que podem ocorrer a qualquer momento, mas com maior probabilidade quando em um ambiente
onde a droga foi obtida ou usada anteriormente
● Deterioração social
– O uso recorrente de substâncias pode resultar no fracasso em cumprir as principais obrigações no
trabalho, na escola ou no lar (Critério 5).
– O indivíduo pode continuar o uso da substância apesar de apresentar problemas sociais ou
interpessoais persistentes ou recorrentes causados ou exacerbados por seus efeitos (Critério 6).
– Atividades importantes de natureza social, profissional ou recreativa podem ser abandonadas ou
reduzidas devido ao uso da substância (Critério 7)
● Uso arriscado
– Uso recorrente da substância em situações que envolvem risco à integridade física (Critério 8).
– O indivíduo pode continuar o uso apesar de estar ciente de apresentar um problema físico ou
psicológico persistente ou recorrente que provavelmente foi causado ou exacerbado pela
substância (Critério 9).
– “A questão fundamental na avaliação desse critério não é a existência do problema, e sim o
fracasso do indivíduo em abster-se do uso da substância apesar da dificuldade que ela está
causando”
● Critérios farmacológicos
– Tolerância (Critério 10): sinalizada quando uma dose acentuadamente maior da substância é
necessária para obter o efeito desejado ou quando um efeito acentuadamente reduzido é
obtido após o consumo da dose habitual.
– Abstinência (Critério 11): síndrome que ocorre quando as concentrações de uma substância no
sangue ou nos tecidos diminuem em um indivíduo que manteve uso intenso prolongado. Após
desenvolver sintomas de abstinência, o indivíduo tende a consumir a substância para aliviá-los
Tolerância X X X
Abstinência X X X
Uso por mais tempo ou em maior quantidade do que X X X
intencionado
– ASSIST-OMS - http://tiny.cc/r5hpsy